perfil clínico - epidemiológico de portadores de

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PERFIL CLÍNICO - EPIDEMIOLÓGICO DE PORTADORES DE HEPATITE C EM
TERESINA, PIAUÍ.
Carolina Coelho Mello( Acadêmica do curso de Medicina da Universidade Federal do
Piauí. Bolsista PIBIC/UFPI.Teresina-PI, Brasil); Viriato Campelo( Professor
Associado/Centro de Ciências da Saúde, Departamento de Parasitologia e Microbiologia,
Universidade Federal do Piauí, Teresina-PI, Brasil).
INTRODUÇÃO:
O vírus da hepatite C(HCV) é um vírus de fita simples de RNA e apresenta grande
heterogeneidade genética. Existem seis genótipos e 76 subtipos identificados do vírus.
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Diversas
pesquisas mostram ampla variação geográfica mundial na distribuição dos genótipos, muitas vezes
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até mesmo entre as regiões geográficas de um mesmo país. No Brasil, o genótipo mais prevalente é
o 1 seguido do 3. A determinação do genótipo é de relevância na prática clínica, pois a escolha da
terapia fornecida ao portador do vírus depende dele, pois já está bem estabelecido que pacientes
portadores crônicos do genótipo 1 respondem menos favoravelmente à terapia anti-retroviral
disponível.
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METODOLOGIA:
Estudo retrospectivo, tendo como base os dados de 342 prontuários de indivíduos
diagnosticados com hepatite C pelo Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí no período
compreendido entre janeiro de 2003 e dezembro de 2011. As variáveis incluídas no estudo incluem
variáveis do tipo dependentes e independentes. As dependentes foram: pacientes positivos para o
HCV e carga viral, genótipo e enzimas hepáticas. As variáveis independentes foram: idade, sexo e
estado civil. Com relação à carga viral considerou-se baixa a carga menor que 600.000 UI/ml e alta
maiores que este valor, segundo recomendação da secretaria de vigilância em saúde do ministério da
saúde.
RESULTADOS:
Entre o total dos 342 prontuários de pacientes com diagnóstico de hepatite C, 126 (36,8% da
amostra total) eram mulheres, das quais 19 (15,08%) possuíam carga viral alta, 34 (26,98%) carga
baixa e 03(2,38%) carga indeterminada e 70 prontuários, correspondendo 55,56% das pacientes, não
informavam a carga viral. Enquanto os pacientes do sexo masculino correspondiam 211 (61,7%)
eram homens. Entre estes, 37 (17,54%) foram diagnosticados com carga viral alta, 69 (32,70%) carga
baixa, 17 (8,06%) indeterminada e 88 (41,71%) prontuários não continham dados sobre a carga viral
dos pacientes. Apenas 05 prontuários não continham informação quanto ao gênero do paciente.
Quanto à faixa de idade com maior número de pacientes afetados, encontrou-se que estes
estavam concentrados entre 38 a 61 anos correspondendo a 223 portadores de HCV e os genótipos
mais prevalentes foram o 01 e o 03 com 102(29,82%) e 67(19,59%), respectivamente.
DISCUSSÃO:
A Hepatite C (HCV) é uma dos principais problemas endêmicos de saúde do mundo. As
estimativas indicam que três a quatro milhões de pessoas são infectadas a cada ano, 170 milhões de
pessoas são cronicamente infectados e com potencial de desenvolver doença hepática incluindo
cirrose e câncer de fígado
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No presente estudo, a análise dos dados confirmou, em grande parte, o perfil epidemiológico
já descrito na literatura internacional e nacional. Os dados do sistema de informação de agravos de
notificação (SINAN) mostrou uma prevalência de hepatite C por sexo no período de 1999 a 2011 foi
de 60,1% para homens e 39,9% para mulheres, com uma razão de 1,5:1homem para cada mulher. A
prevalência por sexo foi de 61,7% para homens e 36,8% para mulheres com uma razão de 1,67:1,
respectivamente. Na tabela 03 verifica-se a relação de carga viral e faixa etária, com predomínio de
carga viral baixa (<600.000) em ambos os sexos, perfazendo um total de 103 (30,12%) pacientes. Já
os com carga viral alta foram de 16,67%, compatível com os dados da literatura, que embora seja
pobre e com diferenças quanto a referências de coorte, aponta ser a carga viral baixa como mais
prevalente.
A faixa etária entre os 46 a 53 anos de idade foi a que mais teve pacientes acometidos pela
hepatite C, correspondendo a com 29,9% dos pacientes, diferente dos dados do SINAN que mostram
um maior acometimento entre 55 e 59 anos (15,8%). Porém, ambos mostram dados semelhantes
quando a referência adotada é na faixa etária mais alta, com 75,1% no SINAN acima de 40 anos e
77,32% acima 38 anos (Tabela 03). Nota-se ainda que a forma de transmissão da doença é baixa
entre os mais jovens e sobe constantemente através da meia-idade. Depois que o pico de
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prevalência é atingido, há um declínio da soroprevalencia . Áreas como esse tipo de transmissão
(transmissão tipo 1), reflete um envelhecimento do pico de prevalência do HCV, indicando que as
maiores taxas de transmissão tenham ocorrido 20, 30 anos atrás
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. Nos Estados Unidos, a faixa
etária de 30 a 49 anos apresenta maior prevalência, semelhante aos países do norte da Europa e
Austrália. Por outro lado em países como a Turquia, Espanha, Itália Japão e China, a maior
prevalência de infecção pelo VHC ocorre em indivíduos acima de 50 anos, notando-se o efeito de
coorte que sugere a ocorrência de maior risco de infecção pelo VHC de 40 a 60 anos atrás nesses
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países .
Outrossim, a carga viral baixa é mais prevalente em todas as faixas etárias, notando-se uma
diferença maior entre 54 a 61 e menor na de 62 a 69 (Tabela 03). Na Tabela 02, o genótipo mais
frequente foi tipo 1 com 57,30% dos informados, seguido do tipo 3 com 37,6% e, por último, o tipo 2
com apenas 5,05%, equivalente a estatística do SINAN com: 68,5%; 25,5% e 5,4%, respectivamente.
O genótipo 1 é o mais prevalente em todo mundo e é composto de dois subtipos principais, 1a e 1b
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cujas taxas de crescimento são maiores do que os genótipos 4 e 6 . O padrão de distribuição é
similar aos encontrados na Europa onde os genótipos mais prevalentes (1 e 3) têm um
comportamento epidemiológico típico de variantes genômicas que se propagaram de forma
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exponencial nos últimos anos, provavelmente por meio de transfusões de sangue . No Brasil, o
genótipo 1 do HCV tem distribuição predominante, com média de 70% da população, seguido do tipo
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3 (25%) e pelo 2 com aproximadamente 5%. Entre os estados do Nordeste, os dados publicados
estão disponíveis apenas para Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia obtendo resultados
comparáveis. Entre os outros quatro estados nordestinos analisados, o genótipo 1 foi o mais
1
prevalente e 3 estava presente em uma frequência bastante alta . Genótipo 2 foi mais frequente no
estado do Maranhão, enquanto que a região Sul apresenta a particularidade do ter o genótipo 3 mais
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prevalente . Quanto a Tabela 05 foram detectados resultados já esperados, com genótipos seguindo
a mesma ordem de prevalência independente da faixa etária. Todos os genótipos mostraram maior
frequência associado à carga viral baixa (Tabela 04), diferindo da literatura que mostra carga viral alta
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no genótipo 1 .
CONCLUSÃO:
Encontrou-se no estudo que o genótipo mais prevalente do HCV na população estuda foi 1 e
3, assim como o gênero mais afetado foi o masculino e a faixa etária mais acometida de 38 a 53
anos. Dados esses que condizem com a literatura e ressalta a importância da criação de políticas de
esclarecimento e apoio aos grupos apresentados nesse estudo como os portadores mais prevalentes
do HCV.
REFERÊNCIAS:
1. CARVALHO, N.O; PERONE, CARLOS; CASTILLO, D.M; PEREIRA, G.L; JANUÁRIO, J.N;
TEIXEIRA, R. Alta prevalência do genótipo 1 em portadoresde hepatite C crônica em
Belo Horizonte, Minas Gerais. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.
41(3):238-242, 2008.
2. SILVA, A. L; VITORINO, R. R; ESPERIDIÃO-ANTÔNIO, V; SANTOS, E. T; SANTANA, L. A;
HENRIQUES, B. D; GOMES, A. P. Hepatites virais: B, C e D: atualização. Revista
Brasileira de Clínica Médica: São Paulo, 2012.
3. OLIVEIRA, I. A. G. Testes moleculares qualitativos para confirmação diagnóstica da
hepatite C. Rio de janeiro: Fiocruz, 2012.
4. MARTINS, T; NARCISO-SCHIAVON, J. L; SCHIAVON, L. L. Epidemiologia da infecção
pelo vírus da hepatite C. Revista da Associação Médica Brasileira, 2011.
5. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de vigilância em Saúde – Departamento de DST,
Aids e Hepatites Virais. Boletim Epidemiológico Hepatites Virais. 1. Ed. Brasília: Ministério
da Saúde, 2012.
Palavras-Chaves: Hepatite C. Genótipo. Carga viral.
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