1 Discurso Proferido Pelo Deputado Eunício Oliveira Na Sessão do

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Discurso Proferido Pelo Deputado Eunício Oliveira
Na Sessão do Dia ____ de Dezembro de 2008.
Senhor Presidente
Senhoras e Senhores Deputados
A crise econômica e financeira que, há algum tempo, vem abalando a
economia dos Estados Unidos, da União Européia e de países asiáticos,
apresentou, nos últimos dias, indicadores de agravamento, levando ao
desemprego milhões de trabalhadores, provocando desaceleração dos
setores produtivos e mais restrição à concessão do crédito. Segundo
analistas econômicos, a crise de 2008 chegou a sua terceira fase, a fase
social, reduzindo a capacidade de compra das pessoas e estancando os
investimentos. Na Europa, países até bem pouco de economia estável
perderam o controle da situação, e acabaram em recessão. No Reino
Unido, o desemprego já levou o Governo da Inglaterra a pagar pensão a
mais de 900 mil trabalhadores e a reconhecer que o País está em
recessão.
Também se declararam em recessão a França, a Espanha, o Japão e
Alemanha. E no último final de semana a Organização Internacional do
Trabalho – OIT, divulgou um relato da situação no setor laboral,
alertando para a dimensão da crise, que considera não apenas
econômica e financeira, mas também social. E advertiu que o número de
desempregados nos 15 países da União Européia é recorde com quase
10 mil demissões a cada dia. Entre os mais afetados estão os imigrantes,
muitos deles brasileiros. Na Espanha, 46% dos imigrantes estão sem
emprego e os jornais espanhóis ressaltaram que a crise ainda não
mostrou toda sua dimensão, e quanto tempo durará. O Ministro do
Trabalho do Reino Unido, Tony Mcnulti, revelou que na Grã-Bretanha
são 1,5 mil desempregados por dia. Ontem, a British Telecom divulgou
comunicado anunciando que demitirá dez mil pessoas até o final de
dezembro corrente. Em percentuais, a taxa de desemprego chega a
5,8% na Inglaterra, devendo aumentar para mais de 9% em 2009.
Na Espanha, somente no mês de outubro, 192 mil pessoas ficaram sem
emprego e o número dos que estão sem nenhum meio de trabalho já é
superior a dois milhões e oitocentos mil.
Para a Organização Internacional do Trabalho – OIT, até o final de 2009
serão 20 milhões de pessoas desempregadas, o que é extremamente
preocupante e grave.
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Nos Estados Unidos, o número de pedidos de auxilio desemprego
aumentou para 516 mil, segundo o relato do Departamento do Trabalho.
As taxas de desemprego para os trabalhadores que recebem benefícios,
se manteve em 2,9%, o maior nível desde fevereiro de 1983. A média
quadrissemanal de novos pedidos passou de 13.250, para 491 mil, a
maior desde 1991.
Outro fato preocupante, na atual conjuntura, é o de haver a Alemanha, a
maior economia da Europa, se declarado em recessão e reconhecido
que a queda no crescimento do País foi a mais elevada dos últimos 15
anos. Para o “Deutsche Baok”, esse é o pior desempenho econômico da
Alemanha desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
A situação na Alemanha é hoje bem diferente da apresentada pela
Chanceller Ângela Merkel, meses atrás, em entrevista coletiva a
correspondentes estrangeiros. Disse ela, nessa oportunidade, que “a
Alemanha não entrará em recessão”. Mas a afirmação não prevaleceu,
tendo o país sido levado a admiti-la. O maior temor do povo alemão,
agora, é de que a crise seja prolongada e venha a evoluir para a
depressão.
A Bolsa de Frankfurt, perdeu mais de 40% até outubro de 2008, e a falta
de confiança dos empresários alemãs vem se acentuado mês a mês. Os
indicadores mais recentes sinalizam que a Alemanha já não é mais a
maior economia da Europa, posição que vinha mantendo há mais de
quatro anos. A situação é ainda mais grave devido ao aumento
considerável do desemprego, sobretudo no setor industrial. Para o Fundo
Monetário Internacional – FMI, a crise atual deverá acentuar-se ainda
mais, no decorrer de 2009, com uma contração da economia alemã de
0,8%.
O custo humano da crise será muito maior do que a esperado, na
avaliação de Jonh Cridland, vice-diretor da Confederação da Indústria do
Reino Unido. Essa avaliação é coincidente com a estimativa divulgada
pela Organização Internacional do Trabalho – OIT, admitindo que a
derrocada da economia mundial atingirá mais de vinte milhões de
pessoas até o final de 2009, o que a colocará como a maior desde a
Grande Depressão.
Em recente Seminário, realizado em Londres, o presidente da petroleira
BP e representante especial da Organização das Nações Unidas – ONU,
para Migrações, Peter Sutherland, disse que o impacto da crise, nos
meses vindouros de 2009, “terá efeito desastroso sobretudo para os
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imigrantes. Para ele, os imigrantes serão incentivados a voltar aos seus
países de origem ou serão os primeiros a sofrer as conseqüências do
desemprego e da falta de trabalho em toda a Europa.
Vaticínio pessimista foi feito também por Jorgen Elmeskor, diretor de
Estudos Econômicos da Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento (OCDE): os trinta países que integram a OCDE estarão
em recessão por todo o decorrer de 2009, com desaceleração
progressiva e prolongada das suas atividades.
O Relatório apresentado pela OCDE admite, entretanto, que países
emergentes como a China, a Índia e o Brasil, mesmo que venham a
sofrer os efeitos da derrocada econômica e financeira mundial,
sustentarão o crescimento, o que não deixa de ser alentador.
Senhor Presidente
Senhoras e Senhores Deputados
De todos os países em crise, a situação mais preocupante é, todavia, a
dos Estados Unidos da América. Para os principais e mais influentes
jornais do País, como o “New York Times” e o “Washington Post”, a crise
que os Estados Unidos vêm enfrentando é extremamente grave,
constituindo enorme desafio para o Presidente Barack Obama, a partir de
20 de janeiro de 2009, quando assumirá o comando do País, em
substituição ao Presidente George W Bush.
Mas o Presidente eleito não está intimidado com o que o aguarda.
Mostra-se, ao contrário, otimista, dizendo que já convocou para ajudá-lo
os melhores talentos dos Estados Unidos, entre eles Timothy Guithner,
atual presidente do Federal Reserve de Nova York, convidado para
assumir o cargo de Secretário do Tesouro dos Estados Unidos.
Considerado estrategista econômico, de respeitabilidade internacional,
Timothy Franz Guithner foi uma escolha mais técnica do que política.
É considerado, por analistas econômicos, muito bem preparado para a
missão de soergimedo da economia norte-americana. Estudou na
Tailândia morou, na China, no Japão, na Índia e na África. Integrou, por
algum tempo, a equipe do ex-Secretário de Estado Henry Kissinger.
Integrou o seu “staff” e em 1988 entrou para a Divisão de Assuntos
Internacionais do Tesouro. Em 1988, teve participação ativa no governo
do Presidente Bill Clinton.
No tocante ao Brasil, alguns indicadores sinalizam que a crise global já
chegou ao Pais, provocando disparada do dólar, e desaceleração no
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setor do crédito. Há preocupação, sobretudo, com a alta dos juros,
redução das jornadas de trabalho, em algumas indústrias, notadamente
no setor de produção a dispara do dólar, e a montagem de veículos,
com queda acentuada nas exportações para o mercado externo, já que
a maior parte dos países importadores encontram-se em recessão
declarada. Mas, apesar de alguns indicadores negativos, há, ainda,
expectativa otimista no comércio, em relação ao Natal de 2008, inclusive
com aumento das vendas, em comparação ao Natal de 2007.
Pesquisa feita pelo Instituto Data Popular, a pedido da agência de
publicidade McCann Erickson, revela que a população de baixa renda
está preocupada com a crise, mas ainda não sentiu os seus efeitos no
dia-a-dia.
De acordo com a enquete, para 58% dos entrevistados a situação
econômica está estável em relação a três meses anteriores.
A mesma enquete mostrou que 66,2% dos entrevistados estão
preocupados ou muito preocupados com a crise e mais da metade
(55,5%) acredita que a família será afetada. “Todo mundo está em
estado de alerta, mais ainda não sentiu os impactos no dia-a-dia”, afirma
o vice-presidente de Planejamento da McCann Erickson, Aloísio Pinto.
Para 46%, a crise virá “quando o desemprego chegar”.
Preocupados com os efeitos negativos da crise, o Presidente Luís Inácio
Lula da Silva e seus ministros da área econômica, vêm adotando
medidas preventivas, tanto para evitar o desemprego, em maior escala,
como para assegurar crédito para o setor produtivo do País, de modo a
evitar uma escalada negativa dos gêneros alimentícios de primeira
necessidade.
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