Avaliação de Risco Ecológico

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Seminário de
Gerenciamento de Áreas
Contaminadas
Avaliação de Risco Ecológico
Cristiane Lima
Analista de Risco Ambiental
Engenheira Química, D.Sc.
O que é Avaliação de Risco Ecológico?
“Processo em que se avalia a probabilidade de que efeitos ecológicos estejam
ocorrendo ou possam ocorrer como resultado da exposição a um ou mais fatores
de estresse” (US EPA, 1992)
Efeito
Exposição
2
O que é Avaliação de Risco Ecológico?
Um procedimento “passo-apasso” para responder a 3
questões:

O quão seguro é?

O quão certo estamos
disto?

Isto é aceitável?
Por que fazer uma avaliação de risco ecológico?
“Nas situações em que a existência de determinada AI ou ACI possa implicar
em impactos significativos aos recursos ambientais, o gerenciamento do risco
poderá se basear nos resultados de uma avaliação de risco ecológico, a critério
do órgão ambiental competente.” (CONAMA 420, 2009)
AI = Área Contaminada sob Investigação – concentrações de substâncias no solo ou nas águas subterrâneas acima
dos valores de investigação.
AIC = Área Contaminada sob Intervenção – existência de fase livre ou de risco à saúde humana.
Quando uma AREco pode ser necessária?

Áreas de Preservação Permanente – APP’s (CONAMA 303, 2002):

Faixas marginais de cursos d’água.

Manguezais.

Entorno de nascentes, lagos e lagoas naturais.

Locais de refúgio ou reprodução de aves migratórias.

Locais de refúgio ou reprodução de exemplares da fauna ameaçados de extinção.

Dentre outros...

Locais de interesse científico e/ou econômico.

Reservas naturais.
Comparação entre ARSH e AREco
Avaliação de Risco à Saúde Humana
Avaliação de Risco Ecológico
Proteção da saúde humana
Proteção de ecossistemas ou parte deles
(espécies, populações, habitats etc.)
Sobrevivência de indivíduos
Viabilidade de populações e
sustentabilidade de ecossistemas
Escala temporal ~ 70 anos
De minutos a séculos
Maior complexibilidade
Exemplos de alguns valores orientadores
disponíveis para AREco

CONAMA 420 (2009)


US EPA Reg. 5 (2003)


Ecological Screning Levels (ar, água, sedimento e solo).
CCME (2006)


Valores de Prevenção - VP (solo).
Canadian water quality guidelines for the protection of aquatic life (água).
CCME (2002)

Canadian sediment quality guidelines for the protection of aquatic life (sedimento).
Comparação entre ARSH e AREco

Comparação entre Valores Orientadores para proteção da saúde humana e
ecológicos (CONAMA 420, 2009)
Substâncias
Valor de
Prevenção
(mg/kg)
Agrícola
Residencial
Industrial
15
35
55
150
Benzo(a)pireno
0,052
0,4
1,5
3,5
Tetrecloroeteno
0,054
4
5
13
Arsênio
Valor de Investigação (mg/kg)
Comparação entre ARSH e AREco

Por que receptores ecológicos podem ser mais sensíveis do que receptores
humanos?

Diferentes modos de exposição (ex: ingestão de sedimento, absorção por raízes).

Maior exposição (ex: 100% da dieta de peixe local).

Diferentes características dos receptores (comportamento, tamanho e
sensibilidade).
Respondendo a questão: O quão seguro é?

Compreender o problema (i.e. quem, o que, onde, quando, como?).

Analisar exposição e efeitos.

Quantificar o risco e colocá-lo em perspectiva.
Formulação do Problema
Análise da
Exposição
Análise dos
Efeitos
Caracterização do Risco
Formulação do Problema

O que pode afetar o ecossistema?

“Fatores de estresse”
Físicos
Químicos
Biológicos
Fator de estresse pode ser qualquer coisa que possa alterar
o meio ambiente
Formulação do Problema

Quem e o que precisa ser protegido?


“Receptores”
Receptores podem ser:

Certas plantas e animais

Comunidades de plantas e animais

Habitats
Formulação do Problema

Os fatores de estresse irão interagir com os receptores?

Tem que haver uma via de exposição para que o fator de estresse interaja
com o receptor.
Contaminantes
Receptores
RISCO
Vias de Exposição
Análise da Exposição

Onde, quando, quanto e como os receptores poderiam estar expostos aos
fatores de estresse?

Estimada dependendo de como os receptores vivem: o que comem, quanto
tempo passam, tamanho dos territórios?

Todas as vias de exposição são consideradas para o cálculo da exposição total.
Dtotal = Ding. água + Ding. sedimento + Ding. alimento
Análise dos Efeitos

Qual a quantidade de cada fator de estresse necessária para causar
um efeito?

Estudos de laboratório.

Nível mais baixo em que se observa efeito (lowest observed adverse effect
levels - LOAEL).

Inclui efeitos sub-letais, tais como mudanças em propriedades químicas do
sangue, peso corporal, comportamento etc.
Caracterização do Risco
Existe uma chance de que a exposição possa causar efeitos?

Compare a exposição estimada com os mais baixos limiares de efeitos.

Examine as evidências de estudos campo.

Reúna todas as “linhas de evidência” que possam apontar (ou não) para
possíveis efeitos.
16
Caracterização do Risco
Ponderação das evidências
Para cada linha de evidência, deve-se avaliar:

Magnitude (o quanto de efeito?)

Frequência e duração (o quão frequente e por quanto tempo os efeitos
ocorreriam?)

Distribuição espacial (os efeitos ocorreriam numa grande área?)

Existe uma boa evidência de relação causa-efeito?
?
?
Caracterização do Risco

A ponderação das evidências indica se:

os fatores de estresse estão causando ou podem causar os efeitos
ecológicos observados;

efeitos adversos irão significantemente afetar populações ou
comunidades;

estes efeitos excedem flutuações naturais da população.
Para responder a questão “o quão certo
estamos” das nossas conclusões?

Pressuposições conservadoras devem ser utilizadas para considerar o que
não sabemos.

Exemplos:

Considerar que o peixe passa a maior parte do seu tempo numa
pequena área que tem a mais alta concentração do contaminante.


Utilizar o limiar de concentração “nenhum efeito” – NOAEL.

Aplicar fatores de segurança.
Objetivo: Assegurar que os riscos não estão sendo subestimados.
O quão certos estamos?
Podemos tomar uma decisão sobre a intervenção em uma área contaminada
mesmo se estamos incertos?
Sim, se:

Estamos certos de que não estamos subestimando os riscos (i.e. as
consequências de estarmos errados são aceitáveis).

Sabemos o que monitorar para avaliar a nossa decisão.

Sabemos que “sinais” procurar para monitorar dados e temos um plano
de resposta para a estes sinais.
Respondendo a questão “Isto é aceitável?”

Aceitabilidade deve ser definida num senso amplo.

Não somente um julgamento científico.

Valores devem ser incluídos.
Isto é aceitável?

Evidências devem ser avaliadas em relação aos níveis de “risco aceitável”
para os receptores ecológicos.

“Risco aceitável” é usualmente definido como um a probabilidade muito
pequena de afetar a persistência de uma população (p.ex. se a taxa de
natalidade, taxa de mortalidade, crescimento não são suficientemente
afetadas para colocar uma população em perigo).
22
Isto é aceitável?
Avaliações de risco comparativas podem ajudar a:

Proporcionar comparações que adicionam confiança e clareza.

Reduzir a importância das incertezas.
“Observando 2 pessoas correndo lado a lado, é mais fácil julgar
qual das duas está correndo mais, do que saber as suas velocidades
exatas”
Principais metodologias para AREco disponíveis

EUA


Reino Unido


US EPA (1998). Guidelines for Ecological Risk Assessment.
EA/UK (2008). Ecological Risk Assessment for contaminants in soils.
ICMM (International Concil on Mining & Metals)

MERAG (2008). Metals Environmental Risk Assessment Guidance
Ainda não existe nenhuma referência metodológica estabelecida para
Avaliação de Risco Ecológico no Brasil!
Exemplos de projetos de AREco
desenvolvidos pela Golder no Brasil
Estudo de caso 1
Avaliação de risco ecológico em um terminal
de petróleo
(avaliação prospectiva)
Qual foi o objetivo da AREco?

Verificar se as substâncias químicas presentes no efluente tratado na ETE
estariam presentes em níveis que representariam preocupação ecológica ao
serem lançados em um emissário submarino.

Verificar qual a melhor alternativa de tratamento de efluente com base no
nível de risco à saúde de receptores ecológicos.
Como a avaliação foi conduzida?

Análise da exposição


Análise dos efeitos


Modelagem hidrodinâmica das plumas dos efluentes.
Ensaios ecotoxicológicos com efluente tratado de diferentes formas e não tratado.
Caracterização do risco

Estimativa da distância do ponto de lançamento de efluentes, na qual seriam
atingidos os Critérios e Padrões para Controle da Toxicidade em Efluentes Líquidos
Industriais (NT 213 - FEEMA, 1990).
Estudo de caso 2
Avaliação de risco ecológico na área de influência de
uma indústria metalúrgica em um rio de grande
importância ecológica e econômica
Qual foi o objetivo da AREco?

Avaliar se a mortandade de peixes ocorrida no rio poderia ser decorrente
de atividades industriais (históricas e atuais).

Avaliar se os contaminantes presentes no sedimento e na água do rio
poderiam representar risco para saúde de:

comunidade aquática;

comunidade bentônica;

animais silvestres;

animais de criação.
Como a avaliação foi conduzida?

Abordagem “Ponderação das Evidências”

Utilização de dados de diversas fontes (indústria, universidades, ONGs,
entidades reguladoras etc.):


Concentrações em água, sedimento, peixes etc.

Testes ecotoxicológicos.

Avaliação da comunidade bentônica.
Avaliação da biodisponibilidade dos contaminantes.
Estudo de caso 3
Avaliação de risco ecológico em uma área de
manguezal atingida por um derramamento de
petróleo
Qual era o problema?

Derramamento de óleo – extensão da contaminação = 189.000 m².

TPH, BTEX, Ba > valores orientadores (solo e sedimento).

Efeitos no recrutamento de plantas jovens.

Alterações das estruturas internas e externas de árvores do
manguezal.

Bioacumulação de contaminantes em tecidos de caranguejos.
Como a avaliação foi conduzida?

Avaliação do risco para organismos aquáticos e terrestres
Amostras
(água,solo,sedimento)
Teste de toxicidade
Medidas de efeito biológico
Organismos referência, condições de laboratório
Extrapolação
Estimativa de efeito ecológico
Espécies nativas, condições naturais
Como a avaliação foi conduzida?

Avaliação do risco para mamíferos e aves
Amostras
(alimento, solo, sedimento)
Estimativa da dose
Valores de Toxicidade de Referência
Organismos referência,
condições de laboratório
Extrapolação
Estimativa de efeitos biológicos
Espécies nativas, condições naturais
Receptores Avaliados: Cachorro-do-mato, guaxinim, mico-estrela e sabacu (ave)
(ecológica e/ou socialmente importantes, abundantes e alimentam-se de organismos aquáticos)
35
Estudo de caso 4
Avaliação de risco ecológico decorrentes das
atividades realizadas por uma fábrica localizada no
interior de uma APA
Qual foi o objetivo da AREco?

Avaliar se as substâncias químicas decorrentes das atividades realizadas
pela empresa estariam presentes em níveis que representariam
preocupação ecológica para:

organismos aquáticos, inclusive peixes de uma lagoa existente na área;

animais silvestres (aves e mamíferos) que habitam ou transitam pela área;

animais de criação (gado) que frequentam a área;

organismos terrestres e plantas na área.
Como a avaliação foi conduzida?

Comparação das concentrações em água e sedimento com os padrões
aceitáveis para proteção de comunidade aquática.

Testes ecotoxicológicos em amostras de água e sedimento.

Comparação das concentrações em solo com os padrões aceitáveis para
proteção de organismos terrestres e plantas.

Comparação com uma área de referência.

Avaliação do risco para animais de criação pela ingestão de água impactada.

Avaliação do risco para animais silvestres através da exposição pela cadeia
alimentar (ingestão de água, sedimento, solo e alimento).
Resultados
Os resultados destes estudos serviram como base para elaboração de
planos de gerenciamento do risco, incluindo o estabelecimento de
Concentrações Máximas Aceitáveis (CMA’s), quando aplicáveis.
Obrigada!!!
www.golder.com.br
Cristiane Lima - [email protected]
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