Luciane Gomes Lopes

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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA – UNIR
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSA DE INICIAÇÃO
CIENTÍFICA-PIBIC
PÓS-GRADUAÇÃO E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO: UM
DEBATE DE GÊNERO.
Bolsista: Luciane Gomes Lopes.
Orientadora: Maria das Graças Silva Nascimento Silva.
Co-orientadora: Sheila Ximenes.
PORTO VELHO-RO, JULHO DE 2009.
2
PÓS-GRADUAÇÃO E PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO: UM
DEBATE DE GÊNERO.
PESQUISADORA/BOLSISTA: LUCIANE GOMES LOPES.
Relatório Final apresentado ao Comitê
Técnico Científico/ CTC da Fundação
Universidade Federal de Rondônia – UNIR
e ao Comitê Técnico Científico Externo
do Conselho Nacional de Pesquisa CNPq como exigência do Programa de
Iniciação Científica – PIBIC.
ORIENTADORA: Profª. Drª. Maria das
Graças Silva Nascimento Silva.
Co-orientadora:
Pesquisadora
Sheila
Ximenes.
PORTO VELHO – JULHO/2009.
3
"Pode-se graduar a civilização de um
povo pela atenção, decência e
consideração com que as mulheres
são educadas, tratadas e protegidas”
(Marquês de Maricá).
4
SUMÁRIO
1. Introdução.........................................................................................08
1.1.
Histórico da Pós-Graduação no Brasil...................................09
1.2.
Histórico da Pós-Graduação na UNIR...................................10
2. Problema da Pesquisa.....................................................................12
3. Justificativa.......................................................................................13
4. Objetivos..........................................................................................14
4.1.
Objetivos Gerais....................................................................14
4.2.
Objetivos Específicos............................................................14
5. Metodologia.....................................................................................15
5.1.
Referencial Metodológico......................................................15
5.2.
Procedimento para coleta de dados......................................15
5.3.
Caracterização dos PPGs.....................................................15
5.4.
Estruturação e aplicação dos instrumentos da pesquisa......17
6. Referencial Teórico..........................................................................18
7. Resultados e Discussões finais........................................................26
8. Considerações Finais.......................................................................40
9. Recomendações para Estudos Futuros...........................................42
10. Cronograma das Ações Desenvolvidas...........................................43
11. Referências......................................................................................44
12. Atividades desenvolvidas de agosto/2008 a junho/2009.................46
5
LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS
GRÁFICOS
Gráfico 01: Discentes matriculados no PPG em Administração........................26
Gráfico 02: Discentes matriculados no PPG em Ciências da Linguagem.........27
Gráfico 03: Discentes matriculados no PPG em Des. Reg. e Meio Ambiente...27
Gráfico 04: Discentes matriculados no PPG em Geografia...............................28
Gráfico 05: Devolutiva dos questionários quanto ao sexo.................................29
Gráfico 06: Naturalidade dos discentes dos PPGs............................................30
TABELAS
Tabela 01: Total de discentes matriculados nos Programas de Mestrado........17
Tabela 02: Total de discentes matriculados no Programa de Doutorado..........17
Tabela 03: Questionários respondidos e devolvidos.........................................18
Tabela 04: Situação quanto ao programa de Pós-Graduação..........................29
Tabela 05: Faixa etária dos discentes dos PPGs..............................................30
Tabela 06: Condição financeira.........................................................................31
Tabela 07: Como concilia dupla jornada família e pesquisa..............................32
Tabela 08: Áreas de graduação dos discentes dos PPGs................................33
Tabela 09: Linhas de pesquisas........................................................................34
Tabela 10: Participação em Iniciação Científica................................................35
Tabela 11: Participação em grupos de pesquisa da UNIR................................35
Tabela 12: Financiamento em pesquisas com bolsa de estudos......................35
Tabela 13: Tipo de Instituição no período da graduação .................................36
6
Tabela 14: A existência ou não de dificuldades durante as atividades
acadêmicas.......................................................................................................36
Tabela 15: A existência ou não de dificuldades para publicar..........................37
Tabela 16: Tipos de publicações nos últimos 02 anos......................................37
Tabela 17: Local de publicação dos últimos 02 anos........................................38
Tabela 18: Grau de satisfação quanto às atividades desenvolvidas.................38
Tabela 19: Interesse em continuar com a Pós-Graduação...............................39
7
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo principal analisar sob o enfoque de
gênero as características d@s acadêmic@s1 matriculad@s nos Programas de
Pós-Graduação stricto sensu da UNIR, bem como investigar as possíveis
diferenças na realização de atividades acadêmicas e de produção científica
desenvolvidas por eles e por elas. Levando em consideração o fato de que as
relações de gênero são social e culturalmente construídas, colaboradoras de
restrições impostas às mulheres no que tange às suas atribuições em um
contexto social. Fator que atribui relevância ao estudo da história construída
pelas mulheres e as conquistas advindas da busca por uma situação de
equidade, enfocando, no caso desta pesquisa, a situação das mulheres no
ambiente da pós-graduação, verificando como ela está posicionada neste meio,
ao qual foi garantida sua participação após um longo período de exclusão.
Utilizando a metodologia do estudo de caso, que permite um maior
esclarecimento no que diz respeito a um determinado caso a ser considerado o das relações de gênero no espaço da Pós-Graduação - foi feito,
primeiramente, um levantamento quantitativo dos Programas de PósGraduação da Universidade Federal de Rondônia – UNIR, posteriormente,
foram aplicados questionários aos alunos e alunas que compõe esses
programas, a partir dos quais foram levantados os dados que propiciaram um
melhor diagnóstico da questão analisada para a elaboração desta pesquisa.
Nesta pesquisa verificamos a presença de diferenças, no que tange ao
exercício da Pós-Graduação, moldadas por caracteres de gênero. Grande
parte delas encontra entraves para o exercício das atividades acadêmicas e de
pesquisadoras, a exemplo, o fato de as mulheres chegarem mais tarde na PósGraduação, dividindo-se grande quantidade delas entre as atividades do lar,
cuidados com a família e pesquisa.
1
Considerando as novas perspectivas em relação à linguagem escrita, utiliza-se o arroba (@) a
fim de representar homens e mulheres, pois muitas mulheres não se sentiam contempladas
com a utilização do pronome masculino para a abrangência de todos os sexos.
8
1. INTRODUÇÃO
O projeto: Construindo Ciência na Amazônia e o sub-projeto: PósGraduação e Produção do conhecimento: um debate de gênero, surgiu com o
objetivo de contribuir para uma maior compreensão acerca do tema que se
caracteriza em um grande desafio da contemporaneidade, o alcance da
igualdade entre os gêneros.
As relações e os modos de vida na sociedade atual são marcados por
uma série de entraves principalmente para as mulheres, as quais vêm
buscando cada vez mais seu espaço e igualdade de direitos em relação aos
homens.
Historicamente a ciência era considerada uma ferramenta utilizada
basicamente por homens. Às mulheres os espaços destinados à produção e
conhecimento científico eram velados, a elas associavam-se atividades
relacionadas aos cuidados com o lar e com a família.
Os fatores que condicionam diferenciações aos sexos são unicamente
biológicos, o fato de haver diferentes constituições genéticas entre homens e
mulheres não influenciará nas formas como estes irão se posicionar na
sociedade. As demais diferenças atribuídas a ambos são meras construções
sociais elaboradas para caracterizar o que é masculino e o que é feminino.
Costuma-se atribuir a mulher o papel da dona de casa, dedicada ao zelo do o
lar e da família, já ao homem associa-se o papel de trabalhar fora para manter
o sustento da família.
As diferenças, os valores, qualidades e até mesmo defeitos atribuídos ao
feminino e ao masculino geram enormes disparidades no que se refere à
autoridade
e
melhores
posições
na
sociedade.
Desprivilegiando
o
culturalmente considerado “sexo frágil”, o feminino. Essas características
imputadas a elas, tradicionalmente, adquiriram ao longo dos anos a capacidade
de influenciar na escolha das áreas de atuação profissional. Dessa maneira,
nota-se a grande participação de mulheres em cursos considerados
9
tradicionalmente femininos como: Enfermagem, Serviço Social, Pedagogia e
outros cursos ligados à educação.
De acordo com dados do IBGE (2008), as mulheres que possuem nível
superior completo têm um rendimento equivalente a 60% do recebido pelos
homens com o mesmo nível de escolaridade. No que diz respeito a população
trabalhadora feminina, 51, 3% possuíam 11 anos ou mais de estudo em janeiro
de 2003, contra 59,9% em janeiro de 2008. Entre os homens, esses mesmos
níveis de escolaridade eram de 41,9% e 51,9%, respectivamente, em janeiro
de 2003 e 2008.
A partir de questionamentos de relações de poder entre os “sexos”,
passou a existir uma maior relevância ao conceito de gênero, que permite
desnaturalizar as idéias constituídas culturalmente a partir da prática social,
extinguindo a idéia de que as diferenças biológicas são determinantes
justificáveis para atitudes sociais diferenciadas e até mesmo discriminatórias
entre pessoas com capacidades iguais, porém com dessemelhantes caracteres
biológicos e genéticos. E é a partir desse contexto que a pesquisa apresentada
fará referência às questões relacionadas ao gênero no espaço da PósGraduação da Universidade Federal de Rondônia.
1.1.
HISTÓRICO DA PÓS-GRADUAÇÃO NO BRASIL
O parecer CFE (Conselho Federal de Educação) nº. 977/65 é texto
fundador da pós-graduação sistemática no Brasil e, após ele, parece não haver
nenhum outro texto que articule a doutrina e a normatização sobre o assunto
com tanto impacto sobre esse nível da educação superior no Brasil. (Cury,
2005).
De acordo com o parecer CFE, no Brasil, a Pós-Graduação tem com
objetivo principal a formação tanto de membros de um corpo docente
preparado quanto pesquisadores bem qualificados e de alto nível de
10
conhecimento.
Ela
surgiu
como
uma
estratégia
adotada
para
o
desenvolvimento da produção nacional de tecnologia e ciência.
Em nosso entender, um programa eficiente de estudos pósgraduados é condição básica para conferir à nossa universidade
caráter verdadeiramente universitário, para que deixe de ser
instituição apenas formadora de profissionais e se transforme em
centro criador de ciência e cultura. (Parecer CFE nº. 977/65).
A Pós-Graduação no Brasil veio a garantir uma maior firmação, com um
aumento significativo do número de programas dessa categoria, a partir da
criação de órgãos como o CAPES (1951) - Coordenação de Aperfeiçoamento
do Pessoal de Nível Superior – e CNPq (1949) – Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico. A CAPES propicia suporte às
instituições de ensino superior contribuindo para a formação de pesquisadores
e o CNPq com seu grande número de auxílios, investimentos e programas,
como o PIBIC, também colabora para a formação de pesquisadores e
estudiosos em todas as áreas do conhecimento, tanto da graduação quanto da
pós-graduação.
1.2.
HISTÓRICO DA PÓS-GRADUAÇÃO NA UNIR
A Universidade Federal de Rondônia, ao longo de seus vinte e sete anos
vem buscando métodos para instalar melhores condições em sua estrutura
básica. Situada em uma unidade federativa do país caracterizada por um
intenso processo migratório e de colonização, levou muito tempo para
estabilizar a formação de seu quadro técnico e de professores. Dada
dificuldade que a região teve em seu processo de formação, e em certas
situações ainda tem, de fixar profissionais qualificados. E com a finalidade de
preparar seus profissionais, a instituição optou por implantar os programas de
Pós-Graduação que possibilitaram o aumento do efetivo de professores mestres e
doutores da instituição, bem como colaboraram para garantir, a mesma, status de
Universidade.
11
A UNIR conta atualmente com seis programas de mestrado e um de
doutorado, são eles: Mestrados: Mestrado em Administração, Mestrado em
Biologia Experimental, Mestrado em Ciências da Linguagem, Mestrado em
Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente, Mestrado em Geografia e mais
recentemente, o Programa de Mestrado em Psicologia. Quanto ao Programa de
Doutorado há na universidade o Doutorado em Biologia Experimental.
Dessa forma, a partir da inserção dos cursos de Pós-Graduação na
Universidade, e consequentemente com um aumento ao acesso a estes pelos
discentes da instituição, lhe foi garantido um acréscimo nos números de docentes
mais qualificados, com títulos de mestrado e doutorado.
12
2. PROBLEMA DA PESQUISA
Estimulando-se pela importância da análise das diferenças entre os
gêneros e como elas são empregadas nos mais diferentes espaços,
principalmente no espaço universitário e de Pós-Graduação, realizamos esta
pesquisa com os alunos e alunas destes Programas da Universidade Federal
de Rondônia.
Os campos dos saberes científicos e da Pós-Graduação foram
negligenciados historicamente às mulheres e pela necessidade de saber de
que forma as relações de gênero mantidas pela sociedade irão se configurar
nesse meio de aprendizagem científico realizamos esta pesquisa buscando
levantar dados dos acadêmicos e acadêmicas dos Programas de PósGraduação da UNIR a fim de verificar e comparar entre el@s as condições
como de satisfação com as atividades desenvolvidas e de produção científica.
Nesse sentido, a problemática que se apresenta em tais circunstâncias é
sobre as condições dos acadêmicos da Pós-Graduação, desta instituição, no
que se refere à produção científica, ao exercício das atividades acadêmicas e
ao grau de satisfação com as atividades desenvolvidas, bem como
envolvimento com pesquisa, e se são diferenciadas, uma vez que sua
colocação e interações sociais imputadas cultural e socialmente podem
influenciar na vida acadêmica, e levantam questões como:
a)
O exercício das atividades acadêmicas é realizado da mesma
maneira entre homens e mulheres?
b)
Diferenças de gênero ocasionam diferentes dificuldades ou
entraves aos pesquisadores e pesquisadoras no que tange à
produção científica?
c)
Quem
se
considera
mais
satisfeito
acadêmicas, o homem ou a mulher.
com
as
atividades
13
3. JUSTIFICATIVA
As relações entre os indivíduos em um grupo social são definidas e
influenciadas por padrões e representações de masculino e feminino.
Na maioria dos casos o masculino é representado como mais forte, mais
inteligente, dinâmico e corajoso, já ao sexo feminino são atribuídas
características como frágil, dócil, organizado e paciente. Tais diferenças
impostas refletem nas categorias dos espaços a serem ocupados por homens
e mulheres, a eles são garantidas posições de maior status social, melhores
empregos e salários mais altos. No que se refere ao acesso às instruções, vale
ressaltar o fato de as universidades terem se mantido com as portas fechadas
para as mulheres por aproximadamente oito séculos.
Às mulheres foram limitados os setores da vida pública, seu espaço era
basicamente o do lar, com atividades que envolvessem o ato de zelar pela
casa e família. Mesmo com a ascensão feminina ao longo dos anos, o acesso
delas às universidades continuou restrito. Na grande maioria das vezes sua
formação está relacionada basicamente às áreas de saúde e educação,
conciliando na grande maioria das vezes a dupla jornada de acadêmica e dona
de casa.
Sendo importante avaliar como elas vêm conseguindo se manter e
desenvolver suas atividades no meio científico e se, estas, encontram
dificuldades no exercício das atividades acadêmicas e se lhes são satisfatórios
os resultados e a qualidade dos programas dos quais fazem parte. E é com
enfoque nessas situações que a pesquisa foi elaborada.
14
4. OBJETIVOS
4.1. OBJETIVO GERAL
Analisar sob o enfoque de gênero as características dos acadêmicos e
acadêmicas matriculados nos Programas de Pós-Graduação stricto sensu da
Universidade Federal de Rondônia a fim de investigar as atividades e a
produção científica desenvolvidas por eles e elas, bem como o grau de
satisfação deles e delas no que tange às suas atividades em relação à
produção do conhecimento.
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Realizar levantamento da produção científica das pesquisadoras e
pesquisadores matriculados nos cursos de Pós-Graduação da UNIR;

Analisar os entraves para o exercício das atividades acadêmicas;

Verificar o grau de satisfação em relação às atividades
acadêmicas.
15
5. METODOLOGIA
5.1. REFERENCIAL METODOLÓGICO
A presente pesquisa refere-se a um estudo de caso, pois foram
avaliadas as reais situações de alunos e alunas que compõem o quadro da
Pós-Graduação da Fundação Universidade Federal de Rondônia no campus de
Porto Velho e Guajará-Mirim. Essa avaliação foi realizada a partir de um
levantamento quantitativo dos resultados obtidos.
“O estudo de caso permitirá inicialmente fornecer explicações no que
tange diretamente ao caso considerado e elementos que lhe marcam o
contexto. A denominação refere-se evidentemente ao estudo de um caso,
talvez o de uma pessoa, mas também o de um grupo, de uma comunidade, de
um meio, ou então fará referência a um acontecimento especial. A vantagem
mais marcante dessa estratégia de pesquisa repousa, é claro, na possibilidade
de aprofundamento que oferece, pois os recursos se vêem concentrados no
caso visado”. (LAVILLE E DIONNE, 1999).
5.2. PROCEDIMENTOS PARA COLETA DE DADOS
No primeiro momento, realizou-se um levantamento dos programas de
pós-graduação desta instituição, que são representados por: 05 Programas de
Mestrado e 01 Programa de Doutorado, a saber: Mestrados: Administração,
Biologia Experimental, Ciências da Linguagem, Desenvolvimento Regional e
Meio Ambiente e Geografia. Doutorado: Biologia Experimental. Todos no
Campus de Porto Velho, com exceção de Ciências da Linguagem que pertence
ao Campus de Guajará-Mirim.
5.3. CARACTERIZAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO
Programa de Pós-Graduação: Mestrado em Administração (PPGMAD) da
Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR), foi criado e se
desenvolverá como um ambiente de aprendizagem, adaptações e inovações
16
de organizações, principalmente, daquelas situadas na Região Ocidental da
Amazônica Legal. Assim, a responsabilidade do programa e obviamente, dos
seus partícipes, vai além da evolução das Ciências da Administração
simplesmente, já que a abrangência desta responsabilidade envolve vetores de
transformação, inovação e efetivação das organizações em uma região, cujo
estágio de desenvolvimento apresenta lacunas consideráveis no seu processo
de aprendizagem e evolução.
O Programa de Pós-Graduação em Biologia Experimental (PGBIOEXP),
níveis Mestrado e Doutorado, está estruturado em base de natureza
Acadêmica e voltado para a geração do conhecimento, promovendo a
atualização de conhecimentos básicos de Biologia Celular, Molecular,
Estrutural e de Biocomputação. Fornece meios aos Acadêmicos para
acompanhar os atuais progressos da Biologia, nas fases genômica e
proteômica e de bioinformática. Destina-se à formação de Profissionais com
amplo domínio de seu campo de saber e que pretendam atuar na mediação da
apropriação social do conhecimento Científico.
O Programa de Pós-Graduação Mestrado em Ciências da Linguagem
autorizado pela CAPES, sediado no Campus da UNIR em Guajará-Mirim, visa
a incentivar a pesquisa e a promover o aprimoramento técnico e científico de
recursos humanos nas seguintes áreas de concentração: Etnolingüística
Indigenista, Etnolingüística Africanista e Etnolingüística Amazônica. De acordo
com a definição estabelecida, por Etnolingüística entende-se um conjunto de
disciplinas que estudam as relações da língua com a cultura, a sociedade e a
educação, focalizando-se especialmente as questões do relacionamento entre
língua e visão do mundo, e entre ecossistemas lingüísticos e sociais.
Programa de Pós Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio
Ambiente-(PGDRA) estuda o desenvolvimento da Amazônia e de Rondônia
objetivando formar e qualificar profissionais, analisar e proteger o meio
ambiente
e
a
biodiversidade
Amazônica,
desenvolvendo
alternativas
sustentáveis para a sociedade. Pretende rastrear e discutir os impactos que os
17
sucessivos projetos oficiais de integração regional têm causado ao meio
amazônico.
O Programa de Pós-graduação stricto sensu em Geografia tem como
objetivos o desenvolvimento de pesquisas científicas, o aprofundamento de
estudos da Geografia, Amazônia e a Gestão Territorial através da formação de
profissionais capazes para contribuir para o desenvolvimento do Estado de
Rondônia e da Região Norte.
Em um segundo momento, através de uma coleta quantitativa de dados,
levantou-se o número de alunos e alunas matriculad@s nos cursos Mestrado e
Doutorado da UNIR, sendo estes:
TABELA 01: Total de discentes matriculados nos Programas de Mestrado
PROGRAMAS DE MESTRADO
Nº DE ALUN@S MATRICULADOS
Administração
65
Biologia Experimental
42
Ciências da Linguagem
60
Desenvolvimento Regional e Meio
28
Ambiente
Geografia
61
FONTE: UNIR
TABELA 02: Total de discentes matriculados no Programa de Doutorado
PROGRAMA DE DOUTORADO
BIOLOGIA EXPERIMENTAL
Nº DE ALUN@S MATRICULADOS
32
FONTE: UNIR
5.4. ESTRUTURAÇÃO E APLICAÇÃO DOS INSTRUMENTOS
Ainda na segunda fase, foram elaborados os instrumentos de aplicação
para levantamento dos dados, sendo utilizados, para esse fim, questionários.
Os quais foram aplicados aos discentes dos programas ora referidos.
18
Na terceira fase, foi realizada a aplicação dos instrumentos da pesquisa,
os questionários. Estes foram aplicados, em sua maioria, através de e-mail,
mas os que foram possíveis a entrega foi feita pessoalmente, até o momento
foram enviados 61 questionários aos discentes do Programa de Mestrado em
Geografia, 28 aos mestrandos em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente,
65 aos mestrandos em Administração, 60 aos de Ciências da Linguagem e 28
aos mestrandos em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Quanto a
biologia experimental, devido os mínimos dados aos quais tivemos acesso,
enviamos poucos questionários.
Com os resultados advindos da aplicação de questionários a esses
discentes, puderam ser avaliados os dados neles contidos e analisadas as
formas de atuação deles e delas no exercício das atividades acadêmicas.
Tabela 03: Questionários respondidos e devolvidos
PPGs
QUANTITATIVO
Doutorado em Biologia Experimental
02
Mestrado em Administração
20
Mestrado em Biologia Experimental
04
Mestrado em Ciências da Linguagem
10
Mestrado em Desenvolvimento
14
Regional e Meio Ambiente
Mestrado em Geografia
30
TOTAL
77
Fonte: Pesquisa: Pós-Graduação e Produção do Conhecimento: um debate de gênero.
19
6. REFERENCIAL TEÓRICO
As
relações
sociais
são
importantes
elementos
constitutivos
na
estruturação do espaço, nessas estão inclusas as relações de gênero. A
definição desse termo (gênero) é adotada, na maioria das vezes de maneira
equivocada por grande parcela da sociedade. Essa, por sua vez, costuma
interpretar gênero referindo-se aos aspectos físicos e biológicos, àquelas
diferenças entre os corpos de homens e mulheres, diferenças sexuais e físicas.
As relações humanas são caracterizadas pela existência de uma série de
entraves, que culminam em prejuízos principalmente para as mulheres. A
desvantagem das mulheres no que se refere às posições sociais, quando
comparada com as dos homens predomina historicamente nos mais variados
setores sociais.
As imagens sobre a mulher na modernidade foram construídas a
partir de um pensamento binário que naturalizou a separação
masculino/feminino, justificando-a pelas diferenças biológicas.
(YANNOULAS, VALLEJOS, LENARDUZZI, 2000, pág.444).
Ainda é muito comum a idéia de que pode haver diferenças existentes
entre o modo de ser e viver de homens e mulheres devido ao seu sexo,
atribuindo valores como se essas diferenças fossem inerentes somente às
suas condições biológicas.
Sexo refere-se ao conjunto das características que distinguem os seres
vivos, com relação a sua função reprodutora, está relacionado a condições ou
diferenças biológicas relacionadas aos corpos humanos. (FERREIRA, 2004).
Gênero2 trata-se das relações desiguais de poder impostas culturalmente entre
homens e mulheres, relações estas que vêm a influenciar nos modos de
organização e representações sociais.
2
A categoria gênero provém do latim genus e refere-se ao código de conduta que rege a
organização social das relações entre homens e mulheres. Em outras palavras, o gênero é o
modo como as culturas interpretam e organizam a diferença entre homens e mulheres.
(YANNOULAS, VALLEJOS, LENARDUZZI, 2000, pág. 427).
20
Gênero é o modo como as culturas interpretam e organizam a
diferença entre homens e mulheres. Não se trata de um atributo
individual, mas que se adquire a partir da interação com os outros e
contribui para a reprodução da ordem social. (YANNOULAS,
VALLEJOS, LENARDUZZI, 2000, pág. 427).
É um agrupamento de idéias e opiniões que a sociedade constrói através
de uma cultura do que é ser homem e do que é ser mulher. O conceito de
gênero permite compreender que não são as diferenças dos corpos de homens
e mulheres que os posicionam em diferentes hierarquias, mas sim a
simbolização que a sociedade faz delas. (SILVA, 2003, pág. 23).
Através do entendimento do conceito de gênero torna-se possível
desmistificar as diferenças socialmente construídas e permite-se compreender
de que maneira a sociedade caracteriza o masculino e o feminino a partir da
diferença biológica.
A identidade social da mulher, assim como a do homem, é
construída através da atribuição de distintos papéis, que a sociedade
espera ver cumprido pelas diferentes categorias de sexo. A
sociedade delimita, com bastante precisão, os campos em que pode
operar a mulher, da mesma forma como escolhe os terrenos em que
pode atuar o homem. (SAFFIOTI, 1897, p. 08).
As condições impostas às mulheres na sociedade foram historicamente
construídas. Longos períodos marcados por exclusão e discriminação
impediram que elas pudessem participar ativamente de diversos espaços da
vida pública, principalmente nas universidades.
A intensa entrada da população feminina nas universidades
brasileiras a partir dos anos 1970 foi um fenômeno que veio no bojo
de mudanças mais amplas como o aumento da participação das
mulheres no mercado de trabalho e sucessivas quedas nas taxas de
fecundidade. Apesar da dificuldade em se atribuir causalidade entre
estes processos existe um consenso de que todos convergiam na
mesma direção: identidades femininas menos articuladas ao âmbito
doméstico. (GUEDES, 2008, pág. 01).
21
Sem direitos civis e públicos passaram a reivindicar condições igualitárias
entre homens e mulheres, não igualdade de forças, mas sim igualdade de
direitos dando origem a movimentos como o Feminismo3.
A entrada das mulheres na cena coletiva, pela reivindicação de seus
direitos civis e políticos, pela incorporação maciça no mercado de
trabalho remunerado fora do lar e pelo acesso aos diferentes níveis
educativos, trouxe ao mesmo tempo uma fratura do espaço público,
tradicionalmente considerado território masculino, com a constituição
paralela de um espaço social predominantemente feminino. Neste
sentido, o feminismo constitui-se num movimento social que se torna
signo no século 20. (YANNOULAS, VALLEJOS, LENARDUZZI,
2000, pág. 426).
A partir da luta das mulheres nos movimentos feministas, a participação
das mulheres nos campos universitários adquiriu maior expressividade,
aumentou a busca por uma participação nos espaços diferentes àqueles
anteriormente a elas restritos como os espaços do lar e os cuidados com a
família.
A humanidade assistiu, no século XX, um maior ingresso das
mulheres universidades. Esse ingresso coincide com a permissão
legal em muitas sociedades para que as mulheres estudassem em
escolas de nível superior, poderia ter representado uma merecida
valorização das idéias e dos trabalhos femininos, menosprezados
durante oito mil anos de história da civilização. (CABRAL, 2006, pág.
65).
Com isso, tornou-se possível a composição de novas formas de produção
de conhecimentos científicos, contribuindo para uma desarticulação da ciência
androcêntrica4 atribuindo maior importância aos campos dos saberes
científicos relacionados ao conhecimento e aos estudos das relações de
gênero. O androcentrismo considera o ser humano do sexo masculino como
centro do universo, como o único capaz de se impor e ditar regras e leis para
dominar e organizar o mundo. (MORENO, pág. 23, 1999).
A presença das mulheres – especialmente das acadêmicas
feministas – nas universidades contribuiu para percepção das
mulheres como sujeito e objeto de pesquisa e simultaneamente para
3
Feminismo refere-se aos movimentos ou conjuntos de pensamentos que defendem a igualdade de
direitos entre homens e mulheres. (YANNOULAS, VALLEJOS, LENARDUZZI, 2000, pág. 426).
4 Androcentrismo refere-se à concepção eu saber supostamente neutro e universal que
privilegia o ponto de vista dos homens como eixo articulador do discurso social e lógicocientífico, sem considerar ou desvalorizando o ponto de vista das mulheres. (YANNOULAS,
VALLEJOS, LENARDUZZI, 2000, pág. 426).
22
a transformação da ciência androcêntrica.
VALLEJOS, LENARDUZZI, 2000, pág. 426).
(YANNOULAS,
Anterior a essa participação feminina nas universidades, as mulheres
eram afastadas dos campos dos saberes científicos, tanto no que se refere a
pesquisas e estudos elaborados por elas, quanto serem essas analisadas
como objeto de estudo. A história androcêntrica, ensinada no ensino
Fundamental e Médio, é uma história sem mulheres, exclusivamente
masculina. (MORENO, pág. 53, 1999). Fatores relacionados à academia eram
predominantemente masculinos.
A mulher é a grande ausente nos textos escolares de história. Sua
ausência faz-se patente tanto nas descrições das façanhas bélicas
como nos escassos momentos em que se fala da organização social.
Tudo isso nos indica que a mulher foi intensamente desconsiderada
ao longo da história. (MORENO, 1999, pág. 57).
Com o acesso à Academia as mulheres romperam paradigmas e barreiras
que antes as excluíram durante séculos. As primeiras universidades foram
criadas na Europa por volta do século XII, estas mantiveram-se proibidas às
mulheres até aproximadamente o século XX. A primeira Universidade a admitir
mulheres como estudantes foi a de Zurique em 1865, (YANNOULAS,
VALLEJOS, LENARDUZZI, 2000, pág. 434).
Por intuição ou conhecimento de causa, as pioneiras universitárias
fizeram incursões em novos espaços, transgredindo as fronteiras de
territórios tradicionalmente masculinos. Começaram, assim, a
quebrar um mito que se havia mantido por séculos: o que rezava que
não cabia às mulheres ter acesso aos espaços públicos, aos saberes
socialmente legitimados, nem às profissões de maior prestígio ou
melhor remuneração, pelo simples fato de serem consideradas
futuras mães e esposas. (YANNOULAS, VALLEJOS, LENARDUZZI,
2000, pág. 435).
Mesmo tendo garantido esse direito de acesso às instruções ainda eram
grandes os obstáculos enfrentados pelas mulheres na vida acadêmica e
científica, que advinham de rotulações pré-estabelecidas de diferentes tempos
históricos. As mulheres eram vistas como frágeis, passivas, sua imagem era
assimilada à reprodução biológica e à repetição do mesmo na vida cotidiana,
cuidando do lar e da família, ou seja, com capacidade inferior a dos homens,
vistos como mais centrados e mais aptos aos exercícios universitários e
23
profissionais. Por esta concepção, as mulheres biologicamente geradoras
ficavam excluídas de toda atividade culturalmente geradora porque estavam
excluídas da ação e não tinham palavra própria. (YANNOULAS, VALLEJOS,
LENARDUZZI, 2000, pág. 431).
Ao longo dessa trajetória feminina nos campos universitários verificou-se
uma maior participação das mulheres em áreas científicas voltadas aos
serviços sociais, educação e saúde. Notadas por possíveis orientações e
influências da sociedade, isso pelo fato de os modelos de conduta atribuídos às
mulheres serem transmitidos a elas desde a infância e quando passam a fazer
parte de ambientes como a escola e depois as universidades já têm em mente
um modelo que já lhe foi pré-estabelecido.
Mulheres e homens realizam trajetórias educativas diferenciadas,
com saídas profissionais diversificadas. Os acessos ao saber são
socialmente orientados para homens e mulheres. O lugar social que
as mulheres e os homens têm ocupado na academia e no mundo
profissional por meio dos estudos superiores e profissões, os
territórios “corretos” que umas e outros tem habitado e as situações
que condicionam suas “escolhas” adquirem assim uma relevância
particular. (YANNOULAS, VALLEJOS, LENARDUZZI, 2000, pág.
436).
Atualmente pode-se avaliar que ainda existem diversificações no que se
refere às áreas “escolhidas” por eles e por elas. Os campos dos saberes
científicos são divididos no que se refere ao gênero. Há uma predominância de
participação feminina em estudos universitários que encaminharão às
profissões menos privilegiadas, com salários mais baixos, enquanto aos
homens são garantidas mais vantagens profissionais e conseqüentemente
financeiras. Ainda que comparando trabalhadores que possuem o nível
superior, o rendimento das mulheres é cerca de 60% do rendimento dos
homens, indicando que mesmo com grau de escolaridade mais elevado as
discrepâncias salariais entre homens e mulheres não diminuem. (IBGE, 2008).
Os estudos universitários onde a presença feminina é maior
conduzem, em linhas gerais, a profissões pouco valorizadas no
mercado de trabalho, que redundam em salários menos vantajosos
para as mulheres. (YANNOULAS, VALLEJOS, LENARDUZZI, 2000,
pág. 437).
24
Caracteres de gênero irão compor as estruturas e delimitar as posições
hierarquicamente na ciência. Vale salientar que são poucas as mulheres que
ocupam cargos de prestígio e de tomadas de decisões nas instituições em que
trabalham, fator esse advindo dos métodos educacionais, favorecendo para
uma distribuição desigual de poderes. A “educação é um processo
‘generificado’, quer dizer, uma prática social constituída por gênero e que por
sua vez constitui gêneros”. (YANNOULAS, VALLEJOS, LENARDUZZI, 2000,
pág. 440).
Aos poucos, as mulheres vêm desconstruindo a tradição da Universidade
como um espaço masculino e conquistando uma maior participação no
mercado de trabalho, mantendo-se na maioria das vezes dividida entre os
trabalhos do lar e da maternidade, papel atribuído a elas tradicionalmente e as
atividades acadêmicas.
A idéia de que as meninas teriam mais propensão às artes e à literatura
(facilidade nas disciplinas articuladas à sensibilidade e emoção),
enquanto os meninos apresentariam mais aptidão nas ciências, devido a
sua maior racionalidade, permeia o imaginário coletivo dos espaços
escolares. Esse tipo de visão acaba se convertendo em uma espécie de
profecia auto-realizável, em que todos os casos ‘desviantes’ não são
devidamente estimulados. Essa tendência tem reflexos fundamentais na
segmentação ocupacional observada nos cursos universitários.
(GUEDES, 2008, pág. 120).
Essa nova geração de mulheres passa a estabelecer novos moldes nas
relações sociais, agora, participando mais ativamente, chegando cada vez mais
próximo de alcançar a equidade entre os gêneros. Além disso, passam a
ocupar com maior freqüência as vagas universitárias de maior prestígio,
consideradas até então masculinas.
A abertura do leque de cursos universitários concluídos pela nova
geração de mulheres é reflexo de mudanças históricas de natureza
dialética. [...] A efetiva entrada das mulheres nos cursos universitários
historicamente masculinos influencia diretamente na construção de
novas identidades sociais. Ou seja, o fenômeno reflete um quadro mais
amplo de mudanças nas relações de gênero, reforçando-as e
estruturando-as ao instaurar novos elementos na realidade social.
(GUEDES, 2008, pág. 130).
O fato de as mulheres estarem procurando melhores posições no
mercado de trabalho influenciará na permanência e na continuidade que elas
25
darão na sua vida acadêmica, dessa maneira é perceptível uma maior
concentração feminina em cursos de pós-graduação. No que se refere às
participações masculinas nota-se um maior abandono ou distanciamento da
vida acadêmica, fator que pode ser influenciado pela figura tradicionalmente
construída do homem como responsável pelo sustento da família, pela possível
necessidade de se dedicar ao trabalho remunerado. (GUEDES, 2008, pág.
127).
É relevante a avaliação da forma como as relações de gênero irão
influenciar na carreira científica masculina e feminina. Porém, a ausência de
mulheres na produção de conhecimento, principalmente em estudos relativos
ao gênero e a ciência torna-se um meio a contribuir ainda mais para a nãopredominância do estudo desses fatos na historiografia.
A participação das mulheres nos Programas de Pós-Graduação é
resultado da ruptura de determinados paradigmas socialmente construídos,
uma luta por equidade que instaura novas características e elementos no
quadro social.
Tal fato proporcionou diferenciações no que se refere à
elaboração de pesquisas e grau de satisfação, relacionados à produção de
conhecimento, bem como na ocupação de alguns postos em ambientes
profissionais.
Assim, é imprescindível o entendimento e a utilização do conceito de
gênero para a análise e entendimento das relações sociais, inclusive no âmbito
da Pós-Graduação.
26
7. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Na primeira etapa desta pesquisa foi realizada a coleta quantitativa dos
dados, através de documentos informados pelos programas de pós-graduação
disponibilizados no site da UNIR ou a partir das secretarias de administração
dos próprios Programas de Pós-Graduação. Os resultados da referida coleta
serão demonstrados nos gráficos seguintes: 01, 02, 03, 04, 05, representando,
respectivamente os Programas: Mestrado em Administração, Mestrado em
Ciências da Linguagem, Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio
Ambiente e Mestrado em Geografia.
Mestrado em Administração
25%
Homens
Mulheres
75%
Gráfico 01: Discentes matriculados no PPG em Administração. FONTE: UNIR
Neste primeiro gráfico estão representados discentes do PPGMA/UNIR –
Programa de Pós-Graduação em Administração. No qual, verifica-se uma
pequena participação feminina, representada por apenas 25% do total, valor
que equivale ao universo de 16 discentes de um total de 65. O que ocorre de
acordo com o visto teoricamente, no que se refere à predominância de homens
em disciplinas que envolvam mais exatas,ou áreas de controladoria.
27
Mestrado em Ciências da Linguagem
26%
Homens
Mulheres
74%
Gráfico 02: Discentes matriculados no PPG em Ciências da Linguagem. Fonte: UNIR.
O gráfico acima se refere à representação quantitativa dos discentes
matriculados no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem da
UNIR, do campus de Guajará-Mirim, distintos quanto ao sexo. Este Programa
tem o seu quadro de discentes composto em sua maioria por alunos do sexo
feminino, representando um total de 74% do total, num total de 43 dos 58 que
estão devidamente matriculados no programa. Já o sexo masculino é
representado por 26% destes discentes, 15 do total.
Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio
Ambiente
32%
Homens
Mulheres
68%
Gráfico 03: Discentes matriculados no PPG em Des. Reg. e Meio Ambiente FONTE: UNIR
No Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio
Ambiente, há um maior número de mulheres matriculadas. Elas representam
28
68% do corpo de discentes deste programa, representadas com um total de 19
dos 28 matriculados e eles apenas 32%.
Mestrado em Geografia
44%
56%
Homens
Mulheres
Gráfico 04: Discentes matriculados no PPG em Geografia. Fonte: UNIR
Neste gráfico está representado o quantitativo, no que se refere ao sexo,
dos discentes matriculados no Programa Institucional de Pós-Graduação em
Geografia da UNIR. Nele, as mulheres representam 56% do quantitativo d@s
discentes deste programa de pós-graduação da UNIR, num total de 34 dos 61
alunos que compõe esse programa.
Nos
programas de Pós-Graduação apresentados verificamos um
contingente feminino maior na maioria dos cursos, com exceção do Programa
de Pós-Graduação em Administração, composto 75% por homens.
A partir da aplicação do Instrumento da Pesquisa, o questionário, pode-se
verificar o perfil d@s discentes que compõe o quadro dos Programas de PósGraduação da Universidade Federal de Rondônia – UNIR. Foram aplicados
aproximadamente 200 questionários, porém, foi feita a devolutiva num total de
77 devidamente respondidos. A partir dessa representação fez-se uma
avaliação comparativa sob o aspecto de gênero das produções científicas dos
mesmos, dos possíveis percalços existentes no que se refere às atividades
acadêmicas e se estão ou não satisfeitos com as atividades desenvolvidas.
29
Sendo que, destes 77 que fizeram as devolutivas 47 são do sexo feminino e 30
do masculino. Como pode ser observado no gráfico abaixo:
Devolutiva dos questionários no que
se refere ao sexo
30; 39%
Homens
Mulheres
47; 61%
Gráfico 05: devolutiva dos questionários quanto o sexo. Fonte:Pesquisa:
Pós-Graduação e Produção do Conhecimento: um debate de gênero.
Sobre a situação acadêmica quanto ao programa de Pós-Graduação,
d@s discentes que fizeram a devolutiva do instrumental da pesquisa, 29%
estão na situação de ingressante e 71% de concluinte, considerando que das
47 mulheres que responderam os questionários, 07 deixaram de responder a
referida questão, como pode ser observado na tabela abaixo:
Tabela 04: situação quanto ao programa de Pós-Graduação
SITUAÇÃO ACADÊMICA QUANTO AO PROGRAMA DE PÓSGRADUAÇÃO
SITUAÇÃO
HOMENS
MULHERES
Ingressante
12
08
Concluinte
18
32
Fonte: Pesquisa: Pós-Graduação e Produção do Conhecimento: um debate de gênero.
Com a intenção de ampliarmos o nosso conhecimento a respeito do perfil
dess@s discentes, constou em nosso instrumental de pesquisa questões de
30
caráter pessoal como idade, naturalidade, condição financeira, bem como o
acadêmico concilia a dupla jornada (família + pesquisa).
Tabela 05: Faixa etária d@s discentes dos PPGs
IDADE D@S DISCENTES DOS PPGs
FAIXA ETÁRIA
HOMENS
MULHERES
Mais de 30 anos
18
37
Menos de 30 anos
12
10
Fonte: Pesquisa: Pós-Graduação e Produção do Conhecimento: um debate de gênero.
No que diz respeito à faixa etária, as mulheres representam um
contingente maior com idade superior a 30 anos. 37 do total das 47 mulheres
que devolveram os questionários possuem mais de trinta anos, e 18 dos 30
homens estão acima da faixa etária de 30 anos. Fator esse, que possa ser
explicado pelo fato de as mulheres, na maioria das vezes, terem que
interromper suas atividades acadêmicas pelo fato de virem a ser mães. A
pesquisa constatou que 64% das mulheres, que devolveram os questionários já
são mães, representando um total de 30 das 47 que colaboraram com a
pesquisa.
Naturalidade dos hom ens
Naturalidade das m ulheres
6; 13%
6; 20%
Norte
Norte
7; 15%
21; 44%
12; 40%
Nordeste
Sul
Sudeste
4; 9%
Sul
6; 20%
Sudeste
Centro-Oeste
9; 19%
Nordeste
3; 10%
3; 10%
Centro-Oeste
Gráfico 06: Naturalidade d@s discentes dos PPGs. Fonte: Pesquisa: Pós-Graduação e
Produção do Conhecimento: um debate de gênero.
Neste, estão representadas as naturalidades de homens e mulheres que
compõe o quadro dos discentes dos PPGs da Universidade Federal de
Rondônia – UNIR. Tanto eles quanto elas são em sua maioria naturais da
Região Norte do país, sendo representados por 44% e 40%, respectivamente.
O segundo maior número, no caso das mulheres é advindo das regiões
31
Nordeste e Sudeste, representadas com 19% e 15%, respectivamente. Já no
caso dos homens o segundo maior número corresponde aos vindos das
regiões Centro-Oeste com 20% e Sudeste também com 20%. logo atrás a
região Sudeste com 19%.
A partir da questão perguntada na pesquisa a respeito da condição
financeira, pode ser confirmado o que havia sido visto previamente, de que se
assemelha, tradicionalmente, ao homem uma figura como responsável pelo
sustento da família, pela possível necessidade de se dedicar ao trabalho
remunerado. (GUEDES, 2008, pág. 127).
Tabela 06: Condição financeira
CONDIÇÃO FINANCEIRA
OPÇÕES
HOMENS
MULHERES
Não trabalha e os
02
05
-
02
Trabalha e se sustenta
04
09
Trabalha e contribui com
06
16
18
12
gastos são financiados
pela família
Trabalha e recebe ajuda
da família
o sustento da família
Trabalha e é o principal
responsável pelo
sustento da família
Fonte: Pesquisa: Pós-Graduação e Produção do Conhecimento: um debate de gênero.
Verificou-se que a maioria dos homens trabalha e é o principal
responsável pelo sustento da família 18 dos 30 afirmaram essa condição,
representando um universo de 62% desse total (parcial). No que se refere às
mulheres das 44 que informaram a situação 12 trabalham e são as principais
responsáveis pelo sustento da família, ou seja, um total de 27%. 20%
trabalham e se sustentam 36% trabalham e contribuem com o sustento da
família e 11% não trabalham e possuem seus gastos financiados pela família.
32
Cabe ressaltar, também, os números constatados no que se refere ao
número de filhos que cada discente possui e o seu estado civil. No que diz
respeito ao estado civil das mulheres, 43 delas informaram seu estado
causando uma baixa de quatro respostas, e deles 29 de um total de 30
informaram. Foram sugeridas opções de respostas como: casad@, solteir@ e
outros. Das mulheres, 19 informaram serem casadas, 16 solteiras, e 08
informaram “outros” para seu estado civil. Já dos homens, 15 responderam
casados, 12 solteiros e 02 responderam “outros”.
Com relação ao número de filh@s, as mulheres são a maioria a possuílos, 30 do total, afirmaram ter filh@s e, 18 dos homens afirmaram o mesmo.
Logo, avalia-se que há casos de algumas serem mães, porém serem solteiras
podendo estar inclusas no grupo de 27% que trabalham e são principais
responsáveis pelo sustento da família.
Tabela 07: como concilia dupla jornada família e pesquisa
COMO CONCILIA A DUPLA JORNADA (FAMÍLIA E PESQUISA)?
Opções
Homens
Mulheres
02
06
10
14
08
14
08
12
02
01
Dedica-se
exclusivamente à
pesquisa
Divide ambas atividades
com companheir@
Divide ambas com
família e outros
Assume todas as
responsabilidades
Outros
Fonte: Pesquisa: Pós-Graduação e Produção do Conhecimento: um debate de gênero.
O exercício das atividades acadêmicas e pesquisas, na maioria das
vezes, tanto no que se refere aos homens quanto às mulheres, é conciliado
com outras atividades e responsabilidades como o trabalho e a família.
Contribuindo para a existência de uma dupla jornada (família + pesquisa) e até
33
mesmo tripla (família + trabalho + pesquisa). A tabela acima mostra possíveis
formas de conciliação, como dividir as atividades com a família, ou outros e
como assumir as responsabilidades. Uma vez que as mulheres vêm cada vez
mais participando dos espaços públicos, como as universidades, sem deixar de
lado os cuidados com o lar e com a família.
Do grupo em questão, das representantes do sexo feminino somente 06,
ou 13% do total, dedicam-se exclusivamente à pesquisa, 30% dividem as
atividades com companheiro, 30% dividem-nas com família e outros e 26%
assumem todas as responsabilidades.
Dos homens, 07% dedicam-se exclusivamente à pesquisa, 32% divide
ambas atividades com companheira 27% divide ambas com família e outros,
27% assume todas as responsabilidades e 07% optou por outros como
resposta.
Tabela 08: Áreas de graduação dos discentes dos PPGs
GRADUAÇÃO DOS DISCENTES DOS PPGs
ÁREAS
HOMENS
MULHERES
Vida e Saúde
02
07
Exatas e da Terra
15
07
Humanas e Sociais
12
31
Fonte: Pesquisa: Pós-Graduação e Produção do Conhecimento: um debate de gênero.
A partir da aplicação do instrumento da pesquisa, aos alunos devidamente
matriculados nos cursos de Pós-Graduação da UNIR, avaliamos e fizemos a
separação por área de atuação da seguinte forma: Vida e Saúde (Enfermagem,
Medicina, Educação Física, Biologia), Exatas e da Terra (Geografia Física,
Química, Física, Informática, Matemática e as Engenharias) e em Humanas e
Sociais (Administração, Ciências Contábeis, Ciências Econômicas, Ciências
Jurídicas, Educação, Psicologia, Geografia Humana, História, Psicologia).
Verificamos, também, uma conformidade com o que foi visto previamente
ao tratar-se de haver uma predominância feminina em cursos que
34
compreendem as áreas Humanas e Sociais das 47 mulheres, 31 compõe
essas áreas, no geral, das mulheres matriculadas nos PPGs 66% estão nas
áreas das ciências Humanas e Sociais, considerando que entre os
questionários recebidos duas deixaram de responder essa questão, e deles
41%, considerando, também, uma baixa na resposta dessa questão. Nas áreas
das Ciências Exatas e da Terra das 45 que responderam a questão, 07, ou
seja, 16% são graduadas nessas áreas, nas quais os homens predominam
com 52%. Nas áreas da Vida e Saúde eles estão com uma representação de
7% e elas 16%.
Tabela 09: Linhas de pesquisas
LINHAS DE PESQUISAS DOS PPGs
LINHA DE PESQUISA
HOMENS
MULHERES
Controladoria das
06
07
Organizações
Gestão do Agronegócio
07
e Sustentabilidade
Políticas Públicas
05
06
Monitoramento
01
Ambiental
Diagnóstico Ambiental e
01
Biodiversidade
Gestão do Território
03
03
Populações Amazônicas
02
04
e Cidadania
Meio Físico e
03
04
Desenvolvimento
Sustentado
Genética Molecular
01
02
Humana
Etnolinguística
01
07
Entomologia médica
01
Fonte: Pesquisa: Pós-Graduação e Produção do Conhecimento: um debate de gênero .
No que se refere às linhas de pesquisas, se observa que há uma
diferença entre as linhas seguidas por homens e mulheres. Nota-se que elas
preferem estudos relacionados às áreas mais relacionadas ao campo das
Ciências Humanas, como as de estudos sobre populações e sobre políticas
públicas.
35
Tabela 10: Participação em Iniciação Científica
PARTICIPOU DE PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA?
OPÇÕES
HOMENS
MULHERES
SIM
08
15
NÃO
21
29
Fonte: Pesquisa: Pós-Graduação e Produção do Conhecimento: um debate de gênero.
Quanto à participação em Programa de Iniciação Científica, tendo como
referência os questionários devolvidos, dos quais dentre os homens 29
responderam a questão e destes, somente 08 participaram desse Programa.
Das mulheres, dentre as 44 que responderam 15 participaram e 29 não.
Tabela 11: Participação em grupos de pesquisa da UNIR
PARTICIPA DE GRUPOS DE PESQUISA DA UNIR?
OPÇÕES
HOMENS
MULHERES
SIM
13
24
NÃO
15
21
Fonte: Pesquisa: Pós-Graduação e Produção do Conhecimento: um debate de gênero.
A participação em grupos de pesquisa é notavelmente maior que a
participação em iniciação científica. E a presença feminina corresponde um
número maior que a masculina. O que mostra como as mulheres vêm
procurando ocupar mais espaços no que se refere aos meios acadêmicos.
Tabela 12: Financiamento em pesquisas com bolsa de estudos
QUE TIPO DE BOLSA DE ESTUDOS RECEBE?
CAPES
CNPq
OUTRAS
NÃO RECEBE
HOMENS
05
03
-
22
MULHERES
10
01
04
31
Fonte: Pesquisa: Pós-Graduação e Produção do Conhecimento: um debate de gênero.
O resultado obtido a respeito do recebimento ou não de bolsas de estudos
mostra que os homens recebem mais bolsas que as mulheres. Dados do CNPq
(2007) mostram que em 2001 48% das bolsas no Brasil eram destinadas às
mulheres, e neste mesmo ano, as bolsas destinadas aos homens atingiam a
36
um número de 52%. Já no ano de 2008 o número de bolsas distribuídas às
mulheres chegou a 49% quanto aos homens o número diminuiu para 51%.
Comprovando que o financiamento de pesquisas realizadas por mulheres vêm
aumentando.
Tabela 13: Tipo de Instituição no período da graduação
EM QUE TIPO DE INSTITUIÇÃO CURSOU A GRADUAÇÃO?
OPÇÕES
HOMENS
MULHERES
PÚBLICA
25
32
PRIVADA
05
12
Fonte: Pesquisa: Pós-Graduação e Produção do Conhecimento: um debate de gênero.
Como pode-se observar (tabela:13), a maioria dos integrantes dos cursos
dos PPGs, que contribuíram com a devolução dos questionários, que cursaram
a Graduação em universidades públicas são do sexo masculino. No que se
refere à graduação em universidades privadas, em sua maioria são mulheres.
Considerando que das quarenta e sete mulheres, três cursaram metade em
universidade particular, metade em universidade pública.
Tabela 14: A existência ou não de dificuldades durante as atividades acadêmicas
TEM OU TEVE DIFICULDADES NO EXERCÍCIO DAS
ATIVIDADES ACADÊMICAS?
OPÇÕES
HOMENS
MULHERES
SIM
08
17
NÃO
20
24
Fonte: Pesquisa: Pós-Graduação e Produção do Conhecimento: um debate de gênero.
Um número maior no grupo feminino afirma ter dificuldades no exercício
das atividades acadêmicas do que no masculino. Mas tal fator segue de longa
data desde o início do período de inserção das mulheres nas universidades.
Outro fator a ser considerado é o da difícil conciliação com atividades
como as do lar e da família. A existência de tabus implica que as mulheres
optem a fazer graduação em cursos socialmente considerados femininos,
ligados a área da educação e saúde, e às vezes quando optam por cursos
diferentes àqueles tradicionalmente classificados como femininos, como a
37
Engenharia ou Matemática, por exemplo, se deparam com alguns preconceitos
e outros tipos de entraves.
Tabela 15: A existência ou não de dificuldades para publicar
TEM DIFICULDADES PARA PUBLICAR?
OPÇÕES
HOMENS
MULHERES
SIM
16
29
NÃO
12
13
Fonte: Pesquisa: Pós-Graduação e Produção do Conhecimento: um debate de gênero.
Levando em consideração os questionários devolvidos, pode-se levantar a
informação de as mulheres têm mais dificuldades para publicar do que os
homens. Algumas delas especificaram suas respostas pela falta de tempo, por
ter que conciliar com outras atividades.
Tabela 16: tipos de publicações nos últimos 02 anos
O QUE TEM PUBLICADO NOS ÚLTIMOS 02 ANOS?
TIPO DE PUBLICAÇÃO
HOMENS
MULHERES
ARTIGOS
17
24
CAPÍTULOS DE
02
05
LIVROS
-
-
RESUMO EXPANDIDO
09
12
OUTROS
08
09
LIVROS
Fonte: Pesquisa: Pós-Graduação e Produção do Conhecimento: um debate de gênero.
A pesquisa visa conhecer a produção do conhecimento da PósGraduação, então, perguntou-se o que esses discentes têm publicado nos
últimos dois anos, fornecendo opções de respostas como tipos de publicações
que envolveram: artigos, capítulo de livros, livros, resumo expandido e outros.
Os discentes puderam assinalar mais de uma alternativa, a partir daí,
observou-se que tanto mulheres quanto os homens tem um maior índice de
publicação de artigos, seguido este, por publicações de resumo expandido e
outros, a exemplo, apresentações em Congressos e Simpósios.
38
Tabela 17: Local de publicação dos últimos 02 anos
ONDE TEM PUBLICADO NOS ÚLTIMOS 02 ANOS?
REVISTAS
HOMENS
MULHERES
05
11
Circulação regional
05
08
Circulação local
02
08
Outras
14
15
ESPECIALIZADAS
De circulação nacional e
internacional
Fonte: Pesquisa: Pós-Graduação e Produção do Conhecimento: um debate de gênero.
Ainda sobre publicação, perguntamos onde os nossos colaboradores mais
têm publicado nos últimos 02 anos, nesta, também lhes foi permitido assinalar
mais de uma alternativa. Verificamos que as mulheres publicaram mais em
revistas especializadas de circulação nacional e internacional, o que nos
proporcionou uma apreciação deste resultado, uma vez que as mulheres
afirmaram uma maior dificuldade para publicar.
Tabela 18: Grau de satisfação quanto às atividades desenvolvidas
CONSIDERA-SE SATISFEIT@ COM AS ATIVIDADES DO PROGRAMA QUE
DESENVOLVE NA UNIVERSIDADE?
OPÇÕES
HOMENS
MULHERES
SIM
26
26
NÃO
04
15
Fonte: Pesquisa: Pós-Graduação e Produção do Conhecimento: um debate de gênero.
Dentre os grupos que não se consideram satisfeitos com as atividades do
Programa que desenvolvem na universidade, há um maior universo feminino
do que masculino. Algumas não se consideram satisfeitas por falta de interação
entre docentes e discentes nas atividades desenvolvidas pelo Programa e das
condições do acervo da biblioteca, que não correspondem às necessidades do
Programa. Outras justificam que poderia ser melhor sua atuação se dispusesse
de mais tempo, fator esse, que pode ser justificável pela necessidade de
conciliação com outras atividades, como os cuidados com a família, por
exemplo, uma vez que maior parte dessas mulheres tem filh@s.
39
Tabela 19: Interesse em continuar com a Pós-Graduação
TEM INTERESSE EM CONTINUAR COM A PÓS-GRADUAÇÃO:
DOUTORADO OU PÓS-DOUTORADO?
OPÇÕES
HOMENS
MULHERES
SIM
27
40
NÃO
02
04
Fonte: Pesquisa: Pós-Graduação e Produção do Conhecimento: um debate de gênero.
No que se refere ao interesse em continuar com a Pós-Graduação, a
maior parte afirma interesse em prosseguir com as qualificações de Doutorado
e Pós-Doutorado. De um total de 30 homens, 26 tem interesse em dar
continuidade aos estudos, 04 não e 01 não informou a opção. Quanto às
mulheres, maioria delas assegurou tal interesse, porém 04 não almejam
continuar com os com os mesmos e 03 não assinalaram resposta alguma.
Mesmo a tabela referente ao interesse em continuar com a PósGraduação (tabela 19) estando equilibrada nota-se que os homens
predominam quando se trata de interesse por maior qualificação. Ainda que
eles representem um menor contingente a ingressar nos Programas de PósGraduação, a partir da avaliação do instrumental da pesquisa adquirido
podemos verificar que eles são a maioria no que se refere a demonstrar
interesse em avançar para os estudos de Doutorado e Pós-Doutorado.
40
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados da pesquisa mostram que as mulheres são a maioria nos
Programas de Pós-Graduação da Universidade Federal de Rondônia – UNIR,
com exceção do Programa de Pós-Graduação em Administração que possui
apenas 25% dos seus participantes do sexo feminino.
Desse grupo total de alunos que compõe os Programas de PósGraduação da UNIR, tanto no campus de Porto Velho, quanto no campus de
Guajará-Mirim, verificou-se que os homens são a maioria dos que se dedicam
ao trabalho remunerado logo, os principais responsáveis pelo sustento da
família. Porém, tanto eles quanto elas se dividem em uma dupla jornada
(família + pesquisa) e até mesmo tripla (família + pesquisa + trabalho).
Verificamos ainda que a maioria das mulheres venha chegando mais
tarde na Pós-Graduação, acima de 30 anos, destas, a maioria não participou
de iniciação científica, fator que vem a comprometer sua carreira como
pesquisadora bem como sua participação em grupos de pesquisas.
Quanto às entraves para o exercício das atividades acadêmicas nota-se
que o número de mulheres que afirmam possuir dificuldades para o exercício
das atividades acadêmicas é superior ao de homens, o que se justifica pela
conciliação de atividades como o lar e a família.
No que tange a produção científica, constatou-se que esta se realiza com
certa equivalência quando se trata de produções científicas elaboradas por
homens e mulheres. Contudo, essas últimas, representam um maior número
em produções, publicam na maior parte em veículos de circulação nacional,
artigos e resumo expandido, fato que reflete positivamente para a consolidação
dos PPGs. Porém quando se trata da distribuição de bolsas de estudos
apuramos que o número de homens que as recebe é superior ao de mulheres.
Elas são minoria quanto à distribuição de bolsas, devido ao fato de geralmente
trabalharem, pois muitas são responsáveis pela família, outro fator é a idade.
41
Quanto ao grau de satisfação, elas são maioria em não considerar-se
satisfeitas com as atividades que desenvolvem no programa, justificando a
insatisfação, na maioria das vezes, pela própria indisponibilidade, devido à falta
de tempo. Os resultados da pesquisa mostram que caracteres de gênero
diferenciam os discentes dos PPGs da UNIR. As mulheres representam um
maior número de integrantes dos Programas de Pós-Graduação.
Constatamos que tanto eles quanto elas se dividem em uma dupla
jornada (família + pesquisa) e, até mesmo tripla (família + pesquisa + trabalho).
Porém, mesmo afirmando grande parte delas um menor grau de satisfação
com as atividades desenvolvidas, são maioria a realizar produções científicas.
42
9. RECOMENDAÇÕES PARA ESTUDOS FUTUROS.

Sujere-se uma seleção dos discentes da Pós-Graduação, pelo fato de
acreditarmos que com um número menor de discentes não haja tantas
baixas no que se refere ao recebimento de instrumentos da pesquisa.

É cabível sugerirmos, também, a adoção de métodos para levantamento de
dados mais específicos de cada colaborador, como, por exemplo,
entrevistas. E, a partir destas, nos sendo possível adquirir um maior
conhecimento a respeito das condições desses acadêmicos na PósGraduação quanto ao gênero.
43
10. CRONOGRAMA DAS AÇÕES DESENVOLVIDAS
Agosto 2008 a Julho 2009
Atividade
Seminários no
GEPGÊNERO
Leituras
Elaboração dos
Instrumentos da
Pesquisa
Aplicação dos
instrumentos da
Pesquisa
Tabulação dos dados
da pesquisa e
elaboração do
Relatório Parcial da
Pesquisa
Apresentação da
Pesquisa no
Seminário Parcial
Retorno a campo
Elaboração dos
Produtos finais da
Pesquisa
Apresentação no
Seminário Final do
PIBIC.
Apresentação em
outros eventos de
Pesquisa
2008
2009
Ag. Set. Out. Nov. Dez. Jan. Fev. Mar. Abr.
x
x
x
x
x
x
x
x
x
Mai. Jun. Jul.
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x
x
x
x
x
x
x
x
44
11. REFERÊNCIAS
ABRAMOVAY, Miriam; CASTRO, Mary Garcia. Engendrando um novo
Feminismo: mulheres líderes de base. Brasília: UNESCO, 1998.
ALMEIDA, Maria Isabel Mendes de. Masculino/Feminino: tensão insolúvel:
sociedade brasileira e organização da subjetividade. Rio de Janeiro: Rocco,
1996.
BANDEIRA, Lourdes. A Contribuição da Crítica Feminista à Ciência. In
Estudos Feministas, Florianópolis, 16(1): 207-230, janeiro-abril/2008.
BITENCOURT, Silvana Maria. Gênero e Ciência: relevância e contemplação
da temática no cenário brasileiro. In VIII Seminário Internacional Fazendo
Gênero: corpo, violência e poder. Florianópolis: Mulher. 2008.
CABRAL, Carla Giovana. Pelas telas, pela janela: o conhecimento
dialogicamente situado. Santa Catarina: Cadernos Pagu, 2006.
COSTA, Maria Conceição. Ainda somos poucas: exclusão e invisibilidade na
ciência. Resenha do livro Ciência, Tecnologia e Gênero.
CURY, Carlos Roberto Jamil. Quadragésimo ano do Parecer CFE nº. 977/65.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário Eletrônico Aurélio
da Língua Portuguesa. Versão 5.12. 6ª edição. Positivo, 2004.
FERREIRA, Luiz Otávio et al. Institucionalização das ciências, sistema de
gênero e produção científica no Brasil (1939-1969). História, Ciências,
Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.15, supl., p.43-71, jun. 2008.
GUEDES, Moema de Castro. A presença feminina nos cursos
universitários e nas pós-graduações: desconstruindo a idéia da universidade
como espaço masculino. História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de
Janeiro, v.15, supl., p.117-132, jun. 2008.
LAVILLE, Christian; DIONNE Jean. A construção do saber: manual de
metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Atmed; Belo
Horizonte: Editora UFMG, 1999.
LETA, Jacqueline. As mulheres na ciência brasileira: crescimento, contrastes
e um perfil de sucesso. In Estudos Avançados. 2003.
LOPES, Maria Margaret. As grandes ausentes das inovações em Ciência e
Tecnologia. In Cadernos Pagu, 2002.
MORENO, Montserrat. Como se Ensina a Ser Menina: o sexismo na escola.
São Paulo: Moderna, 1999.
45
PELLUCIO, Gabriele. Mulheres na Ciência. In Programa Institucional de Bolsa
de Iniciação Científica. Porto Velho, 2007.
PELLUCIO, Gabrielle; NASCIMENTO SILVA, Maria das Graças Silva. Gênero
e Ciência na Universidade Federal de Rondônia. In VIII Seminário Fazendo
Gênero : Corpo, Violência e Poder. Florianópolis, 2008.
SAFFIOTI, Heleieth. O poder do macho. São Paulo: Moderna, 1987.
SILVA, Fabiane Ferreira; RIBEIRO, Paula Regina Costa. Diferenças de
gênero no campo da Ciência: um ensaio de análise sobre a presença
feminina no CNPQ. In VIII Seminário Internacional Fazendo Gênero: corpo,
violência e poder. Florianópolis: Mulher. 2008.
SILVA, Joseli Maria. Um ensaio sobre as potencialidades do uso do
conceito de gênero na análise geográfica. In revista de História Regional,
2003.
WHITAKER, Dulce. Mulher e Homem: o mito da desigualdade. São Paulo:
Moderna, 1988.
YANNOULAS, Silvia Cristina; VALLEJOS, Adriana Lucila; LENARDUZZI,
Zulma Viviana. Feminismo e Academia. V. 81, n 199, p. 425 – 451, Brasília:
R. Brás. Est. Pedag., set/dez 2000.
VERONESE, Silvia Mara. Novas rotas, novos voos: a mulher ocupando o
espaço na educação e no trabalho. In VIII Seminário Internacional Fazendo
Gênero: corpo, violência e poder. Florianópolis: Mulher. 2008.
Sites visitados:
Estudo Especial Sobre a Mulher – PME. Comunicação Social 07 de Março de
2008. Disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_impressao.php?
id_noticia=1099. Acesso em: 26/01/2009
www.unir.br
www.cnpq.br
www.scielo.br
46
12. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS NO PERÍODO DE AGOSTO DE
2008 A Julho DE 2009:
 OFICINA COM O TEMA: SAÚDE E PREVENÇÃO NAS ESCOLAS. 19
de Agosto de 2008. Porto Velho, Rondon Palace Hotel.
 I FÓRUM LOCAL DE ESTUDANTES DE ORIGEM POPULAR –
FLEOP. 29 a 30 de Setembro. Porto Velho, Auditório Paulo Freire,
UNIR.
 SEMANA
DE
PEDAGOGIA
2008:
AS
MÚLTIPLAS
FACES
CONTEMPORÂNEAS DA PEDAGOGIA. 27 a 31 de Outubro. Porto
Velho, Auditório Paulo Freire, UNIR.
 SEMANA DE GEOGRAFIA E III ENCONTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO.
17 a 22 de Novembro. Porto Velho, Auditório Paulo Freire, UNIR.
 SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE SUSTENTABILIDADE. 24 de
Novembro. Porto Velho, auditório da Faculdade São Lucas.
 I ENCONTRO DE HUMANIDADES SOBRE A MATRIZ CURRICULAR.
24 e 25 de Novembro. Porto Velho, Auditório Paulo Freire, UNIR.
 SEMINÁRIO
DE
EXTENSÃO
UNIVERSITÁRIA:
SOCIEDADE,
DIÁLOGO, DIVERSIDADE E CIDADANIA. 26 a 27 de Novembro.
Porto Velho, Auditório Paulo Freire, UNIR.
 HOMENAGEM AO CENTENÁRIO DE CLAUDE LÉVI-STRAUSS. 27
de Novembro. Porto Velho, auditório da UNIR-CENTRO.
 Palestra "O Pensamento Revolucionário de Milton Santos: Por uma
Geografia Renovada". Proferida pela Profª. Drª. Maria Adélia
47
Aparecida de Souza (USP). Dia 29 de junho de 2009. Porto Velho:
Auditório da UNIR-CENTRO.
12.1. ATIVIDADES NO GEPGÊNERO
 DELIMITAÇÃO DE TEXTOS A SEREM ESTUDADOS E SEMINÁRIO
COM O TEMA: AS RELAÇÕES DE GÊNERO NOS LIVROS
DIDÁTICOS. 24 de Junho.
 ESTUDO DO TEXTO: UM ENSAIO SOBRE AS POTENCIALIDADES
DO USO DO CONCEITO DE GÊNERO NA ANÁLISE GEOGRÁFICA.
03 de Julho.
 APRESENTAÇÃO DE SEMINÁRIO COM O TEMA: A ATUAÇÃO DA
MULHER NAS QUESTÕES DE MEIO AMBIENTE DIANTE DOS
PARADIGMAS TECNOLÓGICOS NA AMAZÔNIA.
 ESTUDO DO TEXTO: FALANDO EM GÊNERO
 APRESENTAÇÃO DE SEMINÁRIO COM O TEMA: FEMINISMO E
ACADEMIA. 17 de Julho.
 SEMINÁRIO
COM
O
TEMA:
HISTÓRIA
DAS
MULHERES
E
RELAÇÕES DE GÊNERO: ALGUMAS REFLEXÕES. 02 de Outubro.
12.2. REUNIÃO GERAL DA COMUNIDADE PIBIC:
 DIREITOS E DEVERES DOS ORIENTADORES E ORIENTANDOS. 20
de Agosto, Porto Velho, Auditório Paulo Freire.
 ORIENTAÇÕES SOBRE O RELATÓRIO PARCIAL E SEMINÁRIO
PARCIAL. 17 de Novembro, Porto Velho Auditório Paulo Freire.
48
12.3. PARTICIPAÇÃO EM DEFESA DE MONOGRAFIA:
 Defesa de Monografia de Bacharelado em Geografia de Santa Paula
Cunha:
Título da Monografia: “Construindo Relações de Gênero no sexto ano do
curso de Geografia.
Data: 16 de Setembro de 2008
Membros da Banca:
- Prof. Drª Maria das Graças Silva Nascimento Silva (orientadora);
- Ms. Elaine Filgueiras Gonçalves Fechine (examinadora);
- Prof. Ms. José Maria Botelho Leite (examinador).
 Defesa de Dissertação de Mestrado em Geografia de Marlene
Rodrigues:
Título da Dissertação: Nestas Paragens do Poente: Cerejeiras, um Espaço
em Construção.
Data: 06 de Outubro de 2008
Membros da Banca:
- Prof. Dr. Sérgio Luiz de Medeiros Ribeiro (orientador);
- Prof. Dr. Josué da Costa Silva (examinador);
- Prof. Dr. Flávio Batista Simão (examinador).
 Defesa de Dissertação de Mestrado em Geografia de Cláudia Pinheiro
Nascimento:
Título da Dissertação: "Cenários da Produção do Espaço Urbano de Porto
Velho"
Data: 29 de junho de 2009
Membros da Banca:
- Prof. Dr. Carlos Santos (Orientador)
- Profª. Drª. Maria Adélia de Souza (examinadora)
- Prof. Dr. Nilson Santos (examinador).
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