O menino que brincava de ser começou a ser pensado no dia em que eu e o Camilo tivemos essa conversa. Ele ainda era muito pequeno, só tinha dois anos: — Mãe, eu queria tanto ser menina. — É mesmo, meu filho? — Eu queria ser menina pra poder passar batom, você deixa eu passar batom? — Você tem asma, não pode usar batom, pode lhe fazer mal... mas você queria ser menina só para isso? Hoje em dia não vemos por aí os homens usando batom, mas quem sabe quando você crescer isso já não se tornará uma coisa comum? Antigamente os homens não usavam brincos e agora usam, não é? Se isso acontecer mesmo, você não vai precisar ser menina, não acha? Logo depois eu escrevi o livro Todos os amores, que também trata do mesmo tema, e para isso pedi ajuda à mitologia grega e ao Platão. Reescrevi dois mitos e inventei o terceiro. Gostei muito do resultado final. Em Tal pai, tal filho? Quis falar de um menino que deseja ser bailarino, mas o pai acha que essa não é profissão para homem, então... Já o livro Tudo por você tem uma história mais pesada. Foi inspirada numa situação que aconteceu com um amigo do Camilo. O livro Com quem será que me pareço? Conta a história de vários filhotes de bichos, que perguntam para suas mães com quem eles se parecem, e cada um deles se parece com um filhote de gente.