XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015 Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015 Efeito de fontes de óleo no desenvolvimento embrionário e taxa de eclosão de zebrafish1 The effect of dietary oil sources on embryogenesis and hatchability of zebrafish Táfanie Valácio Fontes2, Danielle Cristina Pereira Marçal2, Felipe Guedes de Araújo2, Daniel Okamura2, Renan Rosa Paulino2, Diego Vicente da Costa2, Shirly Paola Vargas Licona3, Saulo Almeida da Silva4 Priscila Vieira e Rosa2, * 1 Parte do doutorado do terceiro autor Departamento de Zootecnia, Universidade Federal de Lavras, P.O Box 3.037, 37200-000 Lavras, Minas Gerais, Brazil. E-mail: [email protected] 3 Universidade de Córdoba, P.O Box 230002, Montería, Colômbia. E-mail: [email protected] 4 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul- Unidade Universitária de Aquidauana, C. P 25, 79200-000, Aquidauana, Mato Grosso do Sul, Brasil 2 Resumo: Sabe-se que os ácidos graxos das famílias ômega 3 e ômega 6 são relacionados ao sucesso reprodutivo de diferentes espécies de peixes. No entanto, poucas são as informações existentes sobre como os ácidos graxos podem influenciar os parâmetros reprodutivos de zebrafish. Assim, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o efeito de diferentes fontes lipídicas sobre o desenvolvimento embrionário e taxa de eclosão em zebrafish. Os animais foram alimentados com dietas isoproteícas e isoenergéticas contendo quatro diferentes fontes de óleo (oliva, linhaça, peixe e milho) durante cinco meses. Após três meses de alimentação, iniciou-se a reprodução dos animais. Utilizou-se uma proporção de 2 fêmeas para 3 machos. Os ovos fertilizados foram recolhidos e transferidos para incubadoras experimentais. Trinta embriões foram coletados de cada incubadora e o estágio de desenvolvimento foi registrado. Os ovos remanescentes foram usados para avaliar a porcentagem de taxa de eclosão. Observou-se que as dietas com óleo de milho influenciou positivamente o desenvolvimento embrionário inicial (8-9 hpf). No entanto, o maior desenvolvimento embrionário não resultou em maior taxa de eclosão. A suplementação de óleo de peixe proporcionou uma maior taxa de eclosão das larvas de zebrafish. Palavras–chave: desenvolvimento embrionário, lipídeos, peixe, reprodução Abstract: It is known that omega-3 and omega-6 fatty acids are related to reproductive success of different fish species. However, there is little information available on how the fatty acids may influence the reproductive parameters of zebrafish. Thus, this study aimed to evaluate the effect of different lipid sources on embryonic development and hatchability of zebrafish. Fish were fed isonitrogenous and isocaloric diets with four different oil sources (olive, linseed, fish and corn) for five months. After three months of feeding trial fish reproduction started. A 2:3 male/female ratio was used. The fertilized eggs were collected and transferred to experimental incubators. Thirty embryos were collected from each incubator and development stage was recorded. The remaining eggs were used to assess the hatchability percentage. Corn oil diets positively influenced early embryonic development (8-9 hpf). However, the higher embryo development did not result in higher eclosion rate. The supplementation of fish oil resulted higher eclosion rate of zebrafish larvae. Keywords: embryonic development, fish, lipids, reproduction Introdução O papel dos lipídeos sob a reprodução vem sendo estudado em várias espécies, mas existem poucas informações sobre como estes nutrientes influenciam a reprodução do peixe zebrafish. Sabe-se que os ácidos graxos, em especial os altamente insaturados (HUFA), são depositados nas gônadas de peixe em estágio reprodutivo, um indicativo da importância desses nutrientes no processo reprodutivo. Isso pode ser Página - 1 - de 3 XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015 Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015 comprovado por estudos que apontam um menor desempenho reprodutivo em animais que receberam uma oferta inadequada de HUFAs. A necessidade de HUFAs durante o período de reprodução pode ultrapassar a capacidade de síntese endógena, sendo necessária sua suplementação. Porém, os mecanismos e vias envolvidas na regulação da reprodução por ácidos graxos na dieta são desconhecidos. Portanto, o presente estudo teve como objetivo melhorar a compreensão do papel de HUFAs no desenvolvimento embrionário e na taxa de eclosão, através da introdução de diferentes fontes de óleo na dieta de reprodutores de zebrafish. Material e Métodos Foram utilizados 28 aquários de vidro com capacidade de 10 litros cada, montados num sistema de recirculação fechada, com temperatura controlada (29 ° C) e um regime de fotoperíodo de 14:10 (claro:escuro). Em cada aquário, foram acondicionadas dez fêmeas de zebrafish com 4 meses de idade e comprimento padrão inicial de 20±4 mm. Utilizou-se 4 dietas isoenergéticas e isoproteicas com diferentes fontes de óleo, sendo elas, óleo de oliva (OO), óleo de linhaça (OL), óleo de peixe (OP) e óleo de milho (OM) e 7 repetições (aquários). Os peixes foram alimentados duas vezes ao dia (às 08:00 e 17:00), durante 5 meses até a saciedade aparente. Nos dois últimos meses os animais foram transferidos a tanques de desova em uma proporção de 3 machos para cada 2 fêmeas. Os ovos fertilizados foram recolhidos e transferidos para as incubadoras experimentais com 200ml de meio E3 (5 mM de NaCl, KCl 0,17 mM, CaCl2 0,33 mM, MgSO4 0,33 mM, 0,1% de azul de metileno (Sigma)). A temperatura foi ajustada para 26 ± 0,5 ° C em todas as unidades e os meios foram substituídos todos os dias. O desenvolvimento embrionário foi avaliado através de microscópio estereoscópico (Nikon, Optiphot-2, Belmont, CA, EUA) nos horários: 8-9, 23-25 , 30-34 e 48-50 horas após a fertilização (HPF). Os tempos das avaliações foram escolhidos de forma a coincidir com as mudanças morfológicas representativas nos embriões. A determinação dos estádios de desenvolvimento foi realizada de acordo com as descritas por Kimmel et al. (1995). A fase de desenvolvimento embrionário foi avaliada usando um sistema escore de pontuação que varia de uma pontuação mínima de 0 para um óvulo recém fecundado e uma pontuação máxima de 10 para larvas emergentes. Para cada avaliação, 30 embriões foram coletados de cada incubadora e o estágio de desenvolvimento foi registrado. Os ovos remanescentes foram usados para avaliar a porcentagem de taxa de eclosão. Os dados de taxa de eclosão foram analisados por ANAVA e as médias comparadas pelo teste Tukey a 5% de significância. As diferenças nos escores de desenvolvimento de embriões foram avaliadas pelo teste de Kruskal-Wallis em um nível de significância de 5%, utilizando o pacote computacional SAEG (Euclydes, 1997). Resultados e Discussão O desenvolvimento embrionário em 8-9 hpf foi significativamente afetado pelas dietas (P<0,05; Figura 1). Os embriões dos peixes que receberam a dieta com OM obtiveram maior desenvolvimento do que os alimentados com OO e OP. Contudo, após 8-9 hpf não foi encontrado diferença no desenvolvimento dos embriões entre os tratamentos. O OM foi utilizado como fonte do ácido graxo linoleico (ômega 6). Esse ácido graxo é precursor de ácido araquidônico, que é o principal precursor de prostaglandinas da série 2, e tem sido mostrado participar como mediador da esteroidogênese, maturação de oócito e ovulação ( Lister and Van der Kraak, 2008) Página - 2 - de 3 XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA ZOOTEC 2015 Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015 Figura 1. Box- plot de pontuação do desenvolvimento na (A) 8-9hpf (P = 0,007), (B) 23-25hpf (P = 0,149), (C) 30-34hpf (0,761) e (D) 48-50hpf (P = 0,576). Os valores são apresentados como média ± EPM (n = 30). As colunas com diferentes letras diferem entre si estatisticamente, de acordo com teste Tukey a 5% de significância. Os peixes alimentados com OP obtiveram uma taxa de eclosão maior que os demais (65%) e os que consumiram OL e OM apresentaram a mesma taxa de eclosão. Os peixes que receberam OO como fonte lipídica obtiveram os menores valores de taxa de eclosão. Os resultados obtidos são semelhantes aos observados por Furuita et al. (2007) que ao estudarem a enguia japonesa (Anguilla japonica) constataram uma maior taxa de eclosão quando os reprodutores foram suplementados com OP em comparação aos grupos que receberam OM ou combinações com óleo de peixe e outra fonte lipídica. Conclusões A suplementação de fêmeas de zebrafish com óleo de peixe proporcionou uma maior taxa de eclosão dos embriões uma característica valorizada pelos produtores comerciais. O óleo de milho influcienciou positivamente o desenvolvimento embrionário inicial (8-9 hpf), no entanto essa diferença não se manteve nos estágios posteriores de desenvolvimento. Agradecimentos À Universidade Federal de Lavras, pela oportunidade de condução deste estudo. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pelo financiamento do projeto de pesquisa e concessão da bolsa de estudos. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), pela concessão da bolsa de estudos. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), pela concessão da bolsa de estudos. Literatura citada EUCLYDES, R.F. Instructions for use of the program SAEG - System for Genetic Analysis and Statistics. Viçosa: Federal University of Viçosa, p.150, 1997. FURUITA H, HORI K, SUZUKI T, SUGITA T & YAMAMOTO T. Effect of n-3 and n-6 fatty acids in broodstock diet on reproduction and fatty acid composition of broodstock and eggs in the Japanese eel Anguilla japonica. Aquaculture 267 55-61, 2007. KIMMEL CB, BALLARD WW,KIMMEL SR,ULLMANN B & SCHILLING TF. Stages of Embryonic Development of the Zebrafish. Developmental Dynamics 203 253-310, 1995. LISTER, A.L. and G.VAN DER KRAAK. An investigation into the role of prostaglandins in zebrafish oocyte maturation and ovulation. General and Comparative Endocrinology 59: 46-57, 2008. Página - 3 - de 3