FILOSOFIA CLÁSSICA: SOFISTAS E SÓCRATES (3ª SÉRIE) PERÍODOS DA FILOSOFIA ANTIGA Pré-socrático ou cosmológico (Séc. VI – V a.C.); Socrático ou antropológico ou clássico (Séc. V – IV a.C.): Sócrates e Platão; Sistemático (Séc IV – III a.C.): Aristóteles; Helenístico ou greco-romano (Séc. III a.C – VI d.C.); PERÍODO SOCRÁTICO, ANTROPOLÓGICO OU CLÁSSICO Do Séc. V a.C. ao Séc. IV a.C. O Homem é o centro das investigações e discussões filosóficas. Ética, Política, Educação. Séc. V a.C.: apogeu econômico e cultural de Atenas. SOFISTAS: PRIMEIROS FILÓSOFOS DO PERÍODO ANTROPOLÓGICO Mestres de oratória (falar bem em público) e retórica (persuasão, convencimento). Objetivos principais das lições dos sofistas: o desenvolvimento do poder de argumentação, a habilidade retórica. Ensinamentos dos sofistas: discípulos ensinados a formular bons argumentos para defender uma posição e bons argumentos para atacar a mesma posição. Assembleia: fortes argumentos a favor ou contra uma opinião. Objetivo: ganhar a discussão e conseguir prestígio político. A CONCEPÇÃO DOS SOFISTAS SOBRE A VERDADE: O RELATIVISMO Sofistas e a verdade relativa: não há uma verdade única, absoluta, pois tudo seria relativo ao indivíduo, ao momento, a um conjunto de fatores e circunstâncias. Protágoras de Abdera (480-410 a.C.): considerado primeiro sofista. “O homem é a medida de todas as coisas” (Protágoras). Protágoras: o mundo é aquilo que cada indivíduo ou grupos social consegue perceber que é. A realidade é relativa: indivíduo, grupo social, cultura. Não se pode saber se há uma realidade absoluta: o mundo é como os seres humanos o interpretam. SÓCRATES (469 – 399 a.C.) X SOFISTAS Sofistas não são filósofos: não têm amor pela sabedoria e nem respeito pela verdade. Ensinavam a defender o que fosse mais vantajoso e não a verdade. Sofistas: erro e mentira valem tanto quanto a verdade. A ESSÊNCIA HUMANA E A ÉTICA SOCRÁTICA Sócrates jovem se interessa pelos Naturalistas, depois se afasta: problemas do “princípio” (se contradizem, chegando a problemas insolúveis). O que constitui a natureza do Homem? Qual sua essência? Essência do Homem: Alma (Psiché), Razão, Inteligência, Consciência (personalidade intelectual e moral). Razão: é nela que se devem fundamentar as normas e costumes morais. A ética socrática é racionalista: o homem que age conforme a razão age corretamente. Causa do mal: ignorância. O homem só faz o mal por desconhecer o bem. ALTERAÇÃO DA CONCEPÇÃO DE VIRTUDE Virtude (areté): capacidade, excelência de alguma coisa ou ser. Virtude: permite atingir excelência na sua função, característica que o define. Virtude da faca: corte preciso; do cachorro: guardião: do cavalo: velocidade. Areté (virtude): características dos heróis gregos: coragem, força, combate, beleza fisica. Essência humana é a inteligência, sua virtude é a excelência intelectual. REVOLUÇÃO NO QUADRO DE VALORES Virtude: excelência intelectual. Verdadeiros valores: não ligados à riqueza, fama, poder, vigor e beleza físicas. Valores da alma: conhecimento. “Não é das riquezas que nasce a virtude, mas da virtude nascem a riqueza e todas as outras coisas que são bens para o Homem” (PLATÂO, Apologia de Sócrates). BASE DA VIRTUDE: O AUTODOMÍNIO Autodomínio: domínio da própria racionalidade sobre a própria animalidade (instintos, desejos, impulsos, vontades). Autodomínio: tornar a alma senhora do corpo e dos instintos ligados ao corpo. Liberdade humana: domínio da racionalidade sobre a animalidade. O verdadeiro homem livre é aquele que sabe dominar seus instintos. HABILIDADES E CAPACIDADES HUMANAS Habilidades e capacidades humanas: atributos, dons concedidos pelos deuses (hereditários). Essência é a alma (inteligência): ela define as habilidade e capacidades do homem (desenvolvimento do intelecto humano). Alma (inteligência) é a parte mais importante do Homem: valorização do intelecto sobre o corpo. Corpo: instrumento a serviço da inteligência. MÉTODO INVESTIGATIVO-DIALÓGICO SOCRÁTICO: IRONIA E MAIÊUTICA Diálogo: permite chegar a um conhecimento mais profundo. Estrutura do diálogo: Ironia e Maiêutica. Ironia: Do grego eironeía, “ação de perguntar, fingindo ignorar”. Para Sócrates, a ironia consiste em perguntar, simulando não saber. Desse modo, o interlocutor expõe sua opinião, à qual Sócrates contrapõe argumentos que o fazem perceber as contradições e inconsistências de suas afirmações. Objetivo da Ironia: revelar os preconceitos e as opiniões equivocadas do interlocutor (reconheça a própria ignorância) e criar o estímulo para a busca do conhecimento. Maiêutica: do grego maieutiké, "arte de fazer um parto". Objetivo da Maiêutica: abandonar seus preconceitos e as opiniões alheias, para que a indivíduo passe a pensar por si mesmo, dar à luz as suas próprias ideias. “SÓ SEI QUE NADA SEI” Sócrates questionava ideias, valores, práticas e comportamentos que os atenienses julgavam certos e verdadeiros. Irritava os interlocutores: quando tentavam responder, descobriam que não sabiam, e que nunca tinham refletido sobre suas crenças, seus valores e suas ideias. Mas era isso o que Sócrates queria: que as pessoas tivessem consciência da própria ignorância. A consciência da própria ignorância é o começo da busca pelo conhecimento, é o começo da Filosofia. SÓCRATES: PERIGOSO? Os poderosos têm medo do pensamento: o poder é mais forte se ninguém pensar, se todo mundo aceitar as coisas como elas são. Sócrates tornou-se perigoso: fazia a juventude pensar. Sócrates foi acusado de corromper a juventude, de desrespeitar os deuses e de violar as leis de Atenas. REFERÊNCIAS ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 2009. COTRIM, Gilberto; FERNANDES, Mirna. Conecte filosofar: filosofia. São Paulo: Saraiva, 2011. REALE, Giovanni; ANTISERI, Dario. História da Filosofia: filosofia pagã antiga. São Paulo: Paulus, 2003. PLATÃO. Diálogos: Platão. Seleção de textos de José Américo Motta Pessanha; tradução e notas de José Cavalcante de Souza, Jorge Paleikat e João Cruz Costa. 5ª ed. São Paulo: Nova Cultural, 1991 (Coleção: Os pensadores).