0 UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE ZOOTECNIA CURSO DE BACHARELADO EM ZOOTECNIA NAYANE SUELEN LIRA SOUZA OCORRÊNCIA DE PLANTAS TÓXICAS PARA RUMINANTES EM ÁREAS DE SAVANA E TRANSIÇÃO SAVANA-FLORESTA NO ESTADO DE RORAIMA Boa Vista - RR 2014 1 NAYANE SUELEN LIRA SOUZA OCORRÊNCIA DE PLANTAS TÓXICAS PARA RUMINANTES EM ÁREAS DE SAVANA E TRANSIÇÃO SAVANA-FLORESTA NO ESTADO DE RORAIMA Trabalho apresentado como prérequisito para a conclusão do Curso de Bacharelado em Zootecnia, da Universidade Federal de Roraima. Orientador: Prof. Dsc. Jalison Lopes. Boa Vista - RR 2014 2 Dados Internacionais de Catalogação na publicação (CIP) Biblioteca Central da Universidade Federal de Roraima S729o Souza, Nayane Suelen Lira. Ocorrência de plantas tóxicas para ruminantes em áreas de savana e transição savana-floresta no Estado de Roraima / Nayane Suelen Lira Souza – Boa Vista, 2014. 55 p. : il. Orientador: Prof. MSc. Jalison Lopes. Monografia (graduação) – Universidade Federal de Roraima, Curso de Zootecnia. 1 – Pecuária. 2 – Pastagem. 3 – Intoxicação. 4 – Lavrado. I Título. II – Lopes, Jaliso (orientador). CDU – 631.8 3 NAYANE SUELEN LIRA SOUZA OCORRÊNCIA DE PLANTAS TÓXICAS PARA RUMINANTES EM ÁREAS DE SAVANA E TRANSIÇÃO SAVANA-FLORESTA NO ESTADO DE RORAIMA Trabalho apresentado como prérequisito para a conclusão do Curso de Bacharelado em Zootecnia, da Universidade Federal de Roraima. Defendido em 27 de janeiro de 2014 e avaliada pela seguinte banca examinadora: ___________________________________________ Prof. Dsc. Jalison Lopes Orientador / Curso de Zootecnia – UFRR ____________________________________________ Dsc. Caio Augustus Fortes Instituto de Amparo à Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de Roraima – IACTI/RR ___________________________________________ Profª. Msc. Raimifranca Maria Sales Véras Co-orientadora/Curso de Zootecnia – UFRR 4 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por me dar forças nos momentos mais difíceis, possibilitando, assim, que eu não desistisse ao longo desta caminhada. Aos meus pais Francisco e Sebastiana, que muito se dedicaram para manter os meus estudos e nunca mediram esforços para me ajudar. Todo apoio dos meus irmãos Fredson e Nayara, que sempre acreditaram na minha vitória. À Universidade Federal de Roraima pela criação, do curso de Bacharelado em Zootecnia. Ao meu orientador, Professor Jalison, por acreditar em mim e me ajudar a realizar esse sonho, juntamente com a Professora Ramifranca, por quem tenho um imenso carinho. Agradeço ao Dr. Caio por ter aceitado participar da banca e por suas sugestões para a melhoria do trabalho realizado. À todos os professores do curso de Zootecnia e Agronomia, que contribuíram imensamente pra minha formação profissional e pessoal. Aos anjos que Deus coloca em nossas vidas em forma de amigos: Jouse, Andreia, Rafaelly, Dieny, Amanda, José Wilker, Renan, Durval, Rairon, Vandré, pessoas que tive o prazer de conhecer ao longo da vida acadêmica, as quais vou levar para o resto da vida. Às amigas que sempre me apoiaram e alegraram meu final de semana, quando não tinha prova na segunda-feira. Agradeço ao meu namorado Joziel, pelo amor, paciência. ajuda e compreensão nos momentos que mais precisei. Agradeço também ao Sr. Sebastião Portella e família, por terem permitido realizar o levantamento em sua propriedade. Muito obrigada à todos que torceram por mim e acreditaram em minha capacidade. 5 Meu Deus, Entrego-me a vós e fazei de mim, Profissional da Ciência Zootecnia, o que for de vosso agrado. Deponho minha sabedoria em prol da saúde, conforto, melhoramento e alimentação de todos os animais. Ajudai-me a cuidar e lutar pela salvação dos Campos. Dai-me forças para progredir como Zootecnista, buscando melhor qualidade e quantidade de alimentos para a humanidade. Não deixai que o egoísmo e a inveja se apossem de meu coração. Estou pronto para tudo, aceito tudo, desde que Vossa vontade se realize em mim, com uma Confiança infinita, pois sois nosso Pai. Amém. Autores: Zootecnistas: Fabrício de Morais Ribeiro e Celso Pontes. 6 RESUMO Na pecuária extensiva e semi-extensiva, as plantas tóxicas são uns dos principais problemas que trazem grandes perdas econômicas à produção animal. Assim, o objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento visando identificar a presença de plantas tóxicas de interesse pecuário em dois locais de estudos, sendo o primeiro na área de savana do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Roraima, localizada no Município de Boa Vista e na Fazenda Racho Octávio Portella, localizado no Município de Iracema, caracterizada como área de transição de savana para floresta amazônica. Para a identificação das plantas tóxicas foram realizadas visitas nos locais de estudo entre os meses de novembro de 2013 a janeiro de 2014, foi realizado uma coleta das possíveis plantas tóxicas e realizada a analise através de fotografias e consulta bibliográfica para uma possível identificação botânica. Foram identificadas as seguintes plantas tóxicas: Palicourea marcgravii, que causa morte súbita em bovinos, Ipomoea asarifolia com sinais clínicos neurológicos em bovinos, a Arrabidaea bilabiata, Arrabidaea japurensis, sendo Arrabidaea japurensisa segunda em importância relacionada com morte de bovinos para o Estado de Roraima. Lantana spp, Palicourea grandiflora, entre outras. Concluiu que ambos os locais de estudo apresentam um quantitativo considerável de plantas tóxicas de importância pecuária, podendo até ocorrer alguma intoxicação nos animais, que estão presentes nos locais onde foi realizada a pesquisa. Palavra-chave: Intoxicação. Lavrado. Pastagem. Pecuária. 7 ABSTRACT In extensive and semi-extensive livestock, toxic plants are major problems which bring great economic losses to livestock production ones. The objective of this study was to conduct a survey to identify the presence of toxic plants for livestock interests in two study sites, the first being in the area of the Savannah Center for Agrarian Sciences, Federal University of Roraima, located in the municipality of Boa Vista Farm and Racho Octavio Portella, located in the municipality of Iracema, characterized as a transition area of the Amazon rainforest to savannah. For the identification of toxic plants were visited in the study sites between the months of November 2013 to January 2014 a collection was made possible toxic plants and the analysis performed through photographs and bibliographic research for a possible botanical identification. The following toxic plants were identified: Palicourea marcgravii, which causes sudden death in cattle, Ipomoea asarifolia with neurological clinical signs in cattle, the Arrabidaea bilabiata, Arrabidaea japurensis , with Arrabidaea japurensisa the second in connection with death of cattle in the State of Roraima importance. Lantana spp Palicourea grandiflora, among others. Concluded that both study sites have a considerable quantity of toxic plants importance of livestock, poisoning may even occur in some animals, which are present in the places where the survey was conducted. Keyword: Intoxication. Plowed. Pasture. Livestock. 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Palicourea marcgravii ............................................................................................ 14 Fgura 2 - Arrabidaea bilabiata ............................................................................................... 16 Figura 3 - Arrabidaea japurensis............................................................................................ 17 Figura 4 - Imagem aérea do Centro de Ciências Agrárias.......................................................18 Figura 5 - Lantana câmara......................................................................................................20 Figura 6 - Ipomoea asarifolia..................................................................................................23 Figura 7 - Solanum spp............................................................................................................26 Figura 8 - Mimosa spp.............................................................................................................28 Figura 9 - Senna occidentalis...................................................................................................30 Figura 10 - Palicourea marcgravii..........................................................................................33 Figura 11 - Palicourea grandiflora..........................................................................................36 Figura 12 - Arrabidaea bilabiata.............................................................................................38 Figura 13 - Arrabidaea japurensis...........................................................................................40 Figura 14 - Crotalaria incana..................................................................................................43 Figura 15 - Brachiaria radicans..............................................................................................45 Figura 16 - Urina de bovino.....................................................................................................46 9 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 10 2 OBJETIVO ...................................................................................................................... 12 3 2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................. 12 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .................................................................................... 12 REVISÃO DE LITERATURA ...................................................................................... 13 3.1 4 5 PLANTAS QUE CAUSAM MORTALIDADE SÚBITA ........................................ 13 3.1.1 Palicourea marcgravii ........................................................................................ 13 3.1.2 Arrabidaea bilabiata .......................................................................................... 15 3.1.3 Arrabidaea japurensis ........................................................................................ 16 MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................................ 18 4.1 Localização da pesquisa ............................................................................................. 18 4.2 Critérios de escolha para os locais da pesquisa ......................................................... 19 RESULTADOS E DISCUSÕES .................................................................................... 19 5.1 Plantas que causam fotossensibilização secundária (hepatógena) ............................. 19 5.1.1 5.2. Plantas que causam síndrome tremorgênica .............................................................. 23 5.2.1. 5.3. Mimosa pudica e Mimosa debilis ....................................................................... 28 Plantas que causam degeneração e necrose muscular................................................ 30 5.5.1. 5.6. Solanum spp........................................................................................................ 26 Plantas que causam lesões mecânicas traumáticas .................................................... 28 5.4.1. 5.5. Ipomoea asarifolia.............................................................................................. 23 Plantas que causam neurolipidose ............................................................................. 26 5.3.1. 5.4. Lantana camara.................................................................................................. 19 Senna occidentalis .............................................................................................. 30 Plantas que afetam o funcionamento do coração ....................................................... 32 5.6.1. Palicourea marcgravii ........................................................................................ 32 5.6.2. Palicourea grandiflora ....................................................................................... 35 5.6.3. Arrabidaea bilabiata .......................................................................................... 37 5.6.4. Arrabidae japurensis .......................................................................................... 40 5.7. Plantas que, sob condições naturais, causam cirrose hepática ................................... 42 10 5.7.1. 5.8. Plantas que causam anemia hemolítica ...................................................................... 44 5.8.1. 6 7 Crotalaria incana ............................................................................................... 42 Brachiaria radicans............................................................................................ 44 MANEJO E CONTROLE DAS PLANTAS INVASORAS ......................................... 47 6.1. Prevenção ................................................................................................................... 47 6.2. Controle x erradicação ............................................................................................... 48 CONCLUSÃO ................................................................................................................. 51 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 52 10 1 INTRODUÇÃO A criação de ruminantes no Brasil é essencialmente baseada em sistemas de pastagens. Avalia-se que 80% dos quase 60 milhões de hectares das áreas de pastagens na região de cerrados apresentam algum estágio de degradação (MACEDO, RICHEL & ZIMMER, 2000). Um dos principais problemas resultantes do manejo inadequado das pastagens é a infestação por plantas daninhas e tóxicas. Estas plantas promovem queda da capacidade de suporte da pastagem, aumentam o tempo de formação e de recuperação do pasto, podendo causar ferimentos e/ou intoxicação aos animais e comprometendo a estética da propriedade (ROSA, 2001; SILVA et al., 2002; citados por ANDRADE, 2007). A criação dos animais no Estado de Roraima baseia-se quase que exclusivamente no sistema de criação extensivo. Esse sistema permite uma maior exposição dos animais de produção às plantas tóxicas, principalmente por sua presença indesejável nas pastagens. Uma das maiores dificuldades é de reconhecimento prático e visual destas plantas pelos profissionais, pecuaristas e demais interessados, necessitando assim de uma informação acessível e regionalizada para rápida identificação das espécies tóxicas objetivando minimizar os prejuízos causados. A falta de definição do que seja planta tóxica, do ponto de vista da pecuária, fez com que, de uma maneira geral no Brasil, inúmeras plantas fossem indevidamente incluídas nesta categoria. Tal fato tem causado bastante confusão em torno do assunto (TOKARNIA et al., 2007). TOKARNIA et al (2002) define planta tóxica de interesse pecuário a que é ingerida por animais de fazenda, em condições naturais que causa danos á saúde ou morte desses animais, com comprovação experimental. Portanto, consideram-se tóxicas todas as plantas que, ingeridas espontânea ou acidentalmente pelos animais, podem aduzir danos que se refletem na saúde ou vitalidade. As perdas econômicas causadas pela ingestão de plantas tóxicas pelos ruminantes são significantes aos pecuaristas, porém, muita dessas mortes ainda é desconhecida em nossa região, devido ao fato dos proprietários não reconhecer essas plantas em suas propriedades. Segundo TOKARNIA et al., 2007 pode se afirmar que no Brasil, é na região Amazônica onde as plantas tóxicas causam atualmente os maiores prejuízos aos rebanhos bovinos. O interessante é que apesar da Amazônia se tratar de uma região tão vasta, são 11 somente três as plantas tóxicas responsáveis por quase todas as mortes, em terra firme. Quase todas as mortes são causadas por uma só planta, Palicourea marcgravii (“cafezinho”, “erva de rato”), da família Rubiaceae. Por outro lado, na várzea, na área do Rio Amazonas, a principal planta responsável pelas mortes é Arrabidaea bilabiata (“gibata”) é na área do Rio Branco e seus afluentes é Arrabidae japurensis (sem nome popular), ambas da família Bignoniaceae. Considerando a falta de informação sobre o significativo impacto das intoxicações por plantas em animais de produção no Estado de Roraima precisamente na área de savana e na área de transição de savana para floresta Amazônica nos municípios de Boa Vista e Iracema, este trabalho tem como objetivo, levantar e identificar as plantas tóxicas que ocorrem nestas regiões, sugerida e/ou confirmadas como causadoras de mortalidades de ruminantes. 12 2 OBJETIVO 2.1 OBJETIVO GERAL Levantar e identificar as plantas tóxicas para ruminantes na área de savana e área de transição de savana para floresta Amazônica nos municípios de Boa Vista e Iracema. 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Identificar a ocorrência de plantas tóxicas na estação de seca e os locais de maior incidência; Identificar a botânica das plantas; Apresentar um esquema de controle e possível erradicação dessas plantas. 13 3 REVISÃO DE LITERATURA A seguir serão descritas as principais plantas tóxicas de interesse pecuário na região Norte, conforme relatos de literatura. Serão apresentadas as plantas causadoras de intoxicações naturais, distribuídas por órgão ou sistema afetado, considerando o nome científico, nome vulgar e características da planta tóxica, epidemiologia, quadro clínicopatológico, princípio ativo, diagnóstico e diagnóstico diferencial, tratamento e profilaxia. 3.1 PLANTAS QUE CAUSAM MORTALIDADE SÚBITA Na região Norte, as plantas que causam “morte súbita” pertencem às famílias Rubiaceae e Bignoniaceae (TOKARNIA et al., 2007). 3.1.1 Palicourea marcgravii Da família Rubiaceae, conhecida pelos nomes populares de “cafezinho”, “cafébravo, “erva café”, “erva de rato”, “roxa”, “roxinha”, “roxona” e “vick”, é a planta tóxica para herbívoro mais importante da Amazônia (Figura 1) (TOKARNIA et al., 2007). A maioria das perdas causadas por plantas tóxicas, na região amazônica é devido à P. marcgravii, sendo que na terra firme quase todas as mortes por plantas tóxicas em bovinos são causadas por ela, sua distribuição geográfica é a mais abundante do Brasil. É encontrada em todo país com exceção da Região Sul e do Sertão do Nordeste. São observados, os arbustos em lugares sombreados (mata, capoeira, pastos recém-formados) em terra firme, tem uma boa aceitabilidade, possui alta toxicidade e efeito acumulativo (TOKARNIA et al., 2007). Em condições naturais, a intoxicação ocorre quase que exclusivamente em bovinos, mas recentemente foram observados surtos de intoxicação por P. marcgravii em ovinos e caprinos (SOTO-BLANCO et al., 2004) A intoxicação pela planta em bovinos ocorre quando estes penetram em matas ou capoeiras onde existe a planta, ou quando os animais são colocados em pastos recémformados em áreas antes ocupadas por mata. A planta aparentemente possui boa 14 aceitabilidade, pois os bovinos a ingerem em qualquer época do ano, mesmo com forragens abundantes, sem necessidade da presença do fator fome. São tóxicas as folha e as sementes. Para bovinos, a dose letal das folhas frescas é ao redor de 0,6g/kg, a dose também é semelhante para ovinos, caprinos e equinos. Para bovinos o início dos sintomas se dá poucas horas após a ingestão da dose letal e o exercício físico pode precipitar ou provocar os sintomas e a morte (TOKARNIA; DÖBEREINER, 1986). A sintomatologia clínica em bovinos consiste basicamente em pulso venoso positivo, instabilidade, tremores musculares seguidos por convulsões tônicas e morte. A evolução é superaguda, para bovinos e ovinos, já em caprinos, varia entre minutos a dias (SOTO-BLANCO et al., 2004). O princípio ativo presente na P. marcgravii e responsável pelas mortes é o ácido monofluoroacético que não é tóxico diretamente, mas o fluorcitrato, produto do seu metabolismo, é o responsável pela toxicidade, cujo mecanismo de ação é semelhante ao descrito na A. bilabiata (GÓRNIAK, 2008). Ainda não há tratamento satisfatório para a intoxicação de ruminantes pela P. marcgravii, em virtude de evolução superaguda. Experimentalmente, administrações de xilazina, hidrato de cloral e acetamina (doadora de acetato) foram realizados em ratos com bons resultados, mas não foram eficazes na reversão desta intoxicação em bovinos (GÓRNIAK, 2008) O único meio atualmente disponível para se evitar mortes dos animais por esta planta é a remoção dela ou a restrição total do acesso dos animais a áreas onde ela esteja presente (POTT et al., 2006; SOTO-BLANCO et al., 2004). Figura 1 - Palicourea marcgravii 15 Fonte: Costa (2000). 3.1.2 Arrabidaea bilabiata Pertencente a Família Bignoniaceae, conhecida pelos nomes populares de “gibata” ou “chibata”, (Figura 2) é a planta tóxica para herbívoros mais importantes das regiões de várzeas da Bacia Amazônica e a segunda em importância considerando toda a região Amazônica, nos estados do Pará, Roraima e Acre. A. bilabiata, no Brasil, é abundante em muitas áreas da Bacia Amazônica, mais ocorre somente nas partes baixas (várzeas, restingas e abas de teso) que se inundam durante o período de “cheia”, isto é, nas margens do Rio Amazonas, de seus paranás, lagos e afluentes (TOKARNIA et al., 2007). Estudos experimentais realizados por Tokarnia et al. (2004) demonstraram que tanto búfalos quanto bovinos são sensíveis aos efeitos tóxicos da A. bilabiata, sendo às folhas mais novas duas vezes (100%) mais tóxicas do que as folhas maduras (50%), e que os búfalos foram pelo menos duas vezes mais resistentes à ação tóxica da A. bilabiata do que os bovinos. Ficando, no entanto, sem esclarecimentos mais específicos sobre a(s) causa(s) dessa maior resistência nos búfalos. Os sintomas de intoxicação por A. bilabiata, nos bovinos, iniciam-se aproximadamente de 6 a 24 horas após a sua ingestão, quanto maior a quantidade ingerida, menor é a evolução da intoxicação, que geralmente é superaguda, de minutos nos casos fatais. As características da intoxicação por A. bilabiata, nos bovinos inclui instabilidade, tremores musculares, dispnéia, queda em decúbito esterno-abdominal, depois lateral, movimentos de pedalagem, mugidos e morte (TOKARNIA et al., 2007). Um glicosídeo do tipo esteróide cárdioativo foi identificado como princípio ativo da A. bilabiata, que pode interferir com a Na/K-ATPase, diminuindo o K intracelular e levando o bloqueio cardíaco e aumento do tônus vagal, reduzindo ou bloqueando a atividade sinoatrial (CORTES, 1969/71). Já Krebs, Kemmerling & Habermehl (1994) ao isolarem o ácido monofluoracético da A. bilabiata, presumiram que este princípio tóxico possa ser responsável pela insuficiência cardíaca aguda nos animais intoxicados, por interferir diretamente no funcionamento cardíaco e posteriormente no desenvolvimento de choque cardiogênico. Não se conhece tratamento para a intoxicação por A. bilabiata. Recomenda-se deixar em repouso os animais intoxicados. A profilaxia da intoxicação consiste em fazer o possível para que os animais não passem fome nas épocas de mudança de gado, fazer o embarque e 16 desembarque dos animais em áreas onde não haja A bilabiata e movimentar os bovinos só o essencialmente necessário. Tentar o combate da planta com herbicidas (TOKARNIA et al., 2007). Figura 2 - Arrabidaea bilabiata Fonte: Tokarnia et al. (2007). 3.1.3 Arrabidaea japurensis Pertencente à família Bignoniaceae, apesar de ser a planta tóxica mais importante da região dos “lavrados” do Estado de Roraima (Figura 3), onde causa prejuízos bastante elevados, era uma planta desconhecida aos criadores de bovinos. As “mortes súbitas” causadas por sua ingestão foram erroneamente atribuídas por eles a outra planta, o “tingui”, identificado como Coutoubea ramosa Aubl., da família Gentianaceae (TOKARNIA et al., 2007). Arrabidaea japurensis tem sido reconhecida até agora como causa de mortandades em bovinos no Brasil somente no Estado de Roraima. Ela tem seu habitat nas margens dos grandes rios da região, em clareiras e na borda das matas que margeiam esses rios, sempre em áreas que se inundam durante as cheias. Ocorre também dentro dessas matas, onde, devido ao excesso de sombra, não se desenvolvem bem, não devendo constituir problemas porque a massa de folhas produzida é pequena, a folha madura é menos tóxica, além disso, a A. 17 japurensis sobe pelas árvores ficando assim, em grande parte, fora do alcance de bovinos (TOKARNIA et al., 2007). A dose que causa a morte em bovinos é bastante variável: 10 gramas de brotação de Arrabidaea japurensis por Kg de peso animal, ingerido de uma só vez, porém, quantidades decrescentes, até 1,25g/kg, ainda causam a morte de parte dos bovinos, não possui efeito acumulativo. Os primeiros sintomas de intoxicação experimental por essas plantas foram de aproximadamente de 6 a 22 horas após a sua ingestão. Os principais sintomas foram: andar cambaleando, tremores musculares, súbita perda de equilíbrio, queda do animal, movimentos de pedalagem, ás vezes berros e forte cerramento das pálpebras, seguindo-se de morte súbita (TOKARNIA et al., 2007). Não se conhece o principio tóxico da planta. Também não se conhece tratamentos para esta intoxicação, deixar o animal em repouso à manifestação dos primeiros sintomas é a única medida que se pode aconselhar. A profilaxia é problemática, pois, não se pode evitar o pastejo dos animais nas margens dos rios na época da seca, pois essas são as únicas áreas onde há verde, dado o regime de criação extensiva. Talvez a medida mais indicada seja o combate à planta através de herbicidas (TOKARNIA et al., 2007). 1 Figura 3 - Arrabidaea japurensis Fonte: Tokarnia et al. (2007). 18 4 MATERIAL E MÉTODOS 4.1 Localização da pesquisa Os dados desta pesquisa foram coletados entre os meses de novembro de 2013 a janeiro de 2014 no Campus do Cauamé da Universidade Federal de Roraima (Figura 4), localizada na região do Monte Cristo, zona rural do Município de Boa Vista, as margens da BR-174, Km 12 (Figura 4) e na Fazenda Racho Octávio Portella, localizado no Município de Iracema, Km 110 as margens da BR-174. Segundo Köppen o clima da região encontra-se na Zona Climática Tropical, sendo classificado como tropical úmido tipo “A”, subtipo AW onde o clima é o tropical chuvoso com predomínio de savanas. Este clima tem como características ser quente e úmido, com a estação chuvosa no período do verão. As precipitações apresentam-se inferiores a 60 milímetros no mês de maior estiagem e a precipitação média anualmente é de 1.750 milímetros. Figura 4 – Imagem aérea do Centro de Ciências Agrárias 19 Fonte: Fabrício Nunes. 4.2 Critérios de escolha para os locais da pesquisa Um dos principais critérios da escolha dos locais de coletas das plantas tóxicas foi devido à constatação da presença das plantas indesejáveis, porém, não se tinha uma possível identificação das mesmas que estão presentes nos locais pesquisados e houve relatos de mortes desconhecidas de bovinos na propriedade do município de Iracema. Para a determinação da identificação de plantas tóxicas no Campus do Cauamé e na Fazenda Rancho Octávio Portella, foi realizado visitas nas propriedades, todas as pastagens foram visitadas a pé. Foi realizada a coleta das possíveis plantas tóxicas e feita a análise através de fotografias e consulta bibliográfica para uma possível identificação botânica. 20 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES Como resultados obtidos na referente pesquisa tem-se a identificação das seguintes plantas tóxicas para os ruminantes. 5.1 Plantas que causam fotossensibilização secundária (hepatógena) 5.1.1 Lantana camara Pertencente à família Verbenaceae, conhecida com os nomes populares de “chumbinho”, “cambará”, “camará”, “cambará-de-espinhos, “cambará-de-duas-cortes”, “camará-branco”, “chumbo”, “camará-juba”, “cambará-de-cheiro”, “cambará-vermelho”, “cambará-verdadeiro”, “capitão-do-campo”, “cambará-miúdo” e “cambará-de-folha-grande”, pertencente ao grupo de plantas tóxicas que causam fotossensibilização (Figura 5). Existem muitas variedades de L. camara, que diferem em cores das flores, no habitat e em várias características morfológicas. A intoxicação desta planta não está relacionada à cor das flores (ALUJA, 1971). Esta planta tóxica foi encontrada nos dois locais de estudos os locais de maior predominância foram próximos às cercas dos currais, no local onde está a capineira no Rancho Octávio Portella e no meio da própria pastagem, e sua maior incidência foi nas pastagens abandonadas, sua distribuição em quantidades foi relativamente alta. Imagem 5 – Lantana camara 21 Fonte: Arquivo pessoal Centro de Ciências Agrárias Fonte: Arquivo pessoal Rancho Octavio Portella Características gerais e descrição botânica São plantas perene, subarbustivas ou arbusto com todas as partes aromáticas, até 1-2 (2,5)m de altura, bastante ramificada, caule e ramos tetrangulares, pubescentes, lisos ou esparsamente aculeados. Folhas oposto-decussadas, obovado-oblongas ou ovais, pecioladas, cartáceas, áspero-rugosas na face superior , pubescentes na inferior, ápice agudo ou curtoacuminado , raramente obtuso, margem crenado-serreada , rede de nervuras proeminentes na face inferior. Inflorescência em capítulos umbeliformes, axilares, longo-pedunculados, pedúnculo anguloso, brácteas involucrais lanceoladas, longas e delgadas, de ápice agudo, corola amarela, alaranjada, depois vermelha, ou branca, amarela, depois violácea, tubulosa, com 6-8 (10)mm de comprimento, um pouco abaulada lateralmente, na base, e os lobos truncados na parte superior. Fruto drupa globosa, lisa, de superfície brilhante, com 3mm de diâmetro, reunidos em infrutescências densas, roxo-escuros ou pretos quando maduro (MOLDENKE, 1955). Distribuição e habitat Acredita-se que elas sejam originárias da parte tropical e subtropical do Continente Americano; elas teriam sido levadas como plantas ornamentais para outros países com clima semelhante onde se difundiram. No Brasil Lantana spp. são encontrada desde a Amazônia até 22 o Rio Grande do Sul. Ocorrem em lugares abertos e em solos argilosos (TOKARNIA et al, 2007). Espécies animais sensíveis Sob condições naturais se intoxicam bovinos e ovinos. Pode-se concluir que são necessárias duas condições naturais para que ocorra a intoxicação natural por Lantana spp; é necessário que os animais estejam com fome e que sejam transferidos de pasto ou de região. (TOKARNIA et al, 2000). TUBET (1931) observa que, além da intoxicação ocorrer em animais de qualquer idade trazidos de fora, com fome, também seriam afetados bovinos jovens nascidos e criados nas áreas onde há a planta.. Partes e quantidades tóxicas da planta São tóxicas as folhas, tanto frescas quanto dessecadas. A planta não perde a toxidez durante o processo de dessecagem e a mantém durante pelo menos um ano (BRITO & TOKARNIA, 1995). As quantidades de Lantana spp, necessárias para causar intoxicação em bovinos e ovinos, têm sido bastante variáveis. Em experimento realizado em Pernambuco, a administração de L. camara fresca ou dessecada, por via oral, a oito bovinos, nas doses de 10 a 40g/kg/dia, durante 15 a 30 dias, só provocou leves sinais de fotossensibilização (SILVA & COUTO, 1971). Em outro experimento realizado no município de Quatis, Rio de Janeiro, foi disponibilizado para bovinos uma dose única de 40g/kg de planta fresca, por via oral, causando intoxicação grave com êxito letal, quando ofereceu a dose única de 20g/kg, também provocou intoxicação grave, porém, sem êxito letal já na dose única de 10g/kg, determinou apenas leve intoxicação ou ausência de sinais clínicos. A planta apresentou efeito acumulativo quando ingerida em quatro doses diárias de 10g/kg (1/4 da dose letal). A administração de quatro doses diárias de 5g/kg (1/8 da dose letal) ou de 8 doses de 2,5 g/kg (1/16 da dose letal) reproduziu grave intoxicação em partes dos animais. Doses de 1,25 g/kg (1/32 da dose letal) administradas durante 34 dias, não produziram quaisquer sinais clínicos (TOKARNIA et al, 1999). 23 Quadro clínico Os sinais clínicos descritos para a intoxicação por Lantana spp, tanto em bovinos quanto em ovinos, são muito uniformes. Em uma série de experimentos em bovinos, os sinais clínicos se iniciaram com anorexia e diminuição ou parada dos movimentos do rúmen, quando colocados ao sol os animais procuravam a sombra e apresentavam manifestações de fotossensibilização (reação química de queimadura exercida pelos raios solares à pele) sob forma de eritema, edema e necrose das partes despigmentadas da pele, inquietação, icterícia, urina de cor amarela escura até marrom, fezes ressecadas e em pequena quantidade. Parte dos animais morreram neste período de intoxicação. Nos animais que adoeceram gravemente e sobreviveram a esta primeira fase de aproximadamente 15 dias, seguiu-se uma segunda fase caracterizada por aparecimento de fendas cutâneas com desprendimento de pedaços de pele (gangrena seca/mumificada) e formação de feridas abertas e com mau cheiro. Nesta fase, os animais tinham bom apetite, o rúmen funcionava bem, as fezes eram normais, não havia mais inquietação, icterícia ou alterações na cor da urina (TOKARNIA et al, 1984). Tratamento e profilaxia A primeira providência a ser tomada no tratamento da intoxicação por Lantana spp. é a de colocar os animais na sombra, administrar glicose e purgantes oleosos, medicar as lesões na pele, na fase aguda, com unguentos anti-inflamatórios e, mais tarde, com pomadas que contêm substâncias que aceleram a cura (vitamina A e óxido do zinco), antibióticos e repelentes. Em casos graves usar também, por via parenteral, corticosteroides, antihistamínicos e antibióticos (TOKARNIA et al, 2007). A profilaxia consiste em não transferir animais com fome para pastagens invadidas por esta planta e, se possível, erradicar as plantas do pasto (TOKARNIA et al, 2007). 24 5.2. Plantas que causam síndrome tremorgênica 5.2.1. Ipomoea asarifolia Planta herbácea prostrada ou trepadeira, pertencente à família Convolvulaceae, que tem os nomes populares de “salsa”, “batatarana”, “jetirana”, “salsa-brava”, “salsa-da-praia” e “salsa-do-rio” (Figura 6). Esta planta tóxica foi encontrada nos dois locais de estudos, principalmente nas pastagens abandonadas, no Rancho Octávio Portella sua distribuição foi no piquete maternidade, sua ocorrência é bastante alta. Imagem 6 – Ipomoea asarifolia Fonte: Arquivo pessoal Centro de Ciências Agrárias Fonte: Arquivo pessoal Rancho Octavio Portella Características gerais e descrição botânica São plantas perenes herbáceas prostradas ou trepadeiras, latescente, totalmente gaba, de caule procumbente liso ou muricado, ascendente nas extremidades, com raízes adventícias nos nós. Folhas alternas, inteiras, glabrescentes, suborbiculares ou orbiculares, largamente cordiformes, base cordada e ápice arrendondado, palmatinérveas. Flores em geral solitárias, axilares ou em cimeiras de 2-10 flores pediceladas, corola infundibuliforme, róseo-violáceo a purpúreo, estames longos de dois tamanhos, anteras de base sagitada. Fruto cápsula subglobosa, tardiamente deiscente, sementes subglabras, marrom-escuras, com pelos muito curtos (AUSTIN, 1975). Distribuição e habitat 25 No Brasil, Ipomoea asarifolia, ocorrem nas regiões Norte e Nordeste, podem ser encontradas nas margens de rios e lagoas, nas praias marítimas, em terrenos abandonados e nas margens de estradas (TOKARNIA et al, 2012). Espécies de animais sensíveis Em condições naturais, ocorrem casos de intoxicação em bovinos, búfalos, caprinos e sobre tudo em ovinos (cordeiros são afetados com maior frequência) (TOKARNIA et al, 2012). Partes e quantidades tóxicas da planta Para mostrarem sinais de intoxicação, os animais precisam comer partes aéreas de I. asarifolia em grandes quantidades, quase como alimento exclusivo. Em bovinos, os primeiros sinais aparecem entre dois e quatro dias, porém, em ovinos e caprinos os sinais aparecem por volta de algumas semanas após a ingestão da planta (TOKARNIA et al, 2012). Em experimentos realizado por BARBOSA et al (2005), em bovinos e búfalos, uma a quatro doses de 10 a 20g/kg provocaram o aparecimento de sinais clínicos acentuados. MEDEIROS et al (2004), administraram as folhas verdes de I. asarifolia a nove caprinos que ingeriram 5 a 37 g/kg/dia e apresentaram sinais clínicos em 4 a 38 dias. Cinco caprinos se recuperaram 4 a 9 dias após a suspensão da planta. Dois caprinos morreram (tinham ingerido 24,5 e 23,0 g/kg/dia durante 8 dias, mostraram os primeiros sinais clínicos após 7 e 6 dias, respectivamente e mostraram sinais clínicos durante 4 e 9 dias). Três caprinos com sinais clínicos foram eutanasiados para estudos histológicos e ultraestrutura. Um caprino que ingeriu 2,5g/kg/dia, durante 125 dias, não mostrou sinais clínicos. Quadro clínico Os sinais clínicos de intoxicação por está planta segundo DÖBEREINER, TOKARNIA & CANELLA (1960), são sempre de ordem nervosa, porém diferentes em cada 26 uma das três espécies animais. Em bovinos observam-se balanço da cabeça, tremores musculares, desequilíbrio do posterior e queda do animal ao solo. Esses sinais, em geral, aparecem sem a movimentação dos animais, mas são por elas intensificados e, algumas vezes, só são observados quando os animais são tangidos, o apetite é mantido. Interrompida a ingestão da planta, os sinais clínicos desaparecem em poucos dias, exceto quando ingeridas doses muito elevadas. Os ovinos mostram tremores musculares e perturbações na locomoção, o apetite é mantido quando interrompida a ingestão da planta, os sinais clínicos duram ainda vários dias e só morrem os animais que continuam a ingerir a planta depois de mostrarem os sinais clínicos. Já os caprinos intoxicados por I. asarifolia, apresentam sonolência, letargia (perda temporária ou completa da sensibilidade e do movimento) e poucas vezes tremores musculares e opistótono (arqueamento do corpo com a cabeça curvada para trás), o apetite é mantido, porém uma vez que tenha apresentados sinais clínicos, quase sempre os animais morrem, mesmo suspendendo-se imediatamente a ingestão da planta. Tratamento e profilaxia No caso dos bovinos e dos ovinos, é suficiente retirá-los do pasto invadido pela planta. Segundo DÖBEREINER et al. (1960), os caprinos, em geral, não mais se recuperam após terem exibido sinais clínicos. Em relação aos caprinos, pelos experimentos realizados por MEDEIROS et al. (2004), ao contrário do verificado por DÖBEREINER et al. (1960), estes também podem se recuperar. A profilaxia consiste em evitar que durante a época de seca, os animais sejam colocados em pastagens ou tenham acesso a áreas muito invadidas por I. asarifolia. 27 5.3. Plantas que causam neurolipidose 5.3.1. Solanum spp. São plantas conhecidas pelos nomes populares de “arrebenta-cavalo”, “melância-da praia”, “babá”, “bobó”, “mingola”, “joá-bravo”, “joá”, “juá”, “mata-cavalo”, “arrebenda-boi”, “joá-ti” e “jurubeba” (Figura 7). Pertencente a família Solanaceae. Esta planta tóxica foi encontrada nos dois locais de estudo, constada sua presença principalmente em pastagens abandonadas, nas margens dos corredores que separam as pastagens onde os bovinos percorrem para ir para o curral e na pastagem utilizada como maternidade no Rancho Octávio Portella. Sua incidência é bastante alta nos locais de análise. Imagem 7 – Solanum spp Fonte: Arquivo pessoal Centro de Ciências Agrárias Fonte: Arquivo pessoal Rancho Octávio Portella Características gerais Planta anual herbácea, ereta, espinhenta, ramificada, de caule densamente armado de acúleos verde-amarelados, entre 30-80 cm de altura, nativa do Brasil. Propaga-se exclusivamente por sementes (LORENZI, 2000). Distribuição e habitat 28 É planta invasora de pastagens ou terrenos abandonados, são encontrados praticamente em todo o Brasil. Espécies animais sensíveis Sobre condições naturais, a intoxicação por esta planta só tem sido observada em bovinos (TOKARNIA et al, 2012). Partes e quantidades tóxicas da planta Em dois bovinos com respectivos 6 a 12 meses de idade, doses de 400g de Solanum spp. (partes superiores com folhas, flores e frutos) dessecadas, administradas de segunda a sexta-feira, através de fistula ruminal, causaram aparecimento dos primeiros sinais clínicos entre 76 e 155 dias, foram consumidos entre 21.200 e 40.200g da planta, isto é, 166 a 297g/kg, o que corresponde a mais ou menos 1,5 a 2.0kg/dia da planta dessecada (TOKARNIA et al, 2012). Quadro clínico Os sinais clínicos são caracterizados por crises periódicas do tipo epileptiforme (assemelha a um ataque de epilepsia) que, em geral, ocorrem quando os animais são assustados ou excitados, mais podem ser espontâneos. Essas crises são evidenciadas por nistagmo (oscilações rítmicas, repetidas e involuntárias de um ou ambos os olhos conjugadamente), rigidez dos músculos do pescoço e dos membros anteriores, extensão da cabeça, perda de equilíbrio e queda em decúbito dorsal ou lateral, com opistótomo (arqueamento do corpo com a cabeça curvada para trás) e contrações tônico-clônicas. Quando em marcha os animais mostram hipermetria (erro de focalização da imagem no olho). A crise leva em geral desde alguns segundos até um minuto (TOKARNIA et al, 2012). 29 Tratamento e profilaxia Não se conhece tratamento para a intoxicação por esta planta. A profilaxia da enfermidade é difícil, porém, a medida mais eficiente é evitar que os bovinos sejam colocados em lugares muito invadidos por esta planta, sobretudo em épocas de carência de forragem (TOKARNIA et al, 2012). 5.4. Plantas que causam lesões mecânicas traumáticas 5.4.1. Mimosa pudica e Mimosa debilis Da família Mimosoideae, Mimosa pudica é conhecida pelos nomes populares de “dormideira”, “sensitiva”, “dorme-dorme”, “malícia-de-mulher”, “dorme-maria”, “erva-viva”, “mimosa”, “arranhadeira”, “malícia”, “juquiri-rasteiro”, “malícia-roxa”, “morre-leão”, “vergonha” e “malícia-das-mulheres”, já, a Mimosa debilis é conhecida por nomes populares de “dormideira” e “sensitiva-de-leite” (Figura 8). Estas plantas tóxicas foram encontradas somente em um local de pesquisa, no Centro de Ciências Agrárias. Imagem 8 – Mimosa spp Fonte: Arquivo pessoal – Mimosa pudica Centro de Ciências Agrárias Fonte: Arquivo pessoal – Mimosa debilis Centro de Ciências Agrárias 30 Características gerais e descrição botânica Mimosa pudica é um subarbustos prostrados, ramos híspidos, aculeados, acúleos recurvados. Folhas 4-pinadas; estípulas 6–8 × 1–2mm, lanceoladas, persistentes; raque foliar 1–2mm comprimento, híspidas; 30–42 foliólulos, 8–10 × 1,5–2mm, oblongo- lineares, glabros; parafilídios presentes. Inflorescências capituliformes, espiciformes, axilares; flores 4 meras, 7–9mm comprimento, homomórficas; cálice menos que 1mm comprimento, campanulado, glabro; corola comprimento 2 mm, 8mm comprimento, homodínamos, filetes róseos, tomentosa; 4 estames, 6– livres, puberulentos; ovário 1mm comprimento, tomentoso, estilete 5mm comprimento, glabro. Craspédios 3–4-articulados, 1,1–1,6 × 0,4–0,5cm, estrigosos; sementes 2 × 1mm, elípticas, negras. (DUTRA, GARCIA & LIMA, 2008). Distribuição e habitat São plantas invasoras e ocorrem em todo território brasileiro. Invadem pastagem, solos cultivados, pomares e terrenos baldios (LORENZI, 2000). Espécies de animais sensíveis Os efeitos de intoxicação por esta planta foram observados em bovinos, ovinos e equinos. Sinais clínicos As lesões determinadas pelo contato surgem poucos dias após os animais serem colocados em pasto onde existem grande quantidades dessa planta. Em bovinos e equinos observa-se ulceras na pele, em alguns casos recoberto por crostas. Essas lesões localizam-se principalmente na superfície anterior das quartelas e dos boletos e na cabeça. Em ovinos as lesões são semelhante a dos bovinos. (TOKARNIA et al, 2012). 31 Tratamento e profilaxia Com a retirada dos animais das pastagens invadidas pela planta as lesões desaparecem (TOKARNIA et al, 2012). 5.5. Plantas que causam degeneração e necrose muscular 5.5.1. Senna occidentalis Planta tóxica da família Caesalpinoideae, conhecida por nomes populares de “fedegoso”, “fedegoso-verdadeiro”, “mata-pasto”, “manjerioba”, “mamangá”, “lava-pratos”, “pajamarioba”, “tararaçu” e “tararubu” (Figura 9). Esta planta foi encontrada nos dois locais de estudo, em maior quantidade no Rancho Octávio Portella foi constatado sua presença em praticamente toda área de pastagem. Imagem 9 – Senna occidentalis Fonte: Arquivo pessoal Centro de Ciências Agrárias Características gerais Fonte: Arquivo pessoal Rancho Octávio Portella 32 São plantas anuais, arbustiva, lenhosa, muito ramificada, de 1-8m de altura, com tronco de 20-30 cm de diâmetros. Folhas compostas de 2 pares de folíolos opostos. Propagase exclusivamente por sementes (LORENZI, 2000). Distribuição e habitat É uma planta amplamente distribuída em regiões tropicais e subtropicais, ocorre em todo Brasil. A planta tem como habitat pastos baixos e áreas de solo fértil, em especial ao redor de culturas. É bastante encontrado em fazendas com excesso de lotação (TOKARNIA et al, 2012). Espécies animais sensíveis Intoxicação natural por essa planta foi visto em suínos (MATINS et al, 1986) e, provavelmente em equinos (BARROS et al, 1990). Experimentalmente, a intoxicação foi reproduzida em bovinos (BARROS et al, 1990), caprinos (BARBOSA et al, 2003), equinos (IRIGOYER, GRAÇA & BARROS 1991), suínos (MARTINS et al, 1986, RODRIGUES, RIET-CORREA & MORES, 1993) e aves (TORRES et al, 1971, BUTOLO et al, 1972). Partes e quantidades tóxicas da planta No Brasil, os surtos de intoxicação ocorreram pela ingestão de ração contaminada por sementes de S. occidentalis, em bovinos e equinos através do sorgo (BARROS et al, 1999) e em suíno através do milho (MARTINS et al, 1986). Em todos os experimentos utilizaram-se sementes de S. occidentalis. Um bezerro recebeu por via oral 10g/kg das sementes moídas, em duas vezes (8 e 2g/kg) com dois dias de intervalo, e em outro, que ingeriu 10g/kg em cinco doses diárias de 2g/kg, os primeiros sinais clínicos foram observados depois de 24 e 48 horas, e a morte ocorreu 5 e 6 dias após início da administração da planta (BARROS et al, 1999). 33 Quadro clínico Em dois surtos em bovinos foi observado mioglobinúria a urina se torna vermelhoamarronzada na presença de valores altos de mioglobina indicado pela liberação de mioglobina pelos rins, são observados fraqueza muscular, tremores, andar cambaleando, decúbito e morte. A evolução clínica foi de 2 a 5 dias. Em um dos surtos, os bovinos adoeceram 7 dias após terem sido retirados do campo invadido pela planta (IIHA et al, 1997). Tratamento e profilaxia Não se conhece tratamento para a intoxicação por esta planta. Na profilaxia é importante evitar que animais pastem onde a planta exista em grande quantidade, especialmente por ocasião de geadas e escassez de pasto, e não incluir a planta ou as suas sementes em feno ou rações de animais (TOKARNIA et al, 2012). 5.6. Plantas que afetam o funcionamento do coração 5.6.1. Palicourea marcgravii Esta erva foi encontrada no Rancho Octávio Portella, somente esta planta da imagem foi encontrada, a mesma estava na pastagem utilizada pelos bovinos adultos (Figura 10). Esta planta é muito apreciada pelos bovinos em geral, sendo consumida mesmo com os pastos fartos (LORENZI, 2000). 34 Imagem 10 – Palicourea marcgravii Fonte: Arquivo pessoal Rancho Octávio Portella Características gerais e descrição botânica Planta perene, arbusto de até 4m de altura, com caule lenhoso, nodoso e quebradiço. Folhas opostas, oblongo-lanceoladas, cartáceas, quando jovem às vezes arroxeada no dorso, tanto o caule quanto as folhas exalam nítido odor do salicilato de metila, cheiro característico do balsamo bengué, quando esmagados, nervação peninérvea. Estipulas interpeciolares subtriangulares, agudas, com base saldada. A inflorescência em panículas terminais, tendo pêndulos e pedicelas alaranjadas ou vermelhos, flores tubulosas, amarelas na base, suferinas na metade superior e purpúreas no ápice, externamente subvilosas, internamente com anel de pelos, estames com anteras brancas, inseridas mais ou menos na região mediana do tubo. Fruto baga arredondada de superfície costada, inicialmente avermelhada passando a roxoescuro, quase preto na maduração (SAIND-HILAIRI, 1824). Nativa do Brasil. Propaga-se apenas por sementes (LORENZI, 2000). Distribuição e habitat É umas das plantas tóxicas de mais larga distribuição geográfica no Brasil. Ela é encontrada em quase todo país. A planta tem como habitat áreas de terra firme, com boa pluviosidade, mais jamais ocorre na várzea (TOKARNIA et al, 2012). 35 P. marcgravii não sobrevive durante muito tempo em pastagens limpas, onde fica exposta ao sol. Ela precisa de sombra, porém não de sombra fechada, pode ocorrer na mata fechada, porém, não tem um bom desenvolvimento, assim cresce bem em beiras de mata, em capoeiras fechadas e ainda em pastos recém formados (TOKARNIA et al, 2012). Espécies animais sensíveis Sob condições naturais a intoxicação por esta planta ocorre, sobretudo em bovinos e, com menor frequência em búfalos. Não se conhece a intoxicação por esta P. marcgravii em ovinos e há raros históricos sugestivos de intoxicação em caprinos (TOKARNIA et al, 2012). Partes e quantidades tóxicas da planta São tóxicas as folhas e os frutos para bovinos 0,6g/kg das folhas frescas tem sido estabelecido como dose letal. Para ovinos, caprinos e equinos, a dose letal é semelhante. Na maioria dos experimentos, a planta demostrou acentuado efeito acumulativo nas administrações diárias de 1/5 da dose letal e se fez sentir ainda com 1/10, mais não com 1/20 da dose letal. A ingestão semanal de 1/5 da dose letal, não mais causou sinais de intoxicação (PACHECO et al, 1932; TOKARNIA et al, 1986; TOKARNIA et al, 1991; TOKARNIA et al, 1993). Quadro clínico Para bovinos, o início dos sinais clínicos se dá poucas horas após a ingestão da dose tóxica. O exercício físico, como andar ou correr pode precipitar ou mesmo provocar os sinais clínicos e a morte dos bovinos. Os vaqueiros dizem que os animais morrem ao “sentir a poeira do curral”, na realidade não é a poeira o fator decisivo e sim a movimentação e o calor que sobrecarregam o coração (TOKARNIA & DÖBEREINER, 1986). Os sinais clínicos da intoxicação em bovinos e búfalos consistem em pulso nervoso positivo, instabilidade, tremores musculares, o animal deita-se ou cai em decúbito esternoabdominal e depois lateral, faz movimentos de pedalagem. Muge e finalmente entra em convulsão tônica. Alguns animais mostram, anteriormente, sinais clínicos menos evidentes 36 como relutância em andar quando movimentados, taquipneia (aumento do número de incursões respiratórias na unidade de tempo), deitar-se em posição esterno-abdominal e urinar com frequência. O índice de letalidade é alto. Em equinos intoxicados experimentalmente predominam sinais nervosos acompanhados também de manifestação de insuficiência cardíaca (TOKARNIA et al, 1993). Tratamento e profilaxia Não se pode indicar qualquer tratamento em virtude da evolução superaguda da intoxicação. Considerando-se que o exercício poderá precipitar a morte, recomenda-se movimentar os animais o mínimo necessário, durante alguns dias, após a sua retirada da pastagem que exista esta planta tóxica (TOKARNIA et al, 2012) A profilaxia consiste em cercar as matas e capoeiras onde exista a planta, ou erradicá-la dos locais ao qual o gado tem acesso. Em regiões de mata ou capoeira, deve-se ter cuidado com pastos recém-formados, e ainda inspecioná-lo, arrancar a planta e/ou combatê-la com herbicidas, antes de colocar os animais (TOKARNIA et al, 2012). Bons resultados na prevenção da intoxicação de Palicourea marcgravii por fluoroacetato em animais de laboratório têm sido obtido pela administração de substâncias que fornecem acetato durante a sua metabolização, a administração, entretanto deve ser feita antes da exposição ao fluoroacetato ou logo no início do período de latência, o que, na prática, inviabiliza o tratamento com essas substâncias. Os melhores resultados têm sido obtidos como monoacetato de glicerol (monoacetina) e acetamina, enquanto que a monoacetina só é eficiente pela repetida aplicação por via intramuscular, a acetamida pode ser administrada por via oral (VICKERY & VICKERY, 1973; KELLERMAN et al, 2005). 5.6.2. Palicourea grandiflora É uma planta tóxica de menor importância, não possui nome popular (Figura 11). Esta planta tóxica foi encontrada somente no Racho Octávio Portella, no piquete maternidade no meio da pastagem. 37 Imagem 11 – Palicourea grandiflora Fonte: Arquivo pessoal Rancho Octávio Portella Características gerais Planta tóxica pertencente à família Rubiacea, é uma planta arbustiva de 2-6m de altura, com ramos jovens frequentemente pubérulos. Folhas pecioladas, glabras, subcartáceas, ovadas ou lanceolado-oblongas, acuminadas no ápice cuneadas ou obtusa na base, com 11 (15 pares de nervura laterais, proeminentes na face inferior, na superior imersas, anastomosandose a 3 (5)mm de distância da margem. O caule e as folhas não exalam odor de salisilato de metila, quando esmagados. Inflorescência terminal pedunculada, simosa, multiflora, com raque pedúncula e pedicelos vermelhos, puberulentos, corola amarela, tubulosa, infundibuliforme, o tubo com espesso anel de pêlos internamente, lóbulos lanceoladooblongos, agudos e inflexos no ápice, extremamente puberulento. Estames exsertos, com anteras deiscência linear e filetes longos. Fruto glabro, fortemente 8-10 costado ou profundamente estirado longitudinalmente em duas bandas hemisféricas unidas (STEYERMARK, 1974) Distribuição e habitat No Brasil, tem sido comprovada intoxicação por esta planta apenas no estado de Rondônia. Seu habitat é a mata (TOKARNIA et al, 2012). 38 Espécies animais sensíveis Em condições naturais a única espécie que tem se comprovado morte por Palicourea grandiflora é a bovina. Partes e quantidades tóxicas da planta A dose letal das folhas frescas de Palicourea grandiflora varia entre 1 e 2g/kg. A planta possui poder acumulativo quando ingerida em doses diárias de 1/5 ou 1/10 da dose letal (TOKARNIA et al, 2012). Quadro clínico Em bovinos os primeiros sintomas de intoxicação pelas folhas desta planta ocorrem no máximo 24h após a ingestão da dose letal. Os animais intoxicados apresentam os sinais de deitar-se ou cair em decúbito esternal, depois em decúbito lateral, apresenta opistótono, faz movimentos de pedalagem, muge algumas vezes e morre. Os sinais clínicos e a morte podem ser precipitados, ou mesmo provocados por exercícios (TOKARNIA et al, 2012). Tratamento e profilaxia Não se conhece tratamento para essa intoxicação. Como o exercício pode precipitar, ou mesmo provocar os sinais clínicos e a morte do animal, deve-se evitar ao máximo a movimentação de animais intoxicados. A profilaxia consiste em não deixar que os bovinos penetrem em locais onde existam essas plantas (TOKARNIA et al, 2012). 5.6.3. Arrabidaea bilabiata Está planta foi encontrada somente no Racho Octávio Portella, em menor quantidade somente no piquete onde ficam os bovinos adultos (Figura 12). 39 Imagem 12 – Arrabidaea bilabiata Fonte: Arquivo pessoal Rancho Octávio Portella Características gerais e descrição botânica Planta tóxica pertencente à família Bignoniaceae. É uma planta trepadeira, ramos cilíndricos acinzentados, glabos, lenticelosos. Folhas pecioladas, usualmente 3-folioladas, ou 2-folioladas com folíolo terminal transformado em gavinha, simples, glabra, folíolo elítico, ou ovado elítico, ápice agudo ou curto acuminado, base arredondada ou assimétrica. Inflorescência em rácemos axilares, curtos, com 7-15 flores, brancas, com uma brácta paleáceas envolvendo o cálice: cálice bilobado, corola campanulada infundibuliforme, externamente esparsamente tomentosa, fruto cápsula alongada deiscente, comprimida, 2valvar, 20-30cm de comprimento por 1,5 a 2 cm de largura, superfície lisa com uma nervura proeminente na região mediana, no sentindo longitudinal do fruto, valvas caducas quando bem maduras ou secas, permanecendo apenas a rafe presa ao pendúculos. Sementes achatadas, suborbiculares, aladas, ala estreita coriáceas, castanhas pouco diferenciada do corpo da semente (GOMES JUNIOR, 1951). Distribuição e habitat 40 A toxidez desta planta foi descoberta na Venezuela onde sua ocorrência é as margens do Rio Orinoco e de alguns de seus afluentes (CORTES 1969/1971). Espécies animais sensíveis Até o momento, há somente relato de intoxicação por esta planta em bovinos e búfalos (DÖBEREINER, TOKARNIA & SILVA, 1983). Partes e quantidades tóxicas da planta Em experimentos com as folhas frescas de A. bilabilata realizada em bovinos, a dose letal variou muito (TOKARNIA et al, 2012). Enquanto que, em uma série de experimentos feito na Amazônia, 1,25g/ kg das folhas frescas causaram graves sinais de intoxicação e 2,5g/kg provocaram a morte, em outra série de experimentos, também realizada na Amazônia, mas em locais diferentes, foram necessário 15g/kg para causar morte em bovinos (DÖBEREINER, TOKARNIA & SILVA, 1983). Quadro clínico Os sinais de intoxicação por A. bilabilata, em bovinos, iniciam-se por volta de 6 e 24 horas após o começo da ingestão da planta. A evolução da intoxicação em geral é superaguda, de minutos, na maioria dos casos fatais. Os sinais clínicos da intoxicação consistem em instabilidade, tremores musculares, dispneia, pulso nervoso positivo, o animal deita-se precipitadamente ou cai em decúbito esterno-lateral e faz movimentos de pedalagem, muge algumas vezes e morre. Em exames histopatológico foi observada degeneração hidrópico vacuolar associada à picnose nuclear dos túbulos contornados distais no rim em um búfalo (TOKARNIA et al, 2012). Tratamento e profilaxia Não se conhece tratamento para a intoxicação por A. bilabilata. A profilaxia consiste em fazer o possível que os animais não passem fome nas épocas de mudança de gado, o embarque dos animais deve ser efetuado em áreas onde não haja esta planta e a movimentação deve ser reduzida ao mínimo necessário. Pode-se tentar combater a planta com herbicida, embora ainda não existam estudos experimentais a respeito, convém lembrar que esta planta possui o sistema radicular muito bem desenvolvido (TOKARNIA et al, 2012). 41 5.6.4. Arrabidae japurensis É a planta tóxica de maior importância da região dos “lavrados” do estado de Roraima (Figura 13), onde causa bastante prejuízo, porém, ainda é uma planta bastante desconhecida aos criadores e sem nome popular (TOKARNIA et al, 2012). Esta planta de grande importância foi encontrada somente no Rancho Octávio Portella, somente na pastagem dos bovinos adultos. Imagem 13 – Arrabidaea japurensis Fonte: Arquivo pessoal Rancho Octávio Portella Características gerais e descrição botânica Trepadeira com caule de até 10 cm de diâmetro, com ramos estriados longitudinalmente, glabros, lepidotos ou pubérolos, os nós normalmente com uma glândula interpeciolar. Folhas 2-foliolatas, às vezes com gavinha, pecíolos pubérolos, folíolos oblongos ou ovado-oblongos, cartáceo e membranáceos, peninérveos. Inflorescência em rácemos curtos, axilares, flores alvas, tubuloso-campanulados, perfeitamente bilabiadas, corola campanulada, o tubo glabro internamente, pubescente apenas ao nível de inserção dos 42 estames; estames didínamos, anteras em tecas divergentes, e estaminoides muito próximo na base do tubo da corola. Fruto cápsula linear, comprimida, superfície verrucosa, com uma nervura na região mediana em sentido longitudinal, sementes aladas (GENTRY, 1977) Distribuição e habitat No Brasil só se tem relatos de mortes por Arrabidaea japurensis, no estado de Roraima. Esta planta tem seu habitat nas margens dos grandes rios da região, em clareias e na borda das matas que margeiam esses rios (igarapés), sempre em áreas que inundam durante a cheia. Ocorre também dentro de matas, onde, devido ao excesso de sombra, não se desenvolve bem, não devendo, portanto, constituir problema nessa área, porque a massa de folhas produzida é pequena, além disso, como é uma trepadeira fica, em grande parte, fora do alcance dos bovinos (TOKARNIA et al, 2012). Espécies animais sensíveis Até o momento só há relato de intoxicação por esta planta em bovinos (TOKARNIA et al, 2012). Partes e quantidades tóxicas da planta A dose que causa morte em bovinos é muito variável, 10g/kg de brotação de Arrabidaea japurensis, ingeridos de uma só vez, sempre têm causado morte dos bovinos, porém quantidades decrescentes, até 1,25g/kg, ainda causam morte de parte dos animais. As folhas maduras são menos tóxicas (TOKARNIA et al, 2012). Quadro clínico A evolução da intoxicação foi superaguda e durou de 1 a 8 minutos. Os principais sinais clínicos consistiram em andar cambaleante, tremores musculares, súbita perda de equilíbrio, quedas e movimentos de pedalagem, por várias vezes os animais mugiam e morriam, também foi observado à relutância do animal correr ou andar, os animais deitavam- 43 se repedidas vezes, apresentavam micções e defecações frequentes, dispneia, taquicardia e pulso venoso positivo (TOKARNIA et al, 2012). Tratamento e profilaxia Não se conhece tratamento para essa intoxicação. Deixar o animal em repouso à manifestação dos primeiros sinais clínicos é a única medida que se pode aconselhar. A profilaxia é complicada, pois, não se pode evitar o pastejo dos animais nas margens dos rios na época da seca, pois estas são as únicas áreas onde há vegetação verde, além disso, no que se refere ao aspecto econômico, é muito difícil cercar essas áreas, dado o regime de criação extensiva. Talvez a medida mais indicada seja o combate à planta através de herbicidas, contudo ainda não existem estudos experimentais a respeito. 5.7. Plantas que, sob condições naturais, causam cirrose hepática 5.7.1. Crotalaria incana Planta anual, subarbustiva ou herbácea, ereta, de 50-120 cm de altura. Propaga-se apenas por sementes. Conhecidas pelos nomes populares de “xique-xique”, “chocalho-decascavel”, “feijão-de-boi”, “gergelim-bravo”, “cascaveleira”, “guiso-de-cascavel”, “manduvira”, “guiseiro”, “perupaqui” e “jurupaqui” (LORENZI, 2000). Os frutos desta planta, quando seco, produz som semelhante ao de chocalho, quando a planta é tocada (TOKARNIA et al, 2012). Esta planta foi encontrada no Rancho Octávio Portella, sua distribuição foi relativamente alta, ela se encontra praticamente em todas as áreas de pastagens da propriedade (Figura 14). 44 Imagem 14 – Crotalaria incana Fonte: Arquivo pessoal Rancho Octávio Portella Fonte: Arquivo pessoal Rancho Octávio Portella Características gerais e descrição botânica Crotalaria incana pertencente à família Papilionoideae. Apresenta caule verde, ramificado com manchas avermelhadas e pilosidade revelada pela cor branca. Folhas alternadas, compostas trifoliadas, folíolos obovados com peciólulos muito curtos e com pequena ponta nos ápices, folíolo terminal pouco mais curto do que o pecíolo da folha. Inflorescência terminal do tipo cacho, contendo flores hermafroditas, curto-pedunculadas, cálice com 5 sépalas, corola com 5 pétalas amarelas, sendo uma delas, a mais externa, totalmente diferente das demais e apresentando estrias avermelhadas. Androceu com 10 estames e gineceu com ovário alongado e verde. Fruto legume verde, piloso e inflado. Assemelha-se muito com C. pallida, que apresenta também folhas compostas trifoliadas com folíolos obovados, mas cujo ápice é emarginado ou com reentrância. Propagação por meio de sementes (PORTAL MANUAL, 2014) Espécies animais sensíveis Há poucas informações na literatura brasileira sobre intoxicações naturais por Crotalaria spp. em bovinos. Não existem relatos na literatura de intoxicações por C. incana em bovinos ou em outras espécies de animais domésticos. Há apenas uma sugestão de que 45 essa planta tenha causado surtos de intoxicações em bovinos em Cuba (MARRERO et al., 2004). Quadro clínico As observações no surto investigado indicam que bovinos famintos devido à falta de pastagem podem se intoxicar por C. incana experimentando insuficiência hepática aguda e manifestando encefalopatia hepática rapidamente fatal. No presente relato as novilhas exibiram exclusivamente o quadro agudo, sugerindo que essa seja a forma de apresentação esperada para a intoxicação por C. incana. As observações dos diferentes autores quanto às manifestações presentes, o tempo de evolução para a morte e a característica do quadro, agudo ou crônico, pode ser devido à espécie de Crotalaria causadora da doença, à quantidade e parte da planta ingerida e à espécie que a ingere. Estudos adicionais poderão confirmar se a doença aguda é, de fato, a forma de apresentação padrão na intoxicação por C. incana em bovinos (QUEIROZ et al, 2013). 5.8. Plantas que causam anemia hemolítica 5.8.1. Brachiaria radicans Planta perene, prostrada ou ereta, 50-100 cm de altura. Propaga-se exclusivamente por sementes (LORENZI, 2000). Conhecida pelos nomes vulgares de “braquiária-do-brejo” ou “tanner grass” (Figura 15), é uma gramínea originária da África do Sul (TOKARNIA et al, 2012). Esta planta tóxica foi encontrada somente no Rancho Octávio Portella, elas estão localizada nos corredores próxima ao piquete maternidade, em grandes quantidades. 46 Imagem 15 – Brachiaria radicans Fonte: Arquivo pessoal Rancho Octávio Portella Fonte: Arquivo pessoal Rancho Octávio Portella Características gerais Pertencente à família Gramineae perene, estolonífera, com colmos decumbentes com nós glabros ou pilosulos. Folhas com bainha e lâmina frequentemente pilosulas ou glabras, lígula ciliada com 0,1cm, lâmina lanceolada ou linear-lanceolada medindo 10-13cm de comprimento e 1,8-2,0cm de largura. Inflorescências apresentam de 2-8 rácemos, sendo mais frequente de 4-6, largura do ráquis variando de 1,5-2,0mm. Espiguetas glabras de 3,5 por 1,5mm (MONTEIRO, et al. 1974). Distribuição e habitat No Brasil, B. radicans tem como habitat brejos ou solos úmidos, isto é, as partes baixas das pastagens (TOKARNIA et al, 2000). Espécies animais sensíveis Sob condições naturais, a intoxicação ocorre em bovinos e búfalos. A intoxicação por B. radicans foi reproduzida experimentalmente em bovinos, no entanto, ela apresentou efeitos nocivos em equinos e ovinos. 47 Quadro clínico Os sinais clínicos de intoxicação aparecem poucos dias após a introdução de bovinos em pastagem com B. radicans. A evolução da intoxicação é aguda ou subaguda. Os sinais clínicos observados em bovinos consistem em urina marrom avermelhada (Figura 16), fezes semilíquidas ou liquidas, emagrecimento, debilidade, andar desiquilibrado, mucosas pálidas e micções frequentes. Exames de laboratório revelam anemia hemolítica, elevado teor de nitrato no soro sanguíneo e metemoglobinemia (TOKARNIA et al, 2012). Intoxicação experimental por esta planta em 25 vacas, das quais 4 morreram, chamou a atenção pelo fato de que os animais, além de apresentarem sinais clínicos da intoxicação por nitratos/nitritos como perda de apetite, mucosas cianóticas ( coloração azul-arroxeada da pele), taquipneia, taquicardia, tremores, ataxia ( transtorno neurológico caracterizado pela falta de coordenação de movimentos musculares), amaurose (cegueira) em alguns casos, prostração (enfraquecimento, falta total de forças) e morte, ainda mostravam tenesmo vesical intermitente (sensação dolorosa na bexiga ou na região anal, com desejo contínuo, mas quase inútil, de urinar ou de evacuar), oligúria (diminuição e a ausência da produção de urina), urina na cor de café e constipação (TOKARNIA et al, 2012). Imagem 16 – Urina de bovino Fonte: Arquivo pessoal Rancho Octávio Portella Tratamento e profilaxia 48 Não se conhece tratamento específico para intoxicação por B. radicans. A remoção dos bovinos intoxicados para pastagem constituída por outra forrageira, na maioria dos casos, tem sido suficiente para recuperá-los. O mais indicado é manter os animais doentes em piquetes pequenos, e com boa alimentação, a sombra, e movimenta-lo o mínimo possível, a movimentação e o calor favorecem a morte, provavelmente em função da anemia. Nos casos mais graves a transfusão sanguínea poderá ser uma boa opção. A recuperação se inicia por volta de 3 a 4 dias. A profilaxia consiste em não manter os animais em pastagem formada exclusivamente por esta planta, quando verde e viçosa. Para evitar perdas de bovinos em áreas constituídas por B. radicans, sugere-se consorciação de pastagens, com outras forrageiras (GAVA 2009, GAVA et al, 2010). 6 MANEJO E CONTROLE DAS PLANTAS INSAVORAS O principal programa de controle das plantas invasoras é a prevenção da sua multiplicação, em qualquer sistema de controle destas plantas, deverá ser levado em consideração o modo de reprodução e de dispersão das espécies que se desejam controlar (SHETTY, 1979) o estádio de desenvolvimento (idade) destas plantas (DIAS FILHO, 1990). 6.1 Prevenção A prevenção de plantas invasoras engloba todas as estratégias de manejo, que impeçam a sua entrada e permanência em locais indesejáveis. Pode-se afirmar que medidas de prevenção são mais viáveis economicamente do que medidas de controle. Os programas de controle de plantas tóxico-invasoras devem ser dirigidos principalmente para plantas altamente prejudiciais para os animais. Algumas técnicas de manejo para prevenção são básicas e devem ser adotadas. As mais recomentadas são: No estabelecimento de novas pastagens devem ser utilizadas sementes puras, deverá certifica-se que as sementes não estejam misturadas com sementes de plantas tóxicoinvasoras. O gado recém-comprado ou aquele que comprovadamente esteja pastejando em áreas infestadas com plantas indesejáveis, não deveram ser diretamente colocados em 49 pastagens limpas. Esses animais devem ser temporariamente colocados em áreas específicas, a fim que sejam excretados, através das fezes, as sementes destas plantas invasoras necessitando de um período de até 7 dias para serem excretadas. O produtor deverá estar atento, para evitar uma possível produção de sementes destas plantas invasoras consideradas problemáticas. Evitar que as plantas invasoras, produtoras de frutos apreciados por pássaros e morcegos, frutifiquem em áreas de pastagem (DIAS FILHO, 1990). 6.2 Controle x erradicação A erradicação das plantas invasoras caracteriza-se, pela eliminação de toda parte viva e das sementes desta planta, embora na teoria esta prática seja bastante desejável, na prática é muito cara, principalmente em locais que as plantas invasoras já estejam disseminadas por grandes áreas. A principal limitação biológica para a erradicação de plantas invasoras perene, além da prevenção de produção das sementes, será a destruição das partes subterrâneas (rizomas, bulbos). Esta destruição pode, no entanto, ser teoricamente conseguida com a aplicação de herbicidas sistêmicos ou com roçagens frequentes visando esgotar as reservas internas de alimento da planta. Devido a uma série de fatores, a erradicação de uma determinada planta não poderá ser alcançada somente em um único ano, sendo necessário esperar outras estações de crescimento. O controle de uma planta invasora consiste na redução da população desta planta a tal ponto que sua presença não possa comprometer seriamente e economicamente a pastagem. Ao contrário da erradicação, um programa de controle é mais viável e possível de ser executado em nível de fazenda. Em situações onde a planta invasora já esteja bastante disseminada, o controle é a única alternativa a ser executada. Os principais métodos de controle de plantas invasoras que poderão ser utilizados em pastagens cultivadas são: Manejo das pastagens - Estimular o desenvolvimento das plantas desejáveis é o principal método de controle das plantas invasoras, uma pastagem competitiva reduz os espaços para germinação e desenvolvimento das plantas invasoras. O raleamento excessivo da cobertura da pastagem, fogo etc, além de modificar as condições de luz, também provoca 50 grandes variações na temperatura e na umidade do solo. Esses fatores são altamente estimulantes para a germinação de sementes de plantas invasoras devido ao efeito que têm na quebra da dormência das sementes. Métodos mecânicos – Controle das plantas invasoras como roçagem, gradagem etc, são ainda muito comuns, embora, existam técnicas mais avançadas de controle. É importante que se entenda o modo de ação de atuação dos métodos mecânico afim que sejam empregados eficientemente. As características físicas do solo influenciam na seleção dos métodos que serão empregados como exemplo: relevo quando muito acidentado ou inclinado, pode impedir a utilização de métodos mecânicos como roçagem com trator e favorece o emprego de roçagem manual. Químicos – As substâncias químicas capazes de matar as plantas ou inibir seu crescimento são chamados herbicidas. Em função do tipo de plantas que afetam, os herbicidas podem ser descritos como seletivos ou não seletivos. No caso de pastagens, os herbicidas, seletivos atuam sobre as plantas de folha largas sem afetar, ou afetando muito pouco, os capins. Os herbicidas não seletivos, quando em dosagem adequada, afetam todos os tipos de planta. Os principais utilizados são: Dicamba - Modo de ação: Herbicida sistêmico seletivo para plantas de folha larga, de absorção foliar e radicular. Modo de aplicação e doses recomentadas para pastagem: 0,65 a 2 l/ha em aplicação foliar. Intervalo de 30 dias entre a aplicação e o pastejo. 2, 4 – D + MCPA – Herbicida sistêmico, seletivo. Modo de aplicação e doses recomentadas para pastagem: 0,75 a 1 l/ha em aplicação foliar localizada ou em área total, por via terrestre ou aérea. Intervalo de 30 dias entre a aplicação e o pastejo. 2,4 – D + Picloran – Modo de ação: Herbicida sistêmico, absorvido por folhas, caules e raízes. É seletivo para espécie de folha larga. Modo de aplicação e doses recomentadas para pastagem: 3 a 5 l/ha nas aplicações foliares terrestres; 4 a 6 l/ha nas aplicações foliares aéreas; 4% nas aplicações no toco cortado (4 litros de herbicidas em 96 litros de água); 10% nas aplicações de anelamento, neste último caso aplica-se a solução no anel (10 litros de herbicidas para 90 litros de água). Intervalo de 30 dias entre a aplicação e o pastejo. Glyphosate – Modo de ação: Herbicida sistêmico, absorvido pelas folhas. Não é seletivo, devendo portando ser usado somente em aplicação dirigida a planta que se quer controlar e não em área total. As plantas desejáveis devem ser protegidas durante a aplicação. Modo de aplicação e doses recomentadas para pastagem: 4 a 6 l/ha em aplicação foliar. 51 Tebutiuron - Modo de ação: Herbicida sistêmico. A seletividade de Tebutiuron é dada pela sua dosagem de aplicação. Assim, doses a partir de 56kg/ha do produto comercial a 10% ou 28kg/ha do produto comercial a 20% ou ainda 14% kg/ha do produto comercial a 40%, podem levar ao controle de toda vegetação, inclusive as gramíneas úteis (DIAS FILHO, 1990). 52 7 CONCLUSÃO A região do estudo apresenta características peculiares em relação às plantas tóxicas de importância pecuária encontradas em outras regiões do Norte. A Palicourea marcgravii é a principal planta tóxica da região, porém no período da pesquisa, esta planta foi encontrada somente no Rancho Octávio Portella tendo baixa ocorrência, já, as plantas tóxicas Lantana câmara, Ipomoeia asarifolia, Solanum spp, Senna occidentalis, Crotalaria incana e Brachiaria radicans foram encontraras nos dois locais de estudos em grandes quantidades, podendo até intoxicar algum animal com o seu consumo excessivo. Estas plantas possuem grande importância, principalmente no período seco, pois seus frutos e folhas podem representar a única fonte de alimento para o rebanho, favorecendo excelentes condições de intoxicação. Portanto campanhas educativas sobre as plantas tóxicas de cada região seriam importantes, possibilitando o aprendizado de práticas preventivas à problemática regional. Programas de erradicação e prevenção das plantas invasoras são medidas que possibilitariam um melhor controle destas plantas nas pastagens, podendo até ocorrer à eliminação destas plantas indesejáveis. 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALUJA, A. S. Further investigation regarding the toxicity of members of the genus Lantana in México. XIX Congresso Mundial Veterinária, México, 1971, vol.1, p.337-331. ANDRADE, D. A. Caracterização morfológica e citogenética de sementes e plântulas de algumas espécies de plantas tóxicas. Dissertação de mestrado, Jaboticabal – SP , 2007. AUSTIN, D. F. Convolvulaceae. Ann. Miss. Bot. 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