Relato de Caso Doença de Crohn na síndrome de Down: um enfoque multidisciplinar Crohn’s disease and Down syndrome: a multidisciplinary approach Alfredo Soares Cabral Jr1, Valeria Campos Caivano2, José Ozório O. Lira3, Roseli Oselka Sarni4, Abílio Barros Filho5, Rubens Wolf Lipinski6 Resumo Abstract Objetivo: Apresentar um caso raro de doença de Crohn em um adolescente com síndrome de Down. Relato do caso: Paciente de 15 anos, masculino, branco, portador de síndrome de Down, com retardo mental acentuado e afasia, atendido no Serviço de Cirurgia Pediátrica do Hospital do Servidor Público Municipal com queixa de dor abdominal intensa, em cólica, há três dias, acompanhada de sudorese, palidez cutâneo-mucosa, febre e sangramento intestinal. A mãe adotiva relatou história de internações anteriores por episódios semelhantes há três meses. Ao exame físico, encontrava-se pálido, febril, desnutrido (31 kg), com abdome distendido, tenso, doloroso à palpação profunda, apresentando massa palpável em hipocôndrio esquerdo. Durante a internação, realizou-se: trânsito intestinal que evidenciou estreitamento retosigmoideano (10 cm) e outro, de menor extensão, na altura do ângulo esplênico; colonoscopia com resultado inconclusivo; laparotomia exploradora que comprovou a presença das estenoses. A cecostomia descompressiva com biópsia das três camadas foi compatível com doença de Crohn. Colocou-se sonda de Foley, que possibilitou a realização de enema retrógrado com hidrocortisona durante 30 dias; colonoscopia do colo excluído, que mostrou estenose em duas regiões, no ângulo esplênico e no reto; endoscopia peroral alta que evidenciou pangastrite intensa e bulboduodenite leve. Administrou-se ciprofloxacina, metronidazol, azatioprina, mesalazina, omeprazol e hidrolisado protéico com recuperação clínica eficaz, havendo aumento de peso (10 kg) após alta. Comentários: Este relato chama a atenção do pediatra para a associação entre doença de Crohn e síndrome de Down. Objective: To present a rare case of Crohn’s disease in a male adolescent with Down syndrome. Case report: A 15 years old white male adolescent with Crohn’s disease and Down syndrome presenting aphasia and severe mental retardation was assisted at the Pediatric Surgery Service of the Servidor Público Municipal Hospital. The patient presented a three-day high intensity colic pain complaint, sudoresis, pallor, fever, and intestinal bleeding. The adoptive mother reported that three months earlier he had had similar complaints and was submitted to a clinical intervention. At physical examination, the patient was pale, malnourished (weight: 31kg), had abdominal distension and a high-intensity tenderness in the abdominal wall with a mass in the left hypochondric region. During the hospital stay, the following features occurred: narrowing of two colonic segments detected by radiology, with a 10 cm retosigmoid stenosis and a splenic flexure stenosis; colonoscopic examination was inconclusive; laparotomy with cecostomy derivation approach was done and a three layers cecum biopsy was performed to confirm the diagnosis of Crohn’s disease. Also, a reverse hydrocortisone enema was performed through a Foley’s tube during 30 days. Laparotomy findings were confirmed by colonoscopy and upper endoscopy showed intensive pangastritis and mild duodenitis. Clinical treatment consisted of ciprofloxacine, metronidazole, azathioprine, mesalazine, omeprazol and protein hydrolysate with successful clinical recovery. An increase of 10 kg in patient’s weight was observed after hospital discharge. Comments: Pediatricians should pay attention to the association of Crohn’s disease and Down syndrome. Palavra-chave: Doença de Crohn, síndrome de Down, cecostomia, equipe de assistência ao paciente. Key-words: Crohn’s disease, Down syndrome, cecostomy, patient care team. Mestre em Técnica Cirúrgica e Cirurgia Experimental pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. Assistente do Serviço de Cirurgia Pediátrica do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo 2 Assistente do Serviço de Cirurgia Pediátrica do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo 3 Chefe do Serviço de Cirurgia Pediátrica do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo 4 Mestra e doutora em Nutrologia pela Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina. Chefe do Serviço de Nutrição do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo 5 1 180 Assistente do Serviço de Gastroenterologia Pediátrica do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo 6 Chefe do Serviço de Pediatria do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo Endereço para correspondência: Alfredo Soares Cabral Junior Rua Manuel Pereira Guimarães, 350 CEP 04722-030 – São Paulo (SP) E-mail: [email protected] Recebido em: 23/9/2005 Aceito em: 2/3/2006 Rev Paul Pediatria 2006;24(2):180-4. Alfredo Soares Cabral Jr et al. Introdução A doença de Crohn, uma doença inflamatória inespecífica do intestino, pode ocorrer em todo sistema digestório, da boca até o ânus. Envolve todas as camadas de maneira descontínua, atinge os linfonodos e o mesentério, sendo uma de suas manifestações clínicas a diarréia sanguinolenta. Foi descrita originalmente por Crohn, Ginsbert e Oppenheimer, em 1932, como doença do íleo, uma ileite regional(1). Reconheceu-se, entretanto, que o processo inflamatório também envolvia o colo e, com o conhecimento da doença, observou-se que todo o trato digestório pode estar comprometido. A terapia nutricional da doença de Crohn é fundamental durante as crises agudas. As perdas de sangue, proteínas e sais biliares, causadas pela enteropatia, além da desnutrição, agravam o quadro, com atrofia vilositária do intestino delgado e espessamento desordenado da mucosa do intestino grosso. O objetivo deste trabalho é apresentar um caso raro de um adolescente de 15 anos, portador de síndrome de Down e doença de Crohn, cujo achado principal foi uma estenose de retosigmóide. O tratamento cirúrgico realizado foi uma cecostomia descompressiva provisória ainda não descrita na literatura, associada com tratamento clínico e suporte nutricional. Relato de Caso Adolescente de 15 anos de idade, sexo masculino, cor branca, portador de síndrome de Down, com retardo mental acentuado e afasia. Procurou o Serviço de Cirurgia Pediátrica do Hospital do Servidor Público Municipal com queixa de dor abdominal em cólica, de forte intensidade, há três dias, acompanhada de sudorese, palidez cutâneo-mucosa, febre e sangramento intestinal. A mãe adotiva relatou história de internações anteriores de curta duração devido a episódios semelhantes. Ao exame, tratava-se de um paciente dispnéico, febril, com sudorese e palidez cutâneo-mucosa, abdome distendido e tenso, doloroso à palpação superficial e profunda, com massa palpável em hipocôndrio esquerdo, ruídos hidroaéreos aumentados em intensidade e freqüência. O adolescente encontrava-se desnutrido (P=31 kg, abaixo do percentil 5)(2) e foi mantido em jejum, em nutrição parenteral, com oferta hídrica de 114 mL/kg, oferta calórica de 63,5 Kcal/kg, relação nitrogênio/calorias não protéicas de 1:110. Durante o período de internação de 81 dias, foram realizados, em princípio, os seguintes procedimentos e condutas: • Trânsito intestinal: edema de alças do delgado, com distensão gasosa generalizada e estreitamentos de dois segmentos Rev Paul Pediatria 2006;24(2):180-4. cólicos, um retosigmoideano de aproximadamente 10 cm de extensão e outro menor, na altura do ângulo esplênico. • Colonoscopia: a biópsia do reto mostrou mucosa com atividade inflamatória recente, tecido de granulação, mas o resultado foi inconclusivo por material insuficiente. Iniciou-se o tratamento baseado nos achados clínicos: jejum, antibióticos de amplo espectro (oxacilina, ceftriaxone, metronidazol), nutrição parenteral prolongada (NPP) e sulfasalazina. Apesar da terapêutica instituída, o paciente evoluiu com choque séptico em duas ocasiões, sendo o último com parada respiratória após injeção intravenosa de metade da dose de midazolam, sendo então internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Nas duas ocasiões em que o paciente apresentou choque séptico, distensão abdominal importante e sub-oclusão intestinal, foram introduzidas sondas nasogástrica e retal, calibre 22. Devido ao agravamento do quadro clínico, optou-se pela execução da laparotomia exploradora, sendo o achado cirúrgico: reação inflamatória extensa em grande omento, mesentério e linfonodos, com presença de intestino grosso de calibre aumentado, estenoses localizadas no colo após ângulo esplênico e de 15 cm no retosigmóide; ceco distendido de aspecto granulomatoso, friável e intestino delgado normal, inclusive íleo terminal. Optou-se por cecostomia descompressiva e realização de biópsia circular de pequeno diâmetro, envolvendo as três camadas em fragmento único. A mucosa estava espessada e, à microscopia, observou-se doença inflamatória com granulomas não caseosos, histiocitários, sem indícios de malignidade, compatíveis com doença de Crohn. Foi colocada sonda de Foley na cecostomia, o que possibilitou a lavagem com soro fisiológico do colo excluído, removendo-se o muco esverdeado sedimentado. Este, após o terceiro dia, tornou-se mais claro, porém sanguinolento. A partir daí, a introdução da hidrocortisona, na forma de enema retrógrado durante 30 dias, tornou-se viável, notando-se melhora geral progressiva até a retirada definitiva da sonda de Foley. Aos medicamentos acima citados, foi adicionada prednisona oral. A colonoscopia do colo excluído foi efetuada, com biópsia na região do ângulo esplênico e reto. No ângulo esplênico, havia discreta colite inespecífica e úlcera linear recoberta com fibrina. No reto, observou-se retite crônica inespecífica, ulcerada, com formação de tecido de granulação (Figura 1). A endoscopia alta revelou pangastrite petequial erosiva intensa, bulboduodenite erosiva leve, sendo a pesquisa de Helicobacter pylori negativa. Com a comprovação da hipótese diagnóstica de doença de Crohn, o esquema terapêutico foi modificado para ciprofloxacina (500 mg, duas vezes/dia), metronidazol (250 mg, 181 Doença de Crohn na síndrome de Down: um enfoque multidisciplinar três vezes/dia), azatioprina (50 mg/dia), mesalazina (400 mg, três vezes/dia), omeprazol (20 mg/dia) e hidrolisado protéico (1,2 Kcal/mL) com isenção de proteínas lácteas intactas na dieta, havendo melhora do quadro clínico. Após a alta hospitalar, o paciente foi acompanhado no ambulatório e mantido com a mesma dieta e medicação, observando-se aumento de peso de 10 kg. Sete meses depois, o adolescente voltou a apresentar diarréia sem sangue e muco, mas com dor abdominal (quatro a cinco vezes/dia). Após oito dias, evoluiu com sangue vivo nas fezes e vômitos. Na segunda internação (120 dias), apresentou quadro septicêmico, com presença de icterícia cuja etiologia foi uma infecção por citomegalovirus. Este paciente, após dois anos de remissão completa das estenoses pós-ângulo esplênico e retosigmoideana, está com 60 kg de peso. Entretanto, persiste com uma zona de estenose retal cicatricial com pequena ulceração (Figura 2). As doenças inflamatórias do intestino são doenças crônicas, de etiologia desconhecida, capazes de desencadear reação inflamatória na mucosa digestória de natureza imunológica, ocasionando déficit de crescimento. As três doenças inflamatórias mais comuns são a retocolite ulcerativa inespecífica (RCUI), a doença de Crohn e a colite indeterminada(3). Tais doenças inflamatórias podem se associar a diferentes entidades mórbidas, inclusive a síndrome de Down, como no paciente em foco. Neste caso, as dificuldades de comunicação entre mãe/filho afásico retardaram o diagnóstico. Como complicações, o paciente apresentou duas estenoses de cerca de 15 cm de extensão no retosigmóide e a do ângulo esplênico menor, o que dificultou a colonoscopia, sendo também responsáveis pelo megacolo tóxico. O tratamento inicial deve ser clínico. A indicação do tratamento cirúrgico depende da localização e, principalmente, das complicações decorrentes da evolução da doença, como a obstrução intestinal e a presença de fístulas internas ou externas(4-6). É preciso preservar as áreas não lesadas do intestino e as cirurgias indicadas variam de conservadoras até as mais radicais: drenagem, debridamento perianal, ressecção do íleo distal e anastomose ileocolotransverso, proctocolectomia com ileocutaneostomia e ileostomia. As reoperações por recorrências clínicas são muito freqüentes(4,5). A colectomia total com ileocutaneoanastomose definitiva pode ser a cirurgia de escolha para a doença de Crohn(4). No caso apresentado, optou-se por cecostomia descompressiva pelos seguintes motivos: doente grave (duas internações na UTI), em choque séptico com pouca chance de sobreviver a uma cirurgia radical, além da dificuldade de diagnóstico com duas tentativas de biópsia por colonoscopia, sem sucesso, e da necessidade de exclusão do colo para tratamento do megacolo tóxico e instituição de clister retrógrado com corticóide. Tudo isto no contexto de não piorar a qualidade de vida de um adolescente limitado pela síndrome de Down. Figura 1 – Retite crônica ulcerada Figura 2 – Estenose retal cicatricial Comentários 182 Rev Paul Pediatria 2006;24(2):180-4. Alfredo Soares Cabral Jr et al. Alguns autores relatam outras formas de tratamento para a doença de Crohn. Nixon, em 1978, descreveu um caso de doença de Crohn envolvendo sigmóide num lactente de três meses de idade tratado exclusivamente com enema de corticóide em período de três anos, com evolução favorável, sem necessidade de cirurgia(6). Além da conduta clínica e cirúrgica o suporte nutricional é fundamental para o sucesso do tratamento. Escher et al, em uma revisão clínica baseada em evidência publicada em 2003, discutem o papel da terapia nutricional para manter a remissão da doença de Crohn e promover o crescimento linear. Os autores salientam a importância da introdução precoce dos imunossupressores (azotioprina e 6-mercaptopurina), além dos convencionais aminosalicilatos e corticosteróides. Uma nova estratégia de tratamento pode ser oferecida pelo infliximab, um anticorpo monoclonal anti-fator de necrose tumoral alfa (TNF-α)(7). Yamamoto et al, em 2002, publicam a descrição de um paciente do sexo feminino com síndrome de Down e que apresentou doença de Crohn aos seis anos de idade. A colonoscopia mostrou fissura e ulceração da mucosa na região ileocecal e o enema com bário evidenciou estenose no colo transverso. Os autores concordam que a associação destas duas entidades no início da adolescência deve ser mais freqüente do que os raros casos descritos até hoje e valorizam o retardo do desenvolvimento pôndero-estatural, a elevação da proteína C reativa e da velocidade de hemossedimentação(8). Persic et al, em 2001, relataram um caso desta associação em adolescente de 14 anos que apresentou complicação grave intestinal, com eliminação de massas fecais pela urina. A uretrocistografia miccional confirmou a presença de ampla fístula ileovesical e uma fistulografia revelou também a presença de fístula retolabial. Foi planejada cirurgia para remoção distal do colo, mas os pais recusaram tratamento cirúrgico. Optou-se por tratamento conservador, com melhora clínica após dois anos e, aos 21 anos, recebe manutenção com corticóide(9). Kaushik et al, em 2000, relataram dois casos de síndrome de Down com diferentes doenças auto-imunes. Um homem de 39 anos apresentava doença de Crohn associada à síndrome de Down e evoluiu com colangite esclerosante, com icterícia. A colangiopancreatografia retrógrada endoscópica evidenciou ductos intra-hepáticos anormais. O outro caso, uma mulher de 33 anos com início tardio de manifestação clínica de icterícia, mostrava biópsia hepática compatível com hepatite auto-imune. Os autores salientam a importância da associação da síndrome de Down com doenças auto-imunes, o que encontra consenso na literatura(10). Vajro et al, em 1998, também apresentaram um caso de colangite Rev Paul Pediatria 2006;24(2):180-4. primária esclerosante precedendo a doença de Crohn em uma criança portadora de síndrome de Down(11). Na análise da literatura, a maioria dos autores concorda que, na doença de Crohn, a nutrição parenteral associada a repouso intestinal contribui significativamente para a remissão dos sintomas. No paciente aqui relatado, o uso da nutrição parenteral foi benéfico nas crises de reagudização e no período de preparo para a cirurgia, situações nas quais a alimentação enteral não é tolerada no jejuno proximal. As dietas monoméricas - semi ou elementares - propiciam nutrientes e estímulo trófico nesse segmento, mantendo o intestino delgado distal e o colo em repouso. Quando há segmentos estenóticos, como no presente caso, a proliferação bacteriana agrava o quadro diarréico por cursar com utilização bacteriana de nutrientes e piorar a reação inflamatória desencadeada por ácidos biliares desconjugados e metabólitos tóxicos(12). A metanálise realizada com 15 estudos randomizados mostrou associação negativa entre os índices de remissão e a oferta de triglicérides de cadeia longa, ressaltando os benefícios da utilização de dietas pré-digeridas e personalizadas, que contêm, também, triglicérides de cadeia média como fonte lipídica(13). Há estudos que demonstram os benefícios de dietas específicas, ricas em TGF-β2, representados pela melhora macroscópica, histológica e redução de produção de interleucinas pró-inflamatórias pela mucosa intestinal. O TGF-β2 é uma citocina presente no leite materno e de vaca que possui propriedades antiinflamatórias, regula o crescimento, a resposta imune e inibe a expressão das proteínas do complexo de histocompatibilidade principal da classe II - inibição da atividade do interferon-gama(14). Entretanto, no paciente aqui apresentado, não foi observada resposta satisfatória nas duas tentativas de introdução do TGF-β2, pois houve sangramento intestinal, talvez pela sensibilização às proteínas do produto lácteo. Por se tratar de portador de doença de Crohn em colo com potencial de malignização para câncer, permanece com controle clínico e endoscópico preventivo ambulatorial(15). Para concluir, este trabalho chama a atenção do pediatra para a associação entre doença de Crohn e síndrome de Down, e mostra as dificuldades no diagnóstico, a evolução clínica, as complicações, as alternativas cirúrgicas e, principalmente, o suporte nutricional a ser usado nesta grave doença. Agradecimentos Os autores agradecem à professora Dorina Barbieri pelas críticas e sugestões apresentadas à versão original deste artigo. 183 Doença de Crohn na síndrome de Down: um enfoque multidisciplinar Referências bibligráficas 1. Fazio VW, Aufses AH Jr. Evolution of surgery for Crohn’s disease: a century of progress. Dis Colon Rectum 1999;42:979-88. 2. Cronk C, Crocker AC, Pueschel SM, Shea AM, Zackai E, Pickens G et al. Growth charts for children with Down syndrome: 1 month to 18 years. Pediatrics 1988;81:102-10. 3. Barbieri D. Doenças inflamatórias intestinais. J Pediatr (Rio J) 2000;76: S173-80. 4. Fonkalsrud EW. Inflammatory bowel disease. In: Ashcraft KW, Holder TM, editors. 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