ATUAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA NO PÓS-OPERATÓRIO TARDIO DE CIRURGIA CARDÍACA DECORRENTE DE ENDOCARDITE INFECCIOSA: RELATO DE CASO SOUSA, Jéssica Queiroz¹ MORAIS, Keyla Rejane Frutuoso de² 1. Discente do curso de Fisioterapia – FANOR Devry 2. Docente do curso de Fisioterapia – FANOR Devry Introdução A endocardite infecciosa (EI) é uma doença grave, que resulta usualmente da invasão de microorganismos (bactérias ou fungos) em tecido endocárdico ou material protético do coração. Tal doença pode ser descrita sob duas formas: a aguda e a subaguda. A forma aguda surge com toxicidade acentuada e evolui ao longo de dias até várias semanas para a destruição valvular e infecção metastática. Já a subaguda evolui ao longo de semanas a meses, com toxicidade somente modesta, raramente causando infecção metastática (MACHADO, 2013). O tratamento cirúrgico na endocardite ocorre devido a complicações apresentadas pela patologia, sendo elas: insuficiência cardíaca (maior prevalência), infecção persistente, embolia recorrente e obstrução do trato de saída do ventrículo direito (FILGUEIRAS, 1997). A cirurgia na endocardite tem a finalidade de remover o tecido infectado, restaurar a função e corrigir os defeitos adicionais, como abcessos, fístulas ou perfurações septais. A remoção cada vez mais eficaz do tecido, com amplas e construções, tem aparecido mais frequentemente na literatura como um dos responsáveis pelo maior êxito nesse tratamento (ARNONI, 1992). O objetivo deste trabalho é avaliar as respostas da fisioterapia clínica no pós-operatório tardio de cirurgia cardíaca decorrente de endocardite infecciosa. Metodologia Estudo longitudinal com abordagem quantiqualitativa do tipo estudo de caso. A pesquisa foi desenvolvida em uma clínica escola de uma faculdade particular da cidade de Fortaleza-CE, localizada no bairro Dunas. Foi realizada entre o período de fevereiro a maio de 2015. Realizou-se a coleta de dados primeiramente com o uso de uma ficha de avaliação cinético-funcional. O paciente foi submetido a um programa de reabilitação cardíaca tardia que se constitui em: alongamentos; mobilizações articulares de ombro, joelho e patela, exercícios de fortalecimento para MMSS e MMII; exercícios aeróbicos e treinos funcionais. Após o tratamento foi realizada uma reavaliação do paciente. Paciente F. A. F. L, 68 anos, sexo masculino, aposentado. Chegou ao consultório com dificuldade para deambular devido à presença de fraqueza muscular em MMSS e MMII com dor articular nos joelhos. Apresentou histórico de valvuloplastia. Foi submetido a duas cirurgias, permanecendo 16 dias na UTI do Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, e 4 meses acamado no pós-operatório. Há 5 meses apresentou dificuldade para caminhar necessitando de dispositivo para auxiliá-lo, assim como, de ajuda para realizar suas AVD’s. Recebeu o diagnóstico cinético-funcional de disfunção osteomioarticular em MMSS e MMII com presença de osteófitos. Resultados e Discussões O objetivo do tratamento fisioterapêutico foi: aliviar a dor, aumentar ADM, aumentar espaço articular, reduzir edema em pé esquerdo, treinar a marcha, melhorar a propriocepção. Utilizou-se eletroterapia no início dos atendimentos nas regiões dos joelhos quando o paciente chegava relatando dor. Tipos de terapias utilizadas: TENS: Modo BURST, T:100us, F: 100Hz. Duração: 15 a 20 minutos; US: Modo contínuo, Dose: 1w/cm², F:1MHz. Duração: 5 minutos; IV: Duração: 5 minutos. Foi utilizado turbilhão em MMII para reduzir o edema presente no pé esquerdo. Na cinesioterapia realizou-se: mobilizações da articulação glenoumeral: deslizamentos anterior, posterior e caudal; alongamento de isquiotibiais e quadríceps utilizando theraband ou passivamente sustentados por 15 segundos; massagens em fundo de saco, liberação de retináculos e mobilização patelar bilateralmente; exercícios de fortalecimento para MMSS e MMII com carga progressiva associados a respiração, 3x10 repetições, com comandos verbais de autocorreção dos exercícios. Nas últimas semanas de atendimento foram realizados exercícios funcionais: treino de escada e rampa, treino de degrau, treino de marcha (aproximadamente 5 a 10 repetições divididas em 3 séries);e exercícios aeróbicos: bicicleta e esteira (aproximadamente 10 minutos, sempre supervisionando a percepção de esforço do paciente). Após o tratamento o paciente foi reavaliado e apresentou aumento global significativo na amplitude articular de até 36° para flexão de cotovelo, por exemplo, e aumento global da força muscular de 4 para 5 de acordo com a tabela de Oxford, conforme segue a tabela 1 e tabela 2 abaixo: Tabela 1: Resultados da avaliação goniométrica antes e após o tratamento Tabela 2: Resultados da avaliação de força muscular antes e após o tratamento No estudo realizado por Reis (2006) com um paciente idoso submetido a valvoplastia aórtica afirma que o exercício físico regular e de caráter aeróbio leva a adaptações nos sistemas cardiovascular, respiratório e muscular, que são responsáveis pela melhora da capacidade funcional, da variabilidade da frequência cardíaca e da qualidade de vida de pacientes cardiopatas. Este achado corrobora com os resultados deste estudo que após os quatro meses de tratamento o paciente começou a deambular de forma independente não mais necessitando fazer uso de dispositivos e permaneceu mais tempo na esteira e na bicicleta fixa sem apresentar fadiga significativa. Cintra (2013) afirma que a fisioterapia pode acrescentar a qualidade de vida destes pacientes por meios de estímulos na deambulação; prevenção de complicações pulmonares; evita complicações circulatórias; reduz a dor; mantém a força muscular e a amplitude de movimentos com exercícios; evita encurtamentos musculares; atrofias e contraturas; melhora da mobilidade e flexibilidade, coordenação e habilidade; previne e trata o edema; promove a reeducação postural e a conscientização corporal. Este estudo confirma os achados desta pesquisa, pois o paciente submetido ao tratamento apresentou aumento da ADM e força muscular em MMSS e MMII, além de aperfeiçoar sua deambulação e promover autocorreções corporais devido a reeducação postural. Conclusão Mediante os resultados apresentados podemos constatar que a fisioterapia ambulatorial apresenta papel importante no pós-operatório tardio de cirurgias cardíacas revertendo complicações como a síndrome do imobilismo prolongado no leito, fornecendo ao paciente maior qualidade de vida e maior independência em suas AVD’s.