XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002 O USO DA INFORMAÇÃO COMO RECURSO ESTRATÉGICO DE TOMADA DE DECISÃO Sudário Papa Filho Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção - FEMP - UNIMEP fone (0xx31) 3282-4441 - E-mail: - [email protected] Rosângela M. Vanalle Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção - FEMP - UNIMEP fone (0xx19) 3124-1767 - E-mail: [email protected] Abstract The relevance of information for companies is a reality because it supplies innovative proposals and services based on shared knowledge. In order to obtain information faster, many studies have been accomplished with the purpose of developing methods to quicken recovery and contribute for efficiency and effectiveness of the production, distribution and sales processes. In order to guarantee competitively, the enterprises have developed data banks and nets to make it available to all to have access to an immense amount of information unfeasible to cope with. It becomes necessary, therefore, to manage this information by rescuing, locating and analyzing relevant facts to the context. A suitable flow of information, deriving from the construction of an information system reinforces the access to knowledge for decision taking. In this sense, the evolution of the Information Technology (IT) and Telecommunications contributes significantly for the development of functional strategies accelerating actions in general. This article views information as a functional strategy supporting decision-making. For the achievement of this study, books and periodicals related to the use of information as a potentializer of entrepreneurial actions have been revised. Key Words: Data, Information, Knowledge, Data Bank, Marketing, Functional Strategies. 1. Introdução O atual processo de mudanças aceleradas tem gerado a quebra de paradigmas mundiais no plano social, econômico, técnico e organizacional. Isso tem exigido das organizações, um esforço adicional em sua capacidade de criar vantagens competitivas (Porter,1999) frente a uma concorrência cada vez mais acirrada. Com a globalização de mercados, as organizações obrigam-se internamente a delimitar novas prioridades (Silveira,1998), como ajustar os seus sistemas de gestão e de produção, elevando os níveis de automação, entre outras medidas, com o intuito de enfrentar o impacto de uma incerteza futura. Ao referir-se a isso, Aaker (2001) aconselha que uma ampla análise ambiental deva ser construída e, com base nesse conjunto de informações, as organizações estarão aptas a construir suas estratégias. De forma semelhante, referindo-se à formulação de estratégias tecnológicas, Ford (1989) propõe, também, que, em uma etapa inicial, seja promovida “(...) uma auditoria para verificação e conhecimento completo da situação”. ENEGEP 2002 ABEPRO 1 XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002 Os sistemas de informação, como um conjunto de componentes inter-relacionados (Laudon & Laudon, 1996) e a tecnologia do database, podem afetar fundamentalmente a estratégia, na medida em que esses são provedores de informações entre links de mercados, fabricantes e varejistas. Assim, “compreender a atual capacidade e a direção futura de uma organização é uma dimensão-chave do desenvolvimento da estratégia” (Aaker, 2001:277). Para Beuren (1998), a informação ocupa um espaço importante no apoio à formulação de estratégias, como também no acompanhamento das operações empresariais. Ela coloca que “(...) a informação é fundamental no apoio às estratégias e processos de tomadas de decisão”, devendo, assim, ser disponibilizada aos responsáveis pela elaboração da estratégia empresarial. Numa pesquisa exploratória da literatura, produzida sobre sistemas de informação associada a banco de dados, fica bastante evidente a ênfase dada por muitos autores (McKenna, 1993; Kobs,1998; Kotler,1999; Bretzke, 2000; Swift, 2001), ao tratarem desse mecanismo como uma ferramenta indispensável para o século 21. Na última década, surgiram os database, ferramentas inovadoras e revolucionárias, em especial para o uso em marketing. Contudo, a pouca experiência em sua aplicação no Brasil, levou ao questionamento sobre sua eficácia, aumentando, assim, o risco quanto aos seus resultados. Porém, observa-se que cresce o espaço, em número de artigos e livros na literatura, em defesa da associação entre informação, estratégia e marketing. O banco de dados de uma organização é a memória onde se guarda tudo o que for possível sobre seus clientes. Dessa associação entre organizações informadas, clientes e prospects, surgem relações mais produtivas de transferências e valor entre eles. No que pese a maioria das grandes empresas já disporem de algum sistema de informações, nem sempre seus dados estão enfocados e centrados em suas estratégias. São relatórios que atendem satisfatoriamente o operacional sem estarem baseados nos objetivos do negócio. As empresas têm se preocupado, cada vez mais, ainda que nem sempre de forma clara, com o desenvolvimento de suas estratégias. Este atrigo propõe reunir conceitos e idéias e provocar questionamentos a respeito do uso da informação como recurso estratégico de tomada de decisão. A princípio, é feita uma revisão na literatura mais recente sobre a temática, com o objetivo de fundamentar a importância da informação e o conhecimento gerado. Em seguida, aprofunda-se como essa pode se tornar uma estratégia funcional, na idealização de vantagens competitivas para as organizações. 2. Revisão da Literatura A literatura acerca de informação gerencial tem sido abundante, sobretudo, a partir dos anos 90. São artigos, periódicos, livros, dissertações e teses acadêmicas. Na sua maioria, expressam a importância que existe na captação das informações disponíveis, em sua transformação e o uso sistemático na formulação de estratégia da empresa com vistas ao aumento da competitividade. Há poucas décadas, existia um ambiente estável, onde tudo se processava de forma lenta. Competir significava fazer o melhor necessário para manter a posição no mercado. Produção em massa, economia em escala e a diminuição de custos tornavam as empresas competitivas no Brasil até o início dos anos 1990. Entretanto, novos caminhos foram trilhados: a abertura aos produtos estrangeiros, concorrentes mais agressivos, fornecedores fortes e clientes mais exigentes tornaram o mercado mais dinâmico. Muitas organizações desapareceram e as que sobreviveram passaram a buscar novas formas para conseguir vantagens. O ambiente tornou-se mais competitivo e, para assegurar a permanência e lucros, as organizações passaram a adotar uma estratégia de inovação, firmemente embasada na informação. Drucker (1992) afirma que “(...) as organizações modernas são ENEGEP 2002 ABEPRO 2 XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002 fundamentadas na informação e no conhecimento”, recomendando, assim, que as organizações trabalhem a informação e o conhecimento como capital estratégico. É a partir dela, transformada em inteligência empresarial, que as organizações conhecem o ambiente em que estão inseridas – mercados, consumidores, competidores locais e internacionais. Esse acompanhamento, cada vez mais complexo, é necessário para entender como ocorrem as mudanças. A sociedade convive e é influenciada por mudanças: demográficas, sócio-culturais, políticas e econômicas externas. Entendê-las parece vital para a adaptação e o sucesso das organizações. Baseadas nesse fluxo de variáveis, as grandes organizações e empresas seguem os seus planos de intenções, que lhes garantirão maior sucesso no futuro. A abrangência das informações e seu grande número variado de fontes, leva, quase sempre, a uma dificuldade de interpretação. Uma linha de pensamento, em razão da complexidade crescente do ambiente econômico e organizacional, constrói modelos matemáticos que contemplam soluções previsíveis. Percebe-se que a tarefa não é nada simples quando se verifica que existem muitas variáveis a serem analisadas. Medidas e informações, a serem consideradas são em número cada vez maior, dificultando à análise dos fatos e resultados. Alguns programas estatísticos, entre eles o SPSS Statistical Software System e o MINITAB Statistical Software, têm ajudado a desvelar essa interação entre a organização e seu meio ambiente, com a finalidade de medir e avaliar o grau de relacionamento, intimidade ou correlação existente entre as variáveis. As organizações de ponta têm feito o possível para o acompanhamento dessas mudanças. Foi a partir do advento da massificação da informatização, das novas formas de comunicação e o rápido desenvolvimento tecnológico nas plantas de fábrica, que elas se tornaram mais pró-ativas. Estabeleceu-se, assim, uma nova relação, imposta pelo mercado, baseada na competição. Como conseqüência, a operacionalização da administração nessas organizações tem requerido dos seus dirigentes, muita habilidade de interpretação de cenários e estudo na compreensão dos vários fatores ambientais (internos e externos), que se inter-relacionam e mudam permanentemente. Mesmo reforçado pelo senso comum da importância da busca da informação, é possível assistir, ainda, executivos pouco experientes que procuram se orientar pela demanda de seus produtos (e de serviços) como o único indicador financeiro capaz de auxiliar na tomada de decisão. Esse conceito é baseado em informações do passado e os dirigentes esquecem que em economia a “(...) procura é um conceito criado para indicar a grande sensibilidade da quantidade (Q) procurada e alterações de preço (P) do mercado” (Samuelson 1972:567). Entretanto, não existe garantia de que o passado se repetirá. Hoje, a única certeza em relação ao futuro é a de que a velocidade nas mudanças, propiciada pela inovação, tende a aumentar ainda mais. Assim, organizações, que formulam estratégias concentradas em indicadores financeiros, na venda histórica de seus produtos e não no aumento da base dos seus clientes, tendem a fracassar. A tendência, que se configura nos dias atuais, deixa claro que as organizações adotaram novas táticas de venda: vender o produto na maior quantidade possível, para o maior número de clientes possível. Essa configuração, baseada no crescimento do número de clientes, é justificada em razão da estabilidade proporcionada. Assim é que, ao customizar produtos, passa-se a obter lealdade dos clientes com a marca. Esse objetivo é perseguido em razão de que reter os clientes é menos oneroso que adquirir novos (Starling Neto et al, 1998). Reforça Cobra (2000) que aumentar a base de clientes tem sido a estratégia de marketing mais utilizada em algumas grandes corporações como um sustentáculo de permanência através dos tempos e dos ciclos da economia. “Qualquer negócio tem como objetivo ganhar clientes. Sem clientes não há negócio...” (Ibidem, p:121), isso é pertinente para qualquer tipo de organização. ENEGEP 2002 ABEPRO 3 XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002 Na luta competitiva de conseguir novos clientes, as organizações têm buscado como diferencial, em relação aos seus concorrentes, ações que levem à inovação de produtos. É dentro dessa visão que as organizações têm adquirido vantagens competitivas, aportando grandes investimentos em equipamentos como uma forma de apresentação de novos produtos (e de serviços) aos seus clientes. A inovação tem sido usada como um fator de competitividade de vendas, sempre que o concorrente imita procedimentos e copia produtos. Drucker instiga que existem três tipos de inovação em empresa: “... Inovação de produtos ou serviços; inovação no mercado, no comportamento e valores do consumidor; inovação nas várias técnicas e atividades necessárias para se fazer os produtos e os serviços e levá-los ao mercado” (Drucker, 1975:115). A informação exerce um papel maior na busca da inovação. Ao levantar todos os dados, é ela, que depois de organizada, gera o conhecimento das necessidades dos clientes e do mercado e pode levar à melhoria dos produtos ofertados ou sua completa renovação. Assim, a produção pode impulsionar a estratégia, fornecendo para a empresa a vantagem competitiva necessária aos seus propósitos “oferecendo produtos e/ou serviços melhores, mais rápidos, em tempo, em maior variedade e mais baratos do que seus concorrentes” (Slack, 1996:66). Pode-se, então, a partir de uma liderança tecnológica, antecipar novos mercados e atender públicos antes inacessíveis. A oferta de novos produtos e serviços leva as organizações à pesquisa de hábitos de consumo e atuação da concorrência. Igualmente aqui, a informação exerce uma grande força para aqueles que desejam atingir o mercado com objetividade de vendas. Conhecer melhor os clientes ajuda a identificar suas necessidades e as razões que os levam à compra. Kotler(1999), ao se referir a esse conhecimento, afirma que “(...) a forma como esses consumidores diversos fazem suas escolhas dentre vários produtos envolve uma série fascinante de fatores” . Para ele várias forças atuam no comportamento do consumidor. Sua escolha de compra é resultante da “(...) complexa interação entre os fatores culturais, sociais, pessoais e psicológicos” (ibidem, p:105). Sendo assim, é cada vez maior a necessidade de contatos entre clientes-organizações para definição de estratégias funcionais. Essa discussão é também de outros autores (Shaw & Stone, 1993; Shepard, 1993; Vavra,1993) que insistem na necessidade de se conhecer melhor os clientes. Para tanto, recomendam o uso de um sistema adequado de informações como ferramenta estratégica. Souza (1994) sugere a coleta das informações junto a clientes por uma técnica chamada de “antena”, que, nesse caso, funciona como um coletor de informações junto aos clientes, sem tirar sua espontaneidade, de forma a identificar mudanças planejadas e necessárias. O dirigente vai para o front dos negócios, contatando pessoas, ouvindo de forma atenta o mercado e, de modo especial, observando a concorrência. É nesse novo ambiente de competição que um sistema de informações torna-se fundamental e vai orientar as estratégias funcionais, retro-alimentando-se, constantemente, num processo de melhoria contínua. Shepard apresenta uma abordagem, via marketing direto, para obter e identificar os perfis de clientes a partir do sistema de banco de dados e, assim, desenvolver estratégias funcionais. Como resultado dessa implementação de programa, sugere que a coleta das informações “... tende a ter relevância e valor tanto para os consumidores quanto para as empresas. Para os consumidores, esses diálogos não apenas fornecem um mecanismo para registrar preferências no que diz respeito à mercadoria (serviço) e método de compra, mas também permitem que os consumidores ajudem a moldar novos produtos e serviços com base em seus interesses, estilos de vida e padrões de compra. (Shepard, 1993:7)”. ENEGEP 2002 ABEPRO 4 XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002 Hughes (1998) afirma que muitas organizações varejistas faliram por desconhecer os seus clientes. É desse conhecimento, conseguido nas informações, que atentamente as empresas captam as percepções, atitudes e preferências dos seus consumidores e que interferem nas decisões a serem tomadas por essas. Ele reforça que a coleta de informações ajuda a aprender mais sobre os clientes “(...) por meio de pesquisas e dados adicionados, de modo que se possa fazer negócios melhores com eles; (...) aumentar o número de pessoas (...) de modo que as lojas possam montar seus bancos de dados de clientes; fazer acompanhamento de compras (...) pesquisas de acompanhamento e chamadas telefônicas;(...) entender os dados geo-demográficos de suas áreas de comércio a fim de que eles possam realizar um trabalho melhor de localização de suas lojas e melhorar a indicação de novos clientes; estabelecer perfis de consumidor em grupos” (Hughes, 1998:188). Diante disto, fica a sensação aos autores de que se deve caminhar no sentido de avançar na busca dos dados que se transformarão em informações e, por fim, conhecimento. Assim, se reconhece que a implantação de um banco de dados em uma empresa pode ser uma demanda de tarefa bem maior do que o previsível e levar muitos anos para ser realizada. Os autores estudados têm em comum o fato de concordarem que a informação sobre os clientes aumenta a força nas organizações. No entanto, o que nem sempre acontece é ela estar disponibilizada para utilização em todos os departamentos. Polloni (2000) explica que os meios de comunicação, como é o caso da intranet das empresas, “...divulgam esse conhecimento e são responsáveis pela forma e conteúdo, interferindo no poder. O conhecimento apresenta-se aos seus detentores um certo fascínio ao poder e é natural sua reserva. Quem tem o conhecimento e sabe como utilizá-lo em seu benefício, tem o poder...”(ibidem, p.23), daí a resistência à sua democratização. Para vencer a resistência e democratizar as informações, as organizações, por sua vez, têm buscado ajuda nos bancos de dados, no sentido de desenvolver suas estratégias e ações, para conviver com a incerteza sobre os fatos que surgirão no futuro. A tarefa de acompanhamento, focada no mercado é grande, pois à medida que o contexto do negócio muda, a estratégia se adapta. Ao se referir sobre competição Berliner e Brimson(1992) no começo dos anos 90, já afirmavam que “(...) para poder competir, as empresas têm de oferecer produtos sofisticados a um preço baixo, enquanto mantêm alta qualidade e excelente serviço ao consumidor(p.21). É maior a cada dia a influência exercida pela informação sendo necessário que essas se tornem mais “automatizadas para que, recebidas a tempo, possam ser mais eficientes” (ibidem,p.28). As idéias de Berliner e Brimson combinam com o trabalho de Corrêa e Prochno (1998) ao afirmarem: “o turbulento contexto industrial e econômico faz do planejamento a longo prazo uma tarefa difícil para a maioria das empresas no Brasil” e, assim, “o processo de formulação estratégica deveria considerar explicitamente todas as funções relevantes dentro da organização”. É a informação que, nestes novos tempos, se mostra como um caminho viável para o levantamento e equacionamento de problemas e, notadamente, deve ser encarada como um instrumento estratégico na redução dessas incertezas. É sob esta ótica que Rodrigues contribui: ENEGEP 2002 ABEPRO 5 XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002 “... a informação gerencial deixa de ser vista como um fenômeno de natureza puramente técnico e passa a ser enfocada como um fenômeno organizacional substantivo (Rodrigues,1987).” Os estudos até aqui, buscaram oferecer ao leitor a atenção para a importância do uso da informação gerencial e como essa pode ser valiosa. Em seguida, procura-se evidenciar como são estreitos os relacionamentos entre a estratégia e a informação. 3. Estratégia e Informação O mundo empresarial enfrenta novos desafios: mercados de produtos competitivos, protecionismos velados no comércio em países que necessitam de divisas, questões ligadas a salvaguardas que envolvem o emprego e renda, impostos elevados, crise de energia, mobilidade para o capital de risco e de investimento para negócios que propiciem maior retorno. Vive-se, nesse começo de século, um novo período de transformações na economia, afetado, sobretudo, pela facilidade dos transportes, pela comunicação e pela informática, no que se passa a adotar como um neologismo telemática. É nesse novo ambiente, cunhado pela competitividade, que a informação, necessidade crescente nas organizações, após ser analisada, passa a ter valor estratégico. A revisão bibliográfica na elaboração desse artigo revela ser importante para a organização possuir um sistema de informação que responda a inúmeras questões. Foi para atender a essas necessidades que as organizações, a partir dos anos 1990, passaram a desenvolver ferramentas de tecnologias de informação (TI) que estão permitindo a sistematização do saber e do decidir em todos os níveis gerenciais (Jamil, 2001). Hoje, existem inúmeras metodologias e ferramentas utilizadas para o desenvolvimento desse conhecimento. Entre as mais conhecidas estão o data warehousing, data mining e o custumer relationship management (CRM), que aparecem como infoestruturas capazes de identificar, qualitativamente e quantitativamente, informações a partir de técnicas de busca, seleção e análise automática. Essas novas tecnologias emergentes, como o caso do Enterprise Resource Planning (ERP), introduziram aplicativos inovadores na TI. As mudanças tecnológicas parecem, agora, cruciais na definição da estratégia. Muitas organizações, em especial as relacionadas com serviços e produtos pela internet, incluem em seus projetos infra-estruturais, definições detalhadas da estratégia tecnológica, de forma que essas possam garantir seus relacionamentos interna e externamente à organização. Price (1996) considera que “(...) a tecnologia é capaz de gerar demanda por novos produtos e é através dela que a produção será capaz de baixar custos. As novas tecnologias de organização propiciam o aumento da produtividade e do lucro da empresa”. O surgimento de novos computadores, com processadores mais velozes, possibilitaram conectar vários usuários, integrando programas interligados ao mesmo tempo, criando uma espetacular mudança. A partir da combinação entre a informática e os diversos meios de comunicação (telemática), a informação passou a ser mais ágil, armazenada e disponibilizada no momento em que ela é realizada. Através dela são tomadas decisões mais rápidas e, provavelmente, mais assertivas, gerando os resultados buscados nos objetivos da empresa. No que se refere ao marketing, a busca de informações está ligada à estratégia. Os profissionais estão sempre procurando resolver problemas ligados às necessidades de seus clientes buscando esforços mercadológicos, monitorando constantemente as mudanças que ocorrem no ambiente competitivo. Assim a integração do cliente no processo de planejamento dos produtos ou serviços visa garantir que os mesmos sejam desenvolvidos (McKenna,1991). É através do SIG – Sistemas de Informação Gerencial e a integração de todos os sistemas da organização e o SIM – Sistemas de Informação de Marketing, que a ENEGEP 2002 ABEPRO 6 XXII Encontro Nacional de Engenharia de Produção Curitiba – PR, 23 a 25 de outubro de 2002 organização pode conseguir uma importante vantagem competitiva sobre os concorrentes. É no SIM que é desenvolvido o Market Intelligence integrado a toda a empresa. Através de um Sistema de Apoio a Decisão (SAD) mercadológica, decidirá quais devem ser as medidas a serem implementadas. Com a ajuda de um database e dependendo da sua estruturação, podem-se acionar campanhas de comunicação segmentada - através de comunicação dirigida (Mala Direta) ou de telemarketing - visando romper barreiras iniciais, fornecer argumentos básicos, fazer uma pré-venda de produto/serviço e, ajudar a estabelecer uma posição favorável ao vendedor perante o prospect, muitas vezes, já predisposto a realizar o negócio. É a partir dele, também, que é possível minerar dados com o objetivo de fidelizar clientes e reconhecer o seu comportamento e a potencialidade de novas compras. Alguns exemplos podem ser vistos, no Brasil, de organizações que lançaram programas de “lealdade”. Estes são programas baseados em um SIM e destinam-se a reforçar o relacionamento, seja “(...) pela aquisição de mais produtos ou por meio de maiores gastos, em uma facilidade de crédito rotativo” (Swift, 2001:84). Para o marketing, a transformação dos dados em informações e destas em inteligência, demanda tempo e exige compromisso, mas ajudará a obter retenção e lucratividade (ROI - Return of investment) dos clientes. 4. Conclusões A utilização de sistemas de informação constitui uma opção extremamente importante para o desenvolvimento de estratégias. Além da rápida recuperação dos dados estatísticos históricos, outros benefícios são evidentes. Primeiro, a transformação dos dados em inteligência através dos SAD, para servirem como suporte de negócios. Em segundo, a transformação da informação como conhecimento (Tapscott, 1997). E, por último, é através dela que se podem gerar as condições necessárias ao marketing para o alcance dos objetivos e o aumento da competitividade da organização. Esse artigo evidenciou que é de fundamental importância a informação para a estratégia nas organizações. Mostrou que, em cenários em permanente transformação, é ela que, a partir de um amplo conhecimento dos aspectos mercadológicos, propicia o suporte às táticas e estratégias. Referências Bibliográficas AAKER, David A. Administração Estratégica de Mercado. 5aed.Porto Alegre: Bookman, 2001. BEUREN, Ilse Maria. Gerenciamento da Informação: um recurso estratégico no Processo de gestão empresarial. São Paulo: Atlas, 1998. BERLINER, Callie e BRIMSON, James A. Gerenciamento de custos em indústrias avançadas: base conceitual CAM-I. São Paulo: T.A. Queiroz, 1992. BRETZKE, Miriam. Marketing de relacionamento e competição em tempo real com CRM (Customer Relationship Management). São Paulo: Atlas, 2000. COBRA, Marcos. 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