Anais do VII CONERA – Organismos Aquáticos Acta Veterinaria Brasilica, v.8, Supl. 2, 2014 CARACTERIZAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO EM CARPA COMUM ATÉ O FECHAMENTO DO BLASTÓPORO EM LATITUDE EQUATORIAL [Characterization of embryonic development in common carp until the closing of the blastopore in equatorial latitude] Francisco Renan Aragão Linhares1,*, Priscila Silva de Almeida1, Larissa Teixeira Nunes1, Maria Eduarda Magalhães de Souza1, José Ferreira Nunes1, Carminda Sandra Brito Salmito-Vanderley1 1 Universidade Estadual do Ceará. *Autor para correspondência. E-mail: [email protected]. ABSTRACT - Authors reported the embryonic stages of carp in regions of the Brazilian semiarid. The objective of this study was to characterize the embryonic development of common carp in equatorial latitude. The oocytes were fertilized with a pool of semen for two minutes. To remove stickiness of the oocytes, the samples were treated with 3g of urea and 4g of NaCl per liter of water for one hour and tannic acid (0.5g/L) for 20s. The embryos were transferred to incubators for steady flow. Embryonic development was monitored every half hour in a petri dish for observation under stereoscope. The fist cleavage occurred at 3h, the morula stage occurred at 3h30min, the blastula at 4h, the gastrula at 5h and blastopore closure at 11h after fertilization. However, the larvae hatching did not occurred because of high temperatures and large amount of zooplankton in the water. Key words: Cyprinus carpio; fertilization; characterization of embryonic. Palavras-Chave: Cyprinus carpio; fertilização; caracterização embrionária. INTRODUÇÃO MATERIAL E MÉTODOS O amplo conhecimento da biologia da espécie Cyprinus carpio favoreceu o emprego de biotécnicas reprodutivas artificiais. Dentre estas, destaca-se a fertilização assistida artificial no qual se baseia na mistura de gametas masculinos e femininos coletados. Posteriormente, os embriões são transferidos para um sistema de incubação, desenvolvido de acordo com as especificidades do animal. É importante ressaltar que o suprimento de oxigênio, temperatura adequada e fluxo contínuo de água são fundamentais para o desenvolvimento embrionário regular. Para a realização da fertilização, os ovócitos foram obtidos de uma fêmea submetida a duas doses de 0,5 e 4,5 mg/Kg de peso vivo de extrato de pituitária de carpa (EPC) num intervalo de doze horas. A amostra coletada foi pesada em balança digital para estimar o número relativo de ovócitos por grama. Em seguida, foi formado um pool de sêmen fresco, oriundo de três machos não induzidos hormonalmente. A partir da coleta dos gametas, três alíquotas de 5g de ovócitos (aproximadamente 3900 ovócitos) foram separadas e fertilizadas com uma dose estimada de 200.000 espermatozoides por ovócito. Do exposto, verifica-se que não existe na literatura relatos sobre a caracterização do desenvolvimento embrionário da espécie em latitude equatorial, tornando-se fundamental a caracterização da embriologia da espécie para a realização de pesquisas posteriores. Assim, o objetivo deste trabalho foi caracterizar o desenvolvimento embrionário de carpa comum em latitude equatorial (3°45'00" de latitude sul e 39°10'24" de longitude oeste). Inicialmente, os gametas foram misturados suavemente durante dois minutos com auxilio de uma pena de ave a fim de evitar injúrias nos gametas. Após este período, as amostras foram tratadas com solução contendo 3 g de ureia e 4 g de NaCl para cada litro de água para a remoção da adesividade dos ovócitos. Durante uma hora, 100 mL da solução citada foi acrescentada e substituída durante todo o período. Depois da exposição à ureia, os embriões foram lavados com 100 mL de solução de ácido tânico (5g/L) durante 20s, sendo removido em seguida (Billard et al., 1995). 211 Anais do VII CONERA – Organismos Aquáticos Posteriormente os embriões foram transferidos para incubadoras de fluxo constante com capacidade para 20 L (28-29 °C), de forma a garantir a movimentação constante destes, evitando a deposição no fundo da incubadora. O acompanhamento do desenvolvimento embrionário foi realizado a cada meia hora. Para tanto, os embriões foram removidos das incubadoras com auxílio de uma peneira e depositadas em placa de petri para observação em microscópio estereoscópio, equipado com uma câmera fotográfica digital, a fim de documentar e melhor visualiza-los. RESULTADOS E DISCUSSÃO O tipo de clivagem que a espécie apresentou foi meroblástica discoidal e o desenvolvimento embrionário apresentou três períodos bem definidos, divididos em mórula, blástula e gástrula. A primeira divisão (estádio com 2 células) ocorreu com 3 horas, o estádio de mórula com 3 horas e 30 Acta Veterinaria Brasilica, v.8, Supl. 2, 2014 minutos, blástula com 4 horas, gástrula com 5 horas e fechamento do blastóporo com 11 horas pósfertilização a uma temperatura de 30,24±0,61 °C (Figura 1). O desenvolvimento embrionário incompleto e a não eclosão de larvas podem ter sido influenciadas tanto pelas altas temperaturas como pela grande quantidade de zooplâncton, que se apresentavam dentro de embriões em degeneração durante as observações. A temperatura é um fator importante de determinação de má formação nas larvas, pois segundo Moreira et al. (2001), a temperatura ótima da água para se realizar a reprodução induzida das carpas comuns situa-se entre 22 a 28 ºC. Assim, a temperatura encontrada no presente trabalho está fora dos padrões de outros estudos na área de desenvolvimento inicial de carpas, podendo ter ocasionado má formação dos embriões e não eclosão. Figura 1. Estágios do desenvolvimento embrionário de carpa comum (Cyprinus carpio). (A) Formação de blástula, (B) formação de gástrula. CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS O desenvolvimento embrionário ocorreu de forma regular até o fechamento do blastóporo e a velocidade do desenvolvimento sofreu influência da temperatura elevada da água. Billard, R.; Cosson, J.; Perchec, G.; Linhart, O. Biology of sperm and artificial reproduction in carp. Aquaculture, v. 129, p. 95-l 12, 1995. Moreira, H. L. M.;Vargas, L.; Ribeiro, R. P.; Zimmermann, S. Fundamentos da moderna aquicultura. Canoas: ULBRA, 2001, 200 p. 212