www.fisicamoderna.com.br Dicas de Física Moderna para o Vestibular Prof. Dulcidio Braz Jr – Física na Veia! UOL Blog [ Material gratuito para fins educacionais. Pode ser distribuído livremente. ] n Exercício 03 A Teoria da Relatividade Especial (ou Restrita) de Einstein, que em 2005 completa 100 anos, mostra-nos que dois observadores O1 e O2 podem tomar diferentes medidas de tempo e espaço se estiverem se movendo com velocidades muito altas, não desprezíveis em relação à velocidade da luz. As equações relativísticas que nos levam a estas conclusões são: ∆t1 = γ.∆t2 L L2 = 1 γ γ= 1 2 v 1− c onde γ, conhecido como fator de Lorentz, é uma constante que depende da velocidade v do observador e da velocidade c da luz e modifica de forma drástica as medidas de tempo (∆t) e espaço (L) dos dois observadores. Considere dois gêmeos idênticos, Lucas e Mateus, que vivam numa época em que a humanidade tenha tecnologia suficiente para fazer viagens interplanetárias com naves muito rápidas. Suponha que Lucas (O1) fique na Terra e Mateus (O2) tome uma espaçonave capaz de viajar com velocidade equivalente a 80% da velocidade da luz até um suposto planeta na estrela α da constelação do Centauro, a 4 anos-luz da Terra. Desprezando acelerações e desacelerações nas partidas e chegadas, determine: a) Quanto anos dura a viagem (ida e volta) para cada um dos dois irmãos? b) Qual a distância total percorrida (em anos-luz) pela nave na viagem (ida e volta) medida por cada um dos dois irmãos? Exercício baseado no texto “O Paradoxo dos Gêmeos” do livro Tópicos de Física Moderna que traz maiores detalhes sobre a Teoria da Relatividade Restrita de Einstein. Autor: Dulcidio Braz Jr Editora: Companhia da Escola Ano: 2002 ISBN: 85-88955-01-6 PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com n Resolução Antes de mais nada, vamos calcular o fator de Lorentz para v = 0,8c: 1 γ= 1− v² c² = 1 1 1 1 1 = = = = ≅ 1,67 (0,8c)² 0,64.c ² 1 − 0,64 0,36 0,6 1− 1− c² c² Gama deu maior do que 1, o que mostra que os efeitos relativísticos serão notáveis! Usaremos γ mais adiante, em “a” e em “b”. a) Ano-luz é a distância que a luz percorre viajando com velocidade c durante um período de 1 ano. Assim, se trabalharmos com as distâncias em ano-luz e as velocidades em função de c, vamos obter direto o tempo em anos, o que facilita muito as contas . Do ponto de vista de Lucas (O1), que fica na Terra, a viagem (ida e volta) de Mateus (O2), com ∆S1 = 4 + 4 = 8 anos-luz de comprimento vai durar: ∆S1 c.∆t c.8anos = = = 10anos v v 0,8.c ∆t1 = Para Mateus (O2), que foi viajar, a viagem total demorou ∆t2 dado por: ∆t2 = ∆t1 10anos ≅ ≅ 6anos γ 1,67 Para loucura mas é verdade! Para Mateus o tempo passou mais devagar. Enquanto Lucas envelheceu 10 anos, Mateus envelheceu apenas 6! Observação: esse efeito é conhecido na literatura científica como Dilatação do Tempo. b) Para Lucas (O1) a distância percorrida por Mateus na viagem toda foi L1 = 8 anos-luz, já usada em “a”. Já para Mateus (O2), a distância percorrida será dada por: L2 = L1 8 ≅ ≅ 4,8anos − luz γ 1,67 Mais uma vez parece loucura. Mas é física pura, é relatividade! A comprimento total da viagem encolheu para Mateus! Observação: esse efeito é conhecido na literatura científica como Contração do Espaço. Respostas a) A viagem dura 10 anos para Lucas e apenas 6 anos para Mateus b) A distância percorrida pela nave na viagem toda é de 8 anos-luz para Lucas mas de apenas 4,8 anos-luz para Mateus. PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com COMENTÁRIO IMPORTANTE: Para Mateus (O2) também podemos escrever: ∆t 2 = ∆S 2 4,8 ≅ = 6 anos v 0,8 Este é exatamente o valor do tempo total da viagem medido por Mateus e já obtido em “b”. Veja que há uma coerência nos dados obtidos! A “loucura” é só aparente! As equações de Einstein, bem como suas idéias, são até que simples. Concorda? As continhas acima, divisões e multiplicações, com potência de dois e raiz quadrada, não são complicadas, não é mesmo? As implicações das idéias relativísticas é que são estranhas, bizarras, e batem de frente com o senso comum de tempo absoluto! Na prática, no nosso dia-a-dia, não percebemos os efeitos relativísticos porque nossas velocidades típicas são pequenas quando comparadas com a velocidade da luz. Em outras palavras, vivemos num mundo não-relativístico, de γ = 1 com muito boa aproximação! PDF Creator - PDF4Free v2.0 http://www.pdf4free.com