Curso Nacional de Reciclagem em Cardiologia da Região Sul – Florianópolis, de 20 a 24 de setembro de 2006 CONTROLE NEURAL DO CORAÇÃO E DA CIRCULAÇÃO Roberto Henrique Heinisch UFSC/UNISUL Objetivos do Controle Neural do Coração e da Circulação • Aumento da atividade de bombeamento do coração. • Redistribuição do fluxo sangüíneo para áreas diferentes do corpo. • Controle muito rápido da pressão arterial. Faraj M. As bases fisiológicas do aparelho cardiovascular. In: Pádua Fo., Barbosa MM, Chula ED (Eds). Cardiologia: Sociedade Mineira de Cardiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. Cap. 2, p.12-21. Figura 1.5 - Em (a) diagrama de inervação do coração. Em (b) diagrama simplificado da inervação, apresentando a distribuição das fibras nervosas simpáticas e parassimpáticas no coração (Retirado de IAAPORT.EXE (1999). IAAPORT.EXE, 1999. Versão Windows 1,0. NETTER, F. H.; Atlas Interativo de Anatomia Humana. Porto Alegre, RS. Editora Artes Médicas Sul Ltda. Inervação autonômica do Coração • Neurônios simpáticos: – Corpos celulares nos gânglios cadeia cervical – Fibras pós-ganglionares em plexo neural misto com fibras parassimpáticas vagais. – Neurônios eferentes simpáticos: N.S.; N.A.V., sistema condução, fibras miocárdicas, com e nas coronárias. – Fibras terminais com varicosidades finas, grânulos com NA, neuropeptídeo Y e ATP. Franchini K. Controle neural da função cardíaca. In: Timerman A, César LAM (Eds). Manual de cardiologia: SOCESP. São Paulo: Editora Atheneu, 2000. Cap. 1, p.1-5. Inervação autonômica do Coração • Neurônios vagais: – Corpos celulares pré-ganglionares no núcleo ambíguo no bulbo e núcleo motor dorsal do vago. – Plexo neural misto com fibras simpáticas gânglios intracardíacos e neurônios pós-ganglionares. – Terminações nervosas vagais: N.S.; N.A.V. (menos do que simpático), miocárdio atrial e ventricular. – Liberação de acetilcolina e VIP (peptídeo intestinal vasoativo). Franchini K. Controle neural da função cardíaca. In: Timerman A, César LAM (Eds). Manual de cardiologia: SOCESP. São Paulo: Editora Atheneu, 2000. Cap. 1, p.1-5. Esquema representativo dos nervos cardiopulmonares em aspecto ventral (Modificado de Nervous Control of Cardiovascular Function, editado por WC Randall, Oxford University). Ref: Timerman A, César LAM (Eds). Manual de cardiologia: SOCESP. São Paulo: Editora Atheneu, 2000. SNA e função cardíaca • Vias neurais simpáticas e parassimpáticas comandadas centralmente: alimentação, sono, exercício, estresse. Franchini K. Controle neural da função cardíaca. In: Timerman A, César LAM (Eds). Manual de cardiologia: SOCESP. São Paulo: Editora Atheneu, 2000. Cap. 1, p.1-5. SNA e função cardíaca • A atividade de repouso dos neurônios simpáticos é determinada pela interação entre ritmos intrínsicos gerados no SNC e a atividade reflexa gerada pela ativação cíclica dos barorreceptores arteriais. • A noradrenalina é responsável pela maioria dos efeitos inotrópico+, cronotrópico+. – Aumento da F.C. e da contratilidade em 1-3 s. – Retorno aos níveis basais em 30 s após término da estimulação simpática, recaptação e metabolismo lento da NA no tec.card. Franchini K. Controle neural da função cardíaca. In: Timerman A, César LAM (Eds). Manual de cardiologia: SOCESP. São Paulo: Editora Atheneu, 2000. Cap. 1, p.1-5. SNA e função cardíaca • Respostas inotrópicas com receptores beta 1 • Respostas cronotrópicas c/ B1 e B2. • Receptores alfa 1: efeito inotrópico modesto,vasoconstrição coronária mascarada por mecanismos locais de aumento do fluxo sanguíneo devido aumento no consumo de oxigênio. Franchini K. Controle neural da função cardíaca. In: Timerman A, César LAM (Eds). Manual de cardiologia: SOCESP. São Paulo: Editora Atheneu, 2000. Cap. 1, p.1-5. Receptores betaadrenérgicos • Membros de uma grande família multigênica de receptores associados a proteínas G. • Sete sítios transmembrana, atividade mediada pela proteína Gs, que ativa a guanilato ciclase a produzir AMP cíclico. • Boa parte does efeitos da estimulação Badrenérgica no coração é decorrente da ativação da PKA pelo AMPc, e a fosforilaçào em resíduos de treonina e serina que a PKA provoca na enzima e nos canais iônicos. Franchini K. Controle neural da função cardíaca. In: Timerman A, César LAM (Eds). Manual de cardiologia: SOCESP. São Paulo: Editora Atheneu, 2000. Cap. 1, p.1-5. Esquema simplificado de receptores e canais de membrana. São indicados os receptor B-adrenérgico e o receptor colinérgico muscarínico. O receptor Badrenérgico está acoplado com a adenilato ciclase via subunidade alfaS-GTP da proteína G. A formação de AMP cíclico ativa o canal de cálcio e provoca o aumento de entrada de cálcio para o meio intracelular. A atividade da adenilato ciclase pode ser inibida pela subunidade inibitória da proteína G associada ao receptor muscarínico. Gama: subunidade gama da proteína G; beta – subunidade beta da proteína G; PKA: proteina-quinase, Ach: acetilcolina. (Modificado de The Heart, editado por Lionel H Opie, Lippincott-Raven Publishers, Philadelphia, 1998). Ref: Timerman A, César LAM (Eds). Manual de cardiologia: SOCESP. São Paulo: Editora Atheneu, 2000. Estimulação betaadrenérgica no nó S-A – taquicardia sinusal • • • • • • • Primeiro a corrente de entrada de cálcio ICa é estimulada. Ocupação do receptor B – Hiperpolariza membrana o nó S-A. Ativação da corrente If (fase 4), qdo potencial diastólico no nadir. Menos tempo para atingir limiar, no qual a corrente de cálcio vai p/ interior da célula, mais ainda. Estimulação adrenérgica, AMPc, abertura dos canais lentos de cálcio. A combinação dos dois efeitos causa aumento da velocidade de despolarização diastólica, aumento da freqüência de disparo do nó S-A. Ativação mais precoce da Ik , maior velocidade de repolarização. Franchini K. Controle neural da função cardíaca. In: Timerman A, César LAM (Eds). Manual de cardiologia: SOCESP. São Paulo: Editora Atheneu, 2000. Cap. 1, p.1-5. Silva MR. Fisiopatologia cardiovascular. São Paulo: Editora Atheneu, 2000. Estimulação colinégica no nó S-A – bradicardia sinusal • Ativação de receptores muscarínicos, estimulam prot Gi, abertura de IkACh. • Aumento da corrente de saída de potássio. • Hiperpolarização e um maior tempo para alcançar o potencial limiar. Franchini K. Controle neural da função cardíaca. In: Timerman A, César LAM (Eds). Manual de cardiologia: SOCESP. São Paulo: Editora Atheneu, 2000. Cap. 1, p.1-5. A. Estimulação B-adrenérgica e taquicardia sinusal: Primeiro a corrente de entrada de cálcio ICa é estimulada. Então ocupação do receptor Beta e hiperpolarização da membrana. Quando o potencial diastólico de membrana está no seu nadir, a corrente If é ativada. Perda na polaridade da membrana, atinge o potencial limiar, ICa mais ativa, despolarização. A despolarização mais precoce leva à ativação mais precoce da Ik com maior velocidade de repolarização. B. A liberação de acetilcolina ativa receptores muscarínicos que, por sua vez, estimulam a proteína GI que então provoca a abertura de IKACh. O resultado é o aumento da corrente de saída de potássio, hiperpolarização e um tempo maior para alcançar o potencial limiar de ativação. (Modificado de The Heart, editado por Lionel H Opie, Lippincott-Raven Publishers, Philadelphia, 1998). Ref: Timerman A, César LAM (Eds). Manual de cardiologia: SOCESP. São Paulo: Editora Atheneu, 2000. Registro do potencial de ação do nó sinusal normal, sob estimulação simpática e vagal. Ref. Silva MR. Fisiopatologia cardiovascular. São Paulo: Editora Atheneu, 2000. Principais Neurotransmissores do SNA • Noradrenalina (efeitos adrenérgicos). • Acetilcolina (efeitos colinérgicos). • Neuropeptídeo Y (NPY) (efeitos adrenérgicos, inibição liberação ACh) • Peptídeo intestinal vasoativo (VIP) (efeitos colinérgicos). Faraj M. As bases fisiológicas do aparelho cardiovascular. In: Pádua Fo., Barbosa MM, Chula ED (Eds). Cardiologia: Sociedade Mineira de Cardiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. Cap. 2, p.12-21. Atividade vagal – aumento diminue F.C. , diminue força contração átrios e ventrículos • • • • • • • • Estímulo de quimiorreceptores periféricos. … de receptores cardíacos (reflexo de Bezold-Jarisch) … de receptores do trigêmio (reflexo do mergulho) Libera Ach e VIP no coração. Ligação com receptores muscarínicos. Estimula a proteina Gi inibe adenilatociclase. Diminuição do AMPc, inibição da entrada de cálcio intracelular. Receptores M ligados a canais de potássio (Ik,Ach), maior tempo para a despolarização. Reflexo do mergulho • Estímulos aferentes do trigêmeo e quimiorreceptores periféricos. • Ativação simultânea do simpático e parassimpático. • Ativação simpática: aumento da resistência vascular em todos os órgãos, exceto coração e cérebro. • Ativação do vago: bradicardia intensa, diminuição da força de contração, o que permite decréscimo relativo da demanda de energia do coração em situação de precária disponibilidade de oxigênio. Aferências dos Sensores do Controle Neural do Coração e da Circulação • Variações da PA sistêmica (receptores aórticos e carotídeos localizados no arco aórtico e nos corpos carotídeos. • Variações no enchimento e na força de contração das câmaras cardíacas (receptores cardiovasculares sediados no coração e nos vasos da base). • Variações da PO2 do sangue (quimiorreceptores situados nos seios carotídeos) • Receptores metabotrópicos (localizados nos músculos) Faraj M. As bases fisiológicas do aparelho cardiovascular. In: Pádua Fo., Barbosa MM, Chula ED (Eds). Cardiologia: Sociedade Mineira de Cardiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. Cap. 2, p.12-21. Receptores e resposta cardiovascular coração vasos Baroreflexo arterial Centros medulares cardiovasculares Nervo glossofaríngeo Parasimpático (vago) Baroreceptor Seio carotídeo Nervos simpáticos Nervo Vago Medula adrenal Baroreceptor Arco aórtico + + Constrição venosa e arteriolar