Universidade do Sagrado Coração ALESSANDRA MÜZEL IBRAHIM PROENÇA ESTUDO DA AÇÃO DO MEDICAMENTO ARSENICUM ALBUM NA MUCOSA ORAL ACOMETIDA POR ESTOMATITE AFTOSA RECORRENTE BAURU 2009 Universidade do Sagrado Coração ALESSANDRA MÜZEL IBRAHIM PROENÇA ESTUDO DA AÇÃO DO MEDICAMENTO ARSENICUM ALBUM NA MUCOSA ORAL ACOMETIDA POR ESTOMATITE AFTOSA RECORRENTE Dissertação apresentada à Pró-reitoria de Pósgraduação como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Odontologia, área de concentração: Saúde Coletiva Oral, sob a orientação do Prof. Dr. Marcos da Cunha Lopes Virmond Bauru 2009 Proença, Alessandra Müzel Ibrahim P96429e Estudo da ação do medicamento Arsenicum Album na mucosa oral acometida por estomatite aftosa recorrente / Alessandra Müzel Ibrahim Proença – 2009. 59f. Orientador: Prof. Dr. Marcos da Cunha Lopes Virmond. Dissertação (Mestrado em Odontologia – área de concentração : Saúde Coletiva Oral) - Universidade do Sagrado Coração - Bauru - SP. 1. Estomatite aftosa recorrente. 2. Aftas. 3. Lesões da EAR. I. Virmond, Marcos da Cunha Lopes II. Título Banca Resultado: APROVADA Bauru/USC, 03/04/2009 Profª. Drª. Célia Regina Maganha e Melo Assinatura:______________ Profª. Drª. Maria Helena Cappo Bianco Assinatura:______________ Prof. Dr. Marcos da Cunha Lopes Virmond Assinatura:______________ SUMÁRIO Introdução ........................................................................01 Objetivo ...........................................................................24 Metodologia.....................................................................25 Resultados .......................................................................34 Discussão ........................................................................38 Conclusão ........................................................................40 Referências Bibliográficas................................................41 Anexo 1............................................................................48 Anexo 2............................................................................49 Anexo 3............................................................................51 1 INTRODUÇÃO A estomatite aftosa recorrente (EAR), conhecida popularmente como afta, é uma patologia bastante comum, que afeta a mucosa oral e acomete mais de 10% da população mundial. (MURRAY, 2000; VISÃO ACADÊMICA, 2004; SHIP, 1996). Alguns fatores locais e sistêmicos podem estar associados à doença e se tem evidência de que uma base imunogenética pode estar presente (SCULLY, 1991). As afecções são classificadas em três formas: afta vulgar, minor ou menor, afta grave, major ou maior e afta herpetiforme (SHIP, 1996; SCULLY, 1991). Conceito A EAR se caracterizada pelo aparecimento de lesões ulcerativas em qualquer região da mucosa oral; a EAR é uma afecção crônica de ocorrência comum, podendo variar em tamanho, quantidade e localização. (MURRAY, 2000; SCULLY, 1991; PETERSEN, 1996; PORTER,1998). Resolvem-se, normalmente, de maneira espontânea podendo apresentar caráter recorrente. (SCULLY, 1991; ROGERS, 1997). A causa da afta até hoje não está esclarecida. São vários os possíveis fatores, sendo os mais prováveis: alergias alimentares, predisposição genética, doenças do sangue, alterações hormonais, má nutrição, irritações provocadas por dentes quebrados, próteses mal adaptadas e estresse (SCULLY, 1991). Epidemiologia A Estomatite Aftosa Recorrente (EAR), a Afta, é uma afecção bastante comum da mucosa oral, com indicação de ocorrência muito variada e afetando qualquer idade. É muito freqüente na América do Norte e rara nos árabes (SCULLY, 1991; ROGERS, 1997). Existem estimativas que 20% da população em geral terá EAR antes da idade adulta (ROGERS, 1997) A recorrência das afecções, sua freqüência e severidade aumentam com o avanço da idade (ROGERS, 1997; PORTER, 2000). Outra característica é ser doença da classe média e alta, em especial de profissionais de bom nível cultural (PORTER, 2000; SILVA, 2001). Indivíduos ou grupos populacionais que têm grandes responsabilidades em suas atividades apresentam prevalência de EAR aumentada em 50% (ROGERS, 1997; ROGERS, 1997). As 2 mulheres, além de deterem a maior freqüência, quando apresentam afta recorrente, têm maior número de lesões do que os homens acometidos pela patologia (ROGERS, 1997). Etiopatogenia Pouco se conhece sobre a etiopatogenia da EAR. Causada por mecanismos distintos, geralmente de natureza imunológica, a EAR consiste ainda em uma preocupação clínica, pois sua causa e tratamentos permanecem obscuros. (PORTER,1998; HORNSTEIN, 1998). Fatores predisponentes e condições associadas também podem ser atribuídos ao desenvolvimento da afecção (ROGERS, 1997; SILVA, 2001; FILHO, 1999). Dentre as causas mais comuns do aparecimento das lesões, podemos destacar: Trauma local As áreas da mucosa oral acometidas por EAR são aquelas mais sensíveis. De fato, a lesão se instala em areas pouco queratinizadas (ROGERS, 1997). Pacientes, clínicos e estudiosos relatam o trauma físico como fator desencadeante das lesões. Os pacientes apontam como causas mais comuns do traumatismo próteses mal adaptadas, escovação dentária, fio dental, dentes quebrados, goma de mascar, alimentos duros, aparelhos ortodônticos e tratamentos dentários. (ROGERS, 1997; MIZIARA, 1995) Estado emocional Relatos demonstram que 60% dos casos de aparecimento das EARs e 21% da reincidência destas ulcerações são precedidas por estresse emocional (ROGERS, 1997; MIZIARA, 1995; PORTER, 2000). Todavia, poucos estudos permitem comprovar esta ligação. (SCULLY, 1991; PORTER, 2000; HEFT, 1982). Tabagismo Curiosamente, a diminuição da incidência e severidade de EAR é reconhecidamente relacionada ao fumo. (AXELL, 1985; MIZIARA, 1995). Dorsey sugere que a hiperqueratose da mucosa provocada pelo tabaco, atua como fator de proteção local às lesões (ROGERS, 1997). Bánóczy e Sallay sugerem que a diminuição da queratinização da mucosa contribui para a ocorrência das EARs (ROGERS, 1997). Entretanto, o tabagismo predispõem doenças 3 cardiovasculares, neoplasias e doenças pulmonares, não podendo ser incentivado por profissionais da saúde (GUARANSKA, 2000). Ciclo menstrual Uma revisão de literatura foi realizada por McCartan e Sullivan, que não encontraram associações entre EAR e o hormônio sexual feminino (ROGERS, 1997; PORTER, 2000). Todavia, a administração de estrogênio diminui a incidência de EAR em alguns pacientes (ROGERS, 1997). Agentes biológicos Estudos indicaram que o Streptococcus viridans não é específico para EAR (PORTER, 2000); porém, uma associação entre EAR e a bactéria foi sugerida em sua patogênese. A bactéria agiria como antígeno estimulando uma reação imunológica. Scully et al. relata a presença de Helicobacter pilori em tecido lesional e através do PCR em 72% das lesões examinadas, mas a frequência de anticorpos Ig G para H. pilori não se mostrou aumentada nestes pacientes (PORTER, 2000). Dentre os vírus apontados como agentes virais causadores da EAR, estão: o vírus Herpes simples (HSV), o vírus Varicela zoster, o vírus Epstein- Barr, o Citomegalovírus e o Adenovírus (ROGERS, 1997). Estudos comprovaram que poucos pacientes com EAR são soropositivos. Apesar de muitos pacientes apresentarem anticorpos Ig M para HHV-6, o DNA do Herpes vírus humano-6 (HHV-6) não foi detectado na maioria das lesões de EAR (PORTER, 2000). Agentes antivirais efetivos contra o HSV, como o aciclovir, não demonstram ter efeitos eficazes contra a EAR (WORMSER, 1988). Fatores genéticos Mais de 40% dos pacientes acometidos por EAR têm história familiar e apresentam úlceras orais precocemente e com sintomas mais acentuados do que aqueles que não apresentam antecedentes com a lesão (PORTER, 2000). Gêmeos idênticos também apresentam maior incidência de EAR (ROGERS, 1997; (PORTER, 2000; LEHNER, 1977). Porém não há associação consistente entre EAR e fatores genéticos (PORTER, 2000). Deficiências nutricionais 4 Estudos demonstram que pacientes com deficiência hematológica de ferro, zinco, ácido fólico ou vitaminas B1, B2 ,B6 e B12 apresentam duas vezes mais EAR do que naqueles sem deficiências (PORTER, 1988; PORTER, 2000; MACPHAIL, 1997). A reposição nutricional com as vitaminas B1, B2 e B6, segundo Nolan et al., provocam melhora significativa nas EARs (FICARRA, 1997). Sensibilidade alimentar Alguns pacientes correlacionam o surgimento de úlceras orais com a ingestão de certos alimentos, tais como frutas ácidas, leite, ovos, chocolate, glúten, ácido benzóico, ácido sórbico, cinamaldeído e corantes (ROGERS, 1997; PORTER, 2000; MIZIARA, 1995). Em alguns casos, dietas específicas provocam melhora nos casos de EAR (PORTER, 2000). Sistema imune Estudos do sangue de pessoas aparentemente saudáveis, acometidas por EAR, sugerem um distúrbio da imunidade celular envolvendo linfócitos T como um fator desencadeante (UETA, 1993), apesar do antígeno responsável pelo início do processo permanecer indefinido (ROGERS, 1997). Doenças sistêmicas associadas As possíveis doenças associadas às lesões da mucosa oral são: úlcera aguda da vulva, Doença de Behçet (FRANCES, 1999; MEDINA, 2000; REES, 1996; ROGERS, 1997), Síndrome MAGIC (úlceras orais e genitais com inflamação de cartilagem), síndrome FAPA febre, aftose, faringite e adenite (FEDER, 2000), síndrome Sweet (SCULLY, 1991), neutropenia cíclica, ulceração aftosa-like da SIDA (CLAESSEN, 2000; PORTER, 1990), deficiências hemáticas, enteropatia glúten-sensível (doença celíaca), doença inflamatória intestinal e síndrome de Reiter (MACPHAIL, 1997, ROGERS, 1997, TÜZÜN, 2000), além de doenças dermatológicas, sistêmicas ou neoplasmas ocultos (SIEGEL, 1999). As doenças gastrointestinais foram, por muito tempo, associadas às EARs. As úlceras podem preceder, coexistir ou provocar a piora de doenças inflamatórias intestinais. (ROGERS, 1997). 5 Formas de EAR As EARS podem se apresentar em três formas, sendo a mais prevalente a EAR menor, vulgar ou minor, com pequenas ulcerações definidas, arredondadas, que são dolorosas e cicatrizam em 10 a 14 dias. Afetam a mucosa oral, exceto gengiva e palato duro. Geralmente apresentam úlceras únicas, de aspecto oval, medindo menos de 1 cm de diâmetro (SCULLY, 1991; ROGERS, 1997; EVERSOLE, 1997). Este tipo provoca, no início e por cerca de 24 a 48 horas, pequeno desconforto local, após o que surge lesão avermelhada, pequena e circunscrita. A seguir, ocorre necrose local, com dor intensa, aparecendo uma úlcera arredondada, bem definida, geralmente com 2 a 5 mm de diâmetro, relativamente profunda, isto é, entre 1 e 2 mm, com base amarelada, mostrando o tecido necrótico ao centro. As bordas são discretamente endurecidas, e a área em torno fica eritematosa. Pode ocorrer infecção bacteriana, o que retarda seu desaparecimento. A duração média da ulceração é de cinco a sete dias, e sua involução completa-se em, no máximo, nos próximos quatro dias, sem deixar cicatriz. (SCULLY, 1991; ROGERS, 1997; EVERSOLE, 1989; EVERSOLE, 1997). Figura 1 – Estomatite Aftosa Minor Fonte: Wilhelmsen, N.S.W; Weber, R (2008) 6 Na forma grave, maior ou major, as lesões são maiores, apresentando múltiplas úlceras ovais medindo 0.5 a 2cm, crateriformes; são muito doloridas, afetam qualquer área intra-oral, costumam durar entre 30 e 40 dias e freqüentemente deixam cicatriz (ROGERS, 1997). Sua ocorrência é rara, porém de curso mais severo. Representam 10 a 15% dos casos de EAR. Crônica, aparece geralmente após a puberdade, persistindo por 20 anos ou mais. (SCULLY, 1991; ROGERS, 1997). Figura 2 – Estomatite Aftosa Major Fonte: www.bioprogressiva.com.br/portal/includes_pop A terceira forma é a herpetiforme caracterizada pela presença de múltiplas lesões de tamanho menor, variando de 1 a 3 milímetros de diâmetro e extremamente dolorosas. Em alguns casos podem ocorrer até 100 úlceras ao mesmo tempo. É a forma menos comum e atinge 5 a 10% dos pacientes com EAR. Surgem na ponta da língua e no assoalho da boca que podem coalescer e duram de 7 a 10 dias (SCULLY, 1991; ROGERS, 1997; MACPHAIL, 1997; PORTER, 2000). Podem aparecer em qualquer área da cavidade oral, com maior freqüência em pessoas do sexo feminino e de idade mais avançada quando comparada às outras formas (SCULLY, 1991). Estas lesões levam de 7 a 30 dias para curar, podendo deixar cicatrizes. Esta forma de afta bucal é um dos sinais da Síndrome de Behçet, caracterizada por aftas bucais pequenas (úlceras), úlceras genitais, lesões oculares e cutâneas (ROGERS, 1997). 7 Todas as formas têm chance de reincidência em poucos dias ou semanas. Na maioria dos casos, se resolvem espontaneamente (ROGERS, 1977). Figura 3 – Estomatite Aftosa Herpetiforme Fonte: www.guiadelodontologo.com.uy/Paginas/tap_122.asp Evolução Stanley dividiu evolução natural das ulcerações de EAR em quatro estágios: prodrômico (estágio 1), pré-ulcerativo (estágio 2), ulcerativo (estágio 3) e cicatricial - estágio 4 (PORTER, 1977). No primeiro estágio, mesmo com a ausência de manifestação clínica e não acometendo a totalidade dos pacientes, existem relatos de formigamento, ardência, dor e hiperemia locais, nas primeiras 24 horas antes do aparecimento das lesões (PORTER, 1977). Microscopicamente, surge o edema devido ás células mononucleares, que começam a infiltrar (ROGERS, 1997). O estágio 2 ou pré-ulcerativo, a dor é mais intensa e permanece por até 3 dias. O estágio 3 ou ulcerativo pode durar de 1 a 16 dias. Clinicamente, as úlceras só vão atingir o seu tamanho máximo entre o quarto e o sexto dia após o aparecimento das lesões, que são gradativamente recobertas por uma membrana cinza ou amarelada, rodeadas por um halo eritematoso. Após 2 ou 3 dias a dor cessa, ficando apenas a sensação de desconforto. O último estágio ou cicatricial pode durar de 4 a 35 dias. As lesões então saram sem deixar cicatriz (PORTER, 1977; ROGERS, 1997). 8 Tratamento Apesar das constantes pesquisas, a EAR consiste ainda em uma preocupação clínica, pois sua causa e tratamentos permanecem obscuros. O tratamento é sempre precedido de uma avaliação clinico laboratorial completa do paciente e a prescrição é individualizada, sendo inicialmente voltada para a regressão da sintomatologia e depois para se evitar as freqüentes repetições (POPOVSKI, 2000). O número, localização, tamanho e duração das EARs, bem como grau de desconforto, efeito durante a alimentação e qualidade de vida dos pacientes devem ser avaliados. No caso das EARs se apresentarem com severidade e/ou com alto grau de incidência, existe a possibilidade das lesões estarem associadas com doenças sistêmicas assintomáticas e este quadro deve ser considerado (BAUGHMAN, 1996; MACPHAIL, 1997). Muitas opções são usadas para o tratamento da EAR: observação, tratamento da doença sistêmica, medicações sistêmicas e tópicas, transformação da úlcera aftosa em ferida e tratamento paliativo. A relação médico/paciente é primordial, em especial para a detecção de problemas psicológicos, que podem exacerbar o quadro (MACPHAIL, 1997). Quando as lesões são pequenas, provocam pouca dor e desconforto, podendo-se optar por deixar a lesão involuir espontaneamente (MACPHAIL, 1997). Tratamento sistêmico Dada a eficácia limitada dos agentes tópicos, é necessário o tratamento através de imunossupressão sistêmica, quando o paciente apresenta muita dor e/ou quando a lesão dura muito tempo ( PORTER, 2000). O medicamento mais usado neste caso é o corticóide, mas outros como a colchicina, a pentoxifilina, a dapsona, e a talidomida também são empregados. Se estes agentes forem usados no primeiro estágio da doença, podem impedir a formação das lesões. (MACPHAIL, 1997; MCBRIDE, 2000). Um corticóide bastante efetivo que tem sido usado no tratamento de EAR é a prednisona, pois se tem mostrado eficaz e seguro em crianças e adultos com SIDA ou HIV+ que tenha EAR maior debilitante ou úlceras não específicas. A prednisona é usada durante 4 ou 5 dias, na dose de 60–80mg/dia, ou por mais de uma semana com redução gradativa, podendo ser associada ao corticóide tópico, injeção intralesional de acetonida de triancinolona e analgésicos como lidocaína gel, anti-inflamatório não esteroidal ou narcóticos (LACOSTA, 1998; MACPHAIL, 1997). 9 A colchicina é utilizada na dose de 1,5 mg/dia durante 2 meses, promovendo a diminuição da dor e freqüência das lesões, mas seu uso por longo tempo pode culminar na infertilidade de pacientes jovens. Em alguns casos, a talidomida foi combinada com este tratamento, trazendo benefícios para a cura da EAR (POPOVSKI, 2000; PORTER, 2000; TÜZÜN, 2000). A pentoxifilina, usada na dose de 400mg 3x/dia pelo período de trinta dias, promove a redução de lesões de EAR por mais de 9 meses. Contudo, não é confirmada a redução da recorrência da afeção após a suspensão do tratamento (POPOVSKI, 2000). Para o tratamento com dapsona, os pacientes devem dosar a glicose-6-fosfato desidrogenase antes e se apresentarem deficiência desta enzima não deverão fazer uso do medicamento, pelo risco de anemia hemolítica. A dapsona é usada na dose de 100 a 200 mg/dia, para induzir a remissão das ulcerações. O grau de hemólise é reduzido quando o tratamento é associado à vitamina E, na dose diária 800 IU, que é antioxidante (POPOVSKI, 2000). A talidomida é um tratamento também efetivo contra a EAR severa, na dose de 100mg/dia, pois promoveu remissão em quase 50% dos pacientes tratados em um estudo (FILHO, 1999; MACPHAIL, 1997; POPOVSKI, 2000; PORTER, 2000; TORRAS, 1979) Estudos abertos e duplo-cego demonstraram a eficácia da talidomida também em pacientes HIV+ com úlceras na mucosa oral (CALABRESE, 2000; PORTER, 2000). No entanto, as reações adversas da talidomida (sedação, neuropatia, diminuição da libido, constipação, e teratogenicidade) devem ser consideradas (LACOSTA, 1998; MACPHAIL, 1997; CALABRESE, 2000; PORTER, 2000). Outros agentes como o interferon alfa humano (IFN-alfa) 1200 UI/dia são utilizados através de bochechos para diminuir lesões em EARs menores. Grinspan sugere a administração intramuscular de gamaglobulina na dose de 800UI para melhorar o surto. Para evitar recidivas, é primordial a suspensão de certos alimentos e é sugerida a gamaglobulina injetável em pequenas doses de 30UI por via subcutânea, três vezes por semana, por, pelo menos, dois meses. Resultados surpreendentes têm sido obtidos com a talidomida, 100 a 300mg ao dia, por um mês ou mais. A dose deve ser reduzida até 50mg ou suspensa para ser reiniciada em casos de recidiva. Pode também ser administrada em séries de 15 dias, alternadas com quinzenas sem a medicação (PORTER, 2000; GRINSPAN, 1973). 10 Tratamento tópico O tratamento com medicação tópica é preferido devido ao fato de apresentar poucos efeitos colaterais e interações medicamentosas (CARPENTER, 1998; MACPHAIL, 1997). Os diferentes corticóides tópicos podem reduzir os sintomas da EAR (PORTER, 2000). O acetonido de triancinolona, em orabase é bastante utilizado (FILHO, 1999; TÜZÜN, 2000). O composto pode ser combinado com corticosteróides como fluonamida, clobetasol ou halbetasol (MACPHAIL, 1997). Corticosteróide líquido como elixir de dexametasona, gargarejos ou bochechos, é utilizado no quadro de lesões múltiplas ou quando estão localizadas no palato mole ou na orofaringe (MACPHAIL, 1997). Úlceras de difícil alcance podem ser tratadas com aerosol spray de dipropionato de beclometasona (MACPHAIL, 1997; FILHO, 1999). Outros tratamentos para a afta podem incluir o própolis que parece dar resultados animadores (LOTUFO, 2006; BELLON LEYVA, 2007), o mesmo ocorrendo com o Borax Veneta (BELLON LEYVA, 2006). Os anti-sépticos têm seu lugar nesses processos, já que evitam a infecção secundária. Entre eles é utilizado o clorhexidine em bochechos. Entretanto, pode causar mancha dental e hálito amargo. Entre os antibióticos são usadas, especialmente, a tetraciclina, na concentração de 250mg em 10ml de água, quatro vezes ao dia, e a aureomicina, 250mg em 10ml de água, três vezes ao dia, ambas para bochechos, com bom resultado, levando de cinco a dez dias para o efeito e involução completa, mas podem causar candidíase oral e sensação de queimação na faringe, além de provocar danos dentários em crianças (FILHO, 1999; MACPHAIL, 1997; PORTER, 2000). Os anestésicos tópicos melhoram a sensação de dor e o desconforto. Gel de lidocaína é utilizado para trazer alívio momentâneo (CARPENTER, 1998; PORTER, 2000). Outros agentes tópicos são utilizados no tratamento da EAR, como pastilhas de cromoglicato de sódio, que promove ligeiro alívio dos sintomas. O antisséptico bucal carbenoxolone de sódio pode diminuir a severidade das lesões (PORTER, 2000). A cimetidina também pode ser eficaz, em casos cuja causa é problema gástrico (PORTER, 2000). 11 Outros procedimentos terapêuticos Alguns métodos transformam as ulcerações em queimaduras, que se curam espontaneamente. Dentre eles estão a biópsia, a cauterização com nitrato de prata ou com formol, ou a cauterização térmica (ablação a laser). Não se recomenda tal prática por causar dano aos tecidos normais (FILHO, 1999; MACPHAIL, 1997; PORTER, 2000). Homeopatia O criador Christian Friedrish Samuel Hahneman (1755-1843), médico alemão de formação tradicional que se encontrava descontente com a forma de atuação da medicina de seu tempo, quando os tratamentos utilizados nesta época tinham uma conotação um tanto radical com o uso de sangrias, cáusticos e laxantes. Desistiu, então, daquela medicina que não o convencia e se dedicou à tradução de livros, mas ainda da área médica, como profissão para seu sustento. A idéia inicial que despertou Hahnemann para a nova e particular tendência médica, foi a tradução de um artigo de Cullen, médico escocês, sobre a influência da casca de quinino, erva utilizada, naqueles tempos, no tratamento da malária. Curioso, isto o levou a experimentar ele próprio os efeitos de tal medicação. O que percebeu então foi que, ao ingerir tal substância, em determinada quantidade e frequência, passava a apresentar as mesmas manifestações da febre intermitente, tão conhecida na época, e quando suspendia o uso da droga, após alguns dias, voltava à sua condição normal de saúde. Unindo seus conhecimentos referentes à medicina, ao resultado dessa experiência acima relatada e a seus estudos sobre o pensamento médico, a outras experiências posteriores e atenta observação das reações apresentadas frente ao uso de diversas outras substâncias em si mesmo, em seus pacientes e discípulos, Hahnemann formulou os princípios da Homeopatia a saber: (EIZAYAGA, 1992). • toda substância ou droga utilizada como remédio homeopático deve ter sido antes experimentada no homem são. 12 • os medicamentos homeopáticos devem ser selecionados em concordância com a lei farmacológica de similitude, onde se observa que tais remédios causam, em indivíduos • sadios, os mesmos sintomas que a enfermidade causaria. as substâncias utilizadas como tratamento devem ser administradas em doses diminutas, diluídas e dinamizadas (técnica específica para o preparo de medicamentos homeopáticos). • as drogas homeopáticas indicadas aos pacientes devem ser de remédio único, não de complexos, onde se perderia a referência de qual medicamento estaria fazendo o efeito desejado. Hahnemann escreveu alguns livros e artigos sendo seu primeiro escrito denominado "Um novo princípio sobre as propriedades curativas de substâncias medicamentosas com algumas considerações sobre os métodos precedentes", no qual perpetuou, neste e nos trabalhos seguintes, o seu conhecimento e estudo sobre esta nova arte de curar que era a homeopatia. Estudos e observações tais que o levaram a formular “um princípio de tratamento sintetizado na expressão latina Similia Similibus Curentur - os semelhantes se curam pelos semelhantes - onde a idéia básica é o médico tentar igualar os sintomas que uma droga é capaz de provocar numa pessoa saudável aos sintomas do paciente, e esta droga então é usada para tratar a doença” (CAMPBELL, 1991). Neste período em que viveu Hahnemann houve uma forte tendência ao uso da Homeopatia por parte de muitos médicos, visto pois o fato de a medicina ortodoxa desta época apresentar soluções muito drásticas às enfermidades, as quais, ainda segundo Campbell (1991), eram classificadas, neste período, "em termos de tonicidade ou relaxamento, ou eram atribuídas a supostas inflamações intestinais", teoria com a qual Hahnemann não concordava, pois este, de acordo com o mesmo autor acima citado, "sustentava ser intrinsecamente impossível conhecer a natureza interna dos processos de uma doença e, portanto, infrutífero especular sobre isso ou basear o tratamento em teorias". Levando, portanto, os médicos neste período a se inclinarem a todo tratamento menos agressivo com resultados eficazes, 13 diminuindo os riscos de vida de seus pacientes, e provocando com isto, também, uma nova onda de pesquisas. Um diferenciado método de atendimento aos enfermos passa a ser praticado e aceito desde então. Também passam a ser percebidas e enfatizadas as primeiras anotações de Hahnemann em sua principal obra, o Organon de la Medicina que diz que a "única e nobre missão do médico é a de restabelecer a saúde do doente, que é o que se chama curar" e, em seguida, que "o mais alto ideal de cura é o restabelecimento pronto, suave e permanente da saúde; é a eliminação e aniquilação da doença, em toda sua extensão, pelo caminho mais curto, seguro e menos danoso possível, apoiando-se sobre princípios claros e facilmente compreensíveis", ou sejam, as leis naturais. E com isto, outro fato que também passa a ser considerado, de acordo com Hahnemann apud Bessa, é que "a verdadeira arte de curar só poderia ser pura ciência experimental: pode e deve repousar em fatos claros e fenômenos perceptíveis, pertencentes à sua esfera de ação, pois todos os elementos que trata são clara e satisfatoriamente cognoscíveis pelos sentidos através da experiência. Assim, o conhecimento da moléstia, do medicamento e a maneira de se aplicar um ao outro, só é ensinado, de modo correto, pela experiência e pela observação pura" (BESSA, 1994). A Homeopatia se difundiu pelo mundo através dos discípulos de Hahnemann e teve sua grande ascensão no terço final do século XVIII. Por toda mudança que ocorreu no pensamento médico e desenvolvimento científico deste período em diante, a Homeopatia inicia seu declínio, aproximadamente um século depois, por não se enquadrar nos novos moldes de experimentação dos então recém surgidos estudos experimentais da medicina ortodoxa (BESSA, 1994). A filosofia A homeopatia se fundamenta em princípios distintos da medicina convencional, aplicando o princípio de cura pela similitude, por meio de substâncias previamente experimentadas em indivíduos sadios, em doses infinitesimais. Na aplicação terapêutica desses pressupostos, valoriza a individualidade, elegendo, dentre as milhares de substâncias experimentadas, aquela que engloba a totalidade de sinais clínicos característicos de cada 14 indivíduo, empregando, para um mesmo tipo de doença, medicamentos distintos para cada indivíduo enfermo (TEIXEIRA, 2004). Com os avanços da fisiologia integrativa, que busca compreender o ser humano como uma unidade psico/neuro/imuno/endócrino/metabólica interativa, ao invés de um conjunto de sistemas fisiológicos distintos e isolados, o binômio saúde/doença passa a ser estudado segundo uma abordagem dinâmica, integrada e multifatorial, em vista dos aspectos bio/psico/sócio/espirituais que definem a individualidade humana (TEIXEIRA, 2004). A fim de que a prática médica rotineira englobe esta complexidade humana, a medicina reducionista cede espaço à medicina humanística, com propostas inovadoras no campo da educação, assistência e política médica, para que este novo conceito de saúde possa ser transmitido à população segundo os pressupostos de integralidade, eqüidade e universalidade propostos pelo Sistema Único de Saúde (TEIXEIRA, 2004). Assim, convém citar alguns dos principais enunciados da pratica homeopática de acordo com o texto máximo de Hahnemann: Todavia, o único oráculo infalível da arte de curar, a experiência pura, ensina, em todos os experimentos criteriosos, que realmente aquele medicamento que provou ser capaz de produzir em sua atuação sobre organismos humanos sadios, a maior parte dos sintomas semelhantes aos que se encontram nos casos de doença a ser curados, em doses adequadamente potencializadas e reduzidas, também remove, de maneira rápida, radical e duradoura, a totalidade dos sintomas desse estado mórbido, isto é, toda a doença em curso, transformando-a em saúde, e que todo medicamento cura, sem exceção, as doenças cujos sintomas mais se assemelham aos seus, não deixando de curar nenhuma delas (HAHNEMANN - ORGANON, §25) Uma vez registrada de modo preciso a totalidade dos sintomas que caracterizam e distinguem especialmente o caso da doença, ou, em outras palavras, o quadro de uma doença qualquer, está concluída a parte mais difícil do trabalho. O artista da cura tem, então, a imagem da doença sempre diante de si durante o tratamento, especialmente quando se tratar de uma doença crônica, podendo descobri-la em todas as suas partes e salientar os sinais característicos, a fim de lhes opor, isto é, contra o próprio mal, uma potência morbífica artificial muito semelhante, escolhida homeopaticamente na relação de sintomas de todos os medicamentos cujos efeitos puros ele 15 conhece. E, quando, durante o tratamento, ele deseja averiguar qual foi o efeito do medicamento e quais alterações ocorreram no estado do doente, basta apenas retirar de seu manual, por ocasião de um novo exame, os sintomas que, entre os anteriormente anotados do grupo original, apresentam melhora, colocando aí os que ainda persistem e outros novos eventuais sintomas que possam haver surgido. (HAHNEMANN - ORGANON, §104) O segundo ponto da atividade de um verdadeiro artista da cura concerne à aquisição do conhecimento dos instrumentos destinados à cura das doenças naturais, à averiguação do poder patogenético dos medicamentos, a fim de que, quando precisar curar, possa escolher, entre eles, um cujas manifestações sintomáticas possam constituir uma doença artificial tão semelhante quanto possível à totalidade dos sintomas principais da doença natural a ser curada. (HAHNEMANN - ORGANON, §105) Todos os efeitos patogenéticos de cada medicamento precisam ser conhecidos, isto é, todos os sintomas e alterações mórbidas da saúde que cada um deles é especialmente capaz de provocar no Homem sadio devem ser primeiramente observados antes de se poder esperar encontrar e escolher, entre eles, o meio de cura homeopático adequado para a maioria das doenças naturais. (HAHNEMANN - ORGANON, §106) Para esse fim, é preciso empregar cada substância medicamentosa completamente só e perfeitamente pura, sem misturá-la com qualquer outra substância estranha ou tampouco ingerir alguma outra de natureza medicamentosa no mesmo dia nem nos subseqüentes, enquanto se deseja observar os efeitos do medicamento (HAHNEMANN - ORGANON, §124). O terceiro ponto no exercício de um verdadeiro artista da cura concerne ao emprego mais adequado das potências morbíficas artificiais (medicamentos) que foram experimentadas em indivíduos sadios a fim de obter uma cura homeopática das doenças naturais (HAHNEMANN ORGANON, §146) Nessa procura do meio de cura homeopático específico, isto é, nessa confrontação do conjunto característico dos sinais da doença natural contra a série de sintomas dos medicamentos existentes a fim de encontrar um cujas potências mórbidas artificiais correspondam, por semelhança, ao mal a ser curado, deve-se, seguramente, atentar especialmente e quase que exclusivamente para os mais notáveis/estranhos, singulares, incomuns e 16 peculiares (característicos) sinais e sintomas do caso de doença, pois na série de sintomas produzidos pelo medicamento escolhido, é principalmente a estes que devem corresponder sintomas muito semelhantes, a fim de que seja mais conveniente à cura. Os sintomas mais gerais e indefinidos: falta de apetite, dor de cabeça, debilidade, sono inquieto, mal-estar etc., merecem pouca atenção devido ao seu caráter vago, se não puderem ser descritos com mais precisão, pois algo assim geral pode ser observado em quase todas as doenças e medicamentos (HAHNEMANN - ORGANON, §153) Em nenhum caso de tratamento é necessário e, por conseguinte, não é admissível administrar a um doente mais do que uma única e simples substância medicamentosa de cada vez. É inconcebível que possa existir a menor dúvida acerca do que está mais de acordo com a natureza e é mais racional: prescrever uma única substância medicamentosa simples e bem conhecida num caso de doença ou misturar várias diferentes. Na única, verdadeira, simples e natural arte de curar, a Homeopatia, não é absolutamente permitido dar ao doente duas substâncias medicamentosas diferentes de uma só vez (HAHNEMANN - ORGANON, §273). Como o verdadeiro artista da cura encontra nos medicamentos simples administrados separadamente e sem mistura tudo o que porventura possa desejar (forças morbíficas artificiais que são capazes, por sua força homeopática de vencer completamente a doença natural, extingui-la na sensação do princípio vital e curá-la de maneira duradoura), conforme reza o sábio provérbio que diz ser um erro empregar meios compostos quando os simples são suficientes, jamais lhe ocorrerá dar como medicamento mais do que uma substância medicamentosa simples, de cada vez e também por ter em vista que, embora os medicamentos simples tivessem sido completamente experimentados quanto a seus efeitos puros peculiares no estado de saúde dos Homens, é impossível prever como duas ou mais substâncias medicamentosas compostas podem mutuamente alterar e obstar a ação da outra sobre o organismo humano e porque, por outro lado, o emprego nas doenças, de uma substância medicamentosa simples cujo conjunto característico de sintomas é conhecido exatamente, já presta, por si só, ajuda completa se foi escolhido homeopaticamente e, mesmo no pior dos casos em que ele possa não ter sido bem selecionado de acordo com a semelhança dos sintomas, não produzindo, portanto, nenhum efeito benéfico, ainda assim será útil por requerer conhecimentos acerca dos meios de cura à 17 medida que, através dos novos padecimentos por ela produzidos em tal caso, vão sendo confirmados os sintomas que a substância medicamentosa já havia mostrado mediante experimentações no organismo humano sadio, vantagem esta que é suprimida pelo emprego de todos os meios compostos (HAHNEMANN - ORGANON, §274). A conveniência de um medicamento, para um caso dado de doença, não se baseia apenas em sua escolha homeopática acertada, mas também, certamente, na grandeza exata, mais justamente, na pequenez de sua dose. Se for dada uma dose demasiadamente forte de um medicamento, mesmo escolhido de maneira completamente homeopática para o estado mórbido em questão, não obstante o inerente caráter benéfico de sua natureza, tornar-se-á prejudicial pela sua grandeza e pela impressão desnecessária e demasiadamente forte que, graças à sua ação homeopática de semelhança, produz na força vital e, por meio desta, justamente sobre as partes mais sensíveis do organismo e que foram mais afetadas pela doença natural (HAHNEMANN - ORGANON, §275). Em vista disso, e porque um medicamento bem dinamizado, com uma suposta pequenez adequada de sua dose se torna tanto mais salutar, podendo quase beirar o milagre em sua eficácia, quanto mais homeopaticamente correta tenha sido sua escolha, assim também um medicamento cuja escolha tenha sido convenientemente homeopática, deve ser tanto mais salutar quanto mais sua dose for reduzida ao grau apropriado de pequenez, para uma suave eficácia terapêutica (DANTAS, 1989). Arsenicum Album Origem do medicamento Medicamento homeopático: Acidum arsenicum anhydricum. Abrev: "ars.". Origem química. Substância: oxido de arsênio (BIREME, 2009). Os medicamentos homeopáticos são preparados a partir de substâncias pertencentes aos três reinos da natureza: vegetal, animal e mineral. Do reino mineral, utilizam-se as substâncias puras como Aurum (ouro), Sulphur (enxofre), Phosphorus (fósforo) e suas preparações orgânicas e inorgânicas (como Arsenicum 18 album – arsênico – ou o Natrum muriaticum, o popular sal de cozinha) ou então produtos sintéticos como o Phenobarbitallum (fenobarbital, medicamento anti-convulsivante), Salicylicum acidum (ácido salicílico, analgésico e antitérmico), ao lado de algumas preparações homeopáticas complexas, como Causticum e Hepar sulphur. Contrariamente ao que habitualmente se pensa, os medicamentos de origem mineral são os de ação mais profunda e duradoura (FONTES, 2005). Repertorização “Arsenicum Album tem uma grande e profunda prostração, com um declínio bastante rápido das suas forças vitais. É um deprimido, melancólico. Alternância de excitação e de depressão, por vezes no mesmo dia: num momento sente-se bem, com uma resistência vital óptima, para logo de seguida se sentir com extrema fraqueza, prostrado. É extremamente avarento. O mais avarento da matéria médica, exasperando-se sempre que tem de gastar algum dinheiro. É desconfiado e antipático para com os que o rodeiam. Tem uma língua de víbora, diria que de surucucu, para o distinguir de Sulfur. Uma das suas manias é a da arrumação. A menor alteração de lugar ou desvio de objectos chama a sua atenção e levam-no a corrigi-la de imediato. Meticuloso com tudo, até na escolha das roupas. Prefere os tecidos lisos e de muito boa qualidade. Tem como cores preferidas o azul marítimo e o cinzento. Tem um cuidado excessivo com as roupas. Será bastante divertido vê-lo sujar-se; transforma o facto numa quase tragédia, já que contrariamente ao que sucede com Sulfur não suporta nódoas e sujeira. O menor movimento ou exercício esgotam-no. Desespera-se com facilidade. Crê que os seus padecimentos não têm cura, recusando-se a tomar remédios, porquanto inúteis, já que vai morrer. É indiferente e a irritabilidade é uma constante. Triste, ansioso, extremamente agitado, tem medo de estar sozinho, da morte, do escuro, de fantasmas. Medo de ter uma doença incurável. Medo de ficar arruinado. O medo ansioso da morte manifesta-se especialmente quando está sozinho. Os seus medos são normalmente acompanhados de suores frios. 19 Está sempre mentalmente agitado. Quanto maior o sofrimento, maior a agitação, a angústia e o medo da morte. A agitação física e mental agrava entre a 1 e as 3 horas da manhã. Não consegue estar tranquilo e em paz; muda de lugar constantemente, ou caso esteja demasiadamente fraco, pede incessantemente que o façam, que o transportem de uma cama para outra, de um sofá para a cama ou para outro sofá. Quando se embriaga, diz-se que “tem mau vinho”. Ansiedade quando se encontra num ambiente fechado. As dores de Arsenicum são queimantes como se carvões em brasa fossem encostados nas partes afectadas, que queimam como fogo. Geralmente são periódicas, o paciente está um dia bem e outro mal, e melhoram pelo calor, bebidas e aplicações quentes, à excepção das de cabeça que melhoram por aplicações frias. Dores semelhantes a picadas feitas com agulhas em brasa. Face pálida, magra. Lábios secos, necessitando de ser humedecidos. Pálpebras vermelhas e ulceradas. Edema, principalmente das inferiores. Sede inextinguível e frequente de pequenas porções de água fria. No entanto, a água pesa no estômago como uma pedra. O doente quer água, mas evita beber sob pena de rejeição imediata da mesma, por isso, bebe pequenas quantidades de cada vez. Não suporta o odor ou a visão dos alimentos. Dores gástricas queimantes, como se carvões acesos estivessem a arder no estômago, depois de ter comido fruta, creme gelado, bebido água fria, bebidas alcoólicas, após ter ingerido carne em mau estado de conservação. Vómitos após ter ingerido alimentos ou ter bebido. Diarreia que surge também na sequência de ingestão de alimentos ou bebidas, com enorme prostração, desproporcionada à quantidade evacuada. Fezes pouco abundantes, escuras, de odor forte, irritantes e ardentes, gerando escoriações perianais. Hemorróidas ardentes, impeditivas do sono e da posição sentada, que são aliviadas pelo calor. As dores do abdómen que se apresenta distendido, são ardentes e melhoram por aplicações quentes. Hipertrofia do fígado e do baço. 20 É um indivíduo extremamente friorento, não gosta e teme o frio gostando de estar quente, mas com necessidade constante de respirar ar fresco. Coriza aquosa, queimante, escoriante e que chega a irritar o lábio superior, melhorando por efeito do calor. Febre do feno periódica, que também melhora pelo calor. Respiração do tipo asmático. O doente tem necessidade de se sentar e de se inclinar para a frente. Não consegue ficar deitado, em especial depois da meia noite. Asma da meia noite às três horas da manhã, com agitação ansiosa e medo da morte. Tosse seca que produz fraqueza no doente, agravando depois da meia noite. Dor fixa no terço superior do pulmão direito. O coração tem batimentos fortes, de tal forma, que as pessoas que estão perto do doente podem senti-los. Pulso rápido, de manhã ou à menor emoção, irregular. Palpitações com fraqueza e tremores. Regras adiantadas e abundantes. Leucorreia ácida, irritante, amarelada, corrosiva e de mau cheiro, principalmente quando a mulher está de pé. Fraqueza dos membros que dificulta os movimentos. Contracções e tremores. A pele está endurecida, com erupções escamosas, como farelo, agravando pelo frio e pelo coçar. Pruridos que agravam à noite, da 1 às 3 horas da manhã e melhoram pelo calor, pelas aplicações quentes. O doente coça-se violentamente, a pele parece queimar. Urticária por moluscos. AGRAVAÇÃO: após a meia noite; da 1 às 3 horas da manhã; das 13 às 15 horas; pelo frio e pela humidade; pelas bebidas e pelos alimentos frios; pelo álcool; o vinho; o exercício; estando deitado do lado afectado e com a cabeça baixa. MELHORA: pelo calor, à excepção da dor de cabeça que alivia com aplicações frias; as bebidas quentes; a cabeça alta.” (LATHOUD, 2002) Perfil do medicamento O medicamento Arsenicum album, é um agente terapêutico de grande potência. Seu círculo de abrangência é imenso, entre eles, abrange as mucosas, onde atua profundamente, 21 em todo tipo de irritação, inflamação e qualquer tipo de ferimento que causa dor ou ardência. No aparelho digestivo, age na boca em aftas e outros tipos de alterações na mucosa. Estudos feitos sobre o Arsenicum album e outros medicamentos homeopáticos, nos permite tratar de pacientes como no caso da Estomatite Aftosa Recorrente principalmente pelo fato de o medicamento agir em doenças recorrentes (SOUZA, 2006; NUNEZ, 2000). Arsenicum album é um dos remédios homeopáticos mais importantes, possui características e sintomas marcantes. É um medicamento que tem em seu perfil a depressão, melancolia, angústia, queimações, inquietude, fraqueza e prostração, lábios secos, ulcerações, ardências e edemas. Seu campo de ação é imenso, abrangendo todo o organismo e sendo mais efetivo no sistema simpático do que no sistema nervoso central. O Arsenicum passa pelos seguintes estágios no organismo: - Estágio 1: Principalmente físico; - Estágio 2: forte ansiedade sobre sua saúde mas medo de estar só; - Estágio 3: obsessivo temor da morte; - Estágio 4: paranóia, desconfiança, desespero, suicídio (SOUZA, 2006; NUNEZ, 2000). Indicações do Arsenicum album Algumas das principais indicações do Arsenicum album são: - Doenças mentais como: Ansiedade, Anorexia nervosa, Medos, etc; - Aversão: farináceos, sementes; - Queixas crônicas de calor. Condições agudas de frio (somente cabeça); - Inflamação da íris; - Febre do feno e coriza; - Gastrite, úlceras, aftas; - Diarréia de pequenas quantidades, com grande fraqueza; - Diarréia com vômitos; após água fria, sorvete; - Fezes: acres, ofensivas; - Lesões malignas nos testículos, ovários e útero; - Asma; - Síndrome de Raynaud; - Psoríase e eczema; 22 - Abscesso (formações purulentas que aparecem na superfície da pele ou mucosa); - Acidez estomacal (toda queimação ou acidez passageira ou que aparece após certos alimentos). Arsenicum album: Dor ardente, queimante, sede em pequena quantidade. - Ansiedade e inquietude. Não consegue ficar parado em lugar nenhum. (SOUZA, 2006; NUNEZ, 2000; BATELO, 2004). - Alcoolismo: a crise alcoólica estará acompanhada com grande ansiedade e inquietude com medo de morrer e desejo de companhia (não fica só). Idéias de suicídio (SOUZA, 2006). - Angina: dores no peito, são quadros que necessitam de socorro imediato. As indicações são para os momentos enquanto se aguarda o socorro médico (SOUZA, 2006). As dores iniciam à meia-noite até as 2 horas da madrugada. Acompanha o quadro mental de ansiedade, agitação com terrível medo de morte. Deseja companhia (SOUZA, 2006). - Asma (no caso agudo de asma): lembrar que existem ataques de asma que determinam óbito. Todo tratamento deve ser acompanhado por um homeopata (SOUZA, 2006). Paciente estará agitado, inquieto, não consegue ficar na cama, horário de agravação da meia-noite às 2 horas da manhã. Deseja companhia, teme a morte, diz que vai morrer (SOUZA, 2006; NUNEZ, 2000). - Desmaios (Síncope): colapso é brusco, repentino. Pós vômito ou diarréia. Desmaios freqüentes, o horário geralmente é perto de meia noite ou de manhã (SOUZA, 2006; NUNEZ, 2000). - Diarréia: diarréia que estará pior à meia-noite, ao beber água desencadeia também o processo diarreico. Freqüentemente é simultânea com vômitos. Fezes fétidas, negras, sanguinolentas, muitas cólicas que são ardentes, queimantes. Grande inquietude, ansiedade e medo, inclusive medo de morrer. Após a diarréia o indivíduo sente uma forte sensação de prostração. Sede intensa, porém bebe em pequenos goles. Diarréia que surge por comer alimentos de origem animal ou não, mal conservados (SOUZA, 2006). - Gripe: a coriza (corrimento nasal quase líquido) predomina do lado direito, secreção aquosa, abundante, ardente. Obstrução nasal. Espirros que não aliviam. Sintomas por esfriar- se. Inquietude, ansiedade e medo de morrer, com desejo de companhia. Sede intensa, bebendo em pequenos goles (SOUZA, 2006). 23 - Intoxicação por Soda cáustica: enquanto não ocorrer a assistência médica não provoque o vômito. Os medicamentos auxiliam no tratamento das queimaduras dos órgãos internos (SOUZA, 2006). - Queimaduras: este medicamento é sinônimo de queimaduras de todos os graus. A dor é queimante, ardente que melhora com o calor local. O indivíduo mentalmente apresenta intensa inquietude com a ansiedade e teme morrer. Deseja companhia, prostração (SOUZA, 2006). - Vômitos: o vômito é desencadeado por comer mesmo em pequena quantidade ou beber (apresenta muita sede). Os vômitos podem ser acompanhados de diarréia (SOUZA, 2006). Considerando todos os aspectos até aqui relatados e o grau de incômodo que as EARs causam em termos de dor e desconforto e por afetarem a rotina do paciente e às vezes incapacitá-lo a desenvolver atividades laborativas e que vários tratamentos têm sido usados para a remissão e controle das EARs, sendo por vezes de eficácia limitada, justifica-se a necessidade de estudos sobre uma opção terapêutica no âmbito da homeopatia. A homeopatia é uma terapêutica relativamente atóxica, que tem se mostrado eficiente; de baixo custo, o que idealiza a utilização por grande parte da população de baixo nível sócio-econômico e escolar, possibilitando o atendimento homeopático pelo SUS (BRANDÃO, 2001); é de fácil administração por crianças, idosos e adultos de ambos os sexos. Atualmente existem cirurgiões-dentistas utilizando homeopatia em suas clínicas, assim sendo uma terapêutica de interação com todas as especialidades médicas. A escolha do medicamento homeopático (totalidade sintomática característica) foi padronizada segundo os sintomas, dentre as várias escolas e condutas homeopáticas existentes, a fim de se uniformizar o ensaio e o medicamento Arsenicum album foi o eleito para este tratamento por provocar os sintomas periódicos, relacionados ao aparelho digestivo (boca), descritos na Matéria Médica Homeopática (LATHOUD, 2002). 24 OBJETIVO Estudar o efeito do medicamento homeopático Arsenicum album sobre o número de lesões orais em pacientes acometidos de Estomatite Aftosa Recorrente (EAR). 25 METODOLOGIA Características do estudo Trata-se de um ensaio clínico experimental, duplo-cego, de pequena abrangência, envolvendo o sistema público de saúde da cidade de Itapeva, SP e profissionais da odontologia. Local do estudo O estudo foi conduzido na rede municipal de saúde de Itapeva, município situado na região sudoeste do Estado de São Paulo. Sua extensão territorial é de 1.889 Km² no que se refere ao de perímetro urbano. Sua população para 2008, segundo o IBGE, é de 86.000 habitantes, dos quais 65.250 residem na área urbana e 20.750 na área rural. Sua taxa de crescimento demográfico é de 2.03% ao ano. Faz divisa com os municípios de Itaí, Paranapanema, Buri, Taquarivaí, Capão Bonito, Guapiara, Ribeirão, Ribeirão Branco, Nova Campina, Itararé e Itaberá, distando 270 km da capital do Estado. Etapas preliminares Preliminarmente foi realizada uma reunião com os seis odontólogos do PSF – Programa Saúde da Família da cidade de Itapeva – sudoeste paulista, momento em que foram apresentados os detalhes do estudo, definições de Estomatite Aftosa Recorrente, suas formas, causas e tratamentos. Foi definido, ainda, juntamente com os odontólogos, o modo de seleção dos pacientes, critérios de inclusão e de exclusão destes. Foi revelado, ainda nesta ocasião que, por se tratar de um estudo duplo-cego, os odontólogos bem como os pacientes, não saberiam se receberiam um frasco contendo medicamento ou placebo e que isso só seria revelado após o término da pesquisa. Foi discutida a relevância deste estudo e a disponibilidade de dedicação dos odontólogos, resultando na adesão de quatro dos odontólogos presentes. As odontólogas que aderiram à pesquisa podem ser vistas no Quadro 1. 26 Quadro 1 – Demonstrativo das odontólogas envolvidas no estudo, seu registro profissional e microrregião atendida. ODONTÓLOGA CRO MICRORREGIÃO Suiany Maira Ferreira 87660 PSF São Miguel Danielle M. R. G. Soler 59199 PSF São Camilo Érika Ribeiro Ramaldo 84941 PSF Santa Maria Laura Mattos 46351 PSF Bela Vista Obedecendo a área geográfica de atuação e a ordem estabelecida pelos próprios odontólogos (a mesma ordem da tabela anterior), agendou-se os três exames clínicos dos pacientes a serem captados com auxílio e participação dos agentes comunitários do PSF. Treinamento e busca por pacientes portadores de EAR Aos agentes comunitários de cada um destes PSFs foram dadas orientações, através da pesquisadora e dos odontólogos, tais como definições de Estomatite Aftosa Recorrente, suas formas, causas e tratamentos. Foi esclarecida a eles a importância da pesquisa e como seria cada etapa do desenvolvimento desta. Após os ACS - Agentes comunitários de Saúde - terem concordado em participar do estudo, estes foram orientados sobre o modo de captação dos pacientes, fazendo uso de sua vivência e de seu conhecimento sobre os relatos e reclamações dos usuários do SUS, em sua respectiva microrregião. Os odontólogos colaboraram na busca pelos pacientes acometidos de EAR, analisando os prontuários da clínica odontológica de seu respectivo PSF e fornecendo os nomes destes pacientes ao ACS. Os ACS visitaram cada um dos portadores de EAR, forneceram explicações sobre a pesquisa e os encaminharam ao odontólogo de seu PSF. Durante 30 (trinta) dias, cada odontólogo analisou e selecionou 10 (dez) pacientes que poderiam participar do estudo, seguindo os critérios de inclusão e de exclusão, definidos na primeira reunião com a pesquisadora. 27 Critérios de Admissão dos indivíduos (inclusão e exclusão) Como critérios de inclusão, para participar da pesquisa, os pacientes deveriam apresentar a patologia (EAR) por um período mínimo de um ano, estando livres de qualquer outra doença clinicamente significante (hipertensão, infecções e inflamações), que pudesse interferir na evolução do estudo ou na avaliação do quadro em questão. Deveria também ter mais de 8 (oito) anos de idade e menos que 65 (sessenta e cinco) e estar de acordo e disposto a participar da pesquisa, se comprometendo com a seriedade desta. Como critério de exclusão considerou-se como inelegíveis os pacientes que apresentassem mais de uma patologia importante, pacientes que faziam uso de costicosteróides ou que apresentassem imunossupressão, pacientes que foram tratados recentemente com imunoterapia, pois a eficácia do tratamento homeopático está em promover a resposta imunológica no indivíduo e esta capacidade orgânica seria influenciada ou incapaz de se apresentar, pelo uso de supressores do sistema imunológico. Pacientes com distúrbios psíquicos (não correlacionados à patologia em estudo) também deveriam ser excluídos por não conseguir acompanhar devidamente a evolução ou a involução da patologia. Não poderiam participar da pesquisa também os pacientes que apresentassem importantes anormalidades anatômicas na região. Após o início do estudo, o uso de medicamentos imunossupressores, de antibióticos e antiinflamatórios seria motivo para exclusão do paciente. Construção da amostra Foram incluídos no estudo, 40 (quarenta) pacientes com EAR, sendo 10 (dez) de cada PSF relacionado na tabela anterior, no município de Itapeva – SP. Os pacientes selecionados participaram de uma reunião com a pesquisadora e seus respectivos odontólogo e ACS, onde receberam esclarecimentos sobre todo o estudo, incluindo a existência de placebos distribuídos entre os medicamentos, a agravação inicial esperada de um tratamento homeopático, o diário de acompanhamento da evolução/involução das EARs, a importância da assiduidade nas consultas agendadas, o tratamento, os cuidados a serem tomados com o medicamento e a liberdade em poder desistir de participar do estudo a qualquer momento, sem prejuízo de seu atendimento junto ao SUS. 28 Numeração dos pacientes Os exames clínicos foram realizados pelos odontólogos, cada qual em seu PSF, atendendo os dez pacientes selecionados em sua microrregião. O dia dos três exames clínicos realizados na pesquisa foi reservado somente para este fim, sendo atendidos apenas pacientes da amostra e casos de urgência. O primeiro exame clínico dos pacientes dos quatro PSFs envolvidos foi realizado no mesmo dia (1º de julho de 2008), seguindo a ordem (Quadro 2): Quadro 2 – Demonstração da ordem, horário, microrregião e profissional para o primeiro exame. ORDEM DE EXAMES CLÍNICOS 1º HORÁRIO MICRORREGIÃO ODONTÓLOGA 9h00 PSF São Miguel Suiany Maira Ferreira 2º 11h00 PSF São Camilo Danielle M. R. G. Soler 3º 14h00 PSF Santa Maria Érika Ribeiro Ramaldo 4º 16h00 PSF Bela Vista Laura Mattos Para a numeração dos pacientes, foi respeitada a ordem cronológica das visitas e, dentro delas, a ordem de chegada dos pacientes. Sendo assim os pacientes do PSF São Miguel foram numerados (por ordem de chegada) de 1 a 10, os pacientes do PSF São Camilo receberam a numeração de 11 a 20, os do PSF Santa Maria, numerados de 21 a 30 e os do PSF Bela Vista, de 31 a 40. O primeiro paciente, a ser atendido no exame clínico inicial recebeu uma ficha contendo “Paciente 1” (conforme modelo em anexo) e também um frasco, contendo em seu rótulo: “Frasco 1”, e assim consecutivamente. Os pacientes foram distribuídos em dois grupos: grupo controle – G1 e grupo tratado – G2. O Paciente 1 foi alocado no grupo controle – G1, assim como todos os pacientes que receberam numeração ímpar. Os pacientes que receberam números pares foram alocados no grupo tratado – G2. 29 Cada participante do G1 (casos ímpares) recebeu um frasco contendo placebo, constituído de 30 ml de solução hidroalcoólica a 5%, idêntica ao veículo do medicamento homeopático. Já os pacientes do G2 fizeram parte do grupo experimental (casos pares), receberam a medicação homeopática, num frasco de 30 ml de Arsenicum album 30 CH. Foi fornecido aos pacientes, ainda, uma folha com dicas sobre os cuidados que deveriam tomar com o medicamento homeopático, conforme anexo3. É importante ressaltar que os frascos eram iguais, de mesmo tamanho e mesma cor âmbar, com rótulos contendo apenas “frasco 1”, “frasco 2” e assim por diante. O estudo consistiu num duplo-cego, portanto os odontólogos, bem como os pacientes, não sabiam se o frasco continha medicamento ou placebo. Escolha do medicamento O medicamento Arsenicum album, bem como sua potência, método e forma farmacêutica foram indicados pelo Dr. Pedro Luiz Ozi, CRM 32932, médico homeopata residente em Itapetininga, São Paulo. O distinto médico homeopata relata o sucesso que tem tido com o medicamento homeopático Arsenicum album em tratamentos das EARs em pacientes cuja repertorização é compatível com a prescrição. O tratamento homeopático deve seguir a descrição adequada da totalidade sintomas de cada indivíduo enfermo, direcionando a escolha do medicamento homeopático apropriado, seguindo o emprego do princípio da similitude. (FONTES, O.L., 2005) A escolha do medicamento homeopático (totalidade sintomática característica) foi padronizada segundo os sintomas, dentre as várias escolas e condutas homeopáticas existentes, a fim de se uniformizar o ensaio. O medicamento Arsenicum álbum foi o eleito para este tratamento por provocar os sintomas relacionados ao aparelho digestivo (boca), descritos na Matéria Médica Homeopática (LATHOUD, 2002): “Periodicidade dos sintomas. Aftas, ulcerações, salivações que podem ser sanguinolentas, dores ardentes que se acalmam com bebidas quentes, gengivas inchadas que sangram facilmente, dentes doloridos e dores neurálgicas.” 30 Doses e potências homeopáticas A preparação do medicamento homeopático obedece a normas precisa e definidas pelas diversas farmacopéias (tratados sobre a composição e preparação de medicamentos) homeopáticas, a partir das orientações básicas enunciadas por Hahnemann já em 1810, na primeira edição do Organon. No Brasil, a Farmacopéia Homeopática Brasileira foi oficializada pelo Governo Federal através do Decreto nº 78.841, de 25.11.76, e revista e complementada em 1977 pelo Ministério da Saúde. Buscando uniformização de critérios, apoiados na observação clínica de que o medicamento que apresenta certa similitude com o paciente sempre desperta algum tipo de resposta, foi proposta a utilização inicial do medicamento na potência 30, por estar distante dos efeitos tóxicos da tintura-mãe e numa concentração intermediária, mais comumente utilizada em clínicas odontológicas (OZI, P.L.) O método utilizado para a obtenção do produto homeopático foi o Centesimal (diluição de 1:100) Hahnemaniano (descrito pelo médico, químico e pesquisador germânico, Samuel Hahnemann, que viveu entre 1755 e 1843), em doses diárias. A homeopatia ainda possui a vantagem de apresentar diversas formas farmacêuticas para o mesmo medicamento, o que facilita a administração por diversas classes de indivíduos, como por exemplo para uso pediátrico, adulto e veterinário. A forma líquida em gotas é a mais solicitada, em 34,8% das formulações; seguida pela dose única, em 28,5%, sugerindo o uso de medicamento homeopático pelas diversas faixas etárias e animais, visto que a prescrição líquida pode ser administrada por qualquer destes indivíduos. A forma líquida foi escolhida por ser mais apropriada, permitindo variações mínimas de potências (sucussões) entre as tomadas, minimizando as agravações homeopáticas (HAHNEMANN, 1996). O conceito de dose em homeopatia não é unânime entre os homeopatas. Alguns autores consideram que a dose é irrelevante, pois a ação terapêutica do medicamento homeopático se dá qualitativamente e dinamicamente, já que a matéria prima que o origina é altamente diluída e potencializada por meio de farmacotécnica própria. (KOSSAKROMANACH, 1984; EIZAYAGA, 1992; ORTEGA, 1994). Nesta perspectiva, por exemplo, 31 cinco ou dez gotas de um medicamento homeopático não modificam o resultado esperado do tratamento homeopático, importando apenas a caracterização do simillimum, a escolha da potência medicamentosa (o grau de diluição) e a definição da freqüência de administração, para exercer sua ação curativa. Entretanto, outros autores, com base na observação pessoal dos resultados terapêuticos alcançados, enfatizam a importância da quantidade do medicamento homeopático prescrito para o sucesso do tratamento (JAHR, 1987; HAHNEMANN, 1995). “Resumidamente, a preparação do medicamento homeopático se processa em duas etapas, diluição e dinamização, que conferem a potência de cada medicamento. A etapa de diluição (ou trituração em lactose, para as substâncias insolúveis em água ou no álcool) consiste em dissolver uma quantidade da substância pura medicamentosa em quantidades determinadas de cada veículo (1:10 na escala decimal e 1:100 na escala centesimal, a mais usada). O veículo mais empregado consiste numa solução de água e álcool, comumente numa diluição de 70%. A etapa de dinamização consiste numa seqüência de 100 movimentos verticais de agitação da mistura, ou sucussões, que conferem a cada preparação diluída uma potência específica. Assim, se você receber uma prescrição de Natrum muriaticum C30, deve saber que vai tomar uma potência trigésima centesimal do sal de cozinha, ou seja, uma diluição 1:100 trinta vezes de 1 g do cloreto de sódio marinho. Se a prescrição fosse Natrum muriaticum D30 (ou 30X) você estaria tomando um remédio diluído de 1:10 trinta vezes, na potência trigésima decimal.” (DANTAS, 1989) O medicamento homeopático Arsenicum álbum 30CH, preparado em etanol a 5% (concentração alcoólica para dispensação), foi obtido a partir de matriz proveniente de uma indústria farmacêutica brasileira, e produzido conforme descrito na Farmacopéia Homeopática Brasileira 2a Edição, na escala centesimal (C), pelo método Hahnemanianno (H) dos frascos múltiplos, na forma farmacêutica líquida, para uso oral. Cuidados com o medicamento homeopático As informações sobre os cuidados a serem tomados com o medicamento homeopático foram dadas aos pacientes, incluindo: - Sempre manter o medicamento no frasco original e bem fechado. 32 - Fechar imediatamente o frasco após o uso. - Levar o medicamento diretamente à boca (embaixo da língua) sem contato com as mãos no momento de tomá-lo. Evitar também que o conta-gotas toque a boca para que não ocorra contaminação. - Antes e após cada dose, permaneça sem se alimentar por um intervalo mínimo de 15 minutos. - O medicamento deve ficar longe de aparelhos eletrodomésticos ou que emitam radiação (rádio, televisão, forno de microondas, geladeiras, computadores, telefones celulares, etc.). - Ambientes úmidos ou expostos à luz solar direta, como também os locais que possuam odores fortes de perfumes, sabonetes, produtos de limpeza, condimentos e outros medicamentos (principalmente canforados) alteram o medicamento. Daí evitar guardá-lo em bolsas com perfumes, celulares ou cigarros. - Nas viagens de carro, procurar guardá-lo em sacolas térmicas, caixas de madeira ou isopor, pois o sol e o calor forte do porta-luvas podem danificá-lo. O Tratamento Foi determinada uma data para o início do tratamento, onde todos deveriam iniciá-lo tomando diariamente, via sublingual, cinco gotas do medicamento homeopático Arsenicum álbum 30 CH em jejum, com ao menos trinta minutos de antecedência ao café da manhã. O mesmo sistema foi utilizado com o grupo controle, utilizando-se a substância placebo (solução hidroalcoólica 5%). Acompanhamento do paciente O odontólogo fez uma análise clínica inicial e tornou a fazê-la a cada retorno deste paciente, sendo o primeiro após 15 dias e o segundo após 30 dias, contando da data de início do tratamento. Para acompanhar a evolução do paciente, interessaram ao odontólogo os sintomas novos, o reaparecimento de sintomas antigos e a modificação dos sintomas atuais, no que se referir à EAR. Tanto o retorno de sintomas antigos quanto a agravação de cura indicaram um bom prognóstico, trazendo ao odontólogo a certeza de que uma melhora evidente ocorreria. No caso de sintomas novos importantes e incômodos, evidenciando uma evolução indesejada, o medicamento deveria ser suspenso. 33 As alterações fizeram parte do resultado final, com o objetivo de se avaliar e comprovar a relação desses "efeitos adversos" com a evolução e a melhoria dos casos, sistematizados no modelo homeopático por meio das referidas observações prognósticas. A utilização de substância inerte (placebo) foi usada em 50% dos pacientes, ou seja, em vinte deles, a fim de se avaliar a melhora clínica observada frente ao efeito da consulta ou do placebo. Critérios para os resultados Para a padronização e análise dos resultados, o diagnóstico e a coleta de dados clínicos foram documentados pelos odontólogos, que utilizaram uma ficha especialmente desenhada para este estudo, incluindo primordialmente a presença ou ausência de aftas (menores, maiores e/ou herpetiformes), bem como o número delas e sua condição clínica. No verso, os odontólogos anotaram as alterações diárias, registradas pelos pacientes. O modelo da ficha pode ser visualizado no Anexo 1. Considerações éticas Aos pacientes incluídos foram apresentadas e discutidas as etapas da pesquisa, bem como objetivos e métodos e lhes foi entregue um termo de consentimento livre e esclarecido para que, após todas as explicações necessárias e demandas, fosse assinado pelos que aceitassem participar (Anexo II). Após a adesão da totalidade dos eleitos, estes ouviram o conteúdo do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, acompanhando através da leitura e assinando-o logo após. Estes pacientes receberam um cartão com os agendamentos dos três exames clínicos que deveriam comparecer e foram acompanhados por um período de 30 (trinta) dias. 34 RESULTADOS A idade média dos participantes dos dois grupos foi 34,6±16,35, com idades variando de 9 até 63 anos. Vinte e oito (70,0%) pacientes eram do sexo feminino e 22 (30,0%) do sexo masculino. Indivíduos de ambos os grupos apresentaram aftas no exame inicial, pré - tratamento. Para o grupo tratado, pode ser visto na Figura 4 o número de indivíduos com afta e a involução deste número com o tratamento proposto. 20 20 20 20 18 15 18 16 14 1º dia 12 15º dia 10 30º dia 8 6 15 16 11 14 9 1º dia 15º dia 5 4 30º dia 0 2 0 pacientes com aftas pacientes sem aftas 11 12 10 9 8 6 5 4 2 0 0 pacientes com aftas pacientes sem aftas Figura 4 – Distribuição do número de indivíduos com Figura 5 - Distribuição do número de indivíduos e sem afta (s) no primeiro atendimento, no 15º dia e com e sem afta (s) no primeiro atendimento, no 15º 30º dia de tratamento, para o grupo tratado. dia e 30º dia de tratamento, para o grupo controle. Através da Figura 4 podemos observar que, dentre os vinte pacientes do grupo tratado, segundo o critério de inclusão, todos apresentavam EAR no primeiro exame clínico, diminuindo este número para 11(onze) após 15 dias (segundo exame clínico) e decrescendo ainda mais após 30 dias do início (terceiro exame clínico), para apenas 5 (cinco) pacientes com afta. Para o grupo controle, os resultados podem ser vistos na figura 5. 35 O mesmo acontece com o número de pacientes do grupo controle, havendo uma redução para 9 (nove) casos após 15 dias e para 5 (cinco) após mais 15 dias, apresentado na Figura acima. Observamos ainda, o decréscimo mais gradativo no grupo tratado, característico do tratamento homeopático, apesar de ser esperado um agravamento inicial. Pode-se verificar, ainda, o número total de aftas identificadas nesses indivíduos, tanto no grupo tratado como no grupo controle, no exame inicial, no exame realizado no 15º dia e no exame realizado no 30º dia (Figuras 6 e 7, respectivamente para grupo tratado e controle). 35 34 35 30 30 25 25 17 20 AFTA MINOR AFTA MAJOR AFTA HERPETIFORME 35 20 AFTA MINOR AFTA MAJOR 15 AFTA HERPETIFORME 10 5 5 1 5 0 0 0 0 1º dia 15º dia 9 10 5 4 18 15 1 0 30º dia 1º dia 0 0 0 0 15º dia 0 30º dia Figura 6 - Distribuição do número de afta nos Figura 7 - Distribuição do número de afta nos indivíduos indivíduos do grupo tratado, no primeiro atendimento, no 15º dia e 30º dia de tratamento. do grupo controle, no primeiro atendimento, no 15º dia e 30º dia de tratamento. As cinco EARs herpetiformes apresentadas na Figura 6 se reduzem a zero em 15 dias ou menos, não reincidindo por pelo menos mais 15 dias, demonstrando novamente, um bom resultado do medicamento. Para as aftas major no grupo tratado (Figura 6), obtém-se o esperado para medicamentos homeopáticos, ou seja, inicia-se com uma lesão, aumenta para quatro - o que traduz a agravação de cura - e no final dos 30 dias, reduz para zero. Mesmo partindo do pressuposto que as três aftas major que aparecem após o primeiro exame (somando 4 no total) possam ter surgido no período logo após o 1º exame clínico, estas – que demoram de 30 a 40 dias para desaparecer – devem ter cicatrizado em pouco mais que 15 dias. 36 Em relação ao número total de EARs, na sua forma minor , há um decréscimo também gradativo para o grupo tratado e para o grupo controle, sendo que o primeiro finaliza com 5 (cinco) lesões e o segundo, com 9 (nove), demonstrando uma possível superioridade do medicamento em relação ao placebo no que tange a afta minor, como pode ser visto nas Figuras 6 e 7. A única EAR major do grupo controle cicatriza antes do 2º exame clínico e não reaparece por ao menos 15 dias (Figura 7). Esse resultado também pode ser atribuído ao efeito placebo-nocebo, pois o paciente potencialmente considera em sua mente que, enquanto estiver sendo “tratado” e acolhido, não terá aftas. Já no grupo controle, não foram diagnosticadas aftas herpetiformes em nenhum dos casos. Por fim, uma visão do conjunto dos dois grupos pode ser vista no gráfico das Figuras 8 e 9. 40 20 40 35 30 30 1º dia 25 15º dia 20 30º dia 15 15 11 20 20 10 10 9 100% 5 0 Pacientes com aftas Pacientes sem aftas 5 5 5 10 0 20 20 55% 25% 100% 45% 25% 0 pré experimental 15 dias exp. 30 dias exp. pre placebo 15 dias placebo 30 dias placebo Figura 8 – Número de indivíduos, com e sem aftas, Figura 9 - Número de indivíduos, com e sem aftas, incluindo os dois grupos, no primeiro atendimento e demonstrando os dois grupos em separado, no nos exames realizados no 15º dia e no 30º dia. primeiro atendimento e nos exames realizados no 15º dia e no 30º dia. Observando a Figura 8, que apresenta o número de pacientes dos dois grupos (tratado e controle) com e sem EAR, vemos a diminuição do número de lesões ao longo do período. Independente do que foi discutido, o fato é que, inicialmente, todos os 40 pacientes apresentavam EAR e, ao final da pesquisa, apenas 10 deles ainda apresentavam tais lesões. 37 Entretanto, as Figuras 8 e 9 permitem demonstrar que, tanto no grupo experimental como no grupo controle, há uma regular diminuição no número casos com lesões de EAR, o que confirma a dificuldade de se atribuir exclusivamente ao medicamento o sucesso da diminuição do número de casos com EAR. 38 DISCUSSÃO Os gráficos demonstram que houve uma diminuição do número de pacientes com aftas e também uma redução no número de ulcerações em cada paciente, tanto no grupo controle como no grupo tratado. Entretanto, a figura 7 aponta um resultado diferenciado das demais em relação ao número de aftas maiores nos indivíduos do grupo tratado, no primeiro atendimento, no 15º dia e 30º dia de tratamento. O resultado da contagem do número de aftas maiores, detectadas pelos odontólogos no dia inicial da pesquisa, ou seja, antes do início do tratamento foi de uma lesão, aumentando para quatro no 15º dia. Esse resultado pode ser atribuído ao medicamento, como efeito esperado de todo tratamento homeopático, que é a agravação inicial de cura. Após 15 dias – no 30º dia de tratamento – o número de aftas maiores cai para zero e, conforme análise clínica, não deixou cicatriz, demonstrando a reação imunológica do organismo no combate às ulcerações e na cicatrização da mucosa oral, provocada pela homeopatia, já que as aftas maiores, se não tratadas, tendem a desaparecer entre 30 e 40 dias e freqüentemente deixam cicatriz (ROGERS, 1997). Nas demais figuras, observamos um decréscimo mais gradativo no grupo tratado, característico do tratamento homeopático, apesar de ser esperado um agravamento inicial. O número de pacientes com EAR diminui acentuadamente no grupo controle, resultado este que pode ser imputado ao efeito muitas vezes encontrado em tratamento com placebo, ou seja, promover a diminuição dos sintomas ou até mesmo a cura, por criar no paciente a expectativa de melhora e a segurança por estar sendo atendido. De fato, como bem refere Teixeira (2008) o fenômeno placebo-nocebo faz parte de qualquer tratamento farmacológico relacionado aos chamados fatores inespecíficos, tais como a história e evolução natural da doença, aspectos sócio-ambientais, variabilidade inter e intra-individual, desejo de melhora, esperanças e crenças no tratamento e o estabelecimento de uma adequada relação médico-paciente. Nesse sentido, convém ressaltar dois parágrafos do trabalho desse mesmo autor, muito elucidativos para o entendimento dos achados no presente estudo: Desta forma, os diversos fatores envolvidos na relação médico-paciente, do acolhimento ao teor específico das declarações feitas pelo médico, incrementados pelas promessas de cura globalizante e isenta de efeitos colaterais intrínsecas ao modelo homeopático e a outras práticas médicas não-convencionais, influenciando a expectativa do paciente por uma melhora dos seus sintomas, podem desencadear efeitos significativos no 39 desfecho clínico de qualquer tratamento, alterando a atividade de determinadas regiões cerebrais e a liberação de neurotransmissores específicos. Prometendo aos pacientes um equilíbrio geral (corpo-mente-espírito) sem os inconvenientes das drogas convencionais, muitas vezes de forma dogmática, exagerada e inconseqüente, a dinâmica semiológico-terapêutica homeopática pode estimular um efeito placebo robusto da ordem de 25-45%, misturando efeitos inespecíficos (expectativa consciente elevada, relação médicopaciente diferenciada etc.) ao efeito específico da reação vital curativa despertada pelo medicamento homeopático corretamente individualizado. (TEIXEIRA, 2008). Outros trabalhos foram realizados comparando medicamentos homeopáticos com tratamentos convencionais e que atestam a efetividade do primeiro (FERNÁNDEZ et a.., 2006). Estes autores concluem que: “Fue notable el mejoramiento de los pacientes con la aplicación de la homeopatía ya que con el tratamiento convencional teníamos que esperar 14 días y ahora en solo 72 horas el 100% de la población estudiada se curo además la medicación homeopática no tuvo ningún efecto adverso existiendo gran diferencia con el tratamiento convencional porque este ocasiona disímiles efectos colaterales” (FERNANDÉZ, 2006). Na mesma linha, Makeira et al. (2006), em seu trabalho sobre o tratamento homeopático em estomatites recorrentes, realizado com o mesmo medicamento homeopático Arsenicum album, na mesma potência e método, compara com outro medicamento homeopático (Mercurius solubilis) e com o bórax e comprova a eficácia do Arsenicum álbum em relação aos outros tratamentos, obtendo resultado significativo com predomínio de resposta satisfatória. 40 CONCLUSÃO Para as condições do estudo conclui-se que houve redução no número de lesões de EAR em ambos os grupos estudados. Considerando que a similaridade dos resultados em ambos os grupos, depreende-se que não foi demonstrada a eficácia do medicamento homeopático no tratamento das Estomatites Aftosas Recorrentes. Serão necessários estudos de maior abrangência em número de pacientes e no tempo de acompanhamento destes, para que se possa ter um resultado mais preciso quanto à eficácia do Arsenicum álbum. 41 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE FARMACÊUTICOS HOMEOPATAS. Manual de normas técnicas para farmácia homeopática. 3.ed. Curitiba, PR, 2003. AXELL C & HENRICSSON V - Association between recurrent aphthous ulcers and tobacco habits. Journal of Dental Research, 93: 239-42, 1985. BATELO, Celso. Efeito antioxidante in vitro dos medicamentos homeopaticos Arsenicum album, Cuprum metallicum, Manganum e Zincum metallicum / In vitro antioxidant efect of homeopathic medicines Arsenicum album, Cuprum metallicum, Manganum e Zincum metallicum. Rev. homeopatia (Sao Paulo);69(1/4):27-38, 2004. ilus, tab, graf. 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Revista de Homeopatía. 1995. 48 ANEXO 1 PACIENTE Paciente ___ Medicamento___ DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO INICIAL 15 DIAS 30 DIAS Afta menor: Afta menor: Afta menor: ( ) Sim ( )Não ( ) Sim ( )Não ( ) Sim ( )Não Quantidade: Quantidade: Quantidade: ( )1 ( )2 ( )3 ( )1 ( )2 ( )3 ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )mais ( )4 ( )mais ( )4 ( )mais Afta maior: Afta maior: Afta maior: ( ) Sim ( )Não ( ) Sim ( )Não ( ) Sim ( )Não Quantidade: Quantidade: Quantidade: ( )1 ( )2 ( )3 ( )1 ( )2 ( )3 ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )mais ( )4 ( )mais ( )4 ( )mais Afta herpetiforme: Afta herpetiforme: Afta herpetiforme: ( ) Sim ( )Não ( ) Sim ( )Não ( ) Sim ( )Não Quantidade: Quantidade: Quantidade: ( )1 ( )2 ( )3 ( )1 ( )2 ( )3 ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )mais ( )4 ( )4 ( )mais ( )mais 49 ANEXO 2 TERMO DE CONSENTIMENTO Título do Projeto: ESTUDO DA AÇÃO DO MEDICAMENTO ARSENICUM ALBUM NA MUCOSA ORAL ACOMETIDA POR ESTOMATITE AFTOSA RECORRENTE Endereço completo e telefone: Pesquisador responsável: Alessandra Müzel Ibrahim Proença Local em que será desenvolvida a pesquisa: Programa Saúde Bucal de Itapeva - SP Itens: • Resumo: A afta é uma patologia bastante comum, atingindo grande parte da população e usualmente produzem dor e desconforto. De acordo com os dentistas do Programa Saúde Bucal de Itapeva, nenhum dos tratamentos utilizados até hoje surtiram efeito esperado. Este fato justifica a necessidade de se desenvolver mais trabalhos nesta área. Faremos uma experiência usando um tratamento homeopático durante 30 dias, sem custos ao paciente. Para fins comparativos, alguns dos frascos distribuídos aleatoriamente não conterão medicamento, somente substância inerte. O paciente deverá, diariamente, colocar 5 gotas do conteúdo do frasco em baixo da língua, logo que acordar, devendo esperar meia hora para tomar o café da manhã ou escovar os dentes. Após 15 dias do uso do medicamento, o dentista fará uma segunda consulta para avaliar os resultados (cura das aftas ou aparecimento de outras). Após 30 dias, o dentista realizará uma última consulta para avaliação do resultado do tratamento. Qualquer alteração na mucosa oral ou efeito indesejado que ocorrer durante os 30 dias de tratamento, deverá ser levado ao conhecimento do respectivo odontólogo, para que este realize exame clínico e dê continuidade, ou não, ao tratamento neste paciente. • Após a seleção dos participantes, apresentaremos um questionário com perguntas de identificação e de caracterização da atividade do entrevistado, sendo que nenhuma delas é de caráter sigiloso ou constrangedor à individualidade do entrevistado. Posteriormente, solicitaremos ao selecionado participar de exames clínicos, os quais são indolores, não causam danos físicos ou situação de estresse, além de não ser necessário o desnudamento do indivíduo. • Riscos e Benefícios: Neste experimento os riscos são mínimos, pois a dosagem terapêutica do medicamento homeopático utilizado é distante da dosagem tóxica, não havendo perigo de intoxicação, se ingerida adequadamente. Os benefícios poderão ocorrer, pois o paciente receberá acompanhamento do seu próprio dentista e, sendo tratado com medicamento ou não durante a pesquisa, receberá atenção efetiva, podendo ter alívio de seu desconforto, além de contribuir para a pesquisa científica. • Custos e Pagamentos: Por parte do selecionado, não incorrerá nenhum custo nem encargos adicionais à sua participação na pesquisa. 50 • Confidencialidade Eu.................................................................................................................................................. .............................. entendo que qualquer informação obtida sobre mim, será confidencial. Eu também entendo que meus registros de pesquisa estão disponíveis para revisão dos pesquisadores. Esclareceram-me que minha identidade não será revelada em nenhuma publicação desta pesquisa; por conseguinte, consinto na publicação para propósitos científicos. • Direito de Desistência Eu entendo que estou livre para recusar minha participação neste estudo ou para desistir a qualquer momento e que a minha decisão não afetará adversamente meu tratamento na clínica ou causar perda de benefícios para os quais eu poderei ser indicado. • Consentimento Voluntário. Eu certifico que li ou foi-me lido o texto de consentimento e entendi seu conteúdo. Uma cópia deste formulário ser-me-á fornecida. Minha assinatura demonstra que concordei livremente em participar deste estudo. Assinatura do participante da pesquisa:.................................................. Data: ........../.........../200 Eu certifico que expliquei a(o) Sr.(a) ...................................................................................................................................................... acima, a natureza, propósito, benefícios e possíveis riscos associados à sua participação nesta pesquisa, que respondi todas as questões que me foram feitas e testemunhei assinatura acima. Assinatura do Pesquisador Responsável:.................................... Data: ........../.........../200 51 ANEXO 3 AO PACIENTE_________________________________________ O TRATAMENTO 5 gotas do conteúdo do frasco Todos ou dias (30 dias) Embaixo da língua Em jejum CUIDADOS COM O MEDICAMENTO - Manter os vidros bem fechados; - Pingar o conteúdo do frasco embaixo da língua sem deixar encostar nos lábios ou na mão; - Não comer nem escovar os dentes meia hora antes e meia hora depois de tomar a dose; - Guardar na cabeceira da cama, longe do rádio, da televisão, do celular do sol, de perfumes, material de limpeza, gelol, vick, cânfora ou naftalina; - Se for viajar, levar o remédio em caixa de madeira ou isopor. ACOMPANHAMENTO DO PACIENTE Você deverá voltar ao dentista nos dias: ____/____/2008 e ____/____/2008 Deverá também contar a ele o que sentiu, se coçou, ardeu, aumentou, diminuiu, sangrou ou se melhorou. ITAPEVA, 20 DE SETEMBRO DE 2007 DECLARAÇÃO DE CIÊNCIA E CONCORDÂNCIA Eu, Célia Regina de Almeida, coordenadora do Programa Saúde Bucal do município de Itapeva – SP, declaro para os devidos fins que estou ciente e concordo com a pesquisa a ser realizada pela mestranda Alessandra Müzel Ibrahim Proença neste programa, sobre o tema: “CICATRIZAÇÃO DA MUCOSA ORAL ACOMETIDA POR ESTOMATITE AFTOSA RECORRENTE FRENTE AO MEDICAMENTO ARSENICUM ALBUM”, envolvendo quatro odontólogos colaboradores e sessenta pacientes. _______________________________ Célia Regina de Almeida Coordenadora do Programa Saúde Bucal TERMO DE CONSENTIMENTO Título do Projeto: Cicatrização da mucosa oral acometida por estomatite aftosa recorrente frente ao medicamento Arsenicum album. Endereço: Rua José Vitorino de Oliveira, 36 – Vila Ophélia – Itapeva-SP Telefone : (15) 3521 3401 Pesquisador responsável: Alessandra Müzel Ibrahim Proença Local em que será desenvolvida a pesquisa: Saúde Bucal do município de Itapeva Resumo: Afta, é uma doença comum, que atinge 30% da população. A afta ocorre na boca, em forma de bolinhas avermelhadas ou esbranquiçadas, podendo ser grandes ou pequenas, únicas ou múltiplas e causam dor. Saram sozinhas em uma semana ou quinze dias e geralmente reaparecem. Ainda não se tem um remédio que previna a afta, portanto, experimentaremos o remédio homeopático Arsenicum álbum durante 30 dias para tentarmos prevenir a afta ou evitar o reaparecimento dela com tanta freqüência. • Riscos e Benefícios: Pode haver uma leve piora inicial com melhora posterior; o remédio pode não curar a afta ou não evitar que ela reapareça; o remédio pode evitar que a afta reapareça e/ ou curar as já existentes, dependendo da resposta de cada paciente. • • Custos e Pagamentos: Não há custo nenhum para o paciente. Sua única responsabilidade é de fazer o tratamento correto e informar ao dentista toda e qualquer alteração na boca. • Confidencialidade Eu________________________________ entendo que, qualquer informação obtida sobre mim, será confidencial. Eu também entendo que meus registros de pesquisa estão disponíveis para revisão dos pesquisadores. Esclareceram-me que minha identidade não será revelada em nenhuma publicação desta pesquisa; por conseguinte, consinto na publicação para propósitos científicos. • Direito de Desistência Eu entendo que estou livre para recusar minha participação neste estudo ou para desistir a qualquer momento e que a minha decisão não afetará adversamente meu tratamento na clínica ou causar perda de benefícios para os quais eu poderei ser indicado. • Consentimento Voluntário. Eu certifico que li ou foi-me lido o texto de consentimento e entendi seu conteúdo. Minha assinatura demonstra que concordei livremente em participar deste estudo. Assinatura do participante da pesquisa: _______________________________________________ Data: _____/_____/2008 Eu certifico que expliquei a(o) Sr.(a) ________________________________, acima, a natureza, propósito, benefícios e possíveis riscos associados à sua participação nesta pesquisa, que respondi todas as questões que me foram feitas e testemunhei assinatura acima. Assinatura do Pesquisador Responsável: ________________________________ Data: _____/_____/2008