Resumo - Unemat

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Efeito Inibitório de Extratos de Alho, Hortelã e Pimenta
Dedo-de-moça Sobre Xanthomonas campestris pv.
campestris, Agente Etiológico da Podridão Negra das
Crucíferas.
(1)
Müller, K. É. ; Ribeiro, L. F. C.
(2)
(1)
Acadêmica
do
curso
[email protected];
(2)
de
C iências
Biológicas,
UNEMAT-Alta
Floresta;
e-mail:
Professor, Dep. de Agronômia, UNEMAT -Alta Floresta.
Resumo
Extratos aquosos foram obtidos a partir de bulbilhos de alho, folhas de hortelã e
frutos de pimenta. Após a incorporação destes extratos, obtendo -se
concentrações de 1,0%, 5,0%, 10,0%, 20,0% e 50,0% , foi avaliado o
crescimento bacteriano de isolado de Xanthomonas campestris pv campestris,
agente etiológico da podridão negra das crucíferas. Para os testes in vitro foi
utilizado o método de incorporação de extratos vegetais ao meio de cultura BDA,
posteriormente realizada a contagem de unidades formadoras de colônia. O
extrato aquoso de alho, nas concentrações de 20% e 50,0%, promoveu uma
redução no crescimento da referida bactéria. As concentrações 50,0%, 20,0% e
10% dos extratos de hortelã e pimenta, respectivamente, não diferiram
estatisticamente do controle com tetraciclina. Testes “in vivo” devem ser
realizados para uma recomendação dos extrat os para o controle alternativo do
agente causal da podridão negra das crucíferas .
Palavras chave: Unidades Formadoras de Colônias, controle alternativo,
extratos aquosos.
INTRODUÇÃO
As bactérias são os seres vivos estruturalmente mais simples, e de
menor tamanho, são procariontes unicelulares e algumas causam doenças em
plantas. Geralmente essas doenças são de difícil controle e causam sérios
danos a cultura. Seu ataque pode ser em alguns casos, um fator limitante de
produção (ARANTES, 2008). A agricultura brasileira e mundial é bastante
afetada por várias doenças causadas por espécies de bactérias do gênero
Xanthomonas, ocasionando, assim perdas substanciais em várias culturas de
grande importância econômica ( ANDRADE et. al. 2005). A bactéria
Xanthomonas campestris pv campestris é a causadora da podridão -negra em
brássicas. Essa doença é mais importante no repolho (Brassica oleracea var
capitata) e na couve (B.oleracea var acephala), pois afeta as folhas, que é a
parte comercial das cultivares. O sintoma mais evidente é o amarelecimento
das folhas, as áreas amareladas são geralmente flácidas e ao evoluir ficam
necrosada no centro. Plantas muito afetadas apresentam os vasos bastante
enegrecidos, característica que dá nome a doença (LOPES & QUESADOSOARES, 1997).
O controle de bacterioses em plantas geralmente é dificu ltado por falta
de informações relativas a interações patógeno -hospedeiro e é agravado pela
falta de produtos químicos eficientes, visto que a maioria das bactérias
fitopatogênicas já apresenta resistência a diversos produtos químicos ( MERA,
2008). Os fungicidas, que também atuam como bactericidas em plantas
cultivadas no Brasil são a base de cobre. Os antibióticos agrícolas registrados
no Brasil levam em suas formulações kasugamicina, e streptomicina ou mistura
de estreptomicina com tetrac iclina. Além do controle químico podem-se citar
técnicas realizadas no plantio e colheita da cultura, como a utilização de
sementes de boa qualidade, plantio de cultivares resistentes, eliminação dos
restos da cultura após a colheita e realização do plantio distante de lavouras
velhas da mesma cultura (LOPES & QUESADO-SOARES, 1997; KIMATI ET.
AL. 1997).
A procura por novos agentes antimicrobianos, a partir de plantas, é uma
forma de controle de doenças em plantas que vem sendo muito trabalhada
atualmente, devido à crescente resistência dos microorganismos fitopatógenos
a produtos químicos. Além disso, os pesticidas deixam resíduos que causam
impactos negativos ao homem e a própria natureza. Trabalhos desenvolvidos
com extratos brutos e óleos essenciais, obtidos através de plantas medicinais,
têm indicado o potencial das mesmas no controle de fitopatógenos (RIBEIRO &
BEDENDO, 1999; ARANTES, 2008; MERA, 2008 ; BOITA, 2008).
Tendo em vista a propriedade inibitória de ex tratos vegetais sobre o
desenvolvimento de fitopatógenos e a importância da bactéria X. campestris pv
campestris como causadora da podridão -negra em brássicas, o presente
trabalho teve como objetivo avaliar “ in vitro” o efeito dos extratos aquosos de
hortelã (Mentha x. piperita L.), Alho (Allium sativum L.) e pimenta dedo-demoça (Capsicum baccatum var. pendulum) obtidos no comércio local de Alta
Floresta, sobre o crescim ento bacteriano de Xanthomonas campestris pv
campestris.
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no Labor atório de Microbiologia e Fitopatologia
da Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), localizado na MT 208
km 143, no ano de 2008.
A bactéria Xanthomonas campestris pv campestris foi gentilmente
cedida pelo Laboratório de Procariotos Fitopatogênicos da ESALQ/ USP. As
cepas da bactéria foram repicadas em meio de cultura BDA (Batata Dextrose e
Ágar) para posterior inoculação no experimento. O meio de cultura utilizado nos
tratamentos foi o BD (Batata e Dextrose). Os tratamentos avaliados
obedeceram as respectivas concentrações: 0%, 1%, 5%, 10%, 20% e 50%.
Cada concentração equivale a um tratamento e cada tratamento teve quatro
repetições. Para obtenção do extrato utilizou -se 10 g do material vegetal para
cada 100 ml de água desti lada e esterilizada. O extrato foi incorporado ao meio
dos tubos e posteriormente inoculou-se a bactéria. Para o padrão negativo
foram utilizados quatro tubos contendo apenas BD e para o positivo utilizou-se
o meio BD inoculado e sem a adição de extratos a quosos. Para o padrão
positivo de controle utilizou-se a tetraciclina nas mesmas concentrações do
extrato. O experimento foi realizado em Estufa para Cultura Bacteriol ógica a
uma temperatura de 26º C por 18h.
A avaliação do efeito dos extratos sobre o cr escimento de Unidades
Formadoras de Colônia (CFU) foi realizada após 18h de incubação utilizandose o método de turbidimetria, utilizando-se o espectrofotômetro 432C –
FEMTO, com um comprimento de onda de 600nm. As amostras foram
analisadas antes e depois de serem centrifugadas.
Para análise de relação entre peso seco e turvaçã o utilizou-se o método
modificado de Neder (1992). As células da cultura incubadas por 18h foram
centrifugadas em 5.000 rpm por 3 minutos. D escartou-se o sobrenadante e em
seguida foi realizada a lavagem das células em solução salina (NaCl 0,85%)
por três vezes. As células foram ressuspendidas em 50ml de água destilada
esterilizada e homegeinizadas. Da suspensão final retirou-se uma alíquota de
5,0 ml para análise de turbidez no espect rofotômetro e o restante foi
igualmente pipetado em duas placas de P etry devidamente esterilizadas em
estufa. As placas foram levadas à estufa por cerca de 8h a uma temperatura de
80 a 90º C para evaporação da água. Para determinação do peso seco as
placas foram pesadas antes de se adicionar a suspensão e após serem
retiradas da estufa.
Os dados obtidos foram submetidos á análise de variância e teste de
Tukey para comparação das médias, com o auxílio do software SISVAR.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Todos os extratos testados demonstraram propriedades antibacterianas.
Comparando todos os extratos entre si e com a tetraciclina, verificou -se que a
tetraciclina, nas concentrações de 50%, 20% e 10% foram as mais eficientes. No
entanto, esses resultados não diferiram e statisticamente do extrato de pimenta
dedo-de-moça e alho, que nas mesmas concentrações (50%, 20% e 10%). A
eficiência dos controles avaliados está correlacionada significativamente (R 2 =
0.8940 e 0.8016), respectivamente para os controles de pimenta e alh o. Tendo
assim como alternativa viável, a utilização de extratos naturais de pimenta dedode-moça e alho, nas concentrações de 50% e 20%, substituindo o controle
químico, garantindo uma menor degradação do meio ambiente nos sistemas
agrícolas.
Figura 1. Avaliação dos extratos vegetais sobre o crescimento de
U.F.C. de Xanthomonas campestris pv campestris.
TABELA 1. Efeito de diversos extratos vegetais incorporados em diversas concentrações em
BDA, sobre o crescimento Xanthomonas campestris pv campestris medido através das unidades
formadoras de colônia com 5 dia de idade.
Alho
Hortelã
Pimenta Dedo de
moça
Tetraciclina
1
7.00c
14.00d
8.00c
Concentração em Porcentagem
5
10
20
50
6.00b
4.00ab
2.00a
2.00a
14.00d 12.00d
8.00c
6.00b
7.00c
4.00ab
2.00a
2.00a
5.00b
4.00ab
2.00a
1.00a
0.00a
Testemunha
19.00e
19.00e
19.00e
19.00e
Médias seguidas por letras distintas diferem entre si ao nível de significância de 5% pelo teste de
Tukey. Valor do Coeficiente de Variação = 14,81 %.
Os dados obtidos no ensaio c om extrato de alho corroboram com os
dados obtidos por Boita (2008) para o controle de Xanthomonas campestris pv
passiflora e com Ribeiro e Bedendo (1999) para o controle de patógenos
fúngicos. Dados obtidos por Mera (2008) comprovam a eficiência do extrat o de
algumas espécies do gênero Capsicum no controle da bactéria Xanthomonas
campestris pv passiflora devido à presença do alcalóide capsicina. Quanto ao
extrato de hortelã, o resultado dos ensaios difere do obtido por Boita (2008), no
qual o extrato de hortelã foi ineficiente no controle de Xanthomonas campestris
pv passiflora. Porém, de acordo com Ribeiro e Bedendo (1999), no controle de
fungos, a hortelã mostrou -se eficiente.
CONCLUSÃO
Todos os extratos aquosos avaliados apresentaram efeito positivo no
controle “in vitro” de Xanthomonas campestris pv campestris por promoverem a
redução das unidades formadoras de colônias da referida bactéria, sendo mais
significativos os resultados obtidos com concentrações maiores. O extrato de
hortelã apresentou o resu ltado menos significativo em todas as concentrações.
Os extratos aquosos de alho e pimenta em concentrações mais
elevadas obtiveram os melhores resultados e podem ser utilizados no controle
alternativo, substituindo a tetraciclina. Testes “ in vivo” devem ser realizados
para confirmação dos resultados obtidos nestes ensaios.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Floresta. UNEMAT, 2008. 29 f.
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KIMATI, H; AMORIM, L; BERGAMIN FILHO, A. Manual de Fitopatologia:
Princípios e Conceitos , vol. 1, ed 3, São Paulo: Editora Agronôm ica Ceres
Ltda., 1995, 919p.
LOPES, C. A.; QUESADO -SOARES, A. M. Doenças bacterianas das
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MERA, Lucas de Paula. Controle “in vitro” utilizando extratos vegetais e
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Grosso/ Lucas de Paula Mera. Alta Floresta, UNEMAT, 2008. 37 f.
NEDER, Rahme Nelly. Microbiologia: manual de laboratório . São Paulo:
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RIBEIRO, L. F. C. ; BEDENDO, I. P.. Efeito inibitório de extratos vegetais sobre
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ANDRADE, A. E.; FELIX, G. C.; NORONHA, E. F.; PEREIRA, J. L.; LIMA, L.H.C.;
ROSATO, Y. B. et. al. Expressão diferencias de proteínas de Xanthomonas
campestris pv campestris na interação com a planta hospedeira Brassica
oleraceae.Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento . Embrapa, Brasília, 2005.
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