Levantamento de seio maxilar em paciente submetido à radioterapia: relato de caso Sinus lift in irradiated patient: case report MENEZES, Juliana Dreyer da Silva de1; TANAKA, Annie Karoline2; YAEDÚ, Renato Yassutaka Faria3; SANTOS, Paulo Sérgio da Silva4; FARIAS, Diogo Silva5; BARBOSA, Marina de Almeida6; SANT'ANA, Eduardo3 1. Mestranda na área de Fissuras Orofaciais e Anomalias Relacionadas, Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais, Universidade de São Paulo, Bauru, SP, Brasil. 2. Mestranda em Estomatologia, Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, Bauru, SP, Brasil. 3. Professor Doutor da Disciplina de Cirurgia, Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, Bauru, SP, Brasil. 4. Professor Doutor do Departamento de Estomatologia,Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, Bauru, SP, Brasil. 5. Estagiário da Disciplina de Cirurgia, Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, Bauru, SP, Brasil. 6. Estagiária da Disciplina de Cirurgia, Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, Bauru, SP, Brasil. Endereço para correspondência: Juliana Dreyer da Silva de Menezes Faculdade de Odontologia de Bauru – USP Disciplina de Cirurgia Alameda Octávio Pinheiro Brisola, 9-75 Vila Universitária 17012-901 – Bauru – São Paulo – Brasil E-mail: [email protected] Recebido:13/10/2014 Aceito: 22/12/2014 RESUMO Embora a radioterapia tenha um papel fundamental no tratamento de neoplasias malignas de cabeça e pescoço, ela produz diversos efeitos secundários nos tecidos destes pacientes. A capacidade de vascularização e regeneração ativa dos tecidos submetidos à radiação é afetada, além disso, sinais e sintomas como xerostomia e aumento da fragilidade da mucosa oral são frequentemente relatados. A reabilitação implanto-suportada tem sido apontada como uma alternativa para reabilitação destes casos, na tentativa de diminuir os traumas na mucosa e aumentar a estabilidade protética. Entretanto, o manejo adequado destes pacientes, frente à necessidade da realização de procedimento cirúrgicos, permanece sendo um tema complexo para a maioria dos prossionais. Os autores apresentam o caso clínico de um paciente do gênero masculino, 78 anos, com histórico de radioterapia para tratamento de neoplasia maligna na região da mandíbula, submetido à cirurgia de levantamento de seio maxilar com biomaterial. O paciente evoluiu de forma satisfatória, com ausência de edema, sintomatologia dolorosa, infecção e exposição da área operada. Após nove meses observou-se preenchimento ósseo e ganho em altura de aproximadamente 10 mm, permitindo a instalação dos implantes osteointegrados. Palavras-chave: Regeneração óssea. Radioterapia. Implantes dentários. ABSTRACT Even though radiotherapy has a major role in the treatment of malignant neoplasms of the head and neck, it produces many side effects in the patients body tissues. The vascularization and tissue regeneration in patients undergoing radiotheraphy are compromised, in addition, signs and symptoms such as xerostomia and increased fragility of the oral mucosa are frequently reported. Implant-supported rehabilitation has been suggested as an alternative for treating these cases in an attempt to decreascetrauma to the mucosa and increase denture stability. However, proper management of these irradiated patients, who face the necessity of carrying out surgical procedures remains a complex issue for most professionals. The authors present a case of a 78 years old male patient who undergone radiotheraphy as treatment of a malignant tumor in the mandible and underwent surgery for maxillary sinus lifting with biomaterial. The patient recovered well, with no edema, pain symptoms, infection or exposure of the operated area. After nine months an alveolar bone filling and a height gain of approximately 10 mm was observed, allowing for the placement of osseointegrated implants. Keywords: Bone regeneration. Radiotherapy. Dental implants. 86 Innov Implant J, Biomater Esthet. 2014;9(2/3):86-90. RELATO DE CASO Menezes JDS, Tanaka AK, Yaedú RYF, Santos PSS, Farias DS, Barbosa MA, Sant’Ana E INTRODUÇÃO O tratamento de pacientes com câncer bucal geralmente envolve a ressecção do tumor e radioterapia complementar. O período pós-cirúrgico destes pacientes pode ser caracterizado pela presença de alterações anatômicas, fragilidade da mucosa, xerostomia, perdas dentárias, muitas vezes causando relações interoclusaisdesfavoráveis12,27,29. Em consequência do decréscimo salivar, estes pacientes estão mais susceptíveis ao desenvolvimento de lesões cariosas, problemas periodontais e traumas na mucosa tornando-se incapazes de usar próteses convencionais, trazendo prejuízo na mastigação, deglutição, fala e conforto oral 1 . Estes pacientes são potenciais candidatos à reabilitação oral com próteses suportadas por implantes dentários osseointegrados, promovendo melhora na retenção, conforto e estabilidade da prótese. No passado, a literatura considerava a radioterapia como uma contraindicação obrigatória para a realização de cirurgias odontológicas e instalação de implantes osseointegrados devido ao risco da ocorrência de osteorradionecrose. A incidência de osteorradionecrose reduziu signicativamente desde 1968, provavelmente devido ao advento de megavoltagem na radioterapia e pela conscientização da importância do cuidado com a saúde bucal27,32. Estabeleceu-se um protocolo em que indicava-se para todos os pacientes a realização da adequação bucal prévia ao início do tratamento radioterápico. Além disso, houve um consenso crescente de que equipes multidisciplinares exerceriam um papel importante para a redução das sequelas da irradiação16,24. Atualmente, com o avanço da técnica cirúrgica e materiais utilizados na implantodontia, permitindo a realização de abordagens mais conservadoras, diversos estudos apresentam osseointegração satisfatória de implantes em pacientes irradiados7,9,15,27,30. A capacidade de vascularização e regeneração ativa dos tecidos submetidos à radiação é diminuída podendo causar prejuízo no processo de remodelação óssea. O efeito da radiação sobre os tecidos é cumulativo e dose dependente, em uma mandíbula exposta a altas doses de radiação (acima de 5000cGy) há uma tendência de alterações na região ao redor dos implantes, diminuindo a estabilidade durante o stress funcional6. Neste contexto, alguns autores defendem que, na necessidade de intervenções cirúrgicas após a radioterapia, quanto mais precoce for executado o procedimento, menores serão os efeitos da radiação sobre os tecidos e consequentemente menor será o risco de osteorradionecrose31. Alguns pacientes, no entanto, podem não apresentar qualidade e quantidade de tecido ósseo suciente para instalação de implantes osteointegrados em um primeiro momento, devendo-se considerar a realização de técnicas de enxertia prévias a realização do procedimento. Considerando a região posterior da maxila observa-se uma menor densidade óssea. A presença de perdas dentárias progressivas pode interferir na forma da maxila e volume dos seios maxilares, cuja tendência é ocupar os espaços alveolares deixados pelos dentes. Há ainda, fatores genéticos e aqueles ligados à idade e estrutura óssea individual predispondo a diferentes graus de resistência óssea e reabsorção23. A técnica de levantamento do seio maxilar é uma alternativa viável na reabilitação de pacientes com ausências dentárias na região posterior maxilar e altura óssea insuciente para a instalação de implantes osteointegrados 2 . No entanto, até o momento não encontramos nenhum relato na literatura da utilização desta técnica em pacientes submetidos à radioterapia na região da maxila ou mandíbula. Embora os prossionais reconheçam a relevância do assunto, ainda há muitas dúvidas sobre a realização de intervenções cirúrgicas em pacientes irradiados e o risco de osteorradionecrose. Portanto o objetivo do trabalho é apresentar um caso clínico de sucesso do levantamento de seio maxilar com biomaterial em paciente submetido à radioterapia prévia para tratamento de neoplasia maligna na região da mandíbula ipsilateral e levantar algumas considerações sobre os cuidados cirúgicos nestes pacientes. RELATO DE CASO Paciente do sexo masculino, 68 anos, tabagista há 54, compareceu com queixa de necessidade de reabilitação com implante na região do dente 16 após perda dentária devido à fratura. Sua história médica revelou hipertensão, gastrite, histórico de prostatectomia e diagnóstico de carcinoma espinocelular moderadamente diferenciado em rebordo alveolar da mandíbula lado esquerdo. O carcinoma em mandíbula foi tratado com ressecção, esvaziamento cervical do lado esquerdo e radioterapia IMRT loco-regional com dose total de 5.940 cGy, fracionada em 33 sessões de 180 cGy durante 2 meses. Durante a radioterapia houve manifestação bucal de mucosite, cuja terapêutica com laser resultou em diminuição das úlceras e melhora do quadro sintomático. Alterações como radiodermite, xerostomia e disgeusia também foram observadas. Seis meses após a exodontiado 16, mantendo o controle clínico e radiográco da ferida cirúrgica, houve a regeneração óssea completa do alvéolo, sem sinais de osteorradionecrose (Figura 1). Vinte oito meses após a extração, diante da necessidade protética e altura óssea reduzida para a colocação de implante, a cirurgia de levantamento de seio maxilar foi indicada. Na reformatação panorâmica da tomograa computadorizada de feixe cônico, nota-se extensão alveolar do seio maxilar na região do dente 16, além de reabsorção óssea alveolar do rebordo superior direito de maxila (Figura 2). Nas reformatações parassagitais ca evidente a altura óssea alveolar reduzida, com cerca de 2.55 mm de remanescente ósseo (Figura 3). Não foi possível realizar o procedimento cirúrgico num primeiro momento, Innov Implant J, Biomater Esthet. 2014;9(2/3):86-90. 87 Levantamento de seio maxilar em paciente submetido à radioterapia: relato de caso devido a descompensação da pressão arterial do paciente (170 : 100 mmHg). Após a avaliação cardiovascular e controle da PA, procedeu-se a cirurgia sob anestesia local e antibioticoterapia prolática com azitromicina - 500 mg, 1 hora antes do procedimento, uma vez que o paciente relatou ser alérgico a amoxicilina. A técnica utilizada foi o acesso pela parede lateral do seio maxilar com elevação da membrana sinusal, preenchimento com osso xenógeno liolizado (Bio-Oss) e colocação de membrana reabsorvível (Bio-Gide). A terapêutica medicamentosa prescrita no pósoperatório incluiu nimesulida, lisador e azitromicina 500 mg por 5 dias. Após sete dias, o paciente retornou para controle, evoluindo com ausência de edema, sintomatologia dolorosa, infecção e exposição da área operada. Com nove meses de pós-operatório, foi realizada nova tomograa revelando área hiperdensa em seio maxilar direito compatível com preenchimento ósseo e ganho em altura de aproximadamente 10 mm (Figuras 4 e 5). Sinais de exposição do enxerto, infecção ou necrose tecidual não foram observados. Figura 4 - Reformatação panorâmica com 9 meses de pósoperatório, revelando área hiperdensa em seio maxilar direito compatível com preenchimento ósseo. Figura 5 - Reformatações parassagitais após 9 meses do procedimento, evidenciando ganho ósseo em altura de aproximadamente 10 mm elevação da membrana sinusal. Após 13 meses de pós-operatório do levantamento do seio maxilar o paciente prosseguiu para reabilitação com implante osteointegrado. DISCUSSÃO Figura 1 - Radiograa periapical da região maxilar direita, evidenciando regeneração óssea completa do alvéolo após extração do dente 16, sem sinais de osteorradionecrose ou atraso no processo de reparo. Figura 2 - Reformatação panorâmica da tomograa computadorizada de feixe cônico ilustrando extensão alveolar do seio maxilar na região do dente 16 e reabsorção óssea alveolar do rebordo superior direito da maxila. Figura 3 - Reformatações parassagitais evidenciando altura óssea alveolar reduzida, com cerca de 2.55 mm de remanescente ósseo. 88 Innov Implant J, Biomater Esthet. 2014;9(2/3):86-90. Apesar dos avanços tecnológicos e novas técnicas de radioterapia, os cuidados com pacientes irradiados representam um desao para a equipe multidisciplinar, por seus efeitos locais secundários. Os indivíduos tratados com a radioterapia na região da cabeça podem apresentar diminuição na produção de saliva, mucosite, radiodermite, disgeusia, maior fragilidade dos tecidos moles e comprometimento da cicatrização tecidual5,18,20-21. A extensão das alterações depende da dose da área irradiada e do tipo de tratamento por radiação4. A partir de 2000 cGy inicia-se redução do uxo salivar, áreas de mucosite com quadro doloroso intenso ao menor estímulo externo, levando o paciente a diminuir os cuidados com a higiene bucal e a adotar dieta líquida e pastosa. A osteorradionecrose constitui-se de um quadro de hipóxia, hipovascularidade e hipocelularidade tecidual comprometendo o processo cicatricial. Esta condição é um risco permanente ao paciente, com aumento de incidência de até 25% após irradiação, principalmente quando a dose for superior a 6500 cGy16,24. A abordagem terapêutica destes pacientes frente às inúmeras repercussões da radioterapia nos tecidos bucais deve ser estabelecida em conjunto com a equipe de oncologia30. No caso relatado, o paciente possuia histórico de carcinoma espinocelular em mandíbula sendo tratado através de ressecção do tumor, esvaziamento cervical do lado ipsilateral e radioterapia IMRT loco-regional com uma dose total de 5.940 cGy fracionada em 33 sessões de 180 cGy durante 2 meses. Neste período houve manifestação bucal de RELATO DE CASO Menezes JDS, Tanaka AK, Yaedú RYF, Santos PSS, Farias DS, Barbosa MA, Sant’Ana E mucosite, cuja terapêutica com laser resultou em diminuição das úlceras e melhora do quadro sintomático. Alterações como radiodermite, xerostomia e disgeusia também foram observadas e tratadas com terapia paliativa. O paciente deve ser monitorado por cirurgiões dentistas desde o período pré-irradiação, para remoção de focos inamatório-infecciosos e materiais metálicos dentários ou intraósseos que promovem concentração da irradiação predispondo a processos necróticos. Procedimentos cirúrgicos devem ocorrer, preferencialmente, em até duas semanas antes da radioterapia a m de que não haja interferência na fase inicial do processo de reparo30. Quando há necessidade de instituir procedimento cirúrgico em áreas irradiadas deve-se planejar em conjunto com o serviço de oncologia. Embora os efeitos locais da radioterapia tenham uma inuência negativa na remodelação óssea, atualmente a realização de enxertos ósseos e instalação de implantes têm sido amplamente realizadas em pacientes oncológicos com bons resultados89,12-14,17-18 . Não há consenso na literatura em relação ao melhor período para a realização de cirurgias odontológicas após a radioterapia. Autores defendem que procedimentos como extrações dentárias em pacientes submetidos à radioterapia podem produzir uma incidência maior de osteorradionecrose, indicando que esta cirurgia deva ser adiada por pelo menos 9 e 12 meses após o m do tratamento3,5. Em contraste, outros estudos armam que a osteorradionecrose pode ocorrer em até 10 anos após a radioterapia, devido a uma redução progressiva e irreversível da atividade biológica e, portanto, o risco aumentaria com o tempo. Por m, algumas pesquisas têm demonstrado que as extrações mais próximas ao momento nal da radioterapia têm um baixo risco de complicações e não conseguiram demonstrar uma alta incidência de ostorradionecrose seguida de extrações31. Independente do período realizado é fundamental a adoção de cuidados como emprego de técnica cirúrgica de menor potencial traumático, prolaxia antibiótica, ambiente asséptico, antibioticoterapiapósoperatória e cuidados para preservar boas condições para o processo cicatricial, principalmente em pacientes com doenças sistêmicas associadas29. No presente caso realizouse a exodontiado 16, após 4 meses do término da radioterapia devido a extenso comprometimento periodontal. Durante o pós-operatório, observou-se regeneração óssea completa do alvéolo, sem sinais de osteorradionecrose ou atraso no processo de reparo (Figura 1). Considerando ser uma área de irradiação secundária, a adequada cicatrização do tecido ósseo e a necessidade protética da região, de forma a serem evitados futuros traumas em mucosa e a extrusão do dente antagonista, vinte oito meses após a extração optou-se pela realização da cirurgia de levantamento de seio maxilar e preenchimento com enxerto xenógeno. Algumas regiões apresentam pobre qualidade ou quantidade óssea havendo a necessidade de enxertos ósseos para viabilizar a reabilitação com uso de implantes. Tal situacão é muito comum na região posterior da maxila ao qual observa-se qualidade e volume ośseos insucientes, resultantes da pneumatização do seio maxilar e reabsorção da crista óssea. O levantamento do seio maxilar, associado ao uso de algum material de preenchimento, é uma alternativa viável para a reabilitação destes pacientes19. No caso apresentado, a reformatação panorâmica da tomograa computadorizada de feixe cônico evidenciou a pneumatização do seio maxilar além de reabsorção severa com diminuição da altura óssea alveolar do rebordo superior direito da maxila, justicando a escolha da técnica de levantamento do seio maxilar. Embora o enxerto autógeno seja considerado ideal, este tipo de procedimento necessita de uma segunda área de abordagem para a retirada do enxerto, aumentando a morbidade operatória, principalmente em tecidos expostos à radiação ionizante10,28. Os substitutos ósseos estão sendo cada vez mais considerados para este m, por sua capacidade osteocondutora e disponibilidade, podendo ser usados isoladamente, ou em combinação com o osso autógeno10. Considerando a idade, o estado de saúde geral do paciente, a exposição dos tecidos à radiação ionizante e a possível morbidade do procedimento optou-se pela realização do levantamento de seio maxilar associado ao uso de enxerto bovino liolizado e membrana de colágeno. Sinais de exposição do enxerto, infecção ou necrose tecidual não foram observados. A complicação mais comum durante a cirurgia de levantamento de seio maxilar é a perfuração da membrana sinusal, ocorrendo em cerca de 10 a 40% dos casos22,26. Outras complicações que podem ocorrer são a infecção do seio maxilar, formação de fístula buco-sinusal, sangramento, abertura da linha de incisão e ainda, sinusite crônica no pósoperatório11,22,31. O paciente evoluiu de forma satisfatória, com ausência de edema, sintomatologia dolorosa, infecção e exposição da área operada. Após nove meses observou-se preenchimento ósseo e ganho em altura de aproximadamente 10 mm, permitindo a instalação dos implantes osteointegrados. CONCLUSÃO O procedimento de levantamento do seio maxilar com uso de material xenógeno associado à membrana de colágeno é uma alternativa viável no tratamento de reabsorções ósseas na regiaõ posterior da maxila, desde que sejam respeitadas as estruturas anatômicas, os princípiossiológicos de cicatrização dos tecidos e seu manejo atraumático. A radioterapia altera de maneira signicante o metabolismo e vascularização dos tecidos, interferindo no processo de cicatrização óssea. Considerando pacientes com neoplasias malignas na região de cabeça e pescoço, naõ existe nenhum protocolo rígido no que se refere ao tempo de espera entre o término da terapia e a realização de cirurgias Innov Implant J, Biomater Esthet. 2014;9(2/3):86-90. 89 Levantamento de seio maxilar em paciente submetido à radioterapia: relato de caso odontológicas, porém acredita-se que quanto menor for o intervalo maior será a capacidade de remodelação óssea e cicatrização dos tecidos. Com o intuito de reduzir riscos ao paciente, é fundamental a realização de consultas odontológicas antes de iniciar a radioterapia e elaboração de um plano de tratamento adequado. Além disso, deve-se ressaltar a importância do acompanhamento durante e após o tratamento oncológico, adotando-se uma conduta multidisciplinar, para que sejam abordadas as questões relativas a reabilitacão oral, funcional e psicológica, contribuindo para o bem-estar do paciente. REFERÊNCIAS 1. 2. 3. 4. 5. Beumer J 3rd, Curtis T, Harrison RE. Radiation therapy of the oral cavity: sequelae and management, part 1. Head NeckSurg. 1979;1(4):301-12. Boyne PJ, James RA. Grafting of the maxillary sinus oor with autogenous marrow and bone. J. Oral Surg. 1980;38(8):613-6. Brogniez V, Lejuste P, Pecheur A, Reychler H. Dental prosthetic reconstruction of osseointegrated implants placed in irradiated bone. Int J Oral MaxillofacImplants. 1998;13(4):506-12. Buddula A, Assad DA, Salinas TJ, Garces YI. 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