BIOLOGIA DE NEOSEIULUS ANONYMUS (PHYTOSEIIDAE) QUANDO ALIMENTADO COM MONONYCHELLUS PLANKI (TETRANYCHIDAE) MANTIDO SOBRE SOJA TRANSGÊNICA E CONVENCIONAL Giseli Buffon1, Marliza Beatris Reichert 2, Maicon Toldi3, Édina Aparecida dos Reis Blasi4, Noeli Juarez Ferla 5 Resumo: Mononychellus planki (McGREGOR, 1950) é um ácaro considerado praga na cultura da soja tendo como predador natural o ácaro Neoseiulus anonymus (CHANT; BAKER, 1965). Neste estudo buscou-se conhecer as características biológicas de N. anonymus quando alimentado com M. Planki em soja transgênica e convencional em laboratório. O estudo foi realizado a partir de ovos do predador individualizados em arenas com M. planki como alimento em soja transgênica e convencional. A duração das fases - ovo, larva, protoninfa, deutoninfa e adulta - em dias é de 2,01±0,15, 0,56±0,24, 0,71±0,27, 2,09±0,36 e 5,34±0,38, respectivamente, para soja transgênica e de 2,04±0,28, 0,60±0,23, 0,79±0,29, 1,79±0,76 e 5,16±0,80 para soja convencional. Esse predador demonstrou alimentar-se de M. planki e desenvolver suas formas imaturas de maneira adequada com essa presa. Palavras-chave: Glycine max. Inimigo natural. Tabela de vida. Controle biológico. 1 Graduação em Licenciatura/Bacharel em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário UNIVATES (2012). Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia pelo Centro Universitário UNIVATES. Professora da Univates. 2 Graduação de curta duração em Ciências pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões URI (1993). Graduação em Biologia pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul UNIJUI (1997). Mestrado em Ambiente e Desenvolvimento pelo Centro Universitário UNIVATES (2013). Doutoranda em Ambiente e Desenvolvimento pelo Centro Universitário UNIVATES. Professora de biologia do Centro Tecnológico Frederico Jorge Logemann. Professora de Gestão Ambiental da Faculdade de Horizontina (FAHOR). 3 Graduação em Ciências Biológicas pelo Centro Universitário UNIVATES . Professor de biologia no ensino médio. Mestrando em Ambiente e Desenvolvimento na Univates. 4 Graduação em Ciências - Licenciatura Plena – Habil. Graduação em Biologia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Mestrado em Biociências (Zoologia) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Doutorado em Ciências pela Universidade de São Paulo. Pós-doutorado pela Universidade de Amsterdam. Professora da Univates. 5 Graduação em Ciências - Licenciatura Plena - Habil. em Biologia pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Mestrado em Biociências (Zoologia) pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Doutorado em Ciências pela Universidade de São Paulo. Pós-doutorado pela Universidade de Amsterdam. Professor Titular da Univates. Caderno pedagógico, Lajeado, v. 11, n. 1, p. 20-29, 2014. ISSN 1983-0882 20 Giseli Buffon et al. BIOLOGY OF NEOSEIULUS ANONYMUS (PHYTOSEIIDAE) FED WITH MONONYCHELLUS PLANKI (TETRANYCHIDAE) MAINTAINED ON TRANSGENIC AND CONVENTIONAL SOYBEANS Abstract: Mononychellus planki (McGREGOR, 1950) is a mite considered a plague in soybean cultivation. The mite Neoseiulus anonymus (CHANT; BAKER, 1965) is cited as a natural predator of M. planki. This study sought to ascertain the biological characteristics of N. anonymus fed with M. planki in transgenic and conventional soybeans in the laboratory. The study was conducted with the predator eggs isolated and fed with M. planki in transgenic and conventional soybeans. The length of the stages, egg, larva, protonymph, deutonymph and adult, in days, is 2.01±0.15, 0.56±0.24, 0,71±0,27, 2,09±0.36 and 5,34±0,38 respectively for transgenic soybeans and 2.04±0.28, 0.60±0.23, 0.79±0.29, 1,79±0,76 and 5,16±0,80 for conventional soybeans. This predator apparently feeds from M. planki and develops its immature forms properly. Keywords: Glycine max. Natural enemy. Life table. Biological control. 1 INTRODUÇÃO A produção de grãos de soja no Brasil se mantém em ritmo de crescimento nas últimas safras. Essa é a principal cultura de grãos do Rio Grande do Sul (EMBRAPA/ SOJA, 2010). A soja integra espécies cultivadas sobre qual os agricultores têm conhecimento técnico de condução de lavouras e capacidade de absorção de novas tecnologias (MUNDSTOCK, 2005). A ocorrência de ácaros fitófagos na soja (Glycine max (L.) Merril), em elevados níveis populacionais, foi observada recentemente em várias regiões do estado do Rio Grande do Sul. Nas safras agrícolas dos anos de 2011/2012, quando foram realizados levantamentos de ácaros em soja em alguns municípios do estado, a fim de identificar as espécies de ácaros associadas aos ataques severos observados na cultura, as espécies encontradas foram: Tetranychus urticae (KOCH, 1836), Mononychellus planki (McGREGOR, 1950), Tetranychus desertorum (BANKS, 1900), Tetranychus ludeni (ZACHER, 1913) e Tetranychus gigas (PRITCHARD; BAKER) (NÁVIA; FLECHTMANN, 2004; REICHERT, 2013). Na cultura da soja, o ácaro M. planki foi registrado em vários países do continente americano, incluindo Brasil, Argentina e Paraguai (INRA, 2006). Essa espécie foi encontrada atacando soja tanto em baixa como em alta intensidade de ataque. O ataque desse ácaro à soja causa clorose nas folhas, em ambas as faces, que evolui para uma coloração acinzentada. Em ataques severos, as folhas ficam com aspecto envelhecido, o que provavelmente prejudica a atividade fotossintética da folha e pode afetar a produção de grãos da planta (ROGGIA, 2007). Os ácaros que ocorrem na soja e que reconhecidamente são causadores de dano econômico são M. planki e T. urticae (REICHERT, 2013). Mononychellus planki, conhecido como ácaro verde, quando adulto, apresenta corpo de cor verde intensa com Caderno pedagógico, Lajeado, v. 11, n. 1, p. 20-29, 2014. ISSN 1983-0882 21 BIOLOGIA DE NEOSEIULUS ANONYMUS (PHYTOSEIIDAE) QUANDO.... pernas amareladas. Em torno das setas dorsais, exibem áreas de cor verde escuro e seus ovos são dispostos ao longo das nervuras das folhas (GUEDES et al., 2007). A densidade populacional desses ácaros em soja foi mais afetada pelos sistemas de manejo de plantas daninhas do que pela cultivar, e esteve inversamente correlacionada com a quantidade e diversidade de plantas daninhas (ROGGIA, 2007). A flutuação populacional desses ácaros foi influenciada por fatores climáticos e o pico populacional ocorreu nos meses de fevereiro e março, com maiores populações em áreas irrigadas (REICHERT, 2013). Com o aumento populacional desses ácaros nas lavouras, os agricultores buscam alternativas sustentáveis, pois sabe-se que ocorre resistência deles ao uso de agrotóxicos. Assim, o mercado brasileiro de produtos cultivados sem o uso de agrotóxicos vem aumentando nos últimos anos, pois o consumidor passou a valorizar atributos como a segurança dos alimentos e a sustentabilidade ambiental (MORAES, 2002). Porém, o Brasil está entre os quatro países que mais produzem transgênicos no mundo, sendo as principais culturas transgênicas a soja, o milho e o algodão (FRIZZAS; OLIVEIRA, 2006). A utilização de plantas transgênicas, como a soja Bt, é um importante meio de diminuir a utilização de inseticidas e de proporcionar maior rendimento da cultura, visto que ela é tóxica para larvas de alguns grupos de artrópodes (FRIZZAS; OLIVEIRA, 2006). A transgenia pode afetar de maneira negativa algumas populações de predadores. Se o predador for especialista, sua população será prejudicada pela falta da presa e terá de migrar rapidamente para outra área ou cultura; caso contrário, pode acabar morrendo (FRIZZAS; OLIVEIRA, 2006). Além de predadores, outros artrópodes podem ser afetados, como polinizadores, insetos de solo e parasitoides, já que a proteína Bt será expressa em todas as partes da planta. Também há os riscos de o artrópode praga se tornar resistente à toxina da planta Bt e ocorrer ainda o cruzamento da planta Bt com uma normal, que resultará em outra planta da qual não se saberá as características: se será resistente ao artrópode ̶ alvo ou não; que tipo de compostos secundários (aleloquímicos) vai produzir e de que maneira eles afetarão a vida animal e vegetal que cerca essa planta (FRIZZAS; OLIVEIRA, 2006). Assim, a transgenia é bastante positiva quando levada em conta a produtividade com menos agrotóxicos, ou seja, com Manejo Integrado de Pragas (MIP). Porém, quando se fala em conservação da biodiversidade com Controle Biológico, ela acaba sendo negativa, pois não se sabe até que ponto ela afetará principalmente a entomofauna que depende daquelas plantas e como plantas vizinhas a ela podem ser prejudicadas (FRIZZAS; OLIVEIRA, 2006). É importante lembrar ainda de outro exemplo de transgenia: as plantas RR, resistentes ao glifosato. Elas não são totalmente conhecidas, pois não se sabe como a modificação genética que torna essas plantas resistentes ao herbicida pode afetá-las como um todo, ou seja, que processos bioquímicos, moleculares e fisiológicos são alterados e/ou modificados. Além disso, não se sabe o que esses Caderno pedagógico, Lajeado, v. 11, n. 1, p. 20-29, 2014. ISSN 1983-0882 22 Giseli Buffon et al. processos, se alterados, podem causar de transtornos à própria planta e aos demais seres que dela dependem direta ou indiretamente (TREVISAN, 2010). Há ainda o problema do agrotóxico em si, que, quando aplicado, vai causar danos a todo o ambiente: intoxicação e morte de muitos artrópodes ali presentes, diminuição das plantas daninhas que servem de alimento para inúmeras espécies animais, intoxicação da própria planta com o glifosato, porque, mesmo ela sendo resistente, algum tipo de efeito, mesmo que seja a longo prazo, pode ocorrer (TREVISAN, 2010). Por isso, o controle biológico assume papel importante na agricultura sustentável como estratégia de controle de pragas, substituindo o controle convencional. Entretanto, o controle biológico não é amplamente utilizado, pois os predadores nem sempre se adaptam ao ambiente da região onde são liberados (ESCUDERO; FERRAGUT, 2005). O inimigo natural deve estar adaptado às características climáticas, apresentar alta capacidade de predação e elevada taxa de crescimento populacional (WEINTAUB, 2008). Dentre os inimigos naturais de ácaros fitófagos, os ácaros predadores da família Phytoseiidae são os mais importantes (MCMURTRY; CROFT, 1997; CHANT; MCMURTRY, 2007; MORAES et al., 2004). A cultura de soja apresenta ácaros predadores, todos da família Phytoseiidae: N. anonymus, Neoseiulus californicus (McGregor), Phytoseiulus fragariae (Denmark & Schicha), Phytoseiulus macropilis (Banks), Proprioseiopsis cannaensis (Muma) e Galendromus annectens (DeLeon) (ROGGIA, 2009). Dentre as espécies de fitoseídeos frequentemente associados a Mononychellus tanajoa (Bondar) destaca-se a N. anonymus (BELLOTTI et al., 1987). As populações de N. anonymus estão correlacionadas significativamente com M. planki e T. urticae, sendo a maior correlação com M. planki (REICHERT, 2013). Os ácaros predadores variam geneticamente e raças especializam-se em ambientes em que permanecem por longo período (MAGALHÃES et al., 2007). A soja transgênica já é uma realidade nesse contexto e existe a necessidade emergencial de analisar aspectos econômico, social, ético, político e ambiental a respeito de sua utilização (ALVES, 2004). Os estudos de Trevisan (2010) demonstram que o inseto Urbanus acawoios (WILLIAMS, 1926) (Lepidoptera, Hesperiidae) teve redução no índice de desenvolvimento quando alimentado com soja transgênica, em relação à convencional. Esse resultado indica que os parâmetros biológicos do inseto sofrem influência devido à alimentação com soja transgênica, pois, quando expressa na planta a inserção do gene, poderia estar conferindo alguma propriedade maléfica ao inseto. O ácaro Neoseiulus anonymus consegue se alimentar de diferentes presas, alterando seus parâmetros biológicos. Essa espécie apresenta valores de oviposição diferentes se alimentando de Tenuipalpus heveae (BAKER, 1945), Polyphagotarsonemus latus (Banks, 1904) e Oligonychus gossypii (ZACHER, 1921) (FERLA; MORAES, 2003). O objetivo do presente estudo foi conhecer as características biológicas de N. anonymus quando alimentado com M. planki mantido em soja transgênica e convencional. Caderno pedagógico, Lajeado, v. 11, n. 1, p. 20-29, 2014. ISSN 1983-0882 23 BIOLOGIA DE NEOSEIULUS ANONYMUS (PHYTOSEIIDAE) QUANDO.... 2 MATERIAL E MÉTODOS Este estudo foi conduzido no Laboratório de Acarologia do Centro Universitário UNIVATES localizado em Lajeado, Rio Grande do Sul, no período de fevereiro a novembro de 2012. A identificação de N. anonymus foi feita conforme Chant e Baker (1965) e a de M. plank foi feita conforme Baker e Tuttle (1994). Os ácaros predadores e fitófagos foram coletados de forma manual em soja convencional e transgênica, no município de Horizontina, RS (FIGURA 1). Figura 1: Área de coleta manual de ácaros na soja transgênica (A) e convencional (B) no município de Horizontina As colônias de N. anonymus foram mantidas em unidades de criação semelhantes às descritas por Toldi et al. (2013). Os ácaros fitófagos foram mantidos em folhas de feijão e os predadores foram mantidos alimentando-se de M. planki sobre folhas de feijão por um período de três meses em estufas antes do início dos estudos. A criação de estoque de ácaros foi realizada em câmara com 28±1°C na fotofase de 12 horas e 22±1°C na escotofase e umidade relativa de 70±5%. Os ácaros predadores e fitófagos foram criados em plantas de feijão mantidas em frascos de vidro com água destilada. Caderno pedagógico, Lajeado, v. 11, n. 1, p. 20-29, 2014. ISSN 1983-0882 24 Giseli Buffon et al. A soja utilizada foi plantada em vasos plásticos, identificadas como transgênica ou convencional, e mantidas em casa de vegetação. As arenas utilizadas neste estudo foram confeccionadas em placas de plástico com 1,7 cm de diâmetro e 1,5 cm de altura, contendo na base papel filtro umedecido. Sobre o papel filtro foi posto um disco foliar de 1,5 cm de diâmetro recortado de folhas de soja transgênica ou convencional, adaptado de Toldi et al. (2013). A face adaxial do disco foliar foi colocada sobre o papel filtro, sendo substituída a cada quatro dias (FIGURA 2). Plástico filme foi colocado sobre a arena para evitar a fuga de ácaros predadores. As arenas foram mantidas em câmara com 28±1°C na fotofase de 12 horas e 22±1°C na escotofase e umidade relativa de 70±5%. Foram feitas 30 arenas contendo soja transgênica e 30 arenas contendo soja convencional. Em cada arena foram adicionadas 10 fêmeas de M. planki como alimento e, após 24 horas, uma fêmea de N. anonymus aparentemente saudável foi adicionada em ambas as arenas, as quais foram removidas a partir da execução da postura. Essas fêmeas foram removidas após a postura e observadas seis horas após a introdução, sendo mantido apenas um ovo de ácaros por arena. Figura 2: Montagem das arenas Foram realizadas três observações diárias às 6h, 12h e 18h, quando foi verificada a duração das fases dos ácaros. Os dados observados foram comparados pelo teste t de student, ao nível de significância de 5%, com a utilização do programa BioEstat 5.0. Caderno pedagógico, Lajeado, v. 11, n. 1, p. 20-29, 2014. ISSN 1983-0882 25 BIOLOGIA DE NEOSEIULUS ANONYMUS (PHYTOSEIIDAE) QUANDO.... 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os períodos de duração dos estágios imaturos de N. anonymus não diferenciaram significativamente quando alimentados de M. planki em soja transgênica ou convencional (TABELA 1). Também demonstrou preferência por tetraniquídeos quando alimentado com outras possíveis presas (FERLA; MORAES, 2003). Tabela 1. Duração dos estágios imaturos de N. anonymus alimentando-se de M. planki mantido em soja transgênica e convencional, a 28±1°C na fotofase de 12 h e 22 ±1°C na escotofase e umidade relativa de 70±5% ♀ Hospedeiro N ♂ Mín. Máx. Média N Mín. Máx. Média OVO T 23 1,63 2,63 2,01±0,15 a 1,00 2 2 2a C 22 1,63 2,63 2,04±0,28 a 3,00 2 2,63 2,21±0,36 a LARVA T 23 0,38 1 0,56±0,24 a 1 0,63 0,63 0,63 a C 22 0,38 1 0,60±0,23 a 3 0,38 1,00 0,67±0,31 a PROTONINFA T 23 0,25 1 0,71±0,27 a 1 1 1 1a C 22 0,38 1,38 0,79±0,29 a 3,00 0,63 1,38 0,88±0,43 a DEUTONINFA T 23 1,38 2,63 2,09±0,36 a 1 2 2 2a C 22 1 3,38 1,79±0,76 a 3 1,38 2 1,67±0,31 a OVO – ADULTO T 23 4,63 6 5,34±0,38 a 1 5,63 5,63 5,63 a C 22 4,63 7 5,16±0,80 a 3 5 5,63 5,42±0,36 a Legenda: T - Transgênica; C - Convencional; ♀ - fêmea; ♂ - macho; N - Número de ácaros avaliados; Média - Média seguida de mesma letra, em cada estágio, não difere estatisticamente entre si pelo teste de Tukey, ao nível de significância de 5%. O período de ovo-adulto foi de 5,4 dias. Esse resultado foi semelhante ao obtido por Gondim (1996) alimentando-se de T. urticae e M. tanajoa. Mesa e Bellotti (1986) Caderno pedagógico, Lajeado, v. 11, n. 1, p. 20-29, 2014. ISSN 1983-0882 26 Giseli Buffon et al. obtiveram um período menor, cerca de 4,7 dias, com esse predador alimentando-se de T. urticae como presa. O tempo de duração, em dias, das fases de ovo, larva, protoninfa, deutoninfa e adulta foram de 2,01±0,15, 0,56±0,24, 0,72±0,27, 2,08±0,35 e 5,34±0,38 respectivamente, para soja transgênica, e de 2,06±0,29, 0,61±0,23, 0,80±0,31, 1,76±0,68 e 5,22±0,72 para soja convencional. As durações dos estágios imaturos também não diferiram entre machos e fêmeas. A razão sexual observada foi de 86,67% fêmeas e 13,33% machos nos dois tipos de alimento. De maneira geral, os fitoseídeos apresentam razão sexual próxima a esses dados, normalmente próximo de 70% (TOLDI et al., 2013; PARRA, 2002). 4 CONCLUSÕES O ciclo de vida de Neoseiulus anonymus não é influenciado por Mononychellus planki quando alimentado com soja transgênica ou convencional. Além disso, o ácaro Mononychellus planki demostrou ser presa adequada ao ácaro Neoseiulus anonymus. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem ao Centro Universitário UNIVATES pela disponibilidade do Laboratório de Acarologia para o desenvolvimento da pesquisa. REFERÊNCIAS ALVES, G. S. A Biotecnologia dos transgênicos: Precaução é a palavra de ordem. Holos, ano 20, outubro, 2004. BELLOTTI, A. C., MESA N. C., SERRANO M., GUERREIRO J. M. & HERRERA C. J. Taxanomic inventary and survey activity for natural enemies of cassava green mites in the Americas. Insect Sci. Applic. v.8, p845-849, 1987. BAKER, E. W.; TUTTLE, D. M. A guide to the spider mites (Tetranychidae) of the United States. Indira Publishing House, 1994. CHANT, D. A.; BAKER, E. W. The Phytoseiidae (Acarina) of Central America. Memoirs. Entomological Society of Canada, v. 97, n. S41, p. 3-56, 1965. CHANT, D. A.; McMURTRY, J. A. Illustrated keys and diagnosis for the gener and subgenera of the Phytoseiidae of the world (Acari: Mesostgmata). Indira Publishing House, p.220, 2007. EMBRAPA SOJA. 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