Estudo comparativo entre biopsias renais guiadas por ultrassom

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I
Paulo Ramos Botelho Antunes
Estudo comparativo entre biopsias renais guiadas
por ultrassom realizadas com agulhas de calibres
16G e 18G.
Tese apresentada ao Instituto de Ensino e Pesquisa da Santa Casa de
Misericórdia de Belo Horizonte/MG para obtenção do título de Mestrado em
Medicina e Biomedicina.
Área de concentração: Procedimentos Minimamente Invasivos
Orientadores: Prof. Dr. René Berindoague e Prof. Dr. Geraldo Magela
Gomes da Cruz
Belo Horizonte 2013
Agradecimentos
A Deus, Maria e Jesus
Aos meus pais
Aos meus irmãos
Aos familiares
A minha noiva
Agradeço a vocês cuja importância supera os limites de uma simples
descrição.
Amo vocês de forma indescritível e intensidade infinita, vocês são a minha
base.
II
Agradecimentos
Ao Orientador Prof. Dr. René Berindoague, exemplo profissional de
dedicação ao ensino e à pesquisa. Incansável na busca do
conhecimento. Profissional a frente do seu tempo.
III
Agradecimentos
À Dra. Maria Carolina Barbosa Álvares, professora, cúmplice e amiga,
grande responsável pela execução do projeto. Exemplo de pessoa
caridosa e profissional dedicada.
Marcante em minha formação profissional.
Essa vitória é sua, Carol! Tenho muita sorte de ter cruzado com seu
caminho. Obrigado por existir em minha vida, Morena.
IV
Agradecimentos
Ao professor e mestre Dr. Willon Garcia de Carvalho, exemplo de
profissional e professor, dedicado aos seus alunos, sempre incentivador
e amigo. Eternizado pelo seu profundo conhecimento, um sacerdote da
sabedoria.
Ao professor e amigo Dr. Fabiano Franco Monteiro Prado, grande
professor e amigo, tão jovem, já detentor de profundo conhecimento.
Responsável pelo tema desta tese de mestrado, foi quem primeiro me
incentivou na busca pelo conhecimento através da pesquisa cientifica.
Ao grande professor e amigo Dr. Edson Batista de Lima, exemplo de
profissional
competente,
incrível
disseminador
do conhecimento,
conselheiro e mentor profissional.
Ao professor e amigo Dr. Luciano Giacon, profissional competente,
revisor da tese, fundamental neste minha atual fase profissional.
V
Agradecimentos
Aos amigos da residência médica em Radiologia e Diagnóstico por Imagem da
Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte/MG, pelo apoio e cumplicidade,
notadamente Felipe Sacud, Juliana Bibi e Thiago Fort.
Aos Professores da Residência médica em Radiologia e Diagnóstico por
Imagem da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte/MG e do Programa
de Pós-Graduação e Pesquisa do IEP.
Aos funcionários da Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte/MG,
notadamente Elvis, Guilherme, Nerinha, Jana e Elisângela.
Aos funcionários do IEP, notadamente as senhoras Zélia e Shirley.
VI
ÍNDICE
1.0 Introdução
pag. 01
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt, Não Negrito
1.1 Insuficiência Renal Crônica
pag. 01
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
1.2 Estadiamento da doença renal crônica
pag. 04
1.3 Transplante Renal
pag. 06
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
1.4 Biopsia renal
pag. 07
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
1.5 Complicações da biópsia renal
pag. 09
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
1.6 Diretrizes gerais de tratamento
pag. 11
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
2.0 Justificativa do estudo
pag. 12
Formatado: Fonte: 12 pt, Não Negrito
Formatado: Fonte: 12 pt, Não Negrito
Formatado: Fonte: 12 pt
3.0 Objetivos
pag. 13
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt, Não Negrito
4.0 Metodologia
pag. 13
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt, Não Negrito
4.1 Tipo de estudo
pag. 13
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
4.2 Local
pag. 13
4.3 Amostra
pag. 13
Formatado: Fonte: 12 pt
4.4 Critérios de inclusão
pag. 14
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
4.5 Critérios de exclusão
pag. 14
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
4.6 Consentimento livre e esclarecido
pag. 15
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
VII
4.7 Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
pag. 15
4.8 Parâmetros pré biopsia
pag. 15
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
4.9 Biopsia renal – Aspectos técnicos
Formatado: Fonte: 12 pt
pag. 18
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
4.10 Parâmetros após biopsia
pag. 19
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
5.0 Análise estatística
pag. 21
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt, Não Negrito
6.0 Resultados
pag. 22
Formatado: Fonte: 12 pt, Não Negrito
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
7.0 Discussão
pag. 30
Formatado: Fonte: 12 pt, Não Negrito
Formatado: Fonte: 12 pt
8.0 Conclusão
pag. 44
9.0 Referências bibliográficas
pag. 45
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt, Não Negrito
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt, Não Negrito
Formatado: Fonte: 12 pt
10.0 Cronograma
pag. 50
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt, Não Negrito
11.0 Anexos
pag. 51
Formatado: Fonte: 12 pt, Não Negrito
Formatado: Fonte: 12 pt, Não Negrito
Formatado: Fonte: 12 pt
11.1 Orçamento financeiro
pag. 51
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt, Não Negrito
Formatado: Fonte: 12 pt, Não Negrito
Formatado: Fonte: 12 pt
11.2 Consentimento Informado
pag. 52
Formatado: Fonte: 12 pt
Formatado: Fonte: 12 pt, Não Negrito
11.3 Filha do protocolo aplicado
pag. 53
11.4 Recomendações ao paciente pós biopsia renal
pag. 55
Formatado: Fonte: 12 pt
VIII
Formatado: Fonte: (Padrão) Arial, 12
pt, Negrito
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Taxa de mortalidade por lista de morbidades e ano de
processamento no período de janeiro/2008 a junho/2012 – pag. 11
Formatado: Fonte: (Padrão) Arial, 12
pt, Cor da fonte: Automática
Tabela 2. Dias de permanência hospitalar por doenças do aparelho
urinário, no SUS, no período de janeiro/2008 a junho/2012 – pag. 11
Tabela 3. Pacientes segundo calibres das agulhas de biopsia utilizadas e
grupo de transplantados e não transplantados renais – pag. 29
Tabela 4. Pacientes segundo calibres das agulhas de biopsia utilizadas,
gênero e grupo de transplantados e não transplantados renais – pag. 30
Tabela
5.
Amostragem
de
pacientes
não
transplantados
renais
classificados por grupo etário – pag. 30
Tabela 6. Amostragem de pacientes transplantados renais classificados por
grupo etário – pag. 31
Tabela 7. Amostragem de pacientes por grupos baseados nos estágios da
doença renal – pag. 32
Tabela 8. Discriminação dos pacientes que desenvolveram complicações
após biopsia renal de acordo com calibres das agulhas – pag. 33
Tabela 9. Formação de FAV e coágulo intravesical de acordo por calibres
das agulhas utilizadas – pag. 34
Tabela 1012. Estatística de pacientes por grupos, com agulhas de
diferentes calibres – pag. 35
Tabela 11. Quantidade de glomérulos por fragmento em material adquirido
com agulhas de diferentes calibres por grupos de pacientes transplantados
e não transplantados renais – pag. 36
IX
Formatado: Cor da fonte: Automática,
Português (Brasil)
Tabela 12. Estatística por média de hematoma e tempo de evolução em
pacientes que apresentaram complicação de acordo com calibres de
agulhas utilizadas – pag. 37
Tabela 13. Estatística por média de hematoma e tempo de evolução em
pacientes que não apresentaram complicação de acordo com calibres de
agulhas utilizadas – pag. 37
Tabela 14. Volume de hematoma formado após a biopsia renal de acordo
com tempo de evolução – pag. 37
Tabela 15. Estatística, por grupos de fase da doença renal, baseada no
clearence versus complicação – pag. 38
Tabela 16. Amostragem, por número de inserções realizadas, em cada
biopsia renal – pag. 39
X
Formatado: Fonte: 12 pt
LISTA DE SIGLAS
SCMBH - Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte/MG
DRC - Doença renal Crônica
IRC - Insuficiência renal crônica
TFG - Taxa de filtração glomerular
IRA - Insuficiência renal aguda
BRGUS - Biopsia renal guiada por ultrassom
TCLE - Termo de consentimento livre e esclarecido
CEP - Comitê de ética em pesquisa
US - Ultrassonografia
FAV - Fistula arterio-venosa
HAS - Hipertensão arterial sistêmica
DM - Diabetes mellitus
Formatado: Fonte: (Padrão) Arial, 12
pt, Negrito
XI
RESUMO
Introdução: O estudo da função renal e de seus diversos processos
patológicos têm sido motivoe de diversas pesquisas, despertando grande
interesse no desenvolvimento de exames propedêuticos que auxiliem
estabelecer um diagnóstico precoce da doença de base.. A doença renal
crônica consiste na perda progressiva e irreversível das funções
glomerular, tubular e endócrina. Detecção precoce e condutas terapêuticas
apropriadas podem minimizar sua progressão e assim reduzir o sofrimento
do paciente, além de amenizar custos financeiros inerentes.
A biopsia
renal é o método chave nesta avaliação, pois . mas nenhum delespermite
de forma rápida, segura, disponível e econômica,
efetividade e
resolutividade dos exames histológicos e imuno-histoquímicos.
Relevância/Objetivo: Este estudo busca mostrar que medidas simples e
pontuais nos protocolos de realização do procedimento de biopsia renal,
como por exemplo, a utilização de agulhas com menores calibres, podem
promover maior segurança e conforto ao paciente. Tem como principal
objetivo
avaliar
as
complicações
da
biopsia
renal
guiada
por
ultrassonografia, comparando agulhas de dois diferentes calibres de(16G e
18G). , e também relacionado-as com baseado em parâmetros clínicos,
laboratoriais e de imagem.Secundariamente, visa avaliar a associação de
parâmetros clínicos, laboratoriais e de imagem com as complicações
ocorridas após a biopsia renal. Logo, torna-se importante estabelecer o
perfil dos pacientes renais crônicos que serão submetidos à Bx renal, com
particular atenção para uma avaliação criteriosa dos fatores de risco
XII
modificáveis,
bem
como
dos
possíveis
efeitos
destes
sobre
o
desenvolvimento das complica
Casuística/Metodologia: Este estudo consistiu em um ensaio clínico
intervencionista com amostragem de 238 pacientes submetidos a biopsia
renal guiada por ultrassom randomicamente distribuídos em dois grupos,
baseados nos calibres das agulhas utilizadas (16G ou 18G). Todos os
pacientes foram inseridos em protocolo pré-estabelecido com registro em
fichas apropriadas. Receberam acompanhamento clínico e imaginológico.
Foram analisados fatores como índices de complicações, qualidade
histopatológica do material extraído e associações clínicos/laboratoriais e
imaginológicas.
Resultados/Conclusões: O presente estudo mostrou índice de 11,3% de
complicações consideradas como maiores. O grupo com agulha 16G
apresentou índice de complicação de 17% contra 3,8% do grupo com
agulha 18G, com o primeiro grupo apresentando 2,9% de complicações
maiores e 14,1% de complicações menores; o segundo grupo apresentou
apenas 1,0% de complicações maiores e 2,8% de complicações menores.
Foi constatado que os calibres das agulhas utilizadas, se 16G ou 18G, não
apresentaram diferenças na qualidade do material com relação ao número
de glomérulos identificados por fragmento biopsiado. Verificou-se também
que pacientes com volumes maiores que 40ml de hematomas perirrenais
formados imediatamente após procedimento parecem apresentar alta
probabilidade de desenvolver complicações maiores.
Após a análise dos dados clínicos, laboratoriais, imaginológicos e
epidemiológicos referentes ao presente estudo, foi possível concluir que as
XIII
biopsias realizadas com agulhas de 18G oferecem material para análise
histológica de qualidade semelhante aos realizados com agulha de 16G,
porém com menores índices de complicaçõesão.
SUMÁRIO
1 – Introdução.........................................................................
1.1 - IRC.......................................................................................
1.2 - Biopsia Renal.........................................................................
2. Relevância..................................................................
2 - Objetivos.............................................................................
2.1 - Objetivo geral .......................................................................
2.2 - Objetivos específicos.............................................................
3 - Metodologia ......................................................................
3.1 - Tipo de Estudo ......................................................................
XIV
3.2 - Local .....................................................................................
3.3 - Amostra .................................................................................
3.4 - Critérios de Inclusão ...............................................................
3.5 - Critérios de Exclusão ..............................................................
3.6 - Consentimento Livre e Esclarecido............................................
3.7 - Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa ............................
3.8 - Número de Pacientes do estudo..............................................
3.9 - Procedimentos e variáveis.......................................................
3.10 - Dos Parâmetros pré Biopsia:..................................................
3.11 - Dos Parametros da Bx............................................................
3.12 - Dos Parametros pós Bx ..........................................................
4 - Análise Estatística........................................................................
5 - Discussão....................................................................................
6 – Resultados..................................................................................
XV
7 - Conclusão..................................................................................
8 - Referencias Bibliográficas.....................................................
9 - Orçamento FinaceiroAnexos...........................................................
10 -Cronograma.......................................................................
XVI
LISTA DE TABELAS
Tabela 00. Pág. 06 e 07 - Morbidade Hospitalar hospitalar do SUS e Internações
internações relativo apor Doenças doenças do Aparelho aparelho
Genitourináriogenitourinário...... pag 6
Tabela 01. pág 20 – Distribuição de pacientes segundo agulha de biopsia e
grupo....pag 20
Tabela 02. pág 20 – Distribuição de pacientes segundo agulha de biopsia, sexo e
grupo.
Tabela 03. pág 21 – Distribuição da amostragem por grupo etário........ pag 21
Tabela 04. pág 21 – Distribuição da amostragem por grupo etário em
transplantados renais.
Tabela 05. pág 21 – Distribuição por estágio da doença renal.
Tabela 06. pág 23 – Distribuição por grupos etários e fase da doença renal em
pacientes transplantados renais.
Tabela 07. pág 23 – Distribuição por grupos etários e fase da doença renal.
XVII
Tabela 08. pág 30 – Distribuição da amostragem por numero de inserções.
Tabela 09. pág 25 – Distribuição da amostragem por tamanho e ecogenicidade
renal.
Tabela 10. pág 25 – Distribuição por justificativa de procedimento e resultado
anatomopatológico.
Tabela 11. pág 26 – Distribuição do volume do hematoma formado após biopsia
.renal.
Tabela 12. pág 24 – Estatistica Estatística por grupos com agulhas de diferentes
calibres.
Tabela 13. pág 21 – Estatisticas por grupos baseados no clearence de creatinina.
Tabela 14. pág 25 – Estatisca por tamanho e ecogenicidade renal.
Tabela 15. pág 31 – Estatistica regressão linear hematoma x nuúmero inserções.
Tabela 16A. pág 26 – Estatistica hematoma x complicação no grupo geral (Agulha
16F x Agulha 18F).
Tabela 16B. pág 27 – Estatistica hematoma x complicação no grupo agulha 16F.
Tabela 16C. pág 29 – Estatistica hematoma x complicação no grupo agulha 18F.
XVIII
Tabela 17. pág 30 – Estatistica hematoma imediato e 4horas pós biopsia x
complicação no grupo geral.
Tabela 18. pág 31 – Estatistica hematoma x ecogenicidade renal em pacientes
que complicaram.
Tabela 19. pág 32 – Distribuição de formação de fistulas AV e coagulo coágulo
intravesical por agulhas.
Tabela 20. pág ** – Distruibuição por número de glomérulos por cm2 e relação
entre agulhas.
XIX
1
Formatado: Recuo: Primeira linha: 0
cm, Espaçamento entre linhas: Duplo
Formatado: Esquerda: 3,75 cm, Início
da seção: Página ímpar, Cabeçalho
diferente na primeira página
1.0 INTRODUÇÃO
Os rins exercem múltiplas funções que podem ser classificadas como
de filtração, reabsorção, homeostase, endocrinológica e metabólica.
Entretanto, sua função primordial é a manutenção da homeostasia,
regulando o meio interno, predominantemente pela reabsorção de
substâncias e íons filtrados nos glomérulos, além da excreção de outras
substâncias. A fisiologia renal apresenta dados marcantes desde a filtração
até a formação final da urina. A cada minuto, esses órgãos filtram cerca de
1.200 a 1.500 ml de sangue e geram 180 ml/minuto de um líquido
praticamente livre de células e proteínas. Os túbulos proximais e distais, a
alça de Henle e o ducto coletor se encarregam de reabsorver e secretar
íons e outras substâncias, garantindo, assim, o equilíbrio homeostático.
Tudo isso regulado por uma série de hormônios, destacando-se o sistema
renina-angiotensina-aldosterona e o hormônio antidiurético, além de outras
substâncias, como o óxido nítrico1.
O estudo da função renal e de seus diversos processos patológicos
têm sido motivoe de diversas pesquisas, despertando grande interesse no
desenvolvimento de exames propedêuticos que auxiliem estabelecer um
diagnóstico precoce da doença de base, obter um prognóstico seguro e
monitorar a terapêutica medicamentosa2,3.
1.1 Insuficiência renal crônica (IRC)
A doença renal crônica (DRC) consiste na perda progressiva e
irreversível de suas funções glomerular, tubular e endócrina.
Em sua fase mais avançada, chamada fase terminal da IRC, os rins já
não conseguem manter a homeostase do paciente.
Atualmente, a DRC constitui importante problema na saúde pública
mundial. No Brasil, a prevalência de pacientes mantidos em programa
crônico de diálise mais que dobrou nos últimos oito anos. Em 1994,De
24.000 pacientes eram mantidos em programa dialítico, enquanto, em
2004, esse número ultrapassou os
em 1994, 59.000153 pacientes em
2004. A incidência de novos pacientes cresce cerca de 8% ao ano. Dados
recentes do Ministério da Saúde mostram que o gasto com o programa de
diálise e transplante renal no Brasil situa-se ao redor de 1,4 bilhão de reais
ao ano4.
Tabela 1 - TAXA DE MORTALIDADE POR LISTA DE MORBIDADES E ANO DE
PROCESSAMENTO NO PERÍODO DE JANEIRO/2008 A JUNHO/2012
Lista Morb CID-10 Doenças do aparelho
geniturinário
2008
2009
2010
2011
2012
2
Doenças do aparelho geniturinário
1,61
1,8
1,9
2,07
2,2
Síndrome nefrítica aguda e rapid. progressiva
0,38
0,29
0,41
0,42
0,25
Outras doenças glomerulares
0,54
0,49
0,64
0,55
0,46
Doenças renais túbulo-intersticiais
1,12
1,19
1,31
1,26
1,37
Insuficiência renal
11,26
11,59
11,6
12,06
11,94
Outras doenças do aparelho urinário
1,32
1,46
1,65
1,82
1,97
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). / Taxa
por 100.000 habitantes
Nota: rapid. = rapidamente
Tabela 2 - DIAS DE PERMANÊNCIA HOSPITALAR POR DOENÇAS DO APARELHO
URINÁRIO NO SUS NO PERÍODO DE JANEIRO/2008 A JUNHO/2012
Lista de morbidade CID-10
Doenças do ap. geniturinário
Síndrome nefrítica aguda e
rapidamente progressiva
Outras doenças glomerulares
Doenças renais túbulos-intersticiais
Insuficiência renal
Outras doenças do aparelho urinário
2008
2009
2010
2011
2012
2758662
2988388
3095683
3105204
1514420
34886
38335
37597
41697
16551
95043
94179
87187
89299
40158
495490
486872
462209
427537
203917
646147
740466
763157
811685
403056
542400
677194
761307
792242
406552
Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS)
Nota: ap. = aparelho
A taxa de mortalidade por insuficiência renal apresenta uma média de
11 óbitos por 100.000 habitantes, mantendo estabilidade desde o ano de
2008 (Tabela 1 e 2). Representa a principal causa de óbito no grupo de
doenças do aparelho geniturinário, sendo responsável por longos períodos
de permanência hospitalar. Atualmente, a IRC é a principal causa de
internação
de
pacientes
com
doenças
do
aparelho
geniturinário,
representando 23% dos dias de internação desse grupo de pacientes.
Segundo a projeção de dados norte-americanos, para cada paciente
mantido em um programa de diálise crônica, existem cerca de 20 a 25
pacientes com algum grau de disfunção renal. Portanto, com esse dado,
pode-se estimar a existência de aproximadamente 1,2 a 1,5 milhão de
brasileiros com doença renal crônica4.
Pacientes portadores de hipertensão arterial, diabetes mellitus ou
história familiar positiva para DRC têm maior probabilidade de desenvolver
3
IRC. Em hipertensos com idade entre 35 a 47 anos, a incidência de DRC é
de cerca de 156 casos por milhão de habitantes4,5Ref.
?
. O risco de
desenvolvimento de nefropatia é de cerca de 30% nos diabéticos tipo 1 e
de 20% nos diabéticos tipo 2 4.
No Brasil, o “Programa HiperDia do Ministério da Saúde” mostrou
que, dentre 2.467.812 pacientes com HAS e/ou DM cadastrados , a
frequência de doenças renais foi de 6,63% (175.227 casos)4Ref . Estágios
avançados da doença renal podem culminar em insuficiência renal
sintomática e consequente necessitando de diálise. Em ambos os casos, é
evidente uma piora significativa da qualidade de vida do paciente, quer.
sSeja pelos mais diversos sintomas urêmicos ou pela rotina desgastante
das sessões de diálise.
Acrescentamm-se ainda a este cenário, filas
intermináveis de pacientes dialíticos aguardando a
oportunidade de
transplante renal.
Portanto, detecção precoce da DRC e condutas terapêuticas
apropriadas para minimizar sua progressão podem reduzir o sofrimento de
muitos pacientes, além diminuirem os custos financeiros inerentes, que
envolvem a DRC.
1.2 Estadiamento da DRC
Em geral, os exames laboratoriais que avaliam a função renal visam
estimar a taxa de filtração glomerular (TFG), que é, definida como o volume
plasmático de uma substância que pode ser completamente filtrada pelos
4
rins em uma determinada unidade de tempo. A TFG é uma das mais
importantes ferramentas na análise da função renal, sendo também um
indicador do número de néfrons funcionais. Como medida fisiológica, ela já
provou ser o mais sensível e específico marcador de mudanças na função
renal 6.
Existem ainda outros marcadores que avaliam a função renal, porém
com acurácia inferior a TFG. São eles: uréia, creatinina, cistatina C,
proteinúria, dismorfismo eritrocitário, microalbuminúria e fração hepática
das proteínas ligadas a ácidos graxos.
Formatado: Recuo: Primeira linha: 1
cm, Espaçamento entre linhas: Duplo
Nos pacientes com DRC o estágio da doença deve ser determinado
com base no nível da função renal, independentemente do diagnóstico
causal. Tal determinação tem como objetivo inicial direcionar o paciente
aos diversos estratos da doença, apontando assim reais necessidades
propedêuticas, terapêuticas e de acompanhamentos específicos, servindo
ainda como base de referência na avaliação da progressão da doença.
Para efeitos clínicos, epidemiológicos, didáticos e conceituais, a DRC
pode ser classificada em seis estágios funcionais, de acordo com os graus
de função renal do paciente6:
Fase de função renal normal sem lesão renal (Estágio 0)importante do ponto de vista epidemiológico, pois inclui pessoas
integrantes dos chamados grupos de risco para o desenvolvimento da DRC
(hipertensos, diabéticos, parentes de hipertensos, diabéticos e portadores
de DRC, etc.), que ainda não desenvolveram lesão renal.
5
Fase de lesão com função renal normal (Estágio I) - corresponde
às fases iniciais de lesão renal com filtração glomerular preservada, ou
seja, com ritmo de filtração glomerular acima de 90 ml/min./1,73m2.
Fase de insuficiência renal funcional ou leve (Estágio II) - ocorre
no início da perda de função dos rins. Nesta fase, os níveis de uréia e
creatinina plasmáticos ainda são normais, não há sinais ou sintomas
clínicos importantes de insuficiência renal e somente métodos acurados de
avaliação da função renal (métodos de depuração, por exemplo) detectam
estas anormalidades. Os rins conseguem manter razoável controle do meio
interno. Compreende um ritmo de filtração glomerular entre 60 e 89
ml/min./1,73m2.
Fase de insuficiência renal laboratorial ou moderada (Estágio III) embora os sinais e sintomas da uremia possam estar presentes de maneira
discreta, o paciente se mantém bem, clinicamente. Na maioria das vezes,
apresenta somente sinais e sintomas ligados à causa básica (lúpus,
hipertensão arterial, diabetes mellitus, infecções urinárias, etc.). Avaliação
laboratorial simples já mostra, quase sempre, níveis elevados de uréia e de
creatinina plasmáticos. Corresponde a uma faixa de ritmo de filtração
glomerular entre 30 e 59 ml/min./1,73m2.
A National Kidney Foundation, através do KDOQI/KDIGO5 subdivide o
estágio III em estágio IIIA (pacientes com ritmo de filtração glomerular entre
45 e 59 ml/min./1,73m2 ) e estágio IIIB (pacientes com ritmo de filtração
6
glomerular entre 30 e 44 ml/min./1,73m2 ). Tal subdivisão busca melhor
distribuir os pacientes em subgrupos mais homogêneos, já que este grupo
possui maior amplitude de taxa de filtração e diversidade de achados
referentes às alterações fisiopatológicas.
Fase de insuficiência renal clínica ou severa (Estágio IV) - O
paciente já se ressente de disfunção renal. Apresenta acentuados sinais e
sintomas de uremia. Dentre estes, anemia, hipertensão arterial, edema,
fraqueza muscular, mal estar e sintomas digestivos são precoces e
comuns. Corresponde à faixa de ritmo de filtração glomerular entre 15 a 29
ml/min./1,73m2.
Fase terminal de insuficiência renal crônica (Estágio V) - como o
próprio nome indica, corresponde à faixa de função renal na qual os rins
perderam o controle do meio interno. Nesta fase, o paciente encontra-se
intensamente sintomático e as opções terapêuticas são os métodos de
depuração artificial do sangue (diálise peritoneal ou hemodiálise), ou
mesmo o transplante renal. Compreende um ritmo de filtração glomerular
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inferior a 15 ml/min./1,73m2.
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1.3 Transplante renal
O transplante renal é, atualmente, a melhor forma de tratamento para
o portador de insuficiência renal crônica avançada, tanto do ponto de vista
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médico quanto social e/ou econômico. Ele está indicado na presença de
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uma IRC em fase terminal, estando o doente em diálise ou mesmo em fase
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pré-dialítica7.
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O rim a ser transplantado pode ser proveniente ou não de um familiar
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(irmãos, filhos ou pais), ou até mesmo de um cadáver com órgão viável
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7
para o transplante. A vantagem do doador ser um parente é a melhor
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sobrevida do enxerto, uma vez que existe uma semelhança imunológica ou
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compatibilidade entre o doador e o receptor. Por outro lado, o doador
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cadáver pode ser considerado um doador ideal.
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Para se realizar o transplante renal, os rins do doente não precisam
ser retirados, exceto em casos especiais. O local mais adequado para se
implantar o órgão é a cavidade abdominal inferior, próximo a uma das
cristas ilíacas, no espaço retroperitoneal. Todo indivíduo submetido a este
procedimento
necessita
receber,
de
forma
continuada,
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drogas
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imunossupressoras. Esta medicação tem como objetivo modular a resposta
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imunológica do receptor.
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Como resultado, o indivíduo transplantado tem uma melhor qualidade
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de vida, não necessitando de afastamento do ambiente social. Entretanto,
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por ser usuário de drogas imunossupressoras, ele deve ser mantido sob
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contínua observação. Sinais de alarme, como redução da diurese,
proteinúria ou aumento das escórias renais são indicativos de uma
imediata propedêutica do rim transplantado. Nestes casos, ocupa local de
destaque
a
análise
histopatológica
e
imunohistoquímica
do
rim
transplantado8, 9.
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1.4 DIRETRIZES GERAIS DE TRATAMENTO
A avaliação e o tratamento de pacientes com doença renal
crônica
requer
a
compreensão
de
conceitos
separados,
porém
relacionados de diagnóstico, risco de perda da função renal, gravidade da
8
doença, condições comórbidas e terapia de substituição renal.
O tratamento de pacientes portadores de insuficiência renal
progressiva pode ser dividido em vários componentes, a saber:
• Programa de promoção à saúde e prevenção primária (grupos de
riscos para DRC)
• Identificação precoce da disfunção renal (diagnóstico da DRC)
• Detecção e correção de causas reversíveis da doença renal
• Diagnóstico etiológico (tipo de doença renal)
• Definição e estadiamento da disfunção renal
• Instituição de intervenções para retardar a progressão da doença
renal crônica
• Prevenir complicações da doença renal crônica
• Modificar comorbidades comuns a estes pacientes
• Planejamento precoce da terapia de substituição renal (TSR).
1.4 Biopsia renal
Nas últimas décadas, numerosos avanços têm sido feitos no
desenvolvimento de marcadores laboratoriais de função e lesão renal com
objetivo de quantificar a funçãoaõ renal ou detectaor precocemente uma
lesão. Muitos destes testes já foram validados e estão sendo empregados,
amplamente, no auxílio de diagnóstico, monitoramento terapêutico, análise
de progressão das doenças renais, e prognóstico destas e de outras
doenças. Outros métodos se encontram em fase inicial de desenvolvimento
e,, nos próximos anos, deverão estar disponíveis como novas ferramentas
clínicas e propedêuticas.
9
Apesar de tudo, muito há de ser feito ainda nesse campo, pois
nenhum desses exames consegueir fornecer, por si só, todas as
informações médicas necessárias.
A biopsia renal é o método chave nesta avaliação, pois . mas nenhum
delespermite de forma rápida, disponível e econômica, efetividade e
resolutividade dos exames histológicos e imuno-histoquímicos, além de
Formatado
sua praticidade e segurança.
Atualmente, a biopsia renal constitui instrumento fundamental para o
diagnóstico, prognóstico e acompanhamento de diversas doenças
nefrológicas e sistêmicas2.
Historicamente, as primeiras observações sistemáticas de histologia
renal “in vivo” foram realizadas no início do século XX, em fragmentos
recolhidos durante operações renais, notadamente na então preconizada
capsulotomia renal..
Na década de cinquenta, a mesma técnica de biopsia percutânea,
utilizada para obter tecido hepático, passou também a ser usada na biopsia
renal. .
Inicialmente, todos os tipos de doença renal foram investigados por
biopsia, desde a pielonefrite aguda à glicosúria renal. Os conhecimentos
adquiridos com esse procedimento permitiram identificar as doenças cujos
diagnósticos necessitam de biopsia renal3.
A sistematização das lesões histopatológicas renais elementares e o
seu agrupamento em diversas nefropatias, foram efetuadas por Jean
Hamburger e Renée Habib2 . A doença glomerular pode ser encontrada em
80% das biopsias renais sendo: 57,3% por doença glomerular primária,
10
9,7%
secundária
e
1,5%
hereditária;
2,1%
de
doença
renal
tubulointersticial, 0,6% doença renal vascular e 0,5% renal terminal10.
Somada a esta sistematização, a importante contribuição dos estudos de
imunohistoquimica.
As principais indicações de biopsia renal são: síndrome nefrótica em
pacientes menores de um ano e maiores que dez anos de idade,
insuficiência renal aguda de etiologia desconhecida, hematúria e
proteinúria persistentes, e IRC com rins de dimensões conservadas. Outra
indicação se faz nos pacientes com rim transplantado quando se necessita
avaliar estágios de rejeição, infecção e/ou esclerose.
São poucas as contra-indicações para a realização de BRGPUS.
Dentre essas, estão a falta de acesso adequado, rins de tamanho muito
reduzido, alterações nas provas de coagulação e obesidade mórbida.
Neste último caso, a tomografia computadorizada está indicada11.
1.5 Complicações da biópsia renal
Entretanto, porA hipertensão arterial aumenta significativamente as
complicações hemorrágicas. Parrish demonstrou que a redução dos
valores tensionais para valores inferiores a 140/90 mmHg diminui de forma
significativa o risco dessas complicações .
ser um método invasivo, a biopsia renal não é isenta de
complicações.., apresentando, contudo, taxa atual considerada reduzida,
grande parte devido ao O uso de dispositivos automáticos de propulsão
para biópsia, a ecografia em tempo real e aos novos conhecimentos em
agregação têm contribuído para reduzir as taxas de complicação..
11
Sabe-se que o benefício obtido com a realização da biópsia renal não
é uniforme, sendo discutível o seu valor em diferentes situações clínicas,
entretanto, é inegável que o resultado da biópsia renal altera a conduta
médica em cerca de 40% dos doentes (3).
A literatura mostra índices variáveis de complicações. Burstein et al
relataram complicações pós biopsia em 14,3% dos pacientes, sendo 6,6%
delas consideradas como menores (macrohematúria sem necessidade de
hemotransfusão), e outras 7,7% consideradas maiores (hemorragias
necessitando hemotransfusão ou outras abordagens)12. Outros autores
mostram
índices
de
complicações
entre
5%
e
16%,
hematúria
macroscópica entre 3% e 9% e suporte transfusional entre 0,1% e 3,0%
dos casos.
A punção acidental de outros órgãos ou vísceras é
relativamente infrequente13, 14,15,16,17 .
Nos últimos anos, o uso de dispositivos automáticos de propulsão da
agulha para biopsia, a ecografia em tempo real e a experiência acumulada
têm contribuído para reduzir as taxas de complicação.
Na biopsia renal percutânea clássica utiliza-se a agulha Tru-Cut ou
Vim SilvermanR. Porém, ultimamente tem predominado a utilização de
sistemas automáticos que utilizam pistolas com agulhas descartáveis ou
sistemas completamente descartáveis de agulhas semi-automáticas, pois
demonstraram ser mais eficazes e seguros.
Não existe qualquer indicação formal que aponte preferência para
biopsiar o rim direito ou o esquerdo. No entanto, essa escolha deve ser
individualizada em função do contexto e morfologia renal2. Sabe-se que o
benefício obtido com a realização da biopsia renal não é uniforme, sendo
12
discutível o seu valor em diferentes situações clínicas. Segundo Márcia,
Queiroz, Geraldo et al, o resultado da biopsia renal pode alterar a conduta
médica em cerca de 40% dos doentes11.
Formatado: Cor da fonte: Automática
Com a evolução da Medicina, os procedimentos minimamente
invasivos têm encontrado vasto campo de aplicabilidade. Tem-se apostado,
cada vez mais, no desenvolvimento destes procedimentos,
quer sejam
como método propedêutico querou terapêutico, mas tambémapresentando
relações e protocolos economicamente viáveis à saúde pública.
Procedimentos
minimamente
invasivos
guiados
por
imagem,
notadamente a biopsia guiada por ultrassom, são extremamente precisos e
limpos, trazem o mínimo de dano ao organismo/órgão e o máximo de
benefícios ao seu propósito. Ou seja, fornecer material direcionado e
superseletivo,
sem
comprometimento
de
reservas
fisiológicas,
possibilitando assim, maior eficácia no diagnostico e tratamento.
Na prática diária, a biopsia renal é ferramenta fundamental na
propedêutica e acompanhamento de pacientes com DRC, fornecendo
informações
precisas,
sejam
elas,
citológicas,
histopatológicas,
histoquímicos, bioquímicas ou microbiológicas.
Considerada um procedimento minimamente invasivo, a biopsia renal
veio ampliar o arsenal médico no combate ao desconhecimento
fisiopatológico e limitação do corpo humano em suportar grandes e, às
vezes, evitáveis intervenções.
Por ser ainda ciência relativamente nova, que abriga técnica não
completamente exaurida em seu estudo, vislumbra-se a necessidade do
13
aprimoramento
constante,
ratificando
a
biopsia
renal
como
um
procedimento de inquestionável benefício e segurança.
Sem dúvida, o diferencial de um método está na sua capacidade de
geração de benefícios com o mínimo de prejuízo ao paciente e ao sistema
coletivo.
1.6 Diretrizes gerais de tratamento
A avaliação e o tratamento de pacientes com DRC requer a
compreensão de conceitos separados, porém relacionados de diagnóstico,
risco de perda da função renal, gravidade da doença, condições mórbidas
associadas e terapia de substituição renal.
O tratamento dos portadores de insuficiência renal progressiva pode
ser dividido em vários componentes, a saber:
• Programa de promoção à saúde e prevenção primária (grupos de
riscos para DRC)
• Identificação precoce da disfunção renal (diagnóstico da DRC)
• Detecção e correção de causas reversíveis da doença renal
• Diagnóstico etiológico (tipo de doença renal)
• Definição e estadiamento da disfunção renal
• Instituição de intervenções para retardar a progressão da DRC
• Prevenção das complicações da DRC
• Avaliação das morbidades associadas a portadores de DRC
• Planejamento precoce da terapia de substituição renal (TSR).
2.0 JUSTIFICATIVA DO ESTUDO
Logo, torna-se importante estabelecer o perfil dos pacientes renais
crônicos que serão submetidos à Bx renal, com particular atenção para
14
uma avaliação criteriosa dos fatores de risco modificáveis, bem como dos
possíveis efeitos destes sobre o desenvolvimento das complicações. UmO
maior conhecimento sobre as reaisl condiçõesão destes pacientesdos
pacientes renais crônicos, , no que se refere aos diversos aspectos
associados à biopsia renal no paciente renal crônico, poderá nortear no
estabelecimento de novos protocolos de acompanhamento,, e assim
culminandor na adoção de medidas coadjuvantes eficazes no controle e na
terapêutica das complicações.
Este estudo busca mostrar que medidas simples e pontuais nos
protocolos de realização de biopsia renal, como por exemplo, a utilização
de agulhas com menores calibres pode promover maior segurança e
conforto ao paciente.
3.0 OBJETIVOS
O
presente
estudo
tem
como
objetivo
principal
avaliar
as
complicações da BRGUS, comparando dois diferentes calibres de agulhas
e, , e também relacionado-as com
baseado em parâmetros clínicos,
laboratoriais e de imagsecundariamente, avaliar a associação de
parâmetros clínicos, laboratoriais e de imagem com as complicações
ocorridas após a biopsia renal.
15
4 METODOLOGIA
43.1 Tipo de estudo
Ensaio clínico intervencionista.
43.2 Local
O presente estudo foi realizado . em um período de 21 meses
(fevereiro de 2010 a outubro de 2011) nono Departamento de Radiologia e
Diagnóstico por Imagem da Santa Casa de Belo Horizonte, Minas Gerais.
43.3 Amostra
Neste estudo foram incluídos pacientes portadores de DRC
(transplantados renais ou não), nefropatasencaminhados pelo Serviço de
16
Nefrologia da Santa Casa de Belo Horizonte, para realização de biopsia
renal.
Esses pacientes foram randomicamente separados em dois grupos de
acordo com o calibre da agulha usada na biopsia renal. Um grupo foi
submetido a este procedimento utilizando-se uma agulha de calibre 16G
enquanto no outro grupo utilizou-se uma agulha com calibre 18G (Figura
1).
Além de analisar cada grupo de pacientes classificado de acordo com
o mesmo calibre de agulha, realizou-se outra subclassificação onde se
considerou a presença ou não de transplante renal.
Tal medida foi adotada, já que estes grupos apresentam diferenças
clínico/fisiológicas, assim
como variação técnica na execução do
procedimento de biopsia renal.
Figura 1. ORGANOGRAMA DOS GRUPOS E SUBGRUPOS DA AMOSTRAGEM
17
43.4 Critérios de inclusão
Pacientes com indicação de biopsia renal e com TCLE assinado.
43.5 Critérios de exclusão
Foram excluídos pacientes com:
 Distúrbios
de
coagulação
caracterizados
por
atividade
de
protrombina menor que 60%, RNI maior que 1,3 ou plaquetas com
contagem inferior a 60.000/mm3;
 Ausência de acesso adequado para realizar a biopsia;
 Idade abaixo de 12 anos;
 Ectopias Renais;
 Displasias Congênitas;
 Insuficiência renal aguda sem componente crônico
 Rins Policísticos
 Nível de pressão arterial superior a 160x100 mmHg
 Glicemia superior a 126mg/dL
 DPOC não controlada ou incapacitante
43.6 Termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE)
Todos os participantes, ou seus responsáveis legais, assinaram e
dataram o TCLE em duas vias, conservando uma das vias em seu poder
(Anexo 11.2). Esclarecimentos necessários foram dados antes da
assinatura desse formulário, enfatizando que a participação neste projeto
de pesquisa era de caráter voluntário, e no caso de recusa de participar do
mesmo, não adviria qualquer alteração na relação médico – paciente ou no
procedimento a ser ministrado.
18
43.7 Aprovação pelo comitê de ética em pesquisa (CEP)
O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Santa Casa de Belo Horizonte, Minas Gerais, registro número 029/10.
Semestralmente, os relatórios com resultados da pesquisa foram
enviados ao CEP da SCBH, com objetivo de validar ou não o seguimento
do trabalho.
43.810 Dos parâmetros pré biopsia
A Ficha Clínica de cada paciente consistia em uma anamnese
direcionada,
exame
físico,
avaliação
dos
exames
laboratoriais
e
radiográficos relacionados ao estudo. Esta ficha foi preenchida no
momento da avaliação inicial e também no decorrer do período de
observação do paciente após biopsia. (Anexo 11.3)
43.810.1 Informações demográficas
Foram obtidas informações do participante e confirmadas através do
Registro Hospitalar ou documento de identidade: gênero e idade.
43.810.2 História da moléstia atual
Os dados foram obtidos por meio de relato do participante ou do seu
familiar. Questionou-se sobre a presença de diabetes mellitus, HAS, DPOC
e cardiopatia/vasculopatia.
43.810.3 Critérios de exclusão
A presença de qualquer dos critérios de exclusão foi verificada
através da história, exames clínicos e/ou de imagem.
43.810.4 Exame físico
O exame físico incluiu:
a. Frequência cardíaca
19
b. Pressão arterial
c. Exame sumário geral
43.810.5 Avaliação dos fatores de risco
 Hipertensão arterial: considerou-se como níveis sistólicos iguais ou
superiores a 140 mmHg e diastólicos maior que 90 mmHg, ou paciente já
diagnosticado em uso de medicação anti-hipertensiva 5,18.
-
Contra-indicar o procedimento em pacientes com pressão
arterial acima 160/100 mmHg.

pacientes
Diabetes: níveis séricos de glicose superiores a 126mg/dl ou
já
diagnosticados
e
em
uso
de
insulina
ou
agentes
hipoglicemiantes 5,18.
- Correlacionar controle ou descontrole da diabetes.
- Contra-indicar procedimento se diabetes descompensada.

Coagulopatia: fatores de inclusão:
1 - Plaquetas acima de 60.000/mm3 e atividade plaquetária
normal (avaliado pelo tempo de sangramento).
2 – RNI até 1,3 ou atividade de protombina maior que 60%.
3 – TPPa dentro dos limites de normalidade
4 - Não atendido o item 2, porém administrado plasma fresco
congelado previamente.
5 – Não atendido o item 1, porém administrado concentrado de
plaquetas.
6 – Suspender antiplaquetários e/ou anticoagulantes por via oral
uma semana antes do procedimento e suspender heparina no dia anterior.
20

DPOC: paciente portador de enfisema pulmonar incapacitante
ou bronquite crônica já diagnosticada, confirmada por exame de
espirometria ou receituário médico evidenciando tratamento específico.

Vasculopatia: história recente de angina, infarto agudo do
miocárdio, acidente vascular cerebral, angioplastia ou cirurgia de
revascularização miocárdica. Correlacionar ausência ou presença do fator.

Diálise: se dialítico, anotar intervalo da última sessão e há
quanto tempo dialítico.
- Correlacionar tempo da ultima sessão e cronicidade
43.911 Biopsia renal – Aspecto técnico
Todos os pacientes foram submetidos a uma técnica semelhante,
utilizando-se o dispositivo de biopsia - Automatic Spring-Loaded Biopsy
(Bard Magnum®, Bard Inc., Covington, USA) - em um mesmo aparelho de
imagem (Toshiba ultra-som Xario XG)..
Os procedimentos de imagem e biopsia foram realizados por apenas
dois profissionais médicos (M.C.B.A. e P.R.B.A.) Todas as biopsias renais
foram realizadas pela mesma radiologista, cabendo ao outro profissional o
acompanhamento ultrassonográfico dos pacientes.
OsO pacientes não transplantados renais foram posicionados em
decúbito ventral na mesa de exames, com marcação cutânea, por
ecografia, do polo renal inferior esquerdo. Já os pacientes transplantados
renais eram posicionados em decúbito dorsal com marcação do polo renal
superior.
Procedeu-se à , foi realizada anti-sepsia da área cutânea a ser
puncionada com povidine iodo a 10% e álcool iodado. Em seguida,
21
Formatado: Fonte: Arial, 12 pt, Itálico,
Cor da fonte: Automática, Português
(Brasil)
administrou-se anestésico local (lidocaína a 2%) por meio de botão
anestésico subcutâneo, seguido de infiltração dos planos profundos no
trajeto da agulha de biopsia. A escolha do calibre da agulha a ser utilizada
era previamente decidida a cada procedimento e de forma randômica.
A agulha foi introduzida em angulação de 65° à cápsula renal,
alvejando-se o polo renal.
Os fragmentos retirados (no mínimo dois fragmentos por exame)
foram enviados para estudo histopatológico e imunohistoquímico no
Departamento de Anatomia Patológica da SCBH, cujo pedido não
identificava a Sndo-setécnica de extração utilizada no procedimento.
4.9.1 Parâmetros analisados

Qualidade do material com base no calibre da agulha
utilizada (16G versus 18G);

Índice de complicações versus calibre da agulha (16G
versus 18G);

Número de investidas com a agulha versus índices de
complicações;
43.911.2 Amostras bioquímicas
22
Forami colhidas amostras de urina para exame de urina rotina antes
da realização da biopsia e nova amostra 3 horas após a realização do
procedimento.
Forami colhidas amostras de sangue para realização do exame de
eritrograma antes da realização da biopsia e nova amostra após 12 horas.
Todos os pacientes foram submetidos ao exame de creatinina,
através do qual foi calculada uma estimativa da taxa de filtração
glomerular. Utilizou-se a formula de Cockcroft-Gault:
Outros exames laboratoriais foram solicitados conforme evolução e
necessidade individuais para o acompanhamento de cada caso.
43.102 Dos parâmetros pós biopsia
43.102.1 Ultrassonografia
23
Todos os pacientes realizaram uma ultrassonografia instantes antes
da biopsia renal. Imediatamente após a biopsia, o paciente era novamente
avaliado. Após l.tTrês e
horas após Bx Renal, quando, então,, foi novamente submetido a
novo outro US.
Outras ultrasonografias foram realizadas às doze horas1 repetiu-se a
ecografia. E finalmente, uma semana depois do procedimento, uma
ultrassonografia era obtido.
Três horas após o US, o paciente era liberado para seu domicílio, tão
logo reunia condições clinicas para tal, recebendo orientação para repouso
domiciliar absoluto até 12 horas após o exame e e relativo porapós essas
uma semana12horas. Todos os pacientes recebiam orientações por escrito
relativo à medicação indicada, comportamento e conduta geral após
procedimento (Anexo 11.4)
O US
prévioinicial tinha
como objetivo excluir participantes,
demonstrando alterações renais prévias, ou correlacionar complicações a
alterações morfológicas já existentesprévias, tais como tamanho e
ecogenicidade renal.
OJá os US realizados posteriormente à biopsia tiveram como objetivo
diagnosticar complicaçõess pós Bx.
Foram consideradaos como alterações após biopsia os seguintes
achados: hematomas, coleções, alterações na ecogenicidade e no exame
Doppler. novas identifica
Aa ecografia após biopsia teve como obejetivo avaliar:
24
Formatado: Recuo: Primeira linha: 1
cm, Espaçamento entre linhas: Duplo
 Tamanho
e
ecogenicidade
renal
versus
índices
de
complicações (parâmetro pré-biopsia)
 Grupos de estratificação versus evolução das complicações
 Volume
do
hematoma
perirrenal
versus
índices
de
complicações.
43.102.2 Amostras clínicas
Durante o acompanhamento dos pacientes, foram realizados exames
sumários baseados nos seguintes critérios:

Avaliação subjetiva da dor (quantificação de 0 a 10) e
avaliação da capacidade funcional.

Monitoramento da pressão arterial e da frequência

Monitoramento da temperatura corporal (temperatura

Pacientes com quadro de dor intensa, hipertermia,
cardíaca
axilar)
hipertensão ou hipotensão, foram submetidos à exames complementares
(hematócrito, PCR, exame de urina rotina, ultrassonografia, Ect).
5.04 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Para a análise estatística foi empregado o software Epi-Info 2000 e
Excel 2010.
Os dados foram submetidos a uma análise descritiva para a obtenção
de médias e desvio-padrão. Utilizaram-se testes de hipóteses para avaliar
a significância da associação entre as complicações após Biopsia renal e
as demais variáveis.
25
Formatado: Recuo: À esquerda: 0
cm, Primeira linha: 2 cm, Espaçamento
entre linhas: Duplo, Com marcadores
+ Nível: 1 + Alinhado em: 1,39 cm +
Recuar em: 2,02 cm
Para avaliar a associação com variáveis qualitativas, usou-se o Teste
Qui-Quadrado e o Teste exato de Fisher. No caso do teste indicar
associação significativa, usou-se a Razão de Chances (com intervalo de
95% de confiança) para descrever a associação.
Para avaliar a associação com variáveis quantitativas, foi utilizado o
Teste t para comparação de médias/medianas de grupos independentes
paramétricos (paramétricos e com variância homogênea) e o Teste de
Mann-Whitney/Wilconxon para comparação de médias/medianas de grupos
independentes não paramétricos (não paramétricos e com variância
heterogênea). Previamente ao Teste t, aplicou-se o Teste de Levene para
verificar a igualdade de variâncias entre os dois grupos. Nos casos em que
o Teste t e o Teste de Mann-Whitney/Wilconxon indicaram associação
significativa, foram construídos intervalos de confiança de 95% para a
diferença média da variável nos grupos.
6.05 RESULTADOS
65.1 Análise descritiva
A amostra do presente estudo foi composta por 238 pacientes, sendo
que 134 (56,3%) foram submetidos a biopsia renal com agulha 16G e os
outros 104 (43,7%) submetidos a biopsia renal com agulha 18G (Tab.3). A
amostragem total, referente aos 238 pacientes, representa todos os
pacientes que se encaixavam nos critérios de inclusão previamente
estabelecidos e que participaram integralmente de todas as etapas do
estudo. O grupo da agulha 16G apresentou 110 pacientes não
transplantados(82%) e 24 pacientes transplantados renais(18%). Já o
grupo da agulha 18G apresentou 64 pacientes não transplantados(62%) e
26
40 pacientes não transplantados(38%) (Tab.3).
Tabela 3- PACIENTES SEGUNDO CALIBRE DA AGULHA DE BIOPSIA UTILIZADA E GRUPO DE
TRANSPLANTADOS E NÃO TRANSPLANTADOS
Calibre da Agulha /
Grupo
Agulha 16G
Agulha 18G
Total
Não transplantados
110
64
174
Transplantados renais
24
40
64
Total
134
104
238
Os resultados apresentados na Tabela 241 mostram a distribuição
dos grupos de acordo com o calibre da agulha utilizada, grupo
transplantado e não transplantado renal e gênero.
Tabela 4- PACIENTES SEGUNDO CALIBRE DA AGULHA DE BIOPSIA UTILIZADA, SEXO E GRUPO DE
TRANSPLANTADOS E NÃO TRANSPLANTADOS
Calibre da Agulha /
Grupo
Agulha 16G
Agulha 18G
TOTAL
Masc
Fem
Masc
Fem
Não transplantados
48
62
33
31
174
Transplantados renais
17
7
25
15
64
TOTAL
65
69
58
46
238
TABELA 2 - DISTRIBUIÇÃO DE PACIENTES SEGUNDO AGULHA DE
BIOPSIA,
SEXO E GRUPO, NO PERÍODO DE
2010/2011
16
RTX
18 RTX
AGULHA 16F AGULHA 18F
MAS
FE
GRUPO
MASC FEM MASC FEM
C
FEM
MASC
M
IRC
26
22
13
8
12
5
12
7
NORMAL
22
40
20
23
5
2
13
8
TOTAL
48
62
33
31
17
7
25
15
TOTAL
105
133
238
IRC = Pacientes com clearence de creatinica menor que 45.
Normal = Pacientes com clearence de creatinica maior que 45.
A faixa etária de pacientes com mais de 61 anos foi responsável por
11,4% dos pacientes da amostragem de pacientes não transplantados
renais, a faixa etária de pacientes com menos que 30 anos foi responsável
27
Formatado: Fonte: 8 pt, Negrito, Cor
da fonte: Automática, Português
(Brasil)
por 32% dos pacientes, enquanto a faixa etária de 31 a 60 anos
representou 56,2% da amostragem (Tabela 5).
Tabela 5- AMOSTRAGEM DE PACIENTES NÃO TRANSPLANTADOS RENAIS DISTRIBUIDO
POR GRUPO ETÁRIO.
GRUPO ETÁRIO
12. - 20
21. - 30
31. - 40
41. - 50
51. - 60
61. - 70
71. - +
TOTAL
Total
Número
30
26
33
35
30
18
2
174
%
17,2
14,8
19
20,1
17,1
10,3
1,1
100
A faixa etária de pacientes transplantados renais com mais de 61
anos foi responsável por 9,4% dos pacientes da amostragem, a faixa etária
de pacientes com menos que 30 anos foi responsável por 20,3% dos
pacientes, enquanto a faixa etária de 31 a 60 anos representou 70,3% da
amostragem (Tabela 6).
Tabela 6 - AMOSTRAGEM DE PACIENTES TRANSPLANTADOS RENAIS DIVIDIDO POR
GRUPO ETÁRIO
Grupo Etário
12. - 20
21. - 30
31. - 40
41. - 50
51. - 60
61. - 70
71. - +
TOTAL
TOTAL
Número
4
9
17
18
10
4
2
64
%
6,3
14
26,6
28,1
15,6
6,3
3,1
100
Observaram-se 161 pacientes da amostragem total (67,4% do total)
tinham função renal com clearence abaixo de 60ml/min. (equivalente aos
estágios 3 , 4 e 5). Por outro lado, 77 pacientes da amostragem total
(32,6% do total) tinham função renal com clearence maior que 60ml/min
28
(Tabela 7).
Tabela 7 – AMOSTRAGEM POR GRUPOS BASEADOS NOS ESTÁGIO DA DOENÇA RENAL
Grupos por estágio da doença
1
2
3
4
5
TOTAL
Número de pacientes
36
41
54
48
59
238
%
15,1
17,2
22,7
20,2
24,8
100
Na Tabela 5 encontramos a distribuição da amostragem segundo
o estágio da doença renal crônica do paciente, com 32,3% da amostra nos
estágios 1 e 2; 22,7% no estágio 3 e 45% nos estágios 4 e 5.
65.2 Análise geral
As complicações ocorridas após a biopsia renal foram classificadas
como maiores ou menores, conforme mostram as tabelas 8 e 9.
Considerou-se como complicações maiores a ocorrência de dor
incapacitante refratária a analgesia simples e a presença de instabilidade
hemodinâamica. Como complicações menores, foram considerados a
hematúria macroscópica, a formação de fistulas arteriovenosas e o
hematoma perirrenal.
Hematúria microscópica não foi considerada complicação, uma vez
que ocorrem em todos os pacientes. Considerou-se hematoma qualquer
acúmulo de material perirrenal situado no local da punção que não foi
previamente identificado no exame ultrassonográfico.
(Tabela 19)
O estudo apresentou índice geral de 11,3% de
complicações maiores, sendo que 2,1% dos pacientes necessitaram de
hemotransfusão e acompanhamento intensivo.
Observaram-se 23 dos 27 pacientes (85,2%) que apresentaram
complicações eram do grupo de pacientes submetidos a procedimento com
29
agulha 16G. “Dor intensa Incapacitante” foi observada em 22 dos 27
pacientes que apresentaram alguma complicação, representando 81,4%
das complicações no grupo total (Tabela 8).
O grupo com agulha 16G apresentou índice de complicação total de
17% contra 3,8% do grupo com agulha 18G. Percebe-se que o grupo com
agulha 18G apresentou apenas 1,0% de complicações graves, contra 2,9%
do grupo com agulha 16G.
Todos os pacientes que apresentaram complicações foram
internados e estabilizados, recebendo alta hospitalar em boas condições de
saúde. Não houve óbito.
Tabela 8 - DISCRIMINAÇÃO DOS PACIENTES QUE COMPLICARAM APÓS BIOPSIA RENAL
POR CALIBRE DA AGULHA UTILIZADA
Total
Complicações
Dor Intensa Incapacitante
Instabilidade Hemodinâmica c/
Hemotransfusão
Hemotransfusão com Embolização
TOTAL
Agulha 16G
(238 pacientes)
Agulha 18G
(134 pacientes)
(104 pacientes)
n (%)
22 (9,2)
n
%
n
%
19
14,1
3
2,8
4 (1,7)
1 (0,4)
3
1
2,2
0,7
1
0
1,0
0,0
27 (11,3)
23
17%
4
3,8
Pela avaliação ultrassonográfica com Doppler após uma semana do
procedimento foram encontrados 8 casos de fístula arteriovenosa no local
da punção, representando 3,4% do total de casos, sendo 5 em pacientes
submetidos a biopsia com agulha 16G (3,7% das biopsias com agulha
16G) e 3 em pacientes submetidos a biopsia com agulha 18G (2,8% das
biopsias com agulha 18G). (p=0,70).
Observaram-se 15 pacientes apresentaram coágulo intravesical
sintomático, o que representa 6,3% dos pacientes submetidos a biopsia
renal, sendo que destes 15 pacientes, seis casos eram do grupo de
30
pacientes biopsiados com agulha 18G (4,4% do total das biopsias com
agulha 18G) e nove casos do grupo de pacientes biopsiados com agulha
16G (8,6% do total das biopsias com agulha 16G) (p=0,76) (Tabela
9).Burstein et al (28) observou, em seus trabalhos, 4,4% de hematuria franca.
Tabela 9 - FORMAÇÃO DE FISTULA ARTERIOVENOSA E COAGULO INTRAVESICAL DIVIDIDO
POR CALIBRE DA AGULHA UTILIZADA.
*
Alteração
Agulha 16G
(134 pacientes)
Agulha 18G
(104 pacientes)
Total
Fístula Arteriovenosa
5 (3,7%)
3 (2,9%)
8 (3,4%)
Coagulo Intravesical
9 (6,7%)
6 (5,8%)
15 *
(6,3%)
11 não transplantados, 4 transplantados
65.2.13 Análise das agulhas
Pacientes submetidos a biopsias renais com agulha 16G ,no geral,
apresentaram maior chance de complicar do que pacientes submetidos a
biopsias com agulha 18G (OR de 5,1 / p=0,001) (Tabela 10). No subgrupo
de transplantados renais, os pacientes submetidos a biopsias com agulha
16G também
apresentaram
maiores
índices de complicações se
comparados a pacientes submetidos a biopsias com agulha 18G (OR de
5,5). Entretanto, nestes casos o teste de Fisher não se mostrou significativo
(p=0,14). Por outro lado, no subgrupo de não transplantados renais, houve
tendência de maiores índices de complicações em pacientes submetidos a
biopsia com agulha 16G em relação a pacientes submetidos a biopsia com
agulha 18G (OR de 4,5 / p=0,01)
Tabela 1012 – COMPARAÇÃO ESTATISTICA POR GRUPOS COM AGULHAS DE
DIFERENTES CALIBRES
Relação entre Agulhas 16G e 18G
Razão de Chances
Intervalo de Confiança
5,1
5,5
4,5
1,7 (i) e 15,4 (s)
0,5 (i) e 56,9 (s)
1,3 (i) e 15,8 (s)
Grupo Geral
Grupo Transplantado
Grupo Não transplantado
Grupo Geral = Levado em consideração o total da amostragem
Grupo Transplantado = Levado em consideração apenas os transplantados renais
31
p
0,001
0,1
0,01
Grupo Não Transplantado = Levado em consideração apenas os não transplantados renais
A quantidade de glomérulos por fragmento da amostra biopsiada
enviada
apresentou
valores
relativamente
semelhantes
entre
os
procedimentos realizados com agulha 16G e com agulha 18G (Tabela 11).
No grupo de pacientes submetidos à biopsia com agulha 16G
percebemos que 95,5% dos fragmentos obtidos apresentaram mais de
cinco glomérulos por fragmento, enquanto que no grupo de pacientes
submetidos a biopsia com agulha 18G este valor foi de 88,8%. (p = 0,01)
Os procedimentos realizados com agulha 16G apresentaram média
de 22,1 glomérulos, mediana de 22,5, variância de 117,6 e desvio padrão
de 10,8 contrapondo media de 17,5 glomérulos, mediana de 17, variância
de 89,4 e desvio padrão de 9,4 nos procedimentos realizados com agulha
18G. Tais achados apresentaram um Kruskal-Wallis H (equivalent to Chi
square) = 6,3393 (H0 < 7) e um p = 0,01.
Tabela 11 - QUANTIDADE DE GLOMERULOS POR CAMPO EM FRAGMENTOS ADQUIRIDOS
COM DIFERENTES CALIBRES DS AGULHA POR GRUPO DE PACIENTES TRANSPLANTADOS
E NÃO TRANPLANTADOS RENAIS
GLOMERULOS POR
CAMPO
16
G
TX
16G
TOTAL
16G
%
18
G
TX
18G
TOTAL
18G
Menor 5 Glomerulos
2
1
3
4,8
4
5
9
6 a 10
2
4
6
9,7
5
6
11
32
%
11,
2
13,
8
11 a 15
7
1
8
16 a 20
8
1
9
21 a 25
17
3
20
Mais de 25
15
1
16
12,
9
14,
5
32,
3
25,
8
Total
51
11
62
100
9
7
16
20
17,
5
7
7
14
9
7
16
8
6
14
20
17,
5
42
38
80
100
Nota: 16G = Pacientes não transplantados renais submetidos a biopsia com agulha 16G
18G = Pacientes não transplantados renais submetidos a biopsia com agulha 18G
TX 16G = Pacientes transplantados renais submetidos a biopsia com agulha 16G
TX 18G = Pacientes transplantados renais submetidos a biopsia com agulha 18G
65.2.25 Análise do hematoma
O volume do hematoma perirrenal formado após a realização da
biopsia parece estar relacionado ao risco de complicações pósprocedimento (Tabelas 12, 13 e 14).
A média do volume do hematoma formado imediatamente após
biopsia renal geral (pacientes agulha 16G + pacientes agulha 18G), em
pacientes que apresentaram complicação, foi de 44ml, com mediana de
30ml (Dp de 56,1) contra 5,9ml e mediana de 4ml (Dp de 6,6) nos
pacientes
que
não
apresentaram
complicação
(Teste
de
Mann-
whitney/Wilconxon = 53,3, p = 0,0000) (Tabelas 12 e 13).
A média do volume do hematoma formado 4horas após biopsia
renal, em pacientes que apresentaram complicação, foi de 71ml, com
mediana de 39ml (Dp de 120 e Variancia de 14630) contra 6,7ml e
mediana de 5ml (Dp de 7 e Variancia de 49) nos pacientes que não
apresentaram complicação (Teste de Mann-whitney/Wilconxon = 53,4, p =
0,0000).
A média do volume do hematoma formado 12horas após biopsia
renal, em pacientes que apresentaram complicação, foi de 86ml, com
mediana de 44ml (Dp de 153 e Variância de 23701) contra 7ml e mediana
33
de 5ml (Dp de 6,8 e Variância de 47) nos pacientes que não apresentaram
complicação (Teste de Mann-whitney/Wilconxon = 62,7, p = 0,0000).
A média do volume do hematoma formado 1 semana após biopsia
renal, em pacientes que apresentaram complicação, foi de 103ml, com
mediana de 45ml (Dp de 174 e Variância de 30511) contra 6,7ml e
mediana de 5ml (Dp de 6,7 e Variância de 45) nos pacientes que não
apresentaram complicação (Teste de Mann-whitney/Wilconxon = 65,3, p =
0,0000).
5.2.5.3 Análise de biopsias exclusivamente com agulha 16G
A média do volume do hematoma formado imediatamente após
biopsia renal com agulha 16G, em pacientes que apresentaram
complicação, foi de 46 ml, com mediana de 33 ml (Dp de 60,3) contra 7,6
ml e mediana de 5ml (Dp de 7,7) nos pacientes que não apresentaram
complicação (Teste de Mann-whitney/Wilconxon = 36,4, p = 0,0000).
A média do volume do hematoma formado 4 horas após biopsia
renal com agulha 16F, em pacientes que apresentaram complicação, foi de
54ml, com mediana de 39ml (Dp de 63,4 e Variância de 4030) contra 8,5ml
e mediana de 6ml (Dp de 8,0 e Variância de 65) nos pacientes que não
apresentaram complicação (Teste de Mann-whitney/Wilconxon = 36,9, p =
0,0000).
A média do volume do hematoma formado 12 horas após biopsia
renal com agulha 16F, em pacientes que apresentaram complicação, foi de
62ml, com mediana de 44ml (Dp de 62,3 e Variancia de 3884) contra 8,9ml
e mediana de 7ml (Dp de 7,7 e Variancia de 60) nos pacientes que não
34
apresentaram complicação (Teste de Mann-whitney/Wilconxon = 46, p =
0,0000).
A média do volume do hematoma formado 1 semana após biopsia
renal com agulha 16F, em pacientes que apresentaram complicação, foi de
78ml, com mediana de 45ml (Dp de 76,7 e Variância de 5882) contra 8,5ml
e mediana de 7ml (Dp de 7,8 e Variância de 61) nos pacientes que não
apresentaram complicação (Teste de Mann-whitney/Wilconxon = 49, p =
0,0000).
5.2.5.4 Análise de biopsias exclusivamente com agulha 18G
A média do volume do hematoma formado imediatamente após
biopsia renal com agulha 18G, em pacientes que apresentaram
complicação, foi de 29ml, com mediana de 22ml (Dp de 16,5) contra 4,1ml
e mediana de 3ml (Dp de 4,2) nos pacientes que não apresentaram
complicação (Teste de Mann-whitney/Wilconxon = 11, p = 0,0008).
5.2.5.1 - Análise Desc
Tabela 12 - ESTATISTICA POR MÉDIA DE HEMATOMA E TEMPO DE EVOLUÇÃO EM
PACIENTES QUE APRESENTARAM COMPLICAÇÃO DISTRIBUIDO POR CALIBRE DE
AGULHA UTILIZADO
Hematoma
p
Agulha 16G
Agulha 18G
16G + 18G
Média (ml)
Média (ml)
Média (ml)
PÓS 12HORAS
46
54
62
29
59
75
44
55
64
0,0008
0,0008
0,0008
PÓS 1 SEMANA
78
100
81
0,0007
IMEDIATO
PÓS 4HORAS
Tabela 13 - ESTATISTICA POR MÉDIA DE HEMATOMA E TEMPO DE EVOLUÇÃO EM
PACIENTES QUE NÃO APRESENTARAM COMPLICAÇÃO DISTRIBUIDO POR CALIBRE DE
AGULHA UTILIZADO
HEMATOMA
Agulha 16G
Agulha 18G
16G + 18G
Média (ml)
Média (ml)
Média (ml)
35
p
PÓS 12HORAS
7,6
8,5
8,9
4,1
4,7
5,1
5,9
6,7
7,1
0,0008
0,0008
0,0008
PÓS 1 SEMANA
8,6
4,8
6,7
0,0007
IMEDIATO
PÓS 4HORAS
Tabela 14 - VOLUME DE HEMATOMA FORMADO APÓS A BIOPSIA RENAL DISTRIBUIDO POR
TEMPO DE EVOLUÇÃO
HEMATOMA
ml
0
1. - 10
11. - 20
21. - 30
31. - 40
41. - 50
51. - 100
> 100
TOTAL
IMEDIATO
N
30
151
31
12
4
4
4
2
238
%
12,7
63,4
13
5
1,7
1,7
1,7
0,8
100
APÓS 4 HORAS
N
33
141
34
13
5
6
3
3
238
APÓS 12 HORAS
%
13,9
59,2
14,3
5,5
2,1
2,5
1,26
1,26
100
N
29
139
36
15
3
6
6
4
238
%
12,2
58,4
15,1
6,3
1,3
2,5
2,5
1,7
100
APÓS 1 SEMANA
N
35
130
38
13
5
5
8
4
238
%
14,7
54,6
16
5,5
2,1
2,1
3,3
1,7
100
A relação entre complicações pós biopsia e os diversos estágios da
doença renal, baseando-se no clearence de creatinina calculado (Formula
de Cockcroft-Gault), não apresentou-se estatisticamente significativo (Tabela
15).
A média do volume do hematoma formado 4 horas após biopsia renal com
agulha 18F, em pacientes que apresentaram complicação, foi de 171ml,
com mediana de 32ml (Dp de 285 e Variância de 81672) contra 4,7ml e
mediana de 4ml (Dp de 4,9 e Variância de 24) nos pacientes que não
apresentaram complicação (Teste de Mann-whitney/Wilconxon = 11,2, p =
0,0008).
A média do volume do hematoma formado 12 horas após biopsia renal
com agulha 18F, em pacientes que apresentaram complicação, foi de
225ml, com mediana de 37ml (Dp de 383 e Variância de 147016) contra
5ml e mediana de 4ml (Dp de 5,0 e Variancia de 25) nos pacientes que não
apresentaram complicação (Teste de Mann-whitney/Wilconxon = 11,4, p =
0,0007).
A média do volume do hematoma formado 1 semana após biopsia renal
com agulha 18F, em pacientes que apresentaram complicação, foi de
251ml, com mediana de 40ml (Dp de 432 e Variância de 187172) contra
4,7ml e mediana de 4ml (Dp de 4,5 e Variância de 21) nos pacientes que
não apresentaram complicação (Teste de Mann-whitney/Wilconxon = 11,4,
p = 0,0007).
Tabela 15 - ESTATISTICA POR GRUPOS DE FASE DA DOENÇA RENAL
BASEADOS NO CLEARENCE X COMPLICACAO
Grupo
IRC Leve
Razão de Chances
0,86
36
p
0,72
IRC Média
IRC Grave
1,42
1,26
0,39
0,58
IRC Leve = Clearence de creatinina grupo I e 2
IRC Media = Clearence de creatinina grupo 3
IRC Grave = Clearence de creatinina grupo 4 e 5
O procedimento foi realizado utilizando-se quatro inserções da agulha
em 56,7% dos pacientes e cinco inserções em 24,8% dos pacientes, ou
seja, 81,5% das biopsias foram realizadas utilizando-se quatro ou cinco
inserções da agulha. A associação entre o número de inserções da agulha
durante o procedimento de biopsia e os índices de complicações não se
mostraram estatisticamente significativo, com p=0,73. Também não houve
correlação estatisticamente significativa entre o número de inserções da
agulha e o tamanho do hematoma formado imediatamente, as 3 horas, 12
horas e 1 semana pós procedimento (p= 0,12 a 0,17) (Tabela 16).
Tabela 16- AMOSTRAGEM POR NÚMERO DE INSERÇÕES REALIZADAS EM CADA
BIOPSIA RENAL
Inserções por Biopsia
2
3
4
5
6
7
8
TOTAL
Número
11
8
135
59
15
8
2
238
%
4,6
3,4
56,7
24,8
6,3
3,4
0,8
100
7.06 DISCUSSÃO
7.1 Aspectos gerais
A biopsia renal tem papel fundamental na elucidação de diversas
doenças renais. Procedimento seguro, simples e econômico, permite
obtenção de fragmentos para exame histológico, instrumento para
orientação diagnóstica e terapêutica. É considerado um procedimento
minimamente invasivo, apresentando vantagem por ser de
37
rápida
realização e baixa complexidade e podendo ser feito ambulatorialmente.
Utiliza anestesia local, facilita o diagnóstico, apresenta riscos muito baixos,
não necessita de estruturas físicas complexas, com poucas contraindicações.
O presente estudo avaliou fatores envolvidos com o risco de
complicação após biopsia renal. Oito Quatro grupos (pacientes submetidos
a biopsia com agulhas calibres 16G/18G e subdivididos em pacientes
transplantados e não transplantados) foram criteriosamente selecionados,
todos sequencialmente extraídos da rotina de procedimentos realizados no
Departamento de Radiologia da SCBH, com características semelhantes
com relação à idade, estágio da doença renal, marcadores laboratoriais e
patologias pregressas.
Os grupos foram randomizados por calibre da agulha 16G e 18G.
Dados clínicos e laboratoriais foram obtidos e em seguida registrados em
fichas de protocolo, com o intuito de evitar erros pré-analíticos e possíveis
infterências pessoais. Os critérios de inclusão e de exclusão e o protocolo
de pesquisa foram rigorosamente aplicados.
Quanto à distribuição dos pacientes com relação a função renal,
houve 15,1% dos pacientes no grupo IRC 1 e 24,8% no grupo IRC 5,
valores estes representando extremos e amplitude de distribuição da
amostragem total (Tabela 7). Houve uma homogeneidade na distribuição
dos pacientes dentro dos grupos no tocando ao grau da função renal. Não
houve discrepâncias na distribuição dos grupos não pareados no tocando
ao tamanho da amostra.
38
A relação entre complicações pós biopsia e os diversos estágios da
doença renal, baseando-se no clearence de creatinina calculado (Fórmula
de Cockcroft-Gault) mostrou uma razão de chances de 0,86 para pacientes
com DRC leve; 1,42 para pacientes com DRC media e 1,26 para pacientes
com DRC grave (Tabela 15). Tal constatação salienta certa proteção contra
complicações em pacientes com DRC leve (grupos do estágio da DRC 1 e
2) quando comparado aos grupos dos estágios da DRC 3, 4 e 5 que têm
maior chance de apresentar complicações. Entretanto, esses achados não
foram estatisticamente significativos.
A associação entre o número de inserções da agulha durante o
procedimento de biopsia e os índices de complicação não se mostrou
estatisticamente significativo (p=0,73). Também não houve correlação
estatisticamente significativa entre o número de inserções da agulha e o
tamanho do hematoma formado imediatamente, às 3 horas, 12 horas e 1
semana pós procedimento (p= 0,12 a 0,17). O número de inserções
aparentemente não aumentou os índices de complicações nem o volume
do hematoma formado após biopsia. Entretanto, estudos futuros devem ser
realizados com o intuito de melhor esclarecer estas relações.
7.2 Formação de coágulo intravesical
Todos os pacientes submetidos à biopsia renal, independentemente
da agulha utilizada, apresentaram hematúria microscópica ao exame de
urina rotina coletado após a realização do procedimento. Tal constatação
mostra que independente da agulha utilizada, da posição renal ou
características clínico/fisiológicas do paciente (transplantado ou não
transplantado), a hematúria microscópica é achado universal, o que
39
evidencia a provável lesão do sistema coletor/glomerular no trajeto da
agulha.
Entretanto, como observado, apenas 15 pacientes (6,3% do total de
pacientes submetidos à biopsia com agulha) submetidos à biopsia
apresentaram formação de coágulo intravesical sintomático, representando
4,4% dos pacientes submetidos à biopsia com agulhas 16G e 8,6% dos
pacientes submetidos à biopsia com agulha 18G, o que sugere que apesar
da lesão do sistema coletor/glomerular no trajeto da agulha, apenas uma
porcentagem
muito
pequena
de
pacientes
apresenta
repercussão
significativa. Apesar da maior porcentagem de pacientes com formação de
coágulo intravesical no grupo de pacientes submetidos a agulha 16G se
comparado ao grupo dos pacientes submetidos a agulha 18G, estes não
tiveram significância estatística.
Burstein et al relataram complicações após biopsia em 14,3% dos
pacientes,
sendo
6,6%
destas
complicações
menores
como
macrohematúria sem necessidade de hemotransfusão 12. Outros autores
demonstram índices de hematúria macroscópica entre 3% e 9%
13,14,15,16,17
.
Como o presente estudo teve a preocupação de não apenas registrar a
presença de hematúria macro e microscópica, mas também buscar
achados associados, foi percebido que todos os pacientes com hematúria
macroscópica sintomáticas eram detentores de coágulos intravesicais à
ultrassonografia, enquanto os portadores de hematúria assintomática, não.
A maioria dos trabalhos não subdivide os pacientes que apresentaram
hematúria macroscópica após procedimento em pacientes com hematúria
macroscópica
assintomática
(conduta
40
conservadora)
e
hematuria
macroscópica
sintomática
(aqueles
que
necessitaram
de
alguma
abordagem médica)6,9,10,13,15,16,17. Assim, o pareamento de informações a
respeito da formação do coágulo intravesical e sua análise ficam
prejudicados, já que não há padronização de informações. A hematúria
macroscópica é tratada de forma generalizada, sem uma abordagem
específica.
Pacientes que apresentaram coágulo intravesical após realização de
biopsia renal foram tratados em tópico especifico, não sendo incluídos, a
principio, em complicações. Tal posição foi adotada baseando-se no fato
da formação do coágulo intravesical depender diretamente do estado de
hidratação do paciente e conseguente produção de urina, variáveis
importantes na produção de vícios, já que no grupo de pacientes com IRC
há desde pacientes com produção normal de urina a até pacientes com
restrição hídrica e/ou anúricos. Assim, todos os casos com formação de
coágulo intravesical sintomático foram prontamente resolvidos com
sondagem vesical e lavagem comlavagem com soro. Nenhum paciente
precisou ficar além do tempo necessário para realização da irrigação
vesical. Considerou-se coágulo intravesical sintomático todo coágulo que
por qualquer motivo causasse sintomas, sejam eles irritativos e/ou por
obstrução uretral.
7.3 Formação de fístulas arteriovenosas (FAV)
Uma semana após o procedimento de biopsia renal foram
encontrados oito casos de FAV no local da punção, representando 3,4% do
total de casos, sendo cinco em pacientes submetidos à biopsia com agulha
16G (3,7% das biopsias com agulha 16G) e 3 em pacientes submetidos à
41
Formatado: Fonte: Negrito, Cor da
fonte: Automática
biopsia com agulha 18G (2,9% das biopsias com agulha 18G). Tal
constatação ratifica a presença de dano renal no trajeto da agulha.
A FAV é formada pela criação de pertuitos antes inexistentes entre
uma artéria e uma veia no parênquima renal.
Esses novos pertuitos,
geralmente assintomáticos e temporários, são, na imensa maioria dos
casos, de resolução espontânea e muito raramente trazem repercussões
desfavoráveis. Geralmente diagnosticadas pelo Duplex Scan ou pela
arteriografia, as FAV são passíveis de conduta terapêutica conservadora,
indicando tratamento por embolização intra-arterial para os raros casos de
FAV sintomáticas persistentes 1,19.
A incidencia de FAV após realização de biopsia renal é variavel entre
9 e 15%
19, 20
. Estudos angiográficos após a realização de biopsia renal
demonstram a formação de FAV em 9 a 11% dos casos, enquanto o
estudo dopplerfluxometrico demonstra formação em 5% dos casos. No
seguimento dos pacientes com FAV,
95% apresentaram resolução
espontânea 21,22.
No presente estudo, os pacientes que apresentaram FAV após
realização de biopsia renal foram inseridos e abordadostratados em tópico
específico, não sendo consideradas, a princíipio, como complicação. Tal
posição foi adotada baseada em dados da literatura, que relatam resolução
completa e espontânea da maioria das FAV formadas, e também no fato do
controle ultrassonográfico final dos pacientes submetidos à biopsia renal
ser realizado uma semana após procedimento, tempo insuficiente para o
acompanhamento resolutivo das FAV formadas 6,22.
42
Assim, a abordagem dos pacientes com FAV ficou restrita ao seu
diagnóstico, já que todos os pacientes encontravam-se assintomáticos e
não foram submetidos a segmento imaginológico após um semana
76.42 Análise das agulhas
Aspectos gerais
Prevaleceu a tendêencia de procedimentos realizados com agulhas
de menores calibres apresentarem índices mais elevados de complicações.
Tal fato foi observado, tanto no grupo geral (p=0,001) quanto nos grupos,
de pacientes transplantados ou não.
Em meta-análise envolvendo 34 estudos e 9.474 biopsias renais,
Corapi et al encontraram 3,5% de hematúria macroscópica, sendo que
0,9% dos pacientes necessitaram hemotransfusão. O uso de agulha com
calibre 14G acarretou maiores índices de complicações em relação às
agulhas de menores calibres (2.1% vs 0.5%; P = 0.009)
17
. Estudos
mostram que procedimentos realizados com agulhas calibre 16G estãoa
associados, significativamente, a maismais a dor após procedimento que
osa procedimentos realizados com aagulha de calibre 18G 23.
O presente estudo mostrou 11,3% de complicações consideradas
como maiores, sendo 2,1% o índice referente a pacientes que
necessitaram de hemotransfusão e acompanhamento intensivo; e de 9,2%
o índice referente a pacientes que apresentaram dor incapacitante.
Trabalhos na literatura mostram índices de complicações variáveis.
Burstein
et al
12
relataram complicações após biopsia em 14,3% dos
pacientes, sendo 6,6% destas consideradas complicações menores, como
macrohematúria sem necessidade de hemotransfusão;
43
e 7,7% destas
complicações consideradas maiores, como hemorragias que necessitaram
de hemotransfusão e/ou outras abordagens. Ou seja, valores acima dos
encontrados
neste
estudo,
notadamente
os
índices
referentes
a
complicações graves.
Outros autores mostram índices de complicações entre 5% e 16%,
com necessidade de suporte transfusional em 0,1% a 3,0% dos casos
13,14,15,16,17
. Jamison e Coward encontraram índice de complicação geral de
8,1%, sendo que 1,4% dos pacientes apresentaram hematomas perirrenais
sintomáticos 14.
Tais constatações apontam índices semelhantes entre a literatura
geral e este estudo. Entretanto, ao se dicotomizar o estudo, comparando
índices de complicações em biopsias realizadas com diferentes calibres de
agulha, há discrepâncias. Percebe-se, também, a não padronização
referente à precisa caracterização do que seria uma complicação e em
como seriam subdivididas essas complicações, no caso complicações
maiores e menores.
Kolb e Velosal
24
encontraram índices de complicação de 16% em
pacientes submetidos à biopsia com agulha 14G contra 10,5% em
pacientes submetidos à biopsia com agulha 18G. Esse estudo, apesar de
empregar técnica diferente da realizada neste trabalho (técnica de biopsia
guiada por tomografia e não por ultrassonografia), mostrou índices bem
elevados nos casos de biopsias realizadas com agulha de calibre maior
(14G) quando comparadas as biopsias realizadas com agulha de calibre
menor (18G).
44
Por outro lado, há descrito na literatura superioridade das biopsias
hepáticas guiadas por tomografia computadorizada realizadas com agulha
16G em detrimento das biopsias realizadas com agulha 18G. Afirmam que
a agulha 16G promove maior acurácia em relação a agulha 18G
25
.
O presente estudo mostrou que o grupo com agulha 16G teve índice
de complicação de 17% contra 3,8% do grupo com agulha 18G, com o
primeiro grupo apresentando 2,9% de complicações graves e 14,1% de
complicações menores e o segundo grupo apresentando apenas 1,0% de
complicações graves e 2,8% de complicações menores. Assim, fica claro
que o grupo submetido a procedimentos com agulha de calibre maior (16G)
além de apresentarem índices maiores de complicação, também tiveram
complicações mais graves.
7.5 Pacientes transplantados renais
Analisando a distribuição da amostragem por faixas etárias, percebese uma nítida discrepância na distribuição de grupos com relação aos
grupos de pacientes transplantados renais e não transplantados renais.
Como observado, o grupo de pacientes transplantados renais apresentou
70,3% dos seus integrantes na faixa de 31 a 60 anos contra 56,2% do
grupo de pacientes não transplantados renais. O grupo dos transplantados
apresentou também menos jovens, com o grupo de pacientes com menos
de 30 anos represendo 20,3% da amostragem contra 32% do grupo dos
não transplantados. Tal achado pode ser o reflexo da cronicidade da
doença renal em suas diversas fases de progressão culminando no
transplante renal.
45
Outra importante questão a ser levantada é o fato dos pacientes
transplantados renais terem índices de complicações muito baixos quando
comparados aos pacientes não transplantados renais.
Apenas 4,6% dos pacientes transplantados renais apresentaram
complicações após procedimento contra 13,8% dos pacientes não
transplantados renais (p= 0,04). Tal discrepância pode estar relacionada a
diversos fatores anatômicos e/ou fisiopatológicos do transplante. Fatores
como a facilidade técnica na realização da biopsia renal no transplantado, o
que consiste, basicamente, em uma topografia renal mais superficial
(localização retro peritoneal\pélvica) com menos tecido interposto entre o
rim e a pele, volume reduzido de tecidos transfixados pela agulha,
posicionamento
mais
confortável
do
paciente
com
beneficio
na
colaboração, formação de tecido fibrocicatricial perirrenal, tempo de
isquemia fria do rim transplantado e suas repercussões parenquimatosas,
ausência de mecanismos extrínsecos de auto-regulação, entre outros.
Macedo Filho CL
9
em trabalho envolvendo 85 transplantados renais
mostrou um total de quatro complicações menores (4,7%), não observando
complicações maiores que necessitassem de angiografia ou intervenção
cirúrgica. Isso mostra que, apesar da discrepância encontrada neste
trabalho entre grupos de pacientes transplantados e não transplantados, os
achados do grupo dos pacientes transplantados estão em conformidade
aos dados da literatura relacionada.
7.6 Formação de hematoma perirrenal
A média do volume do hematoma formado imediatamente após
biopsia renal com agulha 18G, em pacientes que apresentaram
46
complicação, foi de 29ml, com mediana de 22ml (Dp de 16,5) contra 4,1ml
e mediana de 3ml (Dp de 4,2) nos pacientes que não apresentaram
complicação (Teste de Mann-whitney/Wilconxon = 11, p = 0,0008). Já a
média do volume do hematoma formado imediatamente após biopsia renal
com agulha 16G, em pacientes que apresentaram complicação, foi de
46ml, com mediana de 33ml (Dp de 60,3) contra 7,6ml e mediana de 5ml
(Dp de 7,7 e Variância de 60) nos pacientes que não apresentaram
complicação (Teste de Mann-whitney/Wilconxon = 36,4, p = 0,0000). Estes
dados mostram que a agulha 16G, além de apresentar maiores índices de
complicação, também mostrou hematomas perineais mais volumosos.
Fato interessante é a presença da formação de hematoma perirrenal
em, virtualmente, todos os pacientes submetidos a biopsia renal. Tal
constatação mostra que a simples presença de hematoma perirrenal não
constitui fator relevante. Entretanto, seu volume, notadamente nas
primeiras horas após procedimento, pode ser determinante na previsão e
adequado acompanhamento das complicações.
Este estudo mostrou associação, estatisticamente significativa (p =
0,0000), entre índice de complicações versus volume do hematoma
perirrenal, ou seja, a formação de volumes maiores de hematoma
perirrenal nas primeiras horas após procedimento está relacionada a
maiores índices de complicações. Ou seja, o volume do hematoma
formado pode ser um fator preditivo no desenvolvimento de alguma
complicação após procedimento.
Este trabalho mostra, também, que pacientes com volumes maiores
que 40ml de hematomas perirrenais formados imediatamente após o
47
procedimento parecem apresentar alta probabilidade de desenvolver
complicações maiores. Entretanto, mais estudos devem ser realizados para
melhor investigação destes achados.
7.7 Exame histopatológico
A média do volume do hematoma formado 4 horas após biopsia
renal com agulha 16F, em pacientes que apresentaram complicação, foi de
54ml, com mediana de 39ml (Dp de 63,4 e Variância de 4030) contra 8,5ml
e mediana de 6ml (Dp de 8,0 e Variância de 65) nos pacientes que não
apresentaram complicação (Teste de Mann-whitney/Wilconxon = 36,9, p =
0,0000).
A média do volume do hematoma formado 12 horas após biopsia
renal com agulha 16F, em pacientes que apresentaram complicação, foi de
62ml, com mediana de 44ml (Dp de 62,3 e Variancia de 3884) contra 8,9ml
e mediana de 7ml (Dp de 7,7 e Variancia de 60) nos pacientes que não
apresentaram complicação (Teste de Mann-whitney/Wilconxon = 46, p =
0,0000).
A média do volume do hematoma formado 1 semana após biopsia
renal com agulha 16F, em pacientes que apresentaram complicação, foi de
78ml, com mediana de 45ml (Dp de 76,7 e Variância de 5882) contra 8,5ml
e mediana de 7ml (Dp de 7,8 e Variância de 61) nos pacientes que não
apresentaram complicação (Teste de Mann-whitney/Wilconxon = 49, p =
0,0000).
, o que podemos ,talvez, associar a representação de hematomas
intracapsulares maiores.O perfil do paciente, assim como a justificativa que
48
levou
ao procedimento de biopsia renal e também o próprio resultado
histopatológico apresentam características próprias e singulares de cada
grupo.
O calibre da agulha utilizada, se 16G ou 18G, não apresentou
diferenças estatísticamente significativas com relação ao número de
glomérulos identificados por fragmento biopsiado. Utilizando-se o teste
estatístico Kruskal-Wallis H, foi aceito a hipótese nula de que as amostras
são similares. Ou seja, os grupos de pacientes submetidos à biopsia com
agulha 16G e 18G não apresentaram diferenças significativas quanto ao
número
de
glomérulos
por
fragmento
colhido
(p
=
0,01).
Independentemente da agulha utilizada, a amostragem foi compatível e
indiferenciada. A amostragem de 238 pacientes com extração de pelo
menos dois fragmentos de cada rim biopsiado e a análise cega dos
fragmentos biopsiados pelo radiologista (M.C.B.A.), mostra que a agulha
18G forneceu material similar ao da agulha 16G.
Resultados inversos foram mostrados por trabalho realizado por
Komal et al (23), que mostrou número de 0 a 30 glomérulos por fragmento
biopsiado (media de 9,42+-5,5) obtidos por fragmento com agulha 16G
contra de 0 a 19 glomérulos por fragmento (média de 7,7 +-4,4) com agulha
18G. A qualidade dos fragmentos extraídos com agulha 18G foi mais pobre
(fragmentados ou macerados) do que os colhidos com agulha 16G. Tais
achados podem ser justificados por vícios na execução da técnica,
pequeno número da amostragem ou mesmo vícios na interpretação
anatomopatológica.
49
Mishra et al
13
mostraram média de 17,5 glomérulos por fragmento
biopsiado e 4,6% dos fragmentos com menos de cinco glomérulos em uma
amostragem de 81 pacientes biopsiados com agulha de calibre 16G.
Outros autores encontraram média do número de glomérulos por fragmento
biopsiado de 15, 11 e 9 glomérulos, respectivamente, com o uso de
agulhas com calibre de 14G, 16G e 18G
26
. Neste estudo, os pacientes
submetidos ao procedimento com agulha 14G apresentaram mais dor.
Comparando-se agulhas 14G com 18G, trabalhos mostram que 88,9% dos
fragmentos biopsiados com agulha 14G apresentaram 5 ou mais
glomérulos contra 82,9% nos pacientes submetidos a agulha 18G. Mas a
conclusão diagnóstica foi similar em ambos os grupos 24.
Até então, a mais forte argumentação que depunha contra a
substituição da agulha 16G pela 18G nos procedimentos de biopsia renal
era o suposto prejuízo causado pela inadequada qualidade histopatológica
dos fragmentos gerados pela agulha 18G. Tal teoria não manteve qualquer
sustentação neste estudo. Claramente, os fragmentos de tecido biopsiados
com agulha 18G apresentam características suficientes para uma
adequada e definitiva análise histopatológica.
Portanto, podemos concluir que os questionamentos levantados ao
longo da prática no Serviço de Ultrassonografia do Departamento de
Radiologia e Diagnostico por Imagem da SCBH aliados às controvérsias e
lacunas existentes na literatura acerca do procedimento de biopsia renal
guiada por US, serviram de forte motivação para a viabilização deste
estudo que, embora limitado, poderá nortear na condução de estudos
adicionais relacionados.
50
Os
resultados
aqui
obtidos
indicam
padrões
modificáveis
e
correlações previsíveis presentes na dinâmica da extração de fragmentos
de tecido renal para análise histopatológica por meio de biopsia guiada por
ultra sonografia. Amparando-se nestes conceitos, modificações em
protocolos com incorporação efetiva de rotinas, bem como melhor
conscientização dos riscos inerentes ao método, são algumas das medidas
estratégicas que contribuirão decisivamente para a melhoria e segurança
do procedimento.
Portanto, acredita-se que o uso da agulha 18G produz material
histopatológico de qualidade semelhante ao material produzido pela agulha
16G, com menores índices de complicações.
As associações entre o aumento do risco de complicações, o aumento
da ecogenicidade renal e a quantificação dos volumes dos hematomas
perirrenais formados podem vir a ser ferramentas úteis na antecipação de
eventos desfavoráveis, criando, assim, condições ótimas ao suporte e
abordagem terapêutica de possíveis complicações inerentes ao método.
Estes estudos mostraram-se muito promissores e, desta forma,
investigações futuras nesta direção devem ser incentivadas.
8.07 CONCLUSÃO
Após a análise dos dados clínicos, laboratoriais, imaginológicos e
epidemiológicos referentes ao presente estudo, foi possível concluir que as
biopsias renais realizadas por ultrassonografia utilizando agulha com
calibre de 18G ofereceram material para análise histológica de qualidade
semelhante que os realizados com agulha de 16G, porém com menores
índices de complicaçõesão.
51
Como achados secundários temos:
-o tamanho do hematoma parece estar relacionado com o índice de
complicações.
-possivelmente hematomas com volume maior que 40 ml formado
imediatamente após a realização da biopsia consiste em um bom marcador
prognóstico de complicação.
Formatado: Recuo: Primeira linha: 0
cm
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25 - Stattaus J, Kühl H, Hauth EA, Kalkmann J, Baba HA, Forsting M. Liver
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26 - Nicholson ML, Wheatley TJ, Doughman TM, White SA, Morgan JD,
Veitch PS, Furness PN. A prospective randomized trial of three different
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27 - Freundlich IM. Percutaneous, Radiographically Guided Biopsy: A
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Medicine, School of Medicine, Tokai University, Isehara, Kanagawa. Intern
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and Nephrology 30, pp. 399-405,1998.
30 - Wickre CG, Golper TA. Complications of percutaneos needle biopsy of
the kidney. Am J Nephrology 1982; 2: 173-178
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controversies. Nephron 1983; 34: 1-34.
32 - Chammas MC, Cerri GG. Ultrassonografia Abdominal – Série
Ultrassonografia. Rio de Janeiro. 2ª Ed. Editora Revinter, Cap. Trato Urinário
33 - Skalova S, Rejtar P. Safety profile of paediatric percutaneous. Original
Article. Singapore Med J 2010; 51(6) : 481.ultrasonography-guided renal
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34 - Rumack CM, Sthephaner RW e Willian JC. Tratado de Ultrassonog
rafia Diagnostica- 3ªd. Rio de Janeiro, Editora Elsevier 2006, 321-393.
10.00 CRONOGRAMA
CRONOGRAMA PROJETO DE PESQUISA
57
ESTÁGIO
TEMPO/TAREFA
PROTOCOLOS
MÊS 1
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 3
MÓDULO 4
MÓDULO 5
MÓDULO 6
MÓDULO 7
MÓDULO 8
ORIENTAÇÕES
COLETA
AJUSTES
ANÁLISE
FINALIZAÇÕES
X
MÊS 2
X
MÊS 3
X
MÊS 4
X
MÊS 5
X
MÊS 6
X
MÊS 7
X
MÊS 8
X
MÊS 9
X
MÊS 10
X
MÊS 11
X
MÊS 12
X
MÊS 13
X
MÊS 14
X
MÊS 15
X
MÊS 16
X
MÊS 17
X
MÊS 18
X
X
X
X
X
X
MÊS 19
X
MÊS 20
X
MÊS 21
X
MÊS 22
X
MÊS 23
X
MÊS 24
X
PROTOCOLOS = Estabelecer no serviço o protocolo a ser utilizado
ORIENTAÇÔES = Orientar aos envolvidos a respeito dos protocolos e em caso de situações novas
COLETA = Inicio efetivo da coleta dos dados
AJUSTES = Novas orientações, adaptações, revisões, redirecionamentos, balanço do módulo, análise do módulo.
ANÁLISE = Análise dos dados coletados, resultados, discussão e conclusão
FINALIZAÇÕES = Ajustes finais
11.0 ANEXOS
11.1 Orçamento financeiro
58
Todos os pacientes tem indicação formal de biopsia renal e estão
cobertos pelo Sistema único de Saúde, não havendo custo para realização
das biopsias ou seu acompanhamento, em caso de custos adicionais estes
serão cobertos pelos pesquisadores.
Todas as ultrassonografias pós-biopsia serão realizadas pelo mesmo
profissional sem custo adicional para os pacientes ou para o SUS.
59
11.2 Consentimento informado
CONSENTIMENTO INFORMADO PARA BIOPSIA RENAL GUIADA POR
ULTRASONOGRAFIA
Eu,__________________________________________________________
( ) Autorizo
( ) Não Autorizo
O Doutor_______________________________________ e/ou seus assistentes, a realizar a
BIOPSIA RENAL GUIADA POR ULTRASSONOGRAFIA, conforme solicitação do meu médico
assistente, doutor _________________________________________________.
Estou ciente de que me submeterei a uma biopsia RENAL. A biopsia renal consiste na
retirada de um fragmento de um dos rins e será realizada com uma agulha acoplada a um
dispositivo automático. Esta agulha será colocada dentro de um dos rins. O objetivo da biopsia é
tentar descobrir a doença/patologia que existe neste rim ou sua evolução. A região do rim que será
biopsiada será localizada através de ultrassom. Para a realização do procedimento é realizada
anestesia tópica (na pele) mas poderá ser necessário o uso de sedação venosa sob supervisão de
um anestesista, com possíveis complicações, tais como amnésia anterógrada temporária (perda
temporária da memória) e depressão respiratória; sendo assim é necessário que eu esteja
acompanhado de pessoa maior de idade e em boas condições de saúde física e mental e nas 24
horas que sucedem o exame não realizarei atividades que necessitem atenção/vigília ou atividades
físicas, que possam colocar em risco minha integridade física (por exemplo dirigir, carregar peso,
correr . . .).
Estou ciente de que com a biopsia podem ocorrer algumas complicações durante e após o
procedimento e que incluem:
1)
Perda de sangue pela urina, sangramento interno, perda da consciência,
tremores, suor, dor.
2)
Infecção, dor ao urinar, retenção urinária.
3)
Poderei necessitar de hemotransfusão (receber sangue), laparotomia
(cirurgia de urgência no abdome), transfusão de plasma fresco congelado (receber parte do
sangue) e internação hospitalar.
Estou ciente de que não existe total garantia ou segurança dos resultados deste
procedimento.
Estou ciente de que todos os dados originados deste procedimento poderão ser utilizados
para estudos e pesquisa.
Estou ciente de que quaisquer tecidos ou partes removidas serão utilizados de acordo com a
prática médica para esclarecimento da minha condição clinica.
Certifico que o meu médico e os médicos listados acima me esclareceram sobre a natureza e
as características do procedimento proposto e dos possíveis riscos atualmente conhecidos, das
complicações e dos benefícios envolvidos no procedimento.
Estou ciente de que qualquer aspecto deste consentimento informado que por acaso eu não
tenha entendido pode ser explicado em maiores detalhes se eu questionar o meu médico ou o
médico e seus assistentes responsáveis pela biopsia.
Atesto que este formulário foi explicado a mim e que o li(ou que o mesmo foi lido para mim) e
que entendi seu conteúdo.
DATA: _____/_____/________
HORA: _______:________
Assinatura do paciente ou responsável: _________________________________________
Nome(em letra de forma):_________________________________RG________________
Testemunha:___________________________________________RG________________
OBSERVAÇÃO
Apesar de seu médico poder dar-lhe todas as informações necessárias e aconselha-lo, você deve participar do
processo de decisão sobre o seu tratamento e ter sua parcela e responsabilidade pela conduta adotada.
Este formulário atesta sua aceitação da realização do procedimento recomendado pelo seu médico.
60
11.3 Filha do protocolo aplicado
PROJETO PESQUISA BIOPSIA RENAL
DATA:____/____/_____
NOME:
___________________________________________________________________
IDADE:________
SEXO: ( ) MASCULINO ( ) FEMININO
INSTITUIÇÃO:______________
PESO (kg): ________________
CREATININA:____________________
RNI: ______________ ATIVAÇÃO: ___________ PLAQUETAS:___________
JUSTIFICATIVA:
PATOLOGIAS PREGRESSAS
( ) DIABETES
( ) DPOC
( ) HAS
( ) CARDIOPATIAS
( ) DIALISE – ULTIMA: ( ) ATÉ 24H ( ) ATÉ 48H ( ) ATÉ 72H
( ) MAIS DE 72H
( ) 16G
AGULHA UTILIZADA
ERITROGRAMA
PARAMETROS
HEMÁCIAS
PRÉ BX
( )
PÓS BX (12H)
HEMOGLOBINA
HEMATOCRITO
V.C.M
H.C.M
C.H.C.M
R.D.W
EXAME URINA
PARAMETROS
DENSIDADE
pH
HEMÁCIAS
PIOCITOS
NITRITO
CILINDROS
BILIRUBINA
PROTEÍNAS
GLICOSE
FLORA
BACTERIANA
MUCO
PRÉ BX
PÓS BX (3H)
61
18G
COMPLICAÇÕES OBSERVADAS
PARAMETROS
IMEDIATAS
ATÉ 3H
DE 3H A
12H
DE 12H A
24H
HIPOTENSÃO
HIPERTENSÃO
SINCOPE
DOR INTENSA
NAUSEAS/VÔMITOS
FEBRE
PLASMA F. CONG.
OUTROS
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
______________________________
ACOMPANHAMENTO ULTRASONOGRÁFICO
US PRÉ BX
VOLUME RIM ESQUERDO ____________________
BORDAS__________________________________
ECOGENICIDADE___________________________
BX
Nº FRAGMENTOS ___________________
Nº INSERÇÕES _____________________
PERÍODO PÓS BX
ACHADOS AO ULTRASSOM
3H
12H
1 SEMANA
MATERIAL DO ANATOMOPATOLÓGICO
PARAMETROS
Nº FRAGMENTOS BX
NEFRONS POR
FRAGMENTO
PATOLOGIA
IDENTIFICADA
VALORES / OUTROS
OUTROS
__________________________________________________
__________________________________________________
__________________________________________________
RESIDENTE RESPONSÁVEL:
62
MAIS DE
24H
11.4 Recomendações ao paciente pós biopsia renal
BIOPSIA RENAL ECODIRIGIDA
RECOMENDAÇÕES:
 Após a biopsia pode surgir desconforto ou dor no local. Em caso
de dor não usar analgésicos que contenham Aspirina ou
derivados. Se necessário, usar Novalgina, Tylenol ou Buscopan.
 Em caso de dor intensa, sangramento importante ou febre,
procurar o serviço de urgência ou posto de saúde.
 É comum, nos primeiros dias, o aparecimento de sangue na urina.
 Repouso absoluto nas primeiras 4 horas após a biopsia,
permanecendo deitado o máximo de tempo possível sobre o local
em que foi realizado o procedimento.
 Evite esforço físico intenso nas primeiras 24 horas após a
biopsia.
 Alimentação normal.
 Em caso de complicações relacionadas ao procedimento ou
qualquer dúvida, favor entrar em contato com o Dr. Paulo Ramos
Botelho Antunes. Tel: (031) 8800-2756.
RETORNAR NO DIA __________________ ÀS ________ HORAS
PARA CONTROLE ULTRASONOGRÁFICO.
E NO DIA __________________ ÀS ________ HORAS PARA
NOVO CONTROLE ULTRASONOGRÁFICO.
63
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