KATE MOURA DA COSTA BARCELOS ESTUDO ULTRA-SONOGRÁFICO DAS LESÕES DE TECIDOS MOLES DA ARTICULAÇÃO METACARPOFALANGIANA EM CAVALOS DE POLO Dissertação apresentada ao Curso de Pós-graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Clínica e Reprodução Animal. Orientador: Prof. Dr.DANIEL AUGUSTO BARROSO LESSA Niterói – RJ 2008 KATE MOURA DA COSTA BARCELOS ESTUDO ULTRA-SONOGRÁFICO DAS LESÕES DE TECIDOS MOLES DA ARTICULAÇÃO METACARPOFALANGIANA EM CAVALOS DE PÓLO Dissertação apresentada ao Curso de Pós-graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre. Área de Concentração: Clínica e Reprodução Animal Aprovada em 30 de maio de 2008 BANCA EXAMINADORA ............................................................................................................................................ Prof. Dr.DANIEL AUGUSTO BARROSO LESSA - Orientador UFF ............................................................................................................................................. Prof. Dra. MÁRCIA CAROLINA SALOMÃO SANTOS UFF ............................................................................................................................................ Prof. Dra. ANNA PAULA BALESDENT BARREIRA UCB Niterói – RJ 2008 A meus pais Margareth Moura da Costa Barcelos e Edson Edir Barcelos, pelo carinho e paciência e a Antônio Carlos Pacheco da Silva pelo incentivo de todas as horas. AGRADECIMENTOS À Deus por ter me permitido a realização deste trabalho; À Universidade Federal Fluminense e seus funcionários; Ao Dr. Daniel Augusto Barroso Lessa, pela disposição em me orientar, por acreditar no projeto, pela dedicação, amizade, paciência e conhecimentos profissionais a mim sempre dispensados; À Dra. Anna Paula Balesdent Barreira pela dedicação, amizade, compreensão e conhecimentos profissionais indispensáveis para a realização deste trabalho; À Dra. Nádia Regina Pereira Almosny pelos conselhos e incentivos constantes; À Dra. Ana Ferreira pela compreensão e incentivo sempre presentes; Aos meus queridos colegas Francisco Ferreira e Rodrigo Cruz pela amizade e auxílio nos momentos mais difíceis; Aos médicos veterinários João Guedes e Tatiana Noronha Gonçalves Rodrigues Barreto pelo auxílio na obtenção dos animais; A todos do departamento de Patologia e Clínica Veterinária em especial a Dra. Márcia Carolina Salomão; Aos amigos: Lúcia e Homero Assis Brasil, Fernanda Novaes Alves, Patrícia Zucolotto, Rita de Cássia Auheimer, Eliene Porto Sad, Cleusa Canedo, Drauzio, Maria Irene B. dos Reis, Valéria Gomes, Caroline, Yasmin e Katia pelo auxílio e amizade nas horas difíceis e por acreditarem sempre nos meus ideais; Ao auxílio financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) A todos os amigos que souberam compreender meus momentos de ausência para finalização do meu trabalho. RESUMO A eqüideocultura é uma atividade econômica altamente relevante no Brasil. Sendo o uso de eqüinos para esporte e lazer um grande campo de atuação para a medicina esportiva eqüina, principalmente, para o uso técnicas diagnósticas que evidenciem lesões do aparelho locomotor. O Pólo é um dos jogos de times mais antigos do mundo, estando em crescente expansão no país. O fato deste esporte utilizar diversos animais numa mesma partida multiplica em muito o número de animais sujeitos a lesões decorrentes desta prática esportiva. Este trabalho teve como objetivo estudar a incidência de lesões de tecidos moles que acometem a articulação metacarpofalangiana em cavalos de pólo. Utilizando como método de estudo a imagem ultra-sonográfica de 40 articulações metacarpofalangianas dos membros torácicos de 20 eqüinos praticantes deste esporte a mais de um ano, que tivessem deformidades angulares (aprumos) e/ou morfológicas na referida articulação. Sendo avaliadas as seguintes estruturas: tendão flexor digital superficial (TFDS), tendão flexor digital profundo (TFDP), tendão extensor digital comum (TEDC), ligamento anular palmar (LAP), ramos do ligamento suspensório do boleto (LSUS) e a superfície dos ossos sesamóides proximais onde estes se inserem; cápsula articular (CA) e prega dorsal (VILO). Foi observado um total de 116 lesões nesta articulação em 40 membros torácicos examinados. Todos os animais possuíam pelo menos uma lesão de tecido mole diagnosticada ultra-sonograficamente na região, em ambos os membros, sendo o membro torácico esquerdo o mais acometido (59%) em número de lesões encontradas. As lesões ficaram assim distribuídas por ordem de incidência: VILO 75% (30/40), LAP 55% (22/40), LSUS RM 35% (14/40), CA 32,5% (13/40), TFDS 27,5% (11/40) e LSUS RL 27,5% (11/40), Sesamóide MED 22,5% (9/40) Sesamóide LAT 7,5% (3/40), TFDP 5% (2/40), e TEDC 2,5% (1/40). Sendo o VILO a estrutura mais acometida sugere-se a predisposição destes animais a sinovite vilonodular decorrente desta prática esportiva. Apenas dois animais deste estudo apresentaram claudicação no momento do exame o que sugere o alto limiar de dor desses animais. Haja vista o exposto, o jogo de pólo pode ser responsável pelo grande número de lesões encontradas em tecidos moles e superfícies ósseas relacionadas à articulação metacarpofalangiana. Palavras-chave: ultra-sonografia, articulação, metacarpofalangiana, eqüino, pólo, lesões, tecidos moles. ABSTRACT Horse breeding is a relevant economical activity in Brazil, being the usage of horses in sports and leisure a great field of performance for the sport equine Medicine mainly for the use of diagnose techniques which show clearly locomotor organ injuries. Polo is one of the oldest team games, being in continuous development in this country (Brazil). The fact that said sport demands several animals in a same game greatly multiplies the number of animals undergoing lesions deriving from that sport practice.This work had the aim of studying the frequency of soft tissue damage which assails the metacarpophalangeal joint in polo horses. Using as study method the ultrasonographic images from 40 metacarpophalangeal joints of the thoracic limbs from 20 horses who practiced that sport for more than a year, and who had angular deformities (uprightness) and/or morphologic malformations in the mentioned joint. The following structures were analyzed: superficial digital flexor tendon (SDFT), deep digital flexor tendon (DDFT), common digital extensor tendon (DCET), palmar annular ligament (PAL), fetlock suspensory ligament branch (FSLB) and the surface of the proximal sesamoid bones where these ones insert; articular capsule (AC) and dorsal fold (VILO). A total amount of 116 lesions were noticed in that joint in 40 thoracic limbs checked. All animals had at least one lesion in the soft tissue examined with ultrasonography in that region, in both limbs, being the left thoracic limb the most affected (59%) in number of lesions found. The lesions were distributed in order of incidence as follows: VILO 75% (30/40), PAL 55% (22/40), FSLB RM 35% (14/40), AC 32.5% (13/40), SDFT 27,5% (11/40), and FSLB RL 27,5% (11/40), MED sesamoid 22.5% (9/40), LAT sesamoid 7.5% (3/40), DDFT 5% (2/40), and CDET 2.5% (1.40). Since the VILO is the most affected structure, we suggest that those animals are predisposed (prone) to villonodulous synovitis deriving from this sports practice. Only two animals in this study showed lameness at the time of the examination which suggests the high level of pain those animals were undergoing. Bearing in mind the above mentioned explanation, the polo game may be responsible for the great quantity of damages found in soft tissues and bone surfaces related to the metacarpophalangeal joint. Key words: ultrasonography, joint, metacarpophalangeal, equine, polo, injury, soft tissued. SUMÁRIO RESUMO, p. 6 ABSTRACT, p. 7 SUMÁRIO, p. 8 LISTA DE ILUSTRAÇÕES, p. 101 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS, p. 12 LISTA DE TABELAS, p. 13 LISTA DE GRÁFICOS, p. 15 1 INTRODUÇÃO, p. 16 2 REVISÃO DA LITERATURA, p. 21 2.1 SÚMULA ANATÔMICA, p. 20 2.2 ANATOMIA ULTRA – SONOGRÁFICA, p. 29 2.2.1 TENDÃO FLEXOR DIGITAL SUPERFICIAL (TFDS), p. 31 2.2.2 TENDÃO FLEXOR DIGITAL PROFUNDO (TFDP), p. 33 2.2.3 TENDÃO EXTENSOR DIGITAL COMUM (TEDC), p. 34 2.2.4 LIGAMENTO SUSPENSÓRIO DO BOLETO (LSUS), p. 34 2.2.5 LIGAMENTO ANULAR PALMAR (LAP) p. 35 2.2.6 ESTRUTURAS ARTICULARES, p. 35 2.3 OCORRÊNCIAS DE LESÕES NO SISTEMA MÚSCULO ESQUELÉTICO DO CAVALO DE ESPORTE, p. 37 2.4 FATORES PREDISPONENTES A LESÕES ARTICULARES E TENDO- LIGAMENTARES, p. 38 2.5 EXAME E APARÊNCIA ULTRA-SONOGRÁFICA DAS LESÕES DE TECIDOS MOLES E ESTRUTURAS RELACIONADAS, p. 40 3 MATERIAL E MÉTODOS, p. 50 3.1 SELEÇÃO DOS ANIMAIS, p. 50 3.2 EXAME ULTRA-SONOGRÁFICO, p. 50 4 RESULTADOS, p. 56 5 DISCUSSÃO, p. 84 6 CONCLUSÃO, p. 102 7 BIBLIOGRAFIA, p. 104 LISTA DE ILUSTRAÇÕES FIGURA 1: Secção sagital (I) e dissecção (II) da articulação metacarpofalangiana após injeção de látex colorido nas cavidades sinoviais, a seta indica a localização da prega (dobra), p. 20 FIGURA 2: Aspecto dorsolateral da articulação metacarpofalangiana, p. 21 FIGURA 3: Aspecto palmar da articulação metacarpofalangiana sem os tendões flexores e sem parte dos ossos sesamóides, p. 23 FIGURA 4: Aspecto medial da articulação metacarpofalangiana, p. 24 FIGURA 5: Aspecto palmarolateral da articulação metacarpofalangiana, p. 25 FIGURA 6: Estruturas profundas da articulação metacarpofalangiana, p. 28 FIGURA 7: Corte parasagital da articulação metacarpofalangiana, p. 29 FIGURA 8: Aparência ultra-sonográfica normal de TFDS (1) e TFDP (2), p. 63 FIGURA 9: Aparência ultra-sonográfica da fragilização ocorrida em TFDS e TFDP no membro torácico direito do animal “K”. Note o padrão heterogêneo granular de ambas as estruturas no CT, p. 64 FIGURA 10: Tendinite grave subaguda do TFDS sendo difusa no animal “G” (MTE) onde observa-se hipoecogenicidade difusa e aumento de volume da estrutura, com perda de padrão linear no CL (grau 4). E tendinite grave subaguda focal animal “B” (MTE) onde observa-se hipoecogenicidade focal na porção lateral desta estrutura, aumento de área total da estrutura com perda de padrão linear no CL (grau 3). Também é observada tendinite difusa moderada crônica de TFDP no animal “G”, onde encontrase aumento de área total da estrutura e hiperecogenicidade difusa, p. 64 FIGURA 11: TEDC:A figura da esquerda demonstra o TEDC do MTD dentro dos padrões de normalidade em relação a espessura e ecogenicidade; a figura da direita apresenta o TEDC do MTE com aumento da espessura em CL e padrão heterogêneo granulado em CT demonstrando leve tendinite difusa aguda, p. 68 FIGURA 12: LAP: No animal “N”,figura da esquerda, temos a aparência ultra-sonográfica normal do LAP(*) (MTE) e no animal “B” (MTE), figura da direita, a imagem do LAP é indicativa de desmite moderada crônica inativa onde ocorre aumento de espessura mas sem alteração da ecogenicidade do ligamento.p. 68 FIGURA 13: Imagem ultra-sonográfica de LSUS e contorno do sesamóide proximal dentro da normalidade (animal B, MTE), 76 FIGURA 14: Desmites dos ramos de LSUS: Animal K desmite difusa leve subaguda (MTD) com sesamoidite associada(seta), animal H desmite focal (seta) leve crônica (MTE) sem alteração do sesamóide e animal G desmite focal (seta) moderada subaguda, p. 76 FIGURA 15: Cápsula articular (*) (animal A, MTE) íntegra mantendo espessura e ecogenicidade normais, os marcadores abaixo da cápsula indicam presença de líquido sinovial. O VILO (animal S, MTD) apresenta ecogenicidade normal sendo juntamente com a espessura, considerado neste estudo, dentro dos padrões de normalidade, p. 81 FIGURA 16: A primeira figura demonstra (animal L): Capsulite difusa leve aguda (área de anecogenicidade difusa ainda sendo possível delimitar suas margens) e Inflamação difusa leve subaguda (hipoecogenicidade difusa) do VILO, ambas no MTD. A segunda figura (animal S) demonstra: Capsulite focal (seta demonstra hipoecogenicidade focal) grave subaguda no MTD, p. 82 FIGURA 17 : Inflamação difusa moderada subaguda do VILO no MTD do animal P. Note aumento da espessura do vilo, hipoecogenicidade difusa e arredondamento da borda livre da referida estrutura, p. 83 LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS CT- Corte transversal CL- Corte longitudinal PE- padrão ecogênico normal PL- Padrão linear PHG- padrão heterogêneo granulado HIPO- hipoecóico ANEC- anecóico HIPER-hiperecóico TFDS- tendão flexor digital superficial TFDP- tendão flexor digital profundo TEDC- tendão extensor digital comum LAP- ligamento anular palmar LSUS- ligamento suspensório do boleto RM- ramo medial RL- ramo lateral CA- cápsula articular VILO- prega dorsal MED- medial LAT- lateral PSC- puro sangue de corrida LISTA DE TABELAS Tabela 1: Área total em cm2, espessura em mm e aumento de volume em relação ao membro contra-lateral do tendão flexor digital superficial (TFDS) nos 20 cavalos de Pólo examinados, com alterações grifadas em amarelo, p. 58 Tabela 2: Classificação das lesões do tendão flexor digital superficial (TFDS) quanto às alterações de ecogenicidade4 e padrão linear5 grifadas em amarelo, p. 59 Tabela 3: Diagnóstico do acometimento do TFDS e classificação: quanto à distribuição da lesão vista no corte transversal(CT), quanto à gravidade e quanto ao tempo de instalação, 60 Tabela 4: Área total em cm2, espessura em mm e aumento de volume em relação ao membro contra-lateral, do tendão flexor digital profundo (TFDP) nos 20 cavalos de Pólo examinados, com alterações grifadas em amarelo, p. 61 Tabela 5: Classificação das lesões do tendão flexor digital profundo (TFDP) quanto às alterações de ecogenicidade4 e padrão linear5 grifadas em amarelo, p. 62 Tabela 6: Espessura em mm, ecogenicidade4 e padrão linear5 do tendão extensor digital comum (TEDC) nos 20 cavalos de pólo examinados. Aumentos de espessura, alteração na ecogenicidade e padrão linear grifados em amarelo, p. 65 Tabela 7: Valores de espessura (em mm) e ecogenicidade4 do ligamento anular palmar (LAP). Alterações grifadas em amarelo, p. 66 Tabela 8: Diagnóstico do acometimento do LAP e classificação: quanto à distribuição da lesão vista no corte transversal (CT), quanto a gravidade e quanto ao tempo de instalação, p. 67 Tabela 9: Área total em cm2 e aumento de área acima de 20% em relação ao membro contra-lateral do ramo medial do ligamento suspensório do boleto (LSUS-RM) em 20 cavalos de pólo examinados, com aumentos de área grifados em amarelo, p. 69 Tabela 10: Classificação das lesões do ramo medial do ligamento suspensório do boleto (LSUS-RM) quanto às alterações de ecogenicidade4 e padrão linear5. Alterações grifadas em amarelo, p. 70 Tabela 11: Diagnóstico do acometimento do LSUS-RM e classificação: quanto à distribuição da lesão vista no corte transversal (CT), quanto à gravidade e quanto ao tempo de instalação, p. 71 Tabela 12 : Área total em cm2 e aumento de área acima de 20% em relação ao membro contra-lateral do ramo lateral do ligamento suspensório do boleto (LSUS-RL) em 20 cavalos de pólo examinados, com aumento de área grifado em amarelo, p. 72 Tabela 13: Classificação das lesões do ramo lateral do ligamento suspensório do boleto (LSUS-RL) quanto às alterações de ecogenicidade4 e padrão linear5. Alterações grifadas em amarelo, p. 73 Tabela 14: Diagnóstico do acometimento do LSUS-RL e classificação: quanto à distribuição da lesão vista no corte transversal (CT), quanto à gravidade e quanto ao tempo de instalação, p. 74 Tabela 15: Presença de irregularidade na superfície de inserção dos ramos dos ligamentos suspensórios medial (RM) e lateral (RL) denotando sesamoidite em fase inicial, p. 75 Tabela 16: Espessura da CA em mm e alterações na ecogenicidade4 demonstrada em corte transversal (CT) e longitudinal (CL) nos 20 cavalos de pólo examinados, com aumento da espessura e alteração de ecogenicidade grifados em amarelo, p. 77 Tabela 17: Diagnóstico do acometimento da cápsula articular (CA) e classificação: quanto à distribuição da lesão vista no corte transversal (CT), quanto à gravidade e quanto ao tempo de instalação, p. 78 Tabela 18: Espessura da prega dorsal (VILO) em mm e Ecogenicidade4, espessura acima do normal e ecogenicidade alterada estão grifados em amarelo, p. 79 Tabela 19: Diagnóstico do acometimento da prega dorsal (VILO) e classificação: quanto à distribuição da lesão vista no corte transversal (CT), quanto à gravidade e quanto ao tempo de instalação, p. 80 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1: Incidência de lesões distribuídas nos membros torácicos direito (MTD) e esquerdo (MTE) no total de lesões (n=116) por membro torácico acometido, p. 56 Gráfico 2: Distribuição da incidência percentual de lesões por tipo de estrutura afetada em 40 membros torácicos de 20 eqüinos de pólo examinados, p. 57 1 INTRODUÇÃO A eqüideocultura é uma atividade econômica altamente relevante no Brasil, haja vista que, de acordo com o "Estudo do Complexo do Agronegócio" divulgado pela Confederação Nacional de Agricultura, o mercado eqüino nacional movimenta hoje, cerca de 7,3 bilhões de reais por ano, gerando 641 mil empregos diretos, que somados aos indiretos geram 3,2 milhões de empregos relacionados ao segmento. O Brasil é hoje responsável pelo terceiro maior rebanho de eqüinos do mundo com 5,9 milhões de animais. Deste total, 26,6% estão na Região Sudeste sendo utilizados em diversas modalidades. Dentre elas, as atividades esportivas vêm cada dia mais se destacando e exigindo aperfeiçoamento constante dos profissionais envolvidos, principalmente no que tange a medicina veterinária, de onde se espera presteza desde a prevenção ao diagnóstico e tratamento de lesões decorrentes das atividades atléticas praticadas pelos eqüinos. O Pólo é um dos jogos de times mais antigos do mundo. Originário da Pérsia, provavelmente bem anterior ao nascimento de Cristo, sendo também, desde cedo, muito popular na China e Índia (DOSSENBACH & DOSENBACH, 1985, 200-201p). Os times são compostos por quatro jogadores de cada lado. A duração máxima de uma partida é de oito períodos de sete minutos cada, com intervalos entre eles de 3 minutos (ARANHA, 2007). Esta modalidade hípica chegou ao Brasil na década de 20. A partir 2000, os organizadores dos torneios começaram a atrair novos jogadores, a ampliar a área de influência do esporte e a desenvolver a prática do mesmo (FANTINS, 2007; ARANHA, 2007; ROCHA, 2007). Desde então o esporte vem se desenvolvendo e crescendo cada vez mais em todo o país. Apesar do número de praticantes não ser tão grande, se comparado com outros esportes eqüestres, é importante ressaltar que pelas 17 características do jogo, cada jogador participa da competição com vários cavalos, este fato multiplica muito o número de animais que são utilizados para esta atividade esportiva. As enfermidades que atingem o aparelho locomotor dos eqüinos são consideradas a principal causa de afastamento desses animais das atividades esportivas, fato que gera prejuízo econômico considerável. Mcdiarmid (1995) afirma que injúrias que afetam tendões e ligamentos do metacarpo até a quartela são comuns e de grande importância econômica na indústria eqüina. Porém, o limitado número de referências sobre injúrias de estruturas de tecido mole na quartela provavelmente não reflete a real incidência de lesões nesta área (DYSON & DENOIX, 1995); o mesmo ocorre com a região metacarpofalangiana, conhecida zootecnicamente como boleto, objeto deste estudo, que mesmo apresentando na rotina clínica uma alta prevalência de afecções em cavalos de pólo, são escassas as publicações relativas às afecções de tecidos moles desta região, principalmente, em animais praticantes deste esporte. Durante a locomoção, a articulação do eqüino sofre grande estresse biomecânico, pois a sua angulação permite grande amplitude de movimentos, especialmente durante as competições. A hiperextensão, a sobrecarga, o rolamento e a extrema flexão durante movimentos bruscos causam enorme tensão de forças sobre os tecidos moles da articulação metacarpofalangiana (DENOIX et al., 1996). Particularmente no jogo de pólo, esta articulação sofre o estresse constante gerado pelo galope. Isto se dá devido a pressão decorrente do impacto dos membros sobre o solo em alta velocidade, acrescido do peso do cavaleiro, das repentinas e bruscas mudanças de direção e sentido do galope, bem como das paradas feitas bruscamente durante o jogo. Isto faz com que tais articulações sejam constantemente acometidas por lesões de esforço e trauma decorrentes do uso do eqüino. As lesões das partes moles decorrentes deste estresse articular resultam, invariavelmente, em processos inflamatórios (capsulites, sinovites, desmites e tendinites) que muitas vezes não são facilmente diagnosticados e controlados, resultando em seqüelas, que podem inviabilizar o cavalo para a prática esportiva. A ultra-sonografia é uma técnica diagnóstica de baixo custo em relação a outros procedimentos (DENOIX,1996 a ) a qual permite observar a natureza dos 18 processos patológicos, as modificações arquitetônicas produzidas nas tramas fibrosas e quantificar sua extensão (PEIXOTO,2007 apud REEF,1999 e ROBLES,2000). Além de identificar com precocidade varias lesões (DENOIX, 1996 a , REDDING, 2001) também é uma técnica atraumática e não invasiva que permite o exame dos tendões, locais de inserção dos ligamentos e das superfícies articulares; sendo o resultado dos exames quase que imediatos, dando informações que podem passar por despercebidos durante o exame radiográfico (DENOIX,1996a , PEIXOTO apud ROBLES,2000). No entanto, esta técnica requer um amplo aprendizado do operador e conhecimento das estruturas anatômicas e suas variações individuais (DENOIX, 1996a, REDDING, 2001 e PEIXOTO apud ROBLES,2000). Há também especial dificuldade de análise da articulação metacarpofalangiana, devido ao grande número de estruturas presentes, de tamanhos muitas vezes diminutos e que se projetam em várias direções, fazendo com que muitos clínicos e ultra-sonografistas tenham dúvidas na interpretação dos achados sonográficos. Segundo Genovese e Rantanen (1998) interpretar mal os achados ultrasonográficos pode resultar no término mais breve da carreira esportiva do eqüino ou no agravamento de lesões que comprometam a atividade deste animal. Por outro lado, a interpretação exagerada pode levar a uma aposentadoria prematura de um atleta eqüino causando perdas econômicas ao proprietário. A avaliação ultra-sonográfica das estruturas articulares ainda não é um procedimento rotineiro, no entanto, Denoix et al. (1996) relatam que este procedimento é muito importante e de muito boa acurácia em função do detalhamento anatômico das imagens dos tecidos moles, tanto no aspecto dorsal, quanto no abaxial do boleto; e pode, de fato, ajudar a reconhecer lesões articulares e periarticulares. Neste contexto, em função da constatação clínica da elevada casuística de afecções metacarpofalangianas em eqüinos de pólo, do excelente detalhamento de informações sobre a imagem das estruturas de tecido mole que a avaliação ultrasonográfica permite obter, e também, pela carência de informações disponíveis na literatura relativa ao assunto, este trabalho teve como objetivo estudar a incidência de lesões de tecidos moles que acometem a articulação metacarpofalangiana em cavalos de pólo. Sendo de suma importância, pelo fato de vir a trazer novas informações sobre 19 as lesões das articulações metacarpofalangianas que acometem esses animais, permitindo um aprofundamento e uma complementação do conhecimento clínico para a definição do correto diagnóstico. Conseqüentemente, propiciando a melhor conduta terapêutica, bem como o prognóstico de retorno desses animais ao esporte com menor prejuízo econômico. 2 REVISÃO DA LITERATURA 2.1 SÚMULA ANATÔMICA A nomenclatura utilizada teve por base a nomenclatura anatômica veterinária ilustrada descrita por Schaller (1999). A articulação metacarpofalangiana (Figura1) é um gínglimo formado pela junção da extremidade distal do grande osso metacárpico (terceiro), a extremidade proximal da falange proximal e os ossos sesamóides proximais (SISSON; GROSSMAN, 1986). I II FIGURA 1: Secção sagital (I) e dissecção (II) da articulação metacarpofalangiana após injeção de látex colorido nas cavidades sinoviais, a seta indica a localização da prega (dobra) dorsal (Adaptado de DENOIX,2000). A cápsula articular está inserida ao redor da margem das superfícies articulares (Figura 2). Ela é espessa e ampla em sua face palmar, onde uma bolsa sinovial está interposta entre ela e os tendões extensores digitais, mas estes também 21 estão inseridos na cápsula. Palmarmente ela forma uma fina bolsa de paredes delgadas que se estende proximalmente entre o osso metacárpico e o ligamento suspensório, aproximadamente tão alto quanto o ponto de bifurcação deste último (SISSON, GROSSMAN, 1986; KAINER, 1994). A articulação metacarpofalangiana apresenta 2 recessos principais: um recesso dorsal com pouco liquido sinovial em articulações normais e uma prega sinovial próximo-dorsal fibrosa (Figura 1), e um recesso próximo-palmar com numerosas e altas vilosidades sinoviais (DENOIX, AGRÉGÉ, 2001). FIGURA 2: Aspecto Dorsolateral da articulação metacarpofalangiana: 1 –Terceiro osso metacárpico, 2Falange Proximal, 3- Fáscia metacarpofalangiana dorsal, 4-Cápsula articular dorsal, 6Ligamento colateral lateral (parte superficial), 7- Tendão extensor digital comum (dorsal), 8Tendão extensor digital lateral, 9- Tendão extensor digital acessório, 10- Terceiro músculo interósseo, 10 b – Ramo extensor lateral, 10 c – Ramo lateral (Adaptado de DENOIX,2000). A cápsula é reforçada por dois ligamentos colaterais. Estes são parcialmente divididos em duas camadas: a camada superficial (Figura 2) proveniente da eminência da extremidade distal do terceiro osso metacárpico, e se insere na área rugosa distal à margem da superfície articular da falange proximal; a camada profunda mais curta e mais forte originada de uma depressão lateral à extremidade distal do osso metacárpico, e passa obliqua, distal e palmarmente para se inserir na superfície abaxial 22 do osso sesamóide e na extremidade proximal da falange proximal. (SISSON, GROSSMAN, 1986). Os tendões dos extensores digitais lateral e comum (Figura 2) penetram na articulação metacarpofalangiana à frente do III osso metacárpico. O tendão extensor digital dorsal (ou longo) (DENOIX et al., 1996; DENOIX, 2000) também chamado de tendão do extensor digital comum (TEDC) é protegido por uma bainha sinovial quando passa por sobre a bolsa dorsal da articulação metacarpofalangiana. Alargando-se, ligase de forma limitada com as bordas proximais das falanges proximal e média, antes de receber os ramos extensores do músculo interósseo que circulam o dígito, terminando no processo extensor da falange distal. O tendão do músculo extensor digital lateral (TEDL) desce pelo III osso metacárpico, lateral ao tendão comum, cruza a articulação metacarpofalangiana e termina em uma rugosidade no aspecto dorsal da falange proximal (SISSON, GROSSMAN, 1986). Entre estes dois tendões principais, na articulação metacarpofalangiana do membro torácico, existe um ligamento acessório vestigial, o tendão extensor digital acessório (TEDA) (DENOIX et al. 1996; DENOIX, 2000) (Figura 2). A superfície articular do terceiro osso metacárpico apresenta uma curvatura aproximadamente cilíndrica, mas está dividida em duas partes, ligeiramente desiguais, por uma crista sagital. Ela está contida dentro de um encaixe formado pela falange proximal distalmente e palmarmente pelos dois ossos sesamóides (Figura 1) e o ligamento metacarpo-intersesamóide (Figura 3). Este último é uma massa de fibrocartilagem em que os ossos sesamóides estão em grande parte inseridos. Ele se estende proximal ao nível dos sesamóides terminando no ligamento palmar e é sulcado para receber a crista do osso metacárpico. Sua superfície palmar forma um sulco liso 23 para o tendão flexor digital profundo (SISSON, GROSSMAN, 1986, SCHALLER, 1999) (Figura 3) . FIGURA 3: Aspecto palmar da articulação metacarpofalangiana sem os tendões flexores e sem parte dos ossos sesamoides: 1-Falange proximal, 1 a – Eminência palmar, 2- Osso sesamóide proximal lateral, 3- Ligamento palmar (intersesamóide), 4- Ligamento sesamóide colateral, 5Feixe sagital do ligamento sesamóide obliquo, 6- Ligamento sesamóide obliquo medial, 7Ligamento sesamóide obliquo lateral, 8- Ligamento sesamóide cruzado, 9-Recesso distopalmar da articulação metacarpofalangiana. Terceiro músculo interósseo (ligamento suspensório do boleto): 10 a –Ramo medial, 10 b – Ramo extensor medial (Adaptado de DENOIX,2000). O Tendão flexor digital superficial (TFDS), na região da articulação metacarpofalangiana, atrás do ligamento palmar (intersesamóide) da articulação metacarpofalangiana, tem sua forma simétrica se alargando grandemente. Proximal aos ossos sesamóides proximais, observa-se um anel fibroso chamado manguito flexor (Figura 4 e 5), que é o envoltório formado pelo tendão do músculo flexor digital superficial em torno do tendão correspondente do músculo flexor digital profundo (SCHALLER, 1999). Distal aos ossos sesamóides proximais, o TFDS se torna 24 progressivamente mais fino, no plano sagital, e mais espesso abaxialmente.(DENOIX, 1996) (figura 4). FIGURA 4: Aspecto Medial da Articulação Metacarpofalangiana: 1-Terceiro osso metacárpico, 2-Segundo osso metacárpico, 3-Falange proximal, 4- Fáscia metacarpofalangiana dorsal, 5-Cápsula dorsal da articulação metacarpofalangiana, 6- Ligamento colateral medial (parte superficial), 7-Ligamento palmar (intersesamóide), 8-Ligamento sesamóide reto, 9- Ligamento sesamóide obliquo medial, 10-Ligamento palmar abaxial da articulação interfalangiana proximal, 11Tendão extensor digital comum (dorsal), 12- Terceiro músculo interósseo (ligamento suspensório do boleto), 12 a – Ramo medial, 12 b – Ramo extensor medial, 13- Tendão flexor digital superficial, 13 a – Manguito flexor, 13 b – Ramo medial, 14- Tendão flexor digital profundo, 15- Ligamento anular palmar, 16- Ligamento anular digital proximal, 16 a – Fixação proximal, 17- Cavidade da bainha digital, 17 a - Recesso colateral. Direcionamento de escaneamentos ultra-sonográficos: A- Longitudinal, B- Transversal (Adaptado de DENOIX,2000). O tendão flexor digital profundo (TFDP) no terço distal da região metacárpica incorporou todas as fibras de seu ligamento acessório, se torna oval e passa através do manguito flexor (DENOIX, 1996) (Figuras 4 e 5) o qual segura o TFDP mais centralmente através de todo seu curso na bainha do tendão flexor digital. O anel proximal do manguito flexor começa na bainha proximal e acaba no nível do ápice dos ossos sesamóides proximais. Neste nível os tendões flexores se tornam ligados ao 25 membro pelo ligamento anular palmar que forma o aspecto palmar, e o ligamento intersesamóide forma o aspecto dorsal do canal da referida articulação (REDDING, 1993) (figura 5). FIGURA 5: Aspecto Palmarolateral da Articulação Metacarpofalangiana: 1-Terceiro osso metacárpico, 2Quarto osso metacárpico, 3-Falange proximal, 4- Cápsula dorsal da articulação metacarpofalangiana 5- Ligamento colateral lateral (parte superficial), 6- Ligamento sesamóide colateral lateral, 7-Ligamento palmar (intersesamóide), 8-Ligamento sesamóide reto, 9- Ligamento sesamóide obliquo, 10-Tendão extensor digital lateral, 11-Tendão extensor digital dorsal, 12- Terceiro músculo interósseo (ligamento suspensório do boleto), 12 a – Ramo lateral, 12 b – Ramo medial, 12 c – Ramo extensor lateral, 13- Tendão flexor digital superficial, 13 a – Manguito flexor, 13 b – Ramo lateral, 14- Tendão flexor digital profundo, 15- Ligamento anular palmar, 16- Ligamento anular digital proximal, 16 a – Fixação proximal (Adaptado de DENOIX,2000). Os dois tendões flexores estão ligados aos ossos sesamóides proximais e ao ligamento palmar (intersesamóide) pelo ligamento anular palmar que se funde sagitalmente com o tendão flexor digital superficial (DENOIX, 1996) (figura 5). O ligamento anular palmar (ou ligamento metacárpico transverso superficial) (figuras 4 e 5) da articulação metacarpofalangiana é uma estrutura fina no cavalo em condições normais, difícil de distinguir da bainha digital com a qual ele está intimamente associado. Abaixo dele, além da bainha digital, passam o TFDS e o TFDP ao longo do aspecto palmar da articulação metacarpofalangiana. Ele se liga às superfícies abaxiais dos ossos sesamóides proximais e se estende transversalmente através do aspecto 26 palmar ou plantar da articulação metacarpofalangiana. Sua extensão mais proximal fica junto ao ápice dos ossos sesamóides proximais e sua extensão distal é a base destes ossos (REEF, 1998). Distalmente, o ligamento anular palmar da articulação metacarpofalangiana funde-se com o ligamento anular digital proximal no aspecto palmar da primeira falange (KAINER, 1994, REEDDING, 1993) (figura 5). A bainha flexora dos tendões flexores: digital superficial e profundo, cobre estes tendões a medida em que eles passam ao longo da articulação metacarpofalangiana palmar e dígito (Figura 1), embora os tendões flexores sejam as únicas estruturas dentro da bainha do tendão flexor digital, há muitos ligamentos que formam os limites palmar e dorsal (REEDDING, 1993), sendo a parede palmar da bainha digital composta de dois ligamentos anulares, o ligamento anular palmar e o ligamento anular digital proximal. O ligamento anular palmar se insere na borda palmar dos ossos sesamóides proximais formando um canal. O ligamento anular digital proximal é uma folha quadrilátera mais fina jazendo imediatamente abaixo da pele e, em grande parte, aderente ao tendão flexor digital superficial. (TFDS) (figura 5). Está anexado a cada lado da tuberosidade próximo palmar da falange proximal por uma faixa bem definida; o anexo distal adere ao ramo distal do TFDS e se insere com ele na parte distal da falange proximal. A bainha flexora sinovial digital começa de 4 a 7 cm proximalmente aos ossos sesamóides proximais e se estende distalmente até o meio da falange média. Ela tem diversos recessos (DENOIX, 1996). A bainha digital mede aproximadamente de 14 a 20 cm de comprimento e possui três recessos. Pregueamento e saculações da bainha sinovial digital ocorrem normalmente proximal ao ligamento anular palmar da articulação metacarpofalangiana no recesso proximal da bainha sinovial digital. Os recessos colaterais estão localizados nos aspectos laterais e mediais da quartela entre os ligamentos sesamóides distais e os tendões flexores. O recesso distal se estende entre a falange média e o aspecto dorsal do TFDP. A bainha digital esta colada ao aspecto palmar do TFDS no aspecto palmar da articulação metacarpofalangiana e na quartela proximal. O TFDP está inserido na bainha sinovial digital proximalmente ao longo de suas margens medial e lateral por um meso tendão (REEF, 1998). 27 O músculo interósseo (SCHALLER, 1999) também chamado de terceiro músculo interósseo (TMIO) é uma faixa forte, longa, conhecida como ligamento suspensório (L-SUS). O corpo do TMIO surge proximal à fileira distal dos ossos cárpicos e da extremidade palmar proximal dos ossos metacárpicos, principalmente do metacárpico III, descendo entre o segundo e quarto ossos metacárpicos no sulco metacárpico e gradualmente é separado do aspecto palmar do terceiro osso metacárpico, ao nível do qual se divide em dois ramos, divergentes simétricos ou assimétricos, varia entre os cavalos, porém aparece entre a parte medial do metacarpo e o quarto distal desta área. Estes ramos se inserem na superfície abaxial (face interóssea) do correspondente osso sesamóide proximal. Cada ramo emite um ramo extensor fino dorsodistalmente que cruza obliquamente o eixo da falange proximal e se junta com tendão extensor digital dorsal logo acima do nível da articulação interfalangiana proximal. Cada ramo extensor se funde com o ligamento sesamóide colateral correspondente proximalmente, e neste ponto há uma bursa subtendinosa pequena entre o ramo extensor e o aspecto próximo lateral da falange proximal. (DENOIX, 1996) (Figuras 4 e 5). O ligamento sesamóide reto (Figura 5) é uma faixa plana e é um tanto mais larga proximalmente do que distalmente. Está inserido proximalmente às bases dos ossos sesamóides e do ligamento palmar, distalmente à fibrocartilagem complementar da extremidade proximal da falange média. O ligamento sesamóide oblíquo (Figura 3) é triangular, com margens espessas e arredondadas e uma fina porção central. Sua base está inserida nos ossos sesamóides e ligamento palmar, e sua face profunda à área rugosa triangular na superfície palmar da falange proximal. Os ligamentos sesamóides cruzados (Figuras 3 e 6) consistem de duas finas camadas de fibras que surgem na base dos ossos sesamóides, cruzam um ao outro, e terminam na eminência oposta na extremidade proximal da falange proximal.(SISSON, GROSSMAN, 1986). Os dois ligamentos sesamóides curtos (Figura 6) são mais bem observados pela abertura da articulação dorsalmente e empurrando os ossos sesamóides palmarmente; eles estão cobertos pela membrana sinovial. São cintas curtas que se estendem da parte dorsal da base dos ossos sesamóides para fora e para dentro, respectivamente, até a margem palmar da superfície articular da falange proximal. Os 28 ligamentos sesamóides colaterais, lateral e medial, surgem na superfície abaxial de cada osso sesamóide, passam dorsalmente e dividem-se em dois ramos, um dos quais termina na depressão existente na extremidade distal do terceiro osso metacárpico, e o outro na eminência existente na extremidade proximal da falange proximal (SISSON, GROSSMAN, 1986) (Figuras 3, 4 e 5). FIGURA 6: Estruturas profundas da articulação metacarpofalangiana: 1- Côndilo metacárpico, 2- Falange proximal (PI), 2 a – Eminência Palmar, 2 b – Inserção da superfície do ligamento sesamóide obliquo, 3- Osso sesamóide proximal medial, 4- Osso sesamóide proximal lateral, 5Ligamento Palmar (intersesamóide), 6- Ligamento sesamóide cruzado, 7-Ligamento sesamóide curto, 8- Recesso distopalmar da articulação metacarpofalangiana (Adaptado de DENOIX,2000). Na face palmar da articulação metacarpofalangiana o esporão córneo é uma proeminência córnea cutânea. Sua base dermal (figura 7) dá origem a dois ligamentos do “ergot”, que divergem distalmente (KAINER, 1994). 29 FIGURA 7: Corte parasagital da articulação metacarpofalangiana: A seta vermelha demonstra o Ergot próximo a pele. 1-Pele, 2- tendão flexor digital superficial 3- tendão flexor digital profundo (Adaptação de DENOIX,2000). 2.2 ANATOMIA ULTRA-SONOGRÁFICA Embora a articulação metacarpofalangiana tenha sido uma das primeiras a serem avaliadas no cavalo, a descrição inicial incluía somente os achados sonográficos de cavalos com sinovite proliferativa e sinovite vilonodular. (MODRANSK et al, 1983 e SPAULDING, 1984). A anatomia normal desta área foi descrita por DENOIX et al (1995). Duas formas de avaliação para examinar os tendões flexores e ligamentos são comumente utilizadas: a avaliação do tendão ou ligamento em sua totalidade desde um ponto de referência no membro (PUGH, 1993; REEF, 1998 apud REEF, 1990 e 1991) ou dividindo-se os tendões e ligamentos em zonas (GENOVESE et al., 1986). O ponto de referência nos membros anteriores é o ponto do osso carpo acessório (DOCA) sendo registrada a imagem segundo a distância em centímetros distal a esse ponto de referência (PUGH, 1993; REEF,1998 apud REEF,1990 e 1991). Já no formato de zonas a região metacarpiana é dividida em sete espaços de 4cm de comprimento começando da base do osso carpo acessório estendendo-se distalmente, sendo esses espaços classificados em: Zonas: 1 A, 1B, 2 A, 2B, 3 A, 3B e 3C segundo Genovese (1986) e Reef (1998) apud: Reef (1990) Reef (1991) Genovese (1987). Diferindo da região 30 metatarsiana a qual é dividida, devido a sua extensão em 1A, 1B, 2A, 2B, 3A, 3B, 4A, 4B e 4C Reef (1998) apud: Reef (1990) Reef (1991) Genovese (1987). Para obter imagens confiáveis de tendões e ligamentos deve-se garantir que a estrutura a ser examinada está sob tensão. Quando há falta de tensão ou relaxamento, os fascículos de fibra fazem ondas induzindo artefatos hipoecóicos de relaxamento. Assim, quando achados anormais forem observados ou suspeitos deve-se verificar o posicionamento dos membros e realizar nova análise. A comparação com o membro oposto, presumido como sadio, pode ser útil para salientar ou quantificar a lesão; comparação com o lado oposto do mesmo membro sempre deve ser realizada nas articulações digitais (articulações interfalangianas e metacarpofalangianas), mas as lesões de ambos os lados na mesma articulação freqüentemente estão presentes (DENOIX, 1996 a). 2.2.1 TENDÃO FLEXOR DIGITAL SUPERFICIAL (TFDS) O TFDS normal tem aparência ecogênica e homogênea sendo levemente menos ecogênico do que o tendão flexor digital profundo (REEF, 1998), entretanto os padrões ecóicos dos tendões flexores são similares quando procedimentos de ajuste de escala de cinza (TGC) são usados (WOOD, SEHGAL, POLANSKY, 1993). O TFDS é significativamente mais brilhante em seu terço proximal do que no terço médio, ou distal no trajeto do tendão. Na região distal do tendão, o TFDS tem um brilho relativamente semelhante àquele do tendão flexor digital profundo (TFDP) e das ramificações do ligamento suspensório (WOOD, SEHGAL, POLANSKY, 1993). Segundo Reef (1998) TFDS é composto de feixes de fibras paralelas longas, que parecem longos ecos brancos na vista sagital ou de eixo longo, e uma distribuição uniforme de ecos brancos salpicados na vista transversa ou de eixo curto. O TFDS é quase redondo na região metacarpiana proximal; torna-se achatado na região metacarpiana distal, formando um anel ao redor do tendão flexor digital profundo na região da quartela proximal. A seguir se bifurca em um ramo medial e um lateral, cada um dos quais se insere na porção distal da PI e na porção proximal da segunda falange. As áreas transversais do TFDS devem ser similares no mesmo nível nos 31 membros anteriores admitindo-se variações de aumento em torno de 5% entre membros contralaterais segundo Aristizábal et al (2005) apud Reef (1998) e de aproximadamente 20% para Smith, Jones e Webbon (1994). Segundo Reef (1998) o TFDS deve ter área menor que 1.2 cm2 na região metacarpiana em cavalos normais das raças Puro Sangue de Corrida (PSC) e Standardbred. Já em raças de composição corporal mais delicada como o Puro Sangue Árabe, são habitualmente encontrados valores entre 0,6 a 0,8 cm2. No terço médio, região centro metacarpiana, o TFDS possui uma área transversal menor quando comparado com as regiões proximais (zona 1A, 1B) ou distais (zonas 3B, 3C). As medições da área transversal podem variar em cavalos PSC, de acordo com a zona, sendo encontrado por Gillis et al (1995) e Gillis et al (1993) valores de 1.12cm2 ±0.15 cm2, ou seja, até 1,27cm2, em 24cm (zona 3B) distal à base do osso carpo acessório. Já em estudo realizado por Pasin et al (2001) em PSC no Brasil foram encontradas variações de 111,12 ± 2,79mm2 (zona 3B) e 126,29±3,11mm2 (zona 3C). Em PSC da Grã Bretanha foram encontrados valores de 1,46cm2±0,15cm2 (zona 3 C) por Smith, Jones e Webbon (1994) no entanto este último resultado é questionado por Reef (1998) devido à discrepância entre os valores, sugerindo se relacionarem as técnicas de digitalização utilizadas. Já em cavalos da raça Mangalarga Marchador foram obtidos os valores médios de área transversal de: 0,86±0,10 cm2 (zona 3B) e 1,33 ± 0,24 cm2 (zona 3 C) (ARISTIZÁBAL M., 2005); em cavalos de hipismo, Pasin et al (2001) relataram medidas de 119,16 ± 2,92 mm2 (zona 3B) e 124,35 ± 3,25 mm2 (zona 3C) e, em cavalos crioulos, foram relatadas pelo mesmo autor, medidas de 111,65 ± 2,29 mm2 (zona 3B) e 124,54 ± 3,28mm2 (zona 3C). Quanto à espessura na zona 3B o TFDS mede aproximadamente 0,4 cm no eixo pálmaro-dorsal (REEF, 1998). A área transversal e ecogenicidade média ultra-sonográfica do tendão flexor digital superficial são independentes de: idade, peso e sexo do cavalo (GILLIS et al, 1995a). 32 2.2.2 TENDÃO FLEXOR DIGITAL PROFUNDO (TFDP) O TFDP tem uma aparência ecogênica homogênea e geralmente aparece mais ecogênico do que o TFDS podendo também ser isoecóico a ele (REEF, 1998, GENOVESE, 1986). O TFDP também aparece sonograficamente como longos ecos brancos na vista sagital ou de eixo longo e uma homogênea distribuição de ecos brancos salpicados na vista transversa ou eixo curto. O TFDP fica paralelo ao TFDS, com formato quase redondo na região metacarpiana proximal. Ele se torna oval na região metacarpiana distal, assumindo uma aparência bilobada na região da quartela. Na região metacarpiana distal e na quartela o TFDP é circundado pela bainha digital, a qual contém pequena quantidade de líquido. Ocasionalmente um septo divisor é captado em imagens no TFDP como um resultado das três porções das três cabeças musculares separadas (REEF, 1998). Assim como para o TFDS as áreas transversais do TFDS devem ser similares no mesmo nível nos membros anteriores adimitindo-se variações de aumento em torno de 5% entre membros contralaterais segundo Aristizábal et al (2005) apud Reef (1998), e de aproximadamente 20% para Smith, Jones e Webbon (1994). A área transversal do TFDP foi relatada em cavalos de PSC clinicamente normais da América do Norte como sendo de 1.75±0,29 cm2, ou seja, até valor máximo de 2,04 cm2 em 24 cm distal à base do osso carpo acessório (zona 3B) (GILLIS et al, 1995). Já em estudo realizado por Pasin et al (2001) em PSC no Brasil foram encontradas variações de 143,11 ± 4,53 mm2 (zona 3B) e 178,75 ± 5,42 mm2 (zona 3C). Em PSC da Grã Bretanha foram encontrados valores de 2,13 cm2 ± 0,21 cm2 (zona 3 C) por Smith, Jones e Webbon (1994) no entanto este último resultado é questionado por Reef (1998) devido à discrepância entre os valores, sugerindo se relacionar as técnicas de digitalização utilizadas. Já em cavalos da raça Mangalarga Marchador foram obtidos os valores médios de área transversal de: 0,87 ± 0,14cm2 (zona 3B) e 1,39 ± 0,20cm2 (zona 3 C) (ARISTIZÁBAL M., 2005), em cavalos de hipismo, Pasin et al (2001) relataram medidas de 150,82 ± 4,75 mm2 (zona 3B) e 177,64 ± 5,84 mm2 (zona 3C) e em cavalos crioulos 33 foram relatadas pelo mesmo autor medidas de 133,87 ± 4,53 mm2 (zona 3B) e 162,58 ± 5,73mm2 (zona 3C). Quanto à espessura pálmaro-dorsal do TFDP observa-se em média 1,1 cm numa direção palmar à dorsal em PSC e Standardbred (REEF, 1998). 2.2.3 TENDÃO EXTENSOR DIGITAL COMUM (TEDC) Todos os tendões extensores têm aparência sonográfica similares àquelas dos tendões flexores com uma aparência ecogênica uniforme, alinhamento paralelo de fibras, e um formato oval a circular no corte transversal; estando o TEDC localizado ligeiramente medial à seção parasagital aparecendo maior do que o tendão extensor lateral e próximo a este, logo abaixo da pele e tecido subcutâneo. A maior parte das mensurações se refere à região do carpo sendo que o TEDC (também chamado de tendão extensor digital dorsal no membro anterior, DENOIX et al, 1996) acaba por medir 3 a 4 mm de espessura sobre o metacarpo proximal (REEF, 1998, DENOIX et al, 1996). 2.2.4 LIGAMENTO SUSPENSÓRIO DO BOLETO (LSUS) OU TERCEIRO MÚSCULO INTERÓSSEO (TMIO) A arquitetura ecogênica de um ligamento normal é um padrão ecogênico regular e denso feito de linhas ecogênicas lineares e paralelas em secções longitudinais e de uma rede homogênea, trabéculas ou pontos nas seções transversas. Esta aparência é homogênea se todas as fibras estiverem paralelas, mas heterogênea se o ligamento for composto de diversos fascículos com orientação diferente (DENOIX, 1996 a, DENOIX, AGRÉGÉ, 2001). O ligamento suspensório (LSUS) é retangular na sua origem desde o metacarpo proximal, e permanece assim até se bifurcar em ramo medial e lateral na região central, terço médio, metacarpiana. Os ramos do LSUS são ovais, tornando-se mais trapezoidais à medida em que se inserem nos ossos sesamóides proximais (REEF,1998). Estes por sua vez são vistos como duas linhas hiperecóicas oblíquas (STEYN, McLLWRAITH, 1991). O ligamento suspensório também possui pequenos 34 ramos extensores, medial e lateral, que se inserem na fascia sobre o TEDC no aspecto dorsal da primeira falange. A origem e o corpo do LSUS são mais heterogêneos do que outras estruturas tendinosas e ligamentares porque eles são compostos de tecido muscular, tecido conjuntivo e gordura além de fibras ligamentosas (HAUSER,1986 e REEF, 1998). Como conseqüência encontra-se ao exame padrão ecogênico mais granulado do que encontrado em outras estruturas com fibras ecogênicas e hipoecóicas. Portanto, áreas hipoecóicas vistas no ligamento suspensório normal devem ser consistentes em tamanho, forma e localização entre ambos os membros anteriores; sendo que os LSUS dos cavalos jovens contêm mais fibras musculares hipoecóicas do que os dos cavalos mais velhos (GENOVESE RANTANEN, HAUSER, SIMPSON, 1986REEF, 1998 apud Wilson et al.,1991). Embora o corpo e a origem do LSUS sejam heterogêneos e hipoecóicos, os ramos do LSUS são mais similares em ecogenicidade aos tendões flexores e têm uma textura sonográfica similar ou padrão de eco similar. O brilho relativo dos ramos suspensórios é similar àquele dos TFDS e TFDP, nas regiões metacarpianas distais (25 e 30 cm distal a DOCA) (REEF, 1998 apud DYSON e DENOIX, 1995). Segundo REEF (1998) a área transversal do corpo do LSUS no membro anterior de cavalos PSC e Standardbred varia de 1,0 a 1,5 cm2 com a maioria dos cavalos tendo uma área transversal do corpo do LSUS na faixa de 1,0 a 1,2 cm2. A área transversal do ramo LSUS normal é 0,6 a 0,8 cm2 na porção proximal do ramo na zona 3 A e aumenta distalmente para 1,0 a 1,2 cm2 em sua inserção por sobre as superfícies abaxiais dos ossos sesamóides proximais (nos limites entre as zonas 3B e 3 C). O ramo medial do L SUS geralmente tem uma área transversal ligeiramente maior do que a área do ramo lateral. Na raça Mangalarga Marchador foram relatadas por Aristizábal et al.(2005) as seguintes medidas para a região palmar metacarpiana do LSUS na Zona 3 A (1620cm DOCA) 1,20± 0,31, não tendo sido relatados valores para os ramos deste ligamento nesta raça. 35 2.2.5 LIGAMENTO ANULAR PALMAR (LAP) O ligamento anular palmar (LAP) geralmente não está bem diferenciado dos tecidos circundantes nos sonogramas. Isto faz com que a avaliação e a quantificação da hipertrofia do LAP seja um desafio aos especialistas. Uma avaliação subjetiva pode ser feita medindo-se a distância encontrada entre o aspecto palmar do TFDS até a superfície da pele. Esta medição inclui o LAP, a bainha digital, os tecidos subcutâneos e a pele, e pode ser usada clinicamente. Resultados menores de 5 mm são considerados normais, de 5 a 8 mm moderadamente espessados e maior do que 8 mm gravemente espessados (STEYN, McLLWRAITH, 1991). O ligamento anular normal do boleto é uma estrutura muito fina no cavalo normal e é difícil de distinguir da bainha digital com a qual ele está intimamente associado. Em cavalos normais o ligamento anular do boleto mede 0 até 2 mm de espessura ( DIK, VAN DEN BELT, KEG,1991, REEF,1998 e DENOIX, CREVIER, AZEVEDO,1991) podendo variar de 2 a 3 mm de espessura segundo SANDE, TUCKER, JOHNSON (1998, p.110). Raramente pode o ligamento anular do boleto ser captado em imagens como uma estrutura distinta (DIK, VAN DEN BELT, KEG, 1991; REEF, 1998 apud DYSON e DENOIX, 1995). Com o advento da melhora da resolução de imagem, decorrente da utilização de transdutores de freqüência mais alta, como 10 MHz a distinção do ligamento anular pode se tornar mais fácil (REEF, 1998). 2.2.6 ESTRUTURAS ARTICULARES Dentre estas estruturas pode-se citar as superfícies ósseas, cápsula articular e membrana sinovial (pregas ou dobras sinoviais). A superfície óssea normal é representada por uma linha hiperecogênica regular fina e lisa (DENOIX et al.,1996, DENOIX,1996 a, DENOIX,AGRÉGÉ, AUDIGIÉ, 2001). A cápsula articular e os ligamentos intra-articulares são compostos de tecido conectivos, com baixa densidade. A cápsula é contínua ao periósteo, mas não se insere necessariamente no perímetro da cartilagem articular. Tende a haver redundância 36 (dobra) da cápsula nas articulações que tenham alta mobilidade como no caso da articulação metacarpofalangiana (REDDING, 2001). Na maioria das articulações a cápsula articular é uma camada fibrosa fina aplicada na superfície externa da membrana sinovial. Ela é facilmente distendida quando a efusão de líquido sinovial estiver presente. No aspecto dorsal do boleto a cápsula é muito espessa e acessível ao exame ultra-sonográfico. Quando o boleto for examinado com o paciente em estação as imagens ultra-sonográficas longitudinais (sagital e parasagital) e transversas devem cobrir a superfície toda da cápsula dorsal. Deve-se tomar cuidado com a orientação do transdutor a fim de obter a aparência sonográfica real da cápsula. Quando houver suspeita de achados anormais o exame com o membro livre de peso e com articulação flexionada é indicado. Nesta posição, a cápsula da articulação dorsal é esticada evitando-se artefatos de relaxamento, permitindo confirmação das imagens hipoecóicas (DENOIX, 1996a). Em articulações normais a cápsula é ecogênica, exceto quando muito relaxada e as margens articulares da falange proximal e dos côndilos do terceiro osso metacárpico são lisos (DENOIX,2001). A espessura da cápsula no membro anterior varia de acordo com o corte, mas encontra-se entre 7 e 11 mm próxima do espaço metacarpofalangiano. A ecogenicidade da cápsula articular dorsal do boleto é homogênea nas camadas superficiais e diminui levemente nas camadas mais profundas (DENOIX, 1996 a) A espessura da cápsula articular fibrosa varia consideravelmente na varredura próximodistal. No nível da articulação metacarpofalangiana esta estrutura encontra-se com 8 a 11 mm de espessura e sua ecogenicidade moderada e homogênea. A membrana sinovial apresenta uma prega proximal, localizada próxima do côndilo metacárpico e uma dobra hipoecogênica pequena e triangular no espaço metacarpofalangiano. Em cavalos sadios o recesso dorsal da articulação não demonstra fluido sinovial anecogênico. A cartilagem articular do aspecto dorsal do côndilo metacárpico é muito fina; ela é separada do líquido sinovial anecôgenico e da membrana sinovial hipoecogênica por uma linha fina ecogênica e visível (DENOIX et al., 1996). O compartimento dorsal da articulação metacarpofalangiana deve ser avaliado tanto nos cortes sagital, como transversal, avaliando-se a prega dorsal e as 37 superfícies articulares do metacarpo distal e PI proximal (REEF, 1998) Embora a prega sinovial proximal da articulação metacarpofalangiana não fosse claramente captada em imagens em cavalos normais, existem medidas normais contraditórias descritas por Reef em dois momentos distintos(1998,p73) e (1998,p156), onde descreve que a espessura normal da prega sinovial proximal da articulação metacarpofalangiana não deve exceder 5 mm, e em outro momento, mais à frente, diz que 4 mm de espessura é consistente com sinovite vilonodular. Segundo Denoix et al (1995) um equipamento com boa resolução e transdutores de alta freqüência, entretanto, são necessários para captar imagens bem sucedidas destas estruturas especialmente na ausência de liquido sinovial em excesso. Em 1996, Denoix et al. observam, entre a cápsula articular e a extremidade proximal do côndilo metacárpico, que os limites da prega sinovial proximal normal são difíceis de identificar com precisão, no entanto Denoix em 1998 diz que o aumento da espessura da prega dorsal > 2mm é comum em processos inflamatórios juntamente com alteração de ecogenicidade da prega e efusão de líquido sinovial entre as superfícies articulares e a cápsula articular dorsal. Já para Reef (1998) só é considerado aumento de volume valores acima de 4 mm de espessura. 2.3 OCORRÊNCIAS DE LESÕES NO SISTEMA MÚSCULO ESQUELÉTICO DO CAVALO DE ESPORTE A estrutura mais freqüentemente lesionada na maioria dos cavalos de esporte é o tendão flexor digital superficial (REEF,MARTIN, ELSER, 1988, DENOIX et al,1990, REEF,1998) principalmente nos cavalos Puro Sangue de Corrida(PSC), Standardbred, Árabes, e demais raças ou mestiços que competem em concurso completo de equitação (CCE), pólo, hipismo e caça a raposa (REEF,1998). O ligamento suspensório é a segunda estrutura mais freqüentemente lesionada em cavalos atletas ocorrendo mais facilmente em cavalos de corrida e cavalos de adestramento (REEF, MARTIN, ELSER, 1988, DENOIX et al,1990, REEF,1999) seguidas das lesões no ligamento acessório do tendão flexor digital profundo (LA-TFDP) e no próprio tendão flexor digital profundo (TFDP) (REEF,MARTIN, ELSER, 1988, REEF,1999). 38 A lesão tendínea é uma das injúrias mais comuns nos animais praticantes de pólo, sendo a articulação do boleto a mais exigida neste esporte (WOOLLENMAN, 1999). Segundo Wollwman et al (2003) as lesões mais comuns relacionadas à claudicação em cavalos de pólo são: (1) tendinite do tendão flexor digital superficial, (2)osteoartrite da articulação metacarpofalangiana, (3) Periostite metacarpiana e desmite do ligamento suspensório, (4) lesão de casco e falange distal, (5) doença do navicular e estruturas relacionadas a esta região, (6) osteoartrite da articulação interfalangiana distal, (7) desmite do ligamento acessório TFDP, (8) lesões dos ossos metacárpicos rudimentares, (9) lesões da articulação do jarrete, (10) miosite glútea e dor nas costas. 2.4 FATORES PREDISPONENTES A LESÕES ARTICULARES E TENDO- LIGAMENTARES Durante a locomoção, as articulações digitais passam por uma variedade de movimentos combinados nos planos sagital, frontal e transverso, especialmente quando esses movimentos são executados sobre superfícies irregulares ou durante mudanças de direção. Cada movimento induz a um estresse específico sobre a superfície articular e sobre os ligamentos (DENOIX, CHATEAU, 2005). Segundo Genovese e Rantanen (1998) a tendinite pode ser causada por trauma, infecção e reação química adversa, sendo a causa mais comum a hiperextensão proveniente de uso atlético. Os mesmos autores citam que muitos fatores influenciam a instalação da tendinite, inclusive defeitos de conformação, ferrageamento inapropriado, piso irregular, treinamento inapropriado ou excessivo e inabilidade do cavaleiro, foram sugeridas como causas de lesão do tendão. Além destes, também podem ser citados fatores fisiológicos, tais como: envelhecimento das fibras centrais de colágeno, temperatura elevada nesta região, carga cíclica , degeneração da matriz de colágeno e tolerância fisiológica pequena a hiperextensão, são as causas básicas da tendinite. Em outras palavras, algumas atividades atléticas que os cavalos são forçados a realizar excedem sua tolerância fisiológica. Uma vez que os cavalos de corrida têm a 39 incidência mais alta de lesões de tendão, aparentemente os trabalhos rápidos e repetitivos, são uma agressão significativa ao TFDS. Já em estudo realizado por GILLIS et al (1995 a) TFDS é responsável pela maior parte da carga sustentada pelas estruturas de tecido mole palmar, o que pode explicar a preponderância da tendinite do TFDS em eqüinos atletas, quando comparada com o dano de outras estruturas. Segundo Wolleman et al (2003) cavalos com quartelas longas apresentam grande risco de tendinite do TFDS e cavalos com cascos longos e talões baixos são propensos à tendinite do TFDP. Peixoto (2007) apud Feckelman (1991) observou incidência comum de desmite LSUS em cavalos de enduro e de cavalgadas competitivas o que pode ser resultante dos rigores de longos períodos de trabalho ao trote (ou passo) sobre terreno relativamente duro. Já Patterson-Kane (1997) apud Mcilwraith (1987) sugere que a sobrecarga e superextensão do SDFT durante o galope são o principal fator etiológico no desenvolvimento de lesões do TFDS, haja vista o TFDS ser sobrecarregado cedo na fase de apoio da passada e esta sobrecarga aumentar de acordo com a velocidade da passada. A desmite do ligamento anular palmar ocorre tanto por trauma externo como interno tal qual na hiperextensão repentina ou repetida da articulação metcarpofalangiana (boleto). A hiperextensão pode causar sobrecarga mecânica, resultando na ruptura dos feixes de colágeno e conseqüente reparo tecidual (PICAVET e VERSCHOOTEN,1986 , BERG et al 1995). Verschooten e Picavet (1986) dizem que a hiperextensão da articulação metacarpofalangiana promove estiramento do ligamento anular palmar iniciando uma reação inflamatória que resulta em seu espessamento. Além disso, o boleto desce por carga axial, sobre superfícies desniveladas, assim a região palmar do boleto pode ser traumatizada diretamente. Uma vez que uma reação inflamatória inicial começa, o trauma repetido pode continuar essa seqüência de eventos levando a espessamento e dor persistente. Quando a articulação do boleto se hiperextende durante o suporte de peso aumenta a carga axial, fazendo com que o anel rígido do ligamento anular palmar comprima os tendões flexores. A sinovite crônica da bainha do tendão digital é 40 considerada como sendo um resultado e não uma causa desta condição por isso sempre acompanha a desmite do ligamento anular, mas pode também estar presente no cavalo sem desmite. Balch e White (1985) observaram que o trauma é o fator mais significativo no desenvolvimento da doença degenerativa articular. Defeitos de conformação podem ampliar os efeitos do trauma como: fechado de frente com pinças para fora (rotação externa) predispõe trauma na articulação metacarpofalangiana. A sinovite vilonodular, por sua vez, é caracterizada por uma intumescência do tecido mole sobre a superfície dorsal da articulação do boleto, efusão sinovial, movimento reduzido e dor na articulação afetada. A patogenia não é completamente compreendida, entretanto trauma contínuo é considerado fator predisponente associado a defeitos de conformação e a hiperextensão da articulação que pode ser agravado pela conformação de quartelas eretas (NICKELS, GRANT e LINCON,1976 e MODRANSKY et al,1983). Embora os cavalos de corrida possam fornecer os exemplos mais comuns de doenças da articulação metacarpofalangiana e do aparato suspensório, nenhuma raça ou categoria de uso parece “completamente imune” a estas lesões. A articulação metacarpofalangiana e suas estruturas de apoio representam, coletivamente, o amortecedor de choque mais importante dos membros anteriores e como tal, seus componentes estão expostos a altas tensões (PEIXOTO, 2007 apud FECKELMAN,1991). 2.5 EXAME E APARÊNCIA ULTRA-SONOGRÁFICA DAS LESÕES DE TECIDOS MOLES E ESTRUTURAS RELACIONADAS A melhor indicação de dano tendíneo ou ligamentar é a intumescência da estrutura afetada. Cerca de apenas 50% dos animais com aumento de volume apresentam claudicação na ocasião do exame veterinário (REEF, MARTIN, ELSER, 1988, REEF, 1999). Calor e sensibilidade são comumente detectados, embora possa ocorrer a lesão tendínea sem nenhum destes sinais clínicos (REEF,1999). 41 A ultra-sonografia de lesões dos ligamentos e dos tendões eqüinos mostrase como excelente método de diagnóstico para localizar a lesão e classificar sua intensidade e tipo, permitindo elaboração de um prognóstico preciso (REEF,MARTIN, ELSER, 1988). Para cada lesão de tendão e ligamento os sinais ultra-sonográficos são bastante consistentes. Eles incluem modificações de tamanho, forma e posição, bem como modificações de ecogenicidade e arquitetura (DENOIX,1998). As lesões dos tendões flexores, superficial e profundo, incluem modificações de tamanho, forma e posição, bem como modificações de ecogenicidade e arquitetura (REEF, 1998, ALVES, 1998, TSUKIYAMA, McDARMID,1995, ALVES et al 1993, ACORDA, YAMADA, GENOVESE, RANTANEN, 1998, 1996, REEF, MARTIN e ELSER,1988, GENOVESE et al,1986) O exame ultra-sonográfico nos informa sobre a qualidade da estrutura do tendão. Um leve decréscimo na ecogenicidade em regiões localizadas no tendão indica dano tendíneo (GILLIS et al, 1995 b), no entanto a perda generalizada da ecogenicidade dos tendões flexores digitais superficiais (TFDS), conjuntamente com o aumento do tamanho (área transversal), em Puro Sangues de Corrida, pode corresponder à uma adaptação aos primeiros meses de treinamento de corrida destes animais Em estudo desenvolvido por Barreira (1998) foi observada diferença significativa entre os valores médios da área do TFDS 2 no início da adaptação ao 2 treinamento (0,95 +- 0,10 cm ) e no fim (1,12 +- 0, 06 cm ). Podendo ocorrer inclusive o aumento da ecogenicidade nas duas primeiras semanas de treinamento, seguido de diminuição da mesma, sendo que após 5 meses de treinamento para corrida ocorre uma diminuição progressiva na área do tendão, atingindo valores iniciais. Já o padrão ecogênico torna-se irregular até o sétimo mês de treinamento retomando os padrões fisiológicos após este período. As lesões nos tendões ou ligamentos resultam geralmente em ruptura de fibras, hemorragia, depósito de colágeno, fibrina e demais componentes da matriz extracelular. Ultra-sonograficamente a imagem fica representada por área anecóica (preta), aumento de volume e ausência de fibras no corte longitudinal. À medida que é reparado há formação de tecido de granulação e tecido fibroso imaturo que se sucedem na lesão possuindo, respectivamente, imagem mais escura e mais clara. À 42 medida que o tecido fibroso amadurece se torna mais ecóico retornando ao padrão de ecogenicidade de tendões e ligamentos normais. Estes achados são utilizados para se avaliar o estágio do reparo e estimar o retorno do animal ao trabalho (REEF, MARTIN, ELSER, 1988, NICOLL, WOOD, MARTIN,1993). Ao corte longitudinal com o preenchimento da lesão, são visualizados ecos lineares, inicialmente curtos e desalinhados, que com a instalação de programa de exercícios progressivos vão se remodelando e alongando de modo a tornar as fibras mais paralelas, se aproximando da constituição normal (REEF,1998). Apesar do reparo a elasticidade tendínea é parcialmente perdida (PATTERSON_KANE et al,1997) Um dos critérios mais confiáveis para identificação de lesões de tendão e ligamentar é a avaliação do tamanho da estrutura, o que pode exigir também avaliação do membro contralateral para comparação pelo fato de haver muitas variações individuais nos eqüinos(REEF,1998). Aumento do volume da estrutura acima de 20% em relação ao membro contralateral pode denotar lesão tendínea (SMITH, JONES E WEBBON,1994). Segundo Reef (1998) quando a lesão hipoecóica está localizada nas margens da estrutura envolvida, a forma do tendão ou ligamento é modificada; o tamanho aparente da estrutura pode diminuir, e o tamanho real pode ser subestimado. Assim, deve haver cuidado especial nesta avaliação. Em lesões recentes o aumento do tendão é devido a edema, hemorragia, e um conteúdo crescente de tecido fibroblástico. Denoix (1998) acredita que pode haver redução no tamanho de uma estrutura devido à atrofia por desuso, sendo observado que em lesões crônicas antigas o tamanho da estrutura geralmente aumenta. O tipo mais comum de lesão tendínea ou ligamentar é uma lesão focal central. Nestas lesões há uma área central de ruptura de fibras com hemorragia, o típico “buraco negro”. Essa lesão de âmago pode envolver pequena parte, menos de 5 % ou mais de 95% da estrutura afetada; sendo a gravidade da lesão relacionada ao percentual do tendão ou ligamento que está afetado (REEF,MARTIN, ELSER, 1988, REFF,1998). Ainda segundo Reef, Martin e Elser (1988) medir a área transversal do tendão afetado ou ligamento e a área transversal da lesão no seu ponto maior possibilita avaliação mais apurada da gravidade do dano. A extensão da lesão dentro 43 da estrutura afetada também é achada importante, particularmente se a origem ou inserção estiverem envolvidas. Embora lesão central seja mais comum, lesões podem estar localizadas em qualquer porção da estrutura. Há também lesões de forma difusa, nas quais observa-se ruptura de feixes intermitentes de fibras, que aparecem como áreas anecóicas ou hipoecóicas muito pequenas, dispersas através de todo o ligamento ou tendão aumentado (REEF,1998). Ainda segundo Reef (1998) a área transversal do tendão ou ligamento também pode estar aumentada sem que haja ruptura de fibras e nestes animais os feixes de fibra são mantidos preservando seu alinhamento. Neste caso pode-se utilizar a comparação com a mesma estrutura do membro contra-lateral para determinar se uma tendinite ou desmite leve está presente. Objetivando fornecer ao sonografista uma escala mensurável para avaliar objetivamente a gravidade da alteração morfológica, foi estabelecida uma graduação da densidade da lesão. Por definição, a densidade do tendão é medida pelo grau de brilho ( branco ) ou escuridão (cinza ou preto) da imagem. A densidade reflete o grau da ecogenicidade tecidual composta por fibras colágenas, tenócitos, líquidos inflamatórios, infiltrado celular, entre outros, e pode ser utilizada como um dos parâmetros da gravidade do dano(GENOVESE,RANTANEN,1998). A gravidade das lesões de tendões e ligamentos é classificada baseada na ecogenicidade da lesão em lesões do Tipo 1 a 4. Lesões do tipo 1 são mais ecogênicas do que anecóicas; lesões do Tipo 2 são metade ecogênicas e metade anecóicas; lesões do Tipo 3 são mais anecóicas do que ecogênicas e lesões do Tipo 4 são completamente anecóicas (GENOVESE et al,1986). ALVES et al em dois momentos (1993) e (1998) associam a desorganização no paralelismo de fibras com a presença de patologia; já o alinhamento dessas fibras de forma paralela e bem definida (alinhamento axial), conjuntamente com o restabelecimento da ecogenicidade normal indicam que a estrutura está recuperada. Segundo REEF (1998) a avaliação do alinhamento das fibras também pode ser usada para calcular a gravidade das lesões de tendões e ligamentos atribuindo conceitos: Tipo 0: 76% a 100% de fibras paralelas (mantendo a integridade) na área principal de lesão; Tipo 1: 51 a 75% de alinhamento de fibras paralelas na área principal 44 de lesão; Tipo 2: 26% a 50% de alinhamento de fibras paralelas na área principal de lesão, e Tipo 3: 0% a 25% de alinhamento de fibras paralelas na área principal de lesão. Já Barreira (1998) em seu estudo sobre alterações do TFDS em PSC durante fase inicial de treinamento utilizou a seguinte classificação o padrão linear: (1) longo e organizado, (2) curto e desorganizado em até 50% da área total, (3) curto e desorganizado em mais de 50% da área total, (4) padrão linear ausente e hipoecogênico. Uma classificação de gravidade foi descrita para avaliação de lesões no TFDS calculando o percentual de lesão e tipificando a lesão conforme descrito previamente em tipos de 1 a 4. A classificação de gravidade é o produto do percentual, gerado por computador, de lesão numa zona dada, a classificação do tipo e um fator de escala, produzindo uma classificação de gravidade de 1 a 10 (GENOVESE et al. 1990). Outra forma de graduar a gravidade está descrita em REEF (1998) como envolvendo sete parâmetros, sendo eles: a área transversal do tendão na zona máxima de lesão em mm2(MIZ-SA), a área transversal total da lesão na zona máxima de lesão em mm2 (MIZ-HYP), o alinhamento de fibras na zona máxima de lesão (MYZ-FAS), a soma de todas as medidas da área transversal em cm 2 para todas as zonas -para o TFDS nos membros anteriores envolvendo 7 zonas de estudo-(T-SA), a soma de todas as medidas da área transversal da lesão em mm2 (T-HYP), a soma de todas as pontuações do alinhamento de fibra em todos os níveis (T-FAS), o percentual total de tratos de fibra hipoecóicos (%T-HYP) ( =T-SA - T-HYP).Sendo a gravidade da lesão inicial estabelecida pelo percentual total de trato de fibras hipoecóicas (%T-HYP) que é o produto da soma de todas as medidas da área transversal (T-SA) subtraindo-se a soma de todas as medidas da área transversal da lesão(T-HYP). E é graduada como leve se o % T-HYP for de 15% ou menos, moderada se %T-HYP for de 16 a 25 % e grave se o % T-HYP for maior que 25%. Durante o reparo o tendão deve ter sua ecogenicidade retornando progressivamente ao normal e a área se mantendo ou diminuindo mesmo com programa de exercícios progressivos. Aumentos até 5% na área transversal do tendão são bem tolerados sem nova lesão, acima de 10% significa que está havendo sobrecarga de exercícios e que os mesmos devem ser revistos (REEF,1998). 45 Lesões leves correspondem à redução na ecogenicidade com preservação do alinhamento normal de fibras, com pouco ou nenhum aumento da área transversal, com pouca ou nenhuma prova sonográfica de rompimento de fibras. Quando a área do tendão permanece aumentada e a ecogenicidade diminuída consiste em tendinite ativa persistente (REFF,1998). Lesões crônicas são caracterizadas por padrão ecogênico heterogêneo, bordas irregulares e pouco diferenciadas das estruturas vizinhas. Estas lesões também costumam apresentar fibras irregulares e desalinhadas, no corte longitudinal. Durante o processo de reparo, podem ser formados pontos de fibrose intratendíneos, representados sonograficamente por focos hiperecogênicos (BARREIRA,1998, apud MARR et al,1993). Além das alterações já descritas, quando o processo inflamatório se instala no ligamento suspensório do boleto (LSUS), pode ser também observada textura periligamentar ecodensa, especialmente entre o ramo e a pele, irregularidades na linha do sesamóide e fraturas de avulsão, seja de origem ou inserção ( DYSON et al. 1995, DYSON,1998). O achado mais comum relacionado à desmite do LSUS e superfícies ósseas relacionadas é a irregularidade das superfícies ósseas dos ossos sesamóides proximais, sugestivos de sesamoidite (REEF,1998). Quando a inserção distal do ramo suspensório está envolvida (entesopatia) a superfície abaxial da inserção do osso sesamóide proximal correspondente parece irregular. As imagens hiperecóicas lançando sombras acústicas na inserção distal do ligamento suspensório são indicativas de fraturas de avulsão ou calcificação (DYSON et al, 1995). Reparo estrutural de má qualidade é mais comum no ligamento suspensório do que em outros tendões e ligamentos. A fibrose periligamentar é muitas vezes maior do que os próprios ramos suspensórios. A razão para esta reação fibrolástica proliferativa é desconhecida, embora a inflamação crônica nesta área deva estar implicada. A calcificação do LSUS ocorre de fato e é mais freqüente nos ramos do que no corpo. A calcificação dos ramos do LSUS é mais comum do que a do ligamento acessório do tendão flexor digital profundo ou do tendão flexor digital superficial e está geralmente associada à desmite crônica e recorrente (REEF,1998, DYSON ET AL,1995). 46 A desmite associada com constrição do ligamento anular palmar (LAP) é comum em eqüinos, mas geralmente ocorre associada à tenossinovite da bainha digital. A desmite do ligamento anular é raramente primária, sendo usualmente associada à tendinite do terço distal do TFDS e ou tenossinovite da bainha digital (REEF,1998, DENOIX,CREVIER,AZEVEDO,1991; GERRING, WEBBON,1984) Quatro diferentes síndromes de constrição do ligamento anular do boleto de eqüinos foram descritas com o uso da ultra-sonografia associando alteração do ligamento anular com outros fatores como: tendinite do TFDS, alterações de sub cutâneo, distensão e ou espessamento de bainha sinovial digital (DIK,VAN DEN BELT,KEG,1991). Achados sonográficos em cavalos com desmite do ligamento anular incluem um espessamento acentuado do ligamento anular com uma redução na ecogenicidade e acentuada inflamação periligamentar. Medições palmaro-dorsal da espessura do ligamento variam de 3 a 15 mm em caso de desmite (DENOIX, CREVIER, AZEVEDO,1991, DENOIX,1998). Na maioria dos cavalos a desmite do ligamento anular palmar se desenvolve simultaneamente com a tenossinovite da bainha digital. Quando a desmite do ligamento anular palmar aguda é solucionada o espessamento hipoecóico a anecóico do ligamento é substituído por um espessamento mais ecóico, consistente com desmite crônica (REEF,1998). Faz-se importante ressaltar que após desmotomia cirúrgica do ligamento anular palmar o espessamento dos elementos secionados aumenta (DENOIX,1996 a). As chamadas síndromes de canal podem ser observadas em qualquer localização onde tendões estejam rodeados por sinóvia e bainhas fibrosas. Lesões recentes geralmente são acompanhadas por algum grau de sinovite. Em lesões crônicas, os achados anormais incluem distensão sinovial, hiperplasia da membrana sinovial (pregas da membrana) e espessamento da parede fibrosa (ligamento anular palmar). A distensão crônica geralmente induz a proliferação óssea nos locais de inserção da parte fibrosa da parede do canal (DENOIX,1998). As lesões dos tendões extensores não são freqüentes em cavalos e geralmente são relacionadas mais ao trauma do que ao desempenho. As lesões do tendão extensor raramente limitam a função, a menos que todo o tendão extensor esteja afetado. Nestes casos, o cavalo tem dificuldade em adiantar o membro durante a 47 fase anterior da passada. A tendinite envolvendo os tendões extensores parece similar, ultrasonograficamente, à que envolve os tendões flexores. Intumescência devido à inflamação do tecido mole peritendinoso costuma ser acentuada porque o trauma local é a causa mais comum destas lesões (REEF,1998). Já rupturas completas dos tendões extensores ocorrem, mais comumente, em potros neonatos. As lacerações são uma causa mais comum de doença do tendão extensor; a gravidade da enfermidade depende da extensão da laceração original. O reparo das lesões do tendão extensor deve seguir um padrão sonográfico similar ao das lesões do tendão flexor (REEF,1998). A cápsula articular dorsal pode apresentar uma área hipoecóica adjacente ao aspecto medial da crista sagital metacárpica, em corte transversal, também presente quando o boleto está flexionado, que é compatível com capsulite focal. Na capsulite focal também pode ocorrer espessamento e uma redução na ecogenicidade da cápsula articular dorsal, quando visualizada em corte longitudinal. Ainda no aspecto dorsal do boleto, entre a cápsula articular dorsal ecogênica e o perfil dorsal do terceiro osso metacárpico e a falange proximal, pode-se visualizar achados indicativos de sinovite proliferativa (distensão do líquido sinovial e espessamento da prega sinovial dorso proximal) e doença degenerativa da articulação (osteófitos hiperecóicos na borda proximal da falange proximal). Quando se visualiza imagens hiperecóicas proximais, estas representam calcificação tanto da cápsula dorsal como da prega sinovial próximodorsal; as imagens hiperecóicas abaxiais correspondem à calcificação bem como a fragmentos osteocondrais dentro da cápsula dorsal. As imagens hiperecóicas distais poderiam ser devidas à calcificação, fragmentos osteocondrais ou fraturas de lascas adquiridas (DENOIX,1998). Denoix (1996 a ) diz que o recesso próximo-palmar da articulação normal do boleto contém muito pouco líquido sinovial e mostra um conteúdo hipoecogênico por causa da presença de pregas sinoviais. Segundo Denoix em dois momentos (1996), (1998) e Denoix et al (1994) achados anormais da membrana sinovial também são visualizados sendo o espessamento da membrana sinovial comum em processos inflamatórios (artrite). A proliferação da prega sinovial pode ser considerada como uma condição particular do espessamento da membrana sinovial envolvendo os vilos sinoviais. A proliferação da 48 prega sinovial ocorre em localizações particulares de algumas articulações tais como o recesso próximo-palmar da articulação metacarpofalangiana. As secções transversas e longitudinais do aspecto dorsal do boleto permitem a captação de imagens da prega sinovial do recesso proximal e uma avaliação precisa de seu tamanho e arquitetura demonstrando: espessamento da prega sinovial proximal e elevação da cápsula articular dorsal, imagens hipoecóicas difusas dentro da prega, efusão de líquido sinovial entre as superficies articulares e a cápsula articular dorsal, osteólise na borda proximal do côndilo metacárpico, imagens hiperecóicas difusas indicando fibrose da prega sinovial e imagens hiperecóicas com sombras acústicas demosntrando calcificação. Estas lesões representam uma hiperplasia sinovial e/ou metaplasia na prega proximal. A aparência ultra-sonográfica da sinovite aguda geralmente é demonstrada por diversos achados concomitantes inclusive: espessamento da membrana sinovial, prega sinovial, edema dos vilos e efusão do líquido sinovial. A sinovite crônica induzindo proliferação da prega sinovial e espessamento da membrana sinovial também pode ser facilmente documentada de forma ultra-sonográfica. A sinovite proliferativa crônica (sinovite vilonodular) da prega sinovial próximo-dorsal da articulação metacarpofalangiana pode ser captada em imagens longitudinais e transversas. Denoix, Agrégé e Audigié (2001) observaram que o espessamento da membrana sinovial e o alongamento da prega são indicativos de sinovite; a hipertrofia da prega próximo dorsal no aspecto dorsal do boleto é encontrada na sinovite proliferativa. Achados anormais segundo Dabareiner, White e Sullins (1996) incluíam pelo menos um dos seguintes sinais: espessura maior do que 4 mm na vista sagital, margem distal estava arredondada e regiões hipoecóicas observadas dentro da prega. Reef (1998) diz que aumento da prega dorsal acima de 4 mm de espessura é sinal de sinovite vilonodular. Já para Denoix, (1996) e (1998), esta condição inclui o espessamento da prega sinovial proximal (espessura ≥ 3 mm), a presença de uma massa ecogênica pobre entre a cápsula articular dorsal e terceiro osso metacárpico, elevação proximal da cápsula articular dorsal e concavidade e/ou irregularidade supracondilar do perfil dorsal do terceiro osso metacárpico. Embora a massa seja geralmente hipoecogênica, sua ecogenicidade pode ser heterogênea, podendo ser 49 ecogênica ou hiperecogênica em articulações cronicamente afetadas. Ela pode ser pedunculada e rodeada por um líquido sinovial anecogênico; neste caso, sua identificação é mais fácil, sendo que massas múltiplas podem estar presentes. 3. MATERIAL E MÉTODOS 3.1 SELEÇÃO DOS ANIMAIS Foram utilizados 20 eqüinos adultos, de ambos os sexos, pesando de 350 a 480 Kg e com idade entre quatro e 12 anos, praticantes regulares de pólo no Haras La Matera e Círculo Militar de Pólo, localizados na Zona Oeste do Estado do Rio de Janeiro. Os animais incluídos neste estudo jogavam pólo há no mínimo um ano (desde sua doma), tinham alterações de aprumo e/ou qualquer outra deformidade na região metacarpofalangiana, sendo que dois deles (B, L) apresentavam claudicação proveniente da referida região no momento do exame. 3.2 EXAME ULTRA-SONOGRÁFICO Os animais foram submetidos à tricotomia em toda a região metacarpofalangiana, assim como na face palmar da região metacarpiana de ambos os membros anteriores, sendo aplicado gel em base aquosa1, em toda extensão da região tricotomizada para melhorar o contato entre o transdutor e a pele, minimizando a formação de artefatos de imagem. Com o aparelho de ultra-som2 munido de transdutor linear de 7,5 MHz com afastador de superfície (stand-off), o exame foi realizado com o cavalo em estação, de forma a distribuir seu peso o mais uniformemente possível sobre seus quatro membros, visando minimizar alterações de ecogenicidade (REEF, 1998). Foi realizada varredura 1 2 Carbogel® GE Logic α 100 51 em corte transversal e longitudinal das estruturas de tecido mole contidas na região, sendo analisadas somente as estruturas cujas medidas de normalidade já apresentam descrição na literatura, a saber: tendão flexor digital superficial (TFDS), tendão flexor digital profundo (TFDP), tendão extensor digital comum (TEDC), ligamento anular palmar (LAP), ramos do ligamento suspensório do boleto (LSUS), cápsula articular (CA), prega dorsal (VILO). Também foi observada a superfície dos ossos sesamóides proximais onde se inserem os ramos do ligamento suspensório do boleto (LSUS). O registro dessas imagens foi efetuado por meio de impressora térmica3 sendo anotados todos os achados ultra-sonográficos de cada membro, e a determinação de localização do corte na imagem seguiu a referência do osso carpo acessório (DOCA) conforme metodologia descrita por Pugh (1993). Os achados foram então classificados como: • Aumento de volume e/ou espessura: A avaliação ultra-sonográfica do tamanho das estruturas anatômicas foi realizada comparando-se com a mesma estrutura no membro contra-lateral, em função das variações individuais (ALVES, BORGES, BARROS, 1997, DENOIX,1998) considerando variações de até 20% de aumento de volume entre membros contralaterais, como normais (SMITH, JONES e WEBBON,1994), desde que não estivessem presentes alterações de ecogenicidade, padrão linear e/ou aumento de área em relação ao padrão. O aumento de volume e/ou espessura também foi classificado, como indicado a seguir, para as diferentes estruturas: 9 TFDS – o aumento de volume (área) foi considerado, segundo o valor máximo de variação, por Gillis et al. (1995) > 1,27 cm2 e o aumento da espessura > 4 mm segundo Reef (1998); 9 TFDP - o aumento de volume (área) foi considerado, segundo o valor máximo de variação, por Gillis et al. (1995) > 2,04 cm2 e o aumento da espessura > 11 mm segundo Reef (1998); 3 Sony, modelo 890 52 9 TEDC - a espessura foi considerada dentro do padrão até 4 mm segundo Reef (1998); 9 LAP - o aumento da espessura foi considerado, segundo Sande, Tucker e Johnson (1998), acima de 3 mm; 9 LSUS - RAMOS - o aumento de volume (área) foi considerado, segundo Reef (1998), > 1,2 cm2 na inserção; 9 CA - o aumento da espessura foi considerado como sendo um valor > 11 mm, segundo Denoix et al. (1996); 9 VILO - o aumento da espessura foi considerado > 5 mm por Reef (1998). 9 - Estas alterações foram grifadas em amarelo nas respectivas tabelas de apresentação. • Alteração de ecogenicidade para TFDS, TFDP, TEDC, LSUS-RM, LSUS-RL, LAP*, CA* e VILO*: 9 PE - padrão ecóico normal- (sem alteração = aspecto granulado de distribuição homogênea no corte transversal) 9 PHG - padrão heterogêneo granulado * 9 ANEC - anecóico 9 HIPO - hipoecóico 9 HIPER - hiperecóico 9 P FIBROSE - pontos de fibrose em PE *A forma densa destas estruturas não nos permite observar um padrão heterogêneo. • Padrão linear (PL) (Barreira,1998) observado no corte longitudinal (CL) para: TFDS, TFDP, TEDC, LSUS-RM, LSUS-RL: 53 9 1- longo e organizado 9 2- curto e desorganizado em até 50% 9 3- curto e desorganizado em mais de 50% 9 4- padrão linear ausente e hipoecogênico LAP, CA e VILO são estruturas muito pequenas e/ou densas, não tendo sido realizada esta observação • Distribuição da lesão no corte transversal (CT) para: TFDS, TFDP, TEDC, LSUS-RM, LSUS-RL, LAP, CA e VILO: 9 focal 9 difusa • Gravidade da lesão TFDS, TFDP, LSUS-RM, LSUS-RL: Levando em consideração as características de ecogenicidade, padrão linear (BARREIRA,1998) e tendo em vista que sabidamente o aumento de volume tem relação com a gravidade da lesão (REEF,1998); foi realizada adaptação dos padrões de Reef (1998) para lesões focais e dos de Barreira (1998) em comunicação pessoal para classificar a gravidade, tendo como base a área de lesão (lesões focais) e aumento da área total (lesões difusas) em relação ao padrão de cada estrutura, como se segue: 1- Lesão Focal: 9 Leve - até 15% de área de lesão em relação à área total no CT 9 Moderada - de 16 a 25 % de área de lesão em relação à área total no CT 9 Grave - acima de 25% de área de lesão em relação à área total no CT 2- Lesão Difusa: 9 Leve - até 20% de aumento da área total do tendão no CT 9 Moderada - de 20 a 40% de aumento da área total do tendão no CT 9 Grave - acima de 40% de aumento da área total do tendão no CT 54 • Gravidade da lesão para LAP A partir da modificação do padrão estabelecido por Steyn, Mcllwraith (1991) para a gravidade, esta foi classificada de acordo com aumento de espessura em: 9 Leve: <5 mm 9 Moderada: ≥5 a ≤8 mm 9 Grave: > 8mm • Gravidade da lesão para TEDC, CA e VILO Por não haver medidas de área conhecidas foram então classificados em relação ao aumento da espessura, tendo como base, padrão modificado no descrito para LAP: 9 Leve: aumento de espessura de até 2mm acima do padrão da estrutura 9 Moderada: aumento de espessura acima de 3mm e até 6mm acima do padrão da estrutura 9 Grave: aumento de espessura > 6 mm acima do padrão da estrutura Lesões focais para TEDC, CA e VILO seguem o mesmo padrão já descrito para TFDS,TFDP e ramos de LSUS • Tempo de instalação: Foi classificado de acordo com o grau de ecogenicidade como se segue, para TFDS, TFDP, TEDC, LSUS-RM, LSUS-RL, LAP, CA e VILO: 9 Aguda-Anecóica ou padrão heterogêneo granular 9 Subaguda-Hipoecóica 9 Crônica-Hiperecóica / Pontos Hiperecóicos 9 Crônica Inativa - Padrão ecóico normal com aumento de área • Diagnóstico (TFDS, TFDP, TEDC, LSUS-RM, LSUS-RL): 9 Tendinite/Desmite Para o diagnóstico de tendinite/desmite foram considerados: Como fator único, apenas alterações de ecogenicidade (exceto PHG*); 55 *PHG com aumento de volume/espessura ou alteração no PL= tendinite *PHG sem aumento de volume e sem alteração de padrão linear = fragilização Como fator único, somente para TEDC: aumento de espessura isolado > 5 mm; Dois ou mais dos seguintes parâmetros combinados: Aumento de volume em relação ao membro contra-lateral maior que 20%, aumento de volume acima do padrão de normalidade, aumento de espessura acima do padrão de normalidade, alteração do padrão ecogênico e alteração do padrão linear. 9 Fragilização- Achados de heterogeneidade do padrão ecogênico (PHG) sem aumento de volume/espessura ou alteração do padrão linear. • Diagnóstico SESAMOIDITE 9 Presente ou Ausente • Diagnóstico para CA e VILO 9 Capsulite Aumento da espessura da cápsula: > 11mm e ≤ 12mm com alteração na ecogenicidade em pelo menos 1 corte, ou > 12mm com ou sem alteração de ecogenicidade; Alteração de ecogenicidade sem aumento de volume, desde que esta alteração esteja presente em ambos os cortes (CT e CL). 9 Inflamação do Vilo Aumento de espessura do Vilo e/ou alteração do padrão ecogênico. • Diagnóstico para LAP 9 Desmite: < 3 mm com alteração de ecogenicidade; > 3 mm e ≤ 4 mm com alteração de ecogenicidade > 4 mm com ou sem alteração de ecogenicidade 4. RESULTADOS Dos 20 animais avaliados todos apresentaram lesões em ambos os membros torácicos. Sendo observada lesão em pelo menos uma das 10 estruturas avaliadas em cada um dos 40 membros torácicos examinados. Os resultados foram expressos através dos gráficos e tabelas abaixo: Ocorrência de Lesões nos Membros Torácicos Eqüinos MTD 41% MTE MTD MTE 59% Gráfico 1: Incidência de lesões distribuídas nos membros torácicos direito (MTD) e esquerdo (MTE) no total de lesões (n=116) por membro torácico acometido. Das 400 estruturas examinadas ultra-sonograficamente foram observadas 116 lesões no total deste estudo, quando se observaram todos os membros examinados (n=40), sendo que 68 dessas lesões acometiam os membros torácicos esquerdos (MTE) e 48 os membros torácicos direitos (MTD). 57 Distribuição de lesões em 40 membros torácicos dos 20 eqüinos examinados 100,00% 75% 55% 35% 27,50% 27,50%32,50% 22,5% 7,50% C A SE SA VI M LO O ID SE E SA M ED M O ID E LA T LA P LS U S R M LS U S R L C P TE D TF D TF D S 5% 2,50% TFDS TFDP TEDC LAP LSUS RM LSUS RL CA VILO SESAMOIDE MED SESAMOIDE LAT -100,00% Gráfico 2: Distribuição da incidência percentual de lesões por tipo de estrutura afetada em 40 membros torácicos de 20 eqüinos de pólo examinados. A distribuição da incidência de lesões por membro acometido (MTE / MTD) observadas por estrutura acometida, se deu como se segue: MTE: 45%TFDS (9/20), 5%TFDP (1/20), 5%TEDC(1/20), 65%LAP(13/20), 50%LSUSRM(10/20), 30%LSUSRL(6/20), 15%CA(3/20), 80%VILO(16/20), 35%SESAMOIDE RM(7/20), 10%SESAMOIDE RL(2/20). MTD: : 10%TFDS (2/20), 5%TFDP(1/20), 0%TEDC(0/20), 45%LAP(9/20), 20%LSUSRM(4/20), 25%LSUSRL(5/20), 50%CA(10/20), 10%SESAMOIDE RM(2/20), 5%SESAMOIDE RL(1/20). 70%VILO(14/20), 58 Os resultados das alterações ultra-sonográficas encontradas nos vinte (n=20) animais analisados foram ordenados em tabelas de acordo com cada estrutura analisada. 1. Tendão Flexor Digital Superficial (TFDS) Tabela 1: Área total em cm2, espessura em mm e aumento de volume em relação ao membro contra-lateral, do tendão flexor digital superficial (TFDS) nos 20 cavalos de Pólo examinados, com alterações grifadas em amarelo. ÁREA Animais A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T MTE 1,17 2,32 0,91 1,45 2,02 1,13 4,8 1,04 1,82 1,04 1,35 3,46 1,05 1,17 0,89 1,24 1,13 1,47 1,45 1,38 AUMENTO > 20% MTD 1,51 1,27 0,9 1,08 1,19 1,94 0,85 1,02 1,06 1,13 1,26 0,98 0,78 1,21 0,97 1,25 1,07 1,17 1,26 1,46 MTE MTD X X X X X X X X X X ESPESSURA MTE 3 11 4 5 8 4 17 4 4 3 5 15 4 4 6 4 5 5 3 3 MTD 4 5 4 3 4 8 3 4 4 4 4 4 4 4 4 4 5 5 4 3 59 Tabela 2: Classificação das lesões do tendão flexor digital superficial (TFDS) quanto às alterações de ecogenicidade4 e padrão linear5 grifadas em amarelo. ECOGENICIDADE animais MTE PADRÃO LINEAR MTD MTE MTD A PE PE 1 1 B HIPO PE 3 1 C PE PE 1 1 D HIPO PE 2 1 E HIPO PE 3 1 F PE HIPO 1 4 G HIPO PE 4 1 H PE PE 1 1 I HIPO PE 1 1 J PE PE 1 1 K PHG PHG 2 1 L ANEC PHG 4 1 M PE PE 1 1 N PE PE 1 1 O PHG PE 2 1 P PE PE 1 1 Q PE PE 1 1 R HIPO PE 4 1 S PE PE 1 1 T PE PE 1 1 4 PE- padrão ecogênico normal, PHG- padrão heterogêneo granulado, HIPO-hipoecóico, ANEC-anecóico, HIPERhiperecóico 5 (1) longo e organizado, (2) curto e desorganizado em até 50% , (3) curto e desorganizado em mais de 50%, (4) padrão linear ausente e hipoecogênico 60 Tabela 3: Diagnóstico do acometimento do TFDS e classificação: quanto à distribuição da lesão vista no corte transversal(CT), quanto à gravidade e quanto ao tempo de instalação. CLASSIFICAÇÃO DA LESÃO DIAGNÓSTICO animais A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T *1 MTE DISTRIBUIÇÃO NO CT MTD MTE tendinite tendinite MTD Sem alteração*1 Focal GRAVIDADE MTE MTD TEMPO DE INSTALAÇÃO MTE leve grave Crônica inativa subaguda tendinite Focal grave subaguda Tendinite difusa grave subaguda tendinite difusa MTD grave subaguda Tendinite Difusa grave subaguda tendinite difusa grave subaguda tendinite fragilização difusa leve aguda tendinite fragilização Focal grave aguda Tendinite Difusa Leve aguda tendinite Focal leve subaguda Por não haver alteração no padrão ecogênico anteriormente citado não é visualizada alteração em CT 61 2. Tendão Flexor Digital Profundo Tabela 4: Área total em cm2, espessura em mm e aumento de volume em relação ao membro contra-lateral, do tendão flexor digital profundo (TFDP) nos 20 cavalos de Pólo examinados, com alterações grifadas em amarelo. ÁREA Animais A B C D E F G H I J MTE 1,87 1, 55 1,53 1,99 1,53 1,33 2,51 1,47 1,6 1,38 MTD 1,93 1,96 1,85 1,77 1,55 1,48 1,39 1,35 1,53 1,27 K L M N O P Q R S T 1,67 1,43 1,23 1,41 1,39 1,73 1,71 1,61 1,50 1,49 1,5 1,69 1,3 1,45 1,65 1,58 1,54 1,76 1,69 2,13 AUMENTO > 20% MTE MTD X X X X ESPESSURA MTE MTD 7 8 6 7 8 7 9 7 10 9 6 10 10 9 9 8 9 7 5 7 7 11 6 8 6 6 9 7 6 7 7 5 6 8 8 7 7 7 8 7 62 Tabela 5: Classificação das lesões do tendão flexor digital profundo (TFDP) quanto às alterações de ecogenicidade4 e padrão linear5 grifadas em amarelo. ECOGENICIDADE animais MTE PADRÃO LINEAR MTD MTE MTD A PE PE 1 1 B PE PE 1 1 C PE PE 1 1 D PE PE 1 1 E PE PE 1 1 F PE PE 1 1 G HIPER PE 1 1 H PE PE 1 1 I PE PE 1 1 J PE PE 1 1 K PE PHG 1 1 L PE PE 1 1 M PE PE 1 1 N PE PE 1 1 O PE PE 1 1 P PE PE 1 1 Q PE PE 1 1 R PE PE 1 1 S PE PE 1 1 T PE PE 1 1 4 PE- padrão ecogênico normal, PHG- padrão heterogêneo granulado, HIPO-hipoecóico, ANEC-anecóico, HIPERhiperecóico 5 (1) longo e organizado, (2) curto e desorganizado em até 50% , (3) curto e desorganizado em mais de 50%, (4) padrão linear ausente e hipoecogênico 63 Em relação a classificação diagnóstica do acometimento do TFDP foi observado: No animal “G” ocorreu tendinite difusa moderada crônica no MTE, no animal ”T” observou-se tendinite, sem alteração no CT, sendo esta leve crônica inativa no MTD, e no animal “K”ocorreu a fragilização da referida estrutura no MTD. As imagens ultra-sonográficas do TFDS, TFDP e das principais lesões encontradas nestas estruturas estão demonstradas nas figuras 8, 9 e 10. FIGURA 8: Aparência ultra-sonográfica normal de TFDS (1) e TFDP (2). A letra no canto superior direito demonstra o animal examinado. 64 FIGURA 9: Aparência ultra-sonográfica da fragilização ocorrida em TFDS e TFDP no membro torácico direito do animal “K”. Note o padrão heterogêneo granular de ambas as estruturas no CT. FIGURA 10: Tendinite grave subaguda do TFDS sendo difusa no animal “G” (MTE) onde observa-se hipoecogenicidade difusa e aumento de volume da estrutura, com perda de padrão linear no CL (grau 4). E tendinite grave subaguda focal animal “B” (MTE) onde observa-se hipoecogenicidade focal na porção lateral desta estrutura, aumento de área total da estrutura com perda de padrão linear no CL (grau 3). Também é observada tendinite difusa moderada crônica de TFDP no animal “G”, onde encontra-se aumento de área total da estrutura e hiperecogenicidade difusa. 65 3. Tendão Extensor Digital Comum (TEDC) Tabela 6: Espessura em mm, ecogenicidade4 e padrão linear5 do tendão extensor digital comum (TEDC) nos 20 cavalos de pólo examinados. Aumentos de espessura, alteração na ecogenicidade e padrão linear grifado em amarelo. ESPESSURA Animais MTE ECOGENICIDADE MTD MTE MTD PADRÃO LINEAR MTE MTD A 4 4 PE PE 1 1 B 4 3 PE PE 1 1 C 4 4 PE PE 1 1 D 4 3 PE PE 1 1 E 3 3 PE PE 1 1 F 3 5 PE PE 1 1 G 3 4 PE PE 1 1 H 2 3 PE PE 1 1 I 3 3 PE PE 1 1 J 3 3 PE PE 1 1 K 4 4 PE PE 1 1 L 3 4 PE PE 1 1 M 4 3 PE PE 1 1 N 4 4 PE PE 1 1 O 3 4 PE PE 1 1 P 5 4 PHG PE 1 1 Q 4 4 PE PE 1 1 R 4 5 PE PE 1 1 S 5 4 PE PE 1 1 T 4 3 PE PE 1 1 4 PE- padrão ecogênico normal, PHG- padrão heterogêneo granulado, HIPO-hipoecóico, ANEC-anecóico, HIPERhiperecóico 5 (1) longo e organizado, (2) curto e desorganizado em até 50% , (3) curto e desorganizado em mais de 50%, (4) padrão linear ausente e hipoecogênico Em relação a classificação diagnóstica do acometimento do TEDC foi observada unicamente tendinite difusa leve aguda no MTE do animal “P”. 66 4. Ligamento Anular Palmar (LAP) Tabela 7: Valores de espessura (em mm) e ecogenicidade4 do ligamento anular palmar (LAP). Alterações grifadas em amarelo. Animais ESPESSURA MTE MTD 4 4 * 5 3 5 5 6 3 4* 4 3 4 3 3 5 4 6 3 4 4 3 3 4 3 4 4 3 3 4 4 5 5 4 4 4 2 4 4 4 3 ECOGENICIDADE MTE MTD A PE PE B PE PE C HIPO HIPO D HIPO HIPO E PE PE F HIPO HIPO G PE PE H HIPO PE I HIPO PE J HIPO HIPO K HIPO PE L HIPO HIPO M PE HIPO N PE PE O HIPO PE P HIPO PE Q PE HIPO R HIPO PE S PE HIPO T HIPO PE * Histórico de ressecção do LAP 4 PE- padrão ecogênico normal, PHG- padrão heterogêneo granulado, HIPO-hipoecóico, ANEC-anecóico, HIPERhiperecóico 67 Tabela 8: Diagnóstico do acometimento do LAP e classificação: quanto à distribuição da lesão vista no corte transversal (CT), quanto à gravidade e quanto ao tempo de instalação. CLASSIFICAÇÃO DA LESÃO DIAGNÓSTICO animais A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T MTE DISTRIBUIÇÃO NO CT MTD MTE GRAVIDADE MTD MTE 1 Sem alteração* Desmite MTD Moderada TEMPO DE INSTALAÇÃO MTE MTD Cônica inativa Desmite Desmite difusa difusa Moderada moderada subaguda subaguda Desmite desmite difusa difusa Moderada leve subaguda subaguda desmite Desmite difusa difusa leve leve subaguda subaguda Desmite difusa moderada subaguda Desmite difusa moderada subaguda Desmite Desmite Desmite Desmite Difusa Desmite Difusa Desmite Desmite Desmite Leve Difusa Leve Difusa Desmite 1 moderada Difusa Difusa Desmite Difusa Leve subaguda subaguda moderada Leve subaguda Crônica Inativa subaguda subaguda Leve Leve subaguda subaguda Leve Difusa subaguda subaguda Leve Sem alteração* subaguda Leve Difusa Desmite Leve leve Difusa Desmite Desmite Difusa difusa subaguda subaguda 68 As imagens ultra-sonográficas do TEDC, LAP e das principais lesões encontradas nestas estruturas estão demonstradas nas figuras 11 e 12. FIGURA 11: TEDC: A figura da esquerda, animal P, demonstra o TEDC do MTD dentro dos padrões de normalidade em relação a espessura e ecogenicidade; a figura da direita, animal P, apresenta o TEDC do MTE com aumento da espessura em CL e padrão heterogêneo granulado em CT demonstrando leve tendinite difusa aguda. FIGURA 12: LAP: No animal “N”,figura da esquerda, temos a aparência ultra-sonográfica normal do LAP(*) (MTE) e no animal “B” (MTE), figura da direita, a imagem do LAP é indicativa de desmite moderada crônica inativa onde ocorre aumento de espessura mas sem alteração da ecogenicidade do ligamento. 69 5. Ligamento Suspensório do Boleto (LSUS) 5.1 Ramo Medial (RM) Tabela 9: Área total em cm2 e aumento de área acima de 20% em relação ao membro contra-lateral do ramo medial do ligamento suspensório do boleto (LSUSRM) em 20 cavalos de pólo examinados, com aumentos de área grifados em amarelo. Animais A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T Área MTE 1,06 1,07 1,25 1,31 1,35 1,3 0,99 1,11 1,4 0,89 1,24 1,13 1,24 1,27 1,18 1,5 1,24 1,48 1,12 1,06 MTD 1,06 1,11 1,03 1,83 1,17 1,47 1,1 1,22 1,27 1 1,38 1,07 0,97 1,3 1,24 1,43 1,2 1,47 0,97 1,66 AUMENTO > 20% MTE MTD X X X X 70 Tabela 10: Classificação das lesões do ramo medial do ligamento suspensório do boleto (LSUSRM) quanto às alterações de ecogenicidade4 e padrão linear5. Alterações grifadas em amarelo. ECOGENICIDADE Animais A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T PADRÃO LINEAR MTE MTD MTE MTD PE PE 1 1 PE PE 1 1 PHG PE 2 1 HIPO PE 2 1 PE PHG 1 1 PE PE 1 1 1 HIPO PE 3 P FIBROSE PE 1 1 HIPO PE 2 1 PE PE 1 1 PE HIPO 1 1 HIPO PE 3 1 HIPO PE 3 1 PE PE 1 1 HIPO PE 2 1 HIPO PE 1 1 PE PE 1 1 HIPO HIPO 1 2 PE PE 1 1 PE PE 1 1 71 Tabela11: Diagnóstico do acometimento do LSUS-RM e classificação: quanto à distribuição da lesão vista no corte transversal (CT), quanto à gravidade e quanto ao tempo de instalação. CLASSIFICAÇÃO DA LESÃO DIAGNÓSTICO animais A B C MTE desmite desmite atinge a inserção D E F G H DISTRIBUIÇÃO NO CT MTD MTE MTD difusa desmite focal GRAVIDADE MTE MTD leve sem alteração*1 leve TEMPO DE INSTALAÇÃO MTE MTD aguda grave subaguda crônica inativa fraglização I J K L M N O P Q desmite focal moderada subaguda desmite desmite atinge a inserção focal leve crônica focal leve subaguda desmite *1 leve subaguda difusa leve subaguda desmite difusa leve subaguda desmite difusa leve subaguda desmite difusa moderada subaguda desmite atinge a inserção R S T difusa desmite desmite atinge a inserção focal focal leve leve desmite sem alteração*1 moderada Por não haver alteração no padrão ecogênico anteriormente citado não é visualizada alteração em CT subaguda subaguda crônica inativa 72 5.2 Ramo Lateral (RL) Tabela 12 : Área total em cm2 e aumento de área acima de 20% em relação ao membro contralateral do ramo lateral do ligamento suspensório do boleto (LSUS-RL) em 20 cavalos de pólo examinados, com aumento de área grifado em amarelo. Área Animais A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T MTE 1,1 0,82 1,31 1,12 0,88 1,11 1,04 0,77 1,04 1,12 1,29 1,34 0,72 1,32 1 1,24 1,26 1,53 1,2 1,2 MTD 1,03 0,78 1,04 1,23 1,1 1,4 1,12 0,99 1,33 1,14 1,06 1,1 1,13 0,99 1,22 1,36 1,09 1,51 1,18 1,52 AUMENTO > 20% MTE MTD X X X X X X X X X X X 73 Tabela 13: Classificação das lesões do ramo lateral do ligamento suspensório do boleto (LSUSRL) quanto às alterações de ecogenicidade4 e padrão linear5. Alterações grifadas em amarelo. ECOGENICIDADE Animais MTE PADRÃO LINEAR MTD MTD MTD A PE PE 1 1 B PE PE 1 1 C PE PE 1 1 D PE PE 1 1 E PE PE 1 1 F PE PE 1 1 G HIPO PE 2 1 H PE PE 1 1 I PE PE 1 1 J PE PE 1 1 K PE PHG 1 1 L PE PE 1 1 M PE PE 1 1 N PE PE 1 1 O PE PE 1 1 P PE PE 1 1 Q PE PE 1 1 R HIPO HIPO 1 2 S PE PE 1 1 T PE PE 1 1 4 PE- padrão ecogênico normal, PHG- padrão heterogêneo granulado, HIPO-hipoecóico, ANEC-anecóico, HIPERhiperecóico 5 (1) longo e organizado, (2) curto e desorganizado em até 50% , (3) curto e desorganizado em mais de 50%, (4) padrão linear ausente e hipoecogênico 74 Tabela 14: Diagnóstico do acometimento do LSUS-RL e classificação: quanto à distribuição da lesão vista no corte transversal (CT), quanto à gravidade e quanto ao tempo de instalação. CLASSIFICAÇÃO DA LESÃO DIAGNÓSTICO animais MTE A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T DISTRIBUIÇÃO NO CT MTD MTE MTD focal subaguda leve crônica inativa leve crônica inativa ! leve crônica inativa leve crônica inativa sem alteração* desmite sem alteração*! sem alteração* difusa ! focal leve moderada *1 MTD crônica inativa sem alteração*! desmite *1 MTE leve sem alteração*! desmite desmite atinge a inserção TEMPO DE INSTALAÇÃO crônica inativa leve desmite fragilização MTD leve sem alteração*! desmite desmite atinge a inserção desmite atinge a inserção MTE sem alteração*! desmite desmite GRAVIDADE leve sem alteração desmite moderada Por não haver alteração no padrão ecogênico anteriormente citado não é visualizada alteração em CT crônica inativa subaguda subaguda crônica inativa 75 5.3 Sesamoidite Tabela 15: Presença de irregularidade na superfície de inserção dos ramos dos ligamentos suspensórios medial (RM) e lateral (RL) denotando sesamoidite em fase inicial RM Animais MTE RL MTD MTE MTD A Ausente Ausente Ausente Ausente B Ausente Ausente Presente Presente C Presente Ausente Ausente Ausente D Ausente Ausente Ausente Ausente E Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente F Ausente Ausente Ausente G Ausente Ausente Presente Ausente H Ausente Presente Ausente Ausente I Ausente ausente Ausente Ausente J Presente Ausente Ausente Ausente K Ausente Presente Ausente Ausente L Ausente Ausente Ausente Ausente M Presente Ausente Ausente Ausente N Ausente Ausente Ausente Ausente O Presente Ausente Ausente Ausente P Presente Ausente Ausente Ausente Q Presente Ausente Ausente Ausente R Presente Ausente Ausente Ausente S Ausente Ausente Ausente Ausente T Ausente Ausente Ausente Ausente 76 As imagens ultra-sonográficas dos Ramos de LSUS, sesamóides proximais e das principais lesões encontradas nestas estruturas estão demonstradas nas figuras 13 e 14. FIGURA 13: Imagem ultra-sonográfica de LSUS e contorno do sesamóide proximal dentro da normalidade (animal B, MTE). FIGURA 14: Desmites dos ramos de LSUS: Animal K: desmite difusa leve subaguda (MTD) com sesamoidite associada (seta demonstrando área de contorno irregular), animal H: desmite focal (seta demonstrando ponto focal hiperecogênico) leve crônica (MTE) sem alteração do sesamóide e animal G: desmite focal (seta demonstrando área hipoecóica localizada) moderada subaguda, sem alteração do sesamóide. 77 6.Cápsula Articular (CA) Tabela 16: Espessura da CA em mm e alterações na ecogenicidade4 demonstrada em corte transversal (CT) e longitudinal (CL) nos 20 cavalos de pólo examinados, com aumento da espessura e alteração de ecogenicidade grifados em amarelo. Espessura 4 Ecogenicidade CT Ecogenicidade CL Animais MTE MTD MTE MTD MTE MTD A 8 9 PE PE PE HIPO B 7 5 PE HIPO PE HIPO C 11 9 HIPO PE PE PE D 7 7 PE PE HIPO PE E 10 10 PE HIPO PE HIPO F 10 6 HIPO HIPO HIPO HIPO G 8 8 PE PE PE PE H 6 6 PE PE PE PE I 3 9 PE HIPO PE PE J 9 6 HIPO PE ----- PE K 6 8 PE PE PE PE L 10 12 ANEC ANEC ------ ------ M 10 6 HIPO HIPO HIPO PE N 9 8 PE PE HIPO PE HIPO O 9 8 HIPO HIPO PE P 8 15 PE HIPO PE PE Q 8 10 HIPO HIPO PE HIPO R 9 7 HIPO HIPO PE HIPO S 10 10 HIPO HIPO HIPO HIPO T 10 9 HIPO HIPO PE HIPO PE- padrão ecogênico normal, PHG- padrão heterogêneo granulado, HIPO-hipoecóico, ANEC-anecóico, HIPERhiperecóico 78 Tabela 17: Diagnóstico do acometimento da cápsula articular (CA) e classificação: quanto à distribuição da lesão vista no corte transversal (CT), quanto à gravidade e quanto ao tempo de instalação. CLASSIFICAÇÃO DA LESÃO DIAGNÓSTICO animais A B C D E F G H I J K L M N O P Q R S T MTE DISTRIBUIÇÃO NO CT MTD MTE capsulite capsulite difusa MTE leve subaguda subaguda leve leve MTD subaguda leve leve difusa subaguda aguda subaguda capsulite difusa leve capsulite difusa moderada subaguda capsulite difusa leve subaguda capsulite capsulite difusa MTD TEMPO DE INSTALAÇÃO leve difusa difusa capsulite capsulite MTE difusa capsulite capsulite MTD GRAVIDADE capsulite capsulite difusa difusa focal difusa subaguda leve leve grave leve subaguda subaguda subaguda subaguda 79 7. Prega Dorsal (VILO) Tabela 18: Espessura da prega dorsal (VILO) em mm e Ecogenicidade4, espessura acima do normal e ecogenicidade alterada estão grifados em amarelo. VILO Animais 4 ESPESSURA ECOGENICIDADE MTE MTD MTE MTD A 5 6 HIPO HIPO B 5 5 HIPO PE C 7 6 HIPO HIPO D 6 6 HIPO HIPO E 7 9 PE PE HIPO F 5 7 HIPO G 8 8 PE PE H 5 5 HIPO PE I 5 5 PE PE J 5 4 PE PE K 5 7 PE PE L 4 5 HIPO HIPO M 6 4 HIPO PE N 5 6 PE PE O 6 8 PE HIPO P 8 9 PE HIPO Q 7 8 HIPO HIPO R 7 7 HIPO PE S 8 4 HIPO PE T 6 6 PE PE PE- padrão ecogênico normal, PHG- padrão heterogêneo granulado, HIPO-hipoecóico, ANEC-anecóico, HIPERhiperecóico 80 Tabela 19: Diagnóstico do acometimento da prega dorsal (VILO) e classificação: quanto à distribuição da lesão vista no corte transversal (CT), quanto à gravidade e quanto ao tempo de instalação. CLASSIFICAÇÃO DA LESÃO DIAGNÓSTICO DISTRIBUIÇÃO NO CT GRAVIDADE TEMPO DE INSTALAÇÃO animais MTE MTD MTE MTD MTE MTD MTE MTD A B C D inflamação inflamaçao difusa difusa leve leve subaguda subaguda inflamação difusa leve subaguda inflamação inflamaçao difusa difusa leve leve subaguda subaguda inflamação inflamaçao leve subaguda subaguda inflamação inflamaçao difusa sem *1 alteração leve E F difusa sem 1 alteração* leve moderada crônica inativa crônica inativa inflamação inflamaçao leve subaguda subaguda inflamação inflamaçao difusa sem *1 alteração leve G H I J difusa sem 1 alteração* moderada moderada crônica inativa crônica inativa K L M inflamação difusa sem 1 alteração* inflamação inflamação inflamaçao inflamação N difusa difusa difusa O inflamação inflamaçao P Q inflamação inflamaçao inflamação inflamaçao difusa R S inflamação inflamaçao difusa T inflamação inflamaçao difusa sem alteração*1 inflamação subaguda leve leve leve leve sem 1 alteração* inflamação sem 1 alteração* sem 1 alteração* *1 leve crônica inativa subaguda subaguda subaguda leve crônica inativa difusa leve moderada crônica inativa subaguda difusa moderada moderada crônica inativa subaguda difusa sem *1 alteração leve moderada subaguda subaguda leve leve subaguda crônica inativa moderada sem *1 alteração leve subaguda leve Por não haver alteração no padrão ecogênico anteriormente citado não é visualizada alteração em CT crônica inativa crônica inativa 81 As imagens ultra-sonográficas da CA e VILO, e das principais lesões encontradas nestas estruturas estão demonstradas nas figuras 15, 16 e 17. FIGURA 15: Cápsula articular (*) (animal A, MTE) íntegra mantendo espessura e ecogenicidade normais, os marcadores abaixo da cápsula indicam presença de líquido sinovial. O VILO (animal S, MTD) apresenta ecogenicidade normal sendo juntamente com a espessura, considerado neste estudo, dentro dos padrões de normalidade. 82 FIGURA 16: A primeira figura demonstra (animal L): Capsulite difusa leve aguda (área de anecogenicidade difusa ainda sendo possível delimitar suas margens) e Inflamação difusa leve subaguda (hipoecogenicidade difusa) do VILO, ambas no MTD. A segunda figura (animal S) demonstra: Capsulite focal (seta demonstra hipoecogenicidade focal) grave subaguda no MTD. 83 FIGURA 17: Inflamação difusa moderada subaguda do VILO no MTD do animal P. Note aumento da espessura do vilo, hipoecogenicidade difusa e arredondamento da borda livre da referida estrutra. DISCUSSÃO Segundo Woollenman (1999) a articulação mais exigida em cavalos praticantes de pólo é a articulação metacarpofalangiana. Os animais selecionados para este estudo são praticantes desta modalidade durante toda sua vida atlética, tendo sido utilizado como critério de inclusão, deformidades observadas visualmente na articulação metacarpofalangiana, o que denotaria alguma predisposição ou poderia levar ao agravamento (BALCH e WHITE,1985; NICKELS, GRANT e LINCON,1976; MODRANSKY et al,1983) de possíveis lesões decorrentes da prática esportiva. Segundo Nickels, Grant e Lincon (1976), Modransky et al. (1983) Balch e White (1985) o trauma constante e a hiperextensão articular predispõem a lesões articulares sendo que Patterson-Kane (1997), Genovese e Rantanen (1998) observaram que o exercício constante ao galope rápido, muitas vezes pode romper o limiar fisiológico das estruturas relacionadas em agüentar o esforço. Dos animais participantes deste estudo, todos apresentaram algum tipo de lesão na articulação metacarpofalangiana, ou seja, no mínimo uma e no máximo seis lesões foram diagnosticadas pela ultra-sonografia em cada articulação metacarpofalangiana avaliada, em ambos os membros. O que sugere que a prática desta modalidade esportiva, que prevê momentos de impacto (entre os membros, bola, taco e entre os próprios animais) paradas e viradas bruscas, exercício constante ao 85 galope, seja realmente um fator estressante às estruturas da região podendo predispor estes animais a lesões na região metacarpofalangiana. O estresse decorrente desta atividade esportiva também pode ser observado pelo fato de que, como se pode visualizar no Gráfico 1, o membro torácico esquerdo (MTE) é o mais acometido com 59% das lesões (68 lesões em um total de 116 lesões encontradas) o que pode estar relacionado diretamente com o membro que sustenta o impacto do peso do cavalo e cavaleiro durante galope (MTE) na maior parte do tempo durante o jogo de pólo. Isto ocorre pelo fato de o cavaleiro taquear geralmente com a mão direita o que faz com que o cavalo torne-se para ele mais equilibrado galopando “ao pé esquerdo” (termo zootécnico). O galope “ao pé esquerdo” implica em que o membro torácico esquerdo sustente isolado o peso do cavalo durante a última fase de apoio do galope, antes do momento de suspensão, o que faz com que o MTE seja sobrecarregado durante o galope. Segundo Reef, Martin e Elser (1988), Denoix et al.(1990) e Reef (1998) a estrutura mais freqüentemente lesionada na maioria dos cavalos de esporte é o tendão flexor digital superficial (TFDS). Em nosso estudo, ao nível da articulação metacarpofalangiana em cavalos de pólo, conforme podemos visualizar no Gráfico 2, tivemos primeiramente, mais afetado o VILO 75% (30/40) seguido, em ordem de incidência, por: LAP 55% (22/40), LSUS RM 35% (14/40), CA 32,5% (13/40), TFDS e LSUS RL 27,5% (11/40), Sesamóide MED 22,5% (9/40) Sesamóide LAT 7,5% (3/40), TFDP 5% (2/40) e TEDC 2,5% (1/40). Esta diferença pode se dar pelo fato de a maioria dos estudos se relacionar ao terço médio do metacarpo, onde o TFDS é morfologicamente mais susceptível a lesões pela diminuição da área tendínea, e não se relatam estudos de incidência de lesões específicos para a região do boleto. 86 Na maioria das vezes a claudicação não é uma queixa associada à lesão de tendão de leve a moderada (GENOVESE e RANTANEN,1998), assim como foi observado neste estudo. Dos animais avaliados apenas dois (B, L) apresentavam claudicação no momento do exame. Apesar destes animais apresentarem diversas lesões na região de estudo, provavelmente a claudicação estaria relacionada à lesão de maior gravidade encontrada na região, nos casos: tendinite do TFDS (tabela 3) no membro torácico esquerdo, focal, grave, subaguda (B) e aguda (L) sendo agravada pelas demais lesões concomitantes. Apesar de Wollenman (1999) dizer que a principal causa de claudicação em cavalos de pólo é a tendinite de TFDS, outro animal (D) apresentou a mesma lesão focal subaguda, com o a mesma gravidade das anteriores na mesma estrutura e não apresentou claudicação, assim como outros (E, F, G, I ) apresentaram lesões graves e difusas, variando de aguda a subaguda, na mesma estrutura, também sem claudicação. Isto pode se dar devido ao alto limiar de dor destes animais o que poderia vir a ser extrapolado para esta população de forma geral, haja vista que nenhum outro eqüino do estudo claudicou, mesmo apresentando lesões em diversas estruturas. Um limiar de dor alto pode refletir na ausência de claudicação, no entanto, pode acarretar em diminuição de desempenho, gerando com isso perda econômica devido à queda no rendimento esportivo destes animais. No entanto, vale ressaltar que, talvez estes animais que no momento do exame não se apresentavam claudicantes, já possam ter passado por um momento de claudicação, podendo esta, estar associada ou não à gravidade juntamente com o tempo de instalação das lesões ou pode-se pensar que a claudicação possa ainda vir a ocorrer em um dado momento, caso ocorra progressão e não a cura destas lesões. 87 Devido à não padronização de valores de referência das estruturas estudadas para cavalos mestiços praticantes de pólo, foram selecionadas e utilizadas para comparação, medidas da literatura que mais se aproximassem da região estudada e do biótipo dos cavalos utilizados para este estudo. Para estruturas cuja medida da área do tendão tinha valor descrito na literatura (TFDS, TFDP, LSUS-RM, LSUS-RL) foi associado o valor de aumento de volume maior que 20% em relação ao membro contra-lateral (SMITH, JONES e WEBBON, 1994) e/ou aumento conjunto da espessura (quando conhecida), de modo a termos dois parâmetros para que pudéssemos classificar como lesão real e não somente um aumento de volume isolado. Este aumento de volume isolado poderia ser devido às alterações individuais (porte) desses animais mestiços e/ ou resultado da adaptação do tendão ao esforço neste esporte. O que já deveria ter ocorrido, haja vista todos os animais já o praticarem há mais de um ano; pois dados relativos à adaptação funcional do tendão foram todos reportados à fase inicial de treinamento em cavalos de corrida (GILLIS et al., 1993 e BARREIRA, 1998). Associando as medidas descritas acima tentamos evitar a incidência de resultados falso positivos em relação a tendinites/desmites crônicas inativas. Estas foram assim classificadas, tendo por base que segundo Denoix (1998) as estruturas com lesões crônicas antigas têm muitas vezes seu tamanho aumentado. Logo, as lesões crônicas inativas foram representadas por estruturas de ecogenicidade normal, mas cujo aumento de volume não retornou ao normal, o que pode ocorrer quando há somente aumento de volume presente e a ecogenicidade se mantém inalterada, haja vista não haver padrão de normalidade para estas estruturas em animais mestiços de pólo. Utilizamos assim, mais de uma medida de aumento de tamanho para confirmar 88 estas lesões. No entanto, mesmo assim, pode haver subestimação de lesões quando o aumento de tamanho da estrutura ocorre em ambos os membros simultaneamente, estando presente somente um aumento de volume ou espessura acima do padrão, como aparece em: TFDS (T) tabela 1, LSUS RM (F, N) tabela 9 e LSUS RL (P) tabela 12, ou quando há aumento de volume em ambos os membros e alteração de ecogenicidade em apenas um dos membros LSUS RM (I, K, P) tabela 9; neste último caso, o membro com alteração ecogênica e/ou alteração de padrão linear é classificado como tendinite e o outro não possuindo alteração nos demais parâmetros, fica, a princípio neste estudo classificado como aumento de volume por características individuais de cada animal. Já para as estruturas cuja medida conhecida era apenas a espessura, observamos que o ligamento anular (LAP) em nossa experiência prática, pode apresentar, em muitos cavalos, aumento de espessura de apenas 1mm acima do padrão (4mm) preservando a integridade da estrutura, se devendo este aumento a características de porte do animal. No entanto, estudos controlados de padronização são necessários para confirmar esta hipótese; neste trabalho lesões crônicas inativas, ou seja, aumento de espessura sem outra alteração concomitante da estrutura em LAP, só foi considerado como desmite quando igual ou acima de 5mm de espessura. Seguindo este mesmo raciocínio, pela escassez de publicações a esse respeito e ausência de um padrão para cavalos de pólo, aumentos de espessura isolados (ou seja, sem alteração de ecogenicidade e ou padrão linear quando presente) só foram considerados como lesão real em tendão extensor digital comum (TEDC) na região metacarpofalangiana e cápsula articular (CA) quando iguais ou maiores que 2 mm acima do padrão da estrutura afetada; abaixo desses valores só foram considerados 89 caso houvesse alteração dos demais padrões indicativos de lesão já descritos. Isto foi feito com intuito de minimizar o risco de superestimar lesões crônicas inativas. No entanto, ainda em relação ao aumento isolado da espessura, para a prega dorsal (VILO) foram considerados como lesão todos os aumentos de espessura acima do padrão de 5 mm descrito por Reef (1998), haja vista que a mesma autora, em outro momento, afirma que aumentos superiores a 4mm são compatíveis com sinovite vilonodular, gerando, portanto, dúvida na interpretação de qual valor realmente é considerado como lesão. Sendo assim, a maior medida foi escolhida por englobar as demais, inclusive de outros autores (DENOIX,1998), evitando assim, a classificação de falsos positivos para lesões crônicas inativas. Ainda com intuito de classificar as lesões com menor margem de erro, observamos alterações na homogeneidade do padrão ecogênico as quais ainda, por si só, não classificamos como lesão por se tratar de alterações muito leves que não alteram padrão linear nem o tamanho da estrutura. Segundo Tsukiyama, Acorda e Yamada (1996) a ultra-sonografia é dependente da interpretação do profissional que realiza o exame, sendo por isso a análise, principalmente da ecogenicidade, subjetiva quando não utilizamos programas computadorizados de análise de escala de cinza. Por isso quando observamos unicamente alterações sutis isoladas na ecogenicidade levando a um padrão heterogêneo de pontos (PHG) ao corte transversal, alterando o padrão homogêneo normalmente visualizado, classificamos esta alteração como uma fragilização da estrutura. Segundo Patterson-Kane (1997) a redução do diâmetro das fibrilas que compõem o tendão ocorre quando a região está enfraquecida pelo regime de treinamento tendo sido isto interpretado como prova de microtraumas; 90 sendo que episódios repetidos de microtraumas podem resultar em desenvolvimento de lesões degenerativas e tendinite clínica. Assim sendo, estas leves alterações de ecogenicidade poderiam ser um indicativo de que se esta estrutura continuasse a ser submetida a esforço intenso haveria risco de progredir para uma lesão. No entanto, é bom ressaltar, quando alterações de homogeneidade se encontravam associadas a outras alterações como algum aumento de tamanho da estrutura e ou alteração no padrão linear estas foram classificadas como lesões. A escolha da referência de padrão linear por Barreira (1998) se deve pela maior abrangência, pelo fato desta graduação englobar tanto lesões focais como difusas, enquanto o padrão linear descrito por Reef (1998) tem como base lesões focais. No que tange ao tempo de instalação segundo REEF, MARTIN e ELSER, (1988) e NICOLL, WOOD, MARTIN (1993) a imagem ultra-sonográfica da lesão de tendões e ligamentos fica representada por área anecóica (preta), aumento de volume e ausência de fibras no corte longitudinal. À medida que o tecido é reparado há formação de tecido de granulação e tecido fibroso imaturo que se sucedem na lesão possuindo, respectivamente, imagem mais escura e mais clara sendo que, à medida que o tecido fibroso amadurece, se torna mais ecóico retornando ao padrão de ecogenicidade de tendões e ligamentos normais. Estes achados são utilizados para se avaliar o estágio do reparo, e por isso foram por nós utilizados para avaliar o tempo de instalação da lesão; no entanto, sendo a técnica ultra-sonográfica dependente do ultrasonografista far-se-ia, para menor margem de erro, necessário outros experimentos com mais de um ultra-sonografista como observador dos dados que fossem dependentes principalmente da ecogenicidade. 91 No que tange à gravidade das lesões, apesar de Genovese et al. (1986) dizerem que a gravidade das lesões de tendões e ligamentos é classificada baseada na ecogenicidade da lesão em lesões do Tipo 1 a 4 este não relaciona, em um primeiro momento, diretamente a ecogenicidade dos tipos com a nomenclatura leve, moderada e grave, tendo sempre como base a ecogenicidade das lesões focais; no entanto, em 1990 os mesmos autores tendo por base a publicação anteriormente mencionada, graduam a gravidade de um a 10 por programa de análise de imagens computadorizado. Já Reef (1998) engloba estes padrões, associando o paralelismo das fibras e também a área de lesão. Em nosso estudo foi adaptado o padrão utilizado por Reef (1998) haja vista não termos disponível programa de computador específico e a necessidade de se trazer ao clínico parâmetros que possam ser utilizados no dia a dia de forma mais prática. Da mesma forma utilizamos a metodologia de Barreira (1998) em comunicação pessoal, para lesões difusas, as quais não apresentam na literatura um método objetivo de se avaliar a gravidade das mesmas. Apesar de, em nossa prática clínica, esses parâmetros se mostrarem bastante satisfatórios, tornam-se necessárias publicações de dados correlacionando a gravidade com o tempo de retorno do animal ao trabalho observando as características ultra-sonográficas de reparo tendíneo, para confirmar esta proposição de classificação de gravidade para lesões focais e difusas. Já o padrão proposto para gravidade de lesões difusas daquelas estruturas que só possuem medida de espessura (TEDC, CA, VILO e LAP) conhecida, também necessita de maiores estudos e publicações fazendo as mesmas correlações descritas acima. Mesmo quando se trata do padrão descrito para LAP por Steyn e Mcllwraith (1991) que apesar de conhecido, também não poderia ser aplicado diretamente à nossa realidade clínica pois ele inclui em sua medição, além do tecido subcutâneo e do 92 ligamento anular, que normalmente são medidos, a pele, e com isso terá sempre medidas maiores do que as normalmente esperadas por outros autores (DIK, VAN DEN BELT, KEG,1991, REEF,1998, DENOIX, CREVIER, AZEVEDO,1991 e SANDE, TUCKER, JOHNSON,1998, p.110 ) podendo assim fazer com que ocorra uma subestimação da real gravidade da lesão. A maior parte das lesões que observamos neste estudo era leve, seguida em ordem de incidência, por moderada e grave, só havendo alternância desta ordem em TFDS cuja maior parte dessas lesões eram graves. Quanto ao tempo de instalação a maioria das lesões observadas neste estudo era subaguda, seguida em ordem de maior incidência por crônica (crônica + crônica inativa) e aguda, só havendo alternância desta ordem em TFDS onde a maior parte das lesões era aguda e em LSUS RL onde era crônica. A incidência maior de lesões agudas em TFDS em relação às demais estruturas pode se dar pelo fato deste tendão ser o responsável pela maior parte da carga sustentada pelas estruturas de tecido mole palmar (GILLIS et al,1995 a), o que poderia levar a uma sobrecarga da região levando à ruptura mais rápida do limiar fisiológico desta estrutura. No entanto, maiores estudos se fazem necessários haja vista que, pelo mesmo motivo, esta estrutura deveria ter sido a mais acometida por lesões, o que não ocorreu neste estudo. Já o fato de termos mais lesões leves subagudas, assim como à alteração de maiores lesões crônicas em LSUS RL, pode se dar devido, possivelmente, ao tratamento e retorno precoce ao trabalho desses animais sem que tenha havido acompanhamento ultra-sonográfico dos mesmos; o que possibilitaria o retorno ao trabalho antes do restabelecimento da estrutura afetada. Ou ao exercício contínuo desses animais associado a um limiar de dor alto, o que poderia acarretar em discreta 93 queda de performance com ausência de claudicação (levando a uma ausência de diagnóstico inicial da lesão) fazendo com que a lesão passasse despercebida o que faria com que se mantivessem, assim, estes animais em treinamento, levando a um sobreuso dos mesmos já lesionados. O que, quando do diagnóstico ultra-sonográfico, poderia nos mostrar, nesse momento, imagem ultra-sonográfica de uma lesão leve subaguda, mas a mesma já poderia ter sido uma lesão aguda de maior gravidade. A manutenção destes animais trabalhando nestas condições pode fazer com que as lesões progridam há crônicas e, dependendo do esforço, podem promover uma reagudização das mesmas. O TFDS, conforme demonstrado na tabela 3, apresentou tendinite em 9 membros torácicos esquerdos (MTE) e em 2 membros torácicos direitos (MTD), sendo que destas no MTE, 4 foram focais, 5 difusas e no MTD uma foi difusa e outra foi classificada sem alteração pelo fato de não podermos precisar com exatidão se a lesão crônica inativa, cujo padrão ecogênico encontra-se com aparência normal, adveio de uma lesão primária focal ou difusa. O fato de o MTE ter sido o mais acometido pode se dar por causa deste ser o membro que sustenta maior peso do animal durante o galope, como já foi visto anteriormente. Além disto, Patterson-Kane (1997) apud Mcllwraith (1987) afirma que a superextensão do TFDS durante o galope é o principal fator etiológico no desenvolvimento de lesões do TFDS, haja vista o TFDS ser sobrecarregado cedo na fase de apoio da passada e esta sobrecarga aumentar com a velocidade. Já em relação à incidência dos tipos de lesão em TFDS, Reef, Martin e Elser (1988) e Reef (1998) afirmam que a lesão mais comum é a lesão focal. Em nosso estudo ambas aparecem de forma semelhante em incidência no MTE, e um aumento ligeiramente maior em relação às lesões difusas quando observamos ambos os 94 membros, o que pode se dar devido ao tipo de trabalho realizado pelo cavalo neste esporte; GENOVESE e RANTANEN (1998) afirmam que lesões leves e moderadas não estão associadas à claudicação, assim como foi observado neste estudo. No entanto, apesar de 7 de nossas lesões em TFDS serem graves e 2 leves, apenas 2 animais que possuíam lesões graves claudicaram no momento do exame (B,L). Estes dois animais apresentavam lesões focais; apesar de termos um outro animal com lesão focal grave não claudicante, sugere-se maiores estudos que possam nos dizer se não só a gravidade, mas também os tipos de lesão estejam correlacionados, diretamente, com a presença de claudicação. O TEDC neste estudo foi o menos acometido por lesões. A baixa incidência de lesões neste segmento confirmam os dados da literatura que diz que este tendão é o menos acometido por lesões, sendo possivelmente decorrente de trauma direto do que por desempenho (REEF,1998). As lesões ocorridas em TFDP neste estudo, também foram de baixa incidência em relação às lesões encontradas em TFDS e LSUS em conformidade com a literatura (REEF,MARTIN, ELSER, 1988, REEF,1999), também, neste caso, ocorrendo menos que as demais enfermidades de VILO, cápsula e ligamentares. O fato de o maior número de lesões ter sido encontrado na prega dorsal (VILO), pode expressar o sobre uso desta articulação no jogo de pólo, ratificando a afirmativa de Wollenman (1999), que diz que a articulação metacarpofalangiana é a articulação mais exigida neste esporte. No entanto, maiores estudos relacionando a incidência de lesões em outras articulações que não a metacarpofalangiana devem ser realizados de modo a confirmar esta afirmativa. 95 Apesar das alterações encontradas no VILO serem semelhantes às descritas como anormais por Dabareiner, White e Sullins (1996) dando suporte a nosso diagnóstico, outros autores sugerem a confirmação da lesão, tanto de VILO como de CA, com o membro flexionado, haja vista estas estruturas, ao contrário dos tendões e ligamentos constantes neste estudo, se encontrarem relaxadas quando do membro em estação podendo gerar artefatos de relaxamento (DENOIX,1998 e DENOIX,1996a). A pesar de Dabareiner, White e Sullins (1996) afirmarem que se encontrando apenas um dos vários sinais de alteração da prega dorsal (VILO) já seria indicativo de sinovite e segundo Reef (1998) aumentos acima de 4 mm seriam sinais de sinovite vilonodular, preferimos sugerir ao invés de afirmar tal diagnóstico, chamando de inflamação as alterações do VILO, haja vista que Denoix em dois momentos (1996) e (1998) descreve que o diagnóstico de sinovite vilonodular se daria a partir destes achados acima mencionados somados a outras lesões articulares que não foram objeto deste estudo. O ligamento anular palmar (LAP) foi a segunda estrutura mais acometida por lesões em cavalos de pólo, haja vista tais lesões poderem ser causadas tanto por trauma externo quanto por hiperextensão da articulação metacarpofalangiana, o que acarretaria sobrecarga mecânica, resultando na ruptura dos feixes de colágeno (PICAVET e VERSCHOOTEN,1986 , BERG et al 1995). As desmites de LAP se também acometeram mais os membros torácicos esquerdos (13/20) do que os direitos (9/20), tabela 8, necessitando de maiores estudos e tratamento estatístico de forma a saber se esta diferença é significativa. Todas as lesões encontradas eram difusas (excetuando-se as lesões crônicas inativas, cujas definições não temos como estabelecer) podendo ter ocorrido devido ao fato de a estrutura ser muito pequena e 96 densa e envolver os tendões flexores, que com a movimentação durante o galope rápido e viradas bruscas podem ocasionar um “estiramento” e pressão sobre o ligamento, podendo predispor à inflamação em toda a extensão da estrutura. A maior quantidade de lesões de maior gravidade ocorreu em MTE (6 moderadas e 7 leves) em relação ao MTD ( 2 moderadas e 7 leves). Esta incidência de maior gravidade em MTE pode ser devido ao fato de a hiperextensão da articulação metacarpofalangiana promover estiramento do ligamento anular palmar iniciando uma reação inflamatória do mesmo (VERSCHOOTEN e PICAVET, 1986) que poderia vir a ser agravada no MTE, neste caso, pelo fato deste membro, possivelmente, ser mais exigido neste esporte, devido às tomadas de galope constantes ao “pé esquerdo”. Em relação à literatura (DENOIX,1996a) que diz que o LAP aumenta após ressecção cirúrgica; isto só ocorreu em apenas um (B) dos dois ligamentos com histórico de desmotomia cirúrgica (B,E), tabela 7, podendo estar relacionado ou não, com a forma que se procedeu à fisioterapia e/ou retorno ao trabalho, com presença ou ausência de exercícios progressivos durante o período de convalescença. O ligamento suspensório do boleto (LSUS) possui dois ramos, um medial (RM) e um lateral (RL). O ramo medial é a terceira estrutura mais acometida por lesões neste estudo, perdendo apenas para o VILO e LAP (como demonstrado no gráfico 2); logo, podemos acreditar, a partir disto, que os ligamentos mais exigidos pelo jogo de pólo seriam LAP e LSUS RM. O acometimento maior do Ramo medial pode ser devido à quantidade de paradas e viradas bruscas durante o jogo, ocasionando rotação constante desta articulação sobre sua face medial, além dos possíveis choques entre os membros durante estes movimentos. Sendo que o MTE foi o mais acometido, provavelmente pelo 97 fato da sobrecarga sobre o membro que faz maior esforço neste esporte pelos motivos já descritos relativos a tomadas de galope ao “pé esquerdo”, as lesões foram distribuídas quase uniformemente em focais e difusas conforme demonstrado na tabela 11, tendo apenas uma lesão grave mas cujo animal não apresentou claudicação, possivelmente devido ao alto limiar de dor desses animais. Já em relação ao LSUS RL a distribuição das lesões entre os membros foi bastante similar conforme demonstra a tabela 14, sendo a maioria das lesões crônicas inativas (tipo de lesão = sem alteração) e por isso não permitindo análise de que tipo de lesão predominou neste ligamento. Cabe ressaltar que assim como o acometimento do LSUS RM foi maior que o acometimento do LSUS RL, o mesmo ocorreu com as lesões dos sesamóides proximais correspondentes, as chamadas sesamoidites (tabela 15), que ocorrem na superfície de inserção do ligamento com o osso sesamóide proximal. Ocorreu, como demonstra o gráfico 2, maior número de lesões nos sesamóides correspondentes aos ramos mediais. Apesar de, segundo Reef (1998), lesões dos sesamoides serem comuns quando da desmite de LSUS, das quatro desmites que atingiram a inserção em LSUS RM ( tabela11) dois sesamóides correspondentes estavam afetados e das três desmites que atingiram a inserção de LSUS RL apenas um sesamóide correspondente também foi acometido, no entanto, em LSUS RM ainda havia quatro sesamoidites associadas à desmite de ramo correspondente (porém lesão fora da inserção) o mesmo ocorrendo em uma das desmites de LSUS RL (tabela14). Dyson et al, (1995) afirmam que quando há lesão na inserção de LSUS a superfície óssea do sesamóide parece irregular, o que ocorreu em alguns, mas não em todos os casos de desmite de inserção observados. Do 98 total das 12 sesamoidites encontradas neste estudo apenas 3 delas não puderam ser relacionadas a lesões dos ramos de LSUS. As lesões de cápsula encontradas neste estudo foram, em sua maioria, difusas sendo apenas uma focal (tabela 17). A incidência de ambos os tipos de lesões nesta estrutura pode ser devida não somente à sobrecarga pelo esforço, mas também e principalmente, devido ao traumatismo direto pelo taco ou bola no decorrer do jogo de pólo. Isto parece ser confirmado pela constatação de que, ao contrário do que ocorre na maioria dos tendões e ligamentos observados neste estudo, o membro mais acometido em relação a capsulite foi o MTD (tabela 17). Isto pode refletir o fato de os jogadores taquearem com a mão direita levando além da sobrecarga de peso neste momento (pois o jogador coloca seu peso quase todo sobre este lado do cavalo quando taqueia) a maiores traumatismos nesta estrutura, durante o taquear. A pesar da lesão focal ter sido grave no animal “S” não houve incidência de claudicação associada, o que mais uma vez sugere o alto limiar de dor desses animais. A partir deste trabalho sugere-se maiores estudos que venham a contribuir com informações sobre: - O limiar de dor alto destes animais e/ou que possa haver correlação de maior ou menor sensibilidade dolorosa relativa a determinadas estruturas e tentar estabelecer a correlação entre o limiar de dor e: à gravidade da lesão, ao tipo de lesão (focal e difusa), ao tempo de instalação, ao surgimento da claudicação e sua progressão. - Em que momentos apareceriam as primeiras lesões e quais seriam estas, sendo para isso necessário o acompanhamento de um grupo de animais praticantes 99 deste esporte, livre de lesões, que não possuam deformidades de quaisquer espécies nas articulações metacarpofalangianas. - A relação entre que tipo de lesões inicial predisporia futuras lesões em outras estruturas na mesma articulação e/ou no membro contra-lateral e quais destas lesões apareceriam primeiramente. - Se o tempo de exposição ao jogo de pólo tem relação direta com a gravidade da lesão e aparecimento das deformidades articulares, - Estudos comparativos com animais de outras modalidades esportivas, o que poderia estabelecer a real influência de cada modalidade esportiva sobre a incidência de lesões nesta articulação. - A influência de grupos distintos de machos e fêmeas em relação à incidência de lesões articulares. - Estabelecer comparação entre a incidência de lesões na região da articulação metacarpofalangiana em relação à incidência de lesões nas demais regiões do membro torácico eqüino. - Estudos que demonstrem como se comporta a adaptação fisiológica das estruturas tendíneas em relação a cavalos de pólo. - No que tange as fragilizações realizar a padronização da imagem com ultrasonografistas diferentes de modo a diminuir o grau de subjetividade (e/ou submeter às imagens à análise computadorizada de escala de cinza) e outro estudo concomitante correlacionando a imagem ultra-sonográfica com a imagem histológica desses microtraumas para que possamos confirmar aparência ultra-sonográfica dos microtraumas. A partir disso sim, realizar estudos com acompanhamentos regulares de uma população livre de lesões desde o início de seu treinamento para jogos de pólo e 100 durante alguns anos subseqüentes, de modo a se diagnosticar, precocemente, estas alterações, observando principalmente se as fragilizações, por vezes encontradas, evoluiriam para tendinites ou desmites, o que serviria de parâmetro para regular o treinamento de pólo, diminuindo ou cessando o trabalho por alguns períodos de tempo, quando encontrada tal alteração, de modo a evitar futuras lesões mais graves. - Estudos correlacionando os achados ultra-sonográficos com dados clínicos, principalmente, à palpação das estruturas, haja vista que este é um dado que identifica de forma precoce a área de lesão antes da ocorrência da claudicação. - Segundo Wolleman et al. (2003), defeitos de casqueamento podem ser fatores predisponentes a lesões do TFDP logo se sugere análise e publicações de forma a correlacionar o tipo de casqueamento de cada um desses animais em relação à incidência destas e demais lesões que possam ser predispostas pelo casqueamento e ferrageamento. - Estudos que testem diferentes protocolos de recuperação cirúrgica a fim de estabelecer a real influência dos mesmos no aumento ou não de espessura do LAP. Assim como, estudos utilizando as classificações das síndromes do ligamento anular correlacionando há lesões de outras estruturas, o que não foi realizado neste momento pois, algumas dessas estruturas correlacionadas não foram objeto deste estudo. - Correlacionar o aparecimento de desmites de ramos do LSUS (principalmente de inserção), vendo se ocorre relação entre desmites fora da inserção predispondo a sesamoidites, e/ou se a sesamoidite observada inicialmente, sem desmite associada, pode ser predisponente a desmite de ramos. - Devido ao fato de estruturas como cápsula e vilo se encontrarem relaxadas quando do membro em estação, sugere-se se maiores estudos de lesões nestas 101 estruturas, comparando os achados do membro em estação com a articulação flexionada. - Padronização de valores ultra-sonográficos de normalidade das estruturas articulares analisadas, para cavalos mestiços criados e destinados a este esporte, a fim de não incorrermos no erro de subestimar lesões, pois além de os valores de padrão da literatura poderem diferir dos nossos, estas estruturas são, como já foi visto, freqüentemente acometidas por lesões nestes animais. - Comparações entre animais praticantes de pólo sem lesões prévias sendo um grupo com e outro sem proteção para a articulação metacarpofalangiana, acompanhados durante um longo período de tempo, para se observar o desenvolvimento dessas lesões em comparação com a incidência de lesões em animais com e sem protetor, visando com isso, uma forma de melhorar as condições de treinamento e o bem estar desses animais além de prolongar a vida útil dos mesmos no esporte. CONCLUSÕES Este estudo nos permite concluir que: 9 Eqüinos de pólo são animais muito resistentes e devem possuir limiar de dor alto haja vista que mesmo quando portador de lesões (focais ou difusas) graves, muitas vezes, não apresentam claudicação. Isto pode acarretar em um sobreuso destes animais no esporte, prejudicando o bem estar dos mesmos e sendo responsável, muitas vezes, por quedas de performance; 9 O jogo de pólo pode ser responsável pelo grande número de lesões encontradas em tecidos moles e superfícies ósseas relacionadas à articulação metacarpofalangiana, fazendo-se necessário maiores estudos comparativos com animais sem lesões iniciais e/ou praticantes de outros esportes para estabelecermos esta confirmação; 9 A estrutura mais afetada na população deste estudo foi o VILO, o que sugere uma predisposição à sinovite vilonodular em animais praticantes deste esporte; 9 Ambos os membros torácicos dos eqüinos podem ser acometidos por lesões no jogo de pólo, sendo o MTE o mais acometido em número de lesões neste estudo. No entanto lesões de cápsula articular ocorreram mais no MTD possivelmente relacionado à forma de taquear pelos jogadores; 103 9 Faz-se necessário um estudo visando à obtenção de padrões de referência ultrasonográfica das estruturas de tecido mole normais em cavalos mestiços de pólo para facilitar e dar maior confiabilidade ao diagnóstico de lesões destas estruturas. 104 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ALVES, Ana Liz Garcia ; NICOLETTI, José Luiz de Melo; THOMASSIAN, Armen; HUSSNI, Carlos Alberto; GANDOLFI, Waldir; Ultra-sonografia do aparelho locomotor de eqüinosdiagnóstico, Comum. Cient. Fac. Méd. Vet. Zootec. Univ. S. Paulo, v.16, n.1/2,p57-63,1993. ALVES, Ana Liz Garcia, Ultra-sonografia diagnóstica do sistema locomotor eqüino, Revista Educação continuada do CRMV-SP, SP, Fascículo 1,v1, p 31-35, 1998. ARANHA, M. E. S. Pólo no Brasil, Disponível em< http://www.Pólobrasil.com.br >Acesso em: 10 set, 2007. 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