ARTIGO ORIGINAL AUTOANTICORPOS CONTRA ANTÍGENOS CELULARES E SUA CORRELAÇÃO COM O GENÓTIPO VIRAL EM PACIENTES COM INFECÇÃO PELO VÍRUS DA HEPATITE C (HCV)1 AUTOANTIBODIES AGAINST CELLULAR ANTIGENS AND ITS RELATIONSHIP TO VIRUS GENOTYPE IN HEPATITIS C VIRUS (HCV) INFECTED SUBJECTS Ana Maria Almeida SOUZA2, Dilma Costa de Oliveira NEVES3, Ismaelino Mauro Nunes MAGNO4 e Juarez Antonio Simões QUARESMA5 RESUMO Objetivo: estabelecer relação entre a presença de fator anti-núcleo em células HEp-2 (FAN HEp-2) e o genótipo viral em pacientes portadores de infecção pelo vírus da hepatite C (HCV). Método: estudo transversal analítico de prontuários de 51 pacientes, com anti-HCV positivos, atendidos no Núcleo de Medicina Tropical/Universidade Federal do Pará e grupo controle constituído de doadores de sangue. Foi realizada sorologia para anti-HCV, Reação de Polimerase em Cadeia em Tempo Real RPCTR, genotipagem e dosagens bioquímicas e pesquisa de FAN HEp-2. Os dados foram submetidos a testes estatísticos com auxílio do Programa BioEstat 5.0, sendo aceito como significante o valor de p < 0,05. Resultados: dos 51 pacientes portadores de HCV, 28.9% (13) apresentaram FAN positivo, 88.2.% (45) com genótipo tipo 1 e 11,8% (6) com genótipo tipo 3. Os pacientes que se apresentaram com anticorpos detectáveis não apresentaram níveis de AST, ALT, AST/ALT, γ-GT e fosfatase alcalina, significativamente, diferente daqueles com auto-anticorpos negativos. Conclusão: o estudo demonstra que os auto-anticorpos presentes na amostra possuem padrão citoplasmático e estão relacionados ao genótipo tipo1. DESCRITORES: hepatite C, anticorpos, genótipo INTRODUÇÃO A hepatite C constitui um grave problema mundial de saúde pública1,2. Denominada epidemia silenciosa, calcula-se que 170 milhões de indivíduos no mundo estejam contaminados pelo vírus da hepatite C (HCV). No Brasil, estima-se que o número de vítimas da enfermidade é bem maior do que o estimado pelo Ministério da Saúde 3 e a Região Norte responde por 5,9% dos portadores de hepatite C4. O HCV não é uma partícula homogênea e apresenta uma taxa alta de mutação, levando-o a uma heterogeneidade genômica 5,6 . No Brasil, o genótipo 1b ocorre em cerca de 30% a 40% dos casos; o 1a em cerca de 20%; 1a e 1b em 20%; o 3a em cerca de 28%7. A diversidade de resposta do hospedeiro ao agente infeccioso tem estimulado a busca por _________________________ Trabalho realizado no Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará- UFPA. Belém, Pará, Brasil Médica graduada pela Faculdade Estadual de Medicina do Pará. Mestre e Docente da Faculdade de Medicina/ICS/UFPA; Centro Universitário do Pará- CESUPA 3 Médica graduada pela Universidade Federal do Pará- UFPA. Mestre e Docente do Centro Universitário do Pará- CESUPA 4 Graduado em Biomedicina pela Universidade Federal do Pará- UFPA. Doutor e Docente do Centro Universitário do ParáCESUPA 5 Médico graduado pela Universidade Federal do Pará- UFPA. Doutor e Docente do NMT/UFPA; Universidade do Estado do ParáUEPA 1 2 9 Revista Paraense de Medicina - V.27 (4) outubro-dezembro 2013 justificativas de tais discrepâncias clínicas, sobretudo na imunomodulação. Dentre as infecções mais bem estudadas destaca-se a do HCV 8, 9, 10 e desde a sua descoberta tornou-se evidente sua associação com uma grande variedade de manifestações extrahepáticas, desordens reumáticas e auto-imunes11. A infecção aguda pode passar clinicamente despercebida ou evoluir para hepatite fulminante ou para infecção crônica12. A sorologia anti-HCV positiva13 requer a confirmação pela Reação de Polimerase em Cadeia (PCR) e a determinação do genótipo do HCV que pode ser feita por PCR6 ou por serotipagem14. As técnicas de hibridização buscam uma maior especificidade no diagnóstico, principalmente, em pacientes assintomáticos15. A pesquisa dos anticorpos antinucleares pode ser realizada por diferentes técnicas; a imunofluorescência indireta é a mais utilizada, por sua sensibilidade, reprodutibilidade e facilidade de execução. A sensibilidade aumenta, significativamente, quando se utiliza como substrato lâminas com células HEp-2 (células de carcinoma de laringe humana), por causa da maior expressão de antígenos na superfície dessas células comparados aos expressos nas células de fígado ou de rins de camundongos, que se utilizavam anteriormente16. Os vírus podem ainda modificar proteínas do hospedeiro, de forma a torná-las imunogênicas, ativando o sistema imunológico e causando auto-reação14. O padrão do Fator Anti-núcleo em células HEp-2 (FAN HEp-2) indica uma probabilidade maior ou menor de doença auto-imune e até mesmo sugere o antígeno nuclear envolvido e, por conseqüência, a afecção com ele mais relacionada1,16,17. De acordo com o III Consenso Brasileiro de FAN em HEp-2 o padrão citoplasmático fibrilar linear tem relevância clínica por auto- anticorpo antimiosina nos casos de hepatite C18. Apesar do padrão de fluorescência, na maioria das vezes, não se pode identificar o anticorpo presente, ele pode sugerir ao clínico qual o próximo passo a ser dado na investigação da sua especificidade. Os resultados encontrados devem estar em associação com a clínica, os padrões de fluorescência e os títulos alcançados com a diluição prévia16. As últimas décadas foram de notáveis conquistas no que se refere à prevenção e ao controle das hepatites virais. A partir de 1991, com a implantação dos testes de triagem pelo método Enzyme Linked ImmunonoSorbent Assay (ELISA) Revista Paraense de Medicina - V.27 (4) outubro-dezembro 2013 para doadores de sangue, reduziu a prevalência da hepatite pós-transfusional pelo HCV19,20. Os trabalhos existentes demonstram a presença de FAN HEp-2 em pacientes portadores do HCV, sendo que tais estudos não foram ainda realizados na região Norte do Brasil e sobretudo estabelecendo uma relação com o genótipo do vírus responsável pela infecção. Considerando que a positividade do FAN HEp-2 é um marcador de autoimunidade e que o genótipo tipo 1 é um marcador de resposta ao tratamento para a hepatite C, este trabalho objetiva estabelecer relação entre a presença de FAN HEp2 e o genótipo viral em pacientes portadores de infecção pelo HCV. MÉTODO Realizado estudo do tipo transversal analítico no Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Pará (NMT/UFPA), com 51 pacientes oriundos da Fundação de Hemoterapia e Hematologia do Pará (HEMOPA) com sorologia positiva para HCV e 100 doadores com sorologia negativa. Foram revisados os prontuários dos 51 pacientes, independente do sexo, idade e sinais e sintomas de hepatite e utilizada as amostras de soro dos mesmos, existentes na soroteca do Laboratório de Patologia Clínica do NMT/UFPA. As amostras de soro dos 51 pacientes foram submetidas à reconfirmação do diagnóstico de hepatite C no Laboratório de Patologia Clínica/NMT/ UFPA, mediante pesquisa sorológica de anti-HCV pelo teste ELISA, técnicas moleculares de Reação de Polimerase em Cadeia em Tempo Real (RT-PCR) e identificação do genótipo viral (genotipagem) pelo método de restriction fragment length polymorphism (RFLP). No grupo controle foram incluídos 100 doadores de sangue com sorologias negativas para vírus da imunodeficiência humana (HIV) tipo 1 e 2, Human T lymphotropic virus (HTLV) type 1 and 2, Sífilis, Doenças de Chagas, Hepatite B e para Hepatite C e exames bioquímicos normais. Os soros de todos os participantes foram submetidos à pesquisa de FAN HEp-2 pela técnica de Imunofluorescência Indireta (IFI). Para a leitura da titulação do FAN HEp-2 foi considerado o estabelecido no II Consenso Brasileiro de Fator Antinuclear em células HEp-218. Foram utilizados o teste Qui-quadrado e o teste G nas comparações de n amostras independentes, cujas proporções observadas nas diversas modalidades 10 estão dispostas em tabelas de contigência l x c. O teste t foi usado para comparar as medidas de tendência central das variáveis quantitativas. Os testes estatísticos foram realizados com auxilio do programa Bioestat 5.0, sendo significante p-valor < 0,05 para o intervalo de confiança (IC) de 95% e nível α 5%. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos (CEP) do NMT/UFPA, sob protocolo de nº 050/2009–CEP/NMT. RESULTADOS Na distribuição dos pacientes por sexo foi observada uma predominância do sexo masculino (66,7%) em relação ao feminino (33,3%). A faixa etária predominante foi a de 30 a 50 anos de idade (62,8%), seguida da faixa compreendida entre 51 e 60 anos (19,6%). Foi observada uma diferença significativa (p<0,0001) entre a prevalência do genótipo viral tipo 1 (88,2%) e do tipo 3 (11,8%). Em apenas 25,5% dos pacientes a pesquisa do FAN HEp-2 foi positiva com diferença significante (p<0,0008) em relação aos negativos (74,5%). Todos os FAN HEp-2 positivos apresentaram padrão citoplasmático (Tabela I). A análise dos parâmetros bioquímicos identificou uma distribuição semelhante dos achados entre os pacientes com genótipo viral tipo 1 e 3, não atestando significância estatística para AST (p=0,7907), ALT (p=0,5355), AST/ALT (p=6110), γ-GT (p=0,2194) e fosfatase alcalina (0,8349). (Tabela II). Observadou-se distribuição semelhante dos parâmetros bioquímicos entre os pacientes com FAN positivo e negativo, não havendo significância estatística para AST (p = 0,1704), ALT (p = 0,5347), AST/ALT (p = 0,5732), γ-GT (p = 0,4369) e fosfatase alcalina (p = 0,6431) (Tabela III). O padrão citoplasmático de FAN HEp-2 foi encontrado em 100% dos pacientes infectados com FAN HEp-2 positivo e em 2% dos não infectados. Foi observada u’a maior prevalência de FAN HEp-2 negativo tanto em pacientes infectados (74,5%) como nos não infectados (98%), sendo essa diferença, estatisticamente significativa (p<0,0001) o que pode representar uma não associação entre positividade de FAN HEp-2 com padrão citoplasmático e infecção pelo HCV (Tabela IV). Na comparação dos resultados do FAN HEp-2 com padrão citoplasmático com os genótipos virais foi observado que o resultado negativo é superior ao positivo em ambos os genótipos virais, sendo 71,1% para o genótipo viral tipo 1 e 100% para o genótipo viral tipo 3, não tendo esta diferença significância estatística (p=0,2573) (Tabela V). TABELA I. Distribuição dos pacientes conforme os resultados laboratoriais de FAN HEp-2 citoplasmático e genotipagem, janeiro 2009 a maio 2010, Belém–Pará-Brasil N % Tipo 1 45 88.2 Tipo3 6 11.8 Total 51 100.0 Positivo (citoplasmático) 13 25.5 Negativo 38 74.5 Total 51 100.0 Exames laboratoriais Teste estatístico (χ2) Genótipo viral – HCV (a) p < 0.0001 FAN HEp-2 (b) p = 0.0008 Fonte: Protocolo da pesquisa. (a) HCV – vírus da hepatite C (b) FAN HEp-2 – fator antinúcleo em células humanas HEp-2 11 Revista Paraense de Medicina - V.27 (4) outubro-dezembro 2013 TABELA II. Distribuição dos genótipos dos pacientes de acordo com os parâmetros bioquímicos, janeiro 2009 a maio 2010, Belém–Pará-Brasil Parâmetros bioquímicos AST(a) ALT(b) γ-GT(c) Fosfatase alcalina (d) Genótipo viral – HCV Genótipo 1 Genótipo 3 µ ± DP 35.3 ± 21.9 37.2 ± 32.1 40.3 ± 38 112.6 ± 44.3 µ ± DP 32.8 ± 13.7 28.8 ± 13.6 30.2 ± 13.8 108.7 ± 37.6 Teste estatístico (Teste t) p = 0,7907 p = 0,5355 p = 0,2194 p = 0,8349 Fonte: Protocolo da pesquisa. (a) AST- asparato aminotransferase <40 U/l (b) ALT-alamina aminotransferase 10–40 U/l (c) γ-GT-gama glutamil transferase: para homens 10-50 U/l; para mulheres 7-32 U/l (d) Fosfatase alcalina: 40-150 U/l TABELA III. Distribuição do FAN HEp-2 citoplasmático dos pacientes de acordo com os parâmetros bioquímicos, janeiro 2009 a maio 2010, Belém–Pará-Brasil Auto anticorpos Parâmetros bioquímicos Positivo µ ± DP 41.9 ± 23.8 40.8 ± 29 34 ± 21 107.3 ± 34.5 AST(a) ALT(b) γ-GT(c) Fosfatase alcalina(d) Negativo µ ± DP 32.6 ± 19.7 34.6 ± 31.2 40.9 ± 40 113.8 ± 46.2 Teste estatístico (Teste t) p = 0,1704 p = 0,5347 p = 0,4369 p = 0,6431 Fonte: Protocolo da pesquisa. (a) AST- asparato aminotransferase <40 U/l (b) ALT-alamina aminotransferase 10–40 U/l (c) γ-GT-gama glutamil transferase: para homens 10-50 U/l; para mulheres 7-32 U/l (d) Fosfatase alcalina: 40-150 U/l TABELA IV. Distribuição do FAN HEp-2 citoplasmático segundo a presença ou ausência de infecção por HCV, janeiro 2009 a maio 2010, Belém–Pará-Brasil Pacientes FAN HEp-2 Positivo Negativo Total Infectados N 13 38 51 % 25,5 74,5 100.0 Não infectados N % 2 2 98 98 100 100.0 Teste estatístico (Teste G) p < 0,0001 Fonte: Protocolo da pesquisa Revista Paraense de Medicina - V.27 (4) outubro-dezembro 2013 12 TABELA V. Distribuição do FAN HEp-2 citoplasmático de acordo com o genótipo viral, janeiro 2009 a maio 2010, Belém–ParáBrasil Grupos estudados FAN (citoplasmático) Genótipo 1 Teste estatístico (Teste G) Genótipo 3 n % N % Positivo 13 28.9 0 0.0 Negativo 32 71.1 6 100.0 Total 45 100.0 6 100.0 p=0,2573 Fonte: Protocolo da pesquisa DISCUSSÃO o sistema imunológico e causando auto-reação14. As inflamações do fígado provocadas pelos vírus hepatotrópicos atingem milhões de pessoas e representam significativos problemas de saúde pública em todo o mundo. No Brasil, a Região Norte responde por 5,9% dos portadores de VHC 4. Os achados de FAN HEp-2 positivo em indivíduos sadios foram também observados em 394 pacientes sem evidência de auto-imunidade 25. A agressão hepática por auto-imunidade é um fenômeno reconhecido em várias doenças do fígado, inclusive naquelas de etiologia viral. Além do agente agressor e de sua interação com o sistema imunológico do hospedeiro, outros fatores estão aparentemente envolvidos no surgimento de auto-imunidade hepática, como se supõe acontecer na hepatite auto-imune em indivíduos geneticamente suscetíveis 21. O predomínio do padrão citoplasmático em FAN HEp-2 positivo neste estudo também foi descrito por Bichara (2009)22 ao analisar a prevalência de ANA HEp-2 em 3 grupos de pacientes infectados pelo vírus HIV, pelo bacilo de Hansen e co-infectados com Hansen/HIV e Bichara (2011)23 estudando a prevalência de ANA-HEp-2 em 3 grupos de pacientes infectados pelo vírus do Dengue e HTLV-1/2, nesses estudos em todos os grupos houve predomínio do padrão citoplasmático. O predomínio do padrão de FAN HEp-2 do tipo citoplasmático indica que determinados padrões de fluorescência são mais específicos de doença autoimune, enquanto outros ocorrem em indivíduos com enfermidades não auto-imunes, por ser o citoplasma celular rico em proteínas para as quais auto-anticorpos naturais apresentam afinidade moderada, é comum observar positividade para FAN em indivíduos sadios, cujo significado ainda não é entendido completamente 24. Os vírus podem ainda modificar proteínas do hospedeiro, de forma a torná-las imunogênicas, ativando 13 Nas infecções agudas espera-se que a resposta auto-imune diminua a medida que os vírus são eliminados. Entretanto, alguns trabalhos14,26sugerem que em indivíduos geneticamente susceptíveis, as reações auto-imunes possam persistir apesar do clareamento viral uma vez que o gatilho imunológico foi ativado e não houve desativação. Apesar dos vírus desencadearem auto-reatividade os anticorpos que aparecem na fase inicial da infecção são transitórios e, aparentemente, não estão relacionados à gravidade da doença ou risco de cronificação. Nesta situação, os auto-anticorpos parecem ser mais um epifenômeno da agressão hepatocelular do que um marcador prognóstico com implicações na patogênese da doença27,28. A participação dos auto-anticorpos no processo de transição para cronicidade das hepatites agudas virais é questionada no estudo de 29, porém os resultados não são convincentes. Neste estudo, a presença dos auto-anticorpos em 25.5% dos pacientes, com infecção pelo HCV, não foi relacionada com a gravidade da doença por serem recém diagnosticados e sem sintomas clínicos da infecção. Na relação entre a presença de auto-anticorpos e níveis de aminotransferases não foi observada diferença significante. Em estudo que avaliou 156 pacientes com hepatites agudas virais com imunocomplexos circulantes em 20,6% dos pacientes também não foi observada associação entre a presença de imunocomplexos e o nível de aminotransferases ou bilirrubina25. De acordo com De Larañaga (2000) 14 , na hepatite aguda viral as respostas auto-imunes podem ser Revista Paraense de Medicina - V.27 (4) outubro-dezembro 2013 demonstradas através de altos títulos de anticorpo contra proteína especifica do fígado (anti-LSP) na fase inicial de doença, entretanto ainda não se confirmou a relação entre a presença deste auto-anticorpo e lesão tecidual. A presença do anticorpo antimúsculo liso também foi descrito. Essas reações auto-imunes podem contribuir para o dano hepatocelular, mas correlações com os aspectos histopatológicos ainda não foram descritas. Em estudo realizado em Goiânia–Brasil foi observada uma maior prevalência do genótipo 1, seguida do genótipo 3 em doadores de sangue e hemofílicos24 estando esses resultados semelhantes aos achados desta pesquisa. Em um estudo realizado na França, em 13 pacientes lúpicas infectadas pelo vírus C, oito apresentavam o RNA viral, sendo o genótipo 1 presente em cinco (62,5%) casos, seguido do genótipo 3 (37,5%)30, dados que se assemelham aos do presente estudo, embora o estudo não tenha incluído pacientes com outras infecções associadas ao HCV. É importante ressaltar que estudos sobre genotipagem do HCV em indivíduos com doenças reumáticas são raros. A menor freqüência de positividade para o FAN HEp-2 nos pacientes com genótipo 1 e total ausência no genótipo 3 não mostrou significância estatística. Embora, 88,2% dos pacientes possuam genótipo 1 não foi avaliado no presente estudo a associação com a terapia antiviral, pois todos estavam em fase de pré-tratamento. CONCLUSÃO O estudo demonstra que os auto-anticorpos presentes na amostra possuem o padrão citoplasmático e estão relacionados ao genótipo tipo1. Embora tenha sido observada maior prevalência da negatividade tanto em pacientes infectados pelo HCV quanto em não infectados. SUMMARY AUTOANTIBODIES AGAINST CELLULAR ANTIGENS AND ITS RELATIONSHIP TO VIRUS GENOTYPE IN HEPATITIS C VIRUS (HCV) INFECTED SUBJECTS Ana Maria Almeida SOUZA, Dilma Costa de Oliveira NEVES, Ismaelino Mauro Nunes MAGNO e Juarez Antonio Simões QUARESMA Objective: This paper aims to establish a relationship between anti-nuclear fator (HEp-2) and virus genotypes in Hepatitis C virus infected sunjects. Methods: This is a single-center, transversal analytical study that enrolled 51 out-patients at the Núcleo de Medicina Tropical (Tropical Medicine Center) of the Universidade Federal do Para (Federal University of Para) in Brazil, compared to a control group of blood donors. HCV serology, real-time polymerase chain reaction, genotyping, biochemistry and anti-nuclear fator (HEp-2) analysis were carried out for each patient. Statiscal analysis were made in Bioestat 5.0 software, considering α ≤ 0,05 and power of 80%. Results: Out of 51 HCV subjects, 28.9% (13) also had anti-nuclear factor (HEp-2), 88.2.% (45) HCV type 1 and 11,8% (6) HCV type 3. There was no significant difference in aspartate transaminase (AST), alanine transaminase (ALT), AST/ALT ratio, gamma glutamyl transpeptidase (GGT) e alcaline phosphatase (ALP) serum levels between patients presenting with anti-nuclear factor (HEp-2) and the ones without it. Conclusion: Autoantibodies present in this sample showed a cytoplasmic pattern and were related to HCV type 1. KEY WORDS: Hepatitis C, Autoantibodies, Genotype. REFERÊNCIAS 1. Killenberg PG. Extrahepatic manifestations of chronic hepatitis C. Semin Gastrointest Dis. 2000;11(2):62-8. 2. Brasil. Ministério da Saúde. Doenças infecciosas e parasitárias: Guia de bolso. Brasília, 2006 Revista Paraense de Medicina - V.27 (4) outubro-dezembro 2013 14 3. Trindade CM. Identificação do comportamento das hepatites virais a partir da exploração de base de dados de saúde pública. (Dissertação de Mestrado em Tecnologia da Saúde). Paraná: Pontifícia Universidade Católica do Paraná; 2005.141p. 4. Sociedade Brasileira de Hepatologia. Relatório do Grupo de Estudos da Sociedade Brasileira de Hepatologia. Epidemiologia da infecção pelo vírus da Hepatite C no Brasil. 2005. Disponível em http://www.sbhepatologia.org.br - Acessado em 26 ago.2010. 5. Augusto F, Lobato C, Hepatite C. In: COTTER J (Ed.). 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Endereço para correspondência Ana Maria Almeida Souza Rodovia Mario Covas, 1426, Condomínio Green Garden casa 41, Coqueiro, Ananindeua-Pará-Brasil. CEP: 67.013.185 E-mail: [email protected]. Recebido em 08.07.2013 – Aprovado em 30.10.2013 Revista Paraense de Medicina - V.27 (4) outubro-dezembro 2013 16