biologia de neoseiulus anonymus

Propaganda
BIOLOGIA DE NEOSEIULUS ANONYMUS
(PHYTOSEIIDAE) QUANDO ALIMENTADO COM
MONONYCHELLUS PLANKI (TETRANYCHIDAE)
MANTIDO SOBRE SOJA TRANSGÊNICA E
CONVENCIONAL
Giseli Buffon1, Marliza Beatris Reichert 2, Maicon Toldi3, Édina Aparecida dos Reis Blasi4,
Noeli Juarez Ferla 5
Resumo: Mononychellus planki (McGREGOR, 1950) é um ácaro considerado praga na cultura da soja
tendo como predador natural o ácaro Neoseiulus anonymus (CHANT; BAKER, 1965). Neste estudo
buscou-se conhecer as características biológicas de N. anonymus quando alimentado com M. Planki
em soja transgênica e convencional em laboratório. O estudo foi realizado a partir de ovos do predador
individualizados em arenas com M. planki como alimento em soja transgênica e convencional. A duração
das fases - ovo, larva, protoninfa, deutoninfa e adulta - em dias é de 2,01±0,15, 0,56±0,24, 0,71±0,27,
2,09±0,36 e 5,34±0,38, respectivamente, para soja transgênica e de 2,04±0,28, 0,60±0,23, 0,79±0,29,
1,79±0,76 e 5,16±0,80 para soja convencional. Esse predador demonstrou alimentar-se de M. planki e
desenvolver suas formas imaturas de maneira adequada com essa presa.
Palavras-chave: Glycine max. Inimigo natural. Tabela de vida. Controle biológico.
1 Graduação em Licenciatura/Bacharel em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário UNIVATES
(2012). Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia pelo Centro Universitário
UNIVATES. Professora da Univates.
2 Graduação de curta duração em Ciências pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e
das Missões URI (1993). Graduação em Biologia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado
do Rio Grande do Sul UNIJUI (1997). Mestrado em Ambiente e Desenvolvimento pelo Centro
Universitário UNIVATES (2013). Doutoranda em Ambiente e Desenvolvimento pelo Centro
Universitário UNIVATES. Professora de biologia do Centro Tecnológico Frederico Jorge Logemann.
Professora de Gestão Ambiental da Faculdade de Horizontina (FAHOR).
3 Graduação em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário UNIVATES . Professor de biologia no
ensino médio. Mestrando em Ambiente e Desenvolvimento na Univates.
4 Graduação em Ciências - Licenciatura Plena – Habil. Graduação em Biologia pela Universidade do
Vale do Rio dos Sinos. Mestrado em Biociências (Zoologia) pela Pontifícia Universidade Católica
do Rio Grande do Sul. Doutorado em Ciências pela Universidade de São Paulo. Pós-doutorado pela
Universidade de Amsterdam. Professora da Univates.
5 Graduação em Ciências - Licenciatura Plena - Habil. em Biologia pela Universidade do Vale do Rio
dos Sinos. Mestrado em Biociências (Zoologia) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande
do Sul. Doutorado em Ciências pela Universidade de São Paulo. Pós-doutorado pela Universidade de
Amsterdam. Professor Titular da Univates.
Caderno pedagógico, Lajeado, v. 11, n. 1, p. 20-29, 2014. ISSN 1983-0882
20
Giseli Buffon et al.
BIOLOGY OF NEOSEIULUS ANONYMUS
(PHYTOSEIIDAE) FED WITH MONONYCHELLUS
PLANKI (TETRANYCHIDAE) MAINTAINED ON
TRANSGENIC AND CONVENTIONAL SOYBEANS
Abstract: Mononychellus planki (McGREGOR, 1950) is a mite considered a plague in soybean cultivation.
The mite Neoseiulus anonymus (CHANT; BAKER, 1965) is cited as a natural predator of M. planki. This
study sought to ascertain the biological characteristics of N. anonymus fed with M. planki in transgenic and
conventional soybeans in the laboratory. The study was conducted with the predator eggs isolated and fed
with M. planki in transgenic and conventional soybeans. The length of the stages, egg, larva, protonymph,
deutonymph and adult, in days, is 2.01±0.15, 0.56±0.24, 0,71±0,27, 2,09±0.36 and 5,34±0,38 respectively
for transgenic soybeans and 2.04±0.28, 0.60±0.23, 0.79±0.29, 1,79±0,76 and 5,16±0,80 for conventional
soybeans. This predator apparently feeds from M. planki and develops its immature forms properly.
Keywords: Glycine max. Natural enemy. Life table. Biological control.
1 INTRODUÇÃO
A produção de grãos de soja no Brasil se mantém em ritmo de crescimento nas
últimas safras. Essa é a principal cultura de grãos do Rio Grande do Sul (EMBRAPA/
SOJA, 2010). A soja integra espécies cultivadas sobre qual os agricultores têm
conhecimento técnico de condução de lavouras e capacidade de absorção de novas
tecnologias (MUNDSTOCK, 2005).
A ocorrência de ácaros fitófagos na soja (Glycine max (L.) Merril), em elevados níveis
populacionais, foi observada recentemente em várias regiões do estado do Rio Grande do
Sul. Nas safras agrícolas dos anos de 2011/2012, quando foram realizados levantamentos
de ácaros em soja em alguns municípios do estado, a fim de identificar as espécies de
ácaros associadas aos ataques severos observados na cultura, as espécies encontradas
foram: Tetranychus urticae (KOCH, 1836), Mononychellus planki (McGREGOR, 1950),
Tetranychus desertorum (BANKS, 1900), Tetranychus ludeni (ZACHER, 1913) e Tetranychus
gigas (PRITCHARD; BAKER) (NÁVIA; FLECHTMANN, 2004; REICHERT, 2013).
Na cultura da soja, o ácaro M. planki foi registrado em vários países do continente
americano, incluindo Brasil, Argentina e Paraguai (INRA, 2006). Essa espécie foi
encontrada atacando soja tanto em baixa como em alta intensidade de ataque. O ataque
desse ácaro à soja causa clorose nas folhas, em ambas as faces, que evolui para uma
coloração acinzentada. Em ataques severos, as folhas ficam com aspecto envelhecido, o
que provavelmente prejudica a atividade fotossintética da folha e pode afetar a produção
de grãos da planta (ROGGIA, 2007).
Os ácaros que ocorrem na soja e que reconhecidamente são causadores de dano
econômico são M. planki e T. urticae (REICHERT, 2013). Mononychellus planki,
conhecido como ácaro verde, quando adulto, apresenta corpo de cor verde intensa com
Caderno pedagógico, Lajeado, v. 11, n. 1, p. 20-29, 2014. ISSN 1983-0882
21
BIOLOGIA DE NEOSEIULUS ANONYMUS (PHYTOSEIIDAE) QUANDO....
pernas amareladas. Em torno das setas dorsais, exibem áreas de cor verde escuro e seus
ovos são dispostos ao longo das nervuras das folhas (GUEDES et al., 2007).
A densidade populacional desses ácaros em soja foi mais afetada pelos sistemas de
manejo de plantas daninhas do que pela cultivar, e esteve inversamente correlacionada
com a quantidade e diversidade de plantas daninhas (ROGGIA, 2007). A flutuação
populacional desses ácaros foi influenciada por fatores climáticos e o pico populacional
ocorreu nos meses de fevereiro e março, com maiores populações em áreas irrigadas
(REICHERT, 2013). Com o aumento populacional desses ácaros nas lavouras, os
agricultores buscam alternativas sustentáveis, pois sabe-se que ocorre resistência deles
ao uso de agrotóxicos.
Assim, o mercado brasileiro de produtos cultivados sem o uso de agrotóxicos vem
aumentando nos últimos anos, pois o consumidor passou a valorizar atributos como a
segurança dos alimentos e a sustentabilidade ambiental (MORAES, 2002). Porém, o
Brasil está entre os quatro países que mais produzem transgênicos no mundo, sendo as
principais culturas transgênicas a soja, o milho e o algodão (FRIZZAS; OLIVEIRA,
2006). A utilização de plantas transgênicas, como a soja Bt, é um importante meio
de diminuir a utilização de inseticidas e de proporcionar maior rendimento da
cultura, visto que ela é tóxica para larvas de alguns grupos de artrópodes (FRIZZAS;
OLIVEIRA, 2006). A transgenia pode afetar de maneira negativa algumas populações
de predadores. Se o predador for especialista, sua população será prejudicada pela falta
da presa e terá de migrar rapidamente para outra área ou cultura; caso contrário, pode
acabar morrendo (FRIZZAS; OLIVEIRA, 2006).
Além de predadores, outros artrópodes podem ser afetados, como polinizadores,
insetos de solo e parasitoides, já que a proteína Bt será expressa em todas as partes da
planta. Também há os riscos de o artrópode praga se tornar resistente à toxina da planta
Bt e ocorrer ainda o cruzamento da planta Bt com uma normal, que resultará em outra
planta da qual não se saberá as características: se será resistente ao artrópode ̶ alvo ou
não; que tipo de compostos secundários (aleloquímicos) vai produzir e de que maneira
eles afetarão a vida animal e vegetal que cerca essa planta (FRIZZAS; OLIVEIRA,
2006).
Assim, a transgenia é bastante positiva quando levada em conta a produtividade
com menos agrotóxicos, ou seja, com Manejo Integrado de Pragas (MIP). Porém,
quando se fala em conservação da biodiversidade com Controle Biológico, ela acaba
sendo negativa, pois não se sabe até que ponto ela afetará principalmente a entomofauna
que depende daquelas plantas e como plantas vizinhas a ela podem ser prejudicadas
(FRIZZAS; OLIVEIRA, 2006). É importante lembrar ainda de outro exemplo de
transgenia: as plantas RR, resistentes ao glifosato. Elas não são totalmente conhecidas,
pois não se sabe como a modificação genética que torna essas plantas resistentes ao
herbicida pode afetá-las como um todo, ou seja, que processos bioquímicos, moleculares
e fisiológicos são alterados e/ou modificados. Além disso, não se sabe o que esses
Caderno pedagógico, Lajeado, v. 11, n. 1, p. 20-29, 2014. ISSN 1983-0882
22
Giseli Buffon et al.
processos, se alterados, podem causar de transtornos à própria planta e aos demais seres
que dela dependem direta ou indiretamente (TREVISAN, 2010).
Há ainda o problema do agrotóxico em si, que, quando aplicado, vai causar danos a
todo o ambiente: intoxicação e morte de muitos artrópodes ali presentes, diminuição das
plantas daninhas que servem de alimento para inúmeras espécies animais, intoxicação
da própria planta com o glifosato, porque, mesmo ela sendo resistente, algum tipo de
efeito, mesmo que seja a longo prazo, pode ocorrer (TREVISAN, 2010).
Por isso, o controle biológico assume papel importante na agricultura sustentável
como estratégia de controle de pragas, substituindo o controle convencional. Entretanto,
o controle biológico não é amplamente utilizado, pois os predadores nem sempre se
adaptam ao ambiente da região onde são liberados (ESCUDERO; FERRAGUT,
2005). O inimigo natural deve estar adaptado às características climáticas, apresentar
alta capacidade de predação e elevada taxa de crescimento populacional (WEINTAUB,
2008). Dentre os inimigos naturais de ácaros fitófagos, os ácaros predadores da família
Phytoseiidae são os mais importantes (MCMURTRY; CROFT, 1997; CHANT;
MCMURTRY, 2007; MORAES et al., 2004). A cultura de soja apresenta ácaros
predadores, todos da família Phytoseiidae: N. anonymus, Neoseiulus californicus
(McGregor), Phytoseiulus fragariae (Denmark & Schicha), Phytoseiulus macropilis
(Banks), Proprioseiopsis cannaensis (Muma) e Galendromus annectens (DeLeon)
(ROGGIA, 2009). Dentre as espécies de fitoseídeos frequentemente associados a
Mononychellus tanajoa (Bondar) destaca-se a N. anonymus (BELLOTTI et al., 1987).
As populações de N. anonymus estão correlacionadas significativamente com M.
planki e T. urticae, sendo a maior correlação com M. planki (REICHERT, 2013). Os
ácaros predadores variam geneticamente e raças especializam-se em ambientes em que
permanecem por longo período (MAGALHÃES et al., 2007).
A soja transgênica já é uma realidade nesse contexto e existe a necessidade
emergencial de analisar aspectos econômico, social, ético, político e ambiental a respeito
de sua utilização (ALVES, 2004). Os estudos de Trevisan (2010) demonstram que o
inseto Urbanus acawoios (WILLIAMS, 1926) (Lepidoptera, Hesperiidae) teve redução
no índice de desenvolvimento quando alimentado com soja transgênica, em relação
à convencional. Esse resultado indica que os parâmetros biológicos do inseto sofrem
influência devido à alimentação com soja transgênica, pois, quando expressa na planta
a inserção do gene, poderia estar conferindo alguma propriedade maléfica ao inseto.
O ácaro Neoseiulus anonymus consegue se alimentar de diferentes presas, alterando
seus parâmetros biológicos. Essa espécie apresenta valores de oviposição diferentes se
alimentando de Tenuipalpus heveae (BAKER, 1945), Polyphagotarsonemus latus (Banks,
1904) e Oligonychus gossypii (ZACHER, 1921) (FERLA; MORAES, 2003). O objetivo
do presente estudo foi conhecer as características biológicas de N. anonymus quando
alimentado com M. planki mantido em soja transgênica e convencional.
Caderno pedagógico, Lajeado, v. 11, n. 1, p. 20-29, 2014. ISSN 1983-0882
23
BIOLOGIA DE NEOSEIULUS ANONYMUS (PHYTOSEIIDAE) QUANDO....
2 MATERIAL E MÉTODOS
Este estudo foi conduzido no Laboratório de Acarologia do Centro Universitário
UNIVATES localizado em Lajeado, Rio Grande do Sul, no período de fevereiro a
novembro de 2012. A identificação de N. anonymus foi feita conforme Chant e Baker
(1965) e a de M. plank foi feita conforme Baker e Tuttle (1994). Os ácaros predadores
e fitófagos foram coletados de forma manual em soja convencional e transgênica, no
município de Horizontina, RS (FIGURA 1).
Figura 1: Área de coleta manual de ácaros na soja transgênica (A) e convencional (B) no
município de Horizontina
As colônias de N. anonymus foram mantidas em unidades de criação semelhantes
às descritas por Toldi et al. (2013). Os ácaros fitófagos foram mantidos em folhas de
feijão e os predadores foram mantidos alimentando-se de M. planki sobre folhas de
feijão por um período de três meses em estufas antes do início dos estudos. A criação
de estoque de ácaros foi realizada em câmara com 28±1°C na fotofase de 12 horas e
22±1°C na escotofase e umidade relativa de 70±5%. Os ácaros predadores e fitófagos
foram criados em plantas de feijão mantidas em frascos de vidro com água destilada.
Caderno pedagógico, Lajeado, v. 11, n. 1, p. 20-29, 2014. ISSN 1983-0882
24
Giseli Buffon et al.
A soja utilizada foi plantada em vasos plásticos, identificadas como transgênica ou
convencional, e mantidas em casa de vegetação.
As arenas utilizadas neste estudo foram confeccionadas em placas de plástico
com 1,7 cm de diâmetro e 1,5 cm de altura, contendo na base papel filtro umedecido.
Sobre o papel filtro foi posto um disco foliar de 1,5 cm de diâmetro recortado de folhas
de soja transgênica ou convencional, adaptado de Toldi et al. (2013). A face adaxial
do disco foliar foi colocada sobre o papel filtro, sendo substituída a cada quatro dias
(FIGURA 2). Plástico filme foi colocado sobre a arena para evitar a fuga de ácaros
predadores. As arenas foram mantidas em câmara com 28±1°C na fotofase de 12
horas e 22±1°C na escotofase e umidade relativa de 70±5%. Foram feitas 30 arenas
contendo soja transgênica e 30 arenas contendo soja convencional. Em cada arena
foram adicionadas 10 fêmeas de M. planki como alimento e, após 24 horas, uma fêmea
de N. anonymus aparentemente saudável foi adicionada em ambas as arenas, as quais
foram removidas a partir da execução da postura. Essas fêmeas foram removidas após
a postura e observadas seis horas após a introdução, sendo mantido apenas um ovo de
ácaros por arena.
Figura 2: Montagem das arenas
Foram realizadas três observações diárias às 6h, 12h e 18h, quando foi verificada
a duração das fases dos ácaros. Os dados observados foram comparados pelo teste t de
student, ao nível de significância de 5%, com a utilização do programa BioEstat 5.0.
Caderno pedagógico, Lajeado, v. 11, n. 1, p. 20-29, 2014. ISSN 1983-0882
25
BIOLOGIA DE NEOSEIULUS ANONYMUS (PHYTOSEIIDAE) QUANDO....
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os períodos de duração dos estágios imaturos de N. anonymus não diferenciaram
significativamente quando alimentados de M. planki em soja transgênica ou
convencional (TABELA 1). Também demonstrou preferência por tetraniquídeos
quando alimentado com outras possíveis presas (FERLA; MORAES, 2003).
Tabela 1. Duração dos estágios imaturos de N. anonymus alimentando-se de M. planki
mantido em soja transgênica e convencional, a 28±1°C na fotofase de 12 h e 22 ±1°C na
escotofase e umidade relativa de 70±5%
♀
Hospedeiro N
♂
Mín.
Máx.
Média
N
Mín.
Máx.
Média
OVO
T
23
1,63
2,63
2,01±0,15 a
1,00
2
2
2a
C
22
1,63
2,63
2,04±0,28 a
3,00
2
2,63
2,21±0,36 a
LARVA
T
23
0,38
1
0,56±0,24 a
1
0,63
0,63
0,63 a
C
22
0,38
1
0,60±0,23 a
3
0,38
1,00
0,67±0,31 a
PROTONINFA
T
23
0,25
1
0,71±0,27 a
1
1
1
1a
C
22
0,38
1,38
0,79±0,29 a
3,00
0,63
1,38
0,88±0,43 a
DEUTONINFA
T
23
1,38
2,63
2,09±0,36 a
1
2
2
2a
C
22
1
3,38
1,79±0,76 a
3
1,38
2
1,67±0,31 a
OVO – ADULTO
T
23
4,63
6
5,34±0,38 a
1
5,63
5,63
5,63 a
C
22
4,63
7
5,16±0,80 a
3
5
5,63
5,42±0,36 a
Legenda: T - Transgênica; C - Convencional; ♀ - fêmea; ♂ - macho; N - Número de ácaros
avaliados; Média - Média seguida de mesma letra, em cada estágio, não difere estatisticamente
entre si pelo teste de Tukey, ao nível de significância de 5%.
O período de ovo-adulto foi de 5,4 dias. Esse resultado foi semelhante ao obtido
por Gondim (1996) alimentando-se de T. urticae e M. tanajoa. Mesa e Bellotti (1986)
Caderno pedagógico, Lajeado, v. 11, n. 1, p. 20-29, 2014. ISSN 1983-0882
26
Giseli Buffon et al.
obtiveram um período menor, cerca de 4,7 dias, com esse predador alimentando-se de
T. urticae como presa.
O tempo de duração, em dias, das fases de ovo, larva, protoninfa, deutoninfa e adulta
foram de 2,01±0,15, 0,56±0,24, 0,72±0,27, 2,08±0,35 e 5,34±0,38 respectivamente,
para soja transgênica, e de 2,06±0,29, 0,61±0,23, 0,80±0,31, 1,76±0,68 e 5,22±0,72
para soja convencional. As durações dos estágios imaturos também não diferiram entre
machos e fêmeas. A razão sexual observada foi de 86,67% fêmeas e 13,33% machos
nos dois tipos de alimento. De maneira geral, os fitoseídeos apresentam razão sexual
próxima a esses dados, normalmente próximo de 70% (TOLDI et al., 2013; PARRA,
2002).
4 CONCLUSÕES
O ciclo de vida de Neoseiulus anonymus não é influenciado por Mononychellus
planki quando alimentado com soja transgênica ou convencional. Além disso, o ácaro
Mononychellus planki demostrou ser presa adequada ao ácaro Neoseiulus anonymus.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Centro Universitário UNIVATES pela disponibilidade
do Laboratório de Acarologia para o desenvolvimento da pesquisa.
REFERÊNCIAS
ALVES, G. S. A Biotecnologia dos transgênicos: Precaução é a palavra de ordem. Holos, ano
20, outubro, 2004.
BELLOTTI, A. C., MESA N. C., SERRANO M., GUERREIRO J. M. & HERRERA
C. J. Taxanomic inventary and survey activity for natural enemies of cassava green mites in
the Americas. Insect Sci. Applic. v.8, p845-849, 1987.
BAKER, E. W.; TUTTLE, D. M. A guide to the spider mites (Tetranychidae) of the United
States. Indira Publishing House, 1994.
CHANT, D. A.; BAKER, E. W. The Phytoseiidae (Acarina) of Central America. Memoirs.
Entomological Society of Canada, v. 97, n. S41, p. 3-56, 1965.
CHANT, D. A.; McMURTRY, J. A. Illustrated keys and diagnosis for the gener and
subgenera of the Phytoseiidae of the world (Acari: Mesostgmata). Indira Publishing House,
p.220, 2007.
EMBRAPA SOJA. Desenvolvimento, Mercado e Rentabilidade da Soja Brasileira. Circular
Técnica 74. Londrina, abril 2010.
Caderno pedagógico, Lajeado, v. 11, n. 1, p. 20-29, 2014. ISSN 1983-0882
27
BIOLOGIA DE NEOSEIULUS ANONYMUS (PHYTOSEIIDAE) QUANDO....
ESCUDERO, L. A.; FERRAGUT, F. Life-history of predatory mites Neoseiulus californicus
and Phytoseiulus persimilis (Acari: Phytoseiidae) on four spider mite species as prey, with
special reference to Tetranychus evansi (Acari: Tetranychidae). Biological Control. v.32,
p.378–384, 2005.
FERLA, N.J. & MORAES, G. J. Oviposição dos ácaros predadores Agistemus floridanus
Gonzalez, Euseius concordis (Chant) e Neoseiulus anonymus (Chant & Baker) (Acari) em
resposta a diferentes tipos de alimento. Rev. Bras. Zool. v.20, p.153-155, 2003.
FRIZZAS, M. R.; OLIVEIRA, C. M. Plantas transgênicas resistentes a insetos e
organismos não-alvo: predadores, parasitoides e polinizadores. Universitas: Ciências da
Saúde. v. 4, p. 63-82, 2006.
GONDIM, M. G. C.; MORAES, G. J.; OLIVEIRA, J. V.; BARROS, R.; PEREIRA J. L.
L. Biologia de Neoseiulus anonymus (Acari: Phytoseiidae). An. Soc. Entomol. v.25, p.451-455,
1996.
GUEDES, J. V. C; NAVIA D.; FLECHTMANN C. H. W.; LOFEGO A. C. Ácaros
fitófagos e predadores associados a soja no Rio Grande do Sul. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA, Anais... p. 170, 2004.
GUEDES, J. V.C.; NAVIA, D.; LOFEGO, A. C.; DEQUECH, S. T. B. Ácaros associados
à cultura da soja no Rio Grande do Sul. Neotrop. Entomol. v.36, n.2, p. 288-293, 2007.
INRA. Spider mite web. Montpellier: Institut National de la Recherche Agronomique. 2006.
Disponível em: <http://www.montpellier.inra.fr/CBGP/spmweb/>. Acesso em: 02 out. 2013.
MAGALHÃES, S.; FORBES, M. R.; SKORACKA, A.; OSAKABE, M.;CHEVILLON,
C.; MCCOY, K. D.. Host race formation in the Acari. Exp Appl Acarol, v.42, p.225-238,
2007.
MCMURTRY, J. A.; CROFT, A. B. Life-styles of Phytoseiidae mites and their roles in
biological control. Annual. Review Entomology. v.42, p.291-321, 1997.
MESA, N. C.; BELLOTTI, A. C.. Ciclo de vida y hábitos alimenticios de Neoseiulus
anonymus, predador de ácaros Tetranychidae en yuca. Rev. Col. de Entomol. v.12, 1986.
MORAES, G. J. DE, J. A. MCMURTRY, H. A. DENMARK, C. B. CAMPOS. A revised
catalog of the mite family Phytoseiidae. Zootaxa, v. 434, p. 1-494, 2004.
MORAES, G. J. de. Controle biológico de ácaros fitófacos com ácaros predadores. In:
PARRA, J. P. R.; BOTELHO, P. S. M.; CORRÊA-FERREIRA, B. S.; BENTO, J. M. S.
(Ed.). Controle biológico no Brasil. p. 225-238, 2002.
MORAES, G. J.; FLECHTMANN, C. H. W. Manual de Acarologia: acarologia básica e
ácaros de plantas cultivadas no Brasil. Holos, 2008.
MUNDSTOCK, C. M.; THOMAS, A. L. Soja: fatores que afetam o crescimento e o
rendimento de grãos. Porto Alegre: Departamento de Plantas de Lavoura da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul: Efangraf, p.31, 2005.
Caderno pedagógico, Lajeado, v. 11, n. 1, p. 20-29, 2014. ISSN 1983-0882
28
Giseli Buffon et al.
NAVIA, D.; FLECHTMANN, C.H.W. Rediscovery and redescription of Tetranychus gigas
(Acari, Prostigmata, Tetranychidae). Zootaxa, v.547, p.1-8, 2004.
PARRA, J. R. P. (Ed.). Controle biológico no Brasil: parasitóides e predadores. Editora
Manole Ltda, 2002.
PEDIGO, L. P.; LEWIS, L. C.; MORJAN, W. Ecological impact of herbicides associated
with transgenic soybeans on spider mites. Ames: Leopold Center, Iowa State University, v.
11, p. 36-38, 2002.
REICHERT, M. B., Bioecologia de Ácaros (Acari) Associados à Cultura a Soja (Glycine
Max (L.) Merril) (Fabaceae) na Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.
Dissertação de Mestrado. Centro Universitário UNIVATES, Lajeado, RS. p. 96, 2003.
ROGGIA, S. ; GUEDES, J. V. C.; ROGGIA, K.; ROPPA, R. C.; VASCONCELOS,
G. J. N. DE ; NAVIA, D.; DELALIBERA, J. I. Ácaros predadores e o fungo Neozygites
floridana associados a tetraniquídeos em soja no Rio Grande do Sul. Pesquisa Agropecuária
Brasileira, v. 44, p. 107-110, 2009.
ROGGIA, S. Ácaros tetraniquídeos (Prostigmata: tetranychidae) associado à soja no
Rio Grande do sul: ocorrência, identificação de espécies e efeito de cultivares e de plantas
daninhas. Dissertação (Mestrado em Agronomia) - Universidade Federal de Santa Maria,
Santa Maria, p. 113, 2007.
ROGGIA, S.; GUEDES, J. V. C.; NAVIA, D.; MAZIERO, H.; FARIAS, J. R. Ocorrência
de ácaros fitófagos na soja no Rio Grande do Sul na safra 2002/03. In: CONGRESSO
BRASILEIRO DE ENTOMOLOGIA. Anais... p.169, 2004.
SILVEIRA N. S. ; NAKANO, O.; BARBIN, D.; VILA, N. N. A. Manual de ecologia dos
insetos. Ed. Agronômica Ceres, p.419, 1976.
TOLDI, M.; FERLA, N. J.; DAMEDA, C.; MAJOLO, F. Biology of Neoseiulus
californicus feeding on two-spotted spider mite. Biotemas, v. 26, n. 2, p. 105-111, 2013.
TREVISAN, H. Análise da Influência de Pl antas Transgênicas em Urbanus acawoios
(Williams, 1926) (Lepidoptera: Hesperiidae) e em Galleria mellonella (Linnaeus, 1758)
(Lepidoptera: Pyralidae). Tese - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Instituto de
Florestas. p. 78, 2010.
TREVISAN, H. Análise da influência de plantas transgênicas em Urbanus acawoios
(Williams, 1926) (Lepidoptera: Hesperiidae) e em Galleria mellonella (Linnaeus, 1758)
(Lepidoptera: Pyralidae). Dissertação de Mestrado. UFRRJ, Seropédica - RJ, 2010.
WEINTRAUB, P.; PALEVSKY, E.. Evaluation of the predatory mite, Neoseilus Californicus,
for spider mite control on greenhouse eweet pepper under hot arid Field conditions.
Experimental and applied acarology, 2008.
Caderno pedagógico, Lajeado, v. 11, n. 1, p. 20-29, 2014. ISSN 1983-0882
29
Download