Untitled - O Estandarte de Cristo

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O Batismo e a
Genealogia de Jesus
John Piper
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Traduzido do original em Inglês
The Baptism and the Genealogy of Jesus
By John Piper
Via: DesiringGod.org • Copyright © 2015 Desiring God Foundation
Tradução por Camila Almeida
Revisão e Capa por William Teixeira
1ª Edição: Dezembro de 2015
Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida
Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.
Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida
permissão do Ministério Desiring God Foundation (DesiringGod.org), sob a licença Creative
Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.
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O Batismo e A Genealogia de Jesus
Por John Piper
[Mensagem da Noite de Domingo • 23 de fevereiro de 1981]
Escritura: Lucas 3:21-38.
Tópico: A Vida de Cristo.
E aconteceu que, como todo o povo se batizava, sendo batizado também Jesus,
orando ele, o céu se abriu; 22 E o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea,
como pomba; e ouviu-se uma voz do céu, que dizia: Tu és o meu Filho amado, em ti
me comprazo. 23 E o mesmo Jesus começava a ser de quase trinta anos, sendo (como
se cuidava) filho de José, e José de Heli, 24 E Heli de Matã, e Matã de Levi, e Levi de
Melqui, e Melqui de Janai, e Janai de José, 25 E José de Matatias, e Matatias de Amós,
e Amós de Naum, e Naum de Esli, e Esli de Nagaí, 26 E Nagaí de Máate, e Máate de
Matatias, e Matatias de Semei, e Semei de José, e José de Jodá, 27 E Jodá de Joanã,
e Joanã de Resá, e Resá de Zorobabel, e Zorobabel de Salatiel, e Salatiel de Neri, 28
E Neri de Melqui, e Melqui de Adi, e Adi de Cosã, e Cosã de Elmadã, e Elmadã de Er,
29 E Er de Josué, e Josué de Eliézer, e Eliézer de Jorim, e Jorim de Matã, e Matã de
Levi, 30 E Levi de Simeão, e Simeão de Judá, e Judá de José, e José de Jonã, e Jonã
de Eliaquim, 31 E Eliaquim de Meleá, e Meleá de Mená, e Mená de Matatá, e Matatá
de Natã, e Natã de Davi, 32 E Davi de Jessé, e Jessé de Obede, e Obede de Boaz, e
Boaz de Salá, e Salá de Naassom, 33 E Naassom de Aminadabe, e Aminadabe de
Arão, e Arão de Esrom, e Esrom Perez, e Perez de Judá, 34 E Judá de Jacó, e Jacó
de Isaque, e Isaque de Abraão, e Abraão de Terá, e Terá de Nacor, 35 E Nacor de
Seruque, e Seruque de Ragaú, e Ragaú de Fáleque, e Fáleque de Eber, e Eber de
Salá, 36 E Salá de Cainã, e Cainã de Arfaxade, e Arfaxade de Sem, e Sem de Noé, e
Noé de Lameque, 37 E Lameque de Matusalém, e Matusalém de Enoque, e Enoque
de Jarete, e Jarete de Maleleel, e Maleleel de Cainã, 38 E Cainã de Enos, e Enos de
Sete, e Sete de Adão, e Adão de Deus (Lucas 3:21-38).
Você pode aprender mais sobre um livro se você parar e fazer-lhe perguntas do que se
você apenas lê-lo passivamente. Isso inclui a Bíblia também. Um dos grandes problemas
na leitura da Bíblia é que nós movemos os nossos olhos sobre as palavras e chegamos ao
final de uma coluna e não sabemos o que lemos; não sentimos nossas mentes ou espíritos
expandidos porque não vemos nada novo. Isso foi puramente mecânico. Não houve desco-
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berta, nem vida, nem progressos para uma nova visão. Uma das melhores maneiras de
mudar isso é treinar-se para fazer perguntas ao texto. Muitas vezes, o levantamento da
questão em si já vai levar a sua resposta com ela, e abrirá a sua mente para coisas novas.
Este texto histórico bastante prosaico em Lucas 3:21-38 me concede a oportunidade de
mostrar o que eu quero dizer. Eu simplesmente levarei vocês comigo através deste texto,
apontando as perguntas que eu fiz e as respostas consequentes. Meu palpite é que, enquanto você me segue, as suas próprias questões surgirão. Boas perguntas geralmente
geram outras perguntas, e é assim que a introspecção cresce mais e mais.
Por Que a Prisão de João antes do Batismo de Jesus?
1) Por que Lucas registra a prisão de João Batista (3:20), antes que ele registre o Batismo
de Jesus por João? Esta é uma ordem tão estranha dos eventos que deve haver algum
motivo.
A resposta parece ser que Lucas quer enfatizar a ruptura entre o ministério de João e o
ministério de Jesus. O verso 15 mostra que algumas pessoas pensavam que João poderia
ser o Messias. Outros poderiam pensar que Jesus era um dos discípulos de João. Uma maneira de evidenciar à mente do leitor este tremendo ponto de viragem na história da Redenção que ocorreu quando Jesus começou a pregar foi mencionar a prisão de João,
mesmo antes que Jesus entrasse em cena. Lucas 16:16 diz: “A lei e os profetas duraram
até João; desde então é anunciado o reino de Deus”.
Há uma ruptura entre o período da lei e dos profetas e o período da pregação do Reino de
Jesus. João pertencia ao período anterior, de modo que Lucas não queria realçar a ligeira
sobreposição de Jesus e o ministério de João (João 3:22 ss). Em Lucas 7:26-28 Jesus diz
que João era um profeta e mais do que profeta; o preparador de Seu caminho. “E eu vos
digo que, entre os nascidos de mulheres, não há maior profeta do que João o Batista; mas
o menor no reino de Deus é maior do que ele” [v. 28]. João foi um grande profeta, mas
agora algo novo veio; o Messias está aqui e chama as pessoas para o Seu reino, e a menor
pessoa no Reino do Messias tem um privilégio maior do que João. Então, na mente de
Lucas havia uma grande ruptura entre a obra de João e a obra de Jesus, e a ordem ímpar
de sua narrativa ressalta esta pausa.
Mesmo no verso 21 eu acho que isso é confirmado na palavra “todo”: “E aconteceu que,
como todo o povo se batizava”. Isso significa que o Batismo de Jesus não era apenas uma
parte da obra de João, mas o seu auge. Nós não temos que entender “todo” significando
que Jesus era a última pessoa que João batizou, mas deve significar que o ministério de
João foi praticamente cumprido quando Jesus foi batizado. Isso também mostra que a vinda
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de Jesus significou a ida de João: “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (João
3:30). Isso também nos ajuda a responder a minha segunda pergunta.
Por Que Jesus Veio para Ser Batizado?
2) Por que Jesus veio para ser batizado, uma vez que o Batismo de João era um “batismo
de arrependimento para a remissão dos pecados” (3:3), e Jesus era sem pecado (2 Coríntios 5:21, Hebreus 4:15)?
Lucas mostra de duas maneiras que o que está acontecendo aqui não é importante principalmente por causa do Batismo, mas por causa do que acontece depois. Primeiramente,
Lucas mostra que Jesus veio no auge do ministério de João, quando “todo o povo se batizava”, e, portanto, que Jesus não era apenas um na multidão. Sua vinda teve significado
especial. Em segundo lugar, a maneira como Lucas colocou a sua frase junta, nos versos
22 e 23, mostra que o Batismo é secundário e o que aconteceu depois é primário: o Batismo
das pessoas e depois de Jesus são simplesmente cláusulas temporais introdutórias contando que as últimos três coisas aconteceram: E aconteceu que, como todo o povo se batizava,
sendo batizado também Jesus, orando ele, (algo maravilhoso ocorreu) o Céu se abriu; E o
Espírito Santo desceu, e Deus falou.
Assim, o interesse de Lucas é diferente do de Mateus, que se concentra no próprio Batismo
e afirma a mesma questão que temos afirmado. Ele diz (em Mateus 3:14-15) como João
tentou impedir Jesus dizendo: “Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim?”. Mas,
Jesus lhe respondeu: “Deixa por agora, porque assim nos convém cumprir toda a justiça”.
Assim, Lucas trata do Batismo de Jesus simplesmente como a ocasião em que Deus falou
com Ele desde o Céu, mas Mateus lida com o próprio Batismo como um problema para
Quem não tinha pecados a serem perdoados. A resposta que Ele dá é que é apropriado
para Ele fazer tudo o que é justo. Havia o suficiente no Batismo de João para Jesus afirmar
que o evento não tinha sentido: negativamente, isso significava abandonar o pecado, e
positivamente, significava confiar em Deus. Jesus poderia afirmar ambos: Ele resolveu não
pecar, mas sempre desviar-Se dele, e Ele comprometeu-Se a sempre confiar em Deus.
Provavelmente, então — e isso é o que Lucas capta — a vinda de Jesus para ser batizado
foi um passo decisivo de compromisso para iniciar Seu ministério público. Assim, Ele Se
alinha com as pessoas que se convertem do pecado e confiam em Deus e resolvem cumprir
o Seu chamado com esse espírito. Lucas se concentra na aprovação e confirmação de
Deus e na determinação de Seu Filho.
Por Que Mencionar que Jesus Estava Orando?
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3) Mas antes de olharmos para a confirmação de Deus no verso 22, havia uma outra pergunta sobre o verso 21: Porque Lucas menciona que Jesus estava orando quando os céus
foram abertos e o Espírito veio e Deus falou? Nenhum dos outros Evangelhos nos dizem
isso. Veremos neste Evangelho que Lucas gosta de retratar Jesus em oração. Ele O mostra
orando em todos momentos cruciais de Sua vida: aqui no Batismo, na seleção dos doze
apóstolos (6:12), na confissão de Pedro (9:18), na transfiguração (9:28), no Getsêmani
(22:41), na cruz (23:34). Ele nos diz que Jesus foi várias vezes para o deserto para orar
(5:16) e que ele passava noites inteiras em oração (6:12). O motivo de tudo isso deve ser
mostrar que mesmo na vida de Jesus, há uma correlação entre a oração fervorosa e a
bênção de Deus.
Agora, por que bênção Jesus estava orando após o Seu Batismo? Lucas 11:13 sugere a
resposta, eu acho. A versão de Lucas é diferente de Mateus: “Pois se vós, sendo maus,
sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo
àqueles que lho pedirem?”. O que filhos obedientes devem pedir a seu Pai celeste? O
Espírito Santo. Não que nós — ou Jesus — já não tenhamos o Espírito Santo dentro de
nós; até mesmo o crente mais fraco é templo do Espírito Santo (1 Coríntios 6:19). Mas o
Espírito Santo é infinito e sempre há mais de Si mesmo para dar, e Seus meios de
manifestar-Se são tão variados, há sempre uma nova experiência aguardando aqueles que
anelam por Sua plenitude.
Presumo que Jesus estava orando por uma manifestação do Espírito para confirmar-Lhe
como o Messias, e que o favor de Deus estivesse sobre Ele, enquanto Ele prosseguia em
Seu ministério público. Deus respondeu a Sua oração. E isso leva a uma quarta questão.
Por Que o Espírito Veio na Forma de uma Pomba?
4) Qual é o significado da descida do Espírito na forma de uma pomba e a declaração Divina
de Seu amor? Deus responde a oração de Jesus, enviando o Seu Espírito em forma visível
e, em seguida, declara verbalmente o Seu prazer em Seu Filho: “Tu és o meu Filho amado,
em ti me comprazo”. Esta é uma luz verde para Jesus. E não apenas uma luz verde, mas
uma capacitação poderosa e diretiva.
A forma como o Espírito vem, dá uma direção de como Seu poder deve ser usado. A palavra
“pomba” ocorre nos lábios de Jesus uma vez nos Evangelhos, a saber, Mateus 10:16: “Eis
que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes
e inofensivos como as pombas”. A pomba sugere a pureza, mansidão, inocência de Jesus.
Ele não era majestoso como a águia ou feroz como o falcão ou extravagante como o
cardeal. Era simples, comum, inocente, o tipo de aves que os pobres poderiam oferecer em
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sacrifício (Lucas 2:24; Levítico 12:8). Esta foi uma diretriz para Jesus a partir do Pai: o
Espírito com o qual Eu O ungi não é para ostentação ou para a batalha terrena. Para que
é então?
Uma resposta vem de Isaías 42:1-4. Este texto é relevante, porque este é o lugar onde as
palavras de Deus, o Pai vem, a partir do que segue a dádiva do Espírito: “Eis aqui o meu
servo, a quem sustenho, o meu eleito, em quem se apraz a minha alma; pus o meu espírito
sobre ele; ele trará justiça aos gentios. Não clamará, não se exaltará, nem fará ouvir a sua
voz na praça. A cana trilhada não quebrará, nem apagará o pavio que fumega; com verdade
trará justiça. Não faltará, nem será quebrantado, até que ponha na terra a justiça; e as ilhas
aguardarão a sua lei”. A beleza desta figura é que Ele tem o poder para trazer justiça às
nações, mas Ele não vai usá-lo para “quebrar a cana trilhada, nem para apagar o pavio que
fumega”. Ou seja, Ele será terno com os fracos e falhos. Ele será como a pomba e não
como o falcão. Assim, quando Deus unge Jesus com o Espírito em forma de pomba, dirigeO a usar o Seu poder em mansidão, ternura e amor. O que Jesus faz: “Vinde a mim, todos
os que estais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei... que sou manso e humilde de
coração...” [Mateus 11:28-29]. Ele diz em Lucas 4:18: “O Espírito do Senhor é sobre mim,
Pois que me ungiu para evangelizar os pobres. [Enviou-me a curar os quebrantados de
coração]” — as canas quebradas do mundo e os pavios que fumegam. Para estes, Ele vem
com o Seu Espírito como o de pomba, e cura e sopra e os inflama.
Então, em resumo, o que Lucas está fazendo nos versos 21 e 22, é a criação do ministério
de Jesus fora do de João, o que demonstra que Ele tem mui plena aprovação e bênção de
Deus, e revelando o tipo de ministério que Ele terá, ou seja, um ministério semelhante a
uma pomba.
Agora vem a genealogia, e um monte de perguntas saltam da página em nossas mentes.
Em Mateus e Marcos, o relato das tentações de Jesus vem logo após o relato de Seu Batismo, mas Lucas insere a genealogia entre esses dois relatos. Por quê? A genealogia de Lucas segue todo o caminho de volta até Adão, enquanto Mateus remonta apenas até Abraão.
Por quê? Os nomes das duas genealogias de Jesus até o rei Davi são quase todos diferentes. Por quê? E nós devemos imaginar que o homem é tão velho quanto o número de anos
que podem ser calculados para todos esses nomes até Adão? Vejamos algumas respostas
a estas quatro perguntas muito brevemente na ordem inversa.
Pode a Idade do Homem Ser Determinada Neste Texto?
1) Não, não precisamos pensar que a soma da vida de cada pessoa nessa genealogia é
igual à idade do homem. A principal razão é que, nestas listas Judaicas de linhagem, “filho”
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muitas vezes é utilizado também no sentido de “neto” ou mesmo “descendente”. Na
verdade, em Lucas 3:24-38 a palavra “filho” não ocorre até mesmo no grego [esta palavra
é omitida na versão ACF também — N.T.]. Ele simplesmente diz Heli era de “Matã, e Matã
de Levi”, e assim por diante. O que importa em uma linhagem não é que todos os membros
sejam incluídos, mas que a linha genuína da descendência seja mantida.
Nós sabemos a partir da genealogia de Mateus que alguns nomes ficaram de fora. Em
Mateus 1:8 é dito que Jorão foi o pai de Uzias; mas em 1 Crônicas 3:11 há outros três nomes listados entre estes dois. Uma das razões para isso é para que Mateus poderia ter três
grupos iguais de 14 nomes cada (Mateus 1:17). O mesmo motivo pode ter ocorrido na obra
da genealogia de Lucas, porque parece haver 11 grupos de sete nomes, cada um com todas as figuras importantes tanto no início ou no final de um grupo. Mas Lucas não chama
a atenção para isso, como Mateus faz, por isso não devemos pressionar por isto. Então, eu
não acho que somos obrigados à cronologia de Ussher que menciona o homem como tendo
cerca de 6.000 anos de idade. Portanto, quão velho é o homem, é um problema que vamos
deixar para outro momento.
Por Que Mateus e Lucas São Tão Diferentes?
2) Por que, quando você compara a genealogia de Mateus com Lucas entre Davi e Jesus,
elas são quase que completamente diferentes? Todos os nomes, a não ser dois são diferentes. Um importante comentário publicado em 1978 por I. H. Marshall diz: “É apenas justo,
portanto, admitir que o problema causado pela existência das duas genealogias é insolúvel
com a evidência atualmente à nossa disposição” (p. 159). O que ele quer dizer não é que
os dois estão em conflito insolúvel. Existem soluções sugeridas, mas nós simplesmente não
sabemos o suficiente para ter certeza se essas soluções são as adequadas. Eu apenas
mencionarei duas. Uma sugestão é que, a partir de Davi até Jesus, Mateus “fornece os descendentes legítimos de Davi — os homens que seriam legalmente os herdeiros do trono de
Davi, se o trono tivesse continuado — enquanto Lucas fornece a descendência de Davi naquele momento em particular a que, finalmente, José, marido de Maria, pertencia” (Machen,
Virgin Birth [Nascimento Virginal], 204 p.). Assim, por exemplo, Lucas diz em 3:31 que o
filho de Davi foi Natã (2 Samuel 5:14), enquanto Mateus em 1:6 diz que o filho de Davi foi
Salomão, que era o herdeiro do trono. As duas linhagens poderiam facilmente se misturar
sempre que um dos descendentes de Natã tornou-se o herdeiro legítimo do trono.
A outra solução sugerida é que Lucas fornece a genealogia de Maria, e Mateus a de José
como pai legítimo de Jesus. A chave para essa interpretação é estendendo o parêntese do
verso 23 para incluir José. Por isso, se leria: “E o mesmo Jesus começava a ser de quase
trinta anos, sendo (como se cuidava) filho de José, e José de Heli, etc.”. Ao incluir “de José”
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entre parêntesis [na versão ACF, “de José” encontra-se fora dos parênteses — N.T.], é feito
o realce de que Jesus é realmente o filho de Maria, não José, e Heli é Seu avô (pai de
Maria). Ambas estas soluções são possíveis; a primeira é mais provável; mas também não
pode ser provada.
Por Que Lucas Volta Até Adão?
3) As duas últimas questões são mais importantes porque nos ajudam a compreender a
mensagem de Lucas. Por que a genealogia volta até Adão e a de Mateus para em Abraão?
O motivo certamente é que Mateus está escrevendo para os Judeus que estão interessados
na conexão de Jesus com o pai Abraão, mas Lucas está escrevendo para um gentio e, portanto, está mais interessado na solidariedade de Jesus com todos os homens através de
Sua descendência de Adão. Isso se encaixa muito bem com a ênfase que nós já vimos na
universalidade do Evangelho: ele é aberto a todos os homens; Jesus não é apenas um filho
de Abraão; mais importante, Ele é um filho de Adão; Ele é um homem. Sua humanidade,
não a Sua etnia, é algo crucial. Esse parece ser o destaque de Lucas em vinculá-lO a Adão.
Todavia, pode haver mais como indicamos em nossa última pergunta.
Por Que a Genealogia Aparece Onde Ela Está?
4) Por que Lucas insere a genealogia aqui entre o Batismo e a tentação de Jesus, o que
Mateus e Marcos unem? Eu encontro a chave no fim surpreendente da genealogia: Lucas
não para em Adão, mas diz que Adão era “filho de Deus”. Duvido que Lucas quer que pensemos sobre Jesus como o Filho de Deus no mesmo sentido em que Abraão e Davi e todos
os outros descendentes de Adão eram. Lucas 1:35 mostra que Sua filiação depende de
Sua concepção única no ventre de Maria pelo Espírito Santo. Por isso, pareceu a muitos
comentaristas que a razão de Adão ser chamado filho de Deus é estabelecer uma comparação entre Adão e Jesus como único e imediatamente, embora não identicamente, gerados por Deus.
Isso, então, chama a atenção para o ensino de Paulo de que Cristo é o segundo Adão,
Quem inicia uma nova humanidade. Em 1 Coríntios 15:47-49, Paulo diz: “O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu. Qual o terreno, tais são
também os terrestres; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial”. Não há nenhuma razão para pensar que Lucas era ignorante desta noção, pois ele estava com Paulo
tanto quanto qualquer um. Se isso estava diante de sua mente, então, uma das razões que
ele inseriu a genealogia aqui foi ressaltar que como Adão, Jesus era homem e foi gerado
exclusivamente por Deus, e que, portanto, Ele é um novo e segundo Adão cujo ministério
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será o de criar e reunir uma nova raça de seres humanos que não são marcados por serem
ou não Judeus, mas pelo caráter semelhante do Espírito Santo, semelhante ao de pomba.
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2 Coríntios 4
1
Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;
Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem
falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,
3
na presença de Deus, pela manifestação da verdade. Mas, se ainda o nosso evangelho está
4
encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os
entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória
5
de Cristo, que é a imagem de Deus. Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo
6
Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. Porque Deus,
que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,
7
para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém,
este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.
8
Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.
9
10
Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; Trazendo sempre
por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus
11
se manifeste também nos nossos corpos;
E assim nós, que vivemos, estamos sempre
entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na
12
13
nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. E temos
portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,
14
por isso também falamos. Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará
15
também por Jesus, e nos apresentará convosco. Porque tudo isto é por amor de vós, para
que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de
16
Deus. Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o
17
interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação
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produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; Não atentando nós nas coisas
que se veem, mas nas que se não
veem; porque as que se veem são temporais, e as que se 13
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não veem são eternas.
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