JUNTANDO OS DOIS LADOS DO CÉREBRO – Maio 2016

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PORTAL MA8: MARCO PIQUINI
Juntando os dois lados do cérebro
Peter Drucker, o guru, já dizia: 70% dos projetos de mudança falham. E um dos
problemas é a falta de comunicação, a falta de conversa, aquela interação
interpessoal que permite às partes envolvidas entender as dificuldades de cada lado
e processar conceitos e expectativas. Traduzindo: conversa que gera entendimento,
alinhamento, propósito comum.
A falta de comunicação é um conflito exacerbado por visões de mundos
complementares, mas antagonistas. De um lado, ficam os racionais de exatas,
funcionando com o lado esquerdo do cérebro. De outro, a turma emocional de
humanas, aquela mais para o lado direito da cabeça.
A surra continua. Calcados nas tangibilidades, a turma de exatas articula argumentos
palpáveis e facilmente determináveis como salários, benefícios, normas,
procedimentos, meio-ambiente, segurança, regras de higiene e por aí vai. Já a turma
de humanas, enfileira expectativas de natureza intangível, muito mais complicados
de se definir e controlar, como reconhecimento, apreciação, envolvimento,
confiança, oportunidades, desafios, satisfação.
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O avanço da ciência e da tecnologia nos últimos dois séculos, que tanto progresso
trouxe ao mundo, criou uma “narrativa de sucesso” que passou a direcionar a
administração dos negócios. Reflexo dessa filosofia, cujas palavras-chave são
“objetividade” e “organização”, o pessoal de exatas dominou o mundo corporativo.
E dá-lhe tabelas, gráficos, números, processos, projetos, planilhas. Munidos com
esse poderoso arsenal, eles se colocam em situação vantajosa diante do outro lado,
que surfa numa onda “soft” de emoções, sentidos, nuances de linguagem. É um
confronto quase desleal.
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No organograma tradicional, então, é uma covardia. A tropa de exatas se organiza
em um batalhão de departamentos: financeiro, compras, qualidade, logística,
produção, vendas, pós-venda, jurídico... Para a turma de humanas restam somente
dois míseros refúgios: a área de recursos humanos e a comunicação.
Mas há algo de novo no ar. A velocidade da comunicação virtual não só arrebentou
os limites físicos e alterou o fator “tempo”, mas também expandiu de forma
incalculável a abrangência da interação humana e o alcance de assuntos e interesses
intercruzados. Nunca nos “relacionamos” tanto. E é nesse universo em expansão que
pode estar surgindo uma novidade: uma cabeça onde o esquerdo e o direito buscam
trabalhar juntos.
As novas gerações têm com o computador um relacionamento quase orgânico e para
elas a lógica algorítmica virou modelo de pensar o mundo. Ironicamente, é também
a turma que começa a questionar o mundo “careta” e certinho que vem sendo
pacientemente estruturado desde que a revolução industrial quebrou nossas vidas
em horas e minutos e passou a nos avaliar em termos de performance e produção.
É uma turma que busca “sentido” no trabalho do dia-a-dia, que quer desafios e
novidades. Ao seu modo, quer um mundo mais... humano. Relacionamentos mais
calorosos, traduzido em ambientes de trabalho onde, por exemplo, depois do
expediente, se possa jogar sinuca, beber cerveja e dançar rock-and-roll.
Não é à toa que estudiosos do mundo do trabalho já colocam em pauta que as
capacidades mais necessárias nos próximos anos serão os chamados “soft skills”,
uma lista de qualidades que inclui liderança, boa comunicação verbal, atitude
positiva, assertividade, poder de persuasão, capacidade de ensinar, trabalhar em
equipe, criatividade.
Marco Piquini – 12/05/2016
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