a utilização de órteses em pacientes com

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A UTILIZAÇÃO DE ÓRTESES EM PACIENTES COM
HANSENIASE
Cléocione Araújo de [email protected]
Natália Santos [email protected]
Pedro Paulo [email protected]
Paula Sandes [email protected]
Resumo
A hanseníase é uma doença crônica que ainda existe proveniente da
infecção causada pelo Microbacterium Leprae que ataca a pele os olhos e os
nervos periféricos, pode atingir pessoas de ambos os sexos em qualquer idade.
Estima-se em 10 milhões o número de pessoas curadas (tratadas) no mundo, e
3 milhões ainda permanecem com alguma deficiência. O trabalho tem objetivo
de demonstrar a importância do uso de órteses em pacientes com hanseníase
que possui um comprometimento neural. Para quantificar o efeito terapêutico
do uso da órtese na mão do paciente foi utilizado o método da goniometria. A
atuação do Terapeuta Ocupacional na reabilitação de pacientes com
hanseníase é de fundamental importância enfocando em sua atuação a
prevenção de deformidades e incapacidades. A orientação ao paciente quanto
ao uso de órtese e aos seus cuidados é extremamente importante para que se
atinja os objetivos terapêuticos propostos.
Palavras chave: Hanseníase. Órtese. Terapia Ocupacional
Introdução
A hanseníase é uma doença crônica proveniente da infecção causada
pelo Microbacterium Leprae que ataca a pele os olhos e os nervos periféricos,
pode atingir pessoas de ambos os sexos em qualquer idade. É transmitida pela
respiração por um doente de forma contagiosa sem tratamento para outra
pessoa e essa transmissão é tanto mais fácil quanto mais próximo e mais
prolongado for o relacionamento do individuo. O diagnóstico e tratamento
precoces da doença são fundamentais para evitar e/ou minimizar os danos
neurais. A hanseníase é classificada em Indeterminada, Tuberculóide, Dimorfa
e a Virchowiana. Estima-se em 10 milhões o número de pessoas curadas
(tratadas) no mundo, e 3 milhões ainda permanecem com alguma deficiência.
Desses, estima-se que 38.000 estão no Brasil, aproximadamente 7%,ou cerca
de 2.000, já iniciam o tratamento com algumas deficiência nos olhos, mãos ou
pés a cada ano. (FREITAS, 2006). Uma das principais características da
hanseníase é o acometimento do sistema nervoso periférico. O
comprometimento nervoso mais comum do membro superior é do nervo ulnar
seguido pelo mediano um dos principais nervos motor da mão, inervando os
músculos hipotênares abdutores, oponentes e flexor curto do dedo mínimo, o
terceiro e quarto lumbricais, todos os interósseos, adutor do polegar e a cabeça
medial do flexor curto do polegar e por ultimo radial, lumbricais, todos os
interósseos, adutor do polegar e a cabeça medial do flexor curto do polegar e
por ultimo radial.
Como nos membros superiores os nervos dos membros inferiores
também são acometidos como o nervo fibular comum e tibial posterior. Quando
na presença de qualquer alteração neural recente (menos de 6 meses). O
terapeuta deve avaliar a necessidade do uso de uma tala ou tipóia de repouso
2
para o membro acometido e orienta paciente a reduzir seus movimentos e a
carga nas atividades e a modificar a maneira de realiza-las. Existe um número
muito grande e variado de órteses para esses pacientes. Segundo (FREITAS,
2006) as órteses são um recurso terapêutico essencial na reabilitação da mão,
pois o uso apropriado desses dispositivos fornece aos pacientes uma ótima
oportunidade para alcançarem seu potencial máximo de recuperação. Os
pacientes que apresentam danos neurais devem ser acompanhados com
outras medidas como: autocuidados, exercícios, adaptações, treino em
atividades de vida diária (AVD) e atividade de vida prática (AVP) e órteses.
O principal objetivo da órtese é promover o equilíbrio biomecânico por
meio da aplicação de forca de contenção externa ao seguimento
comprometido. É um recurso amplamente utilizado para mobilizar, restringir
movimentos ou imobilizar as articulações. Durante a imobilização é possível
favorecer o processo de reparação cicatricial dos tecidos proporcionar o
repouso e a imobilização necessária e também facilitar exercícios e o uso
funcional da mão (FERRIGNO, 2007). Os resultados são melhores quando o
uso das órteses é associado a um programa de exercícios diários. Conforme
Duerksein, Virmond (1997) a órtese proporciona um repouso numa posição que
previna retrações e que possibilite a cicatrização das lesões prevenção de
deformidades quando ocorre a paralisia de alguns músculos. A confecção e o
uso de órtese em pacientes com hanseníase requerem bastante atenção do
terapeuta e do paciente, principalmente pela diminuição ou perda da
sensibilidade protetora nas mãos. As órteses devem ser bem moldadas, sem
áreas de pressão excessiva, para prevenir o aparecimento de lesões cutâneas.
Portanto o terapeuta ocupacional tem como objetivo demonstrar aos
pacientes com hanseníase a importância de promove-lo na sociedade como
ser útil, produtivo, diminuindo ou eliminando sua incapacidade, desenvolvendo
assim meios para que a pessoas incapacitadas possam levar uma vida normal,
ou que pelo menos chegue perto do normal, utilizando-se das atividades como
meio de atingir o objetivo especifico, de acordo com cada paciente, fazendo
com que a pessoa possa se reintegrar na sociedade em que vive e em seu
meio familiar.
Objetivo
O trabalho tem objetivo de demonstrar a importância do uso de órteses
em pacientes com hanseníase que possui um comprometimento neural.
Métodos
Para quantificar o efeito terapêutico do uso da órtese na mão do
paciente foi utilizado o método da goniometria. A goniometria é um método de
avaliação muito utilizado, na qual utlizamos para medir a amplitude de
movimento. O instrumento mais utilizado para medir a amplitude de movimento
(ADM) é o goniômetro. É necessário utilizar formas de avaliação padronizadas
em um registro cuidadoso dos dados obtidos na avaliação. Segundo Marques
(2003), os valores obtidos com a goniometria podem fornecer informações para
determinar a presença ou não de disfunção, estabelecer objetivos do
tratamento, avaliar o procedimento de melhora ou recuperação funcional,
modificar o tratamento, realizar pesquisas que envolvam a recuperação de
limitações articulares e direcionar a fabricação de órteses.
3
Como caso ilustrativo foi escolhido um paciente do setor de Terapia
Ocupacional no Núcleo de Gestão Assistencial (NGA-27) sexo masculino, 79
anos, diagnóstico hanseníase virchowiana, em consulta de rotina com o
cardiologista relatou sentir dores nos braços e abaixo dos joelhos, seu médico
receitou seis injeções da vitamina B12, sendo que na segunda injeção
apareceram varias manchas onde seu corpo ficou todo empolado; o paciente
achou que fosse alergia da vitamina. Ao retornar ao médico cardiologista foi
encaminhado para o dermatologista onde foi realizada a biópsia, confirmando a
doença. Quando realizado a avaliação foi constatado alterações significativas
como garra ulnar, pé caído, na qual realizamos a intervenção terapêutica
ocupacional, sendo priorizado a confecção da órtese. Foi encaminhado para
um serviço ortopédico, sendo confeccionada a órtese chamada Férula de
Harris reduzindo assim à transmissão de forças traumáticas externas a planta
do pé facilitando a sua locomoção, já que não realizava a dorsiflexão. Pois
necessitava de uma pessoa ao lado lhe apoiando ao se locomover. Foi
realizado a goniometria passiva na qual obtemos a amplitude de movimento
(ADM) passiva, que é a quantidade de movimentos realizada pelo examinador
sem a ajuda do individuo. A amplitude de movimento (ADM) passiva fornece ao
examinador a informação exata sobre a integridade das superfícies articulares
e a extensibilidade da cápsula articular, ligamentos e músculo Norkin (apud
VIRMOND, 1997). Os ângulos das articulações metacarpofalangiana em flexão
são (0º-90º), extensão (0-30º); e as interfalângicas proximais (0º-110º) e distais
(0º-90º) e a extensão (0º-10º).
Órtese para garra ulnar do 3º/4º dedos da mão direita e esquerda (lesão do
nervo ulnar)
Órtese Férula de Harris (lesão do nervo fibular)
Resultado
Data:
D
11/10/2006
E
E
F
E
21/08/2007
D
E
E
F
E
Dedos
F
F
4º
MCF
75º 0º
68º 0º
86º 0º
78º
IFP
78º 30º 90º 70º 100º 30º 98º
IFD
30º 0º
26º 0º
58º 0º
50º
5º
MCF
80º 0º
70º 0º
90º 0º
88º
IFP
78º 48º 70º 32º 100º 30º 100º
IFD
22º 0º
28º 0º
58º 0º
50º
Fonte: Moraes, A, C; Raymundo, S, N; Todareli,P, P.
Quadro1: Resultados da Goniometria
0º
34º
0º
0º
32º
0º
4
No movimento de flexão do quarto dedo da mão direita, as articulações
metacarpo falangianas, interfalangianas proximais e distais houve ganho de
amplitude de movimento passivo na flexão, com relação a extensão metacarpo
falangiana e interfalangianas distais apresentou-se normal e a interfalangianas
proximal o movimento passivo permaneceu inalterado. O quarto dedo da mão
esquerda as articulações metacarpofangianas, interfalangianas proximal e
interfalangianas distal, houve ganho de movimento passivo na flexão e
extensão da metacarpofalagianas e interfalangianas distal apresentou-se
normal,e a intefalagianas proximal de 30º foi para 34º. No movimento de flexão
do quinto dedo da mão direita, as articulações metacarpofalagiana,
interfalangiana proximal e interfalangiana distal houve ganho de movimento
passivo na flexão com relação a extensão a metacarpofalangiana e a
interfalangiana distal apresentou-se normal e a interfalangiana proximal no
movimento de extensão de 48º passou para 32, diminuindo a contratura em
flexão desta articulação. Foi constatada uma melhora na amplitude de
movimento (ADM) passiva das articulações metacarpofalangianas,
interfalangianas proximais e interfalangianas distais do 4º/5º dedo da mão
direita e esquerda.
Discussão
Conforme observado a hanseníase pode acarretar sérios danos aos
pacientes devido ao seu comprometimento neural podendo levar a seqüelas
irreversíveis caso não seja devida atenção na reabilitação.
Segundo Karat (apud VIRMOND, 1972) muitas das deficiências e
deformidades em hanseníase são um resultado direto ou indireto do dano
neural, ainda que nem todo comprometimento neural causa incapacidades
clinicamente significativas. Muitos dos estudos relacionados com
comprometimento neural demonstram que cerca de 40% dos casos tem uma
perda significativa da função neural. Conforme (TEIXEIRA et al., 2003) o
Terapeuta Ocupacional é o profissional mais apto a indicar e confeccionar
órteses deve ter o conhecimento da anatomia funcional (punho e mão), e dos
diversos materiais termoplásticos. Além de atender as necessidades
terapêuticas deve ser leve, de boa cosmese e de fácil colocação e retirada,
tanto por parte do paciente, como por seus cuidadores. O terapeuta deve
certificar-se que tenham em mãos todos os materiais necessários durante a
confecção da órtese posicionando a si próprio e o paciente na melhor postura
possível, em seguida orientá-lo quanto à manutenção, conservação,
higienização, verificação dos pontos de pressão (em especial nos pacientes
com alteração de sensibilidade).
De acordo com (DE CARLO et al., 2004), a principal função da órtese é
otimizar o aparelho locomotor por meio da força externa que exerce para
influenciar a mobilidade articular. Trata-se de um recurso importante no
tratamento das afecções musculoesqueléticas, uma vez que auxilia na atenção
de resultados mais precoces que auxilia na obtenção de resultados mais
precoces abrevia o tempo de tratamento, reduz o estresse sobre os tecidos,
restaura e aumenta a função dos membros.
A goniometria possibilitou quantificar os efeitos terapêuticos da órtese.
De acordo com Marques (2003) a goniometria permite fazer comparações,
5
comunicar os resultados a outros profissionais e até mesmo avaliar se o
tratamento proposto foi eficaz. Houve uma melhora na amplitude de movimento
passiva do 4º e 5º dedos da mão; nos movimentos de flexão e extensão. O uso
da órtese para garra ulnar do 4º e 5º dedos possibilitou ao paciente não adquirir
seqüela irreversível com a contratura articular principalmente na articulação
interfalangiana proximal. O que acaba acarretando sérios danos à função da
mão. A indicação do uso da Férula de Harris foi de fundamental importância
para este caso devido à lesão do nervo fibular, pois o paciente apresentava-se
dependente para sua locomoção levando a algumas restrições nas atividades
cotidianas. A Férula de Harris proporcionou independência para locomoção
conseqüentemente melhor qualidade de vida. Conforme Bunnell (apud
FREITAS, 2006) as órteses tem duas propostas; imobilizar ou mobilizar.
Definido o objetivo do uso da órtese considera-se qual o tipo será mais eficaz
para se produzir à alteração biológica nos tecidos afetados.
Conclusão
A atuação do Terapeuta Ocupacional na reabilitação de pacientes com
hanseníase é de fundamental importância enfocando em sua atuação a
prevenção de deformidades e incapacidades com o objetivo de evitar ou
minimizar os danos físicos, emocionais e socioeconômicos, contemplando o
indivíduo no aspecto biopsicossocial. Se faz necessário o terapeuta
ocupacional conhecer a patologia, os acometimentos advindos desta e as
técnicas terapêuticas a serem empregadas com esses pacientes. Sempre ficar
atento ao comprometimento neural, acompanhando periodicamente com as
avaliações; caso seja detectado avaliar a indicação do uso de órteses, para
que o paciente faça o uso evitando assim a perda de amplitude de movimento
(ADM) e também prevenindo uma contratura articular. Portanto a órtese passa
a ser um coadjuvante da terapia. A orientação ao paciente quanto ao uso de
órtese e aos seus cuidados é extremamente importante para que se atinja os
objetivos terapêuticos propostos.
Referências
CORREA, F, V, M; JORGE, A; MORAES, C, R; LOPES,F, R, S. Hanseníase:
Terapia ocupacional no tratamento de MMSS em hanseníase, 1987.
DE CARLO; M.R.P; LUZO, M.C.M. Terapia Ocupacional: Reabilitação Física
e contextos hospitalares, São Paulo: Roca, 2004.
DUERKSEN, F; VIRMOND, M. Cirurgia Reparadora em reabilitação em
hanseníase. Bauru: Centro de estudos Dr. Reynaldo Quagliato, Instituto Lauro
de Souza Lima, 1997.
FERRIGNO, V, S, I. Terapia da mão. São Paulo: Ltda, 2007.
FREITAS, P, P. Reabilitação da mão. Ed. Revista e atualizada. São Paulo:
Atheneu, 2006.
MINISTERIO DA SAÚDE. Manual de prevenção de incapacidades. Brasília,
2001.
SANTOS, P, J. Fisioterapia em hanseníase. Ed. Lovise. São Paulo, 1990.
TEIXEIRA, E; SAURON, N, F; SANTOS, L, S, B; OLIVEIRA, M, C. Terapia
Ocupacional na reabilitação física. São Paulo: Roca, 2003.
DE CARLO; M.R.P; LUZO, M.C.M. Terapia Ocupacional: Reabilitação Física
e contextos hospitalares, São Paulo: Roca, 2004.
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