Percepção - UNIPVirtual

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Percepção
Como se forma nossa experiência consciente do mundo que nos rodeia? É a
pergunta que inaugura a Psicologia como ciência na segunda metade do século XIX.
Para representar o mundo exterior em nossa consciência, devemos detectar a
energia física do ambiente, codificá-la como sinais nervosos e enviá-los ao córtex
cerebral. Esse processo é tradicionalmente chamado de SENSAÇÃO.
Cabe ao processo de PERCEPÇÃO selecionar, organizar e interpretar essas
sensações, produzindo nossa experiência consciente.
O processo de sensação envolve basicamente cinco sentidos: visão, audição, tato,
olfato e paladar. Os sentidos captam os estímulos através de células nervosas
(chamadas de receptores), transformando-os em sinais eletroquímicos. Os impulsos
nervosos são os responsáveis pela condução desses sinais até o córtex sensorial,
que nos faz ter a sensação do que está sendo apresentado.
Mas não somos sensíveis à totalidade de energia física existente no ambiente,
apenas àqueles para os quais temos células receptoras capazes de detectá-las.
Entretanto, mesmo os estímulos detectáveis pelos órgãos sensoriais o são apenas
quando apresentados em uma intensidade mínima. Os limiares estão relacionados
à intensidade mínima necessária para que um estímulo seja detectado, produzindo
sensações, e à sensibilidade mínima a mudanças de estimulação.
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Limiar absoluto: Nível mais baixo no qual um estímulo pode ser detectado.
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Quanto > a intensidade de 1 estímulo > a probabilidade de que seja
percebido.
ƒ
O que está abaixo do limiar não é detectado.
ƒ
Limiar relativo ou diferencial: diferença mínima detectável entre dois
estímulos.
Estimulação subliminar
É a percepção de um estímulo que está abaixo do limiar absoluto. Um exemplo
de estimulação subliminar é a história de que as gravações de rock conteriam
“mensagens satânicas”, que poderiam ser ouvidas se os discos fossem tocados
ao contrário; e, mesmo quando tocados para frente, eram capazes de persuadir
o ouvinte de modo inconsciente. Frames de filmes com publicidade subliminar
também testavam a influência no consumo de guloseimas nos cinemas. Quando
um estímulo é apresentado abaixo do nível da consciência ele será capaz de
influenciar o comportamento e os sentimentos?
Sobre esta questão há estudos com diferentes métodos e todavia não há uma
resposta conclusiva.
Muitos falharam em demonstrar uma influência decisiva no comportamento
humano, e outros demonstraram influências sutis na predisposição a gostar ou
não de projeções que seguiam imagens subliminares agradáveis e
desagradáveis.
Características do Processamento Sensorial que Interferem na Percepção
Adaptação sensorial: diz respeito à habituação frente a um determinado
estímulo, ou seja, à atenuação da resposta sensorial frente à estimulação
constante e inalterada.
Exemplos: Água fria da piscina, barulho do ventilador, sapato apertado,
cheiro do perfume.
Permite que foquemos nossa atenção em mudanças informativas (Ex. tons de voz,
mudança de slides)
O ponto cego
Tampe seu olho direito e olhe para o ponto do lado direito com o seu olho
esquerdo. Permaneça olhando no ponto enquanto, lentamente, movimenta-se para
mais perto ou mais longe da imagem. Você descobrirá o ponto cego na sua visão
quando o ponto do lado esquerdo desaparecer completamente.
O ponto cego ocorre quando a imagem atinge a parte do olho de onde sai o
nervo ótico. Nesse ponto não existem receptores visuais. Isso acontece quando
fechamos um olho e deixamos o outro aberto. Com os dois olhos abertos um
olho compensa o ponto cego do outro.
Seleção Perceptiva
Apenas uma pequena parte do que é detectado é percebido.
ƒ
Atenção seletiva: significa que em qualquer momento focalizamos nossa
percepção em apenas um aspecto limitado de tudo o que somos capazes de
detectar pelos sentidos.
Exemplos:
Ao ler as frases acima, você se mantinha alheio ao fato de que os
sapatos comprimem-lhe os pés. Subitamente o foco de sua atenção se
desloca e você passa a sentir os pés apertados.
ƒ Visão periférica (Você percebe a ponta de seu nariz agora?)
ƒ Operador da bolsa de valores – ele deve, entre todo o barulho ao seu
redor, focalizar sua atenção na transição que está fazendo.
ƒ Torcedor assistindo a um jogo na TV.
Interferência de estímulos despercebidos. Em uma aula, um professor realizou a
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demonstração de um experimento, visando apontar duas características do processo de
percepção auditiva: O participante foi orientado a focar sua atenção ao que era dito em
seu ouvido esquerdo (“estamos em pé ao lado do banco”), para depois reproduzir a frase
exatamente como lhe foi dita. Ao mesmo tempo era-lhe dito “dinheiro” ou “praça” no
outro ouvido. O participante, mesmo não sendo capaz de reproduzir o que lhe fora dito
no ouvido direito, interpretava a palavra banco (da praça ou de dinheiro) de acordo com
essa palavra.
Captura Visual: É a dominância da visão sobre outros sentidos quando as
informações são conflituosas.
Exemplos:
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Cinema
ƒ
Ventríloquo
ƒ
Filme de montanha russa
Para transformar a informação sensorial em
Organização Perceptiva:
percepções significativas devemos organizá-la, ou seja, perceber os objetos como
distintos de seu ambiente, vê-los como tendo uma forma definida e constante e
discernir sua distância e movimentos.
A partir dos estudos da psicologia da Gestalt (forma ou todo) podemos entender
como se dá esta organização.
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Percepção da Forma: a partir da percepção da diferenciação entre
figura e fundo.
Percepção de Profundidade: das imagens bidimensionais que
alcançam
a
retina,
conseguimos
organizar
percepções
tridimensionais.
Percepção de Movimento: o cérebro é capaz de calcular o movimento
baseado, em parte, na suposição de que os objetos que se encolhem
estão se afastando (não ficando menores), enquanto os objetos que
aumentam estão se aproximando.
ƒ
“Há muito mais na percepção do que os sentidos podem alcançar”
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“O todo é mais que a soma das partes”.
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A mente cria formas a partir de sensações elementares
Não percebemos cada elemento isoladamente, mas a figura como um todo que nos
é significativo.
A organização perceptiva busca um sentido para as informações sensoriais
Percepção da Forma
A percepção é sempre organizada de modo que tenha alguma coerência para nós.
Na figura abaixo, o que você vê: um cálice ou dois perfis?
Figura e fundo
Figuras reversíveis
Não conseguimos perceber as duas possibilidades da figura ao mesmo tempo.
Na figura abaixo, o que você vê?
Princípios Para a Percepção da Forma
Organização de estímulos em grupos
Os psicólogos da Gestalt pensavam que isso comprovava que o cérebro emprega
“regras” para organizar as informações sensoriais em todos os conjuntos.
Agrupamento:
Proximidade: agrupamos figuras próximas. Não vemos seis 3 linhas horizontais
e nem 6 linhas verticais separadas, mas três conjuntos de duas linhas verticais.
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Semelhança: agrupamos figuras similares. Vemos os círculos pintados como
fileiras horizontais iguais e não fileiras verticais com círculos pintados e nãopintados intercalados.
Fechamento: preenchemos as falhas para criar um objeto completo, um todo.
Com maior facilidade, preencheremos as falhas nos contornos destas figuras e a
veremos inteiras.
Continuidade: percebemos padrões regulares e contínuos, em vez de
descontínuos.
Conexão: percebemos pontos, linhas ou áreas como uma única unidade quando
uniformes e ligados.
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Percepção de profundidade: Habilidade visual de perceber o mundo em três
dimensões.
Os Indicadores binoculares: exigem os dois olhos. Podem ser divididos em:
Convergência – uma indicação neuromuscular de maior convergência dos
olhos quando vêem uma imagem próxima.
Disparidade na retina – As imagens projetadas nas retinas direita e
esquerda são diferentes. Isso proporciona uma importante indicação
para a distância relativa de diferentes objetos.
Sugestões monoculares: exigem somente um dos olhos.
Interposição - se um objeto bloqueia parcialmente nossa imagem de
outro, nós o percebemos como mais perto.
Tamanho relativo – se, ao presumir que dois objetos são similares no
tamanho, percebemos o que projeta a menor imagem na retina como o
mais distante.
Claridade e brilho relativos - percebemos os objetos um tanto indistintos
como mais distantes do que os objetos claros e definidos. Há uma
grande influência da iluminação que incide no objeto.
Gradiente de textura – uma mudança gradativa de uma textura nítida
para outra textura indistinta sinaliza uma distância crescente.
Altura relativa – percebemos os objetos mais altos em nosso campo de
visão como mais distantes.
Perspectiva linear – linhas paralelas parecem convergir com a distância.
Quanto mais as linhas convergem, maior a distância percebida.
(Ex: Trilhos ferroviários).
Percepção de movimento: O cérebro é capaz de calcular inconscientemente o
movimento e o tempo em que um objeto pode distanciar-se ou aproximar-se.
Alteração do tamanho da imagem na retina. Se a imagem projetada na
retina aumenta ou diminui e julgamos o tamanho do objeto inalterado, o
percebemos se aproximando ou distanciando.
Movimento estroboscópico – o cérebro interpreta uma rápida série de
imagens variando ligeiramente como uma única imagem em movimento.
Ex. Imagens de desenho animado ou filme no cinema.
Fenômeno Phi – quando duas luzes estacionárias e adjacentes apagam-se e
acendem-se em rápida sucessão, percebemos uma única luz se deslocando
de um lado para o outro.
Ex. Letreiros luminosos em Las Vegas.
Interpretação
Os filósofos têm debatido a respeito das origens das nossas faculdades
perceptivas: são inatas ou adquiridas?
Immanuel Kant (1724-1804): defendia que o conhecimento é derivado de
meios inatos para a organização das experiências sensoriais.
John Locke (1632- 1704) argumentou que por meio das experiências
também aprendemos a perceber o mundo.
A questão é: até que ponto nossas suposições e convicções moldam nossas
interpretações, e com isso, nossas percepções?
A percepção pode, também, ser modificada por fatores culturais, crenças,
esquemas, valores pessoais éticos, morais e socioculturais, suposições e
expectativas.
Motivação
Motivação: Uma “necessidade ou desejo” que estimula o comportamento e o
orienta para uma meta. É um conceito hipotético e a inferimos em comportamentos
que observamos.
Há diferentes teorias que conceituam e entendem motivação.
Teoria dos Instintos – Entende-se como instinto um comportamento complexo
que deve ter um padrão fixo numa espécie e não é adquirido.
Na teoria evolucionista de Charles Darwin os comportamentos eram classificados
como instintos. Porém, nomear um comportamento não é explicar. A teoria, então,
não se propõe a explicá-lo, mas tem uma suposição latente de que os genes
predispõem a um comportamento típico da espécie e que vêm-se perpetuando
pelas gerações.
Teoria dos Impulsos - Sustenta que a necessidade fisiológica cria um estado
psicológico que impulsiona o organismo a reduzir a necessidade. O objeto
fisiológico da redução do impulso é a homeostase, ou seja, a manutenção do
equilíbrio interno do organismo.
Teoria dos Incentivos – Não somos apenas premidos por nossa “necessidade” de
redução de impulsos, mas também somos “puxados” por estímulos positivos ou
negativos que nos atraem ou repelem, ou seja, os incentivos.
A hierarquia de motivos de Maslow – Algumas necessidades têm prioridades
sobre outras. Abraham Maslow descreve a hierarquia das necessidades segundo a
pirâmide abaixo:
Apenas depois de nossas necessidades de “nível inferior” (a base da
pirâmide) serem atendidas é que nos motivamos a satisfazer as de “nível superior”.
É importante lembrar que ações semelhantes podem ter motivos diferentes.
O que o motiva a fazer este curso?
É provável que seja uma motivação de nível superior
O comportamento de estudar ou fazer um curso costuma estar ligado à
motivação de realização, porém outras motivações mais básicas ou para outras
realizações podem interferir.
Falta de motivação
Muitas vezes a “falta de motivação” é causada por motivos concorrentes que
chamam mais atenção da pessoa no momento de realizar determinadas tarefas.
Alguns obstáculos podem ser identificados, tais como:
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Estudar com fome ou sono
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Ambiente barulhento
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Levar material para estudar em viagens
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Estudar com o “msn” ou “orkut” conectados
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A falta de “controle de estímulos”
A procrastinação
Este conceito consiste em postergar uma tarefa que a pessoa não tem motivação
de fazer no momento em que deveria.
“É deixar para amanhã o que se tem que fazer hoje”
Este é um sinal de falta de motivação.
É possível evitar a procrastinação através de:
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Estabelecimento de prazos (razoáveis)
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Auto-exigência (razoável)
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Dividir a tarefa em etapas:
ƒ Visar ao próximo passo e não ao “pico da montanha”
ƒ Foco no desempenho e não no resultado
A Motivação de Realização
De acordo com Henry Murray (1938), a motivação de realização é um desejo de
um feito significativo, de dominar idéias ou habilidades, de controlar e atingir
depressa um padrão elevado.
Motivação extrínseca: procura recompensas externas, também arbitrárias, e
evita punições.
Motivação intrínseca: é o desejo de ser eficiente e desempenhar um
comportamento por si próprio. É uma recompensa natural e não arbitrária.
As recompensas podem aumentar a motivação se usadas para fomentar o senso
de competências ou informar melhorias.
As recompensas arbitrárias podem diminuir a motivação intrínseca. Alguém que
estuda pelo conhecimento adquirido e passa a ser incentivado por estímulos
arbitrários poderá perder a motivação intrínseca quando cessarem os estímulos.
Outra forma de motivação para a continuação de atividades são os elogios
informativos. Em um experimento com pessoas montando um quebra-cabeça,
aqueles que recebiam elogios durante a tarefa (ex. Muito bem, continue assim)
continuavam em geral absorvidos pelo quebra-cabeça. Já aqueles que não o
recebiam ou recebiam de forma controladora (ex. Se você continuar assim,
poderei usar os seus dados) apresentavam maior índice de desistência em
completar a tarefa.
Autoconfiança: sensação parecida com as de quando obtive sucesso.
Auto-estima: sentimento de satisfação consigo mesmo independente do
desempenho.
Auto-eficácia: é a crença nas próprias capacidades para atingir certo grau de
desempenho.
Para isso é importante que a pessoa:
Julgue-se capaz
Tenha uma evolução gradual: proporciona uma história de sucesso
Adapte a exigência à capacidade
Obtenha a sinalização do êxito (aumenta a motivação intrínseca)
Princípios importantes relacionados à satisfação
Não estar plenamente satisfeito com um resultado pode ser um fator que aumente
a motivação de auto-realização.
Adaptação ao nível da experiência
Ex. Uma nota alta é mais motivadora para quem não está acostumado a
tirar sempre nota dez.
Privação relativa
Ex. A nota 7 é boa? Depende do desempenho do restante da turma.
Auto-eficácia: julgamento da própria capacidade em realizar dada tarefa. Autoeficácia aumenta a motivação independente da real competência ou capacidade
da pessoa.
Para aumentar a motivação de realização do aluno não é interessante
apresentar-lhes questões muito fáceis para que eles sempre tirem a nota
máxima sem muito esforço. O sucesso contínuo frente a tarefas pouco
desafiadoras pode ser “desmotivador”, torna o aluno pouco persistente,
desvaloriza a matéria ou o curso e não aumenta a crença na auto-eficácia.
Porém, deve-se ter cuidado em apresentar os desafios, senão o insucesso
freqüente leva à frustração e possivelmente ao abandono escolar. Os desafios
devem ser moderados e devem ser gradativas, aumentando o nível de
dificuldade de acordo com o desempenho do aluno.
Um aluno motivado: é o que acredita na suas capacidades para adquirir novos
conhecimentos, dominar o conteúdo e aprimorar suas habilidades.
Um professor motivador: é aquele que conhece as capacidades atuais do aluno,
identificando suas potencialidades, estabelecendo desafios graduais e
moderados e atentando ao êxito, elogiando seu desempenho de forma
informativa.
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