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IX Encontro Nacional de Diagnóstico Veterinário
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de Veterinária, Universidade Federal de Pelotas, Campus Universitário s/n, Capão do Leão,
RS 96010-900, Brasil. E-mail: [email protected]
Introdução: A Dodonaea viscosa também conhecida
como vassoura-vermelha é uma árvore que mede 4-8 metros de altura encontrada em várias regiões do mundo, no
Brasil é encontrada em regiões litorâneas do Rio Grande do
Sul e se estende até São Paulo (Corrêa et al. 2004, Tokarnia
et at. 2012). A planta possui várias propriedades comprovadamente terapêuticas, é muito utilizada na medicina popular como remédio nos tratamentos de reumatismo, gota
e febre (Riaz et al. 2012). No entanto, para bovinos e ovinos, a Dodonaea viscosa é considerada tóxica sendo pouco
palatável, com efeito hepatotóxico responsável por causar
morte aguda em bovinos (Colodel et al. 2003, Cattani et al.
2004, Corrêa et al. 2004, Tokarnia et at. 2012). Este trabalho tem como objetivo de descrever os dados epidemiológicos clinicopatológicos de um surto de intoxicação espontânea em bovinos leiteiros da raça Jersey.
Material e Métodos: Foi realizada a necropsia de dois bo-
vinos (bov. 1 e bov. 2), fêmeas, da raça Jersey com quatro anos.
As necropsias foram realizadas em duas visitas, na propriedade
localizada no município do Capão do Leão, durante o período do
outono de 2016. Foi encaminhado ao Laboratório Regional de
Diagnóstico (LRD) fragmentos de órgãos de um bovino (bov. 3)
necropsiado pelo veterinário responsável pela propriedade. Após
as necropsias foram coletados fragmentos de órgãos da cavidade
abdominal, torácica e encéfalo ixados em formol a 10%, processados rotineiramente e corados com hematoxilina e eosina para
avaliação histológica.
Resultados: De acordo com o tratador os animais estavam em gestação de aproximadamente seis meses em lactação, próximos a entrarem em período seco. Os bovinos
apresentaram sinais clínicos com evolução de 5 a 6 dias
caracterizados por mudança no comportamento, queda
drástica na produção de leite, apatia e anorexia, seguidos
de morte. Macroscopicamente as principais lesões encontradas foram observadas no ígado caracterizadas por
acentuação do padrão lobular nos três animais. O bovino 1
encontrava-se em adiantado estágio de autólise, na abertu-
ra da cavidade abdominal dos bovinos 1 e 2 foi observado
grande quantidade de líquido serosanguinolento. O bovino
2 apresentou no intestino delgado e abomaso conteúdo
sanguinolento, observou-se no abomaso a mucosa hemorrágica com úlceras multifocais, havia também abscessos
multifocais no ígado, vesícula biliar distendida e edema de
mesentério. No exame histológico do ígado foi observado
nos três animais lesão similar caracterizada por necrose
de hepatócitos na região centrolobular, acompanhada por
congestão e hemorragia, as células desta região estavam
dissociadas, com núcleos picnóticos, cariorrexia ou até
mesmo ausentes, os hepatócitos da região mediozonal estavam com vacuolização citoplasmática característicos de
degeneração gordurosa.
Discussão: O diagnóstico foi con irmado a partir dos
dados epidemiológicos clinicopatológicos característicos
da intoxicação. A Dodonaea viscosa, não possui princípio
tóxico estabelecido, e para desenvolver os sinais clínicos
os animais necessitam consumir aproximadamente 25g/
Kg na fase de in lorescência, 30g/Kg na fase de brotação
ou folhas secas da planta (Colodel et al. 2003, Corrêa et al.
2004). Os sinais clínicos podem ser observados à partir de
algumas horas até dois dias após o consumo da planta e
com evolução de aproximadamente 8:00 horas (Corrêa et
al. 2004). Os sinais clínicos são caracterizados principalmente por apatia, anorexia, leve tenesmo, tremores musculares, di iculdade para permanecer em estação, compressão da cabeça contra obstáculos, decúbito esternal,
movimentos de pedalar, coma e morte (Cattani et al. 2004).
O período entre o consumo da planta até o desenvolvimento dos primeiros sinais clínicos não pode ser estimado, pois
a intoxicação foi espontânea e o tratador não soube a irmar
quando os animais entraram em contato, porém o quadro
clínico desenvolvido no caso em estudo teve evolução de 5
a 6 dias período muito superior ao descrito anteriormente e com sinais semelhantes caracterizados por mudança
Pesq. Vet. Bras. 36(Supl.2), outubro 2016
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IX Encontro Nacional de Diagnóstico Veterinário
no comportamento dos animais. Sugere-se que a evolução
possa ter sido em um intervalo maior de tempo devido ao
consumo em menores frações. Os achados macroscópicos
de ígado como acentuação do padrão lobular (aspecto de
noz moscada), distensão biliar, edema de intestino, abomaso com mucosa intensamente avermelhada, conteúdo de abomaso, cólon e ceco hemorrágicos, são descritos
nos quadros de intoxicação por Dodonaea viscosa e foram
compatíveis com os achados macroscópicos dos bovinos
deste surto (Cattani et al. 2004). As lesões microscópicas
de necrose hepatocelular coagulativa, acompanhada de
congestão e hemorragia também são descritas em casos de
intoxicação pela planta assim como neste caso (Colodel et
al. 2003, Cattani et al. 2004, Corrêa et al. 2004). Entretanto
outras plantas também são responsáveis por causar lesões
hepáticas agudas semelhantes e devem ser consideradas no
diagnóstico diferencial, algumas plantas como a Sessea brasiliensis, Cestrum laevigatum, Vernonia mollissima, Vernonia
rubricaulis, Cestrum corymbosum var. hirsutum e Cestrum
intermedium, e foram descartadas como causa de intoxicação neste surto devido a não existência delas na região
Sul do Rio Grande do Sul (Riet-Correa et al. 2007, Tokarnia et at. 2012). Plantas como Cestrum parqui, Xanthium
cavanillesii e Trema micrantha são observadas na região
(Riet-Correa et al. 2007, Tokarnia et at. 2012). Entretanto
as intoxicações por Cestrum parqui ocorrem geralmente
na primavera, o caso aqui apresentado ocorreu no outono
(Riet-Correa et al. 2007, Tokarnia et at. 2012). O Xanthium
cavanillesii necessita uma área que esteve coberta por água
para brotar, a propriedade onde os animais morreram não
possuía um relevo apropriado para o desenvolvimento da
planta (Tokarnia et at. 2012). O diagnóstico foi estabelecido a partir da presença da Dodonaea viscosa e ausência
destas outras plantas como a Trema micranta, semelhante
ao caso espontâneo da intoxicação ocorrido no município
de Osório, Rio Grande do Sul (Corrêa et al. 2004). As avalia-
ções macroscópicas e histopatológicas foram fundamentais
para descartar outras plantas que causam lesões hepáticas
crônicas como Senecio spp, Crotalaria spp, Crotalaria retusa, Crotalaria spectabilis, Tephrosia cinerea e Echium plantagineum (Tokarnia et at. 2012). Outro diferencial que se
deve levar em consideração é a intoxicação por larvas de
Perreyia ϔlavipes, que pode se descartada pela epidemiologia, pois esta condição ocorre entre os meses de junho e setembro, através da macroscopia quando é possível visualizar no interior dos pré-estômagos as larvas não digeridas e
principalmente na histologia devido a lesões em linfonodos
mesentéricos e baço (Riet-Correa et al. 2007).
Conclusão: A intoxicação por Dodonaea viscosa em bovinos é pouco relatada, esta planta é empiricamente conhecida como medicinal, por este motivo seu extrato é muito
estudado com o intuito de utilizá-la futuramente em alguns
tratamentos. Entretanto mais estudos devem ser realizados
para conhecer o mecanismo de ação que causa o quadro de
intoxicação em bovinos bem como seu princípio tóxico que
é composta por diversas substâncias.
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Vol.2. 3ª ed. Pallotti, Santa Maria, 692p. - Tokarnia C.H., Brito M.F., Barbosa
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TERMOS DE INDEXAÇÃO: Patologia, hepatotóxico, morte aguda,
planta tóxica.
67. Elias F., Fankhauser F., Cordeiro M.D., Pacheco A., Cepeda M.B., Carvalho T.M.S., Moscon R.
& Silva J.B. 2016. Levantamento sorológico dos agentes da tristeza parasitária em bovinos de leite na região Sudoeste do Paraná. Pesquisa Veterinária Brasileira 36(Supl.2):102103. Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus Realeza, Av. Edmundo Gaievisk 1000,
Medicina Veterinária, Realeza, PR 85770-000. Brasil. E-mail: [email protected]
Introdução: A Tristeza Parasitária Bovina é um complexo de duas enfermidades, a babesiose causada pelos protozoários Babesia bigemina e Babesia bovis e a anaplasmose
causada pela rickettsia Anaplasma marginale (Almeida et
al., 2006). Ambas as enfermidades causam prejuízos, uma
vez que há redução na produção de leite e carne, custo de
tratamentos e gastos com medidas preventivas necessárias
(Gonçalves 2000). O principal mecanismo de transmissão
dos agentes da TPB é pela inoculação do parasita ao animal
através do carrapato Rhipicephalus (Boophilus) microplus,
no Brasil as condições para desenvolvimento desse carrapato são favoráveis, uma vez que condições climáticas, rotação de pastagens e raças de bovinos podem in luenciar
ou não o desenvolvimento do carrapato (Souza 2011). No
Brasil são encontradas três diferentes situações epidemiológicas em relação ao surgimento da TPB, sendo as áreas
Pesq. Vet. Bras. 36(Supl.2), outubro 2016
consideradas livres, as áreas de instabilidade enzoótica e as
áreas de estabilidade enzoótica (Reiniger 2008, Santos et
al. 2009, Costa et al. 2011). O diagnóstico da tristeza parasitária pode ser realizado através de dados epidemiológicos,
sinais clínicos, lesões macroscópicas e exames laboratoriais
como esfregaços sanguíneos, Ensaio de Imunoadsorção Enzimático (ELISA) e Reação em Cadeia da Polimerase (PCR)
(Rodrigues et al. 2005, Vial & Goren lot 2006). O ELISA é
utilizado para detectar e quanti icar os níveis de anticorpos
da classe IgG no soro sanguíneo dos animais (Madruga et
al. 2000). Dessa maneira, o presente trabalho, objetivou realizar um levantamento sorológico dos agentes causadores
da TPB, em bovinos leiteiros provenientes da agricultura
familiar dos municípios de Santo Antônio do Sudoeste, Pérola do Oeste, Capanema e Planalto, localizados na região
Sudoeste do Paraná, divisa Brasil e Argentina.
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