UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA A LOGÍSTICA DO LOW COST/LOW FARE E A QUALIDADE NA AVIAÇÃO CIVIL BRASILEIRA Por: Aline dos Anjos de Souza Orientador Prof. Jorge Tadeu Vieira Lourenço Rio de Janeiro 2012 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU AVM FACULDADE INTEGRADA A LOGÍSTICA DO LOW COST/LOW FARE E A QUALIDADE NA AVIAÇÃO CIVIL BRASILEIRA Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em logística empresarial. Por: . Aline dos Anjos de Souza. 3 AGRADECIMENTOS ....às minhas amigas Izabel Lima e Glaucia Couto, além de minha mãe. 4 DEDICATÓRIA .....dedico a Deus, por todo seu amor por mim. 5 RESUMO O modelo de baixo custo é aquele adotado pelos mais diferentes setores da indústria e serviços, em que existe uma gestão que privilegia a economia dos custos e a subsequente oferta ao mercado de serviços ou produtos a um preço extremamente competitivo. Também designado como modelo Low Cost, Low Fare (baixo preço, baixo custo), essa estratégia de mercado desenvolveu-se amplamente na aviação civil. Dessa forma, explica-se aqui como se deu esse processo, a partir da análise do caso de sucesso da Gol Linhas Aéreas. Expõe-se a relação entre o marketing e o gerenciamento de companhias aéreas; e a operacionalização adotada pelas companhias Low Cost, necessária ao corte de custos. Um panorama passado e atual do mercado da aviação civil no Brasil é exposto, e o perfil do passageiro aéreo do nosso país é delineado. Por fim, conclui-se que o corte dos custos na aviação é uma tendência já firmada e sólida, no qual as companhias Low Cost saem na frente e estimulam a concorrência a se adaptar, como uma questão de sobrevivência e também de crescimento. 6 METODOLOGIA A metodologia utilizada para a construção desta monografia foi à pesquisa bibliográfica, cuja elaboração ocorreu a partir de um material já publicado, constituído principalmente de livros e artigos publicados na Internet. Segundo (CERVO, p. 48, 1996), a pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referenciais teóricos publicados em documentos. Busca ainda, conhecer e analisar as contribuições científicas do passado existentes sobre um determinado assunto, tema ou problema. Buscou-se como tema para construção deste trabalho acadêmico, a logística do low cost e low fare e a qualidade nos da aviação civil brasileira. A metodologia oferece meios de análise que possibilitam a interpretação dos dados coletados, os quais viabilizam a pesquisa em si e conduzem os critérios de investigação de forma científica A pesquisa bibliográfica pode ser definida pela busca de adquirir novos conhecimentos a partir de informações publicadas em livros ou documentos similares, catálogos, folhetos, artigos, periódicos, revistas, entre outros, que de acordo com (GIL, p. 20, 1999) é: [...] uma das formas mais rápidas e econômicas de amadurecer ou aprofundar um problema de pesquisa é através do conhecimento dos trabalhos já feitos por outros, via levantamentos bibliográfico. Este levantamento deverá envolver procura em livros sobre o assunto, revistas especializadas ou não, dissertações e teses apresentadas em universidades e informações publicadas por jornais, órgãos governamentais, sindicatos, associações de classe, concessionárias de serviços s etc. Deste modo, pode-se compreender a pesquisa bibliográfica como um estudo desenvolvido por meio de materiais já elaborados, que servem de respaldo para o conhecimento específico de determinado tema, na visão de diversos autores, em que podem ser comparados e utilizados como referencial para o alcance dos objetivos e resultados a respeito do tema. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 9 CAPÍTULO I – Diminuição dos custos 11 1.1 - Processo e o tempo 12 1.2 - O início do segmento baixo custo 13 1.3 - O cenário da aviação brasileira 13 1.4 - O futuro da aviação nacional 17 CAPÍTULO II – Qualidade dos serviços 22 2.1 - Caso de sucesso da Gol 23 2.2 - Infra-estrutura aeroportuária 25 2.3 - Concessão dos primeiros aeroportos 26 2.4 - A qualidade e o serviço ao cliente 27 CAPÍTULO III – A dimensão do serviço ao cliente 30 3.1 - CRM (Customer Relationship Management) 33 3.2 - Fidelização do cliente 34 CAPÍTULO IV – Transporte aéreo e o turismo 39 CONCLUSÃO 41 BIBLIOGRAFIA 43 8 INTRODUÇÃO A estratégia do low cost e low fare na aviação surgiu em meados dos anos 70, através da congênere americana South West Airlines. A filosofia é oferecer serviços básicos pelo menor preço possível. Em nome das baixas tarifas clientes fazem seu próprio check-in, usufruem de espaços apertados nas aeronaves e degustam biscoitos e amendoins. Empresas renomadas sucumbiram-se a desregulamentação e as baixas tarifas de algumas cias. Houve uma reconfiguração na aviação iniciada quando dois importantes acontecimentos impactaram a aviação civil. Em 2001, houve os ataques terroristas de 11 de setembro, que afetaram as ações das companhias aéreas em todo o mundo e no mesmo ano, a Gol iniciou suas operações no Brasil, com um modelo de baixas tarifas que acirrou a concorrência. Crises financeiras e administrativas que se arrastaram até então em grandes empresas como Vasp e Transbrasil se precipitaram e essas companhias acabaram fechando as portas. Até mesmo a TAM, principal concorrente da Gol, em 2006 anunciou uma redução nos custos. Para todas as empresas, no entanto, houve um fato marcante: a crise da Varig foi boa para os negócios. Hoje podemos observar um déficit na qualidade dos serviços prestados ao passageiro. Este estudo visa demonstrar a importância da pesquisa, projeto e planejamento no setor da aviação civil que demonstra demandar investimentos governamentais e privados para um crescimento que atenda ao seu crescente mercado. O objetivo é informar as empresas e consumidores que a oferta de menores preços de tarifas não quer dizer que o serviço ofertado ao consumidor deva ser de má qualidade. Pelo contrário, quão maior for a concorrência, preço baixo e qualidade serão o diferencial do setor para que o cliente mantenha-se fiel a empresa. O crescimento da aviação brasileira superou até mesmo o mercado chinês, porém obras de infra-estrutura nos aeroportos e acessos apresentam déficit, não acompanhando á demanda. Caso a administração fosse entrega a empresas privadas o nível estrutural, de serviço e aumento ainda maior da demanda poderia ter sido alcançado. 9 O capítulo I trata da diminuição dos custos para uma logística de baixo custo e preço no cenário nacional. Além disso, há um panorama do passado e presente da aviação brasileira. No capítulo II, veremos a influência da infraestrutura na qualidade dos serviços aos passageiros e o caso de sucesso da Gol Linhas Aéreas. Já no capítulo III, é abordada a dimensão do serviço ao cliente em relação ao customer relationship management e como fidelizá-lo. E no último capítulo (IV) existe uma mensão ao transporte aéreo e o turismo. 10 CAPÍTULO I DIMINUIÇÃO DOS CUSTOS Avião em solo é sinônimo de desperdício, abreviar o tempo de solo evita custos. Frotas de aeronaves similares requerem menores gastos em manutenção, estoque de peças de reposição e treinamento de pilotos. Os analistas afirmam que nas empresas de transporte aéreo, o mais importante é avaliar a taxa de ocupação dos vôos e acompanhar a participação de mercado, divulgada mensalmente pela Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC). Há também uma variável que atinge entre 30% e 40% dos custos das companhias: o querosene de aviação, derivada do petróleo que sofre os efeitos da cotação mundial. Posicionados corretamente na matriz estratégica de Michael Porter (as cinco forças competitivas básicas) como baixo custo, crescem pela disciplina e foco com que conduzem seus negócios. Oportunidades externas, tais como a crise financeira mundial, o crescimento de países emergentes e o ingresso de novos usuários têm favorecido este tipo de negócio. De acordo com Porter (1991), uma liderança no custo exige a construção de instalações em escala eficiente, uma perseguição vigorosa de reduções de custo pela experiência, um controle rígido do custo e das despesas gerais; que não seja permitida a formação de contas marginais dos clientes, a minimização do custo em áreas como P&D (pesquisa e desenvolvimento), assistência, força de vendas, publicidade, etc. A indústria de transporte e de logística procura recorrer ao baixo custo sem, entretanto, abrir mão daquilo que é essencial no seu segmento. “Agora, toda empresa precisa ser competitiva no mundo todo”, observa Luís E. Doménech, vice-presidente do Comitê Executivo da Fundação Icil (Instituto Catalão de Logística), órgão de caráter privado que opera em nível nacional nas áreas de pesquisa, formação, divulgação e aplicações empresariais em logística, dedicando-se exclusivamente a esta atividade desde 1980. “Isso significa baixar custos empregando uma estratégia de baixo custo, mas que 11 não acarrete a diminuição da qualidade e que, além disso, permita subsistir no tempo. O baixo custo não é algo que se faça à curto prazo. Trata-se de implantar a busca contínua de eficiências na empresa e, ao fazê-lo, comparar cada uma das características do produto ou serviço oferecido com seu custo”, acrescenta. Segundo Sergrià (2010), a fórmula do baixo custo deve seu sucesso e a publicidade internacional que ganhou às companhias aéreas que despontaram na primeira década do século 21, quando se buscava tornar acessível as viagens aéreas a todas as classes sociais. Empresas como a Easyjet ou Ryanair revolucionaram o mercado com preços irrisórios e uma política de contenção de custos que conquistaram clientes e, por conseguinte, geraram lucros. Muitas das políticas desse modelo, como o pagamento adicional pelo despacho de uma mala (uma prática até então sem precedentes no transporte aéreo espanhol), fizeram tanto sucesso que companhias aéreas tradicionais, como a espanhola Spanair e Ibéria, se renderam a essa fórmula de negócio: elas a puseram em prática com o objetivo de economizar custos e obter competitividade nos preços. 1.1 - Processo e o tempo Em um artigo que trata de custos de transportes, Waters (1976) refere que custeio é o processo de conhecer as relações entre custos e produção de forma que ela seja útil na tomada de decisões da firma. Portanto, conhecer com antecedência as conseqüências e impactos de eventuais escolhas estratégicas comerciais pode ter sobre os custos, seja no custo ou no longo prazo, é um dos mais desafiantes problemas de gestão, principalmente para as companhias aéreas. Eliminamos o desperdício de tempo com processos. É necessário mapear todas as atividades que precisam ser realizadas, para que ocorra no menor tempo possível. Saber sobre as atividades críticas, ou seja, aquelas que 12 podem causar o atraso, diminuem sua incidência. A Gol, por exemplo, efetua os seguintes procedimentos: - A tripulação já inicia o serviço de limpeza antes mesmo do pouso, e solicita a colaboração dos passageiros. - É realizado um speech logo que a aeronave pousa no pátio, isso evita que os clientes vão para longe do portão de embarque. - O abastecimento é realizado em determinados aeroportos, medida que contribui para um menor tempo de solo. 1.2 – O início do segmento baixo custo e baixo preço no Brasil Neto (2003) recorda que, empresas low cost e low fare iniciaram suas atividades no Brasil na década de 90, através de voos fretados. Dentre elas podemos citar: BRA. Este perfil começou a mudar com a queda da atividade no setor e com consequente desaparecimento de algumas. A Fly S.A. Linhas Aéreas, considerada pioneira neste segmento, até então inédito no Brasil, o de voos sistemáticos com a venda direta de bilhetes a preços bastante convidativos para um público que antes utilizava somente o transporte rodoviário. Assim, passaram a competir não com as grandes empresas nacionais, mas entre as empresas do mesmo segmento, disputando cada pequeno pedaço desse mercado. Com isso, quem passou a ganhar foi o usuário, que hoje dispõe de um leque bastante variado de destinos e serviços em todo país. 1.3 – O cenário da aviação brasileira Borsatto (2009) menciona o grande crescimento com entrada de novas companhias aéreas como as de baixo custo, ao estilo Gol. Em 2006, havia mais de 400 aeronaves operando comercialmente no país. Já em 2009, eram 13 600 aeronaves. Porém, os EUA possuíam 6.600 e a Europa outras 4.400 na mesma época, mostrando o espaço que ainda existe para o mercado brasileiro crescer. O setor doméstico é dominado por duas grandes companhias, a TAM e a Gol. Enquanto, as grandes dividem as rotas com mais passageiros, as pequenas companhias aéreas regionais trabalham em cidades médias, voando com aviões que têm no máximo 100 assentos. Elas vêm crescendo forte nos últimos anos: 40% em 2005 e 24% em 2006. Cresceram quando as grandes foram abandonando alguns destinos. A Azul e a Avianca prestam um serviço diferenciado em função de oferecerem maior conforto, com maior espaço entre os assentos, um serviço de bordo melhor do que o da TAM e o da Gol, além das tarifas altamente competitivas. O empresário David Neeleman, fundador da empresa Azul, é crítico em relação aos concorrentes e avisa: "A guerra de preços está só começando". Ele concedeu a seguinte entrevista à Monica Weinberg, editora Abril em 2009. Como o senhor vê o mercado brasileiro de aviação? Ele é pouco competitivo e pouco inovador. Como não há concorrência, as pessoas acabam pagando caro por um serviço frequentemente ruim. Basta dizer que para viajar com a TAM ou a Gol é preciso enfrentar escalas e mais escalas até chegar ao destino final. Essas empresas só copiam umas às outras e não criam nada realmente novo que possa significar um salto para elas próprias – e para quem viaja de avião. Cobrando tarifas tão baixas, o senhor está pagando para voar no Brasil? Em alguns casos, sim. Não temos lucro nenhum com aqueles bilhetes de 39 reais. Ao contrário. Pagamos por eles. A Azul tinha duas alternativas: investir 5 milhões de reais em propaganda ou criar um fato novo no mercado. Optei pela segunda. Nenhuma outra estratégia de divulgação teria sido tão eficaz. 14 TAM e Gol também reduziram os preços de alguns voos. Qual é o limite da Azul nessa guerra? Temos muito mais fôlego para bancar o prejuízo do que uma TAM. A diferença essencial entre nós, nesse caso, é que a TAM é dona de 50% do mercado e a Azul, de apenas 3,6%. Significa que o prejuízo deles incide sobre uma base infinitamente maior. Querem nos sufocar baixando preços, mas aviso que é perda de tempo. Por que o senhor está tão confiante? Começamos a Azul com 200 milhões de dólares – mais dinheiro do que qualquer outra empresa aérea no mundo. Podemos nos dar ao luxo de passar um bom período no Brasil sem lucrar. De onde saiu esse dinheiro, se preciso, virá mais. Inspiro segurança. Criei a Jet Blue. Ninguém no Brasil tem um currículo parecido. A crise atrapalha os planos da Azul no Brasil? Ao contrário. Aposto que a crise abrirá oportunidades, como tradicionalmente ocorre com companhias low cost em tempos difíceis. Conseguimos crescer 30% no mês passado. São as empresas que vendem passagens caras, como TAM e Gol, que realmente sofrem. Está mais difícil obter crédito? As portas dos bancos estão, sem dúvida, mais fechadas. Conseguimos financiamento com o BNDES. É de interesse do governo brasileiro. Cada avião rende em impostos ao país 12 milhões de reais por ano. Infelizmente, certos políticos parecem não entender isso. O senhor incluiria nesse rol o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, com quem a Azul teve recente embate? Nós queríamos operar no Santos Dumont e o governador achava que, com mais voos ali, o aeroporto internacional da cidade ficaria às moscas. Nunca concordei com essa visão protecionista. Acho que há demanda para todos e que a livre concorrência se encarrega de melhorar o serviço. A Anac, felizmente, ficou do nosso lado e liberou os voos. 15 A política costuma atrapalhar na aviação? Isso pode ocorrer tanto pelo excesso de interferência como pela ausência do estado. Dou um exemplo: a falta de um bom sistema de transporte público no Brasil, que ligue os aeroportos às cidades do entorno, atrapalha muito. Em Campinas, tivemos de disponibilizar ônibus até São Paulo. Outras empresas no Brasil já tentaram – sem sucesso – explorar rotas entre cidades menores. Por que daria certo agora? Primeiro, porque estamos usando os aviões certos, da Embraer, cuja tecnologia resulta numa operação de voo mais econômica. Outro ponto é que só agora a classe C brasileira se tornou tão numerosa. E, como ocorre em qualquer país em que a renda sobe, ela também vai querer viajar de avião. Há muita gente da classe C nos voos da Azul? Uma pesquisa interna mostra que 80% dos nossos passageiros jamais haviam pisado num avião antes. Os outros vêm das concorrentes. Num voo, reconheço os novatos de longe. Eles passam a viagem inteira com as mãos atracadas ao assento e entram no avião com roupa de festa. Precisamos atrair mais dessas pessoas. O senhor tem uma ideia de como fazer isso? Pretendo criar uma financeira para conceder crédito a quem não pode pagar a passagem à vista. Esse é um ponto em que o mercado brasileiro também precisa avançar. Basicamente, dois fatores embasam o otimismo: a maciça ampliação do crédito – que facilita a expansão das empresas e abre chances para que mais gente viaje de avião – e a recente consolidação de uma numerosa classe C. São 43 milhões de pessoas que nunca voaram, mas estão ávidas por isso. Avalia o consultor André Castellini, da Bain & Company: "As condições nunca foram tão propícias para um salto de patamar na aviação do país". 16 1.4 - O futuro da aviação nacional A partir de 2015 ou até antes, o volume anual de passageiros no Brasil passará para algo em torno de 200 milhões. Por isso, o país deve se preparar já para evitar problemas no futuro. Portanto, novos aeroportos e grandes ampliações dos atuais são uma verdadeira corrida contra o relógio, pois uma nova unidade pode levar até 15 anos para ser totalmente construída e operada a contendo. Dados do DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) mostram que, em média os aeroportos brasileiros têm capacidade para atender no máximo entre 30 e 35 operações de pouso e decolagem por hora nos horários de pico (entre 9h e 11h e entre 18h e 20h). Porém, há uma demanda reprimida de 10%, três pedidos de autorização de voos deixam de ser atendidos, o que limita a expansão das companhias. A busca por eficiência e lucro máximos, vinha levando as empresas a concentrarem as conexões em Brasília e São Paulo (Congonhas), que se transformaram nos dois principais hubs (centro de conexões) para voos domésticos no país, e também nos principais focos de congestionamentos. A saída racional encontrada para Congonhas foi passar a operar comercialmente somente a ponte aérea Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Segundo o DECEA (2006), o país possuiria equipamentos de navegação aérea com condições de realizar por hora mais do que o dobro de operações de pouso e decolagem, hoje realizadas nos aeroportos mais congestionados do país. O problema seria de infra-estrutura, não havendo gargalo no controle de espaço aéreo. Porém, eles esqueceram de mencionar a rotina excessiva de seus poucos e mal remunerados controladores, sejam civis ou militares, e de importantes equipamentos insuficientes e obsoletos A operação de aproximação de voo por instrumento (ILS) nos grandes aeroportos do Brasil, quando existe, encontra-se em um estado de atraso de pelo menos 20 anos. Na aviação moderna, a orientação precisa ao avião que esteja pousando em uma pista em mal tempo é fornecida por esse sistema a nível III, o mais apurado. No Brasil, isso é raridade, pois existem somente sistemas a níveis I e II, e este é o motivo de qualquer neblina “fechar” os aeroportos por 17 longas horas. Somente após um acidente, foi que o governo resolveu equipar alguns dos principais aeroportos com sistemas de aterrisagem ILS-III, para permitir pousos mesmo em condições precárias de visibilidade. O governo federal incluiu no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) a construção de um terceiro terminal em Guarulhos, que elevará em 12 milhões a capacidade anual de 18 milhões de passageiros, atingindo 30 milhões ao ano. Houve uma forte tendência de aumento de tráfego em Brasília, que estava ligado ao crescimento da economia e aos investimentos de algumas companhias como a TAM e Gol, que vêm aumentando substancialmente suas frotas, e das novas empresas regulares. Para dar conta do movimento em Brasília, houve limitação do número de pouso e decolagem nos horários de maior concentração de voos, assim como em Congonhas e Guarulhos. Devido a projeções da ANAC indicando que o aeroporto de Cumbica estará estrangulado em 2015, o governo federal pretende criar um terceiro aeroporto comercial na região metropolitana de São Paulo. A escolha do local visa eliminar ao menos um dos problemas que o futuro aeroporto enfrentaria: um trem poderia fazer a ligação com Cumbica, facilitando a integração viária que hoje já faz falta em relação a Congonhas. O Comando da Aeronáutica anunciou em 2007, que um novo sistema de controle do tráfego aéreo será implantado a partir de 2012, e será todo civil. Tal sistema é conhecido pelas siglas em inglês CNS/ATM, utiliza dados de sistema satélite e tecnologia GPS para as comunicações e navegação do tráfego aéreo. O Brasil, tal qual um grupo de países-piloto, assumiu compromisso de instalar a nova tecnologia entre 2012 e 2015. O resto do mundo deverá seguí-los até 2020. A IATA (International Air Transport Association) elogiou a decisão da Presidenta Dilma Rousseff de colocar enfoque estratégico na aviação e a necessidade de urgente acompanhamento de reformas críticas para melhorar a competitividade da indústria. Os preparativos para sediar os Jogos Olímpicos e a Copa do Mundo da FIFA demandam ações imediatas. Em passagem pelo Brasil, durante viagem por alguns países da América do Sul, Giovanni 18 Bisignani, Diretor Geral e CEO da IATA, discursa sobre o cenário da aviação no Brasil. Confira abaixo os principais pontos do pronunciamento de Bisignani realizado dia 15 de março de 2011 em evento na Câmara de Comércio Britânica, em São Paulo: “em seu discurso de posse, a Presidenta Rousseff reconheceu a capacidade do transporte aéreo de produzir ganhos de longo prazo para a qualidade de vida no Brasil. Sua intenção de criar uma Secretaria de Aviação Civil com status de ministério é uma oportunidade para produzir mudanças. A IATA está mais do que disposta a usar sua experiência global e desempenhar um papel colaborativo para atender às expectativas da Presidenta com um plano estratégico focado na competitividade”, disse Giovanni Bisignani. Bisignani ressaltou cinco áreas para mudança: Infraestrutura e Marco Regulatório: “O modelo da INFRAERO, que controla 94% dos aeroportos do Brasil, é obsoleto. Terminais em 13 dos 20 maiores aeroportos não comportam a demanda atual. São Paulo, que responde por 25% do tráfego do Brasil, está em estado crítico – com capacidade insuficiente e serviços que não atendem aos padrões internacionais. As concessões podem ser um caminho. Mas elas precisam ser acompanhadas de uma regulação transparente, economicamente independente e robusta, apoiada em consultas efetivas à indústria”, disse Bisignani. A IATA apoia a continuidade do papel da ANAC na supervisão dos aeroportos. “De forma geral, o marco regulatório proposto pela ANAC para os aeroportos brasileiros está alinhado com as recomendações da IATA e os princípios de ICAO. Mas quatro mudanças importantes são críticas para alavancar a competitividade do Brasil. Primeiro, o ATAERO precisa ser abolido. Esta sobretaxa de 50% sobre as tarifas está em desacordo com os princípios da ICAO. Segundo, nós precisamos de mais transparência e garantias de que não haverá subsídios cruzados entre os aeroportos. Terceiro, a solução para a capacidade insuficiente não pode ser a introdução de tarifas mais altas para os horários de pico. Ganhos de eficiência e desenvolvimento de infraestrutura são o caminho a seguir. E, por fim, o aumento de 70% para as empresas aéreas internacionais como resultado do recálculo da tarifa é inaceitável. As tarifas têm que diminuir, 19 não aumentar. Se estas quatro questões não forem resolvidas, os benefícios das concessões serão perdidos”, afirmou Bisignani. Preço do combustível: O Brasil deve dar continuidade à política que eliminou US$ 100 milhões em impostos de PIS/COFINS sobre os combustíveis, em 2009, com a revisão da paridade de preços de importação da Petrobras. Um estudo recente concluiu que a Petrobras pratica preços excessivos sobre o combustível de aviação, cerca de US$ 400 milhões a mais anualmente. “Não há justificativa para que o preço do combustível de aviação no Brasil seja 14% mais caro do que no restante da região. O Brasil produz 80% da sua demanda em suas próprias refinarias. Não faz sentido atrelar os preços ao mercado de Houston e incluir custos teóricos para importação – incluindo o transporte. Isto está destruindo a competitividade da aviação brasileira”, afirmou Bisignani. Globalmente, o combustível representa em media 29% do custo operacional de uma empresa aérea. No Brasil, este número sobe para 37%. Gerenciamento de Tráfego Aéreo: A IATA pede que o Governo Federal apoie os esforços de melhoria conduzidos pelo DECEA. “As empresas aéreas investiram em aviônicos para obter melhorias na eficiência dos voos. Mas a infraestrutura em solo não acompanha nossa capacidade no ar”, apontou Bisignani. Especificamente, a IATA está encorajando a implementação de procedimentos operacionais mais eficientes, conhecidos por RNAV (Area Navigation) e PBN (Performance-Based Navigation), para aumentar a capacidade em São Paulo e no Rio de Janeiro. Além disso, a IATA está estimulando o DECEA a adotar um processo de melhoria contínua, baseado em análise de dados de desempenho, contra metas estipuladas de desempenho. Meio Ambiente: A aviação está unida e comprometida com a melhoria na eficiência do consumo de combustível em 1,5% ao ano, até 2020; limitando as emissões netas de carbono a partir 2020 com o crescimento neutro de carbono e cortando as emissões netas pela metade até 2050 (em comparação com 2005). Governos, através da ICAO, concordaram em encontrar uma abordagem global de medidas econômicas relacionadas às emissões de CO2. “A aviação é a única indústria global com um plano global – pelo lado da 20 indústria e dos governos. O Brasil precisa apoiar essa abordagem global. O que significa parar a iniciativa da cidade de Guarulhos de impor taxas ambientais que são contraproducentes para os esforços globais. E o governo precisa acompanhar a iniciativa da TAM com os voos de teste com biocombustíveis sustentáveis, criando uma estrutura legal e fiscal para apoiar a indústria brasileira de biocombustíveis”, indicou Bisignani. Copa do Mundo da FIFA e Jogos Olímpicos: “Sem profundas mudanças, os aeroportos do Brasil não serão capazes de atender com sucesso a Copa do Mundo da FIFA ou os Jogos Olímpicos. O tempo está se esgotando para grandes projetos de infraestrutura. Nós estamos preocupados que o Terminal 3 de São Paulo esteja sendo planejado sem consulta à indústria. O que quer que seja alcançado, precisaremos fazer com que a infraestrutura atual funcione muito mais eficientemente e com melhores processos. Uma solução simples é que todos os que têm atuação nos aeroportos – ANAC, INFRAERO, Polícia Federal, Receita Federal, Anvisa e Agricultura – institucionalizem o regime de cooperação. As empresas aéreas podem propor soluções para melhorar a operação nos terminais e reduzir o seu congestionamento, incluindo os padrões IATA Fast Travel de implementação de tecnologia para o autoatendimento e e-freight para melhorar a eficiência no manuseio de carga. Estas soluções existem hoje e podem contribuir para melhorias significativas”, afirmou Bisignani. A IATA ainda estimula a ANAC a adicionar uma nova dimensão a sua supervisão de segurança ao adotar a Auditoria de Segurança Operacional da IATA como um requisito para todas as empresas aéreas operando no Brasil. A aviação é importante para a economia do Brasil. Ela estimula viagens e turismo que sustentam 9,1% do PIB e oito milhões de empregos brasileiros. A aviação tem crescido a uma impressionante taxa de 10% ao ano desde 2003. O mercado doméstico brasileiro é o quarto maior do mundo, atrás de EUA, China e Japão. Mas com 13 milhões de passageiros internacionais está em 37ª posição do ranking internacional, o que é completamente desproporcional à economia do Brasil, que é a sexta maior do mundo. 21 CAPÍTULO II QUALIDADE DOS SERVIÇOS Segundo Rocha (2010), há bem pouco tempo viajar de avião era bastante oneroso e tal ônus era justificado pelas empresas aéreas em parte pelo tipo de refeição oferecida a bordo. Com a redução ou eliminação do serviço de bordo, as áreas destinadas à estocagem dos alimentos e bebidas abrem mais espaço para assentos, além de reduzir mais um custo operacional. As empresas aéreas brigam minuto a minuto pelo menor prazo em solo; o avião pousado significa tarifas elevadíssimas para elas. Desse modo, quanto menos lixo a ser armazenado durante o vôo e recolhido durante o desembarque, mais economia computada para a empresa e em uma reação em cadeia, ao próprio passageiro. E se não bastasse o lixo convencional, há de se pensar também, que nova diversidade de produtos oferecida (chocolates, café, sucos, sanduíches, sopas, bebidas alcoólicas) efetuando é claro, pagamento deste serviço extra. A equipe de comissários composta por quatro funcionários, tiveram triplicado seu trabalho. A boa e velha atenção e cuidado da tripulação aos passageiros fica postergado ao que restar do tempo de viagem. Dentro do contexto custos-qualidade, podemos mencionar o atendimento no check-in, hoje é realizado prioritariamente por máquinas de auto- atendimento e após ter sido realizado o cliente ainda tem de ir para uma fila despachá-la. 22 2.1 - Caso de sucesso da Gol A empresa Gol, adotou um modelo de funcionamento técnicoadministrativo semelhante ao da South West. Trabalha com uma frota de Boeings 737-700/800, com peças de alta durabilidade que em média, geram economia de 12% na manutenção. Tal padronização garante um estoque único de itens para reposição e um time de mecânicos especializados apenas nesse modelo de avião. Toda administração e revisão das aeronaves ganharam eficiência com o uso de um software chamado Open Skies. Assim, houve a possibilidade de checar a qualquer momento, informações de vendas de passagens, quantidade de ocupação de cada vôo ou volume de aquisição dos mais diferentes itens. E para cortar custos, o serviço de bordo oferece aos passageiros: bebidas, biscoito e amendoim nos seus voos. A redução de custos não vem propriamente do fato de deixar de comprar refeições, mas sim, da logística por trás do carregamento de um avião de alimentos. Para ter uma idéia, dispensando esse item, a companhia ganha em média 40 minutos em cada vôo. Junto com as questões mecânicas, esse incremento de tempo torna as aeronaves bem mais produtivas. No fim de um dia, dependendo do destino, os aviões da Gol conseguem fazer até uma viagem a mais que as concorrentes. O foco da Gol conforme Neto (2003), desde seu início foi a classe C, que antes só utilizava o transporte rodoviário. Passageiros que nunca viajaram de avião, representam hoje, a face da economia brasileira. A empresa, em seu primeiro ano de vida transportou 2,25 milhões de passageiro e faturou R$ 270 milhões. Foi além do previsto, e com isso, conquistou 8% de participação no mercado. Para obter tal crescimento, a Gol entrou no mercado adotando estratégias agressivas, destacando-se as promoções revolucionárias de venda de passagens por R$ 50,00. A estratégia servia para lotar os vôos e, ainda, divulgar a imagem da empresa como uma companhia de “baixa tarifa”. Ao longo do tempo, a estratégia de promoções também passou, mesmo que parcialmente, a ser utilizada pelas empresas concorrentes. Um dos principais 23 reflexos do novo entrante, a Gol, foi a popularização do transporte aéreo, pois a empresa estabeleceu em seus primeiros anos de atuação uma tarifa média abaixo das cobradas pelos concorrentes conquistando, assim, uma parcela significativa do mercado. Esse modelo de baixa tarifa adotado pela GOL é um sucesso utilizado por companhias aéreas no exterior como a norte-americana Southwest Airlines e as inglesas Easy Jet, Virgin Aiway e Ryanair, desafiando o poderio e o domínio das grandes companhias (BUYCK, 2000). A diferenciação tecnológica, seja através das vendas de bilhetes via internet, resulta em vantagem competitiva, proporcionando economia de escala na produção, reduzindo custos (COBRA, 1989). Em relação à tecnologia, a Gol revolucionou o mercado brasileiro de vendas de passagens aéreas ao estabelecer as vendas on-line e eliminar a emissão do bilhete tradicional, o que barateou os custos da companhia e simplificou o acesso dos passageiros. Atualmente, mais de 80% das passagens da Gol são adquiridas através da internet (GOL. Relatório Anual, 2005, p.23-24). Quanto ao comportamento do consumidor foi feita uma pesquisa de mercado encomendada pela própria companhia que indicou as seguintes características do mercado: (a) a compra da passagem aérea é racional; (b) existe baixo envolvimento emocional na compra da passagem; (c) a marca não foi identificada como um fator preponderante na escolha de compra; (d) a conveniência para comprar é um fator importante; (e) preço e horário são importantes na escolha da companhia. De acordo com (WIND et all, p.43, 2003), as pessoas nem sempre estão interessadas em obter o menor preço. Os consumidores em geral estão procurando o preço mais justo, não necessariamente o menor. A GOL, ao oferecer preços acessíveis deve levar em consideração a qualidade do atendimento, já que esse fator é de fundamental importância ao consumidor. 24 2.2 - Infra-estrutura aeroportuária O Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas – IPEA publicou, recentemente, uma importante nota técnica relativa à situação dos investimentos nos aeroportos brasileiros. Essa nota fez com que o assunto entrasse em pauta, tanto nos órgãos de comunicação quanto no Governo. Rego (2011), menciona grande preocupação, com o estado de nossos aeroportos que, via de regra, é precário e sua adequação no futuro próximo, especialmente em função dos dois grandes eventos esportivos que o Brasil abrigará, a Copa do Mundo de futebol, em 2014, e os Jogos Olímpicos, em 2016. De acordo com os autores do estudo, embora os investimentos públicos no setor aéreo tenham mais do que duplicado entre 2003 e 2010, isso ainda é insuficiente para preparar-nos adequadamente para o futuro – na verdade, estamos ainda correndo atrás de um grande prejuízo; ainda estamos tentando saldar um passivo considerável, que nos foi legado por décadas de negligência. Além do mais, essa intensificação dos investimentos não tem, ainda segundo o estudo do Ipea, se traduzido em resultados com a rapidez e a eficiência necessárias. Os autores também mostram preocupação com a baixa capacidade de resposta tempestiva, por parte do Governo, às crises, como ocorreu em 2007-2008, durante o chamado “apagão aéreo”. Os investimentos no setor de infraestrutura não acompanham a demanda por viagens aéreas. No ano de 2009 tivemos um aumento de 17,65% na indústria de transporte aéreo de passageiros no Brasil. Ao mesmo tempo, 53% dos principais aeroportos operaram acima da capacidade, menos o Galeão, porém sofre com problemas estruturais. O problema piora quando saímos da discussão dos terminais e vamos analisar a situação das pistas de pouso e decolagem. Muitos aeroportos não têm possibilidade de ampliação, por grande ocupação dos seus arredores. Contamos nos dedos os aeroportos que tem mais de uma pista com dimensões adequadas. Certamente não chegamos a este ponto do dia para noite. Muitos terminais novos foram subdimensionados, necessitando de ampliação poucos anos após sua conclusão, prova de falta de visão e planejamento das 25 autoridades responsáveis. Com os problemas de infra-estrutura, as empresas aéreas não têm como aumentar a oferta. A compra de novos aviões, por si só não resolve o problema, uma vez que não há lugar para pousá-los e estacionálos. Poucas soluções podem ser tomadas em curto prazo. Uma delas sugerida por David Neileman, da Azul Linha Aéreas, seria a criação de terminais temporários pelas empresas aéreas. No médio e longo prazo sua sugestão é um modelo de concessão, onde a iniciativa privada construiria os novos terminais, explorando as taxas de embarque como contrapartida durante um determinado período. As companhias aéreas têm adquirido aeronaves maiores, visando aumentar a oferta. Porém, se deparam com os problemas de infraestrutura: ou o pavimento de algumas pistas não agüenta o peso dos aviões, ou seu comprimento não é suficiente para operá-los com a capacidade total. Para acompanhar o ritmo da demanda, a Mckinsey & Company prevê a necessidade de o país aumentar a capacidade atual dos aeroportos em 2,4 vezes (de 130 milhões para 310 milhões de passageiros ao ano) até 2030, o que consumiria até R$ 34 bilhões em investimentos. Como medida para acelerar o processo, Dilma já iniciou o processo de abrir o capital da Infraero, estatal que administra os aeroportos. O aumento da participação privada na construção e operação de aeroportos, também é uma recomendação do estudo da Mckinsey, que defende ainda entre outras medidas, a criação de sistemas de gestão de desempenho para os aeroportos atuais. 2.3 - Concessão dos primeiros aeroportos A concessão dos primeiros três aeroportos federais assegurou ao governo uma renda de mais de R$ 1 bilhão ao ano por pelo menos 25 anos para o Fundo Nacional da Aviação Civil (Fnac). Esse fundo foi criado para canalizar o dinheiro das concessões para o desenvolvimento de outros aeroportos que não serão alvo de investimentos privados. O deputado federal Otávio Leite (PSDB - RJ) recebeu com satisfação o resultado do leilão dos aeroportos, mas diz que vai observar atentamente o 26 destino dessas verbas. Para ele, a situação ruim do setor aeroportuário brasileiro não se deve à falta de recursos, que sempre foram existentes no orçamento da Infraero, mas a uma gestão ineficaz. Abundava incompetência administrativa no setor, afirma Leite. 2.4 – A qualidade e o serviço ao cliente A qualidade e sua melhoria devem estar presentes não somente na parte produtiva, mas em todos os setores de uma empresa prestadora de serviços, desde o atendimento até os custos envolvidos nos serviços contratados, pois os mesmos fazem parte dos desejos e necessidades dos clientes, devendo agradá-los para que dessa maneira, ele faça uma boa avaliação. Rangel (1995) afirma que o conceito de qualidade está diretamente relacionado com a satisfação do cliente. De acordo com estudo do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA, 2009), atualmente, a aviação comercial brasileira oferece diversos benefícios para a economia do país através da movimentação de alguns setores como turismo nacional e internacional, desenvolvimento e integração nacional, a partir do simples exercício do transporte de passageiros. Em meio a competitividade atual no mercado da aviação, cada empresa deve buscar desenvolver sua estratégia de atuação para alcançar a qualidade no serviço que oferece, em busca de conquistar e manter novos clientes. Na visão de Ribeiro ; Fleury (2006), serviço é uma atividade intangível prestada a uma pessoa que, ao final do processo, se mostrará satisfeita ou insatisfeita. Viera (2004) destaca que a importância da qualidade deve chegar ao conhecimento de todos os funcionários de uma empresa, envolvendo todos os setores da organização, para que eles saibam as ações a serem tomadas para atingirem as necessidades e desejos dos clientes e a percepção da qualidade por eles. O autor ainda diz que a qualidade é o maior motivo pelo qual, muitas empresas trabalham, querendo atender, surpreendendo seus consumidores. Na visão de Miranda (1994), qualidade nada mais é que a adequação ao uso e ausênciade defeitos, devendo gerar serviços em condições de 27 satisfazer as demandas dos usuários finais. Ribeiro ; Fleury (2006) relatam que a qualidade é importante para as empresas prestadoras do serviço, pois deve significar uma resposta à promessa da empresa para o cliente. De acordo com (SNEA, 2009), o setor aéreo brasileiro contribui ativamente na economia, desenvolvimento e integração nacional. A partir do simples exercício do transporte de passageiros, a economia, a vida política e os negócios do país são movimentados. A aviação comercial movimenta também o turismo nacional e internacional, gerando grandes riquezas para o país, auxiliando em regiões de grande movimentação turística o mercado de hotelaria, alimentação, lazer e atividades culturais. A ANAC disponibiliza anualmente em seu website uma votação dos serviços prestados pelas Companhias Aéreas Brasileiras. Entre os pontos analisados, estão categorias como necessidades especiais, atendimento a reclamações, check-in, serviço de bagagem,venda de bilhetes e etc. Até o mês de dezembro de 2009, a Oceanair liderava o ranking geral de satisfação dos clientes. De acordo com Viera (2004), as empresas prestadoras dos serviços devem mostrar que cumprem com o prometido e respondem rapidamente às solicitações e soluções de problemas dos clientes, para que haja a percepção da qualidade por parte dos mesmos. Deming (1990) também acredita que a confiança do cliente deve serconquistada para que ele faça um bom julgamento da qualidade do serviço contratado, como afirmaram Ribeiro ; Fleury (2006). Ribeiro ; Fleury (2006) dizem que o consumidor irá optar pelo serviço que mais lhe agregar valores, o que gera maior competitividade para as empresas. Tasca ; Caldwell (1997), em concordância, afirmam que os serviços possuem conteúdos, agregando valores a eles que serão qualificados pelos seus consumidores. Se por um lado, as estatísticas evidenciam a crescente procura por usuários de serviços de transporte aéreo, por diversas classes sociais no Brasil, por outro lado, surge um cenário em que a concorrência está cada vez mais acirrada no setor. As empresas do setor aéreo nacional precisam sempre buscar manter os seus atuais clientes e se dedicar na conquista de novos. Não 28 basta apenas realizar o serviço proposto, é importante que este serviço seja realizado com a qualidade que o usuário espera, ou seja, estar sempre em busca de concentrar seus esforços e diferenciais nos pontos mais valorizados pelos seus consumidores. Torna-se necessária uma análise do comportamento dos sistemas aeroportuários, devido ao um aumento excessivo em sua demanda, determinado pelas alterações de comportamento que vem ocorrendo nas classes sociais C, D e E, impulsionado por grandes eventos sazonais e/ou pontuais. Essas mudanças acarretam e induzem certo desempenho ao sistema aeroportuário em função da utilização destes serviços, acarretando em uma reestruturação, parcial ou total, ou sua redistribuição. Com este fator têm-se uma redistribuição estrutural, alterando o espaço em que se enquadravam e de uma maneira geral, a segurança física e patrimonial, dos aeroportos e dos usuários. Para Rabaglio (2006), uma avaliação com real eficácia, ou seja, analisar e revisar conscientemente os resultados, sempre buscando aperfeiçoamento, pode trazer como benefícios: a motivação do usuário (entenda-se funcionários e clientes); ajuste dos objetivos com as metas da empresa; apontar possíveis falhas na execução de processos ou esgotamento do seu tempo de vida; acurar a visão da empresa. A criação de um modelo certificador de qualidade para padronizar os diversos aeroportos nacionais e possivelmente os internacionais, permite que os usuários dos serviços aeroportuários possam verificar e provar qual a total extensão dos serviços prestados e se o mesmo encontra-se em sua capacidade operacional. Para o caso dos concessionários de serviços, uma mesma aplicação também poderia ser feita, apenas de forma interna ao aeroporto, pela administradora, com fundamento de conhecer melhor suas limitações. Estes dados não seriam divulgados amplamente, servindo apenas à administração da empresa, mas seguindo os mesmos parâmetros de avaliação. 29 CAPÍTULO III A DIMENSÃO DO SERVIÇO AO CLIENTE De acordo com (TSCHOHL apud MARQUES, p.52, 2006), as expectativas do cliente, seja ela a que situação é aplicada, podem ser resumidas da seguinte maneira: Faça menos do que o cliente espera e o serviço é considerado ruim; Faça exatamente o que o cliente espera e o serviço é considerado bom; Faça mais do que o cliente espera e o serviço é considerado superior e especial. Souki (2006), também ressalta que existem leis que contribuem para se atingir a excelência em serviços, fidelizar e encantar os clientes. Uma delas é a lei do serviço, que se aplica a qualquer tipo de cliente. Esta, diz que “a forma mais rápida de conquistar aquilo que você deseja é ajudando outras pessoas conseguir o que desejam”. Pode-se ressaltar que quando se fala em qualidade em serviços no geral, sempre vem à mente a palavra clientes. Neste sentido Marcante (2008), pode se dizer que cliente: É todo aquele (pessoa, segmentos e organização) que mantém contato com a empresa ou a quem você direciona seus serviços e/ou produtos. Somente o cliente pode determinar se a qualidade de um serviço é boa ou não é. Alves (2004) afirma que o cliente tem sempre razão e defende que numa relação, alguém sempre tem que ceder, ser tolerante, e por isso deve-se sempre concordar com o cliente e só discordar se for realmente necessário. Por fim, (MARQUES, p. 24, 2006) diz que o “cliente nunca está certo” e que a questão determinante não é se o cliente está certo ou errado, e sim que a estratégia adotada pela empresa deve ser a de um bom atendimento, que envolve também, educar os clientes de forma “elegante e positiva, construindo 30 relacionamentos lucrativos e duradouros. Mesmo quando estão completamente errados”. (MARQUES, p.25, 2006) Segundo Solomon; Pinheiro (2004), o comportamento do cliente pode ser entendido como o “estudo dos processos envolvidos quando indivíduos ou grupos se relacionam, compram, usam ou dispõem de produtos, serviços, idéias ou experiências para satisfazer necessidades e desejos”. Souki (2006) diz que “As pessoas entendem melhor e sentem-se mais à vontade com aqueles que falam do jeito que elas gostam”. Gerson (1994) acrescenta que um “cliente fica mais motivado a comprar de você a partir do momento em que você teve para com ele um cuidado especial (resolveu suas reclamações) do que em qualquer outra ocasião”. No que se refere a parte técnica, o treinamento é extremamente importante, do mesmo modo que no desenvolvimento das outras atividade organizacionais. A respeito da abordagem, (SANTIAGO, p. 1) revela: O que todo cliente espera [...] em matéria de atendimento: Clareza nas explicações – Deve-se cultivar a paciência, pois cada pessoa (cliente) leva um tempo diferente para atender certas explicações; Pontualidade (se um serviço for demorar 60 dias, informe e procure cumprir o prazo); Cordialidade (bom dia, boa tarde, em que posso ajudar, por favor, etc.); Gentileza (água, café, revista, jornais, banheiro). Para Kotler ; Armstrong (1998), “a melhor maneira de manter clientes é oferecer-lhes altos níveis de satisfação e valor, que resultam em forte lealdade”. É necessário que se elabore estratégias de marketing para as empresas de serviço, pois só assim as organizações poderão estar atendendo de forma satisfatória seus cliente, como afirma Kotler ; Armstrong (1998) que “Á medida que os consumidores vêem a prestação de um serviço como relativamente homogênea, estão mas preocupados com o preço do que com o fornecedor. A alternativa à concorrência do preço e desenvolver uma oferta, entrega e/ou imagem diferenciada”. 31 É possível perceber a importância dos serviços diante a abordagem feita por (COBRA, p.374, 1992), onde diz que: o serviço ao cliente é a execução de todos os meios possíveis de dar satisfação ao consumidor por algo que ele adquiriu: tantas facilidades quantas possíveis para adquirirem o bem ofertado; tantas satisfações quantas possíveis na função do bem adquirido, sem limitação antecipada da duração dessa função (quer seja o fim em vista interessado, quer seja desinteressado, quer os meios sejam executados a título gracioso, que oneroso, quer sejam, quer não sejam previstos no contrato de venda). O mercado torna-se cada dia mais exigente, e as empresas sentem a necessidade de estarem inovando para assim continuar no mercado, como pode ser visto na afirmação de Churchill ; Peter (2003), onde dizem que para a melhoria “a inovação pode ser a chave para o sucesso de uma empresa em detrimento de outra”. Segundo Gianesi ; Corrêa (1996), existem quatro fatores que influenciam o processo de compra dos consumidores. Sendo os fatores culturais, sociais, pessoais e psicológicos. Os fatores culturais sendo os relacionados à cultura nacional, religião, cultura regional e comportamentos étnicos. Os fatores comportamentais de apoio e rejeição, baseados em características dos indivíduos desde a infância e sua convivência em determinado grupo social. E os fatores sociais sendo os relacionados aos grupos como família e amigos nos quais está inserido o consumidor. Para Wind; Mahjan, Gunther (2003) além das capacitações tradicionais de marketing e dos traços de liderança, as empresas também precisam desenvolver novos conjuntos de capacitações para enfrentar o desafio da convergência. Entre elas, encontram-se: • Compreender o cliente e outras partes interessadas e suas necessidades mutáveis diante da interação com a tecnologia; • Desenvolver a criatividade para gerar opções e soluções inovadoras. Muitos gerentes concentram-se naquilo que se encontra à mão, em soluções fáceis que podem conduzir a uma maior eficiência em curto prazo, mas não mudam fundamentalmente a empresa; 32 • Assumir riscos, criar e implementar experiências ousadas; • Mobilizar e conduzir equipes que atuem em várias áreas e culturas sob condições de mudança rápida e autoridade indefinida; • Desenvolver uma perspectiva equilibrada que lhes permita gerenciar a convergência, combinar o antigo e o novo; • Entusiasmo, compromisso e habilidade para executar. 3.1 - CRM (Customer Relationship Management) Conhecido também como “Marketing de Relacionamento com Clientes” (Customer Relationship Marketing) ou Marketing 1to1®, o CRM (Customer Relationship Management) é definido como uma estratégia empresarial que permite às empresas selecionar e administrar seus clientes com a finalidade de maximizar seu valor a longo prazo. Esse fato requer a adoção de uma filosofia de processos de negócio focados nos clientes, que suporte efetivamente marketing, vendas e os processos interdepartamentais que atuam, direta ou indiretamente, com os canais de interação com os clientes (EKSTAM et al., 2001). Segundo Sacco (2001), o termo CRM está associado ao desenvolvimento de ações para conquistar novos clientes, manter os atuais e, até mesmo, abrir mão daqueles que não trazem retorno. O autor enfatiza, ainda, que a conquista de um novo cliente, na maioria das vezes, é mais onerosa do que a manutenção de um cliente já existente e, devido a esse fato, as empresas passam a almejar uma postura pró-ativa para conhecer intimamente as necessidades dos clientes existentes, em busca de uma maior fidelização. Payne (2000) considera que a tecnologia de informação tem um papel pivô na implementação do conceito de CRM nas empresas, ao permitir que estas maximizem suas lucratividades por meio de foco mais preciso nos segmentos de mercados e nos microsegmentos dentro destes. O autor complementa, ainda, que o uso de novas ferramentas da tecnologia de 33 informação, como, por exemplo, base de dados, datamarts, data warehouses e data mining, estão ajudando as empresas a aumentar o valor dos clientes e suas lucratividades. Para Pinto (2005), “o marketing de relacionamento surgiu devido à progressiva intensificação da concorrência, o aprimoramento da tecnologia de banco de dados e a vontade de se ampliar o tempo útil do clientes junto às empresas”. 3.2 - Fidelização do cliente Segundo Gummesson (2005), havendo boa qualidade interna, os funcionários estarão satisfeitos e permanecerão na empresa. Na presença de boa qualidade externa, osconsumidores estarão satisfeitos e permanecem fiéis à empresa ou marca. O resultado é a alta lucratividade. Conforme Gummesson (2005), um estudo mostra que 68% dos clientes que abandonaram um fornecedor o fizeram porque este parecia indiferente, e 14% por causa das reclamações que fizeram e pelas quais não receberam atenção satisfatória. Segundo Möller (1996), a qualidade no serviço que o quadro de funcionários presta aos clientes jamais será superior à qualidade dos serviços que os dirigentes prestam a seu quadro de funcionários, ou seja, quando se coloca os funcionários em primeiro lugar, eles colocarão, por sua vez, o cliente em primeiro lugar. Mas é preciso, além de gerar lucros para a empresa, gerar benefícios econômicos aos clientes, fazer com que estes vejam o lado positivo da aquisição deste produto ou serviço. De acordo com Wilson (1996), é preciso desenvolver uma parceria entre fornecedor e cliente, para que seja possível desenvolver três características, tanto para o cliente quanto para o fornecedor, quais sejam: ganhar dinheiro, economizar dinheiro e agregar valor aos seus clientes. Quando os esforços são concentrados nestas áreas, a empresa passa a ser vista pelo cliente como um parceiro. O pensamento mais importante para 34 os administradores é identificar em quais dessas três iniciativas, poderá ser exercido maior impacto. Conforme Jordan (2006), poderíamos dizer que o caminho para desenvolver uma boa estratégia de marketing, está em identificar os clientes mais fiéis e estabelecer uma relação sólida com eles. Trata-se de um maneira efetiva de solidificar a marca de seu produto ou serviço. Desenvolver relações sólidas com seus clientes aumenta vendas e reduz despesas, porque conquistar novos clientes custa mais caro do que manter os já existentes. Algumas empresas ainda não dimensionam o poder de um banco de dados, com informações completas e atualizadas sobre seus clientes. Adriana Jordan, ainda comenta, que um bom exemplo são os programas de milhagem das companhias aéreas. Muitas dessas companhias vêm oferecendo milhagem gratuita para quem viaja sempre em seus aviões. Trata-se de um método considerado eficaz, encontrado por essas empresas aéreas, para manter a lealdade de seus clientes. E que aspecto mais importante de uma bem sucedida estratégia de fidelização é oferecer valor agregado ao cliente. É necessário examinar cuidadosamente o produto ou serviço e questionar se ele vai interessar a alguém mais de uma vez. Se não se oferece um produto ou serviço de excelente qualidade, a estratégia de marketing de fidelização está a caminho do fracasso. De acordo com (RICHERS, p. 408, 2008), onde diz que: A cada dia que passa, as empresas devem se preocupar mais com a fidelização do cliente, que deve, inclusive ocupar o centro de sua comunicação publicitária. (BOGMANN, p.21, 2002) define cliente fiel como: No contexto empresarial, cliente fiel é aquele que está envolvido, presente; aquele que não muda de fornecedor, e mantém o consumo freqüente, optando por uma organização 35 em particular, sempre que necessita de um determinado produto ou similar. De acordo com Draddy (2000) prêmios e incentivos são uma das mais antigas formas de promoção utilizadas durante séculos para induzir a um comportamento desejado. Schiffman ; Kanuk (2000) “conceituam programa de fidelidade como o programa direcionado para a criação de relacionamentos contínuos com um grupo de clientes procurando estimular a lealdade do uso e um alto grau de lealdade com os produtos e serviços da empresa”. A fidelização de clientes é uma das estratégias das companhias áreas para manter competitividade e força no mercado, agregando valor a marca. A fidelidade surge como um componente crítico de marketing de relacionamento. A exposição de clientes a convites para se associar aos programas de fidelidade desenvolvidos pelas empresas não deve ser interpretada como uma conduta da fidelidade dos consumidores. Stone ; Woodcock (1998). As técnicas de fidelização de clientes surgiram nos Estados Unidos se intensificaram no Brasil a partir da década de 1980 com programas de milhagem propostos pelas companhias aéreas (HIRATA, 2000). Downling ; Uncles (2001) concluem: Praticantes de marketing direto estão criando programas de lealdade que ligam os compradores de uma ampla gama de bens e serviços a uma determinada marca ou fornecedor. Mas os clientes desses produtos desejam ter uma relação com a empresa fornecedora? Em uma transação comercial com empresas pequenas, que, em geral, têm relações mais estreitas com seus clientes, ou em uma compra de risco, a resposta pode ser sim. No caso de produtos que provocam baixo nível de envolvimento, não se sabe se os clientes querem criar uma relação. Consumidores leais significam consumidores encantados. Se tornarão entusiastas divulgadores dos serviços da empresa e estenderão a sua lealdade para outros serviços da empresa, por um longo período de consumo (BHOTE, 1996). Clientes fiéis são aqueles que superam qualquer 16 obstáculo para 36 comprar um produto específico e não um equivalente e tem menos probabilidade de mudar após uma experiência ruim, conforme Etzel ; Heath, 1998. De acordo com Parvatyiar ; Sheth (2000), os programas de fidelidade são um tipo de programa de marketing de relacionamento que se enquadram na categoria de marketing de continuidade voltado aos clientes. Cigliano (2002) apresentam três obstáculos que devem ser superados pelas empresas na implantação de um programa de fidelidade. O primeiro deles refere-se aos custos elevados, pois envolvem não somente os benefícios concedidos ao consumidor, mas também custos de sistemas, suporte ao programa e marketing. Outro ponto salientado é que a partir do seu lançamento o programa adquire vida própria e é difícil propor mudanças ou encerrá-lo sem causar o descontentamento dos participantes. O terceiro problema é que apesar dos números e da aparente popularidade entre os consumidores, os programas podem falhar em aumentar a lealdade dos seus participantes. Muitas vezes os consumidores compram apenas aquilo que comprariam normalmente sem incrementar as compras devido ao programa de fidelidade. 37 CAPÍTULO IV TRANSPORTE AÉREO E O TURISMO Segundo a Organização Mundial do Turismo – OMT (2004) 43% dos turistas em viagens internacionais, no mundo, utilizam o transporte aéreo como meio de ingressar ao país de destino. Assim, o transporte aéreo é o segundo meio de transporte mais importante no turismo mundial, perdendo apenas para o transporte terrestre que responde por 49,3% do total. Nas Américas o transporte aéreo tem um papel ainda mais relevante, sua participação representa 53,1% do turismo internacional, superando inclusive o transporte terrestre. A demanda por transporte aéreo de passageiros é segmentada, principalmente, em duas grandes categorias: por motivação de negócios e por motivação de lazer. Os passageiros que viajam a negócios têm preferência por vôos diretos, disponibilidade de horários e freqüência de vôos. O preço das passagens representa um fator menos relevante para estes consumidores e, por esta razão, a sua elasticidade-preço da demanda é baixa. Inversamente, a segunda categoria de passageiros tem preferência por preços baixos, promoções e descontos. Portanto, a elasticidade-preço da demanda para os passageiros que realizam o turismo de lazer é alta (MARCHETTI et al. Infraestrutura aeroportuária: fator de competitividade econômica. Modal Aéreo III. Informe Infra-estrutura, BNDES, nº 46, 2001, p. 5.). Esta segmentação resulta, por sua vez, em uma segmentação da demanda com relação às linhas aéreas. Uma análise das linhas aéreas brasileiras mostra que a elasticidade-preço da demanda é baixa nas ligações aéreas entre os principais pólos econômicos do país – entre o Aeroporto Internacional de Brasília e os demais aeroportos do país, entre os aeroportos da Região Sudeste, Sul e Centro-Oeste e entre as Linhas Aéreas Especiais – já que a demanda por estas ligações é composta, majoritariamente, por viagens de negócios. Já as ligações aéreas entre as cidades da região Nordeste e destas com as demais regiões do país apresentam alta elasticidade de preço da demanda, pois os fluxos de passageiros têm como motivação 38 principal o turismo de lazer, embora exista, também, uma demanda significativa de passageiros que viajam a negócios nestas rotas (DAC, 2000). 39 CONCLUSÃO A aviação civil exerce um papel fundamental para a globalização e relacionamento entre os países. Suas inovações são capazes de revolucionar diferentes campos de pesquisa, que vão da engenharia ao marketing, sendo ainda um fator primordial para o desenvolvimento de atividades como o turismo. As empresas Low Cost da aviação, ao prestarem valor aos serviços oferecidos e não apenas um baixo preço, demonstram que é possível focar o mercado a partir de preços competitivos e, ainda assim, prestar um serviço de boa qualidade e figurar entre as empresas líderes. O modelo Low Cost já possui uma presença extremamente forte nos mercados dos EUA e Europa, o que sinaliza não apenas uma tendência, mas a comprovação de que em ambientes de economia estável, mercado consumidor amplo, forte concorrência e boa infraestrutura haverá sempre uma demanda certa. Esses dois últimos fatores, entretanto, são os que faltam para que o Brasil veja surgirem grandes companhias aéreas de baixo custo no seu território. Apesar de existir uma espécie de receituário para a operacionalização de uma companhia Low Cost, apenas aquelas que realmente inovaram e prestaram serviços com qualidade superior é que se firmaram no mercado. Mesmo no Brasil houve tentativas, caso da BRA, mas o único caso real de sucesso é o da Gol. Especial atenção deve ser dada para as estratégias da Azul, que mesmo sendo ainda pequena, já está estimulando a concorrência em alguns trechos, inovando nos destinos e publicidade, e é gerida pelo mesmo proprietário de uma importante Low Cost americana, a JetBlue. As estatísticas indicam que o Brasil possui uma demanda crescente de passageiros prontos para embarcarem em algum avião. Outros dados confirmam que o viajante agora não está mais disposto a pagar altos valores pelo transporte e é capaz de abrir mão de certos direitos, ou privilégios, confortos e regalias, com o intuito de comprar uma passagem aérea mais barata. O presente artigo científico buscou realizar um entendimento acerca do 40 atendimento como diferencial competitivo par as empresas. Assim, como o desenvolvimento do estudo foi possível notar o quanto o atendimento faz diferença tornando-se uma ferramenta essencial para a subsistência de qualquer organização diante do mercado competitivo. A atual conjuntura do mercado, bem como a elevada oferta de produtos diferenciados, as empresas devem estar cada vez mais atentas aos anseios dos clientes, investigando suas necessidades e interesses, sempre alertas aos concorrentes e oscilações de mercado. Respondendo ao questionamento do estudo, o atendimento aos clientes pode ser sim considerado uma estratégia relevante diante do mercado competitivo, pois através do atendimento de qualidade prestado ao cliente os colaboradores podem realizar uma série de abordagens estreitando a relação cliente e empresa. Verificou-se também que o atendimento para as empresas é de suma importância, pois o cliente passa a s identificar com a empresa e fidelizar-se com seus colaboradores, produtos ou serviços, como já mencionado estreitar o relacionamento entre cliente e empresa. Low Cost é um ponto de referência para as companhias e é uma estratégia que se adéqua perfeitamente aos anseios dos consumidores de voos regulares domésticos: comodidade, praticidade, rapidez e baixo custo. 41 BIBLIOGRAFIA ALVES, J. B. Gestão de clientes: arte da conquista e manutenção do cliente. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2004. 128 p. ISBN 85-7303-469-6. BHOTE, Keki, R. O cliente na linha de frente. Rio de Janeiro. Qualitymark, 1996. BOGMANN, Itzhak Meir. Marketing de Relacionamento: estratégias de fidelização e suas implicações financeiras. São Paulo: Ed.Nobel, 2002. BORSATO, Cíntia. PIOR PARA ELES, MELHOR PARA NÓS. Disponível em:<http://veja.abril.com.br/270509/p_154.shtml>. Acesso em: 09 março 2012. CAMPOS, Felipe. 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