Citologia Otológica A otite consiste em um processo inflamatório do conduto auditivo, com numerosos agentes etiológicos envolvidos e fatores predisponentes que se relacionam com a infecção em cães e gatos. Na maioria das vezes é um sinal de outras enfermidades e não um diagnóstico definitivo, sendo mais comum em cães do que em gatos. A doença não tem predileção por sexo, idade ou estação do ano. Contudo, cães de orelhas longas e raças com abundância em pêlos no conduto auditivo são mais acometidos. Bactérias e fungos são detectados em pequenas quantidades nos ouvidos sadios dos cães. Essa flora natural da pele quando sofre alterações na temperatura e umidade prolifera-se de forma intensa e age como fator perpetuante da otite. Pólipos, corpos estranhos, atopia e infestação por ectoparasitas, como Otodectes cynotis, Sarcoptes scabiei, Demodex sp. e Notoedres cati, neoplasias otológicas e desordens de queratinização, também podem ser causas da afecção. Frequentemente, a citologia otológica diagnostica: - Otite bacteriana: na qual é observada a presença de bactérias, tais como, cocos (Staphylococcus sp., Escherichia coli, e/ou Streptococcus sp.) e/ou bastonetes (Proteus sp. e/ou Pseudomonas sp.) - Otite fúngica: na qual observam-se leveduras (Malassezia sp. ou Candida sp.). Coleta e Transporte do Material para o Laboratório Colhe-se o material introduzindo um swab, estéril e de algodão, no canal auditivo vertical do animal, girando-o em um único sentido (FIGURA 1). Com o mesmo movimento de rotação com o swab, transferir o material coletado para uma lâmina de vidro limpa (FIGURA 2). Alguns autores aconselham a utilização de uma fonte de calor (Bico de Bunsen ou isqueiro) como meio de fixação em casos de colheita de material com muito cerúmen. O material deverá ser remetido ao laboratório estando as lâminas devidamente identificadas com o nome do animal e o lado (direito ou esquerdo) do conduto auditivo ao qual foi realizada a colheita. O material não deverá ser refrigerado. Figura 1: Coleta do material otológico Figura 2: Realização do esfregaço com swab. Cultura e antibiograma Em decorrência da diversidade de agentes etiológicos envolvidos, a utilização de exames microbiológicos para identificação do agente patogênico é de extrema importância para a eleição do melhor tratamento a ser utilizado. Para a realização da cultura, deve-se retirar toda secreção presente no conduto auditivo com algodão seco antes da coleta do “swab”(FIGURA 3). Nunca utilizar água oxigenada ou qualquer solução antisséptica. A coleta deve ser feita diretamente do ponto onde se encontra a reação inflamatória, evitando que o algodão entre em contato com outros pontos do conduto auditivo. Em casos de otite bilateral, a coleta deve ser feita de forma individual em cada ouvido. Nunca utilizar o mesmo “swab” para os dois ouvidos, pois os microrganismos causadores da infecção podem ser diferentes. O material colhido no swab deve ser remetido ao laboratório sob refrigeração. É importante ressaltar que leveduras também podem causar otite em associação com as bactérias, por isso, quando se observa uma secreção escurecida, de aspecto achocolatado, pode estar havendo uma infecção mista. Nestes casos suspeitos, sempre recomendamos também a solicitação de cultura de fungos. Figura 3: Swabs em meio de cultura Dica: A citologia, associada à cultura microbiana e ao teste de sensibilidade aos antimicrobianos é a melhor forma para identificação de microorganismos e escolha da terapêutica mais adequada. Na escolha de um dos testes, optar pela citologia pois mostra-se um método simples, rápido eficaz para se ter uma avaliação precoce do agente envolvido . Colaboradoras: Dra. Pietra Sant”Anna - CRMV .RJ: 10901 Gisele de Souza – CRMV – RJ: 11356 ��������������������������������������������������������������������������� ��������������������������������������������������������������������������������� �����������������������������������������������������