Universidade do Sagrado Coração

Propaganda
Universidade do Sagrado Coração
ALESSANDRA MÜZEL IBRAHIM PROENÇA
ESTUDO DA AÇÃO DO MEDICAMENTO
ARSENICUM ALBUM NA MUCOSA ORAL
ACOMETIDA POR ESTOMATITE AFTOSA
RECORRENTE
BAURU
2009
Universidade do Sagrado Coração
ALESSANDRA MÜZEL IBRAHIM PROENÇA
ESTUDO DA AÇÃO DO MEDICAMENTO
ARSENICUM ALBUM NA MUCOSA ORAL
ACOMETIDA POR ESTOMATITE AFTOSA
RECORRENTE
Dissertação apresentada à
Pró-reitoria
de
Pósgraduação como requisito
parcial para a obtenção do
título de Mestre em
Odontologia,
área
de
concentração:
Saúde
Coletiva Oral, sob a
orientação do Prof. Dr.
Marcos da Cunha Lopes
Virmond
Bauru
2009
Proença, Alessandra Müzel Ibrahim
P96429e
Estudo da ação do medicamento Arsenicum
Album na mucosa oral acometida por estomatite
aftosa recorrente / Alessandra Müzel Ibrahim Proença
– 2009.
59f.
Orientador: Prof. Dr. Marcos da Cunha Lopes
Virmond.
Dissertação (Mestrado em Odontologia – área de
concentração : Saúde Coletiva Oral) - Universidade
do Sagrado Coração - Bauru - SP.
1. Estomatite aftosa recorrente. 2. Aftas. 3.
Lesões da EAR. I. Virmond, Marcos da Cunha Lopes
II. Título
Banca
Resultado: APROVADA
Bauru/USC, 03/04/2009
Profª. Drª. Célia Regina Maganha e Melo
Assinatura:______________
Profª. Drª. Maria Helena Cappo Bianco
Assinatura:______________
Prof. Dr. Marcos da Cunha Lopes Virmond
Assinatura:______________
SUMÁRIO
Introdução ........................................................................01
Objetivo ...........................................................................24
Metodologia.....................................................................25
Resultados .......................................................................34
Discussão ........................................................................38
Conclusão ........................................................................40
Referências Bibliográficas................................................41
Anexo 1............................................................................48
Anexo 2............................................................................49
Anexo 3............................................................................51
1
INTRODUÇÃO
A estomatite aftosa recorrente (EAR), conhecida popularmente como afta, é uma
patologia bastante comum, que afeta a mucosa oral e acomete mais de 10% da população
mundial. (MURRAY, 2000; VISÃO ACADÊMICA, 2004; SHIP, 1996). Alguns fatores
locais e sistêmicos podem estar associados à doença e se tem evidência de que uma base
imunogenética pode estar presente (SCULLY, 1991). As afecções são classificadas em três
formas: afta vulgar, minor ou menor, afta grave, major ou maior e afta herpetiforme (SHIP,
1996; SCULLY, 1991).
Conceito
A EAR se caracterizada pelo aparecimento de lesões ulcerativas em qualquer região da
mucosa oral; a EAR é uma afecção crônica de ocorrência comum, podendo variar em
tamanho, quantidade e localização. (MURRAY, 2000; SCULLY, 1991; PETERSEN, 1996;
PORTER,1998). Resolvem-se, normalmente, de maneira espontânea podendo apresentar
caráter recorrente. (SCULLY, 1991; ROGERS, 1997). A causa da afta até hoje não está
esclarecida. São vários os possíveis fatores, sendo os mais prováveis: alergias alimentares,
predisposição genética, doenças do sangue, alterações hormonais, má nutrição, irritações
provocadas por dentes quebrados, próteses mal adaptadas e estresse (SCULLY, 1991).
Epidemiologia
A Estomatite Aftosa Recorrente (EAR), a Afta, é uma afecção bastante comum da
mucosa oral, com indicação de ocorrência muito variada e afetando qualquer idade. É muito
freqüente na América do Norte e rara nos árabes (SCULLY, 1991; ROGERS, 1997). Existem
estimativas que 20% da população em geral terá EAR antes da idade adulta (ROGERS, 1997)
A recorrência das afecções, sua freqüência e severidade aumentam com o avanço da idade
(ROGERS, 1997; PORTER, 2000). Outra característica é ser doença da classe média e alta,
em especial de profissionais de bom nível cultural (PORTER, 2000; SILVA, 2001).
Indivíduos ou grupos populacionais que têm grandes responsabilidades em suas atividades
apresentam prevalência de EAR aumentada em 50% (ROGERS, 1997; ROGERS, 1997). As
2
mulheres, além de deterem a maior freqüência, quando apresentam afta recorrente, têm maior
número de lesões do que os homens acometidos pela patologia (ROGERS, 1997).
Etiopatogenia
Pouco se conhece sobre a etiopatogenia da EAR. Causada por mecanismos distintos,
geralmente de natureza imunológica, a EAR consiste ainda em uma preocupação clínica, pois
sua causa e tratamentos permanecem obscuros. (PORTER,1998; HORNSTEIN, 1998).
Fatores predisponentes e condições associadas também podem ser atribuídos ao
desenvolvimento da afecção (ROGERS, 1997; SILVA, 2001; FILHO, 1999).
Dentre as causas mais comuns do aparecimento das lesões, podemos destacar:
Trauma local
As áreas da mucosa oral acometidas por EAR são aquelas mais sensíveis. De fato, a
lesão se instala em areas pouco queratinizadas (ROGERS, 1997). Pacientes, clínicos e
estudiosos relatam o trauma físico como fator desencadeante das lesões. Os pacientes
apontam como causas mais comuns do traumatismo próteses mal adaptadas, escovação
dentária, fio dental, dentes quebrados, goma de mascar, alimentos duros, aparelhos
ortodônticos e tratamentos dentários. (ROGERS, 1997; MIZIARA, 1995)
Estado emocional
Relatos demonstram que 60% dos casos de aparecimento das EARs e 21% da
reincidência destas ulcerações são precedidas por estresse emocional (ROGERS, 1997;
MIZIARA, 1995; PORTER, 2000). Todavia, poucos estudos permitem comprovar esta
ligação. (SCULLY, 1991; PORTER, 2000; HEFT, 1982).
Tabagismo
Curiosamente, a diminuição da incidência e severidade de EAR é reconhecidamente
relacionada ao fumo. (AXELL, 1985; MIZIARA, 1995). Dorsey sugere que a hiperqueratose
da mucosa provocada pelo tabaco, atua como fator de proteção local às lesões (ROGERS,
1997). Bánóczy e Sallay sugerem que a diminuição da queratinização da mucosa contribui
para a ocorrência das EARs (ROGERS, 1997). Entretanto, o tabagismo predispõem doenças
3
cardiovasculares, neoplasias e doenças pulmonares, não podendo ser incentivado por
profissionais da saúde (GUARANSKA, 2000).
Ciclo menstrual
Uma revisão de literatura foi realizada por McCartan e Sullivan, que não encontraram
associações entre EAR e o hormônio sexual feminino (ROGERS, 1997; PORTER, 2000).
Todavia, a administração de estrogênio diminui a incidência de EAR em alguns pacientes
(ROGERS, 1997).
Agentes biológicos
Estudos indicaram que o Streptococcus viridans não é específico para EAR (PORTER,
2000); porém, uma associação entre EAR e a bactéria foi sugerida em sua patogênese. A
bactéria agiria como antígeno estimulando uma reação imunológica. Scully et al. relata a
presença de Helicobacter pilori em tecido lesional e através do PCR em 72% das lesões
examinadas, mas a frequência de anticorpos Ig G para H. pilori não se mostrou aumentada
nestes pacientes (PORTER, 2000).
Dentre os vírus apontados como agentes virais causadores da EAR, estão: o vírus
Herpes simples (HSV), o vírus Varicela zoster, o vírus Epstein- Barr, o Citomegalovírus e o
Adenovírus (ROGERS, 1997). Estudos comprovaram que poucos pacientes com EAR são
soropositivos. Apesar de muitos pacientes apresentarem anticorpos Ig M para HHV-6, o DNA
do Herpes vírus humano-6 (HHV-6) não foi detectado na maioria das lesões de EAR
(PORTER, 2000). Agentes antivirais efetivos contra o HSV, como o aciclovir, não
demonstram ter efeitos eficazes contra a EAR (WORMSER, 1988).
Fatores genéticos
Mais de 40% dos pacientes acometidos por EAR têm história familiar e apresentam
úlceras orais precocemente e com sintomas mais acentuados do que aqueles que não
apresentam antecedentes com a lesão (PORTER, 2000). Gêmeos idênticos também
apresentam maior incidência de EAR (ROGERS, 1997; (PORTER, 2000; LEHNER, 1977).
Porém não há associação consistente entre EAR e fatores genéticos (PORTER, 2000).
Deficiências nutricionais
4
Estudos demonstram que pacientes com deficiência hematológica de ferro, zinco,
ácido fólico ou vitaminas B1, B2 ,B6 e B12 apresentam duas vezes mais EAR do que naqueles
sem deficiências (PORTER, 1988; PORTER, 2000; MACPHAIL, 1997). A reposição
nutricional com as vitaminas B1, B2 e B6, segundo Nolan et al., provocam melhora
significativa nas EARs (FICARRA, 1997).
Sensibilidade alimentar
Alguns pacientes correlacionam o surgimento de úlceras orais com a ingestão de
certos alimentos, tais como frutas ácidas, leite, ovos, chocolate, glúten, ácido benzóico, ácido
sórbico, cinamaldeído e corantes (ROGERS, 1997; PORTER, 2000; MIZIARA, 1995). Em
alguns casos, dietas específicas provocam melhora nos casos de EAR (PORTER, 2000).
Sistema imune
Estudos do sangue de pessoas aparentemente saudáveis, acometidas por EAR,
sugerem um distúrbio da imunidade celular envolvendo linfócitos T como um fator
desencadeante (UETA, 1993), apesar do antígeno responsável pelo início do processo
permanecer indefinido (ROGERS, 1997).
Doenças sistêmicas associadas
As possíveis doenças associadas às lesões da mucosa oral são: úlcera aguda da vulva,
Doença de Behçet (FRANCES, 1999; MEDINA, 2000; REES, 1996; ROGERS, 1997),
Síndrome MAGIC (úlceras orais e genitais com inflamação de cartilagem), síndrome FAPA febre, aftose, faringite e adenite (FEDER, 2000), síndrome Sweet (SCULLY, 1991),
neutropenia cíclica, ulceração aftosa-like da SIDA (CLAESSEN, 2000; PORTER, 1990),
deficiências hemáticas, enteropatia glúten-sensível (doença celíaca), doença inflamatória
intestinal e síndrome de Reiter (MACPHAIL, 1997, ROGERS, 1997, TÜZÜN, 2000), além
de doenças dermatológicas, sistêmicas ou neoplasmas ocultos (SIEGEL, 1999).
As doenças gastrointestinais foram, por muito tempo, associadas às EARs. As úlceras
podem preceder, coexistir ou provocar a piora de doenças inflamatórias intestinais.
(ROGERS, 1997).
5
Formas de EAR
As EARS podem se apresentar em três formas, sendo a mais prevalente a EAR menor,
vulgar ou minor, com pequenas ulcerações definidas, arredondadas, que são dolorosas e
cicatrizam em 10 a 14 dias. Afetam a mucosa oral, exceto gengiva e palato duro. Geralmente
apresentam úlceras únicas, de aspecto oval, medindo menos de 1 cm de diâmetro (SCULLY,
1991; ROGERS, 1997; EVERSOLE, 1997). Este tipo provoca, no início e por cerca de 24 a
48 horas, pequeno desconforto local, após o que surge lesão avermelhada, pequena e
circunscrita. A seguir, ocorre necrose local, com dor intensa, aparecendo uma úlcera
arredondada, bem definida, geralmente com 2 a 5 mm de diâmetro, relativamente profunda,
isto é, entre 1 e 2 mm, com base amarelada, mostrando o tecido necrótico ao centro. As
bordas são discretamente endurecidas, e a área em torno fica eritematosa. Pode ocorrer
infecção bacteriana, o que retarda seu desaparecimento. A duração média da ulceração é de
cinco a sete dias, e sua involução completa-se em, no máximo, nos próximos quatro dias, sem
deixar cicatriz. (SCULLY, 1991; ROGERS, 1997; EVERSOLE, 1989; EVERSOLE, 1997).
Figura 1 – Estomatite Aftosa Minor
Fonte: Wilhelmsen, N.S.W; Weber, R (2008)
6
Na forma grave, maior ou major, as lesões são maiores, apresentando múltiplas
úlceras ovais medindo 0.5 a 2cm, crateriformes; são muito doloridas, afetam qualquer área
intra-oral, costumam durar entre 30 e 40 dias e freqüentemente deixam cicatriz (ROGERS,
1997).
Sua ocorrência é rara, porém de curso mais severo. Representam 10 a 15% dos casos de EAR.
Crônica, aparece geralmente após a puberdade, persistindo por 20 anos ou mais. (SCULLY,
1991; ROGERS, 1997).
Figura 2 – Estomatite Aftosa Major
Fonte: www.bioprogressiva.com.br/portal/includes_pop
A terceira forma é a herpetiforme caracterizada pela presença de múltiplas lesões de
tamanho menor, variando de 1 a 3 milímetros de diâmetro e extremamente dolorosas. Em
alguns casos podem ocorrer até 100 úlceras ao mesmo tempo. É a forma menos comum e
atinge 5 a 10% dos pacientes com EAR. Surgem na ponta da língua e no assoalho da boca que
podem coalescer e duram de 7 a 10 dias (SCULLY, 1991; ROGERS, 1997; MACPHAIL,
1997; PORTER, 2000). Podem aparecer em qualquer área da cavidade oral, com maior
freqüência em pessoas do sexo feminino e de idade mais avançada quando comparada às
outras formas (SCULLY, 1991). Estas lesões levam de 7 a 30 dias para curar, podendo deixar
cicatrizes. Esta forma de afta bucal é um dos sinais da Síndrome de Behçet, caracterizada por
aftas bucais pequenas (úlceras), úlceras genitais, lesões oculares e cutâneas (ROGERS, 1997).
7
Todas as formas têm chance de reincidência em poucos dias ou semanas. Na maioria
dos casos, se resolvem espontaneamente (ROGERS, 1977).
Figura 3 – Estomatite Aftosa Herpetiforme
Fonte: www.guiadelodontologo.com.uy/Paginas/tap_122.asp
Evolução
Stanley dividiu evolução natural das ulcerações de EAR em quatro estágios:
prodrômico (estágio 1), pré-ulcerativo (estágio 2), ulcerativo (estágio 3) e cicatricial - estágio
4 (PORTER, 1977). No primeiro estágio, mesmo com a ausência de manifestação clínica e
não acometendo a totalidade dos pacientes, existem relatos de formigamento, ardência, dor e
hiperemia locais, nas primeiras 24 horas antes do aparecimento das lesões (PORTER, 1977).
Microscopicamente, surge o edema devido ás células mononucleares, que começam a infiltrar
(ROGERS, 1997). O estágio 2 ou pré-ulcerativo, a dor é mais intensa e permanece por até 3
dias. O estágio 3 ou ulcerativo pode durar de 1 a 16 dias. Clinicamente, as úlceras só vão
atingir o seu tamanho máximo entre o quarto e o sexto dia após o aparecimento das lesões,
que são gradativamente recobertas por uma membrana cinza ou amarelada, rodeadas por um
halo eritematoso. Após 2 ou 3 dias a dor cessa, ficando apenas a sensação de desconforto. O
último estágio ou cicatricial pode durar de 4 a 35 dias. As lesões então saram sem deixar
cicatriz (PORTER, 1977; ROGERS, 1997).
8
Tratamento
Apesar das constantes pesquisas, a EAR consiste ainda em uma preocupação clínica,
pois sua causa e tratamentos permanecem obscuros. O tratamento é sempre precedido de uma
avaliação clinico laboratorial completa do paciente e a prescrição é individualizada, sendo
inicialmente voltada para a regressão da sintomatologia e depois para se evitar as freqüentes
repetições (POPOVSKI, 2000). O número, localização, tamanho e duração das EARs, bem
como grau de desconforto, efeito durante a alimentação e qualidade de vida dos pacientes
devem ser avaliados. No caso das EARs se apresentarem com severidade e/ou com alto grau
de incidência, existe a possibilidade das lesões estarem associadas com doenças sistêmicas
assintomáticas e este quadro deve ser considerado (BAUGHMAN, 1996; MACPHAIL, 1997).
Muitas opções são usadas para o tratamento da EAR: observação, tratamento da
doença sistêmica, medicações sistêmicas e tópicas, transformação da úlcera aftosa em ferida e
tratamento paliativo. A relação médico/paciente é primordial, em especial para a detecção de
problemas psicológicos, que podem exacerbar o quadro (MACPHAIL, 1997). Quando as
lesões são pequenas, provocam pouca dor e desconforto, podendo-se optar por deixar a lesão
involuir espontaneamente (MACPHAIL, 1997).
Tratamento sistêmico
Dada a eficácia limitada dos agentes tópicos, é necessário o tratamento através de
imunossupressão sistêmica, quando o paciente apresenta muita dor e/ou quando a lesão dura
muito tempo ( PORTER, 2000). O medicamento mais usado neste caso é o corticóide, mas
outros como a colchicina, a pentoxifilina, a dapsona, e a talidomida também são empregados.
Se estes agentes forem usados no primeiro estágio da doença, podem impedir a formação das
lesões. (MACPHAIL, 1997; MCBRIDE, 2000).
Um corticóide bastante efetivo que tem sido usado no tratamento de EAR é a
prednisona, pois se tem mostrado eficaz e seguro em crianças e adultos com SIDA ou HIV+
que tenha EAR maior debilitante ou úlceras não específicas. A prednisona é usada durante 4
ou 5 dias, na dose de 60–80mg/dia, ou por mais de uma semana com redução gradativa,
podendo ser associada ao corticóide tópico, injeção intralesional de acetonida de triancinolona
e analgésicos como lidocaína gel, anti-inflamatório não esteroidal ou narcóticos (LACOSTA,
1998; MACPHAIL, 1997).
9
A colchicina é utilizada na dose de 1,5 mg/dia durante 2 meses, promovendo a
diminuição da dor e freqüência das lesões, mas seu uso por longo tempo pode culminar na
infertilidade de pacientes jovens. Em alguns casos, a talidomida foi combinada com este
tratamento, trazendo benefícios para a cura da EAR (POPOVSKI, 2000; PORTER, 2000;
TÜZÜN, 2000).
A pentoxifilina, usada na dose de 400mg 3x/dia pelo período de trinta dias, promove a
redução de lesões de EAR por mais de 9 meses. Contudo, não é confirmada a redução da
recorrência da afeção após a suspensão do tratamento (POPOVSKI, 2000).
Para o tratamento com dapsona, os pacientes devem dosar a glicose-6-fosfato
desidrogenase antes e se apresentarem deficiência desta enzima não deverão fazer uso do
medicamento, pelo risco de anemia hemolítica. A dapsona é usada na dose de 100 a 200
mg/dia, para induzir a remissão das ulcerações. O grau de hemólise é reduzido quando o
tratamento é associado à vitamina E, na dose diária 800 IU, que é antioxidante (POPOVSKI,
2000).
A talidomida é um tratamento também efetivo contra a EAR severa, na dose de
100mg/dia, pois promoveu remissão em quase 50% dos pacientes tratados em um estudo
(FILHO, 1999; MACPHAIL, 1997; POPOVSKI, 2000; PORTER, 2000; TORRAS, 1979)
Estudos abertos e duplo-cego demonstraram a eficácia da talidomida também em pacientes
HIV+ com úlceras na mucosa oral (CALABRESE, 2000; PORTER, 2000). No entanto, as
reações adversas da talidomida (sedação, neuropatia, diminuição da libido, constipação, e
teratogenicidade) devem ser consideradas (LACOSTA, 1998; MACPHAIL, 1997;
CALABRESE, 2000; PORTER, 2000).
Outros agentes como o interferon alfa humano (IFN-alfa) 1200 UI/dia são utilizados
através de bochechos para diminuir lesões em EARs menores.
Grinspan sugere a administração intramuscular de gamaglobulina na dose de 800UI
para melhorar o surto. Para evitar recidivas, é primordial a suspensão de certos alimentos e é
sugerida a gamaglobulina injetável em pequenas doses de 30UI por via subcutânea, três vezes
por semana, por, pelo menos, dois meses. Resultados surpreendentes têm sido obtidos com a
talidomida, 100 a 300mg ao dia, por um mês ou mais. A dose deve ser reduzida até 50mg ou
suspensa para ser reiniciada em casos de recidiva. Pode também ser administrada em séries de
15 dias, alternadas com quinzenas sem a medicação (PORTER, 2000; GRINSPAN, 1973).
10
Tratamento tópico
O tratamento com medicação tópica é preferido devido ao fato de apresentar poucos
efeitos colaterais e interações medicamentosas (CARPENTER, 1998; MACPHAIL, 1997).
Os diferentes corticóides tópicos podem reduzir os sintomas da EAR (PORTER,
2000). O acetonido de triancinolona, em orabase é bastante utilizado (FILHO, 1999; TÜZÜN,
2000). O composto pode ser combinado com corticosteróides como fluonamida, clobetasol ou
halbetasol (MACPHAIL, 1997). Corticosteróide líquido como elixir de dexametasona,
gargarejos ou bochechos, é utilizado no quadro de lesões múltiplas ou quando estão
localizadas no palato mole ou na orofaringe (MACPHAIL, 1997). Úlceras de difícil alcance
podem ser tratadas com aerosol spray de dipropionato de beclometasona (MACPHAIL, 1997;
FILHO, 1999).
Outros tratamentos para a afta podem incluir o própolis que parece dar resultados
animadores (LOTUFO, 2006; BELLON LEYVA, 2007), o mesmo ocorrendo com o Borax
Veneta (BELLON LEYVA, 2006).
Os anti-sépticos têm seu lugar nesses processos, já que evitam a infecção secundária.
Entre eles é utilizado o clorhexidine em bochechos. Entretanto, pode causar mancha dental e
hálito amargo. Entre os antibióticos são usadas, especialmente, a tetraciclina, na concentração
de 250mg em 10ml de água, quatro vezes ao dia, e a aureomicina, 250mg em 10ml de água,
três vezes ao dia, ambas para bochechos, com bom resultado, levando de cinco a dez dias para
o efeito e involução completa, mas podem causar candidíase oral e sensação de queimação na
faringe, além de provocar danos dentários em crianças (FILHO, 1999; MACPHAIL, 1997;
PORTER, 2000).
Os anestésicos tópicos melhoram a sensação de dor e o desconforto. Gel de lidocaína é
utilizado para trazer alívio momentâneo (CARPENTER, 1998; PORTER, 2000).
Outros agentes tópicos são utilizados no tratamento da EAR, como pastilhas de
cromoglicato de sódio, que promove ligeiro alívio dos sintomas. O antisséptico bucal
carbenoxolone de sódio pode diminuir a severidade das lesões (PORTER, 2000). A
cimetidina também pode ser eficaz, em casos cuja causa é problema gástrico (PORTER,
2000).
11
Outros procedimentos terapêuticos
Alguns métodos transformam as ulcerações em queimaduras, que se curam
espontaneamente. Dentre eles estão a biópsia, a cauterização com nitrato de prata ou com
formol, ou a cauterização térmica (ablação a laser). Não se recomenda tal prática por causar
dano aos tecidos normais (FILHO, 1999; MACPHAIL, 1997; PORTER, 2000).
Homeopatia
O criador
Christian Friedrish Samuel Hahneman (1755-1843), médico alemão de formação
tradicional que se encontrava descontente com a forma de atuação da medicina de seu tempo,
quando os tratamentos utilizados nesta época tinham uma conotação um tanto radical com o
uso de sangrias, cáusticos e laxantes. Desistiu, então, daquela medicina que não o convencia e
se dedicou à tradução de livros, mas ainda da área médica, como profissão para seu sustento.
A idéia inicial que despertou Hahnemann para a nova e particular tendência médica,
foi a tradução de um artigo de Cullen, médico escocês, sobre a influência da casca de quinino,
erva utilizada, naqueles tempos, no tratamento da malária. Curioso, isto o levou a
experimentar ele próprio os efeitos de tal medicação. O que percebeu então foi que, ao ingerir
tal substância, em determinada quantidade e frequência, passava a apresentar as mesmas
manifestações da febre intermitente, tão conhecida na época, e quando suspendia o uso da
droga, após alguns dias, voltava à sua condição normal de saúde.
Unindo seus conhecimentos referentes à medicina, ao resultado dessa experiência
acima relatada e a seus estudos sobre o pensamento médico, a outras experiências posteriores
e atenta observação das reações apresentadas frente ao uso de diversas outras substâncias em
si mesmo, em seus pacientes e discípulos, Hahnemann formulou os princípios da Homeopatia
a saber: (EIZAYAGA, 1992).
•
toda substância ou droga utilizada como remédio homeopático deve ter sido antes
experimentada no homem são.
12
•
os medicamentos homeopáticos devem ser selecionados em concordância com a lei
farmacológica de similitude, onde se observa que tais remédios causam, em
indivíduos
•
sadios,
os
mesmos
sintomas
que
a
enfermidade
causaria.
as substâncias utilizadas como tratamento devem ser administradas em doses
diminutas, diluídas e dinamizadas (técnica específica para o preparo de
medicamentos homeopáticos).
•
as drogas homeopáticas indicadas aos pacientes devem ser de remédio único, não de
complexos, onde se perderia a referência de qual medicamento estaria fazendo o
efeito desejado.
Hahnemann escreveu alguns livros e artigos sendo seu primeiro escrito denominado
"Um novo princípio sobre as propriedades curativas de substâncias medicamentosas com
algumas considerações sobre os métodos precedentes", no qual perpetuou, neste e nos
trabalhos seguintes, o seu conhecimento e estudo sobre esta nova arte de curar que era a
homeopatia. Estudos e observações tais que o levaram a formular “um princípio de tratamento
sintetizado na expressão latina Similia Similibus Curentur - os semelhantes se curam pelos
semelhantes - onde a idéia básica é o médico tentar igualar os sintomas que uma droga é
capaz de provocar numa pessoa saudável aos sintomas do paciente, e esta droga então é usada
para tratar a doença” (CAMPBELL, 1991).
Neste período em que viveu Hahnemann houve uma forte tendência ao uso da
Homeopatia por parte de muitos médicos, visto pois o fato de a medicina ortodoxa desta
época apresentar soluções muito drásticas às enfermidades, as quais, ainda segundo Campbell
(1991), eram classificadas, neste período, "em termos de tonicidade ou relaxamento, ou eram
atribuídas a supostas inflamações intestinais", teoria com a qual Hahnemann não concordava,
pois este, de acordo com o mesmo autor acima citado, "sustentava ser intrinsecamente
impossível conhecer a natureza interna dos processos de uma doença e, portanto, infrutífero
especular sobre isso ou basear o tratamento em teorias". Levando, portanto, os médicos neste
período a se inclinarem a todo tratamento menos agressivo com resultados eficazes,
13
diminuindo os riscos de vida de seus pacientes, e provocando com isto, também, uma nova
onda de pesquisas.
Um diferenciado método de atendimento aos enfermos passa a ser praticado e aceito
desde então. Também passam a ser percebidas e enfatizadas as primeiras anotações de
Hahnemann em sua principal obra, o Organon de la Medicina que diz que a "única e nobre
missão do médico é a de restabelecer a saúde do doente, que é o que se chama curar" e, em
seguida, que "o mais alto ideal de cura é o restabelecimento pronto, suave e permanente da
saúde; é a eliminação e aniquilação da doença, em toda sua extensão, pelo caminho mais
curto, seguro e menos danoso possível, apoiando-se sobre princípios claros e facilmente
compreensíveis", ou sejam, as leis naturais.
E com isto, outro fato que também passa a ser considerado, de acordo com
Hahnemann apud Bessa, é que "a verdadeira arte de curar só poderia ser pura ciência
experimental: pode e deve repousar em fatos claros e fenômenos perceptíveis, pertencentes à
sua esfera de ação, pois todos os elementos que trata são clara e satisfatoriamente
cognoscíveis pelos sentidos através da experiência. Assim, o conhecimento da moléstia, do
medicamento e a maneira de se aplicar um ao outro, só é ensinado, de modo correto, pela
experiência e pela observação pura" (BESSA, 1994).
A Homeopatia se difundiu pelo mundo através dos discípulos de Hahnemann e teve
sua grande ascensão no terço final do século XVIII. Por toda mudança que ocorreu no
pensamento médico e desenvolvimento científico deste período em diante, a Homeopatia
inicia seu declínio, aproximadamente um século depois, por não se enquadrar nos novos
moldes de experimentação dos então recém surgidos estudos experimentais da medicina
ortodoxa (BESSA, 1994).
A filosofia
A homeopatia se fundamenta em princípios distintos da medicina convencional,
aplicando o princípio de cura pela similitude, por meio de substâncias previamente
experimentadas em indivíduos sadios, em doses infinitesimais. Na aplicação terapêutica
desses pressupostos, valoriza a individualidade, elegendo, dentre as milhares de substâncias
experimentadas, aquela que engloba a totalidade de sinais clínicos característicos de cada
14
indivíduo, empregando, para um mesmo tipo de doença, medicamentos distintos para cada
indivíduo enfermo (TEIXEIRA, 2004).
Com os avanços da fisiologia integrativa, que busca compreender o ser humano como
uma unidade psico/neuro/imuno/endócrino/metabólica interativa, ao invés de um conjunto de
sistemas fisiológicos distintos e isolados, o binômio saúde/doença passa a ser estudado
segundo uma abordagem dinâmica, integrada e multifatorial, em vista dos aspectos
bio/psico/sócio/espirituais que definem a individualidade humana (TEIXEIRA, 2004).
A fim de que a prática médica rotineira englobe esta complexidade humana, a
medicina reducionista cede espaço à medicina humanística, com propostas inovadoras no
campo da educação, assistência e política médica, para que este novo conceito de saúde possa
ser transmitido à população segundo os pressupostos de integralidade, eqüidade e
universalidade propostos pelo Sistema Único de Saúde (TEIXEIRA, 2004). Assim, convém
citar alguns dos principais enunciados da pratica homeopática de acordo com o texto máximo
de Hahnemann:
Todavia, o único oráculo infalível da arte de curar, a experiência pura,
ensina, em todos os experimentos criteriosos, que realmente aquele
medicamento que provou ser capaz de produzir em sua atuação sobre
organismos humanos sadios, a maior parte dos sintomas semelhantes aos que
se encontram nos casos de doença a ser curados, em doses adequadamente
potencializadas e reduzidas, também remove, de maneira rápida, radical e
duradoura, a totalidade dos sintomas desse estado mórbido, isto é, toda a
doença em curso, transformando-a em saúde, e que todo medicamento cura,
sem exceção, as doenças cujos sintomas mais se assemelham aos seus, não
deixando de curar nenhuma delas (HAHNEMANN - ORGANON, §25)
Uma vez registrada de modo preciso a totalidade dos sintomas que
caracterizam e distinguem especialmente o caso da doença, ou, em outras
palavras, o quadro de uma doença qualquer, está concluída a parte mais
difícil do trabalho. O artista da cura tem, então, a imagem da doença sempre
diante de si durante o tratamento, especialmente quando se tratar de uma
doença crônica, podendo descobri-la em todas as suas partes e salientar os
sinais característicos, a fim de lhes opor, isto é, contra o próprio mal, uma
potência morbífica artificial muito semelhante, escolhida homeopaticamente
na relação de sintomas de todos os medicamentos cujos efeitos puros ele
15
conhece. E, quando, durante o tratamento, ele deseja averiguar qual foi o
efeito do medicamento e quais alterações ocorreram no estado do doente,
basta apenas retirar de seu manual, por ocasião de um novo exame, os
sintomas que, entre os anteriormente anotados do grupo original, apresentam
melhora, colocando aí os que ainda persistem e outros novos eventuais
sintomas que possam haver surgido. (HAHNEMANN - ORGANON, §104)
O segundo ponto da atividade de um verdadeiro artista da cura
concerne à aquisição do conhecimento dos instrumentos destinados à cura
das doenças naturais, à averiguação do poder patogenético dos
medicamentos, a fim de que, quando precisar curar, possa escolher, entre
eles, um cujas manifestações sintomáticas possam constituir uma doença
artificial tão semelhante quanto possível à totalidade dos sintomas principais
da doença natural a ser curada. (HAHNEMANN - ORGANON, §105)
Todos os efeitos patogenéticos de cada medicamento precisam ser
conhecidos, isto é, todos os sintomas e alterações mórbidas da saúde que
cada um deles é especialmente capaz de provocar no Homem sadio devem
ser primeiramente observados antes de se poder esperar encontrar e escolher,
entre eles, o meio de cura homeopático adequado para a maioria das doenças
naturais. (HAHNEMANN - ORGANON, §106)
Para esse fim, é preciso empregar cada substância medicamentosa
completamente só e perfeitamente pura, sem misturá-la com qualquer outra
substância estranha ou tampouco ingerir alguma outra de natureza
medicamentosa no mesmo dia nem nos subseqüentes, enquanto se deseja
observar os efeitos do medicamento (HAHNEMANN - ORGANON, §124).
O terceiro ponto no exercício de um verdadeiro artista da cura
concerne ao emprego mais adequado das potências morbíficas artificiais
(medicamentos) que foram experimentadas em indivíduos sadios a fim de
obter uma cura homeopática das doenças naturais (HAHNEMANN ORGANON, §146)
Nessa procura do meio de cura homeopático específico, isto é, nessa
confrontação do conjunto característico dos sinais da doença natural contra a
série de sintomas dos medicamentos existentes a fim de encontrar um cujas
potências mórbidas artificiais correspondam, por semelhança, ao mal a ser
curado, deve-se, seguramente, atentar especialmente e quase que
exclusivamente para os mais notáveis/estranhos, singulares, incomuns e
16
peculiares (característicos) sinais e sintomas do caso de doença, pois na série
de sintomas produzidos pelo medicamento escolhido, é principalmente a
estes que devem corresponder sintomas muito semelhantes, a fim de que seja
mais conveniente à cura. Os sintomas mais gerais e indefinidos: falta de
apetite, dor de cabeça, debilidade, sono inquieto, mal-estar etc., merecem
pouca atenção devido ao seu caráter vago, se não puderem ser descritos com
mais precisão, pois algo assim geral pode ser observado em quase todas as
doenças e medicamentos (HAHNEMANN - ORGANON, §153)
Em nenhum caso de tratamento é necessário e, por conseguinte, não é
admissível administrar a um doente mais do que uma única e simples
substância medicamentosa de cada vez. É inconcebível que possa existir a
menor dúvida acerca do que está mais de acordo com a natureza e é mais
racional: prescrever uma única substância medicamentosa simples e bem
conhecida num caso de doença ou misturar várias diferentes. Na única,
verdadeira, simples e natural arte de curar, a Homeopatia, não é
absolutamente permitido dar ao doente duas substâncias medicamentosas
diferentes de uma só vez (HAHNEMANN - ORGANON, §273).
Como o verdadeiro artista da cura encontra nos medicamentos simples
administrados separadamente e sem mistura tudo o que porventura possa
desejar (forças morbíficas artificiais que são capazes, por sua força
homeopática de vencer completamente a doença natural, extingui-la na
sensação do princípio vital e curá-la de maneira duradoura), conforme reza o
sábio provérbio que diz ser um erro empregar meios compostos quando os
simples são suficientes, jamais lhe ocorrerá dar como medicamento mais do
que uma substância medicamentosa simples, de cada vez e também por ter
em
vista
que,
embora
os
medicamentos
simples
tivessem
sido
completamente experimentados quanto a seus efeitos puros peculiares no
estado de saúde dos Homens, é impossível prever como duas ou mais
substâncias medicamentosas compostas podem mutuamente alterar e obstar
a ação da outra sobre o organismo humano e porque, por outro lado, o
emprego nas doenças, de uma substância medicamentosa simples cujo
conjunto característico de sintomas é conhecido exatamente, já presta, por si
só, ajuda completa se foi escolhido homeopaticamente e, mesmo no pior dos
casos em que ele possa não ter sido bem selecionado de acordo com a
semelhança dos sintomas, não produzindo, portanto, nenhum efeito benéfico,
ainda assim será útil por requerer conhecimentos acerca dos meios de cura à
17
medida que, através dos novos padecimentos por ela produzidos em tal caso,
vão sendo confirmados os sintomas que a substância medicamentosa já havia
mostrado mediante experimentações no organismo humano sadio, vantagem
esta que é suprimida pelo emprego de todos os meios compostos
(HAHNEMANN - ORGANON, §274).
A conveniência de um medicamento, para um caso dado de doença,
não se baseia apenas em sua escolha homeopática acertada, mas também,
certamente, na grandeza exata, mais justamente, na pequenez de sua dose. Se
for dada uma dose demasiadamente forte de um medicamento, mesmo
escolhido de maneira completamente homeopática para o estado mórbido em
questão, não obstante o inerente caráter benéfico de sua natureza, tornar-se-á
prejudicial
pela
sua
grandeza
e
pela
impressão
desnecessária
e
demasiadamente forte que, graças à sua ação homeopática de semelhança,
produz na força vital e, por meio desta, justamente sobre as partes mais
sensíveis do organismo e que foram mais afetadas pela doença natural
(HAHNEMANN - ORGANON, §275).
Em vista disso, e porque um medicamento bem dinamizado, com uma suposta
pequenez adequada de sua dose se torna tanto mais salutar, podendo quase beirar o milagre
em sua eficácia, quanto mais homeopaticamente correta tenha sido sua escolha, assim também
um medicamento cuja escolha tenha sido convenientemente homeopática, deve ser tanto mais
salutar quanto mais sua dose for reduzida ao grau apropriado de pequenez, para uma suave
eficácia terapêutica (DANTAS, 1989).
Arsenicum Album
Origem do medicamento
Medicamento homeopático: Acidum arsenicum anhydricum. Abrev: "ars.". Origem
química. Substância: oxido de arsênio (BIREME, 2009).
Os medicamentos homeopáticos são preparados a partir de substâncias pertencentes
aos três reinos da natureza: vegetal, animal e mineral.
Do reino mineral, utilizam-se as substâncias puras como Aurum (ouro), Sulphur
(enxofre), Phosphorus (fósforo) e suas preparações orgânicas e inorgânicas (como Arsenicum
18
album – arsênico – ou o Natrum muriaticum, o popular sal de cozinha) ou então produtos
sintéticos como o Phenobarbitallum (fenobarbital, medicamento anti-convulsivante),
Salicylicum acidum (ácido salicílico, analgésico e antitérmico), ao lado de algumas
preparações homeopáticas complexas, como Causticum e Hepar sulphur. Contrariamente ao
que habitualmente se pensa, os medicamentos de origem mineral são os de ação mais
profunda e duradoura (FONTES, 2005).
Repertorização
“Arsenicum Album tem uma grande e profunda prostração, com um
declínio bastante rápido das suas forças vitais.
É um deprimido, melancólico. Alternância de excitação e de depressão, por
vezes no mesmo dia: num momento sente-se bem, com uma resistência vital
óptima, para logo de seguida se sentir com extrema fraqueza, prostrado.
É extremamente avarento. O mais avarento da matéria médica,
exasperando-se sempre que tem de gastar algum dinheiro. É desconfiado e
antipático para com os que o rodeiam. Tem uma língua de víbora, diria que
de surucucu, para o distinguir de Sulfur.
Uma das suas manias é a da arrumação. A menor alteração de lugar ou
desvio de objectos chama a sua atenção e levam-no a corrigi-la de imediato.
Meticuloso com tudo, até na escolha das roupas. Prefere os tecidos lisos e
de muito boa qualidade. Tem como cores preferidas o azul marítimo e o
cinzento. Tem um cuidado excessivo com as roupas. Será bastante divertido
vê-lo sujar-se; transforma o facto numa quase tragédia, já que
contrariamente ao que sucede com Sulfur não suporta nódoas e sujeira.
O menor movimento ou exercício esgotam-no.
Desespera-se com facilidade. Crê que os seus padecimentos não têm cura,
recusando-se a tomar remédios, porquanto inúteis, já que vai morrer. É
indiferente e a irritabilidade é uma constante.
Triste, ansioso, extremamente agitado, tem medo de estar sozinho, da
morte, do escuro, de fantasmas. Medo de ter uma doença incurável. Medo
de ficar arruinado. O medo ansioso da morte manifesta-se especialmente
quando está sozinho. Os seus medos são normalmente acompanhados de
suores frios.
19
Está sempre mentalmente agitado. Quanto maior o sofrimento, maior a
agitação, a angústia e o medo da morte.
A agitação física e mental agrava entre a 1 e as 3 horas da manhã.
Não consegue estar tranquilo e em paz; muda de lugar constantemente, ou
caso esteja demasiadamente fraco, pede incessantemente que o façam, que o
transportem de uma cama para outra, de um sofá para a cama ou para outro
sofá.
Quando se embriaga, diz-se que “tem mau vinho”.
Ansiedade quando se encontra num ambiente fechado.
As dores de Arsenicum são queimantes como se carvões em brasa fossem
encostados nas partes afectadas, que queimam como fogo.
Geralmente são periódicas, o paciente está um dia bem e outro mal, e
melhoram pelo calor, bebidas e aplicações quentes, à excepção das de
cabeça que melhoram por aplicações frias. Dores semelhantes a picadas
feitas com agulhas em brasa.
Face pálida, magra.
Lábios secos, necessitando de ser humedecidos.
Pálpebras vermelhas e ulceradas. Edema, principalmente das inferiores.
Sede inextinguível e frequente de pequenas porções de água fria. No
entanto, a água pesa no estômago como uma pedra. O doente quer água,
mas evita beber sob pena de rejeição imediata da mesma, por isso, bebe
pequenas quantidades de cada vez.
Não suporta o odor ou a visão dos alimentos.
Dores gástricas queimantes, como se carvões acesos estivessem a arder no
estômago, depois de ter comido fruta, creme gelado, bebido água fria,
bebidas alcoólicas, após ter ingerido carne em mau estado de conservação.
Vómitos após ter ingerido alimentos ou ter bebido.
Diarreia que surge também na sequência de ingestão de alimentos ou
bebidas, com enorme prostração, desproporcionada à quantidade evacuada.
Fezes pouco abundantes, escuras, de odor forte, irritantes e ardentes,
gerando escoriações perianais.
Hemorróidas ardentes, impeditivas do sono e da posição sentada, que são
aliviadas pelo calor.
As dores do abdómen que se apresenta distendido, são ardentes e melhoram
por aplicações quentes.
Hipertrofia do fígado e do baço.
20
É um indivíduo extremamente friorento, não gosta e teme o frio gostando de
estar quente, mas com necessidade constante de respirar ar fresco.
Coriza aquosa, queimante, escoriante e que chega a irritar o lábio superior,
melhorando por efeito do calor. Febre do feno periódica, que também
melhora pelo calor.
Respiração do tipo asmático. O doente tem necessidade de se sentar e de se
inclinar para a frente. Não consegue ficar deitado, em especial depois da
meia noite.
Asma da meia noite às três horas da manhã, com agitação ansiosa e medo
da morte. Tosse seca que produz fraqueza no doente, agravando depois da
meia noite.
Dor fixa no terço superior do pulmão direito.
O coração tem batimentos fortes, de tal forma, que as pessoas que estão
perto do doente podem senti-los. Pulso rápido, de manhã ou à menor
emoção, irregular. Palpitações com fraqueza e tremores.
Regras adiantadas e abundantes.
Leucorreia ácida, irritante, amarelada, corrosiva e de mau cheiro,
principalmente quando a mulher está de pé.
Fraqueza dos membros que dificulta os movimentos. Contracções e
tremores.
A pele está endurecida, com erupções escamosas, como farelo, agravando
pelo frio e pelo coçar.
Pruridos que agravam à noite, da 1 às 3 horas da manhã e melhoram pelo
calor, pelas aplicações quentes. O doente coça-se violentamente, a pele
parece queimar.
Urticária por moluscos.
AGRAVAÇÃO: após a meia noite; da 1 às 3 horas da manhã; das 13 às 15
horas; pelo frio e pela humidade; pelas bebidas e pelos alimentos frios; pelo
álcool; o vinho; o exercício; estando deitado do lado afectado e com a
cabeça baixa.
MELHORA: pelo calor, à excepção da dor de cabeça que alivia com
aplicações frias; as bebidas quentes; a cabeça alta.” (LATHOUD, 2002)
Perfil do medicamento
O medicamento Arsenicum album, é um agente terapêutico de grande potência. Seu
círculo de abrangência é imenso, entre eles, abrange as mucosas, onde atua profundamente,
21
em todo tipo de irritação, inflamação e qualquer tipo de ferimento que causa dor ou ardência.
No aparelho digestivo, age na boca em aftas e outros tipos de alterações na mucosa.
Estudos feitos sobre o Arsenicum album e outros medicamentos homeopáticos, nos permite
tratar de pacientes como no caso da Estomatite Aftosa Recorrente principalmente pelo fato de
o medicamento agir em doenças recorrentes (SOUZA, 2006; NUNEZ, 2000).
Arsenicum album é um dos remédios homeopáticos mais importantes, possui
características e sintomas marcantes. É um medicamento que tem em seu perfil a depressão,
melancolia, angústia, queimações, inquietude, fraqueza e prostração, lábios secos, ulcerações,
ardências e edemas.
Seu campo de ação é imenso, abrangendo todo o organismo e sendo mais efetivo no sistema
simpático do que no sistema nervoso central.
O Arsenicum passa pelos seguintes estágios no organismo:
- Estágio 1: Principalmente físico;
- Estágio 2: forte ansiedade sobre sua saúde mas medo de estar só;
- Estágio 3: obsessivo temor da morte;
- Estágio 4: paranóia, desconfiança, desespero, suicídio (SOUZA, 2006; NUNEZ, 2000).
Indicações do Arsenicum album
Algumas das principais indicações do Arsenicum album são:
- Doenças mentais como: Ansiedade, Anorexia nervosa, Medos, etc;
- Aversão: farináceos, sementes;
- Queixas crônicas de calor. Condições agudas de frio (somente cabeça);
- Inflamação da íris;
- Febre do feno e coriza;
- Gastrite, úlceras, aftas;
- Diarréia de pequenas quantidades, com grande fraqueza;
- Diarréia com vômitos; após água fria, sorvete;
- Fezes: acres, ofensivas;
- Lesões malignas nos testículos, ovários e útero;
- Asma;
- Síndrome de Raynaud;
- Psoríase e eczema;
22
- Abscesso (formações purulentas que aparecem na superfície da pele ou mucosa);
- Acidez estomacal (toda queimação ou acidez passageira ou que aparece após certos
alimentos). Arsenicum album: Dor ardente, queimante, sede em pequena quantidade.
- Ansiedade e inquietude. Não consegue ficar parado em lugar nenhum. (SOUZA, 2006;
NUNEZ, 2000; BATELO, 2004).
- Alcoolismo: a crise alcoólica estará acompanhada com grande ansiedade e inquietude com
medo de morrer e desejo de companhia (não fica só). Idéias de suicídio (SOUZA, 2006).
- Angina: dores no peito, são quadros que necessitam de socorro imediato. As indicações são
para os momentos enquanto se aguarda o socorro médico (SOUZA, 2006). As dores iniciam à
meia-noite até as 2 horas da madrugada. Acompanha o quadro mental de ansiedade, agitação
com terrível medo de morte. Deseja companhia (SOUZA, 2006).
- Asma (no caso agudo de asma): lembrar que existem ataques de asma que determinam óbito.
Todo tratamento deve ser acompanhado por um homeopata (SOUZA, 2006). Paciente estará
agitado, inquieto, não consegue ficar na cama, horário de agravação da meia-noite às 2 horas
da manhã. Deseja companhia, teme a morte, diz que vai morrer (SOUZA, 2006; NUNEZ,
2000).
- Desmaios (Síncope): colapso é brusco, repentino. Pós vômito ou diarréia. Desmaios
freqüentes, o horário geralmente é perto de meia noite ou de manhã (SOUZA, 2006; NUNEZ,
2000).
- Diarréia: diarréia que estará pior à meia-noite, ao beber água desencadeia também o
processo diarreico. Freqüentemente é simultânea com vômitos. Fezes fétidas, negras,
sanguinolentas, muitas cólicas que são ardentes, queimantes. Grande inquietude, ansiedade e
medo, inclusive medo de morrer. Após a diarréia o indivíduo sente uma forte sensação de
prostração. Sede intensa, porém bebe em pequenos goles. Diarréia que surge por comer
alimentos de origem animal ou não, mal conservados (SOUZA, 2006).
- Gripe: a coriza (corrimento nasal quase líquido) predomina do lado direito, secreção aquosa,
abundante, ardente. Obstrução nasal. Espirros que não aliviam. Sintomas por esfriar- se.
Inquietude, ansiedade e medo de morrer, com desejo de companhia. Sede intensa, bebendo em
pequenos goles (SOUZA, 2006).
23
- Intoxicação por Soda cáustica: enquanto não ocorrer a assistência médica não provoque o
vômito. Os medicamentos auxiliam no tratamento das queimaduras dos órgãos internos
(SOUZA, 2006).
- Queimaduras: este medicamento é sinônimo de queimaduras de todos os graus. A dor é
queimante, ardente que melhora com o calor local. O indivíduo mentalmente apresenta
intensa inquietude com a ansiedade e teme morrer. Deseja companhia, prostração (SOUZA,
2006).
- Vômitos: o vômito é desencadeado por comer mesmo em pequena quantidade ou beber
(apresenta muita sede). Os vômitos podem ser acompanhados de diarréia (SOUZA, 2006).
Considerando todos os aspectos até aqui relatados e o grau de incômodo que as EARs
causam em termos de dor e desconforto e por afetarem a rotina do paciente e às vezes
incapacitá-lo a desenvolver atividades laborativas e que vários tratamentos têm sido usados
para a remissão e controle das EARs, sendo por vezes de eficácia limitada, justifica-se a
necessidade de estudos sobre uma opção terapêutica no âmbito da homeopatia. A homeopatia
é uma terapêutica relativamente atóxica, que tem se mostrado eficiente; de baixo custo, o que
idealiza a utilização por grande parte da população de baixo nível sócio-econômico e escolar,
possibilitando o atendimento homeopático pelo SUS (BRANDÃO, 2001); é de fácil
administração por crianças, idosos e adultos de ambos os sexos. Atualmente existem
cirurgiões-dentistas utilizando homeopatia em suas clínicas, assim sendo uma terapêutica de
interação com todas as especialidades médicas. A escolha do medicamento homeopático
(totalidade sintomática característica) foi padronizada segundo os sintomas, dentre as várias
escolas e condutas homeopáticas existentes, a fim de se uniformizar o ensaio e o medicamento
Arsenicum album foi o eleito para este tratamento por provocar os sintomas periódicos,
relacionados ao aparelho digestivo (boca), descritos na Matéria Médica Homeopática
(LATHOUD, 2002).
24
OBJETIVO
Estudar o efeito do medicamento homeopático Arsenicum album sobre o número de
lesões orais em pacientes acometidos de Estomatite Aftosa Recorrente (EAR).
25
METODOLOGIA
Características do estudo
Trata-se de um ensaio clínico experimental, duplo-cego, de pequena abrangência,
envolvendo o sistema público de saúde da cidade de Itapeva, SP e profissionais da
odontologia.
Local do estudo
O estudo foi conduzido na rede municipal de saúde de Itapeva, município situado na
região sudoeste do Estado de São Paulo. Sua extensão territorial é de 1.889 Km² no que se
refere ao de perímetro urbano. Sua população para 2008, segundo o IBGE, é de 86.000
habitantes, dos quais 65.250 residem na área urbana e 20.750 na área rural. Sua taxa de
crescimento demográfico é de 2.03% ao ano. Faz divisa com os municípios de Itaí,
Paranapanema, Buri, Taquarivaí, Capão Bonito, Guapiara, Ribeirão, Ribeirão Branco, Nova
Campina, Itararé e Itaberá, distando 270 km da capital do Estado.
Etapas preliminares
Preliminarmente foi realizada uma reunião com os seis odontólogos do PSF –
Programa Saúde da Família da cidade de Itapeva – sudoeste paulista, momento em que foram
apresentados os detalhes do estudo, definições de Estomatite Aftosa Recorrente, suas formas,
causas e tratamentos. Foi definido, ainda, juntamente com os odontólogos, o modo de seleção
dos pacientes, critérios de inclusão e de exclusão destes.
Foi revelado, ainda nesta ocasião que, por se tratar de um estudo duplo-cego, os
odontólogos bem como os pacientes, não saberiam se receberiam um frasco contendo
medicamento ou placebo e que isso só seria revelado após o término da pesquisa.
Foi discutida a relevância deste estudo e a disponibilidade de dedicação dos
odontólogos, resultando na adesão de quatro dos odontólogos presentes.
As odontólogas que aderiram à pesquisa podem ser vistas no Quadro 1.
26
Quadro 1 – Demonstrativo das odontólogas envolvidas no estudo, seu registro profissional e
microrregião atendida.
ODONTÓLOGA
CRO
MICRORREGIÃO
Suiany Maira Ferreira
87660
PSF São Miguel
Danielle M. R. G. Soler
59199
PSF São Camilo
Érika Ribeiro Ramaldo
84941
PSF Santa Maria
Laura Mattos
46351
PSF Bela Vista
Obedecendo a área geográfica de atuação e a ordem estabelecida pelos próprios
odontólogos (a mesma ordem da tabela anterior), agendou-se os três exames clínicos dos
pacientes a serem captados com auxílio e participação dos agentes comunitários do PSF.
Treinamento e busca por pacientes portadores de EAR
Aos agentes comunitários de cada um destes PSFs foram dadas orientações, através da
pesquisadora e dos odontólogos, tais como definições de Estomatite Aftosa Recorrente, suas
formas, causas e tratamentos.
Foi esclarecida a eles a importância da pesquisa e como seria cada etapa do desenvolvimento
desta.
Após os ACS - Agentes comunitários de Saúde - terem concordado em participar do
estudo, estes foram orientados sobre o modo de captação dos pacientes, fazendo uso de sua
vivência e de seu conhecimento sobre os relatos e reclamações dos usuários do SUS, em sua
respectiva microrregião.
Os odontólogos colaboraram na busca pelos pacientes acometidos de EAR, analisando
os prontuários da clínica odontológica de seu respectivo PSF e fornecendo os nomes destes
pacientes ao ACS.
Os ACS visitaram cada um dos portadores de EAR, forneceram explicações sobre a
pesquisa e os encaminharam ao odontólogo de seu PSF.
Durante 30 (trinta) dias, cada odontólogo analisou e selecionou 10 (dez) pacientes que
poderiam participar do estudo, seguindo os critérios de inclusão e de exclusão, definidos na
primeira reunião com a pesquisadora.
27
Critérios de Admissão dos indivíduos (inclusão e exclusão)
Como critérios de inclusão, para participar da pesquisa, os pacientes deveriam
apresentar a patologia (EAR) por um período mínimo de um ano, estando livres de qualquer
outra doença clinicamente significante (hipertensão, infecções e inflamações), que pudesse
interferir na evolução do estudo ou na avaliação do quadro em questão.
Deveria também ter mais de 8 (oito) anos de idade e menos que 65 (sessenta e cinco) e
estar de acordo e disposto a participar da pesquisa, se comprometendo com a seriedade desta.
Como critério de exclusão considerou-se como inelegíveis os pacientes que
apresentassem mais de uma patologia importante, pacientes que faziam uso de
costicosteróides ou que apresentassem imunossupressão, pacientes que foram tratados
recentemente com imunoterapia, pois a eficácia do tratamento homeopático está em promover
a resposta imunológica no indivíduo e esta capacidade orgânica seria influenciada ou incapaz
de se apresentar, pelo uso de supressores do sistema imunológico.
Pacientes com distúrbios psíquicos (não correlacionados à patologia em estudo)
também deveriam ser excluídos por não conseguir acompanhar devidamente a evolução ou a
involução da patologia.
Não poderiam participar da pesquisa também os pacientes que apresentassem
importantes anormalidades anatômicas na região.
Após o início do estudo, o uso de medicamentos imunossupressores, de antibióticos e
antiinflamatórios seria motivo para exclusão do paciente.
Construção da amostra
Foram incluídos no estudo, 40 (quarenta) pacientes com EAR, sendo 10 (dez) de cada
PSF relacionado na tabela anterior, no município de Itapeva – SP.
Os pacientes selecionados participaram de uma reunião com a pesquisadora e seus
respectivos odontólogo e ACS, onde receberam esclarecimentos sobre todo o estudo,
incluindo a existência de placebos distribuídos entre os medicamentos, a agravação inicial
esperada de um tratamento homeopático, o diário de acompanhamento da evolução/involução
das EARs, a importância da assiduidade nas consultas agendadas, o tratamento, os cuidados a
serem tomados com o medicamento e a liberdade em poder desistir de participar do estudo a
qualquer momento, sem prejuízo de seu atendimento junto ao SUS.
28
Numeração dos pacientes
Os exames clínicos foram realizados pelos odontólogos, cada qual em seu PSF,
atendendo os dez pacientes selecionados em sua microrregião.
O dia dos três exames clínicos realizados na pesquisa foi reservado somente para este
fim, sendo atendidos apenas pacientes da amostra e casos de urgência.
O primeiro exame clínico dos pacientes dos quatro PSFs envolvidos foi realizado no
mesmo dia (1º de julho de 2008), seguindo a ordem (Quadro 2):
Quadro 2 – Demonstração da ordem, horário, microrregião e profissional para o primeiro
exame.
ORDEM DE
EXAMES
CLÍNICOS
1º
HORÁRIO
MICRORREGIÃO
ODONTÓLOGA
9h00
PSF São Miguel
Suiany Maira Ferreira
2º
11h00
PSF São Camilo
Danielle M. R. G. Soler
3º
14h00
PSF Santa Maria
Érika Ribeiro Ramaldo
4º
16h00
PSF Bela Vista
Laura Mattos
Para a numeração dos pacientes, foi respeitada a ordem cronológica das visitas e,
dentro delas, a ordem de chegada dos pacientes.
Sendo assim os pacientes do PSF São Miguel foram numerados (por ordem de
chegada) de 1 a 10, os pacientes do PSF São Camilo receberam a numeração de 11 a 20, os do
PSF Santa Maria, numerados de 21 a 30 e os do PSF Bela Vista, de 31 a 40.
O primeiro paciente, a ser atendido no exame clínico inicial recebeu uma ficha
contendo “Paciente 1” (conforme modelo em anexo) e também um frasco, contendo em seu
rótulo: “Frasco 1”, e assim consecutivamente.
Os pacientes foram distribuídos em dois grupos: grupo controle – G1 e grupo tratado –
G2.
O Paciente 1 foi alocado no grupo controle – G1, assim como todos os pacientes que
receberam numeração ímpar.
Os pacientes que receberam números pares foram alocados no grupo tratado – G2.
29
Cada participante do G1 (casos ímpares) recebeu um frasco contendo placebo,
constituído de 30 ml de solução hidroalcoólica a 5%, idêntica ao veículo do medicamento
homeopático.
Já os pacientes do G2 fizeram parte do grupo experimental (casos pares), receberam a
medicação homeopática, num frasco de 30 ml de Arsenicum album 30 CH.
Foi fornecido aos pacientes, ainda, uma folha com dicas sobre os cuidados que
deveriam tomar com o medicamento homeopático, conforme anexo3.
É importante ressaltar que os frascos eram iguais, de mesmo tamanho e mesma cor
âmbar, com rótulos contendo apenas “frasco 1”, “frasco 2” e assim por diante.
O estudo consistiu num duplo-cego, portanto os odontólogos, bem como os pacientes,
não sabiam se o frasco continha medicamento ou placebo.
Escolha do medicamento
O medicamento Arsenicum album, bem como sua potência, método e forma
farmacêutica foram indicados pelo Dr. Pedro Luiz Ozi, CRM 32932, médico homeopata
residente em Itapetininga, São Paulo. O distinto médico homeopata relata o sucesso que tem
tido com o medicamento homeopático Arsenicum album em tratamentos das EARs em
pacientes cuja repertorização é compatível com a prescrição.
O tratamento homeopático deve seguir a descrição adequada da totalidade sintomas de
cada indivíduo enfermo, direcionando a escolha do medicamento homeopático apropriado,
seguindo o emprego do princípio da similitude. (FONTES, O.L., 2005)
A escolha do medicamento homeopático (totalidade sintomática característica) foi
padronizada segundo os sintomas, dentre as várias escolas e condutas homeopáticas
existentes, a fim de se uniformizar o ensaio.
O medicamento Arsenicum álbum foi o eleito para este tratamento por provocar os
sintomas relacionados ao aparelho digestivo (boca), descritos na Matéria Médica
Homeopática (LATHOUD, 2002):
“Periodicidade dos sintomas. Aftas, ulcerações, salivações que podem ser
sanguinolentas, dores ardentes que se acalmam com bebidas quentes,
gengivas inchadas que sangram facilmente, dentes doloridos e dores
neurálgicas.”
30
Doses e potências homeopáticas
A preparação do medicamento homeopático obedece a normas precisa e
definidas pelas diversas farmacopéias (tratados sobre a composição e preparação de
medicamentos) homeopáticas, a partir das orientações básicas enunciadas por Hahnemann já
em 1810, na primeira edição do Organon. No Brasil, a Farmacopéia Homeopática Brasileira
foi oficializada pelo Governo Federal através do Decreto nº 78.841, de 25.11.76, e revista e
complementada em 1977 pelo Ministério da Saúde.
Buscando uniformização de critérios, apoiados na observação clínica de que o
medicamento que apresenta certa similitude com o paciente sempre desperta algum tipo de
resposta, foi proposta a utilização inicial do medicamento na potência 30, por estar distante
dos efeitos tóxicos da tintura-mãe e numa concentração intermediária, mais comumente
utilizada em clínicas odontológicas (OZI, P.L.)
O método utilizado para a obtenção do produto homeopático foi o Centesimal
(diluição de 1:100) Hahnemaniano (descrito pelo médico, químico e pesquisador germânico,
Samuel Hahnemann, que viveu entre 1755 e 1843), em doses diárias.
A homeopatia ainda possui a vantagem de apresentar diversas formas farmacêuticas
para o mesmo medicamento, o que facilita a administração por diversas classes de indivíduos,
como por exemplo para uso pediátrico, adulto e veterinário. A forma líquida em gotas é a
mais solicitada, em 34,8% das formulações; seguida pela dose única, em 28,5%, sugerindo o
uso de medicamento homeopático pelas diversas faixas etárias e animais, visto que a
prescrição líquida pode ser administrada por qualquer destes indivíduos.
A forma líquida foi escolhida por ser mais apropriada, permitindo variações mínimas
de potências (sucussões) entre as tomadas, minimizando as agravações homeopáticas
(HAHNEMANN, 1996).
O conceito de dose em homeopatia não é unânime entre os homeopatas. Alguns
autores consideram que a dose é irrelevante, pois a ação terapêutica do medicamento
homeopático se dá qualitativamente e dinamicamente, já que a matéria prima que o origina é
altamente diluída e potencializada por meio de farmacotécnica própria. (KOSSAKROMANACH, 1984; EIZAYAGA, 1992; ORTEGA, 1994). Nesta perspectiva, por exemplo,
31
cinco ou dez gotas de um medicamento homeopático não modificam o resultado esperado do
tratamento homeopático, importando apenas a caracterização do simillimum, a escolha da
potência medicamentosa (o grau de diluição) e a definição da freqüência de administração,
para exercer sua ação curativa. Entretanto, outros autores, com base na observação pessoal
dos resultados terapêuticos alcançados, enfatizam a importância da quantidade do
medicamento homeopático prescrito para o sucesso do tratamento (JAHR, 1987;
HAHNEMANN, 1995).
“Resumidamente, a preparação do medicamento homeopático se processa
em duas etapas, diluição e dinamização, que conferem a potência de cada
medicamento. A etapa de diluição (ou trituração em lactose, para as
substâncias insolúveis em água ou no álcool) consiste em dissolver uma
quantidade da substância pura medicamentosa em quantidades determinadas
de cada veículo (1:10 na escala decimal e 1:100 na escala centesimal, a mais
usada). O veículo mais empregado consiste numa solução de água e álcool,
comumente numa diluição de 70%. A etapa de dinamização consiste numa
seqüência de 100 movimentos verticais de agitação da mistura, ou
sucussões, que conferem a cada preparação diluída uma potência específica.
Assim, se você receber uma prescrição de Natrum muriaticum C30, deve
saber que vai tomar uma potência trigésima centesimal do sal de cozinha,
ou seja, uma diluição 1:100 trinta vezes de 1 g do cloreto de sódio marinho.
Se a prescrição fosse Natrum muriaticum D30 (ou 30X) você estaria
tomando um remédio diluído de 1:10 trinta vezes, na potência trigésima
decimal.” (DANTAS, 1989)
O medicamento homeopático Arsenicum álbum 30CH, preparado em etanol a 5%
(concentração alcoólica para dispensação), foi obtido a partir de matriz proveniente de uma
indústria farmacêutica brasileira, e produzido conforme descrito na Farmacopéia
Homeopática Brasileira 2a Edição, na escala centesimal (C), pelo método Hahnemanianno
(H) dos frascos múltiplos, na forma farmacêutica líquida, para uso oral.
Cuidados com o medicamento homeopático
As informações sobre os cuidados a serem tomados com o medicamento homeopático
foram dadas aos pacientes, incluindo:
- Sempre manter o medicamento no frasco original e bem fechado.
32
- Fechar imediatamente o frasco após o uso.
- Levar o medicamento diretamente à boca (embaixo da língua) sem contato com as mãos no
momento de tomá-lo. Evitar também que o conta-gotas toque a boca para que não ocorra
contaminação.
- Antes e após cada dose, permaneça sem se alimentar por um intervalo mínimo de 15
minutos.
- O medicamento deve ficar longe de aparelhos eletrodomésticos ou que emitam radiação
(rádio, televisão, forno de microondas, geladeiras, computadores, telefones celulares, etc.).
- Ambientes úmidos ou expostos à luz solar direta, como também os locais que possuam
odores fortes de perfumes, sabonetes, produtos de limpeza, condimentos e outros
medicamentos (principalmente canforados) alteram o medicamento. Daí evitar guardá-lo em
bolsas com perfumes, celulares ou cigarros.
- Nas viagens de carro, procurar guardá-lo em sacolas térmicas, caixas de madeira ou isopor,
pois o sol e o calor forte do porta-luvas podem danificá-lo.
O Tratamento
Foi determinada uma data para o início do tratamento, onde todos deveriam iniciá-lo
tomando diariamente, via sublingual, cinco gotas do medicamento homeopático Arsenicum
álbum 30 CH em jejum, com ao menos trinta minutos de antecedência ao café da manhã.
O mesmo sistema foi utilizado com o grupo controle, utilizando-se a substância
placebo (solução hidroalcoólica 5%).
Acompanhamento do paciente
O odontólogo fez uma análise clínica inicial e tornou a fazê-la a cada retorno deste
paciente, sendo o primeiro após 15 dias e o segundo após 30 dias, contando da data de início
do tratamento.
Para acompanhar a evolução do paciente, interessaram ao odontólogo os sintomas
novos, o reaparecimento de sintomas antigos e a modificação dos sintomas atuais, no que se
referir à EAR.
Tanto o retorno de sintomas antigos quanto a agravação de cura indicaram um bom
prognóstico, trazendo ao odontólogo a certeza de que uma melhora evidente ocorreria. No
caso de sintomas novos importantes e incômodos, evidenciando uma evolução indesejada, o
medicamento deveria ser suspenso.
33
As alterações fizeram parte do resultado final, com o objetivo de se avaliar e
comprovar a relação desses "efeitos adversos" com a evolução e a melhoria dos casos,
sistematizados no modelo homeopático por meio das referidas observações prognósticas.
A utilização de substância inerte (placebo) foi usada em 50% dos pacientes, ou seja,
em vinte deles, a fim de se avaliar a melhora clínica observada frente ao efeito da consulta ou
do placebo.
Critérios para os resultados
Para a padronização e análise dos resultados, o diagnóstico e a coleta de dados clínicos
foram documentados pelos odontólogos, que utilizaram uma ficha especialmente desenhada
para este estudo, incluindo primordialmente a presença ou ausência de aftas (menores,
maiores e/ou herpetiformes), bem como o número delas e sua condição clínica.
No verso, os odontólogos anotaram as alterações diárias, registradas pelos pacientes. O
modelo da ficha pode ser visualizado no Anexo 1.
Considerações éticas
Aos pacientes incluídos foram apresentadas e discutidas as etapas da pesquisa, bem
como objetivos e métodos e lhes foi entregue um termo de consentimento livre e esclarecido
para que, após todas as explicações necessárias e demandas, fosse assinado pelos que
aceitassem participar (Anexo II).
Após a adesão da totalidade dos eleitos, estes ouviram o conteúdo do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido, acompanhando através da leitura e assinando-o logo após.
Estes pacientes receberam um cartão com os agendamentos dos três exames clínicos
que deveriam comparecer e foram acompanhados por um período de 30 (trinta) dias.
34
RESULTADOS
A idade média dos participantes dos dois grupos foi 34,6±16,35, com idades variando
de 9 até 63 anos. Vinte e oito (70,0%) pacientes eram do sexo feminino e 22 (30,0%) do sexo
masculino.
Indivíduos de ambos os grupos apresentaram aftas no exame inicial, pré - tratamento.
Para o grupo tratado, pode ser visto na Figura 4 o número de indivíduos com afta e a
involução deste número com o tratamento proposto.
20
20
20
20
18
15
18
16
14
1º dia
12
15º dia
10
30º dia
8
6
15
16
11
14
9
1º dia
15º dia
5
4
30º dia
0
2
0
pacientes com aftas
pacientes sem aftas
11
12
10
9
8
6
5
4
2
0
0
pacientes com aftas
pacientes sem aftas
Figura 4 – Distribuição do número de indivíduos com
Figura 5 - Distribuição do número de indivíduos
e sem afta (s) no primeiro atendimento, no 15º dia e
com e sem afta (s) no primeiro atendimento, no 15º
30º dia de tratamento, para o grupo tratado.
dia e 30º dia de tratamento, para o grupo controle.
Através da Figura 4 podemos observar que, dentre os vinte pacientes do grupo tratado,
segundo o critério de inclusão, todos apresentavam EAR no primeiro exame clínico,
diminuindo este número para 11(onze) após 15 dias (segundo exame clínico) e decrescendo
ainda mais após 30 dias do início (terceiro exame clínico), para apenas 5 (cinco) pacientes
com afta.
Para o grupo controle, os resultados podem ser vistos na figura 5.
35
O mesmo acontece com o número de pacientes do grupo controle, havendo uma
redução para 9 (nove) casos após 15 dias e para 5 (cinco) após mais 15 dias, apresentado na
Figura acima. Observamos ainda, o decréscimo mais gradativo no grupo tratado,
característico do tratamento homeopático, apesar de ser esperado um agravamento inicial.
Pode-se verificar, ainda, o número total de aftas identificadas nesses indivíduos, tanto
no grupo tratado como no grupo controle, no exame inicial, no exame realizado no 15º dia e
no exame realizado no 30º dia (Figuras 6 e 7, respectivamente para grupo tratado e controle).
35
34
35
30
30
25
25
17
20
AFTA MINOR
AFTA MAJOR
AFTA HERPETIFORME
35
20
AFTA MINOR
AFTA MAJOR
15
AFTA HERPETIFORME
10
5
5
1
5
0 0
0
0
1º dia
15º dia
9
10
5
4
18
15
1
0
30º dia
1º dia
0
0
0
0
15º dia
0
30º dia
Figura 6 - Distribuição do número de afta nos
Figura 7 - Distribuição do número de afta nos
indivíduos
indivíduos
do
grupo
tratado,
no
primeiro
atendimento, no 15º dia e 30º dia de tratamento.
do
grupo
controle,
no
primeiro
atendimento, no 15º dia e 30º dia de tratamento.
As cinco EARs herpetiformes apresentadas na Figura 6 se reduzem a zero em 15 dias
ou menos, não reincidindo por pelo menos mais 15 dias, demonstrando novamente, um bom
resultado do medicamento.
Para as aftas major no grupo tratado (Figura 6), obtém-se o esperado para
medicamentos homeopáticos, ou seja, inicia-se com uma lesão, aumenta para quatro - o que
traduz a agravação de cura - e no final dos 30 dias, reduz para zero. Mesmo partindo do
pressuposto que as três aftas major que aparecem após o primeiro exame (somando 4 no total)
possam ter surgido no período logo após o 1º exame clínico, estas – que demoram de 30 a 40
dias para desaparecer – devem ter cicatrizado em pouco mais que 15 dias.
36
Em relação ao número total de EARs, na sua forma minor , há um decréscimo também
gradativo para o grupo tratado e para o grupo controle, sendo que o primeiro finaliza com 5
(cinco) lesões e o segundo, com 9 (nove), demonstrando uma possível superioridade do
medicamento em relação ao placebo no que tange a afta minor, como pode ser visto nas
Figuras 6 e 7.
A única EAR major do grupo controle cicatriza antes do 2º exame clínico e não
reaparece por ao menos 15 dias (Figura 7). Esse resultado também pode ser atribuído ao efeito
placebo-nocebo, pois o paciente potencialmente considera em sua mente que, enquanto estiver
sendo “tratado” e acolhido, não terá aftas.
Já no grupo controle, não foram diagnosticadas aftas herpetiformes em nenhum dos casos.
Por fim, uma visão do conjunto dos dois grupos pode ser vista no gráfico das Figuras 8
e 9.
40
20
40
35
30
30
1º dia
25
15º dia
20
30º dia
15
15
11
20
20
10
10
9
100%
5
0
Pacientes com aftas
Pacientes sem aftas
5
5
5
10
0
20
20
55%
25%
100%
45%
25%
0
pré
experimental
15 dias exp.
30 dias exp.
pre placebo
15 dias
placebo
30 dias placebo
Figura 8 – Número de indivíduos, com e sem aftas,
Figura 9 - Número de indivíduos, com e sem aftas,
incluindo os dois grupos, no primeiro atendimento e
demonstrando os dois grupos em separado, no
nos exames realizados no 15º dia e no 30º dia.
primeiro atendimento e nos exames realizados no 15º
dia e no 30º dia.
Observando a Figura 8, que apresenta o número de pacientes dos dois grupos (tratado
e controle) com e sem EAR, vemos a diminuição do número de lesões ao longo do período.
Independente do que foi discutido, o fato é que, inicialmente, todos os 40 pacientes
apresentavam EAR e, ao final da pesquisa, apenas 10 deles ainda apresentavam tais lesões.
37
Entretanto, as Figuras 8 e 9 permitem demonstrar que, tanto no grupo experimental
como no grupo controle, há uma regular diminuição no número casos com lesões de EAR, o
que confirma a dificuldade de se atribuir exclusivamente ao medicamento o sucesso da
diminuição do número de casos com EAR.
38
DISCUSSÃO
Os gráficos demonstram que houve uma diminuição do número de pacientes com aftas
e também uma redução no número de ulcerações em cada paciente, tanto no grupo controle
como no grupo tratado. Entretanto, a figura 7 aponta um resultado diferenciado das demais
em relação ao número de aftas maiores nos indivíduos do grupo tratado, no primeiro
atendimento, no 15º dia e 30º dia de tratamento.
O resultado da contagem do número de aftas maiores, detectadas pelos odontólogos no
dia inicial da pesquisa, ou seja, antes do início do tratamento foi de uma lesão, aumentando
para quatro no 15º dia. Esse resultado pode ser atribuído ao medicamento, como efeito
esperado de todo tratamento homeopático, que é a agravação inicial de cura. Após 15 dias –
no 30º dia de tratamento – o número de aftas maiores cai para zero e, conforme análise
clínica, não deixou cicatriz, demonstrando a reação imunológica do organismo no combate às
ulcerações e na cicatrização da mucosa oral, provocada pela homeopatia, já que as aftas
maiores, se não tratadas, tendem a desaparecer entre 30 e 40 dias e freqüentemente deixam
cicatriz (ROGERS, 1997).
Nas demais figuras, observamos um decréscimo mais gradativo no grupo tratado,
característico do tratamento homeopático, apesar de ser esperado um agravamento inicial.
O número de pacientes com EAR diminui acentuadamente no grupo controle,
resultado este que pode ser imputado ao efeito muitas vezes encontrado em tratamento com
placebo, ou seja, promover a diminuição dos sintomas ou até mesmo a cura, por criar no
paciente a expectativa de melhora e a segurança por estar sendo atendido. De fato, como bem
refere Teixeira (2008) o fenômeno placebo-nocebo faz parte de qualquer tratamento
farmacológico relacionado aos chamados fatores inespecíficos, tais como a história e evolução
natural da doença, aspectos sócio-ambientais, variabilidade inter e intra-individual, desejo de
melhora, esperanças e crenças no tratamento e o estabelecimento de uma adequada relação
médico-paciente. Nesse sentido, convém ressaltar dois parágrafos do trabalho desse mesmo
autor, muito elucidativos para o entendimento dos achados no presente estudo:
Desta forma, os diversos fatores envolvidos na relação médico-paciente, do
acolhimento ao teor específico das declarações feitas pelo médico,
incrementados pelas promessas de cura globalizante e isenta de efeitos
colaterais intrínsecas ao modelo homeopático e a outras práticas médicas
não-convencionais, influenciando a expectativa do paciente por uma
melhora dos seus sintomas, podem desencadear efeitos significativos no
39
desfecho clínico de qualquer tratamento, alterando a atividade de
determinadas regiões cerebrais e a liberação de neurotransmissores
específicos.
Prometendo aos pacientes um equilíbrio geral (corpo-mente-espírito) sem os
inconvenientes das drogas convencionais, muitas vezes de forma dogmática,
exagerada e inconseqüente, a dinâmica semiológico-terapêutica homeopática
pode estimular um efeito placebo robusto da ordem de 25-45%, misturando
efeitos inespecíficos (expectativa consciente elevada, relação médicopaciente diferenciada etc.) ao efeito específico da reação vital curativa
despertada pelo medicamento homeopático corretamente individualizado.
(TEIXEIRA, 2008).
Outros trabalhos foram realizados comparando medicamentos homeopáticos com
tratamentos convencionais e que atestam a efetividade do primeiro (FERNÁNDEZ et a..,
2006). Estes autores concluem que:
“Fue notable el mejoramiento de los pacientes con la aplicación de
la homeopatía ya que con el tratamiento convencional teníamos que
esperar 14 días y ahora en solo 72 horas el 100% de la población
estudiada se curo además la medicación homeopática no tuvo ningún
efecto adverso existiendo gran diferencia con el tratamiento
convencional porque este ocasiona disímiles efectos colaterales”
(FERNANDÉZ, 2006).
Na mesma linha, Makeira et al. (2006), em seu trabalho sobre o tratamento
homeopático em estomatites recorrentes, realizado com o mesmo medicamento homeopático
Arsenicum album, na mesma potência e método, compara com outro medicamento
homeopático (Mercurius solubilis) e com o bórax e comprova a eficácia do Arsenicum álbum
em relação aos outros tratamentos, obtendo resultado significativo com predomínio de
resposta satisfatória.
40
CONCLUSÃO
Para as condições do estudo conclui-se que houve redução no número de lesões de
EAR em ambos os grupos estudados.
Considerando que a similaridade dos resultados em ambos os grupos, depreende-se
que não foi demonstrada a eficácia do medicamento homeopático no tratamento das
Estomatites Aftosas Recorrentes.
Serão necessários estudos de maior abrangência em número de pacientes e no tempo
de acompanhamento destes, para que se possa ter um resultado mais preciso quanto à eficácia
do Arsenicum álbum.
41
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FARMACÊUTICOS HOMEOPATAS. Manual de
normas técnicas para farmácia homeopática. 3.ed. Curitiba, PR, 2003.
AXELL C & HENRICSSON V - Association between recurrent aphthous ulcers and tobacco
habits. Journal of Dental Research, 93: 239-42, 1985.
BATELO, Celso. Efeito antioxidante in vitro dos medicamentos homeopaticos Arsenicum
album, Cuprum metallicum, Manganum e Zincum metallicum / In vitro antioxidant efect of
homeopathic medicines Arsenicum album, Cuprum metallicum, Manganum e Zincum
metallicum. Rev. homeopatia (Sao Paulo);69(1/4):27-38, 2004. ilus, tab, graf.
BAUGHMAN RA Recurrent aphthous stomatitis vs. recurrent herpes: do you know the
difference? J. Ala. Dent. Assoc, vol.80(1): 26-32, 1996.
Biblioteca virtual em saúde – www.bireme.br. Número do Registro: 26050, em 06/03/2009
CALABRESE L; Fleischer AB Thalidomide: current and potential clinical applications. Am.
J. Med., vol.108(6): 487-95, 2000
CARPENTER WM; Silverman S Over-the-counter products for oral ulcerations. J. Calif.
Dent. Assoc., vol.26(3): 199-201, mar 1998
CLAESSEN FA; Vos MJ; Simoons-Smit AM; Debets-Ossenkopp YJ; Perenboom RM
Manifestaties van histoplasmose. Ned Tijdschr Geneeskd, vol.144(25): 1201-5, 2000
EVERSOLE LR. Diseases of the oral mucous membranes In: MILLARD, D. & Mason, D.K.,
eds. World Workshop on Oral Medicine. Chicago: Year Publishes, 54-121, 1989.
EVERSOLE LR Immunopathogenesis of oral lichen planus and recurrent aphthous stomatitis.
Seminars in Cutaneous Medicine and Surgery, vol.16(4):284 -294,1997
FEDER HM Periodic fever, Aphthous stomatitis, adenits: a clinical review of a new
syndrome. Curr. Opin. Pediatr.,vol.12(3): 253-6, 2000.
42
FERNÁNEZ, A.C., FERNANDÈZ, G. L., FUENTES, G.T. Aplicación homeopática en
urgencias periodontales (aftas/GEHA) XVIII Forum Nacional Estudantil de Ciências Médicas
Septiembre 2005- abril 2006.
FICARRA G Oral ulcers in HIV- infected pacients: na update on epidemiology and diagnosis.
Oral Disease, 3 suppl 1: s183-9,1997 may
FILHO ACNN; Bettega SG; Lunedo S; Gortz F; Maestri JE; Abicalaffe MD Estomatite
Aftóide Recidivante: Revisão e Proposta de Protocolo no seu Atendimento. Arquivos da
Fundação Otorrinolaringologia, vol.3(4): 172-6, 1999
FRANCES C Dermato-mucosal manifestations of Behcet's disease. Ann. Med. Interne,
vol.150(7): 535-41, 1999 nov
FONTES, O.L. et al. Farmácia Homeopática. Teoria e prática. 2. ed. Barueri, SP, editora
Manole, 2005.
GRINSPAN, D. Enfermedades de la boca, Tomo II, Patología. Clínica y terapéutica de la
mucosa bucal, Mundi, Buenos Aires, 1973.
GURANSKA N; Urbaniak B; Lewkowicz P; Tchorzewski H Recurrent aphthous ulcers: the
etiology with special reference to immunological theories. Pol. Merkuriusz Lek, vol.8(44):
113-17, 2000.
HAHNEMANN S. Organon da Arte de Curar. Museu de homeopatia Abrahão Brickmann.
Ribeirão Preto, 1995. Trad. de Edméa M. Vilela e Izao Carneiro Soares.
HEFT M & WRAY D Anxiety levels in recurrent aphthous stomatitis (RAS) patients. Journal
of Dental Research. 39: 212-18, 1982
HORNSTEIN OP Aphthae and aphthous lesions of the mouth mucosa. HNO, vol.46(2): 10211, 1998.
LACOSTA Nicolas JL; MARTINEZ Iniguez JC Treatment of recurrent aphthous stomatitis:
A bibliografic review. Rev. Clin. Esp., vol.198(4): 234-36, 1998.
LATHOUD J.A, Matéria Médica Homeopática. Robe Editorial. São Paulo, S.P. 2002.
LEHNER, T. Progress report: oral ulceration and Behçet's syndrome. Gut. 18: 491-511, 1977.
43
MACPHAIL L Topical and Systemic Therapy for Recurrent Aphthous Stomatitis. Seminars
in Cutaneous Medicine and Surgery, vol. 16(4): 301-7, 1997.
McBRIDE D.R. Management of aphthous ulcers. Am. Physician, vol.62(1): 149-54, 160,
2000.
MAKEIRA, A.P Tratamento homeopático em La fase aguda de La estomatitis aftosa
recurrente. Archivo Médico de Camagüey 2006, 11 (6)
MEDINA LM; RUBIO JLC; GARCIA ET; CENTENO NO Utility of HLA Typing in the
Differencial Diagnosis of Severe Aphthosis and Behcet's disease. Dermatology, 280-1, 2000.
MIZIARA ID Estomatite Aftóide Recidivante. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia,
vol.61(5): 418, 1995
MURRAY LN; Amedee RG Recurrent aphthous stomatitis. J. La. State Med. Soc.,
vol.152(1): 10-4, jan 2000.
NUNEZ, Carmen; LOYA, Jorge Luis; VARGAS, Gonzalo; SERRANO, Maria Concepcion.
El Arsenicum album homeopatico como eliminador arsenico en paciente intoxicado
cronicamente / The homeopathic Arsenicum album as arsenic eliminator in cronically
intoxicated patient. Homeopatia Méx; 69(608):169-73, sept.-oct. 2000
PETERSEN MJ; Baughman RA Recurrent aphthous stomatitis: primary care management.
Nurse Pract., vol.21(5): 36-40, 42, 47, may 1996.
POPOVSKI J; Camisa C New and emerging therapies for diseases of the oral cavity.
Dermatologic clinics, vol.18(1):113-25, 2000.
PORTER SR; HEGARTY A; Kaliakatsouu F; Hodgson TA; Scully C Recurrent Aphthous
Stomatitis. Clinics in Dermatology, vol. 18: 569-578, 2000.
PORTER SR & SCULLY C Aphthous stomatitis an overview of aetiopathogenesis and
mamagement. Clinical and Experimental Dermatology, 16: 235-43, 1991.
PORTER SR & SCULLY C Primary immunodediciency. In: JONES, J.H. & MASON, D.K.,
eds. Oral Manifestations of Systemic Disease. London: Balliere Tindall, 112-62, 1990.
44
PORTER SR; SCULLY C C; FLINT SR Haematological status in recurrent aphthous
stomatitis compared with other oral disease. Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology.
66: 41-4, 1988
PORTER SR; SCULLY C; PEDERSEN A Recurrent aphthous stomatitis. Crit. Rev. Oral Bil.
Med.,vol.9(3): 306-321, 1998
REES TD; Binnie WH Recurrent aphthous stomatitis. Dermatol. Clin., vol.14(2):243-56, apr.
1996.
REICHART, P.A. Oral ulcerations in HIV infection. Oral Disease, 3 suppl 1: s180-2, may
1997.
ROGERS III RS Recurrent Aphthous Stomatitis: Clinical Characteristics and Associated
Systemic Disorders. Seminars in Cutaneous Medicine and Surgery, vol. 16(4): 278-83, 1997.
ROGERS III RS Recurrent Aphthous Stomatitis: Clinical Characteristics and Evidence for an
Immunopathogenesis. The Journal of Investigative Dermatology, vol.69: 499-509,1977. 40.
ROGERS RS Recurrent aphthous stomatitis in the diagnosis of Behcet's disease. Yonsei Med.
J., vol.38(6): 370-379, 1997 dec
SCULLY C; PORTER SR Aphthous Stomatitis: an overview of aetiopathogenesis and
management. Clinical and Experimental Dermatology, vol.16: 235-43, 1991
SHIP JA Recurrent aphthous stomatitis. An update. Oral Surg. Oral Med. Oral Pathol. Oral
Radiol. Endod., vol.81(2):141-47, feb 1996.
SIEGEL MA - Strategies for management of commonly encountered oral mucosal disorders.
J. Calif. Dent. Assoc., vol.27(3): 210-12, 215,218-19 passim, 1999.
SILVA MR; FERNANDES NC Afecções das Mucosas e Semimucosas. JBM , vol. 80(3): 50
66, 2001.
SOUZA, Bonato; PERES, A.F. Efeito dos medicamentos homeopáticos Sulphur e Arsenicum
album em algumas variáveis de crescimento. Seminário brasileiro sobre homeopatia na
agropecuária – 2006.
TEIXEIRA, M. Z. 2004. Panorama da pesquisa em homeopatia: iniciativas, dificuldades e
propostas. Diagnostico & Tratamento, 9, p. 98-104.
45
TEIXEIRA, M.Z. O Efeito Placebo na Prática Clínica Homeopática. Gazetinha Nº 28 –
Novembro de 2008. http://www.amhb.org.br/media/gazetinha/O_EFEITO_PLACEBO.doc
TORRAS H; LECHA M; MASCARO JM Thalidomide in the Treatment of Recuirrent,
Necrotic, and Giant Mucocutaneous Aphthae and Aphthosis. Arch. Dermatol., vol. 115: 63637, 1979.
TÜZÜN B; TÜZÜN Y; WOLF R Oral Disorders: Unapproved Treatments or Indications.
Clinics in Dermatology , vol. 18: 197-200, 2000.
UETA E; UMAZUME M; YAMAMOTO T; OSAKI T Leukocyte dysfunction in oral
mucous membrane diseases. J. Oral Pathol. Med.,(22):120-5, 1993.
Visão Acadêmica, Curitiba, v. 5, n. 2, p. 151 -158, Jul.- Dez./2004 - ISSN: 1518-5192
WEIDLE PJ Thalidomide for aphthous ulcers in pacients infected with the human
immunodeficiency virus. Am. J. Health Syst. Pharm., vol.53(4): 368, 371-2, 378, feb 1996.
WOO SB; SONIS ST Recurrent aphthous ulcers: a review of diagnosis and treatment. J. Am.
Dent. Assoc., vol.127(8): 1202-13, aug 1996.
WORMSER GP; MACK L; LENOX T et. al. Lack of effect of oral acyclovir on prevention
of aphthous stomatitis. Otolaryngology and Head and Neck Surgery. 98: 14-7, 1988.
WLHELMSEN, N.S.W; WEBER, R; O papel da imunofluorescência direta na fisiopatologia
e
no
diagnóstico
diferencial
da
estomatite
Otorrinolaringol. vol.74 no.3 São Paulo May/June 2008.
aftóide
recorrente.
Rev.
Bras.
46
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
BATISTA, M. T. V. Relação do Stress com o Aparecimento de Lesões na Cavidade Oral.
Medcenter: Estomatologia e Patologia Oral. Em 18 de setembro de 2007.
BELLON LEYVA, Susana; CALZADILLA MESA, Xiomara Maria. Efectividad del uso del
propóleo en el tratamiento de la estomatitis aftosa. Rev Cubana Estomatol , Ciudad de La
Habana, v. 44, n. 3, 2007.
BELLON LEYVA, Susana; CANO, Oneida. Evaluación clínica de la efectividad de bórax en
el tratamiento de la estomatitis aftosa. Rev Cubana Estomatol , Ciudad de La Habana, v.
43, n. 2, 2006.
CAMPOS, Shirley de. Otorrinolaringologia/ORL/Fono. Estomatite. Em 18 de setembro de
2007, 17h30.
DANTAS, Flávio. O que é Homeopatia. 4ª ed. São Paulo, Brasiliense, 1989. Col. Primeiros
Passos, v. 134
GOVERNO FEDERAL. Farmacopéia Homeopática Brasileira. 2.ed. São Paulo, SP, Andrei
editora S.A., 1977.
KENT, J. T. Matéria Médica Homeopática. Volume I e II. Buenos Aires, Editorial Albatroz,
1980.
KENT, J.T. Escritos Menores, Aforismos y Preceptos. Buenos Aires, Ed. Albatros, 1981.
LOTUFO, Mônica Andrade. SHIMIZU, Mario. CABRAL, Renata. BIRMAN, Esther
Goldberg. Clinical evaluation of the topical use of propolis in recurrent minor aphthous
ulceration. Cienc Odontol Bras 8 (3): 6-9, 2005.
ORTEGA, P. S. Introducción a la Medicina Homeopática: teoria y técnica. México, D.F.,
1992.
Pronto
Socorro
Homeopático.
Homeopatia
www.homeopatiaalmeidaprado.com.br, em 05/03/2009.
nas
urgências.
27/Mar/2002.
47
RAMOS, Marcia e Silva. Estomatite Aftosa Recorrente - Aftas como eu trato Dermatológica 1996; 5(19):14-16 - Jornal Brasileiro de Medicina 1999;77(5/6):35-38.
TEIXEIRA, M.Z. - Concepção Vitalista de Samuel Hahnemann . São Paulo, SP, Robe
editorial, 1997.
TEIXEIRA, M.Z. Estudo sobre doses e potências homeopáticas. Revista de Homeopatía.
1995; 60(1): 3-23.
TEIXEIRA, M.Z. Homeopatia: prática médica humanística. Revista de Homeopatía. 1995.
48
ANEXO 1
PACIENTE
Paciente
___
Medicamento___
DIAGNÓSTICO
DIAGNÓSTICO
DIAGNÓSTICO
INICIAL
15 DIAS
30 DIAS
Afta menor:
Afta menor:
Afta menor:
( ) Sim ( )Não
( ) Sim ( )Não
( ) Sim ( )Não
Quantidade:
Quantidade:
Quantidade:
( )1 ( )2 ( )3
( )1 ( )2 ( )3
( )1 ( )2 ( )3
( )4 ( )mais
( )4 ( )mais
( )4 ( )mais
Afta maior:
Afta maior:
Afta maior:
( ) Sim ( )Não
( ) Sim ( )Não
( ) Sim ( )Não
Quantidade:
Quantidade:
Quantidade:
( )1 ( )2 ( )3
( )1 ( )2 ( )3
( )1 ( )2 ( )3
( )4 ( )mais
( )4 ( )mais
( )4 ( )mais
Afta herpetiforme:
Afta herpetiforme:
Afta herpetiforme:
( ) Sim ( )Não
( ) Sim ( )Não
( ) Sim ( )Não
Quantidade:
Quantidade:
Quantidade:
( )1 ( )2 ( )3
( )1 ( )2 ( )3
( )1 ( )2 ( )3
( )4 ( )mais
( )4
( )4 ( )mais
( )mais
49
ANEXO 2
TERMO DE CONSENTIMENTO
Título do Projeto: ESTUDO DA AÇÃO DO MEDICAMENTO ARSENICUM ALBUM NA
MUCOSA ORAL ACOMETIDA POR ESTOMATITE AFTOSA RECORRENTE
Endereço completo e telefone:
Pesquisador responsável: Alessandra Müzel Ibrahim Proença
Local em que será desenvolvida a pesquisa: Programa Saúde Bucal de Itapeva - SP
Itens:
•
Resumo:
A afta é uma patologia bastante comum, atingindo grande parte da população e usualmente
produzem dor e desconforto.
De acordo com os dentistas do Programa Saúde Bucal de Itapeva, nenhum dos tratamentos
utilizados até hoje surtiram efeito esperado. Este fato justifica a necessidade de se desenvolver
mais trabalhos nesta área.
Faremos uma experiência usando um tratamento homeopático durante 30 dias, sem custos ao
paciente. Para fins comparativos, alguns dos frascos distribuídos aleatoriamente não conterão
medicamento, somente substância inerte.
O paciente deverá, diariamente, colocar 5 gotas do conteúdo do frasco em baixo da língua,
logo que acordar, devendo esperar meia hora para tomar o café da manhã ou escovar os
dentes.
Após 15 dias do uso do medicamento, o dentista fará uma segunda consulta para avaliar os
resultados (cura das aftas ou aparecimento de outras).
Após 30 dias, o dentista realizará uma última consulta para avaliação do resultado do
tratamento.
Qualquer alteração na mucosa oral ou efeito indesejado que ocorrer durante os 30 dias de
tratamento, deverá ser levado ao conhecimento do respectivo odontólogo, para que este
realize exame clínico e dê continuidade, ou não, ao tratamento neste paciente.
•
Após a seleção dos participantes, apresentaremos um questionário com perguntas de
identificação e de caracterização da atividade do entrevistado, sendo que nenhuma delas é de
caráter sigiloso ou constrangedor à individualidade do entrevistado. Posteriormente,
solicitaremos ao selecionado participar de exames clínicos, os quais são indolores, não
causam danos físicos ou situação de estresse, além de não ser necessário o desnudamento do
indivíduo.
•
Riscos e Benefícios: Neste experimento os riscos são mínimos, pois a dosagem
terapêutica do medicamento homeopático utilizado é distante da dosagem tóxica, não havendo
perigo de intoxicação, se ingerida adequadamente. Os benefícios poderão ocorrer, pois o
paciente receberá acompanhamento do seu próprio dentista e, sendo tratado com
medicamento ou não durante a pesquisa, receberá atenção efetiva, podendo ter alívio de seu
desconforto, além de contribuir para a pesquisa científica.
•
Custos e Pagamentos: Por parte do selecionado, não incorrerá nenhum custo nem
encargos adicionais à sua participação na pesquisa.
50
•
Confidencialidade
Eu..................................................................................................................................................
.............................. entendo que qualquer informação obtida sobre mim, será confidencial. Eu
também entendo que meus registros de pesquisa estão disponíveis para revisão dos
pesquisadores. Esclareceram-me que minha identidade não será revelada em nenhuma
publicação desta pesquisa; por conseguinte, consinto na publicação para propósitos
científicos.
•
Direito de Desistência
Eu entendo que estou livre para recusar minha participação neste estudo ou para desistir a
qualquer momento e que a minha decisão não afetará adversamente meu tratamento na clínica
ou causar perda de benefícios para os quais eu poderei ser indicado.
•
Consentimento Voluntário.
Eu certifico que li ou foi-me lido o texto de consentimento e entendi seu conteúdo. Uma cópia
deste formulário ser-me-á fornecida. Minha assinatura demonstra que concordei livremente
em participar deste estudo.
Assinatura do participante da pesquisa:..................................................
Data: ........../.........../200
Eu certifico que expliquei a(o) Sr.(a)
......................................................................................................................................................
acima, a natureza, propósito, benefícios e possíveis riscos associados à sua participação nesta
pesquisa, que respondi todas as questões que me foram feitas e testemunhei assinatura acima.
Assinatura do Pesquisador Responsável:....................................
Data: ........../.........../200
51
ANEXO 3
AO PACIENTE_________________________________________
O TRATAMENTO
5 gotas do conteúdo do frasco
Todos ou dias (30 dias)
Embaixo da língua
Em jejum
CUIDADOS COM O MEDICAMENTO
- Manter os vidros bem fechados;
- Pingar o conteúdo do frasco embaixo da língua sem deixar encostar nos lábios ou na mão;
- Não comer nem escovar os dentes meia hora antes e meia hora depois de tomar a dose;
- Guardar na cabeceira da cama, longe do rádio, da televisão, do celular do sol, de perfumes,
material de limpeza, gelol, vick, cânfora ou naftalina;
- Se for viajar, levar o remédio em caixa de madeira ou isopor.
ACOMPANHAMENTO DO PACIENTE
Você deverá voltar ao dentista nos dias:
____/____/2008 e
____/____/2008
Deverá também contar a ele o que sentiu, se coçou, ardeu, aumentou, diminuiu, sangrou ou se
melhorou.
ITAPEVA, 20 DE SETEMBRO DE 2007
DECLARAÇÃO DE CIÊNCIA E CONCORDÂNCIA
Eu, Célia Regina de Almeida, coordenadora do Programa Saúde Bucal
do município de Itapeva – SP, declaro para os devidos fins que estou ciente e
concordo com a pesquisa a ser realizada pela mestranda Alessandra Müzel
Ibrahim Proença neste programa, sobre o tema: “CICATRIZAÇÃO DA
MUCOSA ORAL ACOMETIDA POR ESTOMATITE AFTOSA RECORRENTE
FRENTE AO MEDICAMENTO ARSENICUM ALBUM”, envolvendo quatro
odontólogos colaboradores e sessenta pacientes.
_______________________________
Célia Regina de Almeida
Coordenadora do Programa Saúde Bucal
TERMO DE CONSENTIMENTO
Título do Projeto: Cicatrização da mucosa oral acometida por estomatite aftosa recorrente frente
ao medicamento Arsenicum album.
Endereço: Rua José Vitorino de Oliveira, 36 – Vila Ophélia – Itapeva-SP
Telefone : (15) 3521 3401
Pesquisador responsável: Alessandra Müzel Ibrahim Proença
Local em que será desenvolvida a pesquisa: Saúde Bucal do município de Itapeva
Resumo: Afta, é uma doença comum, que atinge 30% da população. A afta ocorre na boca, em
forma de bolinhas avermelhadas ou esbranquiçadas, podendo ser grandes ou pequenas, únicas ou
múltiplas e causam dor.
Saram sozinhas em uma semana ou quinze dias e geralmente reaparecem.
Ainda não se tem um remédio que previna a afta, portanto, experimentaremos o remédio homeopático
Arsenicum álbum durante 30 dias para tentarmos prevenir a afta ou evitar o reaparecimento dela com tanta
freqüência.
•
Riscos e Benefícios: Pode haver uma leve piora inicial com melhora posterior; o remédio pode
não curar a afta ou não evitar que ela reapareça; o remédio pode evitar que a afta reapareça e/ ou curar as já
existentes, dependendo da resposta de cada paciente.
•
•
Custos e Pagamentos: Não há custo nenhum para o paciente. Sua única responsabilidade é de
fazer o tratamento correto e informar ao dentista toda e qualquer alteração na boca.
•
Confidencialidade
Eu________________________________ entendo que, qualquer informação obtida sobre mim, será
confidencial. Eu também entendo que meus registros de pesquisa estão disponíveis para revisão dos
pesquisadores. Esclareceram-me que minha identidade não será revelada em nenhuma publicação desta
pesquisa; por conseguinte, consinto na publicação para propósitos científicos.
•
Direito de Desistência
Eu entendo que estou livre para recusar minha participação neste estudo ou para desistir a qualquer
momento e que a minha decisão não afetará adversamente meu tratamento na clínica ou causar perda de
benefícios para os quais eu poderei ser indicado.
•
Consentimento Voluntário.
Eu certifico que li ou foi-me lido o texto de consentimento e entendi seu conteúdo. Minha assinatura
demonstra que concordei livremente em participar deste estudo.
Assinatura do participante da pesquisa: _______________________________________________
Data: _____/_____/2008
Eu certifico que expliquei a(o) Sr.(a) ________________________________, acima, a natureza,
propósito, benefícios e possíveis riscos associados à sua participação nesta pesquisa, que respondi todas as
questões que me foram feitas e testemunhei assinatura acima.
Assinatura do Pesquisador Responsável: ________________________________
Data: _____/_____/2008
Download