Boletim Técnico ano 1 | número 4 | novembro 2009 PET-CT e suas aplicações em oncologia clínica Os exames complementares de imagem, notadamente a tomografia Como qualquer método complementar, podemos encontrar computadorizada, são, tradicionalmente, importantes ferramentas resultados falso-positivos e falso-negativos As principais causas de auxiliares no manejo de pacientes oncológicos. Através das imagens falso-negativos são neoplasias com baixa densidade de células (como tomográficas, podemos detectar e caracterizar morfologicamente as carcinoma bronquíolo-alveolar), lesões de pequeno volume (menores lesões tumorais, bem como localizá-las com precisão. É possível, ainda, que 1,0 cm) e neoplasias hipometabólicas. As principais causas de relacionar as lesões com estruturas vizinhas, contribuindo para o falso-positivos são os processos inflamatórios em geral (por exemplo, estadiamento e quantificação dessas lesões. as broncopneumonias, sarcoidose e adenoma colônico) e a captação As doenças oncológicas geralmente se originam com alterações fisiológica do 18F-FDG em determinados órgãos e situações (captação funcionais de metabolismo tipicamente precedendo qualquer muscular após exercício físico, no tecido adiposo, nas cordas vocais e a alteração anatômica. Métodos utilizados pela medicina nuclear têm excreção fisiológica de 18F-FDG pelas vias urinárias e reto). tornado possível detectar, estadiar e acompanhar essas alterações funcionais e metabólicas das doenças. Dentre os mesmos, destacamos Seguem, abaixo, as principais indicações do PET-CT em oncologia: a tomografia por emissão de pósitrons ou PET-scan (do inglês positron emission tomography), considerada, como os demais exames de LINFOMA: o PET-CT é no mínimo equivalente a tomografia no medicina nuclear, uma técnica de imagem funcional. diagnóstico inicial de linfomas. Demonstra o metabolismo funcional e A PET permite detectar a lesão tumoral através do acúmulo do fornece informações quantitativas, sendo importante para diferenciar marcador 2-(18F) fluor-desóxi-D-glicose (18F –FDG) na lesão. A FDG é linfomas indolentes de linfomas mais agressivos e avaliar resposta um metabólito análogo à glicose que é marcado com Fluor-18 precoce ao tratamento. Tem uma alta acurácia para reestadiar o linfoma (radioativo), uma abordagem baseada na hipótese de que as células depois de um tratamento inicial, diferenciando massas residuais de neoplásicas, especialmente as malignas, apresentam um aumento do doença em atividade. metabolismo e da captação da glicose. Após a administração de uma dose única de 18F-FDG, o paciente é posicionado no aparelho de PET e as imagens de corpo inteiro são adquiridas, possibilitando a análise da captação de 18F-FDG pelas células do paciente em toda a extensão corpórea. A habilidade em identificar a doença maligna antes que as alterações anatômicas se tornem evidentes e a possibilidade de se estadiar o paciente para doença disseminada sem exposição adicional de outras injeções de radiotraçadores contribuiram para o sucesso do PET em oncologia. A alta sensibilidade do PET está, todavia, frequentemente associada a uma baixa especificidade, resultado de uma deficiente localização anatômica das lesões. Esforços foram feitos para o desenvolvimento de PET-CT: Linfoma - pós quimioterapia técnicas que pudessem diminuir a falta de detalhamento anatômico, o que foi conseguido com o registro simultâneo e fusão das imagens funcionais e anatômicas em um só exame, originando o PET/CT. Tal modalidade compreende a aquisição de imagens de tomografia computadorizada seguidas de aquisição das imagens do PET, fornecendo imagens combinadas de anatomia e função, ditas imagens combinadas “anátomo-metabólicas” ou “anátomo-funcionais”. Existem indicações estabelecidas do uso do PET-CT na oncologia. O estadiamento, reestadiamento, avaliação de resposta ao tratamento, planejamento de radioterapia, localização do melhor local para biópsia, diferenciação de lesões benignas e malignas estão entre as aplicações que tem impacto significativo na conduta dos médicos. PET-CT: Linfoma-Hodgkin CÂNCER DE MAMA: PET-CT tem um papel limitado no diagnóstico Os resultados antecedem os da tomografia computadorizada em inicial do Câncer de mama, mas é importante para detectar metástases média por sete semanas. locorregionais e metástases a distância. Ajuda a planejar o tratamento HEPATOCARCINOMA: não existe indicação na realização do PET no cirúrgico, monitora resposta ao tratamento e detecta recorrências CHC. A atividade metabólica observada nesses tumores depende do grau de diferenciação celular. Assim, tumores bem diferenciados e de baixo grau têm baixa ou nenhuma atividade metabólica glicolítica quando comparados com tumores de alto grau. A sensibilidade relatada do PET é geralmente baixa, variando de 0% a 64%. TUMORES DO TRATO URINÁRIO: não há dados na literatura que justifiquem o uso do PET-CT nos tumores renais primários e nos tumores de bexiga principalmente pelo fato de o radiofármaco ser excretado pelas vias urinárias, dificultando muito a identificação da PET-CT: Mama lesão devido à falta de contraste entre o tumor e as estruturas TUMORES DE ESÔFAGO: o PET-CT é indicado na avaliação préoperatória (estadiamento), com sensiblilidade para detecção de tumores primários variando de 91 a 100%. Falso-negativos ocorrem nos tumores in situ e nos T1. Falso-positivos ocorrem em casos de adjacentes. Pode ser utilizado na pesquisa de metástases à distância e na diferenciação entre alterações pós-cirúrgicas e recidiva tumoral. Futuramente, existirão radiofármacos com especificidade para os tumores renais. inflamações, como esofagites. O exame também é útil na avaliação de recidiva tumoral e de predição de resposta ao tratamento quimioterápico, selecionando pacientes respondendores e não respondedores. Não é acurado para avaliar comprometimento TUMORES COLORRETAIS: está indicado no reestadiamento de pacientes com possível ressecção curativa de recidiva local aparentemente isolada ou de doença metastática aparentemente isolada para o fígado e pulmão; caracterização de lesões duvidosas locorregional, sendo a endoscopia e a tomografia os métodos ideais. detectadas aos métodos convencionais; caracterização de possível TUMORES GÁSTRICOS: o papel do PET-CT ainda não está bem definido para esses tumores. Alguns tipos histológicos, como carcinomas recidiva em casos de aumento da concentração sérica de antígeno carcinoembrionário (CEA). mucinosos e em anel de sinete, apresentam baixa atividade metabólica. A captação na parede gástrica não é específica, podendo ocorrer em processos inflamatórios como gastrite. Em casos de tumores avançados, o PET pode ser útil na avaliação de recidiva local, metástases para fígado e pulmões, bem como disseminação linfonodal. No entanto, tem baixa sensibilidade para detecção de carcinomatose peritoneal. TUMORES PANCREÁTICOS: indicado na diferenciação entre tumores pancreáticos e processos inflamatórios. Também há indicação, no Recidiva local x fibrose entanto não formal, na avaliação de recidiva pós-operatória, quando os exames morfológicos mostram-se inconclusivos e/ou os níveis séricos dos marcadores tumorais estão em ascensão. O PET-CT não substitui os estudos morfológicos (TC ou RM) na avaliação de ressecabilidade do adenocarcinoma pancreático. Apesar das controvérsias, acredita-se que deva fazer parte da propedêutica em pacientes selecionados, cuja análise convencional tenha se mostrado inconclusiva. A indicação justifica-se por ser útil na identificação de metástases à distância não-suspeitas, quando a tomografia e/ou ressonância magnética são negativas. Com isso, cirurgias desnecessárias muitas vezes podem ser evitadas. Não está indicado para avaliar comprometimento linfonodal local. TUMORES GASTROINTESTINAIS: o PET-CT tem importante papel no O Hermes Pardini é o único serviço no estado de Minas Gerais e um dos sete do país a oferecer o exame de PET-CT. Ressalta-se, ainda, a autossuficiência de Belo Horizonte na produção do 18F – FDG, obtido do Centro Nacional de Energia Nuclear (CNEN), localizado no campus da Universidade Federal de Minas Gerais. Referências Bibliográficas 1. PET Precedure Guideline for Tumor Imaging with F-FDG PET-CT 1.0 The JNM 47:5, 2006 885 a 895; 2. Positon Emission Tomography: The Current Thecnology and Applications Radiologic Clin N AM 47 (2009) 147-160; 3. Imaging in Oncology Michael A Blake (Editora Springer); 2008. controle dos pacientes com GIST em tratamento com imatinib, para avaliação da resposta clínica . O PET-CT prediz corretamente a resposta Dra. Gabriela Paiva Martins e Dra. Ivana Abuhid Radiologista - Dep. de Imagem e Diagnóstico Molecular Expediente à terapia com imatinib oito dias após o início do tratamento. Presidente Executivo: Roberto Santoro Meirelles Fotografia e Diagramação: Samuel Gê Assessoria Científica Imagem: Tereza Sebastião Nogueira Impressão: Parque Gráfico HP Tiragem: 8 mil CENTRAL DE RELACIONAMENTO COM CLIENTES (31) 3228 6200 www.hermespardini.com.br | [email protected] RT: Ariovaldo Mendonça - CRMMG 33477 Inscrição CRM: 356-MG