14 E STA D O D E M I N A S ● S E G U N D A - F E I R A , 1 º D E D E Z E M B R O D E 2 0 1 4 CIÊNCIA&TECNOLOGIA E-MAIL: [email protected] TELEFONE: (31) 3263-5120/5779 » MIRTILO CONHEÇA Alguns alimentos que apresentam moléculas com potencial de inibição da comunicação bacteriana » MEL FOTOS: REPRODUÇÃO DA INTERNET » MANJERICÃO » EXTRATO DE ALHO » BROTO DE FEIJÃO » FLAVONOIDES DE FRUTAS CÍTRICAS » EXTRATO DE BRÓCOLIS » ÓLEO DE ORÉGANO » EXTRATO DE ROMÃ » RESVERATROL (UVA) » ALHO » CAMOMILA » FENÓLICOS DE GENGIBRE FRUTAS INIBEM BACTÉRIAS Pesquisa em andamento pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) mostra que é possível impedir a comunicação bacteriana com alimentos nativos brasileiras UFOP/DIVULGAÇÃO DANIEL CAMARGOS Comprar uma bandeja de morangos vistosos e vermelhos na feira, guardar na geladeira e dois dias depois, quando você pretendia comê-los, todos já estão moles e quase apodrecendo. Um estudo em andamento na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop) busca evitar situações assim. A aluna de mestrado em saúde e nutrição da universidade Adeline Conceição Rodrigues desenvolve uma pesquisa chamada “Quorum quenching activity of native brazilian fruits”, que, em português, é “Atividade de inibição da comunicação bacteriana por frutas nativas brasileiras”. O professor do Departamento de Alimentos da Ufop Uelinton Pinto, que orienta a pesquisa, explica que as bactérias se comunicam por sinais químicos, em um processo denominado quorum sensing. Esse processo pode ser entendido como um senso de consciência coletiva. As bactérias esperam o momento certo para montar um ataque ao hospedeiro e causar uma doença, por exemplo. Essa comunicação ocorre quando elas estão em alta densidade celular e os fenótipos regulados são diversos e importantes, definindo a atividade bacteriana em diferentes hábitats, incluindo alimentos e o corpo humano. Porém, vários alimentos têm moléculas com potencial de inibição da comunicação bacteriana e é esse o foco da pesquisa de Adeline. A mestranda, de 26 anos, é formada em nutrição pela Universidade Federal do Vale do Jequitinhonha e Mucuri (UFJVM) e explica que a ideia central de seu trabalho Equipe de mestrado da Ufop com o professor Uelinton Pinto, que coordena os trabalhos parte do conhecimento de que as bactérias se comunicam umas com as outras. “Quando é feita a comunicação, elas sabem o número de bactérias que há ali e se baseiam nisso para ligar os mecanismos que ativam o que elas causam”, detalha a mestranda. PITANGA A comunicação entre as bactérias, segundo Adeline, é feita por sinais químicos e as substâncias encontradas em algumas frutas podem inibir essa comunicação. Com isso, são capazes de impedir os efeitos danosos das bactérias às frutas e até aos seres humanos. A aplicabilidade mais plausível da pesquisa é controlar a deterioração das frutas, mas não é descartada a possibilidade de as substâncias poderem impedir doenças humanas. Por enquanto,osestudosjáforamfeitoscompitanga,acerola,morangovermelhoegrumixama,frutatípica da região de Ouro Preto. Os resultados, segundo Adeline, são significantes. “A ideia é que a substância possa aderir nos biofilmes que envolvem os alimentos”, explica Adeline. Outra opção, segundoamestranda,éserusadaemumasolução sanitizante,quepossamatarasbactérias,eatéser usada em embalagens de iogurtes e frutas.