Nota Técnica Varíola Bovina

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GOVERNO DO ESTADO DO TOCANTINS
SECRETARIA ESTADUAL DA SAÚDE
SUPERINTENDÊNCIA DE VIGILÂNCIA E PROTEÇÃO À SAÚDE
COORDENAÇÃO DE INFORMAÇÃO DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE
UNIDADE DE RESPOSTAS RÁPIDAS
NOTA TÉCNICA N.º 04/2008 SESAU-TO/SVPS/CIEVS
Alerta à Saúde Pública - Varíola Bovina
Introdução
Considerando a ocorrência de casos de Varíola bovina em rebanho, nos municípios de Santa
Fé do Araguaia e Muricilândia, com confirmação laboratorial e notificados pela Agência de
Defesa Agropecuária do Tocantins (ADAPEC), a Superintendência de Vigilância e Proteção
à Saúde através do Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde, apresenta às
Secretarias Municipais da Saúde informações e orientações oportunas, objetivando reforçar a
vigilância para a possível ocorrência de casos humanos.
Varíola bovina é uma zoonose, infecto-contagiosa, sub-aguda, não fatal, podendo surgir ou
não febre nos animais, caracterizadas por lesões cutâneas que seqüencialmente assumem a
forma de pápulas, vesículas, pústulas e crostas.
A varíola bovina diagnosticada em Tocantins é ocasionada pelo vírus vaccinia, cepa
Cantagalo, Gênero Ortopoxvírus, Família Poxvirídae. Esse agente proporciona aos
acometidos imunidade cruzada, definitiva e não letal contra a varíola humana, que é causada
pelo vírus smallpox.
Responsável por enormes prejuízos econômicos principalmente na atividade de pecuária
leiteira, onde as matrizes acometidas pela doença diminuem a lactação, e aqueles animais não
tratados efetivamente advém a mastite. Esses fatores aliados aos altos custos com o
tratamento desdobra-se com a dispensa de ordenhadores, algumas vezes em período prépatente ou mesmo sintomático.
Sinonímia: Dermatite virótica
Aspectos clínicos e epidemiológicos
Agente etiológico:
Os agentes das varíolas são DNA-vírus da família Poxiviridae, com diferentes gêneros
conforme a espécie animal afetada.
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Patogenia:
Nos animais são detectados cinco estádios de uma erupção variólica típica. Após um período
de incubação de três a seis dias, um eritema roseolar é seguido por pápulas planas, firmes, de
coloração viva, com zona de hiperemia ao redor da base. Segue-se a vesiculação, e uma bolha
amarelada com o centro cavado é característica. O estádio pustular que se desenvolve logo
após, é seguido pelo aparecimento de uma crosta grossa, vermelha e persistente.
Sinais e sintomas clínicos:
Espécie animal:
As matrizes bovinas apresentam nos tetos lesões ulceradas ou em crostas (quando o vírus
atinge a pele, observa-se o desenvolvimento de eritema cutâneo, que inicia com o
aparecimento de pequenas manchas nos tetos, que evoluem para vesículas, pústulas e crostas)
findando por cicatrizar após 20/25 dias.
Espécie humana:
Provoca no homem lesões na pele semelhantes às descritas acima, localizando-se
principalmente nas mãos, antebraço e mais raramente nos braços. Além das lesões a pessoa
infectada pode sofrer dores intensas nos locais das pústulas, cefaléia, febre e enfartamento
ganglionar e mal-estar. A doença dura um período de 20 a 25 dias.
Diagnóstico:
Laboratorial (Isolamento viral, Cultivo celular) e Clinico-epidemiológico.
Diagnóstico diferencial:
Deve-se proceder a diferenciação de casos humanos por varíola bovina dos seguintes eventos:
dermatite bacteriana, dermatite fúngica, dermatite devido a agentes químicos ou físicos,
dermatites alérgicas e dermatite por deficiência nutricional.
Resistência:
Os vírus variólicos em crostas dessecadas, ao abrigo da luz solar, do calor e de fenômenos
fermentativos e putrefativos, mantêm-se vivos e virulentos por vários meses. Os desinfetantes
comuns, o sol e a fervura os matam com facilidade.
Transmissão:
Espécie animal
A transmissão dos vírus se dá através de soluções de continuidade em lesões pré-existentes
nos tetos e úbere das vacas. A transmissão entre animais ocorre principalmente através das
mãos dos ordenhadores. Também pode ser veiculados por artrópodes hematófagos, porém a
forma mais comum é transmissão direta.
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Espécie humana
A contaminação na espécie humana ocorre através do contato direto entre as lesões variólicas
existente em animais ou humanos infectados e soluções de continuidade em lesões préexistentes no exposto.
Tratamento:
Não existe tratamento específico, apenas terapia de suporte objetivando controlar a infecção,
evitando que possa ocorrer uma contaminação secundária. Não tentar remover as lesões ou
utilizar imunossupressores (corticóides).
Coleta de material para exames:
As amostras humanas para diagnóstico de Coxsackie vírus é líquido das vesículas e fezes.
Procedimentos para coleta líquido das vesículas:
1. O líquido das vesículas deverá ser coletado com swab estéril;
2. Inserir imediatamente o swab em tubo estéril contendo solução fisiológica normal
(solução salina);
3. Fechar o tubo, identificar e congelar a -20ºC;
4. Transportar em gelo reciclável, preferencialmente até 24h.
Procedimentos de coleta amostra de fezes:
1. Coletar amostras de fezes em recipiente apropriado (frasco plástico, estéril de boca larga);
2. Fechar o frasco, identificar e congelar a -20ºC;
3. Transportar em gelo seco.
Obs.: Todo material coletado e os dados deverão ser encaminhados ao LACEN-TO, aos
cuidados de Dianay Valadares da Silva ou Maria Selma. Soares
Recomendações
Profissionais de Saúde:
A doença não é de notificação compulsória para o Sistema de Informação de Agravos
Notificáveis (SINAN). Porém, uma vez identificada a suspeita clínica, conforme a Portaria Nº
5, de 21 de fevereiro de 2006 da SVS/MS, deve ser realizada a NOTIFICAÇÃO em no
máximo 24 horas a partir do momento da suspeita inicial. Procedendo a comunicação ao
serviço de vigilância epidemiológica municipal e/ou hospitalar, estadual e a Unidade de
Resposta Rápida (URR 0800-6427300, [email protected]).
A NOTIFICAÇÃO é importante para o registro dos possíveis atendimentos a pessoas que
apresentem sintomatologia compatível, e tratando-se de uma zoonose com fortes vínculos
ocupacionais, alertamos também para os seguintes procedimentos diante de CASO
CONFIRMADO:
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a) Preenchimento da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT), obrigatória para
trabalhadores com vínculo empregatício;
b) Os trabalhadores sem vinculo empregatício deverão ser orientados a procurem a
Superintendência
Regional
do
Trabalho
(SRT),
objetivando
estabelecer
as
relações de trabalho para emissão de CAT,
c) Em trabalhadores autônomos não se aplica a emissão da CAT.
Prevenção
As medidas preventivas estão ligadas à desinfecção dos membros superiores antes e após
atividades com animais. Bem como a adoção de medidas higiênicas durante a ordenha
recomendado por profissional habilitado.
Caso seja necessário ordenhar animais doentes, recomendar a utilização de luvas de
procedimento, realizar desinfecção das mãos e dos tetos. E ordenhadores com solução de
continuidade devem ser afastados da função.
Elaboração: SESAU-TO/SVPS/URR/NUVIS/CEREST/LACEN
Bibliografia:
Boletim Informativo da UFMG. 2005. n° 1486, ano 31.
Rivetti Jr., A.V; R.A. Assis & Camargos, M.F. 2007. Varíola Bovina: pecuária e saúde
pública. Radares Técnicos Sanidade Beef Point. 5p.
Secretaria da Saúde do Estado da Bahia. 2008. SESAB/DOC Circular N° 00562008 de
29/02/2008. 16ª DIRES/Jacobina-BA: Alerta à Saúde Pública Varíola Bovina.
Secretaria de Estado da Saúde de Goiás/Área Técnica de Doenças Parasitárias e
Zoonoses. 2008. Nota Técnica - Varíola Bovina.
Varíola Bovina http://www.via6.com/topico.php?cid=7187&tid=54302
Virologia Veterinária. Antonio Mayr, Milton G. Guerreiro 2º Edição editora Sulina
Enfermidades Infecciosas dos Mamíferos Domésticos. Walter Maurício Corrêa. Célia
Nogueira Maurício Corrêa. Editora Médica Científica LTDA
Clínica Veterinária Blood&Henderson. Quinta Edição. Editora Guanabara Koogan
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Anexo I
Fonte: Z.I.P. Lobato1, G.S. Trindade2, M.C.M. Frois3, E.B.T. Ribeiro1, G.R.C. Dias1,
B.M. Teixeira1, F.A. Lima1, G.M.F. Almeida2, E.G. Kroon2. Surto
de varíola bovina causada pelo vírus Vaccinia na
região da Zona da Mata Mineira. http://www.scielo.br/pdf/abmvz/v57n4/26061.pdf
Fotos enviadas pela Médica Veterinária da ADAPEC. Dra. Elisabeth Ramos de Carvalho Sales
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