O Senhor Professor Victório Galli (PMDB-MT) pronuncia o seguinte discurso: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, dirijo-me aos nobres Pares para tratar de assunto que tem causado preocupação a todos: a espera dos pacientes portadores de câncer para se submeterem a radioterapia por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). Um conjunto de matérias veiculadas pelo Correio Braziliense sugere que há falta de aparelhos modernos e de mão-de-obra capacitada no SUS. A radioterapia é necessária para tratar 60% dos casos de tumores malignos diagnosticados. Entretanto, 85 mil pacientes não vão conseguir se submeter à radioterapia neste ano no Brasil e os que conseguirem o tratamento 2 terão de esperar em média mais de 110 dias para iniciar as sessões. Segundo parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil deveria possuir uma máquina de megavoltagem – o acelerador linear – para cada 600 mil habitantes, o que para uma população estimada em 200 milhões de pessoas, resultaria em 335 máquinas; contudo, apenas existem 230 máquinas. Amapá e Roraima não possuem nenhuma máquina para atender a população. Além disso, em outros Estados as máquinas estão concentradas nas capitais. A preocupação com esse tema fez parte de recente decisão ocorrida no Plenário desta Casa. Em 05 de junho foi aprovada proposta que estabelece o prazo máximo de 3 60 dias, contados do diagnóstico médico, para o paciente começar a receber tratamento contra o câncer no Sistema Único de Saúde (SUS). O texto aprovado é o de uma emenda do Relator pela Comissão de Seguridade Social e Família, deputado Darcísio Perondi, ao Projeto de Lei 3887/97, do Senado. Segundo o Relator da matéria, atualmente, uma paciente com câncer de mama pode levar até seis meses para começar a ser tratada e nesse período, o que era um nódulo pode avançar para uma fase mais grave, e a chance de cura cai de 80% para 10%. Na ocasião, a Deputada Carmem Zanotto lembrou que o prazo de 60 dias foi um acordo possível com o governo para começar o procedimento necessário, mas 4 afirmou que a intervenção poderá ocorrer em tempo menor, de acordo com o diagnóstico médico. Cabe, pois, ao Ministério da Saúde, como gestor federal do SUS, coordenar as ações visando a superar esse quadro. Segundo informações divulgadas por esse Ministério, serão investidos cerca de R$ 505 milhões na rede de unidades oncológicas do SUS. Os recursos vão ser aplicados em infraestrutura (R$ 325 milhões) e na compra de aceleradores lineares, equipamentos de alta tecnologia usados em radioterapia, além de outros acessórios ( R$ 180 milhões). Segundo o secretário de Atenção à Saúde do Ministério da Saúde, Helvécio Magalhães, o investimento 5 faz parte um plano mais amplo de fortalecimento das ações de prevenção, diagnóstico e tratamento do câncer. Segundo ele, foram priorizados os cânceres de mama e do colo do útero, buscando ampliar o acesso a exames preventivos e ao tratamento de lesões precursoras e iniciais. As obras de infraestrutura e os equipamentos financiados pelo Ministério da Saúde serão destinados a ampliar tecnologicamente 32 unidades oncológicas que já oferecem radioterapia, e criar outros 48 outros serviços novos. A compra dos equipamentos vai aumentar a capacidade de atendimento do SUS em 20%, alcançando quase 100% da demanda nacional. 6 Serão adquiridos 80 aceleradores no período de cinco anos, o que vai expandir o acesso para mais 28.800 pacientes, anualmente. A produção nacional só será possível com a futura instalação de uma fábrica de equipamentos de radioterapia no Brasil, negociada entre o governo brasileiro e uma empresa produtora. A previsão é que a fabrica esteja em atividade em 2015. Com isso, vai facilitar, ainda, a manutenção dos aceleradores lineares, que, atualmente precisam ser enviadas anualmente ao exterior para este fim. Espera-se que essas atividades sejam efetivamente realizadas, para que esse quadro seja revertido. Muito obrigado. 7