IV - TRATAMENTOS É importante ter em conta que existem vários níveis de cuidados médicos no tratamento da infertilidade, assim como os há em outras áreas da medicina. O ginecoobstetra ou especialista em medicina reprodutiva, iniciará a avaliação, particularmente interessado nos problemas de infertilidade e procederá a um exame inicial. Essa avaliação incluirá a história clínica, exame físico e exames laboratoriais. Em casos específicos podem ser indicados exames complementares e o tratamento médico poderá ser iniciado pelo seu médico. Se uma causa para sua infertilidade não é encontrada, e se não se conseguiu engravidar com êxito em um determinado tempo, seu médico pode resolver encaminhá-la a um especialista em infertilidade, quer dizer, um especialista em medicina reprodutiva. Esse especialista é um ginecologista ou andrologista que completou dois ou mais anos de capacitação nos campos de infertilidade e endocrinologia. Esse profissional oferece sua experiência em áreas tais como a microcirurgia, indução da ovulação ou Técnicas de Reprodução Assistida (TRA), como a Fertilização In Vitro (FIV), Transferência Intratubárea de Gametas (GIFT), Transferência Intratubárea de Zigoto (ZIFT), Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóides (ICSI), e outras técnicas. Nem todos os casais necessitam de tratamentos com técnicas de RA, porém vale frisar que o índice de êxito com essas técnicas tem melhorado de forma acelerada, desde que estes procedimentos se introduziram no final dos anos 70. Os tratamentos para infertilidade devem ser aplicados de acordo com cada caso. Nos casos mais difíceis provavelmente será indicada uma Técnica de Reprodução Assistida (TRA) mais complexa, e nos casos mais simples se começará o tratamento com técnicas mais simples e depois com técnicas mais avançadas, se necessário. Deve-se confirmar por Histerossalpingografia ou Laparoscopia que as trompas estão patentes antes de se iniciar qualquer procedimento de TRA. Como técnicas de Reprodução Assistida compreendem-se as técnicas médicas que interferem auxiliando o processo reprodutivo. TRA IIU - Inseminação Intra-uterina FIV- Fertilização In Vitro GIFT - Transferência Intratubária de Gametas ZIFT - Transferência Intratubária de Zigoto Micromanipulação de Gametas e Embriões Doação de óvulo Criopreservação de embriões IIU - Inseminação Intra-uterina Após tentar tratamentos mais simples como a estimulação da ovulação e o coito programado, a primeira técnica de TRA a ser utilizada é a Inseminação Intra-Uterina (IIU). A Inseminação Artificial Intra-uterina (IIU) pode constituir tratamento bem sucedido para pacientes inférteis, selecionadas, que não conseguem engravidar. Este é o tratamento que se deve usar antes de TRA mais agressivas. Entretanto, se a paciente realizar de 3 a 6 inseminações sem sucesso deve-se pensar em realizar uma técnica mais agressiva de TRA. Está indicada nos casos com: - trompas normais - com problemas de ovulação - fator cervical na mulher - fator masculino leve no homem. Consiste na colocação do sêmen, previamente preparado no laboratório, na cavidade uterina, no período ovulatório, em ciclo ovariano estimulado. Se não houver resultado após 3 a 6 ciclos de IIU, passar para técnicas mais eficientes. A amostra seminal utilizada é sempre do marido (Inseminação Artificial com Sêmen do Marido - AIH), e nos casos em que o marido não tem espermatozóides pode-se usar sêmen de doador (Inseminação Artificial com Sêmen do Doador - AID). FIV - Fertilização In Vitro Pode-se usar a FIV para tratar casais inférteis com os seguintes diagnósticos: -Doença nas trompas que não pode ser corrigida cirurgicamente -Esterilidade sem causa aparente (ESCA) e sem sucesso com IIU -Infertilidade por fator masculino -Endometriose - não responsiva a intervenção clínica ou cirúrgica, não responsiva a IIU -Problemas imunológicos - não responsivos a IIU -Esterilização voluntária prévia - Ligadura das trompas Após a estimulação da ovulação, a paciente tem seus óvulos coletados por aspiração, com auxilio de Ultra - Som, sob anestesia local e sedação leve. Os óvulos são levados ao laboratório de gametas onde são identificados e classificados. Quatro a seis horas depois, os óvulos são inseminados com +/- 100.000 espermatozóides móveis. No dia seguinte é avaliada a fertilização, pela presença dos pronúcleos masculino e feminino. No segundo dia se avaliam as características da divisão do embrião (clivagem), e a transferência é feita em 48 ou 72 horas após a coleta dos óvulos. São transferidos no máximo 4 embriões, e os excedentes são congelados. GIFT - Transferência Intratubária de Gametas (Gamete Intra Fallopian Tube Transfer) - Função normal das trompas - sem resposta à IUU - Fator masculino É importante não realizar ciclos repetitivos de GIFT sem avaliar a capacidade de fertilização do casal. É importante um ciclo de FIV para diagnosticar a capacidade de fertilização do casal. Não se deve usar procedimentos de GIFT em presença de doença tubária, pois o risco de gravidez tubária aumenta e a possibilidade de gravidez bem sucedida diminui. Estreitamento do colo do útero (Estenose cervical) observada na avaliação para FIV de rotina. Os óvulos são coletados do mesmo modo que a FIV e após preparo no laboratório e a adição dos espermatozóides, são recolocados na tuba uterina através de uma cirurgia chamada Laparoscopia. Essa técnica tem sido cada vez menos utilizada pois seus resultados são similares a FIV e apresenta risco cirúrgico. ZIFT - Transferência Intratubária de Zigoto (Zygote IntraFallopian Tube Transfer) - Fator masculino leve - Esterilidade sem causa aparente (ESCA) - Não se deve usar este procedimento em presença de doença tubária, pois o risco de gravidez tubária aumenta e a possibilidade de gravidez bem sucedida diminui. Semelhante ao GIFT, porém aguarda-se ocorrer a fertilização (Zigoto), para transferência Intratubária por Laparoscopia. Micromanipulação de Gametas e Embriões ICSI - Injeção Intracitoplasmática de Espermatozóide Fator masculino severo Azoospermia Pós-vasectomia Fator imunológico A ICSI está indicada, principalmente, nos casos de fator masculino severo, quando a quantidade de espermatozóides é muito baixa ou ausente na ejaculação. O procedimento auxilia o processo de fertilização através da injeção direta de um espermatozóide no citoplasma do óvulo. Os óvulos são preparados para a injeção, e os espermatozóides são imobilizados mecanicamente, por um golpe com a pipeta de injeção. A seguir, o espermatozóide é aspirado, pela cauda, para dentro da pipeta. O óvulo então é fixado pela pipeta de fixação (holding), e o espermatozóide é injetado delicadamente em seu interior. Essa técnica auxilia o processo normal da FIV MÉTODOS DE COLETA DE SÊMEN Quando o paciente apresenta espermatozóide no ejaculado, a amostra utilizada nas TRA é coletada através de masturbação, no laboratório. Se o paciente não apresenta espermatozóide no ejaculado procede-se a um método de coleta do espermatozóide diretamente dos testículos ou epidídimos. Para a coleta no epidídimo pode - se fazer a coleta direta através de punção percutânea chamada de PESA (Percutaneous Epidydimal Sperm Aspiration), ou através de Microcirurgia com exposição do Epidídimo e cateterização do túbulo epididimário chamada de MESA (Micro Epidydimal Sperm Aspiration). Já a coleta direta dos testículos pode ser feita através de aspiração direta do testículo chamada de TESA (Testicular Sperm Aspiration) ou por extração de tecido testicular semelhante a uma biópsia chamada de TESE (Testicular Sperm Extraction). Em casos onde ocorre a ejaculação retrógrada (vesical) pode - se fazer uma lavagem com meio de cultura, e nos casos de ausência de ejaculação (anejaculação) pode se fazer uma estimulação de ejaculação por meio de eletrodos (eletroejaculação). PROCEDIMENTOS DE DOAÇÃO DE ÓVULO O surgimento dos procedimentos de doação de óvulo permite hoje que a paciente com menopausa precoce, anomalias genéticas associadas ao óvulo, baixa produção de óvulos e repetidas falhas da FIV obtenha uma gravidez com óvulo doado. O procedimento de doação de óvulos deve ser conduzido por um especialista em infertilidade. Há numerosos programas de doação de óvulos no mundo todo, com gestações e partos bem sucedidos. CRIOPRESERVAÇÃO DE EMBRIÕES As novas tecnologias de criopreservação permitem ao especialista em infertilidade o congelamento de embriões em excesso, no momento da TRA, para transferência futura. A transferência de embriões congelados pode ser executada com pouca necessidade de intervenção do médico. É necessária a monitorização cuidadosa da paciente a fim de determinar com precisão a ovulação e o melhor tempo para a transferência do embrião. Pode-se usar o ciclo natural, ciclo com preparado estradiol (paciente acíclica) ou com estimulação ovariana naquelas pacientes que ainda apresentam ciclos menstruais. NOVAS TÉCNICAS DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA EM DESENVOLVIMENTO Genéticas - Avaliação (Biópsia de embriões) - Manipulação (Clonagem) Transferência tubárea transcervical de embrião