PORTAL MA8: MARCO PIQUINI Juntando os dois lados do cérebro Peter Drucker, o guru, já dizia: 70% dos projetos de mudança falham. E um dos problemas é a falta de comunicação, a falta de conversa, aquela interação interpessoal que permite às partes envolvidas entender as dificuldades de cada lado e processar conceitos e expectativas. Traduzindo: conversa que gera entendimento, alinhamento, propósito comum. A falta de comunicação é um conflito exacerbado por visões de mundos complementares, mas antagonistas. De um lado, ficam os racionais de exatas, funcionando com o lado esquerdo do cérebro. De outro, a turma emocional de humanas, aquela mais para o lado direito da cabeça. A surra continua. Calcados nas tangibilidades, a turma de exatas articula argumentos palpáveis e facilmente determináveis como salários, benefícios, normas, procedimentos, meio-ambiente, segurança, regras de higiene e por aí vai. Já a turma de humanas, enfileira expectativas de natureza intangível, muito mais complicados de se definir e controlar, como reconhecimento, apreciação, envolvimento, confiança, oportunidades, desafios, satisfação. MA8 Management Consultoria Ltda – DIREITOS RESERVADOS AO AUTOR www.ma8consulting.com Page 1 O avanço da ciência e da tecnologia nos últimos dois séculos, que tanto progresso trouxe ao mundo, criou uma “narrativa de sucesso” que passou a direcionar a administração dos negócios. Reflexo dessa filosofia, cujas palavras-chave são “objetividade” e “organização”, o pessoal de exatas dominou o mundo corporativo. E dá-lhe tabelas, gráficos, números, processos, projetos, planilhas. Munidos com esse poderoso arsenal, eles se colocam em situação vantajosa diante do outro lado, que surfa numa onda “soft” de emoções, sentidos, nuances de linguagem. É um confronto quase desleal. PORTAL MA8: MARCO PIQUINI No organograma tradicional, então, é uma covardia. A tropa de exatas se organiza em um batalhão de departamentos: financeiro, compras, qualidade, logística, produção, vendas, pós-venda, jurídico... Para a turma de humanas restam somente dois míseros refúgios: a área de recursos humanos e a comunicação. Mas há algo de novo no ar. A velocidade da comunicação virtual não só arrebentou os limites físicos e alterou o fator “tempo”, mas também expandiu de forma incalculável a abrangência da interação humana e o alcance de assuntos e interesses intercruzados. Nunca nos “relacionamos” tanto. E é nesse universo em expansão que pode estar surgindo uma novidade: uma cabeça onde o esquerdo e o direito buscam trabalhar juntos. As novas gerações têm com o computador um relacionamento quase orgânico e para elas a lógica algorítmica virou modelo de pensar o mundo. Ironicamente, é também a turma que começa a questionar o mundo “careta” e certinho que vem sendo pacientemente estruturado desde que a revolução industrial quebrou nossas vidas em horas e minutos e passou a nos avaliar em termos de performance e produção. É uma turma que busca “sentido” no trabalho do dia-a-dia, que quer desafios e novidades. Ao seu modo, quer um mundo mais... humano. Relacionamentos mais calorosos, traduzido em ambientes de trabalho onde, por exemplo, depois do expediente, se possa jogar sinuca, beber cerveja e dançar rock-and-roll. Não é à toa que estudiosos do mundo do trabalho já colocam em pauta que as capacidades mais necessárias nos próximos anos serão os chamados “soft skills”, uma lista de qualidades que inclui liderança, boa comunicação verbal, atitude positiva, assertividade, poder de persuasão, capacidade de ensinar, trabalhar em equipe, criatividade. Marco Piquini – 12/05/2016 Page 2 Direitos Reservados ao Autor MA8 Management Consultoria Ltda – DIREITOS RESERVADOS AO AUTOR www.ma8consulting.com