A Importância da Mediação no Desenvolvimento na Primeira

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A IMPORTÂNCIA DA MEDIAÇÃO NO DESENVOLVIMENTO NA
PRIMEIRA INFÂNCIA
Ivete Bussolo1
Ademar Heemann2
RESUMO
Este trabalho aborda questões relacionadas à plasticidade do cérebro na
primeira infância. Ele parte da mudança do paradigma sobre o
desenvolvimento infantil, que provoca grandes transformações na forma de
atuação dos profissionais nas instituições e Centros de Educação Infantil. Um
ambiente estimulador e diversificado na Educação Infantil é fundamental para
favorecer a produção das sinapses, uma vez que são as conexões neuronais
que vão ampliar as possibilidades da criança e influenciar no seu
desenvolvimento. A pequena abordagem sobre a estrutura cerebral e o seu
funcionamento vai proporcionar maior compreensão de como acontece ás
sinapses. A mediação na perspectiva vigotskyana é defendida como
mecanismo essencial para o desenvolvimento do indivíduo. A interação
proporciona avanços nas zonas de desenvolvimento do sujeito. Dentro de uma
interpretação que considera a totalidade das ações, o texto levanta questões
que demonstram hipóteses de algumas características serem inatas e outras
adquiridas, na relação com o outro. O resultado dessa relação vai influenciar na
formação do sujeito através de fatores sociais e biológicos (VIGOTSKY, 2009).
A interação, o contato com a cultura vai humanizar e proporcionar a cognição,
como conseqüência, o aprendizado. Para tais aspectos é fundamental que a
formação do educador seja compatível com as exigências necessárias e assim
dar os encaminhamentos adequados de modo que ele saiba fazer a mediação.
Esse período tão importante da vida do ser humano precisa estar carregado de
afetividade, porque a emoção, além, de produzir cognição, é mecanismo de
sobrevivência (WALLON, 1992) A concepção de desenvolvimento infantil
qualitativa não subestima e nem negligencia a criança pequena. A estimulação
faz ousar, tira a criança do chão e à lança para as alturas (BOFF, 2005).
Palavra Chave: Plasticidade. Cérebro. Educação Infantil. Desenvolvimento.
Mediação. Sinapses.
1
Bacharel em Teologia, Licenciada em Pedagogia. Aluna do curso de especialização em
Neuropsicologia da Faculdade FACINTER-FATEC.
2
Doutor em Filosofia da Educação pela UNICAMP - Orientador.
2
1 – INTRODUÇÃO
O texto tem por objetivo, apresentar a mudança do paradigma
educacional na educação Infantil e suas implicações para o desenvolvimento
da criança. Considerando os benefícios proporcionados à Educação Infantil
pelos avanços das ciências e em especial a neurociência, é fundamental
evidenciar aspectos relevantes desse processo.
Baseado nos pressupostos levantados, a pesquisa bibliográfica vai
evidenciar, contribuições de autores sobre a plasticidade do cérebro.
Considerando os avanços das ciências, será enfatizada, a importância de um
ambiente favorável para exploração de todas as áreas neuronais da criança. O
desenvolvimento da criança na visão de Vigotsky não acontece de forma
estanque. Ela se dá num processo, continuo, descontinuo (WALLON) O
educador precisa compreender o funcionamento cerebral, assim como as fases
do desenvolvimento da criança, para proporcionar a ela, situações de vivencias
e aprendizagens no tempo oportuno de sua maturação. É na mediação, na
relação com o outro que o desenvolvimento acontece. O meio externo, a
cultura que vão humanizar e propiciar o desenvolvimento da criança em sua
totalidade. Tais situações serão determinantes para o tamanho do vôo que as
crianças vão fazer no futuro (BOFF).
2 – A MUDANÇA DO PARADÍGMA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Estudos sobre o desenvolvimento das crianças pequenas, os avanços
das ciências, em especial a neurociência contribuíram significativamente para
grandes mudanças na Educação Infantil.
As creches e jardins de infâncias (FREINET, 2004) foram criados para
que, mães trabalhadoras tivessem onde deixar seus filhos. Dentro de uma
visão assistencialista, e ou substitutiva das famílias, estavam voltadas somente
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para os cuidados. O caráter educacional foi ganhando forças nas últimas
décadas, após contribuições importantes sobre o desenvolvimento infantil de
Piaget, Vigotsky, Luria, Leontiev, Wallon, entre outros. Pesquisas recentes
sobre o cérebro e sua plasticidade na primeira fase da vida da criança foram de
grande valia para a percepção de investir na qualidade do atendimento nos
Centros de Educação Infantil.
Em alguns países mais desenvolvidos, como Coréia, Suíça, os
profissionais mais bem qualificados na área da educação trabalham nas
Instituições com crianças pequenas. No Brasil aconteceram significativos
progressos nos últimos anos. Mas, há um longo caminho a ser percorrido
quanto à qualificação dos Centros de Educação Infantil e dos profissionais que
nele atuam, assim como a valorização desses profissionais.
3 – OS CENTROS MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO INFANTIL DE CURITIBA,
SABEM MEDIAR
A Prefeitura Municipal de Educação de Curitiba (PMEC) ao longo do
tempo vem transformando os Centros Municipais de Educação Infantil
(CMEIS). Apoiada na visão Vigotskiana, mas sem negligenciar o olhar e os
estudos sobre outras autoridades, na área do desenvolvimento infantil. A
PMEC possibilitou significativos avanços em direção de uma educação
mediadora de qualidade.
A Secretária Municipal de Educação de Curitiba Eleonora Bonato Fruit
com seu olhar sensível sobre a criança pequena em conjunto com a diretora do
Departamento de Educação Infantil, Ida Regina Moro Milléo de Mendonça,
conhecedora do desenvolvimento da tenra idade, têm criado mecanismos,
dando suporte e incentivo com o objetivo de subsidiar importantes progressos
na Educação Infantil.
A PMEC conta com profissionais qualificados que se debruçam sobre a
pesquisa e elaboração de documentos, cadernos, parâmetros, formação
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continuada, para auxiliar os educadores que estão na ponta atuando
diretamente com as crianças pequenas. O conhecimento sobre o processo do
desenvolvimento infantil proporciona ações mediadas de cuidados e educação
contemplando a criança em sua totalidade.
O profissional que atua no CMEI tem como suporte documentos que
englobam todas as áreas da formação humana como, a Identidade,
Linguagens, Relações Sociais e Naturais, Pensamento Lógico Matemático,
“integrando em seus planejamentos os eixos Infância: Tempo de direitos,
Espaços e tempos articulados e Ação Compartilhada, transformando a
proposta pedagógica da Unidade num documento dinâmico e em permanente
reflexão” (CURITIBA, Diretrizes Curriculares Municipais, 2007 p.7). Além dos
diversos cadernos, os CMEIS contam com o mais recente e importante
instrumento de mediação: os Parâmetros de Qualidade para a Educação
Infantil Municipal (PQEIM). Este documento, de forma contextualizada é
Parâmetro para a maioria das ações nos Centro Municipais. Ele auxilia na
aquisição de brinquedos, de materiais pedagógicos, na articulação dos tempos
e espaços, transformando-se num dos instrumentos, necessários para indicar a
melhor forma de mediação da criança de 3 meses a 5 anos. Sendo modelo
para a gestão democrática compartilhada em que os profissionais dos CMEIS,
a comunidade e as crianças todos são sujeitos de uma ou muitas histórias.
O ‘logos’, a razão de ser dos CMEIS é a criança. Para esta ‘razão’ o
ambiente é preparado de forma acolhedora, harmoniosa com tempos e
espaços estimuladores que proporcionem situações de vivências, objetivando o
maior número possível de oportunidades às crianças. Experiências que vão
favorecer a produção de sinapses.
Na concepção de Goleman 2001, as conexões formadas na infância vão
acompanhar a vida adulta. Ao contemplar o desenvolvimento da criança na
totalidade, tornará possível a formação de um adulto ‘total’. Ou melhor, um ser
humano ‘total’. Este é o ‘logos’ dos Centros Municipais de Educação Infantil de
Curitiba, o grande mediador da criança na primeira infância.
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4 - A PLASTICIDADE DO CÉREBRO
Para melhor compreender a plasticidade cerebral se faz pertinente
conhecer um pouco a estrutura do Sistema Nervoso Cerebral e suas funções.
O Sistema Nervoso Cerebral é formado pelo Sistema Nervoso Central
(SNC) e Sistema Nervoso Periférico (SNP). O SNC está localizado no crânio e
na coluna vertebral. Sendo formado pelo encéfalo e a medula espinhal, que se
comunica com outras partes do corpo por intermédio de fibras nervosas que
por sua vez conecta-se com os receptores sensoriais (somestesia, visão,
audição, paladar e olfato). No SNP contém as terminações nervosas e os
gânglios que estão localizados do lado externo do SNC e fazem a conexão
entre as partes internas e as externas. No encéfalo está o tronco encefálico, o
cerebelo e o cérebro. A medula espinhal está localizada no canal da coluna
vertebral, tem função de fazer a maioria das conexões com o resto do corpo.
No ser humano, o cérebro tem aproximadamente 100 bilhões de
neurônios que, conectados uns aos outros “são responsáveis por todas as
funções mentais” (CURITIBA, 2009, p.47). É ele que controla, integra e
possibilita as funções corporais, sejam as voluntárias: o ato de andar, correr
falar, ou as involuntárias: respiração, reflexos. Na camada superficial do
cérebro, o córtex apresenta quatro lobos: o lobo temporal, responsável pela
audição; o lobo frontal, que proporciona o planejamento, movimentos
voluntários e o pensamento; o lobo parietal, responsável pela sinestesia (tátil) e
a orientação espacial; o lobo occipital, responsável pela visão. É no córtex que
acontecem as funções cerebrais de maior complexidade, como o pensamento,
os movimentos voluntários e a linguagem. O período de maior desenvolvimento
do córtex cerebral é de 0 a 3 anos e estes são moldados pelas vivências do
meio. (CURITIBA, 2009).
Os nervos que formam o SNP fazem as conexões entre o SNC com as
outras partes do corpo. Podem ser sensitivos, recebem através dos sentidos os
estímulos vindos do meio ambiente; motores, estes são responsáveis para
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levar as repostas motoras recebidas aos estímulos e os mistos que são
responsáveis pela condução dos estímulos motores e sensitivos.
O funcionamento da estrutura neurológica depende dos neurônios que
recebem e transmitem os estímulos oriundos do ambiente interno e externo e
das células gliais que têm a função de sustentação e nutrição do neurônio. O
neurônio é formado pelo corpo celular, os dendritos que são as extensões
curtas com função de recepção e o axônio que com seus prolongamentos
longos fazem a condução dos impulsos nervosos (CURITIBA, 2009).
No 4º mês de vida do feto acontece a produção de mielina. A formação
da substância em volta do axônio produz a mielinização. Após o nascimento,
nos primeiros 3 anos de vida da criança, o processo de mielinização ocorre de
forma mais acelerada e vai desacelerando na infância e adolescência. A
mielinização intensifica a velocidade da transmissão dos impulsos nervosos.
Como já foi vistos são os impulsos nervosos que proporcionam a comunicação
entre os neurônios. A transmissão de um impulso nervoso de um neurônio para
outro neurônio produz as chamadas sinapses. E quanto mais plácido for o
cérebro maior é a sua capacidade de fazer sinapses (CURITIBA, 2009).
A neuroplasticidade ou plasticidade é “a capacidade de adaptação do
sistema nervoso, especialmente a dos neurônios, às mudanças nas condições
do ambiente que ocorrem” (LENT, 2004, p. 135), no cotidiano do ser humano.
As modificações, no entender de Lent, podem ser resultados de
situações de aprendizagens, ou ocasionadas por lesões. “Toda vez que alguma
forma de energia proveniente do ambiente de algum modo incide sobre o
sistema nervoso, deixa nele alguma marca” (LENT, 2004, p. 135). O indivíduo é
marcado pelo ambiente externo. As vivências provocam alterações no sistema
nervoso. E essas alterações variam em função da maturação do ser humano.
Para Lent, o período de maior plasticidade do sistema nervoso é durante
a formação ontogenética (formação do ser), fase em que todos os processos
estão sendo construídos. Portanto, “As experiências sobre tudo na infância
esculpe o cérebro” (GOLEMAN, 2001, p. 238). Defende o autor que a criança
ao nascer não tem o cérebro todo formado, os neurônios são em números
maiores do que ela reterá para a vida adulta. Através do que ele denomina
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como poda, o cérebro perderá conexões neuronais, aquelas que não são
utilizadas e ao mesmo tempo fará novas conexões, nas áreas do cérebro de
maior uso. Sendo um processo natural do desenvolvimento humano.
Na mesma linha de pensamento, Casella, defende que “quando há uma
habilidade que não é utilizada, a sinapse correspondente a ela tende a
desaparecer. Na guerra pela sobrevivência das sinapses, a estimulação é a
uma arma poderosa” (CASELLA, apud CURITIBA SME, 2009, p.54). Lima
(2001) infere que existem fases da maturação infantil propícias para o
desenvolvimento e aquisição de aprendizagens específicas. A não utilização de
determinadas células nervosas no período oportuno poderão ocasionar as
chamadas podas, que nada mais é do que a perda de neurônios. De forma
mais explícita Gardner infere que:
durante o desenvolvimento há uma fase de grande plasticidade
chamada ‘período sensível crítico’ (...). É uma fase da infância na
qual o sistema nervoso está mais
disposto a transformar-se a
partir de estímulos originados da interação do indivíduo com o
ambiente natural e social, gerando o estabelecimento de
características neuropsicológicas do indivíduo (BRENNAND, apud
GARNER, 1994, p.31).
Partindo dos pressupostos à cima citados sobre a plasticidade neuronal,
é essencial criar um ambiente estimulador para o desenvolvimento da criança,
na fase inicial da vida, ativando partes importantes do cérebro. As experiências,
vivenciadas e habilidades adquiridas pela criança em sua primeira infância vão
proporcionar aprendizagens para a vida adulta. O meio, social, cultural, natural
vão influenciar na formação da criança. É preciso pensar em todas as áreas de
formação para contemplar o desenvolvimento da criança em sua totalidade.
A ação mediadora deve criar situações viabilizando a exploração das
potencialidades, psíquicas, cognitivas e motoras da criança. Isso não significa
estimulação demasiada, mas, sim proporcionar um ambiente desafiador com
possibilidade de exploração para novas descobertas. Sejam na relação com o
outro, ou com o próprio objeto. Os instrumentos de interação necessitam de
especial atenção no que diz respeito à afetividade, e atividades lúdicas, porque,
as crianças, “os bebês estão literalmente criando seus cérebros enquanto se
comunicam e brincam” (WHITEHEAD, 2009, p. 12).
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Deve haver intencionalidade nas ações dos adultos: nos gestos de
carinho, nas brincadeiras, nos cuidados, estimulações. Todas ou qualquer
atividade desenvolvida com a criança vão ajudá-la, na visão de Whtehead, a
construir significado e entender o ambiente e seu entorno. Porque os pequenos
são grandes pensadores.
5 – A HUMANIDADE SE FAZ NA RELAÇÃO COM O OUTRO
O ser humano se constrói na relação com o outro, para Wallon os seres
humanos são geneticamente sociais. O indivíduo recebe influência do ambiente
externo ainda quando está no ventre da mãe. A estrutura biológica será
determinada, na visão de Heemann, pela herança genética, e as substâncias
que a mãe ingere. Até mesmo a estrutura psíquica do feto vai ser influenciada
pela relação que a mãe e o pai começam a construir com a criança. E, “depois
de nascer, deverá sujeitar-se a uma tradição cultural, no mais longo período de
aprendizagem e dependência observado no reino animal” (HEEMANN, 2005, p.
33). O autor entende que a criança ao nascer já trás consigo determinadas
capacidades e outras ela vai adquirir na interação com o meio externo. Daí a
necessidade da criança se desenvolver num ambiente estimulador, para a
estruturação dos processos, o pensamento, a linguagem e o desenvolvimento
motor. Heemann embasa sua interpretação apoiado no ocorrido com as
meninas hindus, que na primeira infância viveram entre os lobos. Após terem
sido encontradas por humanos, a criança que tinha cinco anos não se adapta
ao meio e morre pouco tempo depois. Enquanto que a criança que já estava
com oito anos apresenta certa adaptação e evolução humana.
A história das meninas hindus demonstra na visão de Heemann que no
“desenvolvimento das estruturas comportamentais cada estágio depende das
mudanças anteriores” (HEMANN, 2005, p.34). Os aspectos fisiológicos,
anatômicos do desenvolvimento humano, para o autor fundamentado nas
idéias de Maturana estão inter-relacionados com o ambiente externo. O adulto
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com intencionalidade de proporcionar situações de aprendizagens à criança,
em consonância com seu desenvolvimento não pode ignorar suas fases de
maturação. Heemann cita o exemplo do carneirinho que ao nascer, a mãe
lambe seu corpo constituindo, “uma interação materno-filial através de
estimulações táteis, visuais e contatos químicos” (HEEMANN, 2005, p. 34).
Para o autor, caso o carneirinho seja afastado da mãe, ele não mais se juntará
ao rebanho e nem mesmo vai agir como os outros carneiros. Esta falta modifica
seu sistema nervoso.
Para Heemann, o mesmo acontece com os seres humanos. A visão
evolutiva “entende o desenvolvimento mental como um prolongamento da
embriogênese. A criança vai apresentar mais facilidade para adquirir certas
competências,
quando
oportunizadas
em
períodos
propícios
do
seu
desenvolvimento. Uma vez passado a fase, algumas habilidades, ela nem
mesmo vai adquirir, ou terá maior grau de dificuldade. E estas não estarão bem
consolidadas. Como no caso das meninas hindus, em que a criança de oito
anos aprende andar ereta, mas diante de situações de emergência, conta
Heemann, ela anda sobre os quatros membros no chão. Significa que o fato da
criança ter aprendido andar tardiamente, esta atividade tipicamente humana,
não se consolidou. O que ela aprendeu entre os lobos, andar sobre os quatros
membros, que ficou consolidada. Nunes confirma esta interpretação, quando
infere que “de um estágio para o outro não há supressão de condutas,
ocorrendo, sim, uma subordinação das condutas anteriores àquelas que
emergem” (NUNES, p. 106.). Em momentos de crises, como, fortes emoções
causadas pelo medo poderão fazer com que o ser humano haja de forma
incompatível com seu estágio de desenvolvimento.
Wallon na mesma linha de pensamento entende o desenvolvimento
humano como um “processo descontínuo cuja, características são as
contradições” (OLIVEIRA, 2001, p. 106). Os períodos diferentes, Wallon chama
de estágios e que estes não estão bem claros, hora se confundem e se
misturam. E cada um deles apresenta diferentes interações com o meio,
preponderando uma especificidade de relação com o ambiente, que
conjuntamente favorece para avanços mentais.
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Vigotsky, o grande precursor do interacionismo, defende que os seres
humanos são “participantes ativos e vigorosos da sua própria existência. A
cada estágio de seu desenvolvimento a criança adquire os meios para intervir
de forma competente no seu mundo e em si mesma.” (VIGOTISKY, 2009,
p.151-152). Na interpretação Vigotskiana, um fator preponderante “da condição
humana, e que começa na infância” (VIGOTSKY, 2009, p. 152.), são a
utilização de instrumentos humanos ou artificiais.
Vigotsky considera como instrumentos, elementos da cultura em que a
criança está inserida, assim como os objetos e o próprio corpo da criança. Na
mediação o indivíduo é capaz de intervir sobre os acontecimentos e modificálos. Piaget compartilha de alguns aspectos, valorizando os estágios universais
de ordem mais biológicos. Vigotsky, mesmo considerando fatores biológicos,
afirma que é necessário respeitar os estágios do desenvolvimento e enfatiza a
relevância dos aspectos sociais para a criança avançar.
A mediação otimizada é aquela que está em sintonia com a fase do
desenvolvimento da criança. Vigotsky coloca que a aprendizagem deve
corresponder ao nível de desenvolvimento da criança. O autor define pelo
menos dois níveis de desenvolvimento: o nível de desenvolvimento real,
estágio em que certas funções mentais já foram consolidadas, aquilo que a
criança já consegue realizar sozinha e a “zona de desenvolvimento proximal é
a distancia entre o nível de desenvolvimento real” (VIGOTSKY, 2009, p. 97),
que compreende aquilo que a criança já consegue fazer sozinha, “e o nível de
desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas
sobre a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais
capazes” (VIGOTSKY, 2009 p. 97). Na concepção do autor, a Zona de
Desenvolvimento Proximal corresponde às funções que estão em processo de
amadurecimento, a criança tem potencial para desempenhar tais habilidades,
mas com a mediação.
O sistema psicológico do indivíduo no período de seu desenvolvimento,
na visão de Vigotsky, tem a capacidade de combinar funções separadas,
formar novas junções, assim como criar sistemas mais complexos. Luria,
alicerçado nas pesquisas Vigotskiana, entende que o desenvolvimento de cada
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ser humano são resultados das experiências socializadas na infância. “O
sistema funcional” na fase adulta é determinado pelas experiências adquiridas
enquanto criança, período em que os fatores sociais são mais influentes.
Vigotsky valoriza o social, mas não ignora o aspecto individual, ele entende a
dinâmica da pessoa com a sociedade “como um rio e seus afluentes, combina
e separa os diferentes elementos da vida humana.” (VIGOTSKY, 2009, p. 158).
Enquanto Piaget entende o desenvolvimento biológico como idêntico em cada
indivíduo, Vigotsky defende que há similaridade, mas o processo pode se
concretizar de forma diferente de um sujeito para outro. Essas diferenças
acontecem em função da própria relação do sujeito com o meio.
Lacan sugere que “todo o conhecimento é conhecimento do outro”. Por
mais inédita que uma descoberta, ou situação possa parecer, ela é oriunda de
informações e experiências anteriores. O professor Salézio Pereira (2009) em
aula expositiva no curso de neuropsicologia infere que é na relação humana,
com o outro que acontece a cognição, diz ele – “o meio me condiciona, me
muda, mas eu condiciono e mudo o meio”.
pautadas
no
interacionismo
de
Vigotsky,
As idéias do professor estão
quando
defende
que
o
desenvolvimento se dá na interação com o meio, e que não existe um sujeito
passivo na relação. Um contribui para o desenvolvimento do outro.
Oliveira relata, “cada época e cada grupo social tem seu repertório de
criação de materiais e formas de discurso que funcionam como espelho que
reflete e refrata o cotidiano” (OLIVEIRA, 2001, p. 27). O mediador da criança
precisa ter claro, que ser humano, quer formar e assim ao interagir com a
criança, dar condições a ela desenvolver as próprias potencialidades, para
juntos construir, modificar o meio.
6 – O PROFESSOR DA EDUCAÇÃO INFANTIL PRECISA SABER MEDIAR,
PARA QUE OS PEQUENOS SE APROPRIEM DA CULTURA
12
Na visão de Celso Antunes, “a educação Infantil é tudo, o resto é quase
nada”. Para ele o ser humano tem capacidade de aprender em qualquer
período da vida, mas a melhor época esta nos primeiros anos.
A Educação Infantil tem a responsabilidade de potencializar a fase mais
importante da vida do ser humano. No entanto, para concretizar este tudo, que
refere Antunes, o professor precisa conhecer plenamente o processo do
desenvolvimento da criança, saber quais são os mecanismos neuronais a ser
ativados, para fazer a mediação. Alicerçado nesses conhecimentos, ele deve
planejar
estratégias
que
proporcionem
situações
de
aprendizagens
diversificadas para a produção das sinapses em todas as áreas do cérebro.
Contemplando a totalidade da criança. No entender de Antunes estas áreas
devem ser estimuladas continuamente para não ocasionar a “atrofia ou perda
dessas funções” (ANTUNES, 2005).
O ser humano nasce com inúmeras potencialidades. É papel do
professor, fornecer condições adequadas para seu desenvolvimento. Gardner
infere “que a inteligência é dotada de uma herança genética (...) e das
interações dos indivíduos com o ambiente natural e social nos quais vivem”
(GARDNER
apud
BRENNAND,
2005,
p.6).
Na
visão
do
autor,
as
características biológicas influenciam no desenvolvimento da criança. As
experiências no ambiente em que a criança está inserida, os valores, modo de
ser e de viver do meio são fundamentais para formação integral da criança.
Para Vigotsky, quanto mais à criança interagir com o meio maior será o
seu desenvolvimento e assimilação. Nesta perspectiva, o caráter, a
personalidade que a criança vai adquirir, depende da interação e da forma que
for conduzida. Sarita fundamenta em Lacan comenta: - “Nós seres humanos
somos povoados pelo outro” (SARITA, Curso de Formação de Diretores e
Pedagogos da Prefeitura de Curitiba, 2009). O discurso, ou ações de um
sujeito, jamais serão totalmente inéditas, nelas sempre existem influencia de
algo que ele ouviu, viu, experenciou.
As afirmações citadas à cima aumentam a responsabilidade do
professor no modo como fará a mediação da criança, com ela mesma, com os
colegas e com o mundo. Nenhuma área do desenvolvimento infantil pode ser
13
ignorada na formação qualitativa do ser humano. De modo que no seu ‘vir a
ser’ ele seja capaz de tomar decisões e interferir no e sobre o meio.
Duarte baseado em Leontiev critica o não acesso a cultura, a todos os
seres humanos, contemplando somente grupos restritos. Situações que
aumentam as desigualdades sociais. E, salienta a defesa ferrenha de Leontiev,
de que as diferenças sociais não estão ligadas a fatores biológicos. As pessoas
não nascem com determinadas pré-disposições para desenvolver habilidades
artísticas, científicas. São as oportunidades que proporcionam as habilidades.
Duarte alerta para a responsabilidade da educação em investir na
formação humana. A apropriação da cultura é um processo mediador que
reproduz e desenvolve no ser humano aptidões. E estas só acontecem com
aquisição dos produtos da cultura e da atividade social. Esse processo é
cumulativo. Numa objetivação estão acumuladas experiências anteriores que
vão sendo modificadas ao longo do tempo. A apropriação de um produto
cultural como a fala, ainda que o sujeito não tenha consciência, está
relacionada com a história social.
A formação do sujeito, para Duarte é sempre um processo educativo,
podendo ser intencional ou não intencional. Por meio dele o indivíduo se
apropria de forma mais elaborada do saber objetivo produzido historicamente.
6.1 AS CRIANÇA ASSIM COMO AS ÁGUIAS NASCERAM PARA AS
ALTURAS
Leonardo Boff (2005) em seu livro a Águia e a Galinha, narra uma
midraxe3 criada por James Aggrey e que Boff a define como uma metáfora da
vida humana. A narrativa conta à história de uma águia que cresceu dentro de
um galinheiro e agia como uma galinha, apenas ciscando pelo chão, sem
3
Midraxe: midrash em hebraico significa interpretar e aprofundar. Midraxe-halacá, quando se
trata de leis, e Midraxe-hagadá, quando de histórias.
14
sequer saber voar. Em certa ocasião, um naturalista visitou aquele galinheiro e
observando a águia se comportar como uma galinha argumentou ao dono do
galinheiro, de que se a ave é uma águia, devia voar. Inconformado com a
realidade daquela águia, a levou para o alto de uma montanha. Incentivando-a,
dizia: - Voe águia você nasceu para as alturas, mas esta não voava. O criador
das galinhas insistia de que a águia jamais ira voar, porque era uma galinha. O
naturalista não desistiu depois de uma série de tentativas disse a águia: - Olhe
para o sol, Voe, você nasceu para as alturas. A águia olhou para cima, sentiu o
sol iluminar seus olhos e voou em direção a ele (BOFF, 2005, p.198.).
A midraxe da águia reafirma, assim como a história das meninas hindus,
e a do carneirinho, narrada por Heemann, a visão de Vigotsky de que o meio
social é determinante na formação do indivíduo. Os seres humanos, de um
modo especial às crianças, têm em seu interior uma águia. A criança nasceu
para viver nas alturas, para seguir em direção do sol. O papel da educação é
facilitar, abrir, apontar caminhos aos seus educandos para explorar novos
horizontes e incentivar a criança a levantar a cabeça, para olhar rumo ao sol e
ao sentir-se iluminada, abrir as asas para ganhar o espaço.
O professor tem o papel de fornecer condições adequadas à criança e
assim como o naturalista, dar suporte para o desenvolvimento das suas
capacidades. E ainda, desafiar as crianças, apresentando as inúmeras
possibilidades para as quais nasceram; incentivá-las a criatividade, qualidade
preponderante nos pequenos e ajudá-las a superar obstáculos; a não desistir
nas primeiras tentativas, uma vez que quase tudo é novo, nos primeiros anos
de vida. A cada novo aprendizado, conexões neurológicas são realizadas.
O professor deve saber agir com sabedoria a fim construir pontes. Para
Boff “a cabeça pensa a partir de onde os pés pisam. Para compreender, é
essencial conhecer o lugar social de quem olha” (BOFF, 2005, p. 09). Olhar
para realidade, o mundo da criança. Entender o que é ser criança, qual o
comportamento natural para a idade. Indo mais longe, saber em que chão os
pés da criança pisam. Conhecer o contexto social cultural, econômico da
criança, para que ele o profissional, saiba em que chão está pisando. A partir
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desta leitura, ajudar a criança a tirar maior proveito de sua melhor fase da vida,
não as conservando apenas pelo chão.
O professor deve permitir e incentivar a criança a voar. Uma sala
homogeneizada, com todas as crianças tendo o mesmo comportamento, fere a
individualidade, que lhes são caras. Não se pode desrespeitar o jeito de ser, de
cada ser humano, ele é único. Sala com crianças quietas, com o mesmo
comportamento podem significar, liberdade podada, asas cortadas, ou ainda,
asas que se quer exercitaram a tentativa de um vôo. Águias acostumadas a
receber o milho sem o menor esforço, dificilmente, caso acabe o milho, serão
capazes de buscar novas alternativas para se alimentar, mudar o tipo de ração.
Sem esta interpretação, o educador estará cultivando águias no galinheiro. Ou
melhor, as crianças acostumadas a receber tudo pronto, sem o menor esforço,
futuramente serão incapazes de buscar a transformação de uma realidade, de
lutar pelos ideais, indo ao encontro dos sonhos e ganhar espaço para voar.
7 – “O CORPO QUE PENSA” É UM SER POR INTEIRO: CULTURAL,
AFETIVO
Heemann, autor do livro “O Corpo que Pensa”, biólogo e filósofo,
demonstra em seu livro a complexidade do ser humano. Um ser pensante,
constituído por um “cérebro sentimental” e também racional, que carrega ainda
toda uma herança genética e emocional. Desde o ventre da mãe e por toda sua
vida constantemente sofrerá influência do meio externo.
A cultura é elemento preponderante na formação do indivíduo. Ela que
humaniza e diferencia o ser humano dos outros animais. Luria se mostra
surpreso ao fato da ciência da psicologia ter “evitado a idéia de que muitos dos
processos mentais sejam sócio-históricos em sua origem, ou de que
manifestações importantes da consciência humana tenham sido formadas
pelas práticas básicas de atividade humana e pelas formas das culturas
existentes” (LURIA. 2008. P. 17).
16
Para chegar a esse entendimento a psicologia passou por um longo
processo em que houve resistência, principalmente dos psicólogos naturalistas
que defendiam a idéia de que os processos mentais eram naturais e não
mudavam, ignorando a “origem social dos processos mentais superiores
(LURIA. 2008. p. 18). Com tal abordagem tantos os animais quanto os seres
humanos de diferentes culturas e períodos, com atividades mentais simples ou
complexas todos teriam o mesmo padrão de desenvolvimento. Luria que teve
como mestre Vigotsky para fundamentação de suas teorias, após longa
pesquisa e experiências realizadas com crianças pequenas percebe que o
meio social é determinante na formação cognitiva do sujeito.
A Educação Infantil precisa pensar na criança, mesmo quando ainda não
tem sua estrutura de pensamento formada, como um ser por inteiro. Wallon
entende, por pessoa “o ser humano total, físico-psíquico e tal como ele se
manifesta pelo conjunto do seu comportamento. Toda situação vivenciada por
ela de alguma forma vai influenciar na sua formação. Portanto, este ser
humano que tem um jeito próprio de ser, que sofre inúmeras influências, um
ser complexo, mas, único em sua individualidade, é um ser total.
A complexidade do ser humano é resultado do sistema biológico
psíquico complexo e das inúmeras influências recebidas do meio social,
cultural. Complexidade que deve ser respeitada em sua integralidade. O adulto,
às vezes, subestima a capacidade da criança pensar, de fazer escolhas e estas
são em função daquilo que ela recebeu do ambiente externo. Esse “corpo
pensante”, com inúmeras partes e potencialidades, compõe um todo e precisa
ser visto, em todas as suas partes para considerá-las na totalidade.
8 - A EMOÇÃO E A AFETIVIDADE, MEDÍA, FORMA E PRODUZ SINAPSES
O ser humano é geneticamente social, no entender de Wallon, na sua
Teoria Psicogenética a dimensão afetiva tem fator fundamental para a
construção do sujeito, e para construção do conhecimento. “ambos se iniciam
17
num período que ele denomina impulsivo-emocional e se estende ao longo do
primeiro ano de vida” (DANTAS, p. 85). Nesta fase, na visão de Dantas, a
afetividade basicamente se resume “as manifestações fisiológica da emoção
que constitui, portanto, o ponto de partida do psiquismo” (DANTAS, p. 85).
A emoção para Wallon fundamentado no Darwinismo é mecanismo de
sobrevivência da espécie humana. Dantas infere que o bebê não morre, devido
sua alta capacidade de fazer “mobilizar o ambiente” para o atendimento de
suas necessidades.
No início da vida a criança age por instintos e busca satisfazer suas
necessidades biológicas, como fome frio, sono, mas instintivamente ela
também busca aconchego, afeto. Quando está chorando ao ouvir a voz da
mãe, ao sentir o seu cheiro, ou o toque se acalma. Nesse período já demonstra
sentimentos de emoção, frustração. O tratamento que essa criança vai receber
será em função da cultura de seus familiares. A chupeta, balanço, afago, todas
essas dependências, são resultados da influência do meio (OLIVEIRA, 2000,
p.108). Aprende a falar porque cresce em ambiente de falantes. Como já foi
visto no tópico anterior, quando Heemann narra a historia das meninas hindus
que aprenderam a uivar por ter crescido entre os lobos.
Nesse sentido há toda uma preparação e mudança na vida da família
para o nascimento do bebê. O mesmo acontece nos Centros de Educação
Infantil. O local em que a criança será recebida é preparado adequadamente,
com situações de estimulação, desafios, interação, aconchego, proteção.
Nenhum aspecto de seu desenvolvimento é negligenciado.
A docilidade da criança sua capacidade de sedução, como afirma
Dantas é um dos artifícios da espécie humana para a sobrevivência. É
também, primordial para garantia da sobrevivência saudável. A criança que não
recebe afetividade, dificilmente saberá transmitir na vida adulta tais
sentimentos e gestos. O crescimento em um ambiente hostil não dará
condições ao individuo quando na fase adulta de criar um ambiente
aconchegante e afetuoso para as novas gerações.
Vigotsky, afirma que o indivíduo se forma a partir das relações com o
meio. Portanto a mudança de um paradigma social, cultural, dependendo de
18
sua amplitude poderia mudar até, o rumo da espécie humana, ou pelos menos
o tipo de ser humano que vai existir.
Ao pensar a educação, se faz necessário pensar primeiro no que está
sendo almejado para a humanidade. Que ser humano se quer formar. Como
enfatizou Clóvis Amorim, em uma palestra, “a criança aprende a olhar o mundo
através dos olhos do adulto” (PMEC, Formação Continuada: Conselho do
CMEI, 2010). O mundo para o qual a criança olhar, é aquele em que vai
acreditar e ajudar formar. Não dá para pensar em educação sem pensar na
formação humana. Se tudo começa na infância, e a cada conhecimento novo
produz
sinapses,
a
Educação
Infantil
que
produz
constantemente
conhecimentos novos as crianças, ela deve estar bem alicerçada com
profissionais conscientes de que as crianças muito mais do que regras,
combinados, conhecimentos sistematizados ela precisa fazer conexões
neuronais positivas que possibilitem relações de empatia. Vivenciar situações
que humanizam, cotidianamente. Porque quanto mais ‘humano’ é o ser
‘humano’, mais feliz ele será.
9 – CONCLUSÃO
Esta pesquisa entre autores proporcionou uma visão mais ampla sobre o
processo do desenvolvimento infantil, e sua complexidade neurológica.
A compreensão das etapas do desenvolvimento da criança e as áreas
neuronais
que
são
atingidas
ofereceram
pistas
na
escolha
dos
encaminhamentos a ser trabalhado para ajudar o individuo a avançar. O
cuidado com ambiente em que a criança vai se desenvolver é essencial, pois
os fatores irão influenciar na sua formação.
Vigotsky, Luria e outros autores que aprofundaram conhecimentos nesta
área
demonstraram
que
o
fator
biológico,
obedecendo
à
zona
de
desenvolvimento da criança é importante e necessário, mas o fator
determinante na formação do indivíduo, e no desenvolvimento de suas
19
capacidades cognitivas, é o meio social, a relação com o outro. Baseado nessa
interpretação, o ambiente precisa ser acolhedor para que a criança possa ter
segurança na exploração e experimentação de novas vivências, oportunizando
situações de aprendizados em que a criança adquira sentimentos e gestos de
cooperação, solidariedade, empatia uma vez que o aprendizado na primeira
infância, ela levara para a vida adulta. Sobre tudo a criança precisa ser amada,
compreendida para fazer o maior numero possível de conexões neurológicas
nas áreas afetivas e assim crescer humanizada e feliz.
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