GESDELE – GRUPO DE ESTUDOS SEMÂNTICOS E DISCURSIVOS EM LÍNGUA ESTRANGEIRA Deusa Maria de Souza Pinheiro PASSOS (FFLCH-USP) [email protected] O Grupo de Estudos Semânticos e Discursivos em Língua Estrangeira (GESDELE), formado em 2003 e registrado no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq, compõe-se de professores de língua inglesa, cujas pesquisas (doutorado, mestrado e iniciação científica) vinculam-se ao Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos e Literários em Inglês, do Departamento de Letras Modernas, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. O grupo procura investigar, pela perspectiva teórico-metodológica da Semântica Histórica da Enunciação, da Semântica do Acontecimento, da Análise de Discurso, de pressupostos das teorias da desconstrução e psicanálise, a questão da significação e do funcionamento semântico-discursivo de exemplares de discursos de naturezas variadas (didático-pedagógico, midiático, entre outros), com ênfase em modos de dizer - representar, referir e designar - a relação do sujeito com línguas estrangeiras. Os projetos de pesquisas do Grupo desenvolvem-se em três eixos principais: (i) representações de professor, aluno, metodologias/abordagens e do processo de ensino e aprendizagem de língua inglesa e de português para estrangeiros; (ii) materialidade linguística e constituição de subjetividades e identidades em contextos virtuais; (iii) representações identitárias e culturais em materiais didáticos para o ensino de línguas. As pesquisas desenvolvidas pelo Grupo contemplam materialidades diversas, produzindo reflexões e conjugando análises que tomam como objetos: a) diversos aspectos que compõem o cenário da sala de aula de língua, em escolas públicas, particulares, institutos de idiomas, escolas bilingues; b) ensino e aprendizagem de português para estrangeiros, em cursos ministrados no Brasil; c) redes sociais: Twitter, Facebook e dizeres constitutivos de acontecimentos discursivos. A partir de reflexões semântico-discursivas em torno do contexto escolar e de outras instituições sociais, a produção cientifica dos participantes do Grupo representam um esforço acadêmico que visa a contribuir para os estudos da linguagem. Palavras-chave: Discurso; Identidade; Língua Inglesa. São Carlos, Setembro de 2015 A NEUROASCESE NO ENSINO DE INGLÊS PARA CRIANÇAS Bianca R. V. GARCIA (FFLCH-USP) [email protected] Na presente comunicação, apresentaremos aspectos de nossa pesquisa de doutorado, em desenvolvimento desde agosto de 2012. O recorte epistemológico e metodológico norteador das reflexões e análises desta pesquisa é a Análise de Discurso de linha brasileira (doravante AD), derivada dos trabalhos desenvolvidos na França por Michel Pêcheux. Nosso objeto é o discurso produzido na interface entre a neurociência contemporânea e o ensino de inglês para crianças. Pesquisas que realizamos anteriormente apontaram que este ensino se insere em uma formação discursiva cujos sujeitos são valorizados com base em na obtenção de destaque dentro da dinâmica da competitividade, naturalizada pela ideologia do capitalismo de acumulação flexível (GARCIA, 2012). Os resultados obtidos evidenciam que a dinâmica discursiva desse cenário investe em uma projeção precoce das crianças tanto na lógica do sistema econômico quanto em papéis de destaque imaginários a serem atingidos por elas em futuros hipotéticos; tal inserção foi, em parte significativa dos casos estudados, justificada com base nas características psiconeurológicas dos aprendizes que, por sua vez, se configurariam como elemento de vantagem desses sobre aprendizes de outras idades. Ao pensarmos os sujeitos da interface entre a neurociência e o ensino de inglês para crianças, consideraremos que estão atualmente imersos em um conjunto de condições de produção material que Harvey (HARVEY, 1989 [1994]) chama de capitalismo de acumulação flexível, caracterizado essencialmente pela ruptura do ciclo de produção de bens com o fordismo, apoiando-se na flexibilização dos processos, dos mercados e dos padrões de consumo. Por flexibilidade, compreendemos a potencialidade de circulação tanto do capital quanto dos processos de produção, por sua vez possibilitados pelas mudanças tecnológicas ocorridas principalmente na segunda metade do século XX. Tal sistema produtivo também gerou reflexos na maneira de compreensão das práticas sociais, pois evidenciou-se a característica efêmera e transitória das relações, o que fez com que a fragilidade e a “condição eternamente provisória das identidades não possa mais ser escondida" (BAUMAN, 2004 [2005], p. 22). Com base no conceito de neuroascese enquanto “discursos e práticas referentes a modos de agir sobre o cérebro para maximizar sua performance” (ORTEGA, 2009), investigaremos de que maneira os discursos de autoajuda cerebral estabelecem sentidos no ensino de línguas estrangeiras e, em nosso caso, inglês, para crianças a partir dos 2 anos de idade. Palavras-chave: Análise do Discurso; Ensino de Inglês para Crianças; Neurociência. São Carlos, Setembro de 2015 O LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA INGLESA E AS REPRESENTAÇÕES IDENTITÁRIAS DO SUJEITO-ALUNO Ana Carolina Albuquerque de LIMA (FFLCH-USP) [email protected] O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre as representações do sujeito-aluno produzidas e circuladas em livros didáticos de Língua Inglesa, problematizando sua constituição identitária. Para tanto, fundamentamos nossa pesquisa nas contribuições de Michel Pêcheux (1975), Eni Orlandi (1999) e Maria José Coracini (2003), ancorando-nos, portanto, na perspectiva da Análise do Discurso. Para a composição do corpus da pesquisa, optamos pela análise de livros didáticos produzidos in-house e usados em um determinado curso de idiomas. Trata-se de seis livros didáticos inseridos nos moldes dos pressupostos da Abordagem Comunicativa e adotados para o ensino de inglês para alunos dos ditos níveis básico, intermediário e pré-avançado. Optamos, como recorte para a pesquisa, discutir as representações identitárias do sujeito-aluno com base nas recorrências temáticas presentes nesses livros. Importa-nos analisar de que forma os discursos são produzidos e distribuídos a partir de um mesmo conjunto, de uma regularidade. Hoje vivemos em um mundo cada vez mais heterogêneo e plural (dos pontos de vista social, cultural, político e econômico) que desenvolve peculiaridades atribuídas ao advento da internet. Os avanços tecnológicos, principalmente na área da comunicação, resultaram em descentralização e maior difusão das informações, assim como facilitaram o tráfego dos sujeitos e a instauração de vínculos entre as nações. Diante dessa nova forma de pensar e entender o mundo e as relações, nos tornamos flexíveis, com identidades “móveis” e cambiantes. Percebemos, todavia, que apesar de o contexto atual ser marcado pela multiplicidade de identidades (Hall, 2011), não há muito espaço para as heterogeneidades nos livros didáticos analisados na pesquisa. Por ser creditado ao livro didático a noção de discurso científico e, portanto, de um discurso de “verdade”, formulamos a hipótese de que o livro didático tem potencial de “prescrever” identidades, submetendo alunos a processos de estereotipia, visto que muitas das representações contidas nesses livros legitimam identidades hegemônicas. PALAVRAS-CHAVE: Representações; Identidade; Livro didático São Carlos, Setembro de 2015 CONSTRUINDO MONTESSORI: DISCURSOS E SILÊNCIOS SOBRE MARIA MONTESSORI E SUA PEDAGOGIA NOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA Gabriel M. SALOMÃO, (FFLCH-USP) [email protected] Na presente apresentação, expomos as linhas gerais de nossa pesquisa de Mestrado em andamento, na qual analisamos, pela visada discursiva de linha francesa (PÊCHEUX, 1996, 2011; FOUCAULT, 2012, 2014) e seu desenvolvimento brasileiro (ORLANDI, 2007, 2012), um século de discurso sobre Maria Montessori e a perspectiva pedagógica do método Montessori na mídia escrita estadunidense. Nosso corpus consiste de textos principalmente de caráter midiático em que se percebe o acontecimento de uma ruptura discursiva. Este será analisado a partir, especialmente, dos conceitos e noções de controle, seleção (FOUCAULT, 2012), ruptura ou descontinuidade (FOUCAULT, 2007, 2014), silenciamento (ORLANDI, 1992) e memória discursiva (PÊCHEUX, 1998, 2011 e GRIGOLETTO, 2011). A pesquisa encontra sua relevância em principalmente dois aspectos. Primeiro, há motivos para acreditar que a propagação midiática da perspectiva pedagógica de Montessori tenha implicado de forma importante no surgimento de escolas para crianças, que concordavam com a perspectiva pedagógica de Maria Montessori (KRAMER, 1988). Segundo, por semelhanças consideráveis entre o tipo de propaganda ideológica proposta no tempo atual para Montessori na mídia estadunidense e aquela praticada no Brasil, possivelmente nossa análise possa lançar luz sobre a significação de Maria Montessori e suas ideias em nosso país. Em nossa análise, buscamos compreender de que maneiras se construíram os significados de Montessori, sujeito e método, ao longo de um século de história, procuramos compreender a partir de que lugares discursivos Maria Montessori e sua perspectiva pedagógica são enunciados, assim como perceber quais os documentos-monumentos (FOUCAULT, 2014) responsáveis pelas rupturas neste processo. Ainda, desejamos identificar quando e de que maneiras acontecem essas rupturas no nível da materialidade discursiva. Dessa forma, procuramos entrever como se significava Montessori, sujeito e método, em relação ao conceito de educação dos períodos históricos analisados e em relação ao conceito de obra – discursiva ou não – de Maria Montessori construído. A título de exemplo, encontramos na análise dos textos do primeiro período com que trabalhamos, significações de Montessori como um espetáculo pedagógico. Até este momento, emergem das leituras analíticas dos textos interessantes metáforas que ligam Montessori a uma solução mágica para problemas pedagógicos comuns, e isentam a perspectiva pedagógica de qualquer falha ou ruído. Sabemos que nos próximos textos encontraremos outros traços, e esperamos compreender de que formas acontecem estas construções e transformações. Palavras-chave: Método Montessori; Maria Montessori; Discurso. São Carlos, Setembro de 2015 A REPRESENTAÇÃO CULTURAL EM LIVROS DIDÁTICOS DE INGLÊS E PORTUGUÊS COMO LÍNGUAS ESTRANGEIRAS: A VISÃO DO AUTOR NATIVO Glaucia Roberta Rocha FERNANDES (FFLCH - USP) [email protected] Na presente comunicação, apresentaremos nosso projeto de pesquisa de mestrado iniciado em agosto de 2015. O intuito deste trabalho é analisar, por um viés discursivo (FOUCAULT, 1979; ORLANDI, 1999), a representação cultural presente em livros didáticos de inglês (EFL) e português (PLE), ambos para estrangeiros. A escolha de trabalhar com livros didáticos se deve ao status de “portadores da verdade” que eles ocupam na sociedade. Tal status permite que seus conteúdos sobre cultura possam ter grande influência na construção imaginária que os alunos estrangeiros formarão para si sobre o que são as culturas estadunidense e brasileira. Essa construção imaginária é relevante na medida em que aquilo que se fala sobre uma nação, seja por estrangeiros ou nativos, influencia a concepção que esses membros têm de si mesmos, construindo assim suas identidades por meio da identificação cultural (HALL, 1998). Serão escolhidos para compor o corpus, devido a seu poder de alcance e influência, livros de grande vendagem escritos por autores nativos do idioma ensinado. Objetivamos analisar a representação das culturas estadunidense e brasileira para realizarmos um estudo comparativo das ideologias subjascentes nos discursos dos sujeitos-autores de ambas nacionalidades e, assim, observarmos se os livros brasileiros e estadunidenses estão seguindo uma mesma linha ideológica no que diz respeito ao conceito de cultura e ao que deve ser ensinado em um livro didático. Esta abordagem se justifica, na medida em que a literatura acerca de metodologias e abordagens de ensino e desenvolvimento de materias didáticos é de grande tradição nos Estados Unidos da América e na Inglaterra. Consequentemente, os autores de livros de português para estrangeiros podem estar se baseando no que já foi produzido em língua inglesa. De modo mais amplo, pensamos que uma análise desses livros didáticos com base em teorias do discurso e estudos culturais e de identidade pode promover a reflexão dos sujeitos envolvidos no processo de aprendizagem de uma língua estrangeira, a saber professores, alunos e autores, no que diz respeito ao conceito de representação cultural nos livros didáticos. Palavras-chave: Representação cultural; Discurso; Livros didáticos. São Carlos, Setembro de 2015 A RELAÇÃO SUJEITO-LÍNGUA ESTRANGEIRA: ESTRANHAMENTOS E APROXIMAÇÕES CONCERNENTES AO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM Ingrid Isis Del Grego HERRMANN (FFLCH/ USP) [email protected] Na presente comunicação, apresentamos a nossa pesquisa de doutoramento, cujo início se deu no segundo semestre de 2013. A partir de uma perspectiva discursiva (ORLANDI, 1997; CORACINI, 1999), consideramos o processo de ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras, buscando analisar estranhamentos e aproximações na relação que se constitui entre sujeito e LE, com vistas a contemplar aspectos que se configurariam como entraves ou facilitadores em tal processo. Para tanto, objetivamos contemplar o docente e o aprendiz, haja vista que se constituem como os sujeitos concernentes ao processo de ensino E aprendizagem de LE. Selecionamos aprendizes e professores de diferentes LEs envolvidos com a língua estrangeira em âmbito da escola regular, da universidade, em institutos de idioma e, também, no ensino particular de língua. Tais domínios podem facilitar o contato com diferentes línguas modernas e, principalmente, elucidar aspectos distintos da relação dos sujeitos com a língua e as implicações para o processo de ensino-aprendizagem, o domínio deste estudo. As entrevistas tiveram caráter oral semi-estruturado, a fim de tendenciar o mínimo possível os dizeres dos entrevistados, e transcritas, levando-se em consideração seu caráter oral (CORACINI, 1999). Já em relação ao movimento de análise, a partir da materialidade da língua, atentamo-nos aos dizeres que se referem a como e o que o sujeito representa como dificuldade, falha, dissensão, o enfrentamento que se constitui na sua relação com a língua, seja quanto à aprendizagem, seja quanto ao ensino. De maneira análoga, analisamos aquilo que é representado como facilidade, desenvoltura, aproximação do sujeito em direção à língua. Ao analisarmos as representações e seus efeitos, procuramos destacar a relação entre sujeito-língua, objetivo central desta pesquisa, sem precisar referirmo-nos especificamente a metodologias e/ou a instituições, por exemplo, mas sim, olhando a língua como “material fundador do psiquismo” (REVUZ, 1998). Palavras-chave: Processo de ensino e aprendizagem; Línguas estrangeiras; Relação sujeito-língua. São Carlos, Setembro de 2015 AS JORNADAS DE JUNHO DE 2013: DIÁLOGOS ENTE ESTADO, MERCADO E ALTERIDADE José Adjailson UCHÔA-FERNANDES, (USP) [email protected] As manifestações de junho de 2013, que inicialmente se deram em capitais como São Paulo e Rio de Janeiro e, depois, se espalharam por outros centros urbanos do Brasil, representaram um período singularmente importante na história recente do país. Também referidos na imprensa e nas redes sociais como “Primavera Brasileira”, em paralelismo que rememora os acontecimentos que se deram anos antes no mundo árabe, as chamadas “Jornadas de Junho”, tiveram como característica marcante a intensa presença do tema nas redes sociais, em especial o Facebook e o Twitter, que serviram tanto como meios de divulgação de reivindicações e de debate quanto como plataforma para a organização dos diversos atos que ocorreram pelas cidades do país. A presente comunicação, traz um recorte de nossa pesquisa de Doutorado, a qual tem como objeto de estudo os discursos sobre/das chamadas “Jornadas de Junho” produzidos nas redes sociais Twitter e Facebook no período de junho a setembro de 2013. Buscando suporte nos estudos semântico-discursivos da linguagem, propomos a análise de enunciados coletados em fanpages e “grupos” da rede Facebook, bem como postagens de usuários do Twitter, produzidas naquele momento histórico, e que se inscrevam sob as hashtags “#vemprarua” e “#ChangeBrazil”, amplamente utilizadas pelos internautas na época. Nossa hipótese, a ser confirmada, é a de um possível ecoar de vozes, ideologias e formações discursivas que remetem aos valores oriundos dos discursos do mercado e à presença da alteridade trazida por discursos sobre/de outras nações (especialmente as hegemônicas) nestes dizeres, conforme sugerem as hashtags aqui elencadas para a delimitação do corpus. Objetivamos, a partir do dispositivo analítico, tecer considerações ao longo de nossa pesquisa sobre as possíveis particularidades do funcionamento discursivo de cada uma destas redes, bem como, refletir acerca das concepções de Estado, Nação, Política, Movimentos Sociais, (web)Ativismo e (web)Cidadania que permeiam o imaginário dos sujeitos que nelas enunciam. Palavras-chave: Jornadas de junho; Discurso; Redes sociais São Carlos, Setembro de 2015