Estrutura da Matéria Prof. Fanny Nascimento Costa ([email protected]) Aula 11 • Teoria dos orbitais moleculares Ligações Químicas (Orbitais Moleculares) Teoria da Ligação de Valência (LV) Ligações químicas baseadas em orbitais Relacionada à ideia de Lewis. Sobreposição de orbitais atômicos (AO). Retrato visual. Particularmente útil para moléculas compostas de muitos átomos. Os orbitais pertencem a um átomo, e se “fundem” parcialmente para formar a ligação. Teoria do Orbital Molecular (OM) Élétrons (orbitais) não pertencem aos átomos, mas sim à molécula como um todo! Orbitais moleculares (OM) deslocalizados sobre a molécula. Mais informações quantitativas. Essencial para descrever moléculas em estados excitados (cores, espectroscopia, etc.) Diamagnetismo e Paramagnetismo Os átomos se comportam de forma diferente num campo magnético, dependendo se há elétrons desemparelhados ou não! Cada elétron tem um spin que se comporta como um pequeno imã orientado para cima ou para baixo: Dois elétrons ocupando o mesmo orbital estão emparelhado e o campo magnético gerado pelos dois elétrons basicamente se cancela. Diamagnetismo e Paramagnetismo Materiais paramagnéticos: Quando submetidos a um campo magnético externo, os spins tendem a se alinhar com o campo. O material é fortemente atraído pelo campo aplicado. Materiais diamagnéticos: Sob a ação de um campo magnético externo o material é fracamente repelido pelo campo aplicado. A maior parte dos materiais conhecidos como “não-magnéticos” é diamagnético, como matéria orgânica por exemplo. Em particular, átomos com todos os elétrons emparelhados deveriam ser diamagnéticos. Diamagnetismo e Paramagnetismo Átomos com todos os elétrons emparelhados são diamagnéticos. Átomos com elétrons desemparelhados são paramagnéticos. Até agora vimos que a molécula O2 tem todos os elétrons emparelhados – Espera-se que seja diamagnética, ou seja, repelida por um campo magnético. Contudo... Comportamento paramagnético. Ligações Químicas (Orbitais Moleculares) Teoria do Orbital Molecular (OM) Elétrons (orbitais) não pertencem aos átomos, mas sim à molécula como um todo! Existem orbitais moleculares (OM)! Estes estão deslocalizados sobre a molécula. Mais informações quantitativas. Essencial para descrever moléculas em estados excitados (cores, espectroscopia, etc.) Orbitais Moleculares O que ocorre, por exemplo, na molécula de hidrogênio (H2) é a combinação de dois AO, formando dois OM. Orbital ligante – Interferência construtiva Orbital antiligante – Interferência destrutiva Formação dos Orbitais Moleculares Orbital antiligante: Concentração de elétrons “fora” da molécula. Tendência a diminuir a estabilidade molecular. Orbital ligante: Concentração de elétrons entre os núcleos. Tende a manter os átomos juntos. Equivale a uma ligação tipo s. Formação dos Orbitais Moleculares Diagrama de Energia – Sistemas Homonucleares Os dois elétrons estão no orbital ligante. Isso explica a existência e estabilidade da molécula de H2. Formação dos Orbitais Moleculares Ordem de ligação 𝐎𝐫𝐝𝐞𝐦 𝐝𝐞 𝐋𝐢𝐠𝐚çã𝐨(𝐎𝐋) = # 𝐝𝐞 𝐞𝐥é𝐭𝐫𝐨𝐧𝐬 𝐥𝐢𝐠𝐚𝐧𝐭𝐞𝐬 − # 𝐝𝐞 𝐞𝐥é𝐭𝐫𝐨𝐧𝐬 𝐚𝐧𝐭𝐢𝐥𝐢𝐠𝐚𝐧𝐭𝐞𝐬 𝟐 Definimos Ordem de ligação = 1 para uma ligação simples Ordem de ligação = 2 para uma ligação dupla Ordem de ligação = 3 para uma ligação tripla São possíveis ordens de ligação fracionárias Consequentemente, a molécula de H2 tem uma ligação simples 𝑶𝑳 = 𝟐−𝟎 =𝟏 𝟐 Quanto maior OL, maior a força de ligação e maior a energia necessária para dissociar os átomos Quanto maior a OL, menor o comprimento de ligação Formação dos Orbitais Moleculares Se fizermos uma tentativa de preencher o diagrama de energia para uma molécula de Hélio (He2), preenchemos o orbital antiligante σ*1s, que desestabiliza a ligação (basicamente, anula o efeito ligante do orbital σ1s). Isso justifica o fato de não existir uma molécula de He2. Formação dos Orbitais Moleculares Li: 1s2 2s1 Formação dos Orbitais Moleculares • Existe um total de seis elétrons no Li2: • 2 elétrons no s1s • 2 elétrons no s*1s • 2 elétrons no s2s e • 0 elétrons no s*2s • Uma vez que os orbitais completamente preenchidos, preenchidos • Geralmente ignoramos os elétrons mais internos nos diagramas de OM. atômicos 1s estão s1s e s*1s estão Formação dos Orbitais Moleculares • Orbitais p: Os seis orbitais p (dois conjuntos de 3) podem gerar seis OM. • 3 0M ligantes e • 3 OM antiligantes Formação dos Orbitais Moleculares • Orbitais p são os orbitais de fronteira Orbitais antiligantes tem maior energia Formação dos Orbitais Moleculares • Orbitais p são os orbitais de fronteira Orbitais π2p tem a mesma energia Formação dos Orbitais Moleculares Configurações eletrônicas para moléculas diatômicas com elementos do segundo período O2 F2 Ne2 Ordem de Ligação 2 1 0 Entalpia de Ligação (kJ/mol) 495 155 - Comprimento de Ligação (Å) 1,21 1,43 - Comportamento Magnético Paramagnético Diamagnético - Formação dos Orbitais Moleculares A estrutura de Lewis para o O2 seria: Sugerindo a existência de dois pares de elétrons compartilhados. Na teoria de orbitais de valência, diríamos que haveria uma ligação tipo σ e uma ligação tipo π. Na verdade, a descrição é um pouco mais elaborada. Temos uma ligação essencialmente “tipo σ“, que é devida aos dois elétrons no orbital ligante σ2p, e mais seis elétrons distribuídos nos orbitais tipo π2p e π*2p ligantes e antiligantes, que acabam correspondendo a duas “duas meia-ligações π” por assim dizer. Formação dos Orbitais Moleculares A teoria de Lewis não consegue explicar este fenômeno. B2 é um bom exemplo da mistura dos orbitais s e p. Sem mistura, o orbital σ(2p) deveria ter energia menor do que o π(2p) e a molécula seria diamagnética. Entretanto a mistura do orbital σ(2s) com π(2p) abaixa a energia do orbital σ(2s) e eleva a energia do σ(2p) acima dos orbitais π. Por isso, os últimos dois elétrons ficam desemparelhados em orbitais π degenerados (de mesma energia) e B2 só existe na forma gasosa e é paramagnético. Orbitais Moleculares para moléculas maiores • Os métodos usados para moléculas diatômicas podem ser estendidos para moléculas maiores. Nos casos mais complexos teremos que usar os métodos formais da teoria de grupos, que não pertence ao escopo deste curso. • Um modo de se enxergar as interações entre orbitais atômicos em espécies poliatômicas é considerar separadamente os orbitais do átomo central e os orbitais dos átomos externos. • Para cada tipo de orbital (2s, 2px, 2py e 2pz), os orbitais atômicos podem ser somados ou subtraídos para formar orbitais moleculares ligantes ou antiligantes, exatamente como foi feito no caso da molécula diatômica. Orbitais moleculares para a molécula de água A molécula de água possui 8 elétrons de valência. Os quatro primeiros orbitais moleculares no nível de valência são preenchidos. Todos os orbitais ligantes estão preenchidos. Fornecendo energia à molécula de água, elétrons podem subir a orbitais antiligantes, podendo desestabilizar a molécula. Os orbitais moleculares de maior interesse para as reações químicas são o maior orbital molecular ocupado (highest occupied molecular orbital, HOMO) e o menor orbital molecular desocupado (lowest unoccupied molecular orbital, LUMO), conhecidos como orbitais de fronteira. Orbitais Moleculares para o benzeno 6 Como vimos, o benzeno tem três ligações tipo π deslocalizadas – logo seis elétrons nestas condições. 4 2 0 Orbitais moleculares para o benzeno: três orbitais ligantes ocupados. Bandas de Energia • N átomos levam a N orbitais moleculares com espaçamento estreito em energia • metade destes são orbitais ligantes e são preenchidos, formando uma banda de valência • a outra metade são orbitais antiligantes que permanecem vazios, formando uma banda de condução Bandas de Energia • • • • • Para metais do grupo 1, como o Li ou Na, note: n átomos – n orbitais de valência 2s n OAs – n Oms cada orbital comporta 2 elétrons, mas contém só 1 metade da banda está livre! Este “espaço livre” significa que os elétrons podem ser excitados mesmo que com uma quantidade mínima de energia. Isso justamente explica porque elétrons podem se mover livremente num metal, ou seja, porque metais são bons condutores de eletricidade. Bandas de Energia • Existem casos em que existe um intervalo entre os orbitais ocupados e os orbitais disponíveis. Neste caso, é preciso uma quantidade grande de energia para excitar elétrons! • Tais substâncias são isolantes. • Banda de condução (vazia) • Banda de valência (preenchida) • band gap (intervalo de banda) Bandas de Energia • Existem casos intermediários: • o intervalo de banda é pequeno • ou uma banda intermediária é criada dopando-se o material. • Tais casos são chamados de semicondutores. semicondutor tipo n: dopante introduz excesso de carga negativa semicondutor tipo p: dopante introduz excesso de carga “positiva“ (buracos) Bandas de Energia • junção p-n permite selecionar sentido da corrente Dois materiais semicondutores, de tipo p e n, são colocados lado a lado. Na situação (a), a voltagem é aplicada de tal forma que não há corrente elétrica. Na situação (b), elétrons são repelidos para a direita, e “buracos” para a esquerda – forma-se uma corrente elétrica da direita para a esquerda. Exercícios recomendados 1. Pesquise a respeito e descreva o comportamento das ligações em moléculas poliatômicas, baseando-se na teoria dos orbitais moleculares. Dê no mínimo dois exemplos. 2. Pesquise e discorra a respeito das junções p-n e das aplicações tecnológicas baseadas na teoria de bandas. 3. Exercícios resolvidos (exemplos e testes) do Cap. 3 do Atkins. Bibliografia • Brown, T., Química a Ciência Central, Pearson Education, 9ª Edição, 2005. • Atkins P., Jones L., Princípios de Química: Questionando a Vida Moderna e o Meio Ambiente, 3a. Ed., 2006, Bookman.