UFRRJ INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA ORGÂNICA DISSERTAÇÃO Atividade citotóxica de Piper nigrum e Struthanthus marginatus. Estudo preliminar da correlação entre a citotoxicidade e hidrofobicidade da piperina e derivados sintéticos Kenia Pissinate 2006 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA ORGÂNICA Atividade citotóxica de Piper nigrum e Struthanthus marginatus. Estudo preliminar da correlação entre a citotoxicidade e hidrofobicidade da piperina e derivados sintéticos KENIA PISSINATE Sob a Orientação da Professora Aurea Echevarria e Co-orientação do Professor Marco Edilson Freire de Lima Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências, no Curso de Pós-Graduação em Química Orgânica, Área de Concentração em Química Medicinal Seropédica, RJ Fevereiro de 2006 ii Pissinate, Kenia, 1979Atividade citotóxica de Piper nigrum e Struthanthus marginatus. Estudo preliminar da correlação entre a citotoxicidade e hidrofobicidade da piperina e derivados sintéticos/ Kenia Pissinate. - 2006. 93 f. : grafs., tabs. Orientador: Aurea Echevarria. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Instituto de Ciências Exatas. Bibliografia: f. 86-93. iii UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA ORGÂNICA KENIA PISSINATE Dissertação submetida como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências, no Curso de Pós-Graduação em Química Orgânica, área de Concentração em Química Medicinal. DISSERTAÇÃO APROVADA EM -----/-----/------ Dra. Aurea Echevarria. DEQUIM-UFRRJ (Orientadora) Dr. Marco Edilson Freire de Lima. DEQUIM-UFRRJ (Co-orientador) Dr. Célio Geraldo Freire de Lima. IBCCS-UFRJ Dr. José Daniel Figueroa Villar. IME-RJ Dra. Helena Regina Pinto Lima. IB-UFRRJ. (Suplente) iv Aos meus pais Maria da Glória Modenese Pissinate e Orlando Domingos Pissinate Dedico com amor v À profa. Dra. Áurea Echevarria com carinho, respeito e admiração, pelas oportunidades oferecidas, amizade, paciência e, principalmente, pelos conhecimentos adquiridos, sobretudo quanto aos atos de humanidade e compreensão. Meu eterno agradecimento. vi AGRADECIMENTOS Aos meus pais pela confiança e acalento ao longo dos meus desafios, principalmente durante este momento. Ao meu bem pelo carinho e compreensão ao longo da realização deste trabalho. Aos meus grandes amigos e companheiros de profundas reflexões Alexandre, Ari e Heloísa pelo carinho no desalento, pelos pensamentos lúdicos e sinceros que suavizaram meu caminho. Ao professor Dr. Marco Edilson Freire de Lima pela colaboração com os compostos usados neste trabalho, pela amizade, oportunidade, incentivo e, principalmente pelos conhecimentos adquiridos. Ao professor Dr. Célio G. Freire de Lima pelas oportunidades e colaboração prestada na execução dos ensaios para a averiguação do tipo de morte celular e, principalmente pelo carinho com que sempre fui recebida. Ao Alexandre G. Christo, Dra Rejan R Guedes-Bruni e a Dra. Regina Helena P. Andreata pela colaboração na identificação da espécie. Aos professores da pós-graduação. Aos amigos do laboratório 22 e 29: Myrtes, Cláudio, Amanda, Dílson, Ana Paula, Amanda, Silvana pela amizade e solidariedade nos momentos bons e ruins ao longo deste trabalho. A Andressa Esteves de Souza pela paciência e tolerância nos dias difíceis. Aos colegas da pós-graduação em especial ao Cleber, Andréia Rosane, Regina, Eliete, Rodney, Welinson, Catarina, Anivaldo, Mario Sérgio, Luciano, Marli e Virgínea pela amizade. Aos amigos do Laboratório de Biologia Imunitária do Instituto de Biofísica da UFRJ pelo companherismo, receptividade, em especial a Roberta, Fabrício, Suzana, Landi, Alessandra, Marise, Ana, Carla, Flávia, Tatiana, Juliana e Lindomar pela amizade e ajuda nos momentos difíceis. Ao Dr Kildare Miranda pela realização das fotografias de microscopia eletrônica e a Dra. Cristina Takiha pela colaboração e confecção das lâminas colorimétricas. Aos funcionários da química pelo apoio na realização desta pesquisa. Aos companheiros do alojamento da pós-graduação em especial ao José Dias, Nilza, Adailde, Fabiana, Caroline, Mariella e Elisangela, pela amizade, apoio e descontração. vii Aos amigos que indiretamente compartilharam comigo este momento, contribuindo para meu otimismo, perseverança, perspicácia e sensatez. Ao CNPq pelo financiamento. Ao DPPG- Química Orgânica e a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro pela oportunidade oferecida. Meus sinceros agradecimentos. viii RESUMO PISSINATE, Kenia. Atividade citotóxica de Piper nigrum e Struthanthus marginatus. Estudo preliminar da correlação entre a citotoxicidade e hidrofobicidade da piperina e derivados sintéticos. 2006. 128p Dissertação (Mestrado em Química Orgânica, Química Medicinal). Instituto de Ciências Exatas, Departamento de Química, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2006. Neste trabalho foi realizado o estudo químico e biológico de duas plantas. Dos frutos da espécie Piper nigrum, conhecida como pimenta do reino, de grande importância econômica, ecológica e farmacêutica, foi preparado o extrato etanólico, do qual se obtem a piperina, amida majoritária e protótipo para a síntese de análogos e derivados sintéticos. O extrato, a piperina, análogos e derivados foi avaliado, quantitativamente, frente ao carcinoma ascítico de Ehrlich (EAC) quanto a suas propriedades citotóxicas. Obteve-se um valor inibitório da viabilidade celular do EAC em aproximadamente 49 % para o extrato bruto de P. nigrum, a uma concentração de 25µg/ml, enquanto que o valor do IC50 da piperina foi igual a 108,23µM, menos citotóxica que alguns dos seus análogos e derivados ensaiados. Também foram analisados os possíveis mecanismos de morte celular induzido pela piperina, derivados e análogos, através da expressão de fosfatidilserina e da desidrogenase láctica. O estudo da atividade citotóxica destes compostos foi correlacionado com os seus respectivos parâmetros hidrofóbicos: a refratividade molar (RMw) e os valores calculados teóricos do coeficiente de partição P (ClogP). A outra planta analisada foi a espécie Struthanthus marginatus, uma erva de pasarinho da região tropical, pouco estudada em relação a Visco album, planta muita conhecida e estudada na Europa devido a sua propriedades farmacológicas, principalmente sua ação antitumoral. Com esta planta foram elaborados estudos de prospecção química dos extratos hidroalcóolicos das folhas, caules e haustórios nos quais puderam ser detectadas qualitativamente diferentes classes de metabólitos especiais, como taninos, flavonóides e alcalóides, em diferentes intensidades. A avaliação da atividade citotóxica desta erva de passarinho, foi realizada a partir das frações obtidas de diferentes polaridades. Palavras chave: Piperina, Struthanthus marginatus, hidrofobicidade, Ehrlich, carcinoma, citotoxicidade. ix ABSTRACT PISSINATE, Kenia. Cytotoxic activity of Piper nigrum and Struthanthus marginatus. A preliminary study of the correlation between the cytoxicity and hydrophobicity of piperine and its synthetic derivatives. 2006. 109p. Dissertation (Master Science in Organic Chemistry, Medicinal Chemistry) Instituto de Ciências Exatas, Departamento de Química, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Seropédica, RJ, 2006. Chemical and biological studies of two plants were realized. The species Piper nigrum, commonly knowed as black pepper, is of great economic, ecological and pharmaceutic importance. Piperine, amide majority and prototype for the synthesis of analogous derivatives was obtained from the ethanolic extract of dried black pepper seeds. Cytotoxic proprieties of the extract, piperine, its analogous and derivatives were quantitavely evaluated against Ehrlich ascites carcinoma (EAC). The inhibitory value for cell viability of the EAC was approximately 49% for extract concentration of 25µg/ml. Piperine was less cytotoxic than its analogous and derivatives and its IC50 value was 108.23µM. Possible mechanisms for celular death induced by piperine, analogous and derivatives were analysed through expression of phosphatidylserine and of the lactate dehydrogenase. The cytotoxic activity of the above mentioned compounds were correlated with their hydrophobic parameters: molar refractivity (RMw) and theoretical partition coefficient (ClogP) values. The other plant analysed was Struthanthus marginatus, tropical mistletoe specie, less studied than Visco album, a very known and studied plant in Europe, due to its pharmaceutical properties and antitumoral activity. Chemical screening of hydro-alcoholic extracts of leaves, stem and haustorius of this plant were realized. Different classes of special metabolites such as tannins, flavonoids and alkaloids were detected in different intensities. The cytotoxic evaluation of this mistletoe was realized in fractions of different polarities. Key words: Piperine, Struthanthus marginatus, hydrophobicity, Ehrlich, cytotoxicity. x LISTA DE ABREVIAÇÕES E SÍMBOLOS % inib. ADN ATP Caq CCF ClogP Coc dp EAC F1-AcOEt F2-AcOEt F-CH2Cl2 F-MeOH LDH logP MDR ml MTT n nm o C P PS QSAR r r2 Rf RM RMw rpm SAR vol µg µl µM percentagem de inibição ácido desoxirubonucleico trifosfoto de adenosina concentração na fase aquosa cromatografia em camada fina; logarítimo do coeficiente de partição obitido teoricamente concentração na fase orgânica (octanol); desvio padrão; carcinoma ascítico de Ehrlich; primeira fração em acetato de etila segunda fração em acetate de etila fração em diclorometano fração em metanol desidrogenase láctica; logaritmo do valor do coeficiente de partição; resistência à multiplas drogas mililitro brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difenil-tetrazólio número de pontos; nanômetro graus Celcius coeficiente de partição fosfatidilserina relação quantitativa entre a estrutura e a atividade coeficiente de correlação; coeficiente de reta global; fator de retenção refratividade molar refratividade molar em 100% de fase aquosa rotação por minuto relação entre a estrutura e a atividade volume micrograma microlitro micromolar xi ÍNDICE DE TABELAS TABELA 1. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DAS ESPÉCIES DE PIPER NOS ESTADOS BRASILEIROS E AS PRINCIPAIS INDICAÇÕES NA MEDICINA POPULAR. .........................................................................................................................9 TABELA 2. DISTRIBUIÇÃO DE PIPERINA NAS FOLHAS, CAULES E FRUTOS DA ESPÉCIE PIPER NIGRUM. ......................................................................................19 TABELA 3. CITOTOXICIDADE DA PIPERINA EM CULTURAS DE CÉLULAS DE L292, DLA E EAC. ..........................................................................................................23 TABELA 4. EXTRATOS HIDROALCÓOLICOS OBTIDOS DOS HAUSTÓRIOS, CAULE E FOLHAS DE STRUTHANTHUS MARGINATUS. .........................................49 TABELA 5. VALORES MÉDIOS DE RF DETERMINADOS PARA A PIPERINA E SEUS DERIVADOS. .......................................................................................................53 TABELA 6. VALORES DE IC50 (µM) DA PIPERINA, ANÁLOGOS E DERIVADOS SINTÉTICOS. ..................................................................................................................60 TABELA 7. VALORES DA % DE LIBERAÇÃO ESPECÍFICA DE LDH DAS CÉLULAS EAC FRENTE À PIPERINA, ANÁLOGOS E DERIVADOS E, SUAS RESPECTIVAS CONCENTRAÇÕES. ...........................................................................70 TABELA 8. VALORES DOS COEFICIENTES DE PARTICIPAÇÃO TEÓRICOS (CLOGP) DA PIPERINA, SEUS DERIVADOS E ANÁLOGOS. .................................73 TABELA 9. VALORES DE RM DETERMINADOS PARA A PIPERINA, SEUS DERIVADOS E ANÁLOGOS SINTÉTICOS.................................................................75 TABELA 10. VALORES DE RMW DETERMINADOS PARA A PIPERINA, SEUS DERIVADOS E ANÁLOGOS SINTÉTICOS.................................................................76 TABELA 11. RESULTADOS DA TRIAGEM DOS PRINCIPAIS METABÓLITOS ESPECIAIS NA ESPÉCIE STRUTHANTHUS MARGINATUS. .....................................83 TABELA 12. ATIVIDADE CITOTÓXICA DAS FRAÇÕES DE STRUTHANTHUS MARGINATUS FRENTE ÀS CÉLULAS DO CARCINOMA DE EHRLICH. ..............85 xii ÍNDICE DE FIGURAS FIGURA 1. ESTRUTURAS DOS COMPOSTOS ISOLADOS DAS PLANTAS MEDICINAIS.............................................................................................................................4 FIGURA 2. PRINCIPAIS CLASSES DE METABÓLITOS ESPECIAIS, MAJORITÁRIOS, CITANDO ALGUNS EXEMPLOS PRESENTES NO GÊNERO PIPER. AMIDAS: PIPERINA (1) E CEFARADIONA A (2); PROPENILFENÓIS: SAFROL (3) E EUGENOL (4); LIGNANAS: SESAMINA (5); NEOLIGANANAS: KADSURINA A (6); TERPENOS: TRANSFITOL (7) E TERPINOLENA (9); KAVAPIRONAS: METISTICINA (8); DIHIDROCHALCONAS: ASEBOGENINA (10); FLAVONA: 7,4’-DIMETIOXI-5,3’DIHIDROXIFLAVONA (11); OUTROS: DOPAMINA (12)..................................................12 FIGURA 3. ESTRUTURA DAS NOVAS CICLOPENTENEDIONAS (13), (14) E (15), E DA COUMARINA (16) ISOLADAS DE P. CARNICONNECTIVUM...................................13 FIGURA 4. ESPÉCIE PIPER NIGRUM. ................................................................................14 FIGURA 5. GRÃOS DE PIMENTA DO REINO SECOS: VERDES (1), PRETOS (2) E BRANCOS (3). GRÃOS DE PIMENTA DO REINO DE CONSERVA: VERDES (4) E VERMELHOS (5). ...................................................................................................................16 FIGURA 6. ESTRUTURAS DE ALGUMAS AMIDAS/ALCALÓIDES ISOLADAS DE P. NIGRUM...................................................................................................................................17 FIGURA 7. PIPERINA E SUAS TRÊS FORMAS ISOMÉRICAS. ......................................18 FIGURA 8. DISTRIBUIÇÃO BIOGEOGRÁFICA DA FAMÍLIA LORANTHACEAE......25 FIGURA 9. ESTRUTURA DOS METABÓLITOS ESPECIAIS ISOLADOS DA ESPÉCIE SCURRULA ATROPURPUREA...............................................................................................26 FIGURA 10. ESTRUTURA DA QUERCETINA (45), 4´´-O-ACETILQUERCITRINA (46), CATEQUIN-4-β-OL (47) E PERSEITOL (48) ISOLADOS DE LIGARIA CUNIFOLIA. .....27 FIGURA 11. STRUTHANTHUS MARGINATUS. ...................................................................31 FIGURA 12. HAUSTÓRIOS, RAÍZES MODIFICADAS DAS PLANTAS DO GÊNERO STRUTHANTHUS. ...................................................................................................................32 FIGURA 13. ESTRUTURAS DOS METABÓLITOS ESPECIAIS OBTIDOS DO ESTUDO DAS PLANTAS MEDICINAIS...............................................................................................35 FIGURA 14. ALGUMAS ESTRUTURAS DOS ALCALÓIDES ISOLADOS DAS PLANTAS MEDICINAIS, DERIVADOS SEMI-SINTÉTICOS E ALGUNS ANÁLOGOS.38 FIGURA 15. PIPERINA, DERIVADOS E ANÁLOGOS......................................................46 FIGURA 16. DETERMINAÇÃO DOS VALORES DE RF....................................................52 FIGURA 17. PIPERINA 1 E SEUS ANÁLOGOS DE MODIFICAÇÃO ESTRUTURAL...57 FIGURA 18. ESTRUTURA DAS AMIDAS ALCALÓIDAIS SINTETIZADAS A PARTIR DO EUGENOL E DO SAFROL. .............................................................................................58 FIGURA 19. REDUÇÃO DO SAL TETRAZÓLIO (MTT) À FORMAZANA. ...................60 FIGURA 20. SUB-POPULAÇÕES DE CÉLULAS DO EAC OBSERVADAS NO CITÔMETRO DE FLUXO APÓS 24H DO ENSAIO DE CITOTOXICIDADE. ..................63 FIGURA 21. EXPRESSÃO DA ANEXINA V NA SUB-POPULAÇÃO A DE CÉLULAS DO EAC APÓS 24H DO ENSAIO DE CITOTOXIDADE. ...................................................65 xiii FIGURA 22. EXPRESSÃO DA ANEXINA V NA SUB-POPULAÇÃO B DE CÉLULAS DO EAC APÓS 24H DO ENSAIO DE CITOTOXIDADE. ...................................................68 FIGURA 23. EXPRESSÃO DA ANEXINA V NO CONJUNTO ENVOLVENDO AMBAS SUB-POPULAÇÕES DE CÉLULAS DO EAC APÓS 24H DO ENSAIO DE CITOTOXIDADE. ...................................................................................................................69 FIGURA 24. ANÁLISE DA EXPRESSÃO DE ANEXINA V E LDH DAS CÉLULAS DO EAC FRENTE ÀS MÁXIMAS CONCENTRAÇÕES DAS AMIDAS ALCALOIDÁIS. AS BARRAS INDICAM AS PERCENTAGENS: DA SUB-POPULAÇÃO A (A), DA SUBPOPULAÇÃO B (B) E DO CONJUNTO DE SUB-POPULAÇÕES, A E B, (C) DE CÉLULAS MARCADAS COM ANEXINA V, DETECTADAS NO CITÔMETRO DE FLUXO E; DE LIBERAÇÃO ESPECÍFICA DE LDH. ESTES ENSAIOS FORAM REALIZADOS EM CULTURAS INDEPENDENTES, APÓS 24 H. ....................................71 FIGURA 25. CORRELAÇÃO ENTRE O RMW E O CLOGPTEÓRICO PARA TODOS OS COMPOSTOS ANALISADOS................................................................................................78 FIGURA 26. CORRELAÇÃO ENTRE O RMW E O CLOGP TEÓRICO DOS COMPOSTOS ANALISADOS, COM EXCEÇÃO DOS 53, 54¸E 56.............................................................79 FIGURA 27. GRÁFICOS A E B REPRESENTANDO A CORRELAÇÃO ENTRE OS VALORES DE IC50 COM OS PARÂMETROS HIDROFÓBICOS CLOGP E RMW, RESPECTIVAMENTE. ...........................................................................................................80 FIGURA 28. GRÁFICOS A E B REPRESENTANDO A CORRELAÇÃO ENTRE OS VALORES DE IC50 COM OS PARÂMETROS HIDROFÓBICOS CLOGP E RMW, RESPECTIVAMENTE, DOS COMPOSTOS 1, 49, 53, 55, 56, 57 E 58................................80 FIGURA 29. GRÁFICO REPRESENTANDO A CORRELAÇÃO ENTRE OS VALORES DE IC50 COM O PARÂMETROS HIDROFÓBICO CLOGP, ENVOLVENDO 1, 50, 51, 52, 54 E 55......................................................................................................................................81 xiv ÍNDICE DE ESQUEMAS ESQUEMA 1. FORMAÇÃO DA PIPERIDINA. ...........................................................19 ESQUEMA 2. ROTA BIOSSINTÉTICA DA PIPERINA. ............................................20 ESQUEMA 3. FORMAÇÃO DO CÂNCER E DESENVOLVIMENTO DE METÁSTASE...................................................................................................................39 ESQUEMA 4. OBTENÇÃO DAS FRAÇÕES DO EXTRATO DE S. MARGINATUS PARA ENSAIOS BIOLÓGICOS. ...................................................................................50 ESQUEMA 5. DETERMINAÇÃO DA DESIDROGENASE LÁCTICA......................55 xv SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................1 1.1 Importância do Estudo das Plantas Medicinais ..............................................................2 1.2 A Família Piperaceae .........................................................................................................6 1.2.1 O gênero Piper ..............................................................................................................7 1.2.2 A espécie Piper nigrum L............................................................................................14 1.3 A Família Loranthaceae...................................................................................................24 1.3.1 O gênero Struthanthus .................................................................................................30 1.3.2 A espécie Struthanthus marginatus.............................................................................31 1.4 As Plantas Medicinais na Quimioterapia do Câncer ....................................................33 1.4.2 Os alcalóides na quimioterapia do câncer ...................................................................36 1.4.1 O câncer.......................................................................................................................39 2 JUSTIFICATIVA E OBJETIVO ..............................................................................42 3 PARTE EXPERIMENTAL ......................................................................................44 3.1 Equipamentos ...................................................................................................................44 3.1.1 Preparação dos extratos ...............................................................................................44 3.1.2 Ensaios biológicos .......................................................................................................44 3.2 Reagentes e Solventes .......................................................................................................45 3.2.1 Preparação dos reagentes específicos para triagem fitoquímica............................................................................................................................45 3.2.2 A piperina, análogos e derivados.................................................................................46 3.2.3 Cromatografia em camada fina e de coluna filtrante .................................................................................................................................47 3.2.4 Ensaios biológicos .......................................................................................................47 3.3 Material Vegetal ...............................................................................................................47 3.3.1 Obtenção do extrato de Piper nigrum (Piperaceae).....................................................47 3.3.2 Obtenção dos extratos de Struthanthus marginatus (Loranthaceae) ......................................................................................................................47 3.4 Separação Cromatográfica ..............................................................................................49 3.5 Triagem Fitoquímica........................................................................................................51 3.6 Determinação dos Parâmetros Hidrofóbicos .................................................................51 xvi 3.6.1 Método cromatográfico ...............................................................................................51 3.6.2 Clog P ..........................................................................................................................53 3.7 Ensaios Biológicos.............................................................................................................54 3.7.2 Determinação da atividade citotóxica..........................................................................54 3.7.3 Ensaio em citômetro de fluxo......................................................................................54 3.7.4 Ensaio com a desidrogenase láctica (LDH).................................................................55 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................57 4.1 Estudo da Espécie Piper nigrum, Piperina, Análogos e Derivados .............................................................................................................57 4.1.1 Atividade biológica .....................................................................................................59 4.1.2 Estudo dos parâmetros hidrofóbicos ...........................................................................72 4.1.3 Estudo das correlações entre a hidrofobicidade versus a atividade biológica..................................................................................................79 4.2 Estudo dos Extratos Obtidos da Espécie Struthanthus marginatus ........................................................................................................82 4.2.1 Ensaio de quimioprospecção .......................................................................................82 4.2.2 Obtenção e estudo das atividades citotóxica das frações de S. marginathus.....................................................................................................84 5 CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS ........................................................................86 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................87 xvii 1 INTRODUÇÃO O uso dos produtos naturais, especialmente os derivados das plantas medicinais, para prover o alívio de doenças, é reconhecido tradicionalmente por mais de cinco milênios em várias civilizações. No decorrer dos anos, o estudo destes produtos tem contribuído enormemente para o desenvolvimento de diversos fármacos com importantes aplicações terapêuticas, correntemente utilizadas na medicina moderna, dos quais, aproximadamente 25 % são derivados direta ou indiretamente de plantas superiores (CALIXTO et al, 2005). Historicamente, o desenvolvimento da química orgânica ocorreu paralelo ao estudo de plantas, principalmente a partir do século 19, quando foram registradas as primeiras investigações sobre os vegetais, com base científica. Isto resultou no isolamento de alguns princípios ativos de plantas, já então conhecidos como medicinais (MOTANARI & BOLZANI, 2001). Depois de algumas décadas, no século 20, a química de produtos naturais passou a representar a principal linha de pesquisa para as descobertas de novos agentes anticarcerígenos (CRAGG & NEWMAN, 2005; CRAGG et al, 1997). Entre 1983 e 1994, muitos dos medicamentos de origem natural aprovados para o tratamento do câncer foram compostos oriundos do metabolismo de vegetais superiores (CORDELL, 1995). O câncer é uma das mais terríveis doenças do século 20 e vem se expandindo, aumentando as incidências de casos no século 21. No entanto, recentemente, uma grande ênfase tem sido dada às pesquisas e à medicina alternativa, envolvendo plantas medicinais pertencentes a diferentes grupos etnobotânicos, com intuito de complementar as formas de se administrar esta doença (BALACHANDRAN, 2005). 1.1 Importância do Estudo das Plantas Medicinais As plantas medicinais têm sido usadas pelo homem desde as grandes civilizações antigas, como a chinesa, indiana e norte africana, conforme evidenciam alguns manuscritos remanescentes, principalmente quanto à naturalidade do homem na utilização das plantas para o tratamento de uma ampla variedade de doenças (PHILLIPSON, 2001). No entanto, os princípios ativos das plantas começaram a serem isolados a partir do século 19 e, um marco particular foi a descoberta da quinina (Figura 1), isolada da casca da Chinchona pelos cientistas franceses Caventou e Pelletier (PHILLIPSON, 2001). Desde então, até anteceder a Grande Guerra Mundial, no século 20, uma série de produtos naturais isolados de vegetais superiores tornaram-se agentes clínicos e; numerosos deles ainda são usados nos dias de hoje, por exemplo: os alcalóides, morfina e codeína, extraídas do ópio (do látex dessecados dos frutos imaturos de Papaver soniferum), a digoxina isolada das folhas de plantas do gênero Digitalis, a atropina (derivada da hiosciamina) e a hioscina presentes em espécies da família Solanaceae, ilustrados na Figura 1 (PHILLIPSON, 2001). O surgimento dos antibióticos produzidos pela fermentação microbiana aliada ao desenvolvimento marcante de fármacos sintéticos produzidos pela indústria farmacêutica, logo depois da Grande Guerra, foram causas marcantes do declínio do uso das plantas medicinais e consequentemente, no investimento em fármacos de origem vegetal (MOTANARI & BOLZANI, 2001). Assim, nos anos pós-guerra, foram relativamente raras as descobertas de novas drogas de vegetais superiores com considerável importância, exceto a reserpina (Figura 1), isolada das espécies de Rauwolfia, precursora dos agentes tranqüilizantes e, os alcalóides, vincristina e vinblastina (Figura 1), da espécie Catharanthus roseus que foram efetivos na quimioterapia do câncer (PHILLIPSON, 2001). Entretanto, nas últimas décadas do século 20, uma importante mudança de paradigma das sociedades ocidentais fez com que os produtos das plantas passassem novamente a ocupar papel de destaque por grande contingentes das populações dos países desenvolvidos e em desenvolvimento (MOTANARI & BOLZANI, 2001). Principalmente, para a indústria farmacêutica motivada pelas descobertas dos agentes quimioterápicos eficazes como a vincristina e a vinblastina além; da podofilotoxina obtida da espécie Podophyllum peltatum e, os análogos etoposída e teniposída; do taxol isolado da casca de Taxus brevifolia e; da artemisinina, um princípio 2 ativo extraído da planta Artemísia annua; reativando o interesse pelos medicamentos de origem vegetal, conforme ilustra a Figura 1 (MOTANARI & BOLZANI, 2001). Iniciando-se a busca por substâncias naturais bioativas de estrutura molecular complexa, com a presença de centros assimétricos; estruturas complexas muito difíceis de serem obtidas por um processo sintético de custo racional (MOTANARI & BOLZANI, 2001). Esta retomada às pesquisas com os produtos naturais, principalmente de origem vegetal, nos últimos anos, acarretou em uma estratégica mudança dentro do estudo químico destas moléculas, incluindo técnicas mais rápidas e precisas quanto ao isolamento e elucidação estrutural, avaliação biológica, semissíntese e a biossíntese para a descoberta de novas moléculas com aplicações medicinais (CORDELL, 1995). Uma alternativa para a descoberta de novas drogas naturais promissoras, a qual tem sido adotada pelas indústrias farmacêuticas é a química combinatória e o fracionamento guiado por bioensaio (MOTANARI & BOLZANI, 2001). Esses métodos permitem o acesso a uma série pré-selecionada de diversas moléculas naturais, estruturalmente favoráveis, fundamentadas em torno de um composto comum, fornecendo uma ampla “biblioteca” de moléculas em um curto espaço de tempo (PATERSON & ANDERSON, 2005). Outros esforços, envolvendo a química orgânica sintética, têm sido a preparação de análogos de produtos naturais capazes de corresponderem de forma mais efetiva do que seus precursores à ação biológica. Todavia, a modificação estrutural, como a transformação de um grupo funcional, nos produtos naturais tem a vantagem de fornecer análogo de forma mais rápida, embora seja limitada em termos de variedades de compostos (PATERSON & ANDERSON, 2005). No entanto, em alguns países detentores de uma fantástica biodiversidade, como o Brasil, as pesquisas com plantas medicinais ainda estão centradas no âmbito das universidades e institutos de pesquisas onde se desenvolve essencialmente a fitoquímica básica, embora existam vários grupos envolvidos na busca de princípios ativos de plantas. As indústrias farmacêuticas não investem nestas pesquisas, sendo que, cerca de 85% das indústrias transnacionais sediadas no Brasil praticam toda a pesquisa de descoberta e desenvolvimento de fármacos em seus países de origem (MOTANARI & BOLZANI, 2001). 3 N N N N HO H H3CO HO H H3C O N O O HO Quinina O HO Morfina OH Codeína Atropina O O N O O HO O O O O O O Artemisinina OH OH Hioscina HO Digoxina N OH OH N H O O O O O H R N H O O Vincristina O NH OH H O O O O O OH O OH O OH H O O O O N O O H O O O O R= CH3 Taxol Podofilotoxina Vimblastina R= CHO H O S O O O HO O O O OH O HO O O O OH O O O O O O O O OH O O N N H H H H3CO O H O O OH Etoposida Teniposida O O O O Reserpina Figura 1. Estruturas de compostos isolados das plantas medicinais. 4 São várias as utilidades dos produtos naturais, principalmente os oriundos das plantas, quer sejam como suplementos na alimentação, intermediários usados nas indústrias ou medicamentos (MOTANARI & BOLZANI, 2001), quer sejam no uso in natura das plantas medicinais como o único recurso terapêutico de muitas comunidades e grupos étnicos (MACIEL et al., 2002). Portanto, a seguir, serão apresentados tópicos envolvendo as famílias, os gêneros e alguns metabólitos especiais referentes às duas espécies das plantas estudadas nesta dissertação de mestrado, visando, principalmente, a busca de novos agentes para a quimioterapia do câncer. 5 1.2 A Família Piperaceae A família Piperaceae abrange uma das mais relevantes e antigas especiarias, a pimenta, comercializada de Malabar, uma região na costa oeste do sul Índia, para diversos países. A pimenta também é mencionada, em alguns manuscritos romanos do Século 5, como um importante bem econômico da cidade de Roma (MOBOT, 2005). Hoje, esta família botânica compreende um amplo número de espécies importantes, economicamente, devido suas propriedades como condimentos e medicinais; além da vasta maioria, sem valor econômico, mas extremamente relevantes ecologicamente. Esta família pantropical é composta por alguns gêneros, cujos principais são: Lepianthes, Sarcorhachis, Ottonia, Pothomorphe, Peperomia e Piper. Destes, os maiores gêneros são os dois últimos citados, contendo cada um cerca de mil espécies. O gênero Piperomia é caracterizado em sua morfologia, principalmente, como plantas pequenas, suculentas, muitas vezes epífitas. Enquanto que o gênero Piper é composto por plantas lenhosas, incluindo arbustos, trepadeiras e pequenas árvores (DYER et al., 2004). A família Piperaceae, no Brasil, é representada, praticamente, em todos os estados do país, principalmente, pela espécie Piper nigrum, a pimenta do reino, que fora introduzida no século 17 pelos portugueses (EMBRAPA, 2005). Dentre os estados do nordeste brasileiro, tomando-se apenas o estado do Ceará como exemplo, além da espécie Piper nigrum, são compreendidos outros 35 taxas da família Piperaceae distribuídos em quatro gêneros: Ottonia, Pothomorphe, Peperomia e Piper (GUIMARÃES & GIORDANO, 2004). Muitas destas espécies são utilizadas popularmente como condimento, principalmente os frutos; como ornamentação; e como medicinais através de chás, infusão, banhos aromáticos tanto das raízes quanto do caule e dos frutos, estes, muitas vezes, na forma seca ou moída, são empregados para o tratamento de um amplo espectro de doenças (GUIMARÃES & GIORDANO, 2004). 6 1.2.1 O gênero Piper L. O gênero Piper da família Piperaceae tem mais de 1000 espécies que se distribuem geograficamente pelas regiões subtropicais (DYER et al., 2004), tropicais e temperadas dos dois hemisférios (GUIMARÃES & GIORDANO, 2004). Este gênero apresenta uma das maiores diversidades de táxons nos países neotropicais, em que corresponde a cerca de 2/3 de todas as espécies neles descritas. Muitas plantas deste gênero crescem em florestas quentes, úmidas e com alto índice pluviométrico. Aproximadamente, 300 espécies são endêmicas do sudeste da Ásia, incluindo o leste das ilhas da Índia e o norte da Austrália. Apenas duas espécies são nativas da África. Na América Central, há ocorrência de cerca de 90 espécies na Península Osa na Costa Rica, como também em alguns países da América do Sul (DYER et al., 2004). No Brasil, ocorrem cerca de 266 espécies do gênero Piper, das quais 13 espécies e 4 variedades foram descritas apenas no estado do Ceará, embora praticamente todas também ocorram em outros estados nacionais (GUIMARÃES & GIORDANO, 2004). A Tabela 1 sumariza a ocorrência e as principais atividades medicinais das diversas espécies do gênero Piper nos estados brasileiros. A maioria das espécies deste gênero não tem valor econômico, embora apresentem uma grande importância ecológica dentro do seu habitat natural, principalmente nas florestas úmidas. As folhas das plantas do gênero Piper servem de alimento para uma série de insetos herbívoros, enquanto que os frutos amadurecidos nutrem uma variedade de animais frugívoros, por exemplo, morcegos e pássaros (DYER et al., 2004). No entanto, algumas plantas do gênero Piper são economicamente muito importantes. Um exemplo é a espécie P. methysticum cujas raízes são fontes de “kawa”, substância da classe das kavapironas, usada tradicionalmente na Polinésia como uma bebida narcótica, hoje, esta planta é de interesse para as indústrias na formulação de sedativos. Outras espécies complacentes como P. cubeba, P. longum e P. auritum são usadas localmente como condimentos ou medicinais. Uma das mais proeminentes é a espécie P. nigrum, originalmente da Índia, foi importante nos primeiros negócios estabelecidos entre a Europa e a Ásia, sendo hoje, a principal fonte de pimenta preta e é amplamente utilizada pela humanidade como condimento (DYER et al., 2004). 7 Recentemente, foi identificado, particularmente em P. longum, P. auritum, e P. hispidinervum um dos principais óleos voláteis brasileiros, o safrol (Figura 2) explorado economicamente em Rondônia por indústrias químicas (SIMÕES et al., 2004). Em algumas espécies como na P. hispidinervum, o safrol tem uma elevada concentração, atingindo de 83 a 93% dos óleos essenciais caracterizados (DYER et al., 2004). 8 Tabela 1. Distribuição geográfica das espécies do Piper nos estados brasileiros e as principais indicações na medicina popular. Espécies Distribuição Geográfica Propriedades medicinais Amazonas, Pará, Ceará, Paraíba Seus frutos são usados como substitutos da pimenta-do-reino, utilizando-os como condimento. e Pernambuco Também é usada sob a forma de chá, considerada antiespasmódica para afecções do fígado e do baço; segundo os índios quando amassadas, são utilizadas para aliviar coceiras das picadas de insetos. Ceará, Pernambuco, Bahia, Suas folhas são usadas sob a forma de cataplasmas ou, através do cozimento, são empregadas Piper amalago (Jacq.) Minas Gerais, Rio de Janeiro, em banhos ou chás, devido suas propriedades sudoríferas acentuadas. São úteis ainda para os Yunck. São Paulo, Paraná, Santa males do estômago. Os frutos são estimulantes além de serem usados para o tratamento das Catarina, Rio Grande do Sul e cardialgias, no tratamento de reumatismos. Mato Grosso Amazonas, Ceará, Bahia, Minas O suco das espigas, em aguardente, é de uso interno contra mordedura de cobra e o bagaço Piper cernuum Vell. Gerais, Espírito Santo, Rio de misturado com raízes pode ser aplicado sobre o ferimento produzido pelo animal. A raiz é Janeiro, São Paulo, Paraná e considerada um medicamento sialagogo e diurético. O pó resultante das espigas secas é útil Santa Catarina para tratamento de gonorréias crônicas e leucorréias. Piper tuberculatum Jacq. Amazonas, Pará, Maranhão, No Ceará é conhecida como pimenta-de-macaco ou pimenta-longa, considerada planta Piauí, Ceará, Paraíba, medicinal como estimulante e carminativa. Pernambuco, Rio de Janeiro e Mato Grosso Amazonas, Ceará, Pernambuco, Sob a forma de chá e banhos aromáticos é a planta usada contra reumatismos, bronquites, Piper arboreum Yunck. Bahia, Rio de Janeiro, São resfriados e gripes fortes, sendo ainda carminativa e emoliente. As folhas tem óleo de sabor Paulo, Paraná, Santa Catarina, picante, com aroma semelhante ao do hortelã-pimenta, sendo empregadas como sudoríficas e Rio Grande do Sul e Mato afrodisíacas. Também são utilizadas nas dores de garganta e dentes. Grosso Piper divaricatum G. Amazonas, Amapá, Pará, Ceará, A raiz é aromática, de sabor forte, semelhante ao do gengibre. As folhas e as raízes, quando em Pernambuco, Bahia, Minas infusão, são empregadas internamente contra dores reumáticas e cólicas, e, quando cozidas, são Mey. Gerais, Espírito Santo, Rio de utilizadas sob a forma de banhos antireumáticos. Janeiro e Mato Grosso Piper marginatum Jacq. 9 Continuação da Tabela 1 Espécies Distribuição Geográfica Piper bartlingianum Miq. Amazonas, Amapá, Pará, Ceará Endêmica no estado do Ceará Piper rufipilum Yunck. Piper crassinervium Amazonas, Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná Kunth e Santa Catarina Piper mollicomum Kunth, Ceará, Paraíba, Pernambuco, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Linnaea de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Mato Grosso e Goiás Amazonas, Amapá, Pará, Piper dilatatum Rich. Maranhão, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso Amazonas, Amapá, Pará, Mato Piper aduncum L. Grosso, Ceará, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná Amazonas, Pará, Ceará, Piper hispidum Sw. Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso Piper carniconectivum L. Amazonas, Rondônia Propriedades medicinais Não descritas Não descritas Não descritas Os frutos são úteis para problemas estomacais, sendo também muito usados em doenças venéreas. Suas raízes são utilizadas como mastigatórios para anestesiar as dores de dentes. Não descritas As folhas são utilizadas sob a forma de chá contra apatia intestinal e males estomacais. São adstringentes e diuréticos, sendo um hemostático poderoso usados em feridas, úlceras e leucorréias. Suas espigas curvas e aromáticas contêm taninos, essências e resinas. A infusão das folhas é usada como estomáquica, balsâmica, adstrigente e desobstruente do fígado. As folhas, as raízes e os frutos são adstrigentes, diuréticos e estimulantes, empregados como desobstruentes do fígado. Também é utilizada para deter hemorragias traumáticas. As folhas são utilizadas sob a forma de banhos contra as hemorróidas, reumatismos e desinterias, quando frescas são usadas como emplastros em hernia de umbigo de crianças, tendo o mesmo uso no estado seco e reduzido a pó, sendo ainda consideradas hemostáticas. Os frutos são antiblenorrágicos. Usado na medicina popular e como bioprodutor de óleo essencial. 10 Assim como o safrol e alguns propenilfenóis como o eugenol e a miristicina (Figura 2), compostos com estruturas relativamente simples, são comuns a outras plantas e estão presentes no gênero Piper (DYER et al., 2004). O gênero Piper tem uma grande diversidade de metabólitos especiais, abrangendo em torno de 667 compostos diferentes, caracterizados através de investigações fitoquímicas de apenas 112 espécies estudadas, as quais correspondem aproximadamente 10% do total de espécies conhecidas. Estes metabólitos especiais se distribuem nas seguintes classes de substâncias: 190 alcalóides/amidas, 49 lignanas, 70 neolignanas, 97 terpenos, 39 propenilfenóis, 15 esteróides, 18 kavapironas, 17 chalconas/dihidrochalconas, 16 flavonas, 6 flavanonas, 4 piperolídeos e 146 miscelâneas de compostos não muito comuns dentro do grupo majoritário dos metabólitos especiais (DYER et al., 2004). Muitas destas classes de compostos têm sido investigadas quanto às várias atividades biológicas, atribuindo a muitas espécies propriedades farmacológicas (DYER et al., 2004). Dentre as atividades farmacológicas identificadas neste gênero, encontram-se suas propriedades antitumorais (SIMÕES et al., 2004) e antiinflamatórias (STÖHR, 2001). As bioatividades destes metábólitos têm consentido a algumas plantas sua utilização oficial por mais de 2000 anos na tradicional na medicina Chinesa (STÖHR, 2001), assim como, entre povos do continente Americano, principalmente, por tribos indígenas da floresta Amazônica (GUIMARÃES & GIORDANO, 2004). 11 O O O O O N O N O 1 2 O O O O HO O O 3 4 O O O O 5 O O OH O O O 7 6 OH O O O O O OH OH O 9 8 O 10 O O O OH OH HO NH2 HO O 12 11 Figura 2. Principais classes de metabólitos especiais, majoritários, citando alguns exemplos presentes no Gênero Piper. Amidas: piperina (1) e cefaradiona A (2); Propenilfenóis: safrol (3) e eugenol (4); Lignanas: sesamina (5); Neoligananas: kadsurina A (6); Terpenos: transfitol (7) e terpinolena (9); Kavapironas: metisticina (8); Dihidrochalconas: asebogenina (10); Flavona: 7,4’-dimetioxi-5,3’-dihidroxiflavona (11); Outros: dopamina (12). 12 Recentes investigações fitoquímicas com as raízes da espécie P. carniconnectivum, coletada no estado de Rondônia, contribuíram para a descoberta de três novas ciclopentadionas 13-15 e o isolamento de uma cumarina, conhecida, xantiletina 16 (Figura 3) (FACUNDO et al., 2004). Ciclopentenedionas R O OH R1 O O 13 14 O O R=Me, R1=H R=H, R1=Me 15 Xantiletina O O O 16 Figura 3. Estrutura das novas ciclopentenedionas (13), (14) e (15), e da coumarina (16) isoladas de P. carniconnectivum. 13 1.2.2 A espécie Piper nigrum L. A Piper nigrum L. (Figura 4), espécie tipo do gênero Piper (GUIMARÃES & GIORDANO, 2004), é uma das mais conhecidas dentre as mais de 1000 espécies da família Piperaceae, devido ao seu valor comercial, econômico, e a sua importância medicinal (WEI et al., 2005). Originária da floresta de Kerala, sul da Índia, os frutos de Piper nigrum constituem a especiaria que mais atraiu os comerciantes no final do século 15, principalmente os portugueses, após a descoberta da rota mais curta para a Índia partindo da Europa (EMBRAPA, 2005). Os portugueses passaram a dominar este produto o qual é conhecido, popularmente, nos países de língua portuguesa como pimenta-do-reino (EMBRAPA, 2005) e também denominada, pelos espanhóis, de pimenta preta e, pelos ingleses, de pepper (BARRETO-JUNIOR, 2005). Figura 4. Espécie Piper nigrum. A introdução da pimenta-do-reino, no Brasil, pelos colonos portugueses no séc. 17, ficou restrita aos estados do litoral brasileiro que só foi estabelecida como cultivo racional após a introdução da cultivar Cingapura (ecotipo de Kuching) por imigrantes japoneses, em 1933. Mais tarde, os japoneses e os brasileiros introduziram o sistema de cultivo intensivo praticado na Malásia, tornando o Brasil auto-suficiente, em 1950. Hoje, é cultivada em mais de 100 municípios nos Estados do Pará, Espírito Santo, Bahia, Maranhão, Ceará, Paraíba e, 14 recentemente, no Estado do Amapá, alcançando o Brasil no ano de 2004 uma produção de 30.000 toneladas por hectare/ano (EMBRAPA, 2005). A pimenta do reino é uma das únicas especiarias cujos frutos podem ser comercializados em quatro diferentes versões de grãos de pimenta: preta, branca, verde e vermelha (Figura 5). A pimenta tipo preta, mais comum, é o fruto em sua maioria amadurecido, debulhado das espigas e secado ao sol ou com auxilio de um secador elétrico (UNI-GRAZ, 2005). Os frutos totalmente amadurecidos são usados para produzir a pimenta branca isenta do invólucro externo (exocarpo e mesocarpo) o qual confere o aroma a pimenta, por conter uma parte dos compostos voláteis e açúcares. Comumente, o processo para remoção do invólucro consiste em umedecer as espigas, não debulhadas, encharcando-as por uma semana em tanques de água corrente, para que o mesocarpo se desintegre do endocarpo. O grão remanescente é seco e o sólido branco pulverizado (endocarpo) é chamado de pimenta branca, tão pungente quanto à pimenta preta (UNI-GRAZ, 2005). Pimenta verde, pouco pungente e de sabor “fresco”, é uma das formas de se comercializar a pimenta do reino, principalmente, em Madagascar para o consumo como condimento. Os frutos verdes são recolhidos das espigas, antes de iniciar o processo de fermentação, e imediatamente colocados em conservas de salmoura ou vinagre. As conservas também podem ser feitas com os frutos maduros originando a pimenta tipo vermelha, uma mercadoria muito rara, considerada mais pungente do que a pimenta preta e com o frescor de pimenta verde, é produzida em Kerala, sul da Índia (UNI-GRAZ, 2005). 15 1 2 4 3 5 Figura 5. Grãos de pimenta do reino secos: verdes (1), pretos (2) e brancos (3). Grãos de pimenta do reino de conserva: verdes (4) e vermelhos (5). A espécie P. nigrum é uma planta perene com caule liso, redondo, nodoso e ramificado; as folhas são inteiras, lâminas ovaladas, ápice agudo, coriáceas e com sete nervuras principais; as flores são pequenas, brancas, dispostas em espigas; os frutos são globulares, vermelhos quando maduros que ao secarem possuem uma superfície grossa e rugosa (MOBOT, 2005). As investigações fitoquímicas realizadas, ao longo das últimas décadas, em P. nigrum revelaram uma ampla variedade de metabólitos especiais presentes nesta espécie, os quais se distribuem em diferentes classes de compostos: amidas/alcalóides, propenilfenóis, lignanas, neoliganana, terpenos, flavonas e miscelâneas de compostos, dos quais alguns são encontrados apenas nesta espécie (PARMAR et al., 1997). Recentes averiguações realizadas com os frutos desta espécie resultaram no isolamento de novos metabólitos especiais, atingindo um total de 35 amidas (WEI et al., 2004) e; das raízes, 39 amidas alcaloidáis e 21 bisamidas (WEI et al., 2005). Muitas das amidas alcaloidáis isoladas da pimenta do reino (Figura 6), diante de investigações biológicas, têm apresentado importantes atividades. Por exemplo, a pipericida 22 tem apresentado propriedade inseticida frente ao Callosobruchus chinensis, assim como a di-hidropipericida e a guineensina, também são tóxicas ao macho desta espécie. As amidas guineensina, pipericida e retrofractamida A apresentaram toxidez aos mosquitos das espécies Cullex pipiens pallens, Aedes togoi e Aedes aegypti, enquanto que outras como a piperina apresentam propriedade antipirética, analgésica e antiinflamatória (PARMAR et al., 1997). 16 O O O N O O O O N O O 4 1 17 Piperamida Piperina N 4 18 Brachistamida A O O O O HO O N 6 N HO 19 Dihidropipericida 20 Guineensina n=6 21 Retrofractamida A n=4 22 Pipericida n=2 O 3,4-Dihidroxi-6(N-etillamino)benzamida O O O HO H 23 N H O NH2 N n H N O O N 2 25 24 N-Formilpiperidina (2E,4E)-N-5-[(4-Hidroxife nil)pentadienoil]pipe ridina O 26 (2E,4E,8E)-N-9-(3,4-Metilenedioxifenil) nonatrienoilpirrolidine O O 4 N 27 (2E,4E,lOE)-N-l l-(3,4Metillenedioxifenilundecatrienoilpiperidina Figura 6. Estruturas de algumas amidas/alcalóides isoladas de P. nigrum. Neste trabalho de dissertação de mestrado, a piperina foi o alvo de nossos estudos devido esta amida/alcalóide ser o metabólito majoritário da espécie P. nigrum, de fácil extração, podendo ser obtida com bom rendimento, através da preparação do extrato etanólico dos frutos secos da pimenta do reino, com auxílio do extrator de Sohxlet. Outro fato relevante que fez desta espécie um dos objetos de estudos deste trabalho, é ser o Brasil um dos maiores produtores deste condimento. Portanto, a piperina será o objeto de maior destaque quanto às suas propriedades e ocorrências. 17 Piperina As amidas alcaloidáis constituem a classe mais abundante de metabólitos especiais dentro do gênero Piper, correspondendo, na espécie P. nigrum, cerca de 20% dos compostos já conhecidos (PARMAR et al., 1997). Uma das mais importantes e das primeiras amidas isoladas - por Oerstedt em 1819 e determinada estruturalmente por LANDENBURG & SCHOLTZ em 1894 (EPSTEIN et al., 1993) - é a piperina 1 (PARMAR et al., 1997). Trata-se do isômero 2E,4E do esqueleto 5-(benzo[1,3-d]dioxol-5-il)-1-(piperidinil)-2,4-pentadien-1ona. A piperina em algumas espécies apresenta-se, minoritariamente, nas três formas isoméricas: 2Z,4E, (isopiperina); 2E,4Z (isochavicina) e 2Z,4Z (chavicina), ilustradas na Figura 7 (BUDAVARI, 1996). O O O O N O O 1 28 Isopiperina Piperina O O O N O N 29 Isochavicina O O N 30 Chavicina Figura 7. Piperina e suas três formas isoméricas. A piperina, isolada das espécies: P. acutisleginum, P. album, P. argyrophylum, P. attenuatum, P. aurantiacum, P. betle, P. callosum, P. chaba, P. cubeba, P. guineense, P. hancei, P. khasiana, P. longum, P. macropodum, P. nepalense, P. nigrun, P. novae hollandiae, P. peepuloides, P. retrofractum, P. sylvaticum, P. puberulum, atinge uma concentração média de 5 % nas plantas. (PARMAR et al., 1997). Em estudos mais recentes, pode-se obter a piperina na forma de cristais amarelo-claros da espécie P. nigrum com 7% de rendimento (RIBEIRO, 2004). Na espécie Piper nigrum, a piperina se distribui tanto nas folhas e caules quanto nos frutos, onde ocorre em maior proporção (Tabela 2), sendo mais abundante nas partes secas do vegetal (SEMLER & GROSS, 1988). 18 Tabela 2. Distribuição de piperina nas folhas, caules e frutos da espécie Piper nigrum. Material Vegetal Piperina (mg/g pfr) a (mg/g ps) b Raiz: jovem 0,057 0,32 Folhas: jovem 0,0006 0,0049 madura 0,0002 0,0007 jovem 0,0087 0,070 madura 0,46 1,92 ____ 31,09 d ____ 2,25 Caules: Frutos c Pimenta preta Pimenta branca a Miligrama por grama de peso fresco de pimenta Miligrama por grama de peso seco de pimenta c Obtidos de amostras comerciais d Média dos valores encontrados das amostras de pimenta preta b Biossíntese da piperina A biossíntese da amida alcaloidáis, piperina, envolve a formação do anel piperidínico o qual é originado após a perda do grupo carboxila da L-lisina, aminoácido precursor (Esquema 1). Posteriormente, ocorre a formação da porção do ácido pipérico (Esquema 2), derivado do cinamoil-CoA, cuja cadeia carbônica é estendida através da incorporação de uma unidade de malonil-CoA, a qual sofre posterior redução, via catálise enzimática, seguida por uma desidratação, formando o tioéster piperoil-CoA que reage com a piperidina originando a piperina (DEWICK, 2001). COOH -CO2 PLP NH2 NH2 NH2 NH2 L-Lisina NH2 O Cadaverina N H Piperidina redução N (base de Schiff) Piperideina Esquema 1 - Formação da piperidina. 19 O O O Malonil-CoA O SCoA O O SCoA O Cinamoil-CoA NADPH O O OH O SCoA -H2O O O SCoA O Piperoil-CoA HN piperiltransferase Piperidina O O N O 1 Piperina Esquema 2. Rota biossintética da piperina. Propriedades farmacológicas da piperina Uma grande diversidade de atividades biológicas apresentada em estudos farmacológicos com a piperina a evidencia como uma das mais importantes amidas/alcalóides presente em espécies do gênero Piper, principalmente, na espécie P. nigrum na qual a piperina é um dos principais constituintes. Extratos de P. nigrum têm sido usados na medicina tradicional Chinesa para o tratamento de doenças reumáticas e doenças do trato respiratório. Estudos prévios sugerem que estes extratos e alguns constituintes possuem propriedades inibitórias frente à enzima ciclooxigenase-1, importante para a formação de prostaglandinas cuja relevância é mediar o desenvolvimento de processos inflamatórios, como o reumatismo (GEITZ et al., 1997). STÖHR et al, evidenciou que extratos de espécie Piper constituídas de amidas/alcalóides, principalmente de piperina, são promissores na inibição das enzimas ciclooxigenase-1 e lipoxigenase-5, fundamentais para o metabolismo do ácido araquidônico (STÖHR et al., 2001). A enzima lipoxigenase-5 é responsável pela formação de leucotrienos proinflamatórios (SMITH, 1996). 20 Outros estudos com extrato de P. nigrum, miscigenado com piperina e outras amidas, indiciam a capacidade destes compostos de aumentar a proliferação de melanócitos, o que sugere sua aplicação no tratamento de vitiligo. VENKATASAMY et al. confirmaram que a piperina pura e seus análogos sintéticos são capazes de induzir a proliferação de linhagem de células melanócitas de ratos in vitro (VENKATASAMY et al., 2004). A piperina além de apresentar atividade antipirética, analgésica e antiinflamatória, como citado anteriormente, pode agir no sistema nervoso central, em animais de laboratório, como substância depressora, produzindo efeitos hipnóticos (JOHRI & ZUTSHI, 1992). Estudos recentes evidenciaram a ação da piperina na inibição da atividade, em ratos, da enzima monoamina oxidase (MAO), responsável por catalisar a desaminação oxidativa de neurotransmissores como, por exemplo, serotonina e dopamina. As substâncias inibidoras da MAO são usadas no tratamento de distúrbios mentais, principalmente como antidepressivos e, na terapia das doenças de Parkinson e Alzheimer (LEE et al., 2005). Esta amida/alcalóide em ratos é rapidamente absorvida pelo trato gastrointestinal, podendo ser detectada no plasma branco em 15 minutos após a administração intravenosa (BAJAD et al., 2002). Quando administrada oralmente, a piperina contribui para o aumento da permeabilidade das células intestinais (WEI, et al., 2005), aumentando a biodisponibilidade de diferentes drogas como a curcumina, espateina, barbitúrios, propanol e teofilina (ATAL et al., 1985; JOHRI & ZUTSHI, 1992). Possivelmente, por induzir alteração na dinâmica de lipídeos e proteínas, bem como, nas características da membrana plasmática, aumentando a microvilosidade e a fluidez, no epitélio (KHAJURIA et al., 2002). Também são descritas propriedades hepatoprotetora (WEI, et al., 2005), atividade antiasmática (MAJUMDAR et al., 1990), antifertilidade (PIYACHATURAWAT et al., 1982), antimetastase (PRADEEP & KUTTAN, 2002) e o efeito inibidor na produção de óxido nítrico e no fator α de necrose tumoral in vitro e in vivo (PRADEEP & KUTTAN, 1999) da piperina. Ribeiro et al. observaram a ação da piperina e seus derivados sintéticos frente ao protozoário Trypanosoma cruzi; sendo que de todos os compostos ensaiados, a piperina apresentou os valores mais promissores de concentração inibitória de 50%, 4,91 µM e 7,36 µM frente às formas amastigosta e epimastigota, respectivamente, quando comparados aos valores de IC50 do Benznidazol, do qual se dispõe para o tratamento da doença de Chagas causada por este protozoário (RIBEIRO et al., 2004). 21 A propriedade virucida da piperina, purificada dos frutos de Piper nigum, foi observada frente ao vírus influenza A/Victoria/3/75, incubado em células MDCK. Neste ensaio, a amida natural exibiu significativa atividade, inibindo de 100 a 99,8% o vírus influenza A cujas concentrações variaram de 0,195 - 6,25µg/ml em ordem decrescente de diluição (COUCEIRO et al., 2005). Propriedades quimioterápicas da piperina frente ao câncer Alguns estudos têm evidenciado que a piperina auxilia na inibição das reações de oxidação tanto in vitro como in vivo causadas por radicais livres de forma a prevenir ou retardar os danos às células e aos tecidos. A suplementação desta amida na dieta de animais de laboratório contribui na redução do desenvolvimento do câncer, realçando sua atividade de antioxidante através do efeito inibidor ou quelante com o radical livre e espécie de oxigênio reativo (ROS) na proteção contra certos tipos de câncer (MITTAL & GRUPTA, 2000; BALAKOUL & ARUNA, 1993). Diante do carcinógeno benzo(a)pireno capaz de induzir enormes quantidades de radicais livres e, consequentemente, a peroxidação de lipídeos em células do pulmão, estudos com a piperina mostraram seu efeito supressor frente ao carcinógeno, reduzindo a formação de radicais livres e a proliferação de células carcinogênicas no pulmão (SELVENDIRAN et al., 2004 a; SELVENDIRAN et al., 2004 b). Respostas imunofarmacológicas da ação da piperina foram obtidas diante de estudos in vitro com células de melalona B16F-10 no qual foi focalizado a ativação e a translocação de diferentes fatores de transcrição nuclear como o fator-kB (NF-kB), c-Fos, CREB, ATF-2 e a expressão de citocinas proinflamatórias (PRADEEP & KUTTAN, 2004). Neste estudo, foi observado que 10 µg/ml de piperina são capazes de diminuir os níveis de produção de citocinas (IL-1β, IL-6, GM-CSF e TNF-α), cuja elevada expressão tem sido observada nestas células durante a metástase. Outros efeitos observados foram tanto a inibição na translocação dos fatores de transcrição NF-kB (subunidades p65, p50 e cRel), cFos, CREB, ATF-2, quanto a redução da proliferação do melanona (PRADEEP & KUTTAN, 2004). A avaliação do efeito imunorregulador da piperina foi realizado por SUNILA & KUTTAN (2004), os quais observaram que a piperina pode estimular o sistema hematopoiético e aumentar a proliferação de células tanto da medula óssea quanto de células 22 positivas à α-esterase. Ainda neste estudo, foi observada a atividade antitumoral desta amida/alcalóide frente às culturas in vitro de células L929, do linfoma de Dalton (DLA) e do carcinoma ascítico de Ehrlich (EAC) representada na Tabela 3 (SUNILA & KUTTAN, 2004). Tabela 3. Citotoxicidade da piperina em culturas de células de L292, DLA e EAC. Linhagem de células (106) L929 Efeito Citotóxico (%) 100 Concentração da piperina (µg/ml) 50 DLA 100 250 EAC 100 500 SUNILA & KUTTAN, 2004 Além do estudo in vitro frente às células cancerígenas, foi avaliada a atividade antitumoral in vivo, utilizando-se a dose de 1,14 mg/animal de piperina, observando-se a inibição do desenvolvimento do tumor sólido em ratos induzido com o linfoma de Dalton em 37,3 %, e o aumento da expectativa de vida dos animais portadores do carcinoma ascítico de Ehrlich em até 58,8 % (SUNILA & KUTTAN, 2004). 23 1.3 A Família Loranthaceae A família Loranthaceae pertence à ordem Santalales a qual compreende outras cinco famílias: Balanophoraceae, Eremolepdaceae, Olacaceae, Opiliaceae e Viscaceae. Todas são plantas que parasitam galhos de árvores ou arbustos e, de acordo com o grau de dependência nutricional, são categorizadas como hemiparasitas ou holoparasitas por atuarem nos sistemas condutores de seiva da planta hospedeira: xilema e floema, respectivamente (NICKRENT, 2001). O maior número de espécies na ordem Santanales ocorre na família Loranthaceae, correspondendo a cerca de 900 espécies das 1436 existentes, compreendidas em 74 dos 89 gêneros. A segunda maior família é a Viscaceae, embora com apenas 7 gêneros, compreende 480 espécies que estão distribuídas, majoritariamente, dentro dos gêneros Phoradendron e Viscum (NICKRENT, 2001). A maioria destas plantas possui em suas sementes uma substância chamada de visco que a permite fixar-se na planta hospedeira, após serem ingeridas e secretadas por pássaros, exceto as sementes dos gêneros Nuytsia e Misodendrum que são dispersas pelo vento. Devido ao fato dos pássaros serem os agentes dispersores das sementes das duas maiores famílias, Loranthaceae e Viscaceae, estas plantas são conhecidas popularmente como ervas de passarinho (NICKRENT, 2001). A ordem Santalales possui uma ampla distribuição biogeográfica cuja ocorrência abrange tanto regiões tropicais quanto de clima temperado. Na Europa, o gênero Viscum e, na América do Norte, o gênero Phoradendron, ambos da família Viscaceae, representam a maioria das plantas parasitas, enquanto que a família Loranthaceae distribui-se pelos trópicos: Malásia, Austrália e América do Sul (NICKRENT, 2001), revelando-se pouco abundante em regiões temperadas (RIZZINI, 1968). A família Loranthaceae abrange cerca de 40 gêneros e 1500 espécies distribuídas nas regiões subtropicais e tropicais em ambos os hemisférios (VENTURELLI, 1981), sendo a região tropical de maior ocorrência com 1400 espécies caracterizadas como arbustos eretos ou escandentes, clorofilados, hemiparisitas de árvores ou arbustos de dicotiledôneas e de coníferas, conforme ilustra a Figura 7 (BARROSO et al., 1984). 24 Figura 8. Distribuição biogeográfica da família Loranthaceae No Brasil, as espécies da família Loranthaceae ocorrem numa área muito abrangente, demonstrando uma redistribuição pelas Florestas Pluviais: Amazônica e Atlântica e, pelas regiões mais secas do país, Central e Nordeste (RIZZINI, 1968). Estudo fitoquímico das ervas de passarinho As investigações fitoquímicas com espécies da família Loranthaceae iniciaram-se após os estudos com extratos de Viscum albuns (Viscaceae), espécies Tipo das ervas de passarinho na Europa, amplamente usados na medicina popular no tratamento do câncer, cujos componentes identificados relacionam-se com a redução de tumores. Dentre os componentes descritos em literatura, encontram-se: lectinas, viscotoxinas, proteínas, peptídeos, oligossacarídeos, alcalóides, compostos polifenóis e flavonóides presentes nesta planta (ZEE CHENG, 1997). A presença de flavonóides e proantocianidinas na família Loranthaceae (FERNÁNDEZ et al., 1998) e outros metabólitos especiais como flavonas, lignanas e monoterpenos glicosilados (OHASHI et al., 2003), despertou a atenção dos pesquisadores para o estudo fitoquímico dos extratos e das frações de algumas espécies, desta família, endêmicas e de uso medicinal local. Na espécie Scurrula atropurpurea, uma planta parasita de Thea sinensis, espécie de chá muito comum na Indonésia, foram isolados alguns ácidos graxos: ácidos linoleico e oléico; chantonas: cafeína e teobromina; flavonóides glicosilados: quercitrina e rutina; 25 monoterpeno glicosilado: icarisida B; lignana glicosilada: aviculina e; flavonas: catequinas e epicatequinas, representados na Figura 8 (OHASHI et al., 2003). COOH COOH 31 Ácido linoeico 32 Ácido oleico COOH COOH 33 Ácido linolênico O R O N OH CH3 N N 34 Ácido octadeca-8,10-diinoico HO O OH N OR CH3 OH O 35 Teobromina R= H 37 Quercitrina R= raminosil 36 Cafeína 38 Rutina R= CH3 O O glc-O 39 Icarisida B2 R= rutinosil Figura 9. Estrutura dos metabólitos especiais isolados da espécie Scurrula atropurpurea. A partir de outras espécies deste gênero, comuns na Indonésia como a Scurrula fusca, cuja planta hospedeira é Fícus riedelii, pôde-se isolar de suas folhas o perseitol (Figura 9) complexado com íons de potássio em uma razão molar de 20:1, respectivamente (ISHIZU et al., 2001). Também foram isolados alguns flavonóides glicosilados como a quercetina e a 4’’-O-acetilquercitrina (Figura 10), além da quercitrina, da fração de acetato de etila da espécie Scurrula ferruginea (LOHÉZIC-LE-DÉVÉHAT et al., 2002). Estudos com o extrato de caules e folhas da espécie Ligaria cuneifolia, na Argentina, evidenciaram a presença de quercetina livre ou monoglicosilada com xilose, raminose e arabinose na hidroxila da posição 3 do esqueleto flavonol. Além da catequina, epicatequina e do catequinol, ilustrado na Figura 10 (FERNÁNDEZ et al., 1998). 26 R1 H3 CO OH OH OH O-rha HO O HO HO O OH OH OR 2 OH OCH3 OH OH OH 40 42 (-)-epicatequina R1= H, R2= H 43 (-)-epicatequin-3-O-galato R1= H, R2= galosil 44 3-O-galato (-)-epigalocatequina R1= OH, R2= galosil 41 Aviculina (+)-catequina OH OH OH OH HO HO O O O HO O OH HO HO O O CH3 HO 45 46 Quercetina 4''-O-acetilquercitrina OCOCH 3 OH OH O OH OH OH OH OH HO OH OH OH OH OH 47 Catequin-4-β-ol 48 Perseitol Figura 10. Estrutura da quercetina (45), 4´´-O-acetilquercitrina (46), catequin-4-β-ol (47) e perseitol (48) isolados de Ligaria cunifolia. 27 Importância das ervas de passarinho Estas angiospermas hemiparasitas têm sido objetos de estudos de muitos pesquisadores a partir da metade do século passado, não somente pelo seu estilo de vida peculiar (SALATINO, 1993) e pelo impacto negativo frente à inviabilidade comercial de plantas ornamentais e frutos de cultivares, como também por apresentarem efeitos tóxicos e terapêuticos (NICKRENT, 2001). A espécie Viscum album (Viscaceae) amplamente distribuída na Europa, na Ásia e também na América do Norte, a qual abrange uma lista de plantas hospedeiras representada por 452 espécies, apresentam-se causando impactos negativos devido a parasitar plantas com interesse comercial (BARNEY et al., 1998). Na floresta de pinheiros do monte Parnis, na Grécia, 67,67% das árvores mais antigas foram infectadas por V. album a qual tem ocasionado, concomitantemente com a baixa precipitação pluvial durante os anos de 20002002, a redução do vigor e a predisposição destas árvores ao ataque de besouros, resultando na grande mortalidade dos pinheiros (TSOPELAS et al., 2004). Diante do uso terapêutico das plantas, as ervas de passarinho têm sido consideradas, popularmente, como tônico cardíaco administrada durante a febre tifóide, como narcótico e antiplasmódico. Na França, em 1682, foi considerada como remédio doméstico de grande poder curativo nos casos de epilepsia. Com grande reputação para o tratamento de convulsões epilépticas, estas plantas parasitas têm sido empregadas no tratamento de outros tipos de desordens do sistema nervoso como delírios, histerias, neuralgias, além de desordem urinária e de doenças cardíacas. Também têm sido usadas para deter hemorragias internas (BOTANICAL, 2005). O extrato de V. album L. (Viscaceae) tem sido utilizado popularmente por décadas, na Europa, contra uma variedade de doenças como artrites, reumatismo e hipertensão, além do uso no tratamento de tumores epiteliais em humanos (STEIN, et al., 1998). Este extrato tem sido utilizado no tratamento tanto de tumor benigno como maligno, especialmente na Alemanha, após o discurso do filósofo austríaco Rudolf Steiner (1861-1925) e do físico Ita Wegman (1876-1943), sugerindo o uso do extrato de Viscum como uma droga natural anticâncer em 1920 (KIENLE, 1999; BOCCI, 1993). Desde 1926, elaborações de extratos de ervas de passarinho têm sido utilizados clinicamente como adjuvantes na terapia do câncer e inúmeros estudos vêm sendo realizados desde então. A ação e o mecanismo da atividade antitumoral desta planta deve-se não somente 28 à inibição da proliferação celular, mas também por indução de citocinas e efeitos imunoadjuvantes, como atividade imunomoduladora (KUTTAN & KUTTAN, 1992). As plantas da família Loranthaceae também são reconhecidas popularmente como portadoras de propriedades medicinais em diversos países, despertando os pesquisadores para o estudo de algumas espécies promissoras farmacologicamente. Determinadas atividades biológicas importantes têm sido atribuídas às suas espécies, dentre as mais citadas: antiviral, efeitos imunomoduladores, anti-inflamatórios e, ação antitumoral (FERNÁNDEZ et al., 1998). Dentre as espécies desta família, a Ligaria cuneifolia é usada na medicina popular na Argentina como substituinte da V. album para o controle da pressão sanguínea. Estudos realizados com extratos de L. cuneifolia também sugerem que esta planta seja capaz de exercer efeitos imunomodulador em ratos, devido à estimulação da produção de óxido nítrico em culturas de macrófagos e à inibição da proliferação tanto das células do baço tratadas com agentes mitogênicos (concanavalina A e polissacarídeos), quanto da linhagem de leucemia linfóide (FERNÁNDEZ et al., 1998). O gênero Scurrula, na Indonésia, tem sido usado como infusão em fadigas e em patologias de câncer. Estudos prévios com a espécie Scurrula ferruginea revelou a presença de flavonóides como a quercetina, quercetrina e o 4-O-acetil-quercetrina, um possível marcador específico do gênero Scurrula, todos com potente atividade citotóxica frente a distintas linhagens de câncer humano como a leucemia K562 e o glioblastoma U251(LOHÉZIC-LE-DÉVÉHAT et al., 2002). Outras espécies deste gênero, tradicionalmente conhecidas pelos povos indonésios, como a espécie Scurrula fusca em Sumatra na Ilha Sulawesi e; em Java, a espécie Scurrula atropurpurea são usadas para o tratamento de câncer (ISHIZU et al., 2001; OHASHI et al., 2003). Conhecida como “benalu alus”, Scurrula fusca apresentou da extração de suas folhas um complexo formado por 20 moléculas de perseitol com um mol de íons de potássio numa conformação “zig-zag” com arranjo da cadeia carbônica planar. Este complexo, a uma concentração de 10-4M, exibiu um efeito inibitório na incorporação de leucina marcada com trítio de 40,3% nas células ascíticas do carcinoma de Ehrlich em camundongos, enquanto que o perseitol não apresentou atividade (ISHIZU et al., 2001). No entanto, para os mexicanos, a espécie Psittacanthus calyculatus, conhecida na Espanha como “muérdago verdadero”, é usada na medicina popular para o tratamento de hipertensão arterial. Estudos farmacológicos da resposta vasomotora da artéria aorta de ratos, 29 revelou que o extrato hidroalcóolico desta planta induz a liberação de componentes vasoconstrictores e a síntese/liberação de óxido nítrico no tecido endotelial (RODRÍGUEZCRUZ et al., 2003). 1.3.1 O gênero Struthanthus Dentre os 74 gêneros de erva de passarinho descritos na família Loranthaceae, o gênero Struthanthus possui cerca de 60 espécies próprias da América tropical, a grande maioria localizando-se na América do Sul e, em particular, no Brasil representado com 40 espécies próprias (RIZZINI, 1968). Este gênero neotropical compreendido pelas espécies S. cansjerifolius, S. costaricensis, S. leptostachyus, S. oerstedii, S. orbicularis, entre outras, é bastante difundido no Brasil, nos Estados: Rio Grande do Sul, Paraná; além de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e Bahia; principalmente a espécie S. vulgaris, planta própria das regiões de mata pluvial, apreciadora de temperaturas mais amenas, muito comum no sul e nas serras do leste (RIZZINI, 1968). No campo da medicina popular, em diferentes países, espécies do gênero Struthanthus são usadas no tratamento de várias enfermidades, por exemplo, na Nicarágua S. cassythoide é indicada para dor em geral, febre, desordens respiratórias e pulmonares, erupção e feridas na pele (COE & ANDERSON, 1996). A espécie originária do Brasil e América Tropical, S. flexicaulis, possui atividades medicinais como energéticos e também é usada para o tratamento de leucorréia, bronquite e diversos tumores (VIEIRA, et al., 2005). Uma das ervas de passarinho mais comum, parasitando as árvores ornamentais e pomares, como laranjeiras e goiabeira no país, usada na medicina popular nas infecções das vias respiratórias, é a espécie S. vulgaris cujo extrato hidroalcóolico das folhas secas tem apresentado atividade antimicrobiana frente amostras de bactérias Gram positivas e Gram negativas (VIEIRA, et al., 2005). Na Colômbia, algumas ervas, incluindo as ervas de passarinho, são usadas pela população como antídoto nos casos de envenenamento por picada de cobra, acidente muito freqüente. Estudo com a planta S. orbicularis demonstrou, in vitro, que 25µg do extrato é capaz de neutralizar ou reduzir em 65% a formação de edemas causados pelo veneno da espécie Bothrops asper, com um tempo de coagulação inferior a 100 segundos (NÚÑEZ et al., 2004). 30 Diante do amplo uso etnofarmacológico das ervas de passarinho, principalmente na Europa, e dos estudos fitoquímicos citados na literatura, evidenciando alguns metabólitos especiais presentes nestas plantas hemiparasitas como relevantes agentes quimioterápicos para o tratamento de várias doenças, incluindo o câncer; como também a abundância da ocorrência do gênero Struthanthus nas regiões tropicais, sobre tudo no Brasil, esta dissertação de mestrado enfocou a espécie Struthanthus marginatus amplamente disseminada no estado do Rio de Janeiro e pouco referenciada na literatura. 1.3.2 A espécie Struthanthus marginatus (Desr.) Blume A espécie Struthanthus marginatus (Figura 11), planta muito freqüente, principalmente, em área urbana é muito disseminada no Estado do Rio de Janeiro e, particularmente em Seropédica, juntamente com a espécie S. vulgaris as quais têm sido registradas parasitando as castanheiras, amendoeiras, mangueiras e várias leguminosas, como por exemplo, no entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas (ANDREATA et al., 2001). Pertencente à família Loranthaceae, Struthanthus marginatus é uma espécie conhecida popularmente como as demais ervas de passarinho, devido seu modo peculiar de nutrição, parasitismo, e dispersão, viabilizado por pássaros. Figura 11. Struthanthus marginatus. Semelhante às outras espécies deste gênero, principalmente a S. vulgaris, a hemiparasita S. marginatus é uma planta que habita as partes aéreas de outros vegetais hospedeiros e os parasitam parcialmente, através de uma ou mais raízes modificadas 31 fisiológica e morfologicamente chamadas de haustórios (Figura 12). Ou seja, as raízes especiais desta espécie retiram água e sais minerais diretamente do hospedeiro, embora esta planta seja capaz de realizar fotossíntese (NICKRENT, 2001). Figura 12. Haustórios, raízes modificadas das plantas do gênero Struthanthus. Em relação à espécie S. marginatus não existem estudos fitoquímicos e farmacológicos descritos na literatura, bem como informações do uso na medicina popular. 32 1.4 As Plantas Medicinais na Quimioterapia do Câncer A busca por agentes anti-câncer de fonte vegetal iniciou-se, na realidade, nos anos de 1950 com a descoberta e desenvolvimento dos alcalóides da vinca, vincristina e vimblastina, e o isolamento do produto citotóxico podofilotoxina (Figura 13) (CRAGG & NEWMAN, 2005). Como resultado, O Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos (NCI) iniciou um extensivo programa de coleção de plantas em 1960, focado principalmente nas plantas da região temperada o que levou a descoberta de muitos compostos naturais com uma ampla atividade citotóxica (CASSADY & DOUROS, 1980), incluindo o taxol e a camptotecina (Figura 13) (CRAGG & NEWMAN, 2005). Neste período foi obtida uma lista de mais de 3000 espécies de vegetais reportadas para o tratamento do câncer, descrita por Hartwell, embora, em muitos casos, o câncer se referia a uma “sólida inchação”, como calos, tumores, etc (RARTWELL, 1982). Este programa de coleção de plantas foi terminado em 1982, porém o desenvolvimento de novas tecnologias empregadas na bioprospecção dos metabólitos especiais, conduziu ao restabelecimento da coleção de plantas e de outros organismos em 1986, com um foco nas regiões subtropicais e tropicais do mundo (CRAGG & NEWMAN, 2005). No Brasil, o estudo de algumas espécies como as do gênero Tabebuia (família: Bignoniaceae), muito usadas, historicamente, pelas populações da região amazônica para o tratamento de diversas doenças como sífilis, febres, malária, infecções cutâneas e desordens estomacais, foi muito difundido a partir da década de 60 após a descoberta da eficácia dos extratos da casca destas plantas no tratamento do câncer (CRAGG & NEWMAN, 2005). Partir de então, inúmeros compostos bioativos foram isolados das cascas do ipêroxo, Tabebuia heptaphylla, sendo que a atividade antitumoral foi atribuída a alguns metabólitos especiais, principalmente, à naftoquinona lapachol e outras quinonas, como a β−lapachona que são, atualmente, objetos de interesse científico e tema de muitas investigações (SIMÕES et al., 2004). Outra importante classe dos metabólitos especiais que exibem relevantes atividades antitumoral e quimiopreventiva são os flavonóides, presentes em todas as plantas vasculares terrestres. Esta classe química, consumida pela humanidade nas dietas vegetais, presentes em maior proporção na forma glicosilada, possui propriedades 33 antioxidantes as quais são responsáveis pela proteção contra doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer (ESTEVES-SOUZA et al., 2002). Estudos das frações flavonoídicas da flora brasileira têm revelado novos agentes quimioterápicos, como a biflavona (Figura 13) obtida da espécie Ouratea hexasperma (família Ochnaceae), promissora na inibição da síntese do DNA e de proteínas das células do Sarcoma 180 (GRYNBERG et al., 1994); como também, o flavonóide tirilosídeo (Figura 13) isolado da espécie Solanum crinitum (família Solanaceae) citotóxico às culturas celulares in vitro tanto do carcinoma ascítico de Ehrlich quanto da leucemia humana K562 (ESTEVES-SOUZA et al., 2002). Assim, vários estudos vêm sendo realizados em plantas, sobre tudo as indicadas para combater diferentes tipos de doenças, principalmente o câncer por diversas civilizações milenares, por exemplo, o estudo das plantas na prevenção e supressão de vários tumores usadas na medicina tradicional indiana desde o século 7a.C. (BALANCHANDRAN & GOVINDARAJA, 2005). 34 N OH N H O O O O N O OH O O O O H N H O O O OH O OH O Vincristina NH O OH H O R O O R= CH3 O O O β- Lapachona Vimblastina R= CHO Taxol OH O O O O N H O OH H N O O O O O O Lapachol Camptotecina O O Podofilotoxina OH H3CO O HO OH HO O OH O HO O O OH Biflavona HO O OH O O O O OH OH HO Tirilosideo Figura 13. Estruturas dos metabólitos especiais obtidos do estudo das plantas medicinais. 35 1.4.2 Os alcalóides na quimioterapia do câncer Um grande número de plantas medicinais usadas popularmente posuem metabólitos especiais da classe dos alcalóides e são conhecidas por apresentarem-se como importantes agentes terapêuticos. Como exemplo, podem ser citadas várias espécies de leguminosas constituídas de isoflavonóides com potente atividade estrogênica, e espécies do gênero Solanum (Família Solanaceae) contendo alcalóides esteroidáis conhecidos por possuírem uma variedade de atividades biológicas, incluindo antifúngica, moluscicida a contra certos tipos de câncer de pele (ESTEVES-SOUZA et al., 2002). Os primeiros fármacos de origem vegetal para o avanço do uso clínico no tratamento do câncer foram os alcalóides vincristina e vimblastina, isolados da espécie Catharanthus roseus (família Apocynaceae), originária de Madagascar, a qual foi muito usada por várias culturas para o tratamento de diabetes (GUERITTE & FAHY, 2005). Durante as investigações do extrato de vinca, no final da década de 50, como uma fonte potente de agente hiperglicêmico, foi verificado a diminuição da produção de células brancas pela medula óssea (SIMÕES et al., 2004). Posteriormente, foi descoberta sua ação contra um tipo de leucemia, em ratos. Estes alcalóides foram isolados e são usados como agentes primariamente em combinação com outros agentes quimioterápicos para o tratamento de leucemias, linfomas, câncer de próstata, pulmão, mama e sarcoma de Kaposi; assim como seus análogos semi-sintéticos, vinorelbina e vindesina (CRAGG & NEWMAN, 2005). Outro importante alcalóide usado clinicamente na quimioterapia do câncer é a camptotecina, isolada da espécie Camptotheca acuminata (família Nyssaceae), uma árvore ornamental chinesa (RAHIER et al., 2005). No final da década de 50, foi verificada atividade antitumoral do extrato etanólico do tronco desta árvore (SIMÕES et al., 2004); e na década de 70, camptotesina foi desenvolvida para o uso clínico pelo Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos (CRAGG & NEWMAN, 2005). No entanto, devido à sua alta toxidez e a baixa solubilidade, a camptotecina foi abandonada, iniciando-se novas pesquisas na preparação dos derivados mais eficientes, o topotecano e o irinotecano, ambos usados atualmente no tratamento do câncer de ovário e de pulmão e, no câncer colo-retal, respectivamente (CRAGG & NEWMAN, 2005). Outros compostos derivados das plantas (Figura 14), em uso como agentes antitumorais, da classe dos alcalóides são os: homo-harringtonina, isolado de uma árvore chinesa, a Cephalotaxus harringtonia var. drupacea (família Cephalotaxaceae) e; o eliptinium, um derivado da elipticina, substância isolada das espécies de vários gêneros da família 36 Apocynaceae. Na China, uma mistura racêmica de harringtonina e homo-harringtonina é usada para o tratamento de leucemia crônica e aguda, enquanto que na França, o eliptinium é comercializado para o tratamento de câncer de mama (CRAGG & NEWMAN, 2005). A família dos bis-alcalóides conhecida genericamente como indirubina é o principal constituinte da espécie Indigofera tinctoria, um produto da medicina chinesa usado no tratamento de leucemia crônica. São moléculas derivadas dos alcalóides indólicos que conferem à planta a cor azul escura (púrpura), estes compostos foram os primeiros usados pelo homem como inibidores na síntese de proteínas importantes na regulação do ciclo celular (NEWMAN et al., 2002). A síntese de substâncias fundamentada nos agentes naturais com propriedades antitumorais, principalmente os alcalóides, tem-se mostrado promissora no desenvolvimento de novas drogas para o uso clínico. A roscovitina é um derivado resultante da modificação estrutural do alcalóide olomucina isolado do cotilédone de rabanete (Raphanus sativus, família Brassicaceae), é um inibidor do desenvolvimento do ciclo celular mais potente que seu precursor natural e, encontra-se na fase II dos testes clínicos na Europa (CRAGG & NEWMAN, 2005). Muitos destes produtos naturais e seus derivados descobertos nos ensaios citotóxicos contra o crescimento de diversas linhagens de câncer têm mostrado sua ação através da interação com a tubulina, como a vincristina, vinblastina, colchicina, combretastatina e maitansina. No caso dos terpenos da classe dos taxanos, a ação citotóxica ocorre via “empacotamento” da tubulina, impedindo a despolimerização da mesma. Outra ação citotoxica é a inibição da enzima topoisomerase I, fundamental na síntese do DNA, exercida pelos derivados da camptotecina, topotecano e irinotecano (CRAGG & NEWMAN, 2005). 37 N N OH N H O N H O N O O O H N H O H3C HO N O H OH OH O OH H O H3C NH2 N O N O N H O O Vindesina Vinorrelbina Eliptinium N N HO N O N O O N CH3 O N N N N O O H O O Irinotecano Topotecano O O CH3 Elipticina O O HO H N HN O HO N N O O O Homoharrigtonina O HN HN N HO Roscovitina N N N HO N H N N Olomucina Figura 14. Algumas estruturas dos alcalóides isolados das plantas medicinais, derivados semi-sintéticos e alguns análogos. 38 1.4.1 O câncer O câncer é uma terrível e antiga doença que no século 20 fora diagnosticada como um das principais causas de mortes e vem difundindo-se de forma contínua, aumentando sua incidência no século 21 (BALANCHANDRAN & GOVINDARAJA, 2005). Dados do INCA mostram que o envelhecimento da população indica um aumento na expectativa de vida no Brasil e, com isto, a maior incidência de doenças crônico-degenerativas (FONSECA et al., 2000), dentre elas, o câncer o qual se encontra como a segunda causa de morte (INCA, 2006). Câncer é o nome dado a um conjunto de mais de 100 doenças que têm em comum o crescimento desordenado (maligno) de células que invadem os tecidos e órgãos, podendo espalhar-se (metástase) para outras regiões do corpo (Esquema 3). Dividindo-se rapidamente, estas células tendem a ser muito agressivas e incontroláveis, determinando a formação de tumores (acúmulo de células cancerosas) ou neoplasias malignas. Por outro lado, um tumor benigno significa simplesmente uma massa localizada de células que se multiplicam vagarosamente e se assemelham ao seu tecido original, raramente constituindo um risco de vida (INCA, 2006). Esquema 3 - Formação do câncer e desenvolvimento de metástase. 39 Os diferentes tipos de câncer ocorrem em função da variada natureza das células do corpo. Por exemplo, existem diversos tipos de câncer de pele porque esta é formada de mais de um tipo de célula. Se o câncer tem início em tecidos epiteliais, como pele ou mucosas, ele é denominado carcinoma. Se começa em tecidos conjuntivos como osso, músculo ou cartilagem é chamado de sarcoma (INCA, 2006). Investigações científicas multidisciplinares têm sido conduzidas com muitos esforços para combater esta doença, mas a cura perfeita ainda não foi conseguida dentro do mundo da medicina (BALANCHANDRAN & GOVINDARAJA, 2005). Um dos maiores problemas para a cura de muitos pacientes é a resistência intrínseca ou adquirida de diversos tipos de câncer aos agentes quimioterápicos (HUANG et al., 2003). Células tumorais resistentes a uma variedade de compostos citotóxicos, fenômeno conhecido como resistência a múltiplas drogas (MDR), são os maiores obstáculos para o sucesso da quimioterapia; além de envolver a resistência simultânea a um número de drogas relacionadas tanto funcionalmente como estruturalmente (WAGNER-SOUZA et al., 2003). Um dos mecanismos de resistência a múltipla drogas apresentada por linhagens de células tumorais está associado com a diminuição intracelular do acúmulo da droga e a presença de uma glicoproteína transmembrana de 170 KDa, glicoproteína-P (Pgp), a qual funciona como uma bomba dependente de energia (ATP) responsável pela extrusão de dentro da célula do agente quimioterápico (DEVITA et al., 1993). Entretanto, os agentes antineoplásicos conhecidos, são usados para o tratamento do câncer quando a cirurgia ou radioterapia não é possível ou é ineficaz, como adjuvantes para cirurgia ou em leucemias, como tratamento inicial. Sendo que a ação terapêutica destes agentes é curativa em poucos casos, porém exerce uma ação paliativa sobre os sintomas ou prolonga a vida dos doentes (FONSECA et al., 2000). Os fármacos podem atuar nas fases de replicação das células carcinogênicas envolvendo o ciclo celular: a fase pré-sintética (G1), a síntese de ADN (S), a pós-sintética (G2) e a mitose (M); sendo que os fármacos inespecíficos de fase agem sobre a célula durante todo o seu ciclo, enquanto que os específicos de fase atuam, preferencialmente, em uma ou mais fases fora do repouso (FONSECA et al., 2000). Alguns compostos antineoplásicos agem interrompendo a proliferação das células segundo características de suas estruturas químicas ou pela função em nível celular. Desta 40 forma, os agentes alquilantes podem reagir com os centros nucleofílicos de várias moléculas como proteínas e enzimas e, pelo seu caráter bifuncional ou trifuncional, permitem estabelecer ligações cruzadas com o ADN de cadeia dupla impedindo a replicação (FONSECA et al., 2000). Os agentes antimetabólicos, geralmente análogos às bases purinas, pirimidinas ou ao ácido fólico, exercem seus efeitos devido às semelhanças estruturais e funcionais com os metabólitos envolvidos na síntese dos ácidos nucléicos. Como são confundidos pela célula como metabólitos normais, tanto podem ser incorporados ao ácido nucléico e produzir códigos incorretos, como podem inibir as enzimas envolvidas na síntese dos ácidos nucléicos, inibindo a síntese de ADN e, consequentemente, levando à morte celular (FONSECA et al., 2000). Alguns fármacos antineoplásicos de origem natural podem agir tanto de forma inespecífica, atuando sobre as proteínas microtubulares e inibindo a mitose como os alcalóides da vinca e seus derivados semi-sintéticos; quanto de maneira mais específica, como os fármacos derivados do Podophyllum, capazes de formarem um complexo com a enzima DNA topoisomerase II, necessária para o término da replicação do ADN (FONSECA et al., 2000). Após sofrerem injúrias, a morte das células cacirnogênicas pode ocorrer, conforme os demais tecidos do organismo ou as doenças neurodegenerativas, ao longo de dois distintos processos: necrose e apoptose. A necrose ocorre como conseqüência de respostas imunológicas inflamatórias e patológicas do tecido injuriado implicando no rompimento da membrana plasmática e mitocondrial, rápida deterioração bioenergética, turgência e lise celular (BRAUER, 2003). Ao contrário, apoptose envolve a morte programada da célula, um processo fisiológico em que não há formação de inflamação e requer energia (ATP) para manter a integridade celular, implicando na fragmentação nuclear e condensação da cromatina, estes quando retraídos, permite que todo matérial celular seja compartimentalizado dentro dos corpúsculos apoptóticos os quais são fagocitados por macrófagos e outras células adjacentes (BRAUER, 2003). 41 2 JUSTIFICATIVA E OBJETIVO Diante de estudos provenientes de pesquisas desenvolvidas em nosso laboratório que tem como objetivo estudar plantas com possível utilização no tratamento do câncer e a preparação de moléculas potencialmente ativas, utilizando produtos naturais como precursores, este trabalho abrange uma série de experiências visando o estudo das espécies Piper nigrum (Piperaceae) e Struthanthus marginatus (Loranthaceae). Estudos envolvendo nosso grupo de pesquisa relatam na literatura, evidências da atividade tóxica da piperina frente ao Tripanosoma cruzi, agente etiológico da doença de Chagas (RIBEIRO, et al., 2004). Diante desses resultados outro trabalho de dissertação de mestrado, mais recente, envolveu a síntese de compostos análogos e derivados da piperina, os quais se mostraram ativos frente a este protozoário (BARRETO-JUNIOR, 2005). Assim, diante da similariadade na atividade de composto frente células tripanosomatídeas e tumorais, as quais apresentam um elevado fator de crescimeto (DA SILVA, et al., 2002), este trabalho direcionou o estudo da espécie Piper nigrum, da piperina e da série sintética para a avaliação da atividade citotóxica frente ao carcinoma ascítico de Ehrlich. A utilização de extratos de ervas de passarinho, principalmente da espécie Viscum album (Viscaceae), para o tratamento de diversas doenças, especialmente contra o câncer é conhecido por mais de 80 anos na Europa (MANSKY et al.,2003). Estudos recentes atribuem importantes propriedades anticarcinogênicas a esta espécie, o que tem conduzido às pesquisas mais recentes aos estudos químicos e biológicos de outras plantas parasitas. Diante dos relatos na literatura e da abundância da espécie tropical Struthanthus marginatus no Estado do Rio de Janeiro, foram preparados extratos desta planta para estudos químicos e biológicos quanto a sua citotoxicidade frente às células do EAC. Assim, os principais objetivos deste trabalho foram: 9 Avaliar a atividade citotóxica frente às células do carcinoma ascítico de Ehrlich do extrato alcoólico dos frutos da espécie Piper nigrum e da amida 42 majoritária, a piperina, como também das séries sintéticas dos derivados e análogos à amida natural; 9 Evidenciar qual processo de morte celular é induzido pela ação citotóxica da piperina, seus análogos e derivados; 9 Determinar os parâmetros hidrofóbicos (RMw) e (ClogP) para a piperina e seus derivados, correlacionando-os com sua atividade citotóxica frente as células do carcinoma ascítico de Ehrlich; 9 Analisar qualitativamente a composição das principais classes de metabólitos especiais presentes nas folhas, caules e haustórios da espécie Struthanthus marginatus; 9 Avaliar a atividade citotóxica dos extratos da espécie Struthanthus marginatus frente às células do carcinoma ascítico de Ehrlich. 43 3 PARTE EXPERIMENTAL 3.1 Equipamentos 3.1.1 Preparação dos extratos Foi utilizada a aparelhagem de Soxhlet para a obtenção do extrato do fruto de Piper nigrum. O evaporador rotatório da marca Fisatom, modelo 802, foi utilizado para concentrar, sob vácuo, tanto o extrato do fruto de Piper nigrum quanto os extratos obtidos da espécie hemiparasita Struthanthus marginatus. 3.1.2 Ensaios biológicos O material biológico foi esterilizado em autoclave e os ensaios citotóxicos foram realizados em câmara de fluxo laminar contínuo estéril. As culturas in vitro de células foram mantidas em câmara de CO2 Shel Lab 2123TC. A análise dos ensaios foi mensurada de acordo com as absorbâncias na região do visível, lidas em espectrofotômetros DMS 80 da Varian e leitora de Elisa Molecular Devices com filtro de 490 nm. Também foi usado o citômetro de fluxo Epics Elite (Couter, Hialeach, EUA) para análise de citometria. A pesagem do material foi realizada em balança de precisão com quatro casas decimais da OHAUS. Utilizou-se o microscópio Carl Zeiss para contagem de células e citocentrífuga CT12 para aderi-las às lâminas. 44 3.2 Reagentes e Solventes 3.2.1 Preparação dos reagentes específicos para triagem fitoquímica As principais classes de metabólitos especiais de Struthanthus marginatus puderam ser evidenciadas através de reações que indicam sua presença ou ausência nos extratos analisados com os reagentes citados a seguir, assim como a preparação dos reagentes utilizados (Mattos, 1997). Alcalóides 9 Reagente de Dragendorff Solução A: 0,85g de subnitrato de bismuto 10ml de ác. acético glacial 40ml de água destilada Solução B: 8,0g de iodeto de potássio 20ml de água destilada 9 Reagente de Mayer 1,4g de cloreto de mercúrio 5,0g de iodeto de potássio 100ml de água destilada Glicosídeos cardíacos 9 Reagente de Kedde Solução I: 2,0g de ác. 3,5-dinitrobenzóico 100ml de metanol Solução II: 5,7g de hidróxido de potássio 150ml de água destilada Açúcares redutores 9 Reagente de Fehling Solução A: 17,32g de sulfato de cobre 250g de água destilada Solução B: 86,5g de tartarato de sódio e potássio 62,5g de hidróxido de potássio 250ml de água destilada Ácidos orgânicos 9 Reagente de Pasková Solução A: 0,075g de verde de bromo cresol 45 0,025g de azul de bromo fenol 100ml de metanol Solução B: 0,25g de permanganato de potássio 0,5g de carbonato de sódio 100ml de água destilada Outros reagentes utilizados HCl 1%, HCl conc., HCl 1N, NaOH 2N, NaOH 20%, MeOH, clorofórmio, cloridrato de hidroxilamina 10%, KOH em MeOH 10%, éter etílico, cloreto férrico1%, solução de bórax, vanilina 1%, fita de magnésio. 3.2.2 A piperina, análogos e derivados A amida natural, piperina, os seus análogos e derivados usados neste trabalho (Figura 15), foram isolados e sintetizados por Cleber Bomfim Barreto Junior, durante o seu trabalho de dissertação de mestrado no PPGQO da UFRRJ (BARRETO-JUNIOR, 2005). O O O N O O O N O 1 O N 50 O 49 O O N O O 52 O O O O N O 51 O O Br 53 O O N CH3 O N 55 NO 2 54 CH3 O 56 O N 57 N CH3 O O (CH3 )2CHO N CH3 O C 6H 5O N 58 Figura 15. Piperina, derivados e análogos. 46 3.2.3 Cromatografia em camada fina e de coluna filtrante Os solventes usados na cromatografia em camada fina e de coluna filtrante foram todos de grau P.A. da Vetec ou Grupo Química, sendo eles: acetona, diclorometano, acetato de etila e metanol. 3.2.4 Ensaios biológicos Nos ensaios para avaliação da atividade citotóxicas foram usados meio de cultura e reagentes da marca Aldrich e Sigma: RPMI 1640, soro fetal bolvino, DMSO, brometo de 3[4,5-dimetiltiazol]-2,5-difenil-tetrazólio (MTT) e isopropanol. No ensaio de LDH fez-se o uso da solução tampão 140mM NaCl, 2,5mM CaCl2 e 10mM Hepes (Sigma) e componentes do kit para determinação de desidrogenase láctica (Doles). 3.3 Material Vegetal 3.3.1 Obtenção do extrato de Piper nigrum (Piperaceae) O extrato de Piper nigrum foi obtido a partir de 50g dos frutos secos de pimenta-doreino adquirida no comercio local, após aproximadamente 4h de extração com 500ml de etanol P.A., auxiliada com aparelhagem de Soxhlet. A solução etanólica obtida, equivalente à 500ml, foi concentrada em evaporador rotatório até eliminar todo o solvente orgânico, resultando em um resíduo viscoso e aromático (RIBEIRO, 2004). 3.3.2 Obtenção dos extratos de Struthanthus marginatus (Loranthaceae) Reconhecimento Botânico O espécime coletado por Pissinate, K. foi identificado pela pesquisadora Prof.a Dr.a Regina Helena P. Andreata da Universidade Santa Úrsula e sua exsicata com o seguinte código de registro RB 415.504, foi confeccionada e depositada no Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB) pelo estudante Alexandre Gabriel Christo (UFRRJ), bolsista de iniciação científica do Jardim Botânico do Rio de Janeiro e pela Prof.a Dr.a Rejan R. Guedes-Bruni do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 47 Coleta e Moagem O material vegetal em estudo, a espécie Struthanthus marginatus, foi coletado no bairro Ecologia da cidade de Seropédica, Rio de Janeiro. Precisamente, esta erva de passarinho foi retirada da parte aérea da Mangifera indica (Anacardiaceae), planta hospedeira desta hemiparasita. A planta in natura, caules, folhas e haustórios, foi lavada e seca à temperatura ambiente, em seguida, levada ao moedor mecânico, obtendo-se 810g de material vegetal pulverizado. Extrato em acetato de etila O extrato da planta inteira foi obtido através da extração realizada via percolação a frio das 810g de S. marginatus secas e moídas com acetato de etila (5x 3l) e éter de petróleo (3x 2l), com o objetivo de extrair ao máximo os metabólitos contidos na planta. Utilizou-se um balão de fundo chato de 6 litros no qual foram adicionadas, primeiramente, 810g do material vegetal e, sucessivamente, o acetato de etila (3x 3l) seguido do éter de petróleo (3x 2l), durante 24 horas para cada extração. Após o tempo de cada percolação, utilizando um funil de separação de sólidos acoplado a uma mufa sustentada por uma haste, foi recolhido o material filtrado com um becher de 500ml e transferido para um balão de 1000ml o qual foi submetido a evaporação sob pressão reduzida. Este procedimento repetiu-se até o término da última percolação com o éter de petróleo, obtendo-se no balão um volume de aproximadamente 200ml do extrato concentrado o qual foi dissolvido numa mistura de acetona/água (3/2) e estocado à 4oC para que ocorresse a precipitação de poucos pigmentos lipossolúveis (LOHÉZIC-LE DÉVÉHAT et al., 2002). Posteriormente, com um funil de sólidos, o material foi novamente filtrado para separar a pequena porção de precipitado floculoso verde que havia se formado. A porção líquida foi submetida à evaporação sob pressão reduzida, obtendo-se finalmente 2,33g de extrato bruto concentrado. 48 Extratos hidroalcoólicos Os extratos hidroalcóolicos (Tabela 4) das diferentes partes da erva de passarinho foram preparados para o estudo de triagem fitoquímica. Os hautórios (30g), o caule (50g) e as folhas (50g) foram adicionados aos frascos contendo, respectivamente, 300, 500 e 500ml de solução aquosa constituída de 40% de etanol P.A. (v/v), após serem lacrados, os frascos ficaram reservados por sete dias ao abrigo da luz. Depois deste período, o material vegetal de cada frasco foi filtrado e a solução submetida à evaporação sob pressão reduzida para a obtenção do extrato bruto correspondente. Os extratos ainda pastosos foram levados à estufa com temperatura regulada a 40oC para secagem plena devido à grande quantidade de água. Tabela 4. Extratos hidroalcóolicos obtidos dos haustórios, caule e folhas de Struthanthus marginatus. Massa (g) Rendimento (%) Haustórios 3,313 4,98 Caule 2,859 6,52 Folhas 3,917 15,96 EXTRATOS 3.4 Separação Cromatográfica Das 2,33g do extrato concentrado obtido de S. marginatus, foram utilizados cerca de 1,00g em um sistema cromatográfico em coluna aberta cujo adsorvente usado foi o gel de sílica (230 - 400 Mesh), na fase fixa e, solventes com gradiente de polaridade, na fase móvel. Preparou-se uma pastilha adicionando ao extrato bruto de erva de passarinho acetona para suspendê-lo, dissolvendo parte do extrato. Em seguida, acrescentou-se a sílica (230 - 400 Mesh) aos poucos até a obtenção da pasta úmida, que após a evaporação do solvente se caracterizou em uma pastilha. A coluna foi preparada com o auxílio de um bastão de vidro com o qual foi colocado um algodão no fundo da coluna, posteriormente, com um funil de sólido foram adicionadas cerca de 35g da sílica de mesma granulometria umedecida com o diclorometano; em seguida, completou-se o volume da coluna com o mesmo solvente e abriu-se a torneira para poder homogeneizar a sílica. Adicionou-se a pastilha seca sobre a sílica embebida no solvente, finalizando com a adição de um algodão por cima da pastilha. 49 O extrato foi cromatografado para a obtenção das diferentes frações, usando como eluentes: inicialmente, o diclorometano (2l), obtendo a primeira fração (F-CH2Cl2); posteriormente, adicionou-se o segundo eluente, o acetato de etila (3l), reservando a primeira metade uma fração (F1- AcOEt), e no término, uma terceira fração (F2- AcOEt) e; por último, a eluição foi realizada com metanol (3l), na qual resultou a quarta fração (F-MeOH) desta coluna (Esquema 1). Através da cromatografia em camada fina, as frações foram agrupadas de acordo com a semelhança entre os fatores de retensão (Rf) de suas amostras aplicadas e eluídas, segundo o solvente com a polaridade na qual foram coletadas. Obteve-se um total de 4 grupos classificados de acordo com o solvente no qual foram extraídos (Esquema 1). Extrato de acetato e éter S. marginatus (1,0g) Gel de Sílica: 230 - 400 Mesh Coluna: 70 cm de altura Diâmetro: 2 cm Sistema de eluição: CH2Cl 2 Sistema de eluição: AcOEt MeOH F-CH2Cl2 70,4mg F1- AcOEt 123,1mg Ensaios biológicos Sistema de eluição: MeOH F2- AcOEt 54,4mg F-MeOH 287,8mg Esquema 4. Obtenção das frações do extrato de S. marginatus para ensaios biológicos. 50 3.5 Triagem Fitoquímica Os testes de bioprospecção hidroalcóolico dos principais metabólitos especiais presentes na espécie Struthanthus marginatus foram realizados segundo metodologia descrita por MATTOS com os extratos de caule, folha e haustório, separadamente, utilizando os reagentes e as soluções descritos no item 3.2.1 (MATTOS, 1997). 3.6 Determinação dos Parâmetros Hidrofóbicos 3.6.1 Método cromatográfico Os valores de refratividade molar (RM) foram determinados por cromatografia de camada fina em fase reversa a partir da determinação dos valores de Rf (razão entre a distância percorrida pela amostra a partir do ponto de aplicação até o meio da mancha pela distância percorrida pela mistura de eluentes a partir do ponto de aplicação da amostra, Figura 16), mensurados com a utilização de placas de cromatografia em da marca Uniplate Analthec, RPS-F, 250 microns. A fase móvel utilizada foi uma mistura de acetona com solução tampão fosfato (0,01M; pH = 7,4) em oito concentrações diferentes as quais variaram de 35 a 70% em relação à acetona. As soluções de aplicação foram preparadas utilizando-se 3mg de cada amostra em 1ml de acetona P.A.. A solução tampão utilizada foi preparada em um balão volumétrico de 1000ml no qual foram adicionadas 19,4ml da solução de fosfato de sódio monobásico monohidratado (NaH2PO4.H2O) a 0,1M e 30,6ml da solução de fosfato de sódio dibásico heptahidratado (Na2HPO4.7H2O) a 0,1M. O volume final foi completado com água destilada e o pH da solução final foi determinado (MELLO, 2000). Após preparadas as soluções, o procedimento deste experimento sucedeu-se em placas de CCF em fase reversa (20 x 20cm) onde foram aplicados 2µl de cada uma das soluções das amostras, com o auxílio de uma micro seringa de vidro. A aplicação foi a 2cm da base da placa e a altura máxima de migração das amostras sobre a mesma foi padronizado em 8cm. Após a evaporação dos solventes, através da lâmpada mineralight na região do ultra-violeta, os derivados foram detectados. Os valores de Rf (Tabela 4) de cada amostra foram determinados, conforme a Equação 1 e em duplicata, a partir dos quais puderam ser calculados, através da Equação 2 (Figura 16), os valores de RM (Tabela 9, Resultados e Discussão). 51 Rf = a/8 Equação 1 RM = log (1/ Rf – 1) Equação 2 Frente do solvente 8cm a 2cm Aplicação da amostra Figura 16. Determinação dos valores de Rf. 52 Tabela 5. Valores médios de Rf determinados para a piperina e seus derivados. Valores de Rf % tampão fosfato: acetona Compostos 30:70 35:65 40:60 45:55 50:50 55:54 1 0,937 0,887 0,837 0,700 0,675 0,650 0,450 0,362 49 0,937 0,925 0,875 0,787 0,787 0,737 0,587 0,525 50 0,937 0,812 0,775 0,512 0,587 0,412 0,325 0,150 51 0437 0,412 0,325 0,312 0,287 0,212 0,112 0,075 52 0,937 0,850 0,700 0,662 0,662 0,550 0,387 0,362 53 0,937 0,787 0,775 0,512 0,487 0,350 0,275 0,162 54 0,937 0,850 0,787 0,625 0,612 0,487 0,400 0,287 55 0,937 0,875 0,850 0,650 0,637 0,537 0,437 0,312 56 0,937 0,900 0,762 0,762 0,750 0,700 0,600 0,487 57 0,937 0,837 0,787 0,637 0,562 0,487 0,400 0,287 58 0,937 0,725 0,725 0,525 0,387 0,237 0,237 0,125 60:40 65:35 Legenda da tabela: 1- piperina 52- amida THP 56- amida metil 49- derivado 53- Br THP 57 amida isopropil 50- piperetina 54- nitro THP 58- amida benzil 51- dienoamina 55- amida fenil 3.6.2 Clog P Os valores de ClogP foram obtidos, para todos os compostos, teoricamente através do programa de domínio público disponibilizado através da página “daylight” acessada na internet (www.daylight.com/daycgi/clogp), capaz de simular o valor do coeficiente de partição logP obtido no sistema octanol/água. 53 3.7 Ensaios Biológicos 3.7.1 Células e animais As células utilizadas foram do carcinoma ascítico de Erhlich, sendo mantidas em camundongos SW e BALBc, machos ou fêmeas, segundo normas éticas internacionais. 3.7.2 Determinação da atividade citotóxica Os ensaios biológicos para avaliar a atividade citotóxica in vitro foram realizados segundo o modelo baseado no método do MTT (brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5difeniltetrazólio) o qual consiste na medida do dano induzido pela droga no metabolismo celular de glicídeos, principalmente, na atividade de desidrogenases (MOSMANN, 1983). Procedimento Os ensaios em triplicata foram realizados em meio de RPMI suplementados com 5% de soro fetal bovino com até 0,5% de DMSO, em ordem decrescente de concentração. Para os extratos e as frações, a concentração usada variou de 12,5 a 100 µg/ml e, para a piperina e os compostos sintéticos, as concentrações variaram de 33 a 415µM, conforme o peso molecular de cada substância. As culturas foram mantidas sob atmosfera de 5 % de CO2 a 37 oC por 48 h, em seguida, incubadas com 10 µl de MTT por 3h sob mesma condição atmosférica. Ao término deste tempo, adicionou-se 100 µl de isopropanol acidificado para dissolver a formazana formada. A leitura para avaliar a ação citotóxica foi realizada em espectrofotômetro de UV a 570nm, permitindo-nos calcular através da leitura de absorbância os valores de percentagem de inibição de cada composto ensaiado. O valor de IC50 (concentração que inibe em 50% o crescimento celular) de cada um dos compostos, extratos ou frações ensaiados foi obtido através do método de Reed & Muench (BIER, 1965). 3.7.3 Ensaio em citômetro de fluxo A cultura de células do carcinoma ascítico de Ehrlich foi encubada com as drogas e mantida sob atmosfera de 5% de CO2 a 37oC por 24 horas. Após este tempo, foram reservadas amostras de 50µl de cada droga em eppendorff no qual foram adicionados 200µl de solução tampão (10mM HEPES, 140mM NaCl, 2,5mM CaCl2, pH 7,4) para lavagem das células ensaiadas (PINHEIRO, 2004). 54 As amostras foram centrifugadas (1500 rpm/3 minutos) e o sobrenadante descartado. Adicionou-se 570µl de tampão e 30µl de anexina, agitou-se, reservando a mistura por 20 minutos para que ocorresse a incorporação da anexina à glicoproteína P presente na membrana celular. Depois, foram transferidos 40µl de cada amostra para os tubos de análise no citômetro de fluxo, acrescidos de 100µl de tampão. Os dados foram analisados no programa WinMDI (multiple document interface flow cytometry application) versão 2.8, desenvolvido por Joseph Trotter, do The Seripps Research Institute (La Jolla, EUA) (PINHEIRO, 2004). 3.7.4 Ensaio com a desidrogenase láctica (LDH) Após o tempo de 24h de incubação dos compostos com a cultura de células do carcinoma ascítico de Ehrlich sob atmosfera de 5% de CO2 a 37oC, o sobrenadante da cultura celular ensaiada foi submetida ao sistema colorimétrico para determinação de desidrogenase láctica (LDH), utilizando-se o kit de Desidrogenase Láctica Doles, adaptado para o ensaio em microplacas de 96 poços (CHAVES, 2005). Procedimento As células foram centrifugadas e 50 µl do sobrenadante de cada amostra foi transferido à outra placa (96 poços), na qual foi adicionado 100µl da amostra 1 (indicada a seguir) reservando-a por 3 minutos à 37 oC para que o substrato lactato seja reduzido pela enzima LDH à piruvato. Em seguida, adicionou-se 100µl da amostra 2 (indicada a seguir), reservando por mais 9 minutos à 37 oC, para ocorrer a formação do complexo corado, conforme ilustra o Esquema 4. 1. Lactato + NAD NADH + piruvato 2. NADH + FMS NAD + FMS reduzido 3. FMS red. + alúmen férrico 4. Alúmen ferroso + 1,10-fenantrolina FMS + alúmen ferroso complexo corado Esquema 5. Determinação da desidrogenase láctica 55 A leitura para determinar a atividade da enzima LDH foi realizada em leitora de Elisa em filtro de 490mn e os resultados expressos como densidade óptica (OD), permitiram que fossem calculadas suas respectivas percentagens de liberação específica de LDH (Equação 3). % de lib. específica = (DOexp – DOo / DO100 – DOo) x 100 Equação 3 DOexp = quantidade de LDH liberada, experimentalmente, quando as células foram tratadas com as drogas; DOo = quantidade de LDH liberada espontaneamente; DO100 = quantidade de LDH liberada quando as células foram tratadas com 0,1% de Tritton X-100. As amostras com suas respectivas misturas de reagentes são descrita a seguir. Amostra 1: solução estoque 250ml de alúmen férrico (ALF) ---- 4250ml (Vol. Final) 4000ml de substrato (lactato) -- 4250ml (Vol. Final) Amostra 2: solução estoque Difosfopiridino nucleótido (NAD) Fenazina metosulfato (FMS) Diluídos 1:20 (v/v) em água destilada 56 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Estudo da Espécie Piper nigrum, Piperina, Análogos e Derivados O extrato bruto de Piper nigrum e seu metabólito especial majoritário, a piperina isolada na forma de cristais amarelo-claros (RIBEIRO, 2004), foram ambos avaliados quanto à suas propriedades citotóxicas frente ao carcinoma de Ehrlich. A literatura registra a atividade citotóxica, também frente ao carcinoma de Ehrlich, do extrato alcóolico da espécie Piper longum e da piperina pura, representada com os valores de IC50 equivalentes a 100µg/ml para o extrato e, para a amida natural, encontra-se entre 100 a 250µg/ml, concentração esta relativa a 15 e 85% de inibição do crescimento celular, respectivamente (SUNILA & KUTTAN, 2004). Os resultados obtidos, nesta dissertação, confirmam a citotoxidade de espécies do gênero Piper, em particular a espécie Piper nigrum, sobretudo da amida natural, a piperina, que serão apresentados adiante. Os análogos sintéticos da piperina 1, ensaiados neste trabalho, apresentam as seguintes especificidades estruturais: a piperetina 50 com expansão quanto ao número de carbono da cadeia insaturada, a amida tetraidropiperina 52 com a cadeia carbônica saturada e, os derivados substituídos na posição 6 do anel aromático por bromo 53 e por um grupamento nitro 54 (Figura 17), foram obtidos por modificação estrutural a partir da piperina (BARRETO-JUNIOR, 2005), assim como a amina insaturada 51 (RIBEIRO, 2004). O O O O N O N 50 O 1 O O O N O N O 51 52 O O O O N Br 53 O O N NO2 54 Figura 17. Piperina 1 e seus análogos de modificação estrutural. 57 Outros derivados da amida natural, a amida cinamoil substituída 49, a amida fenil sem a presença do grupamento metilenodioxi 55 e as amidas, com o anel metilenodióxi aberto e substituído por outros grupos alquilas, metil 56, isopropil 57 e benzil 58 (Figura 18), foram sintetizados a partir do eugenol e safrol (BARRETO-JUNIOR, 2005), completaram os dez compostos analisados frente à atividade citotóxica, comparados à bioativadade da piperina. H3CO O HO O Eugenol Safrol O O N O 49 O CH3 O O N CH3 O 55 N 56 O O CH3 O (CH3 )2CHO N 57 CH3 O C 6H5CH 2O N 58 Figura 18. Estrutura das amidas alcalóidais sintetizadas a partir do eugenol e do safrol. 58 4.1.1 Atividade biológica O câncer, conforme citado na introdução desta dissertação, é uma terrível doença que se incide no século 21 exorbitantemente, e tem conduzido a intensas investigações científicas multidisciplinares visando seu controle e conseguir a cura . Uma das formas para a compreensão dos mecanismos que envolvem o desenvolvimento de uma neoplasia são os estudos com os tumores experimentais de animais mantidos em laboratórios, através do transplante de células carcinogênicas a hospedeiros susceptíveis (VERLENGIA, 1994). A utilização dos tumores experimentais, principalmente, o carcinoma ascítico de Ehrlich (EAC), um tumor espontâneo da região mamária de camundongo fêmea, descrito por Ehrlich em 1906, foi um dos grandes avanços para a compreensão da neoplasia devido a sua conversão da forma sólida para a forma ascítica, possibilitando estudá-lo sob vários pontos de vista. Atualmente, o carcinoma de Ehrlich é considerado um modelo tumoral experimental, sendo utilizado na avaliação da atividade e do mecanismo de ação antitumoral de diferentes compostos (VERLENGIA, 1994). A atividade citotóxica da piperina, análogos e derivados, modificados sobre a função nitrogenada (amida), a cadeia lateral (tamanho e insaturação) e o padrão de substituição do anel aromático, foi avaliada frente às células do EAC (Tabela 6), visando à obtenção de novas substâncias potencialmente ativas contra o câncer. Avaliação da atividade citotóxica Método do MTT Os ensaios biológicos para determinar a atividade citotóxica in vitro foram realizados segundo o modelo baseado no método do MTT (brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5difeniltetrazólio), o qual consiste na medida do dano induzido pela substância no metabolismo celular de glicídeos, principalmente na atividade de enzimas desidrogenases (MOSMANN, 1983). Desta forma, neste trabalho, a atividade celular foi quantificada através da redução do MTT à formazana correspondente (Figura 19), ocasionada indiretamente pela ação das enzimas desidrogenases presentes nas células viáveis. Os produtos formados pela atividade enzimática, NADH e NADPH, são responsáveis em reduzir o sal tetrazólio à formazana na medida em que não há perda da viabilidade celular. 59 S N N N N N+ - Br Desidrogenases MTT S N Substrato Reduzido Substrato Oxidado N N N N H Formazana Figura 19. Redução do sal tetrazólio (MTT) à formazana. O valor de IC50 (concentração que inibe em 50% o crescimento celular) de cada um dos compostos ensaiados (Tabela 6) foi obtido através do método de Reed & Muench (BIER, 1965). Tabela 6. Valores de IC50 (µM) da piperina, análogos e derivados sintéticos. Compostos IC50 (µM) 1 108,23 dp* 9,47 49 190,12 5,33 50 236,18 24,94 51 231,53 5,08 52 60,22 1,58 53 61,81 7,70 54 50,28 10,57 55 125,84 12,31 56 131,55 10,38 57 59,52 58 22,88 5,0 2,16 * Valor do desvio padrão 60 Pôde-se observar a diminuição da atividade citotóxica frente às células do EAC para os compostos 49 e 50 que tiveram a cadeia alquenílica expandida (6 carbonos) e reduzida (2 carbonos), respectivamente, quando comparados a amida natural 1 (4 carbonos). A avaliação dos demais derivados e análogos à piperina nos quais foram mantidos os 5 átomos de carbono entre o núcleo metilenodióxiaril e o anel piperidínico, mostrou que a ausência do grupo carbonila em 51 acarretou na diminuição da atividade em relação a piperina. A comparação entre os compostos com o grupamento amídico presente e com a cadeia alquenílica (4 carbonos) hidrogenada 52, 53 e 54, revelou a diminuição do IC50, tornando-os mais ativos que a piperina. Também foi observada que a presença do grupo nitro na posição orto à cadeia alquenílica no anel aromático faz do composto 54 ser o mais citotóxico dentre esta série. No entanto, ao comparar a piperina 1 com o composto 55, no qual a subunidade metilenodioxi é ausente, percebeu-se uma maior citotoxicidade frente às células do EAC para a amida natural, constatando-se a importância dos átomos de oxigênio para a atividade biológica. Assim, ao analisar a série 56, 57 e 58 na qual é mantido o padrão de oxigenação ao núcleo metilenodióxiaril, porém com o anel metilenodióxi aberto, pôde-se observar que houve um incremento da atividade citotóxica entre os derivados 55 e 56 com a presença de grupamentos mais lipofílicos, respectivamente. As observações descritas acima, a partir dos valores de IC50, conduziram-nos à determinação dos parâmetros hidrofóbicos (item 4.1.2) para o estudo preliminar da relação estrutura-atividade. Os resultados para a avaliação da atividade citotóxica do extrato etanólico de P. nigrum, nos ensaios preliminares, apresentou percentagens de inibição 91%, 90%, 49% e 7% para as concentrações de 100, 50, 25 e 12,5 µg/ml, respectivamente. Torna-se interessante destacar que o extrato de P. nigrum mostrou-se muito mais ativo que o extrato de P. longum, também ensaiado com as células do EAC, cuja concentração inibitória em 50%, encontra-se em 100 µg/ml (SUNILA & KUTTAN, 2004). A diferença entre as faixas dos valores de IC50 determinados entre os extratos de P. nigrum e P. longum pode ser devido à utilização de diferentes solventes extratores, sendo o metanol, utilizado por SUNILA & KUTTAN (2004) de maior polaridade que o etanol, usado neste trabalho. Isto, possivelmente acarretou aos extratos concentrações diferenciadas de metabólitos especiais, inclusive a própria piperina, uma vez que a percentagem de piperina 61 contida no extrato em ambas espécies é similar, podendo variar de 3-7% para P. nigrum e de 3-8% em P. longum (RIBEIRO, et al., 2004; JAMES, 1999). Assim, dos 11 compostos analisados, foram encaminhados para estudo quanto ao possível mecanismo de morte celular do EAC, os derivados 52, 53, 54, 57 e 58 que apresentaram os menores valores de IC50, além da piperina. Avaliação do efeito citotóxico (apoptose x necrose) A avaliação da atividade citotóxica, visando o possível mecanismo de ação das amidas mais ativas foi realizada frente às células do carcinoma de Ehrlich, incubadas com anexina V e analisadas no citômetro de fluxo para serem quantificadas quanto à morte celular. Pôde-se observar, no controle de células vivas (gráfico controle), através do perfil fenotípico, variando no tamanho (eixo y) e na granulometria (eixo x), a intensa presença de duas sub-populações de células do EAC. A sub-população A, com 25,8 % e a sub-população B, com 51,2 % de freqüência em relação às 4680 células registradas pelo aparelho de citometria (Figura 20). No gráfico 1 e 2 da Figura 20 estão representados os resultados dos ensaios de citotoxicidade das células do EAC frente a piperina nas concentrações de 351,2 e 44,01µM, respectivamente, indicando uma clara diminuição da sub-população A frente a maior dose ensaiada. A presença e a redução da sub-população A também foi observada nos gráficos 3, 5, 7, 9, 11 cujas células do EAC foram ensaiadas frente as maiores concentrações dos compostos: 52, 53, 54, 57 e 58, respectivamente. Enquanto que a sub-população B esteve presente em todos os gráficos, diante tanto das maiores quanto das menores concentrações de cada composto ensaiado. (Figura 20). 62 800 800 800 800 800 600 400 25.8 88.4 51.2 200 600 400 11.9 200 0 79 52.8 200 400 600 FSC-H: FSC-Height 800 1000 27.5 85.9 45 200 400 600 FSC-H: FSC-Height 800 1000 600 400 10 200 0 0 Ungated 1 Event Count: 3105 Frequency: 100 Ungated nd ctrl Event Count: 4680 Frequency: 100 400 200 0 0 600 SSC-H: SSC-Height 1000 SSC-H: SSC-Height 1000 SSC-H: SSC-Height 1000 SSC-H: SSC-Height 1000 SSC-H: SSC-Height 1000 83.9 58.7 200 400 600 FSC-H: FSC-Height 800 1000 Ungated 2 Event Count: 3474 Frequency: 100 400 0 0 200 400 600 FSC-H: FSC-Height 800 1000 Ungated 3 Event Count: 3470 Frequency: 100 0 800 800 800 800 400 6.5 200 84.2 62.2 400 33.8 88.9 43.4 200 0 200 400 600 FSC-H: FSC-Height 800 1000 Ungated 5 Event Count: 3387 Frequency: 100 400 200 400 600 FSC-H: FSC-Height 800 1000 800 28.3 86.5 45.2 200 SSC-H: SSC-Height 800 SSC-H: SSC-Height 800 SSC-H: SSC-Height 1000 400 600 400 11.8 200 0 200 Ungated 10 Event Count: 3462 Frequency: 100 400 600 FSC-H: FSC-Height 800 1000 23.4 85.2 47.6 400 600 FSC-H: FSC-Height 800 1000 400 600 FSC-H: FSC-Height 800 1000 800 1000 600 400 17.4 86.8 52 200 0 0 200 Ungated 8 Event Count: 3502 Frequency: 100 400 600 FSC-H: FSC-Height 800 1000 0 200 400 600 FSC-H: FSC-Height Ungated 9 Event Count: 3416 Frequency: 100 600 400 37.4 64 36.3 200 0 0 200 Ungated 7 Event Count: 825 Frequency: 100 1000 400 0 0 1000 600 200 0 0 Ungated 6 Event Count: 3411 Frequency: 100 600 12.5 80.8 51.2 200 0 0 600 SSC-H: SSC-Height 800 SSC-H: SSC-Height 1000 SSC-H: SSC-Height 1000 SSC-H: SSC-Height 1000 SSC-H: SSC-Height 1000 600 200 Ungated 4 Event Count: 3470 Frequency: 100 1000 600 34.1 86.2 38.3 200 0 0 600 87 36.9 0 0 200 Ungated 11 Event Count: 3540 Frequency: 100 400 600 FSC-H: FSC-Height 800 1000 0 200 400 600 FSC-H: FSC-Height 800 1000 Ungated 12 Event Count: 3657 Frequency: 100 Figura 20. Sub-populações de células do EAC observadas no citômetro de fluxo após 24h do ensaio de citotoxicidade. 63 O estudo da natureza de morte celular foi realizado também utilizando a técnica de marcação com anexina V, marcador específico da fosfatidilserina, exposta externamente à membrana celular na qual está inserida, durante o processo de morte, principalmente por apoptose (BHATTACHARYYA et al., 2003). Assim, no estágio inicial de apoptose, quando a membrana celular ainda se encontra intacta, a fosfatidilserina (PS) é translocada para o lado extra-celular da membrana plasmática, tornando susceptível a marcação da anexina V a estas células, através do estabelecimento de ligação específica (WANG et al., 2004). Entretanto, a exposição externa da PS, um dos primeiros eventos característicos do processo apoptótico, tem sido reportado na literatura como não sendo específico para as células apoptóticas, mas também podendo ocorrer em células oncóticas (LECOEUR et al., 2001). A oncose (necrose primária), um processo passivo degenerativo, foi definida como o primeiro estágio de necrose durante o aumento celular (MAJNO & JORIS, 1995). Portanto, devido à ruptura da membrana celular e, conseqüentemente, a exposição da fosfatidilserina, as células necróticas também podem ser marcadas com anexina V (BHATTACHARYYA et al., 2003). Os resultados dos ensaios das amidas mais citotóxicas frente às células do EAC, utilizando a marcação com anexina V, constataram a diferença na percentagem de células marcadas nas duas sub-populações, diante da maior e menor concentração de cada composto. Na Figura 21, o gráfico ctn representa o controle de células vivas e a percentagem de células marcadas com anexina V de 0,083% da sub-população A. Esta figura também representa os gráficos1, 3, 5, 7, 9 e 11 para a maior concentração e, os gráficos 2, 4, 6, 8, 10 e 12 para a menor concentração referente as amidas 1, 52, 53, 54, 57 e 58, respectivamente, sobre a sub-população A do EAC (Figura 21). 64 15 30.8 43.2 4 2 10 1 10 # Cells 3 20 5 0 0 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 1 nd ctrl Event Count: 1207 Frequency: 25.8 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 1 1 Event Count: 370 Frequency: 11.9 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 1 2 Event Count: 954 Frequency: 27.5 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 1 4 Event Count: 1184 Frequency: 34.1 10 89.3 2.08 14 8 10 # Cells 10 # Cells # Cells # Cells 10000 15 2 3 0 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 1 3 Event Count: 347 Frequency: 10 3.99 15 10 5 1 3 85.9 2 0 1 5 15 1 0 1 4 3.55 3 # Cells # Cells 30 20 2.94 # Cells 40 # Cells 4 5 0.083 # Cells 50 2 6 4 1 5 5 1 2 0 0 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 0 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 1 6 Event Count: 1154 Frequency: 33.8 1 5 Event Count: 220 Frequency: 6.5 0 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 1 7 Event Count: 103 Frequency: 12.5 0 1 1 8 Event Count: 819 Frequency: 23.4 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 1 9 Event Count: 594 Frequency: 17.4 25 8 3.77 15 82.8 3 20 # Cells # Cells # Cells 6 10 4 15 10 5 2 0 5 0 1 1 10 Event Count: 981 Frequency: 28.3 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 0 1 1 11 Event Count: 419 Frequency: 11.8 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 1 12 Event Count: 1368 Frequency: 37.4 Figura 21. Expressão da anexina V na sub-população A de células do EAC após 24h do ensaio de citotoxidade. 65 Na Figura 22, também estão representadas as percentagens de células do EAC marcadas com anexina V, porém referentes à sub-populações B, na qual se pôde observar que a maioria dos gráficos expressam anexina acima de 46%, tanto nas maiores quanto nas menores concentrações dos compostos ensaiados, exceto para o 54 (gráfico 8 e 9, Figura 22). O conjunto envolvendo ambas as sub-populações é ilustrado na Figura 23, na qual estão representados os gráficos para cada composto ensaiado com suas maiores e menores concentrações frente à percentagem de expressão de anexina V nas células do EAC. Apesar de terem sido realizados poucos ensaios utilizando a citometria de fluxo, os resultados preliminares indicam coerência com os obtido pelo método do MTT, apresentando a piperina e seus derivados o efeito citotóxico dependente da dose. A analise da Figura 23, a qual mostra a percentagem acima de 50% de células marcadas com anexina V, evidencia o início do processo de morte celular na cultura do EAC, após 24 horas de incubação com as amidas 1, 52, 53, 57e 58. É possível que a sub-população A e a sub-população B de células do EAC estejam representando as fases G0/G1 e G2/M do ciclo celular, conforme foram quantificadas suas características morfológicas (tamanho x granulometria) através do citômetro de fluxo (Figura 20). ARIMURA, et al. (2005) e BHATTACHARYYA, et al. (2003) citaram em literatura o mesmo perfil morfológico (tamanho x granulometria) das células do EAC com os observados nesta dissertação, onde puderam caracterizar as fases do ciclo celular, juntamente com a análise do DNA. Desta maneira, estas similaridades possibilitam deduzir que há uma seletividade destes compostos, inibindo de forma específica a proliferação das células do EAC, ao atuarem na sub-população A, reduzindo-a quando esta está sob a maior concentração da piperina e seus derivados. 66 20 0 15 62.1 46.8 69.1 30 60 15 49.5 5 20 0 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 0 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 2 1 Event Count: 1639 Frequency: 52.8 2 nd ctrl Event Count: 2397 Frequency: 51.2 20 10 5 0 5 0 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 2 2 Event Count: 1564 Frequency: 45 10 0 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 2 3 Event Count: 2037 Frequency: 58.7 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 2 4 Event Count: 1328 Frequency: 38.3 10000 30 50 85.8 40 10 65.2 20 95.5 31.5 34 15 8 20 6 0 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 2 5 Event Count: 2106 Frequency: 62.2 0 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 2 6 Event Count: 1481 Frequency: 43.4 0 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 2 7 Event Count: 422 Frequency: 51.2 0 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 2 8 Event Count: 1668 Frequency: 47.6 10000 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 2 9 Event Count: 1775 Frequency: 52 10000 15 25 48.1 78.7 15 10 5 5 2 1 10 4 10 10 0 # Cells 15 # Cells # Cells 30 # Cells 20 # Cells 10 # Cells 10 # Cells 40 # Cells # Cells # Cells 15 51 20 10 # Cells # Cells # Cells 10 15 10 5 5 5 0 0 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 2 10 Event Count: 1565 Frequency: 45.2 10000 0 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 2 11 Event Count: 1286 Frequency: 36.3 10000 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 2 12 Event Count: 1349 Frequency: 36.9 10000 Figura 22. Expressão da anexina V na sub-população B de células do EAC após 24h do ensaio de citotoxidade. 68 30 120 25 0.024 29 64.8 40 26.7 20 30 20 # Cells 15 # Cells 60 # Cells 20 # Cells # Cells 90 30 54.9 20 10 10 10 30 10 5 0 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 3 nd ctrl Event Count: 4139 Frequency: 88.4 0 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 3 1 Event Count: 2453 Frequency: 79 0 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 3 2 Event Count: 2983 Frequency: 85.9 30 93.9 20 30 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 28.4 30 # Cells 20 5 10 1 3 4 Event Count: 2990 Frequency: 86.2 21.5 # Cells 20 10000 40 37.6 10 40 # Cells # Cells 84.9 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 3 3 Event Count: 2913 Frequency: 83.9 15 60 0 1 # Cells 0 20 10 10 0 0 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 3 6 Event Count: 3034 Frequency: 88.9 3 5 Event Count: 2851 Frequency: 84.2 30 0 1 40 30.7 0 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 3 7 Event Count: 667 Frequency: 80.8 30 76.4 0 1 3 8 Event Count: 2982 Frequency: 85.2 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 3 9 Event Count: 2964 Frequency: 86.8 26.6 # Cells # Cells # Cells 30 20 20 10 20 10 10 0 0 1 3 10 Event Count: 2996 Frequency: 86.5 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 0 1 3 11 Event Count: 2264 Frequency: 64 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 1 10 100 1000 FL1-H: Annexin V FITC 10000 3 12 Event Count: 3183 Frequency: 87 Figura 23. Expressão da anexina V no conjunto envolvendo ambas sub-populações de células do EAC após 24h do ensaio de citotoxidade. 69 Ensaio com a desidroganese láctica (LDH) A mensuração da atividade da enzima desidrogenase láctica (LDH), liberada no meio de cultura, tem sido utilizada para monitorar o grau de injúria celular (BERGMEYER et al., 1965). O aumento da produção inicial de NADH, formado com a redução do lactato à piruvato no ciclo do crescimento celular, através da ação da LDH, conseqüentemente, leva a uma maior formação de complexo (Esquema 5, Material e Métodos), acarretando na elevação da leitura de absorbância, indicando a atividade da enzima (ARIMURA et al., 2005). O ensaio para mensurar o grau de injúria sofrido pelas células de EAC, diante da piperina 1 e derivados mais citotóxicos 52, 53, 54, 57, 58, foi analisado de acordo com a atividade da enzima LDH presente no meio de cultura, após o ensaio de 24 horas (Tabela 7). Tabela 7. Valores da % de liberação específica de LDH das células EAC frente à piperina, análogos e derivados e, suas respectivas concentrações. COMPOSTOS % de LDH Conc. (µM) 1 1,86 351,2 52 7,76 345,7 53 22,90 272,28 54 25,38 299,06 57 66,73 303,55 58 8,25 264,91 controle 100 * * 10µl de Triton X-100 (10%) adicionado ao controle de células vivas para lise total da membrana plasmática das células do EAC. A percentagem de liberação específica de LDH das células de EAC analisadas, após 24 horas, foi detectada diante da concentração máxima de cada composto utilizado no ensaio do MTT, sendo que estas concentrações estão muito acima dos seus respectivos valores de IC50. O composto 57, entretanto, destacou-se das demais amidas alcaloidáis com 66,73 % de liberação específica de LDH, evidenciando, diante desta alta concentração, que há injúria celular (YANG et al., 2004), concomitantemente com a inviabilidade das células do EAC segundo a análise com o método do MTT, indicando a necrose como possível mecanismo de ação predominante. 70 Na tentativa de correlacionar os resultados obtidos pelos diferentes métodos na avaliação da morte celular, foi confeccionado um gráfico de barras envolvendo o percentual de expressão de anexina V e LDH nas células para os compostos 1, 52, 53, 54, 57 e 58 (Figura 24). LDH A B C 100 % de células 80 60 40 20 0 11 2 52 3 53 4 54 5 57 6 58 7 controle Figura 24. Análise da expressão de anexina V e LDH das células do EAC frente às máximas concentrações das amidas. As barras indicam as percentagens: da sub-população A (A), da sub-população B (B) e do conjunto de sub-populações, A e B, (C) de células marcadas com anexina V, detectadas no citômetro de fluxo e; de liberação específica de LDH. Estes ensaios foram realizados em culturas independentes, após 24 horas. As células da sub-população A apresentaram a fosfatidilserina (ligada à anexina V) em percentuais acima de 50% quando ensaiadas com os compostos 53, 54 e 58 e, percentuais inferiores a 45%, diante dos compostos 1, 52, e 57. Enquanto que a sub-população B expressou PS, indicando processo de morte celular, nos compostos 1, 52, 53, 54 e 58, Evidenciou-se uma ação citotóxica específica para os compostos 1 e 52 sobre a sub-população B, podendo estas amidas estarem atuando apenas em uma fase do ciclo celular Pôde-se observar entre os compostos 1, 52, 53 e 54 que a percentagem de liberação específica de LDH aumenta com o aumento da atividade citotóxica, respectivamente, sugerindo a presença de células oncóticas no tratamento com a maior concentração dos compostos. 71 As células tratadas com a piperina 1, amida menos citotóxica, apresentaram a menor percentagem de liberação de LDH, diante da maior concentração, sugerindo que a amida natural induz a morte por apoptose às células do EAC. Enquanto que o derivado 57 sugere a predominância da morte por necrose, em função da maior liberação de LDH das células. 4.1.2 Estudo dos parâmetros hidrofóbicos O caráter hidrofóbico ou a lipofilicidade de uma droga é fundamental para se entender sua ação biológica, principalmente quanto ao destino nos processos de absorção, distribuição, estocagem e eliminação nos sistemas biológicos (TAKÁSC-NOVÁC et al., 1995). De maneira mais específica, estes parâmetros físico-químicos permitem determinar com que facilidade a droga atravessa a membrana celular, podendo ser importantes no tipo de interação que envolve a ligação droga-receptor (FUJITA, 1984). A mudança de substituintes ou de uma subunidade estrutural de uma substância pode levar a uma variação relevante quanto ao seu caráter hidrofóbico e, consequentemente, à sua atividade biológica. Desta forma, é de fundamental importância a determinação da hidrofobicidade apresentada pela piperina e seus derivados sintéticos para o estudo da correlação quantitativa (QSAR- Quantitative Activity Relationship) ou qualitativa (SAR- Structure Activity Relationship) entre a estrutura química e a atividade biológica . Os parâmetros hidrofóbicos determinados para o estudo de QSAR da piperina, derivados e análogos, neste trabalho foram: o coeficiente de partição P teórico (ClogP) e a refratividade molar (RMw), obtida pelo método cromatográfico. Coeficiente de partição P O coeficiente de participação P estudado para o sistema octanol/água, foi adotado como um dos principais parâmetros capaz de descrever o caráter hidrofóbico, sendo um modelo otimizado para o processo de transferência de droga entre a fase aquosa e não aquosa (LEO, et al., 1971). O caráter hidrofóbico de uma substância pode ser determinado, experimentalmente, pelo tradicional método “Shake Flash” (HERSEY et al., 1989) ou, teoricamente, através de programas computacionais. A distribuição relativa da droga, seu coeficiente de partição (P), pode ser obtido pela Equação 3 na qual Coct é a concentração da droga na fase orgânica e Caq é a concentração da mesma na fase aquosa tamponada. Assim, a razão de uma substância entre as duas fases será 72 de sua solubilidade diferenciada em cada fase. Portanto, as drogas mais hidrofóbicas terão maiores valores de P, sendo mais permeáveis à membrana plasmática (MELLO & ECHEVARRIA, 2006). A determinação dos valores de logP através do método “Shake Flask” é extremamente trabalhosa e requer uma grande quantidade de amostra o que nem sempre é conveniente, particularmente nos trabalhos envolvendo metabólitos especiais de plantas. Assim, a determinação do fator logP através de cálculos teóricos tem se apresentado como uma alternativa conveniente e útil para os estudos de QSAR e SAR. Neste trabalho de dissertação, os valores de ClogP dos compostos foram determinados teoricamente, utilizando um porgrama de domínio público acessado na página www.daylight.com/daycgi/clogp e estão representados na Tabela 8. Os valores obtidos para ClogP expressam a variação da hidrofobicidade devido as modificações estruturais de cada derivado sintético quando comparados com a piperina. Tabela 8. Valores dos coeficientes de participação teóricos (ClogP) da piperina, seus derivados e análogos. COMPOSTOS ClogP teórico 1 3,313 49 2,859 50 3,917 51 4,152 52 2,951 53 3,885 54 2,893 55 3,348 56 3,006 57 3,844 58 4,774 73 Refratividade molar (RMw) Os parâmetros cromatográficos RMw e logkw obtidos por cromatografia em camada fina e por cromatografia líquida de alta eficiência, respectivamente, têm sido utilizados para expressar indiretamente a caráter hidrofóbico de derivados bioativos, sendo usados na substituição aos valores de logP nos estudos de QSAR (MARTIN, 1978). Dentre os parâmetros cromatográficos, a cromatografia de camada fina (CCF) em fase reversa é uma alternativa eficiente na determinação e avaliação da lipofilicidade das substâncias (MARTIN, 1978; HANSCH et al., 1990). Os parâmetros provenientes da distribuição de uma substância entre uma fase estacionária apolar e uma fase móvel polar, podem ser correlacionados com o coeficiente de partição, pois a hidrofobicidade de uma droga é conhecida como a força dirigente em um processo de distribuição, considerando seu caráter apolar em um ambiente polar (MELLO & ECHEVARRIA, 2006). Assim, a mudança de substituintes ou de subunidades nas estruturas químicas análogas provoca alterações nos valores do Rf na cromatografia, permitindo, através da Equação 2, o uso da CCF de fase reversa para a obtenção dos valores de RM (TOMILINSON, 1975). RM = log (1/Rf - 1) Equação 2 Portanto, de acordo com a natureza de seus substituintes ou subunidades, para cada derivado há uma relação linear entre os valores de RM e a composição dos eluentes. Construindo-se um gráfico com os valores de RM em função da concentração da fase aquosa (%) na mistura de eluentes, obtêm-se uma reta representada pela Equação 3. Esta correlação, quando extrapolada para 100% da fase aquosa, origina os valores de RMw que expressam ao efeito hidrofóbico (Mello, 2006). RMw = a (% solv. aquoso) + b Equação 4 Neste trabalho, os valores de RMw foram obtidos após a determinação dos valores de Rf da piperina e seus derivados sintéticos através da utilização de placas de cromatografia de camada fina em fase reversa (C-18) encubadas com uma mistura constituída de acetona/solução tampão fosfato pH = 7,4, cujo gradiente de concentração variou entre 30 a 60% (v/v) em relação ao tampão. Com os valores de Rf (s) (Tabela 4, Material e Métodos) puderam ser calculados os respectivos RM (s) (Tabela 9) através da Equação 2. 74 Tabela 9. Valores de RM determinados para a piperina, seus derivados e análogos sintéticos. Valores de RM % tampão fosfato: acetona Compostos 30:70 35:65 40:60 45:55 50:50 55:45 1 -0,172 -0,897 -0,710 -0,367 -0,317 -0,288 0,087 0,246 49 -0,172 -1,091 -0,845 -0,567 -0,567 -0,447 -0,152 -0.043 50 -0,172 -0,636 -0,537 -0,020 -0,152 0,154 0,317 0,753 51 0,110 0,153 0,317 0,343 0,395 0,568 0,899 1,091 52 -0,172 -0,753 -0,367 -0,291 -0,291 -0,087 0,199 0,246 53 -0,172 -0,568 -0,537 -0,020 0,022 0,268 0,421 0,713 54 -0,172 -0,753 -0,567 -0,221 -0,197 0,022 0,176 0,395 55 -0,172 -0,845 -0,753 -0,268 -0,244 -0,064 0,110 0,343 56 -0,172 -0,954 -0,506 -0,505 -0,477 -0,367 -0,176 0.022 57 -0,172 -0,712 -0,567 -0,244 -0,108 0,022 0,167 0,395 58 -0,172 -0,421 -0,421 -0,043 0,199 0,507 0,507 0,845 60:40 65:35 Com a extrapolação para 100% da fase aquosa da mistura de eluentes, através da equação da reta obtida por regressão linear do gráfico dos valores de refratividade molar (RM) versus a percentagem de tampão na fase orgânica (% de tampão) (Equação 3), foram calculados os valores de RMw (Tabela 10) a partir das equações 5-15. 75 Tabela 10. Valores de RMw determinados para a piperina, seus derivados e análogos sintéticos. COMPOSTOS RMw ra 1 1,496 0,976 49 1,129 0,980 50 2,140 0,964 51 2,037 0,954 52 1,348 0,964 53 2,200 0,981 54 1,677 0,989 55 1,711 0,979 56 0,906 0,940 57 1,654 0,991 58 2,381 0,981 a Coeficiente de correlação linear Composto 1 RMw = 0,0369 (± 0,0035) % tampão – 2,144 (± 0,1818) r = 0,976 dp= 0,094 Equação 5 n= 7 Composto 49 RMw = 0,0332 (± 0,0029) % tampão – 2,1905 (± 0,1525) r = 0,980 dp= 0,079 Equação 6 n= 7 Composto 50 RMw = 0,0432 (± 0,0053) % tampão – 2,1797 (± 0,2704) r = 0,964 dp= 0,140 Equação 7 n= 7 Composto 51 RMw = 0,0300 (± 0,0041) % tampão – 0,9621 (± 0,2137) r = 0,954 dp= 0,110 Equação 8 n= 7 76 Composto 52 RMw = 0,0309 (± 0,0037) % tampão – 1,7416 (± 0,1930) r = 0,964 dp= 0,100 Equação 9 n= 7 Composto 53 RMw = 0,0432 (± 0,0037) % tampão – 2,1191 (± 0,1934) r = 0,981 dp= 0,100 Equação 10 n= 7 Composto 54 RMw = 0,0369 (± 0,0024) % tampão – 2,0126 (± 0,1235) r = 0,989 dp= 0,064 Equação 11 n= 7 Composto 55 RMw = 0,0392 (± 0,0035) % tampão – 2,2089 (± 0,1826) r = 0,979 dp= 0,094 Equação 12 n= 7 Composto 56 RMw = 0,0266 (± 0,0043) % tampão – 1,7540 (± 0,2202) r = 0,9400 dp= 0,114 Equação 13 n= 7 Composto 57 RMw = 0,0361 (± 0,0020) % tampão – 1,9559 (± 0,1049) r = 0,991 dp= 0,054 Equação 14 n= 7 Composto 58 RMw = 0,0443 (± 0,0038) % tampão – 2,0487 (± 0,1982) r = 0,981 dp= 0,102 Equação 15 n= 7 77 O gráfico correlacionando os parâmetros lipofílicos, o cromatográfico RMw com o ClogP, pode ser observado na Figura 23, indicando uma correlação linear com r= 0,85. Esse resultado pode ser justificado considerando-se a presença de derivados substituídos no anel aromático por grupos volumosos, o que pode influenciar no processo cromatográfico com a utilização da sílica. A equação 16 mostra a correlação considerando-se todos os compostos analisados. 2,4 2,2 2,0 RMw 1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 0,8 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 ClogP teórico Figura 25. Correlação entre o RMw e o ClogPteórico para todos os compostos analisados. RMw = - 0,5528 (± 0,4672) + 0,6358 (± 0,1301) ClogP teórico R= 0,852 SD= 0,255 Equação 16 N= 11 No entanto, se os derivados 53, 54, 56 forem excluídos da correlação entre os dois parâmetros hidrofóbicos, será observada uma relação mais significativa, equação 17 (Figura 24, r = 0,94). De fato, em 53 e 54, a presença dos grupos bromo e nitro em posição orto à cadeia alquenílica deve interferir de forma diferente quando comparado aos demais derivados no deslocamento cromatográfico, bem como ocorre com o derivado 56 que apresenta o anel metilenodióxi aberto e substituído com dois grupos metilas. 78 2,4 2,2 2,0 RMw 1,8 1,6 1,4 1,2 1,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0 ClogPteórico Figura 26. Correlação entre o RMw e o ClogP teórico dos compostos analisados, com exceção dos 53, 54¸e 56. RMw = - 0,50 (± 0,33) + 0,61 (± 0,09) ClogP teórico r= 0,94 dp= 0,15 Equação 17 n= 8 4.1.3 Estudo das correlações entre a hidrofobicidade versus a atividade biológica A análise das correlações entre os parâmetros hidrofóbicos de ClogP e RMw (Tabela 8 e 10, respectivamente) e os valores de logIC50 mostrou uma dispersão de pontos nos gráficos, sendo não significativas, tanto para os valores de ClogP como para RMw, ao serem considerados todos os compostos (Figura 27). Possivelmente, o desvio da linearidade de alguns desses compostos deve-se à presença diferentes séries em relação ao padrão de modificação estrutural. 79 B 2,4 2,4 2,2 2,2 2,0 2,0 logIC50 logIC50 A 1,8 1,8 1,6 1,6 1,4 1,4 1,2 1,2 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 0,8 5,0 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 RMw ClogP Figura 27. Gráficos A e B representando a correlação entre os valores de IC50 com os parâmetros hidrofóbicos ClogP e RMw, respectivamente. No entanto, pôde-se observar nos gráficos A e B da Figura 27 a existência de duas séries de compostos que possuem linearidade: uma envolvendo 1, 49, 53, 55, 56, 57 e 58 e, a outra, constituída por 1, 50, 51, 52, 54 e 55. A primeira série citada composta por 1, 49, 53, 55, 56, 57 e 58, com maior número de derivados, apresentou correlações lineares significativas (Equação 18) entre os valores de logIC50 e ClogP (r= 0,99) e com RMw (r= 0,84), apresentados na Figura 28, gráficos A e B, respectivamente. As equações 18 e 19 indicam os efeitos observados nos gráficos da Figura 28. Este resultado evidencia a importância da propriedade lipofílica destas amidas para a atividade citotóxica, principalmente, entre os 4 compostos mais ativos 1, 53, 57 e 58 desta série. B 2,4 2,2 2,2 2,0 2,0 logIC50 logIC50 A 2,4 1,8 1,8 1,6 1,6 1,4 1,4 1,2 1,2 2,5 3,0 3,5 4,0 ClogP 4,5 5,0 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 2,4 RMw Figura 28. Gráficos A e B representando a correlação entre os valores de IC50 com os parâmetros hidrofóbicos ClogP e RMw, respectivamente, dos compostos 1, 49, 53, 55, 56, 57 e 58. 80 logIC50 = 3,58 (± 0,1) - 0,46 (± 0,02) ClogP teórico r= 0,99 dp= 0,04 Equação 18 n= 7 logIC50 = 2,72 (± 0,23) - 0,48 (± 0,13) RMW r= 0,84 dp= 0,18 Equação 19 n= 7 A segunda série de compostos, cuja correlação foi significativa (Equação 20), está representada por 1, 50, 51, 52, 54 e 55, ressaltando a hidrofobicidade como relevante para a atividade, mas em modelo quadrático, também muito comum nas análises de QSAR (HANSCH, 1999), conforme pode ser observada no gráfico da Figura 29 e Equação 20. 2,4 2,3 2,2 logIC50 2,1 2,0 1,9 1,8 1,7 1,6 2,8 3,0 3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 ClogPteórico Figura 29. Gráfico representando a correlação entre os valores de IC50 com o parâmetros hidrofóbico ClogP, envolvendo 1, 50, 51, 52, 54 e 55. logIC50 = -0,38 (± 0,07) ClogP 2 + 3,23 (± 0,51) ClogP – 4,34 (± 0,07) r2= 0,99 dp= 0,02 Equação 20 n= 6 Uma possível linearidade entre os diferentes compostos analisados poderia ser observada considerando-se outros parâmetros físico-químicos, como o efeito eletrônico e estérico, ou ainda, modelo proveniente do tratamento de regressão múltipla considerando esses fatores, além do fator hidrofóbico. 81 4.2 Estudo dos Extratos Obtidos da Espécie Struthanthus marginatus Com os extratos hidroalcóolicos obtidos separadamente das folhas, caules e haustórios da espécie S. marginatus, planta hemiparasita coletada sobre a espécie hospedeira Mangifera indica, foram realizados ensaios de prospecção das principais classes de metabólitos especiais. É importante destacar que poucos estudos químicos e biológicos têm sido reportados na literatura para este gênero e, principalmente para esta espécie. A atividade biológica do extrato bruto desta erva de passarinho também foi avaliada, porém sua insolubilidade levou-nos a preparar frações com diferentes polaridades para prosseguir com os ensaios biológicos. 4.2.1 Ensaio de quimioprospecção O ensaio de quimioprospecção se trata de um roteiro analítico seqüencial elaborado com o objetivo de detectar a ocorrência de quantidades apreciáveis de diversos constituintes químicos em extratos de plantas com exceção dos protídeos, glicídios e outras substâncias macromoleculares (MATTOS, 1997). No intuito de detectar os principais constituintes químicos micromoleculares na espécie S. marginatus e, principalmente, os de características mais polares nos quais se inserem algumas classes de metabólitos, por exemplo, os flavonóides isolados em outras ervas de passarinho como a quercetina e a quercetrina (FERNÁNDEZ et al., 1998; DÉVÉHAT et al., 2002), foram preparados extratos hidroalcóolicos independentes das folhas, caules e haustórios para a análise qualitativa de sua composição química. Os resultados estão representados na Tabela 11. 82 Tabela 11. Resultados da triagem dos principais metabólitos especiais na espécie Struthanthus marginatus. Metabólitos Especiais 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 Alcalóides Saponinas Esteróides e triterpenóides Taninos Depsídeos e depsidonas Flavonóides Catequinas Antraquinonas Cumarinas Sesquiterpenlactonas e lactonas Carotenóides e xantofilas Glicosídeos cardíacos Açúcares redutores Reação para polissacarídeos Purinas Proteínas e aminoácidos Ác. orgânicos Caule Positivo Positivo Positivo Positivo Negativo Positivo Positivo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Positivo Positivo Negativo Positivo Negativo Extratos Folhas Positivo Positivo Positivo Positivo Negativo Positivo Positivo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Positivo Positivo Negativo Positivo Negativo Haustório Positivo Positivo Negativo Positivo Negativo Positivo Positivo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Positivo Positivo Negativo Positivo Positivo Constatou-se, na prospecção dos três extratos hidroalcólicos independentes, a presença dos ácidos orgânicos apenas nos haustórios e a presença dos esteróides e triterpenóides nas folhas e caules, sendo que os esteróides foram mais intensamente evidenciados nos caules. As classes das catequinas e dos flavonóides foram bastante expressivas nos teste realizados com os três extratos, sendo que a primeira classe foi observada no extrato do caule com uma maior intensidade. No entanto, a classe das saponinas foi marcante nas folhas. Os alcalóides, em menor intensidade, acúcares redutores, polissacarídeos, proteínas e aminoácidos foram detectados nos três extratos analisados das diferentes partes do vegetal, assim como a abundância de taninos. O presente estudo com a espécie S. marginathus, nos resultados preliminares, tem confirmado os dados da literatura que apresentam, apesar de poucas espécies estudadas, a família Loranthaceae e, principalmente esta planta, tão relevantes quanto às espécies da família Viscaceae, a qual é representada pela espécie Viscum album, planta extensamente estudada na Europa para o tratamento do câncer (MANSKY et al., 2003). 83 4.2.2 Obtenção e estudo das atividades citotóxica das frações de S. marginathus Os extratos hidroalcóolicos das folhas, caules e haustórios foram preparados (item 3.3, Parte Experimental) visando também o monitoramento da atividade biológica dos prováveis contituintes químicos detectados nos ensaios de prospecção. No entanto, estes extratos foram insolúveis, inviabilizando os ensaios biológicos e, consequentemente, o biomonitoramento da atividade citotóxica. Uma forte evidência para a insolubilidade dos extratos é a presença dos taninos, também detectados, em níveis relativamente altos, no córtex do caule e no tecido paliçádico das folhas da espécie S. vulgaris (SALATINO et al., 1993), os quais são capazes de formar complexos insolúveis com proteínas, segundo relato da literatura (MARTIN & MARTIN, 1993). Diante da insolubilidade dos extratos e da evidência da presença de flavonóides, segundo o ensaio de prospecção realizado neste trabalho, os estudos quanto à atividade biológica desta planta foram direcionados às frações preparadas segundo a marcha utilizada por LOHÉZIC-LE DÉVÉHAT et al. (2002), com a qual estes autores isolaram três flavonóides da espécie Scurrula ferruginea, também pesrtencente à família Loranthaceae. Do extrato de S. marginartus, proveniente da percolação a frio com acetato de etila e éter de petróleo, obtido com 0,26% de rendimento, foi utilizada 1g para ser cromatografado em coluna aberta com o objetivo de se obter as frações com diferentes polaridades para serem ensaiadas frente às células do carcinoma de Ehrlich. A separação cromatográfica e a avaliação por CCF permitiu a reunião das frações em quatro grupos F-CH2Cl2, F1-AcOEt, F2-AcOEt, F-MeOH. A fração F-CH2Cl2 com 7,04% de rendimento em relação ao extrato bruto, apresentou colaração amarela, enquanto que as frações obtidas com acetato de etila, F1-AcOEt e F2AcOEt cujos rendimentos foram respectivamente 12,31% e 5,44%, apresentaram coloração amarelo-esverdeada a verde devido à presença de clorofila. A fração metanólica F-MeOH foi obtida em rendimento de 28,78%, no entanto, observou-se através da cromatografia de camada fina uma maior concentração de substâncias diferentes, além da clorofila, apresentando uma coloração verde escuro. Estas frações foram direcionadas aos ensaios biológicos. Inicialmente, tentou-se realizar ensaios de toxicidez geral frente ao microcrustáceo Artemia salina. No entanto, os resultados com o extrato bruto em éter de petróleo e acetato de etila e também os extratos hidroalcóolicos das folhas, caules e haustórios de S. marginatus foram insatisfatórios devido a sua baixa solubilidade em solução salina, apresentando um 84 precipitado flosculoso de imediato. Assim as frações F-CH2Cl2, F1-AcOEt, F2-AcOEt e FMeOH, não foram ensaiadas frente ao microcrustáceo. Os testes biológicos com as frações F-CH2Cl2, F1-AcOEt e F2-AcOEt testadas de S. marginatus, frente ao carcinoma de Ehrlich, mostraram boa atividade citotóxica (Tabela 12), sendo que os valores de IC50 se encontram-se na faixa entre 50 e 25 µg/ml. A fração metanólica ainda não foi ensaiada. Tabela 12. Atividade citotóxica das frações de Struthanthus marginatus frente às células do carcinoma de Ehrlich. Concentração (µg/ml) Percentagem de inibição (%) F-CH2CL2 F1-AcOET F2-AcOET 100 100 100 93,89 50 100 100 71,56 25 6,87 22,51 10,49 12,5 0,0 0,0 0,0 A atividade citotóxica das frações de acetato de etila F1-AcOEt e F2-AcOEt, na concentração de 50 µg/ml, diferenciaram-se, possivelmente, devido a presença de clorofila, onde a fração F2-AcOEt, a mais clorofilada, mostrou-se menos ativa frente ao carcinoma de Ehrlich. Outra razão sugerida para tal distinção seria a presença de diferentes metabólitos em cada fração, claramente observada através da cromatografia de camada fina utilizada para a reunião das frações. 85 5 CONCLUSÃO E PERSPECTIVAS Diante da enorme contribuição das plantas superiores para o desenvolvimento de forma direta ou indireta de quimioterápicos a partir de seus metabólitos especiais, o estudo com as espécies S. marginathus e P. nigrum, nesta dissertação, indicam-nas como fonte promissora para o desenvolvimento de moléculas bioativas frente às células tumorais. Pimenta do reino Neste trabalho, foi observado a atividade citotóxica frente às células do carcinoma ascítico de Ehrlich tanto para o extrato dos frutos de Piper nigrum quanto para a piperina. O estudo da citotoxicidade dos derivados sintéticos à amida natural mostrou que alguns derivados frente às células do EAC foram mais ativos que a piperina. Demaneira em geral, as amidas mais citotóxicas frente às células do EAC evidenciaram a expressão da fosfatidilserina durante o processo de morte celular. No entando, através de atividade de desidrogenase láctica das células ensaiadas, pôde-se constatar que alguns compostos são capazes de induzir a morte por necrose, enquanto que outros, como a piperina, podem levar a morte por apoptose. A correlação dos parâmetros hidrofóbicos determinados com a atividade biológica dos compostos estudados foi linear para uma série de derivados e, quadrática para outra. Provavelmente, outros parâmetros físico-químicos estajam influenciando na bioatividade destes compostos frente às células do carcinoma ascítico de Ehrlich. Erva de Passarinho No presente estudo com a espécie Struthanthus marginathus, pôde-se detectar a presença de importantes classes de metabólitos especiais como: esteróides, catequinas, flavonóides, taninos e alcalóides, expressos com diferentes intensidades nas determinadas partes do vegetal analisadas, bem como a citotoxicidade segundo a diferença de polaridade dos metabólitos presentes nas distintas frações. Desta forma, este estudo se encontra em andamento, sendo o biomonitoramento das frações uma ferramenta importante para selecionar aquelas de maior atividade para posterior avaliação fitoquímica levando ao isolamento dos metabólitos bioativos, sendo em seguida avaliados frente às células tumorais. 86 6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDREATA R. H. P.; DE PAULA, C. H. R.; ANDREATA, J. V. A vegetação da Lagoa Rogrigues de Freitas, Rj. Eugeniana XXV, 11-21, 2001 ARIMURA, T.; KOJIMA-YUASA, A.; TATSUMI, Y.; KENNEDY, D. O.; MATSUIYUASA, I. Invovement of Polyamines in Evening Primrose Extract-Induced Apoptosis in Ehrlich Ascities Tumor Cells. Amino Acids, v. 28, p. 21-27, 2005 ATAL, C. K.; DUBEY, R. K.; SINGH, J. Biochemical Basis of Enhanced Drug Bioavailability by Piperine: Evidence that Piperine is a Potent Inhibitor of Drug Metabolism. Journal of Pharmacology and Experimental Therapeutics, v. 232, p. 258262, 1985 BAJAD, S.; SINGLA, A. K.; BEDI, K. L. Liquid Chromatographic for determination of Piperine in Rat Plasma: Application to Pharmacokinetics. Journal of Chromatography B, v. 776, p. 245-249, 2002 BALACHANDRAN, P.; GOVINDARAJAN, R. Cancer: An ayurvedic perspective. Pharmacological Research, v. 51, p. 19–30, 2005. BALAKOUL, I.; ARUNA, K. Evaluation of the Liver Protective Potential of Piperine on Active Principle of Black and Long Pepper. Planta Medica, v. 59, p. 413-4119, 1993 BALANCHANDRAN, P. ; GOVINDARAJA, R. Cancer- an Ayurvedic Perspective. Pharmacological Research, v.51, p. 9-30, 2005 BARNEY, C. W.; HAWKSWORTH, F. G.; GEILS, B. W. Host of Viscum album. European Journal of Forest Pathology, v. 28, n. 3, p. 187-208, 1998 BARRETO-JUNIOR, C. B.; Abordagem para a Síntese de Amidas Naturais Bioativas e seus Análogos. 2005. 178p. Dissertação de Mestrado – UFRRJ, Seropédica, RJ BARROSO, G. M. Sistemética de angiosperma do Brasil, v. 2, Viçosa, UFV, Impr. Univ., 1984 BERGMEYER, H. U.; BERNT, E.; HESS, B. Lactate Dehydrogenase. In: BERGMEYER, H. U. Methods of Enzymatic Analysis. ed. Academic Press , New York, p. 736-743, 1965 BHATTACHARYYA, A.; CHOUDHURI, T. ; PAL, S. ; CHATTOPADHYAY, S. ; DALTA, G. K.; SA, G. ; DAS, T. ; Apoptogenic Effects of Black Tea on Ehrlich´s Ascites Carcinoma Cell. Carcinogenesis, v.24, p. 75-80, 2003 BIER, O. Bacteriologia e Imunologia. ed 12. São Paulo: Edições Melhoramento. 1965 BOCCI, V. Mistletoe (Viscum album) Lectins as Cytokine Inducers and Immunoadjuvant in Tumor Therapy. A review. Journal of Biological Regulators and Homeostatic Agents, v. 7, p. 1-6, 1993 87 BOTANICAL. Mistletoe Disponível http://botanical.com/botanical/mgmh/m/mistle40.html. Acessado em: 14/03/2005 em: BRAUER, M. In Vivo Monting of Apoptosis. Progress in Neuro-Psychopharmacology & Biological Psychiatry, v. 27, p. 323-331, 2003 BUDAVARI, S. The Merck Index: na Encyclopedia of Chemicals, Drugs, end Biologicals. 2th ed.; Whitehouse Station, N. J: Merck, v. 1 (various pagings) 1996 CALIXTO, J. B.; KASSUYA, C. A. L.; ANDRÉ, E.; FERREIRA, J. Contribution of Natural to the Discovery of the Transient Receptor potential (TRP) Channels Family and their Functions. Pharmacology & Therapeutics, v. 106, p. 179-208, 2005 CASSADY, J. M.; DOUROS, J. D. Anticancer Agents Base on Natural Products Models. Ed. Acadecmic Press, New York, 1980 CHAVES, S. P. 2005. Dissertação de Mestrado – UFRJ, Rio de Janeiro, RJ COE, F. G.; ANDERSON, G. J. Screening of Medicinal Plants Usedby the Garifuna of Eastern Nicaragua for Bioactive Compostes. Fhytochemistry, v. 60, p. 365-371, 1996 CORDELL, C. A. The discovery of Plant Anticancer Agents. Chemistry and Industry, v. 841, 1993 CORDELL, G. A. Changing Strategies in Natural Products Chemistry. Phytochemistry, v. 40, n. 6, p. 1585-1612, 1995 COUCEIRO, J. N. S. S.; DA-SILVA, P. M.; SANTOS, M. G. M.; RIBEIRO, T. S.; DE LIMA, M. E. F. Natural Piperine as a New Alternative Against Influenza Viruses. Virus Reviews and Research, v. 10, n. 1, p. 27-32, 2005 CRAGG, G. M.; NEWMAN, d. J. Plants As a Source of Anti-Cancer Agents. Journal of Ethnopharmacology, v. 100, p. 72-79, 2005 CRAGG, G. M.; NEWMAN, D. J.; SNADER, K. M. Natural products in Drug Discovery and development. Journal of Natural Products, v. 60, n. 52, 1997 DA SILVA, E. F.; CANTO-CAVALHEIRO, M. M.; BRAZ, V. R.; FINKELSTEIN, L. C.; LEON, L. L.; ECHEVARRIA, A. Synthesis, and Biological Evaluation of New 1,3,4thiadiazolium-2-phenylamine Derivatives Against Leishmania amazonensis Promastigotes and amastigotes. European Journal of Medicinal Chemistry, v. 37, p. 979-984, 2002 DAYLIGHT. Disponível em http://www.daylight.com/daycgi/clogp/. Acessado em: 04/11/2005 DE VITA, V. T. J.; HELLMAN, S.; ROSENBERG, S. A. Cancer: Principles & Practice of oncology. J. B. Lippincott Company, 4th ed., v. 1, Philadelphia, 1993 DÉVÉHAT, F. L.; BAKHTIAR, A.; BÉZIVIN, C.; AMOROS, M.; BOUSTIE, J. Antiviral and Cytotoxic Activities of Some Indonesian Pliants. Fitoterapia, v. 73, p. 400405, 2002 88 DEWICK, P. M. Medicinal Natural Products: a Biosynthetic Approach. 2nd ed.; New York: Wiley, 2001. 500p DYER, L. A.; PALMER, A. D. N. Piper: A Model Genus for Studies of Pytochemistry, Ecology, and Evolution. Kluwer Academic Publisher/New York, 2004 EMBRAPA. Pimenta do reino. Disponível http://bacuri.cpatu.embrapa.br/pimenta_do_reino/. Acessado em: 23/10/ 2005 em: EPSTEIN, W. W.; NETZ, D. F.; SEIDEL, J. L. Isolation of Piperine fron Black Pepper. Journal of Chemical Education, v. 70, n. 7, p. 598-599, 1993 ESTEVES-SOUZA, A.; SILVA, T. M. S.; ALVES, C. C. F.; CARVALHO, M. G.; BRAZ-FILHO, R.; ECHEVARRIA, A. Cytotoxic Activities Against Ehrlich Carcinoma and Human K562 Leukaemia of Alkaloids end Flavonoid from Two Solanum Species. Journal of the Brazilian Chemical Society, v. 13, n. 6, p. 838-842, 2002 FACUNDO, V. A.; SÁ, A. L.; SILVA, S. A. F.; MORAIS, S. M.; MATOS, C.R. R.; BRAZ-FILHO, R. Three New Natural cyclopentenedione Derivates from Piper carniconnectivum. Journal of the Brazilian Chemical Society, v. 15, n. 1, p. 140-145, 2004 FERNÁNDEZ, T.; WAGNER, M. L.; VARELA, B. G.; RICCO, R. A.; HAJOS, S. E.; GURNI, A. A.; ALVAREZ, E. A Study of an Argentine mistletoe, the hemiparasite Ligaria cuneifolia (R. et P.) Tiegh. (Loranthaceae). Journal of Ethnopharmocology, v. 62, p. 25-34, 1998 FUJITA, T. Drugs Desing: Fact or Fantasy. v 2, ed. Academic Press, London, 1984 GEITZ, J.; BEILE, A.; WILKENS, P.; AMERI, A.; PETERS, T. Antithrombotic Action of the Kava Pyrone (+)-Kavin Prepared from Piper methysticum on Humen Platelets. Planta Medica, v. 63, p. 27-30, 1997 GRYNBERG, N.F.; MARTORELLI, R. A.; CARVALHO, M. G. BRAZ-FILHO, R.; MOREIRA, I. C.; ECHEVARRIA, A. Inhibition of Murine Tumour Growth by Natural Biflavone and Mesoionic Compounds. In: XVI International Cancer Congress. 1994, New Delhi, India. GUERITTE, F.; FAHY, J. The Vinca Alkaloids. In: CRAGG, G.M.; KINGSTON, D. G. I.; NEWMAN, D. J. Anticancer Agentes from Natural Products. ed. Brunner – Routledge Psychology Press, Taylor & Francis Group, Boca Raton, FL, p. 47-70 (chapter 4), 2005 GUIMARÃES, E. F.; GIORDANO, L. C. S. Piperaceae do Nordeste Brasileiro I: Estado de Ceará. Rodriguesia, v. 55, n. 84, p. 21-46, 2004 HANSCH, C.; SAMMERES, P. G.; TAYLOR, J. B. Hydrofobic Properties of Grugs, In Comprehensive Medicinal Chemistry. The Ration Desing, Mechanistic Study and Therapeutic Application of Chemical Compouds. Eds. Pergamon, new York, v. 4, p. 241, 1990 89 HARTWELL, J. L. Plants Used Againts Cancer. Quarterman, Lawrence, MA, 1982 HERSEY, A.; HILL, A. P.; HYDE, R. M.; LIVINGSTONE, J. Quantitative StructureActivity Relationships , v. 8, p. 828, 1989 HUANG, Z.; TONG, Y.; WANG, J.; HANG, Y. MNR Studies of the Relationship Between the Changes of Membrane Lipids and the Cisplatin-Resistance of A549/DDP Cells. Cancer Cell International, v. 3, p.1-8, 2003 INCA. Câncer. Disponível em: http://www.inca.gov.br//. Acessado em: 04/01/2006 ISHIZU, T.; TSUJINO, E.; WINARNO, H.; OHASHI, K.; SHIBUYA, H. A Complex of Perseitol and K+ Ion from Scurrula fusca (Loranthaceae), Tetrahedron Letter, v. 42, p.6887-6889, 2001 JAMES, V., Piperine: the Treasured Alkaloid in Piper longum. Spice Indiam, v. 12, p. 912, 1999 JOHRI, R. K.; ZUTSHI, U. An Ayurvedic Formulatin trikatu and its Constituents. Journal of Ethnopharmacologyn, v. 37, n.2, p. 85-91, 1992 KHAJURIA, A.; THUSU, N.; ZUTSHI, U. Piperine Modulates Permeability Characteristics on Intestine by Inducing Alteration in membrane Dynamics: Influence on Brush Border Membrane Fluidity, Ultrastructure and Enzyme Kinetics. Phytomedicine, v. 9, p. 224-231, 2002 KIENLE, G. S. The story behind mistletoe: a European Remedy From Anthroposophical Medicine. Alternative Therapies in Health and Medicine, v. 5, p. 34-46, 1999 KUTTAN, G.; KUTTAN, R. Immunomodulatory activity of a peptide isolated from Viscum album extract. Immunological Investigations, v. 21, p. 285-296, 1992 LECOEUR, H.; PRÉVOST, M-C, GOUGEON, M-L. Oncosis is Associated With Expousure of Phosphatidylserine Residues on the Outside Layer of the Plasma Membrana: A Reconsideration of the Specificity of the Anexine V/propidium iodide Assay. Cytometry, v. 44, p. 65-72, 2001 LEE, S. A.; HONG, S. S.; HAN, X. H.; HWANG, J. S.; OH, G. J.; LEE, K. S. Piperine from the Fruits of Piper longum with Inhibitory Effect on Monoamine Oxidase and Antidepressant-Like Activity. Chemical and Pharmaceutical Bulletin v. 53, n. 7, p. 832-835, 2005 LEO, A.; HANSH, C.; ELKINS, D. Chemical Reviews, v. 71, n. 6, p. 525, 1971 LOHÉZIC-LE-DÉVÉHAT, F.; TOMASI, S.; FONTANEL, D.; BOUSTIE, J. Flavonols from Scurula ferruginea Danser (Loranthaceae). Zeitschrift Fur Naturforschung C-A Journal of Biosciences, v. 57, p. 1092-1095, 2002. MACIEL, M. A. M.; PINTO, A. C.; VEIGA, V.F.; GRYNBERG, N. F.; ECHEVARRIA, A. Plantas Medicinais: A Necessidade de estudos Multidisciplinares. Química Nova, v. 25, n. 3, p. 429-238, 2002 90 MAJNO, G.; JORIS, I. Apoptosis, Oncosis, and Necrosis. An Overview of Cell Death. American Journal of Pathology, v. 146, n. 1, p. 3-15, 1995 MAJUMDAR, A. M.; DHULEY, J. N.; DESHMUKH, V. K.; RAMAN, P.H.; NAIK, S. R. Anti-inflammatory Activity of Piperine. Japanese Journal of Medicine and Science Biology, v. 43, p. 95-100, 1990 MANSKY, P. J.; GREM, J.; WALLERSTEDT, D. B.; MONAHAN, B. P.; BLACKMAN, M. R. Mistletoe and Gemcitabine in Patients with Advanced Cancer: A Model for the Phase I Study Interactions in Cancer Therapy. Integrative Cancer Therapies, v. 2, n. 4, p. 345-352, 2003 MARTIN, Y. C. Quantitative Drug Desing: A Critical Introduction. Marcel Dekker, New york, 1978 MATTOS, J. F. A. Introdução à Fitoquímica Experimental. ed. 2, Fortaleza, UFC, p. 141, 1997 MELLO, H.; ECHEVARRIA, A. Hydrophobicity Study for Some Pyrazolo-Pyridine by RP-TLC and RP-HPLC. Journal of Liquid Chromatography & Technologies, no prelo, 2006 MELLO, H. Síntese, Parâmetros Lipofílicos, Eletrônicos e Correlações de Estrutura x Atividade Antileishmania de 1H-pirazolo[3,4-b]piridinas. 2000. 166p. Dissertação de Doutorado – UFRRJ, Seropédica, RJ MITTAL, R.; GRUPTA, R. L. In vitro Antioxidants Activity of Piperine. Methods and Findings in Experimental and Clinical Pharmacology, v. 122, p. 163-167, 2000 MOBOT. Manual de plantas. Disponível http://www.mobot.org/manual.plantas/lista.html. Acessado em: 14/03/2005 em: MOSMANN, T. Rapid Colorimetric Assay for Cellular Grow and Survival: Application to Proliferation and Cytotoxicity Assays. Jounal of Immunol Methods, v. 65, p. 55, 1983 MOTANARI, C. A.; BOLZANI, V. S. Planejamento Racional de Fármacos Baseados em Produtos Naturais. Química Nova, v.24, n. 1, p. 105-111, 2001 NEWMAN, D. J. ; Cragg, G. M.; HOLBECK, S.; SAUSVILLE, E. A. Natural Products as Leads to cell cycle Pathway Targets in Cancer Chemotherapy. Current Cancer Drug Targets, v. 2, p. 279-308, 2002 NICKRENT, D. L. Encyclopedia of Life Sciences - Santalales (Mistletoe) Macmillan Reference Ltd, 2001. Disponível em www.science.siu.edu/parasiticplants/Loranthaceae/index.html, Acessado: 08/08/2001 OHASHI, K.; WINARNO, H.; MUKAI, M.; INOUE, M.; PRANA, M. S.; SIMANJUNTAK, P.; SHIBUYA, H. Cancer Cell Invasion Inhibitory Effects os Chemical Constituents in Pasatic Plants Scurrula atropurpurea (Loranthaceae), in: Indonesian Medicinal Plants. XXV, Chemical & Pharmaceutical Bulletin, v. 51, n. 3, p. 343-345, 2003 91 PARMAR, V. S.; JAIN, S. C.; BISHT, K. S.; JAIN, R.; TANEJA, P.; JHA, A.; TYAGI, O. D.; PRASAD, A. K.; WENGEL, J.; OLSEN, C. E.; BOLL, P. M. Phytochemistry of the Genus Piper. Phytochemistry, v. 46, n. 4, p. 597-673, 1997 PATERSON, I.; ANDERSON, E. A. The Renaissance of Natural Products as Drug Candidates. Science, v. 310, n. 5747, p. 451-453, 2005 PHILLIPSON, J. D. Phytochemistry and medicinal Plants. Phytochemistry, v. 56, p. 237243, 2001 PINHEIRO, R. O. 2004. Dissertação de Doutorado – UFRJ, Rio de Janeiro, RJ PIYACHATURAWAT, P.; GLINSUKON, T.; PEUGVICHA, A. Post-Coital AntiFertility Effect of Piperine. Contraception, v. 26, n. 6, p. 625-633, 1982 PRADEEP, C. R.; KUTTAN, G. Effect of Piperine on the Inhibition of Lung Metastasis Induced B16H-10 Melanoma Cells in mice. Clinical and Experimental Metastasis, v.19, p. 703-708, 2002 PRADEEP, C. R.; KUTTAN, G. Effect of Piperine on the Production of Nitric Oxide and TNF-α in vitro as well as in vivo B16H-10 Melanoma Cells in mice. Immunopharmacology Immunotoxicol, v. 25, p. 337-346, 1999 PRADEEP, C. R.; KUTTAN, G. Piperine is a Potent Inhibitor of Nuclear Factor-kB (NFkB), c-Fos, CREB, ATF-2 and Proinflammatory Cytokine Gene Expression in B16F-10 Melanoma Cells. International Immunopharmacology, v. 4, p. 1795-1803, 2004 RAHIER, N. J.; THOMAS, C. J. ; HECHT, S. M. Camptothecin and its Analogs. In: CRAGG, G. M.; KINGSTON, D. G. I.; NEWMAN, D. J. Anticancer Agents from Natural Products. ed. Brunner-Routledge Psychology Press, Taylor & Francis Group, Boca Raton, FL, P.5-22 (Chapter 2), 2005. RIBEIRO, T. S.; FREIRE-DE-LIMA, L.; PREVIATO, J. O.; MENDONÇA-PREVIATO, L.; HEISE, N.; DE LIMA, M. E. F. Toxic Effects of Natural Piperine and its Derivatives on Epimastigotes and Amastigotes of Tripanosoma cruzi. Bioorganic & Medicinal Chemistry Letters, v. 14, n. 13, p. 3555-3558, 2004 RIBEIRO, T. S.; Transformações Químicas no Alcalóide Natural Piperina e Avaliação da Atividade Tóxica sobre Trypanosoma cruzi. 2004. 162p. Dissertação de Mestrado – UFRRJ, Seropédica, RJ RIZZINI, C., T., Flora Ilustrada Catarinense. Itajaí, Santa Catarina, 1968 RODRÍGUEZ-CRUZ, M. E.; PÉREZ-ORDAZ, L.; SERRATO-BARRAJAS, B. E.; JARÉZ-OROPEZA, M. A.; MASCHER, D.; PAREDES-CABAJAL, M. C. EndotheliumDependent Effects of the Mistletoe Psittacanthus caluculatus on the Vasomotor Responses of Rat Aortic Rings. Journal of Ethnopharmacology, v. 86, p. 213-218, 2003 SALATINO, A.; KRAUS J. E.; SALATINO, M. L. F. Contents and their Histological localization in young and adult parts of Struthanthus vulgaris Mart. (Loranthaceae). Annals of Botany, v. 72, p. 409-414, 1993 92 SELVENDIRAN, K.; BANU, S. M.; SAKTHISEKARAN, D. Protective Effect of Piperine on Benzo(a)Pyrene-Induced Lung Carcinogenesis in Swiss Albino Mice. Clinica Chimica Acta, v. 350, p. 73-78, 2004 b SELVENDIRAN, K.; SENTHILNATHAN, P.; MAGESH, V.; SAKTHISEKARAN, D. Modularory Effect of piperine on Mitochondrial Antioxidant system in Benzo(a)PyreneInduced Experimental Drug Carcinogenesis. Phytomedicine, v. 14, p. 85-89, 2004 a SEMLER, U.; GROSS, G. G. Distritbution of Piperine in Vegetative Parts of Piper nigrum. Phytochemistry, v. 27, n. 5, p. 1566-1567, 1988 SIMÕES, C. M. O.; SCHENHEL, E. P.; GOSMANN, G.; DE MELLO, J. C. P.; MENTZ, L. A.; PETROVICK, P. R. Farmacognosia: da Planta ao Medicamento. 5th ed. rev. Editora da UFRGS/UFSC, Porto Alegre/Florianópolis, 2004 SMITH, L. J. Leukotrienes in Asthma. The Potential Therapeutic Role of antileukotriene agents. Archives of Internal Medicine, V. 1556, 2181-2189, 1996 STEIN, G. M.; SCHIETZEL, M.; BÜSSING, A. Mistletoe in Immunology and the clinic. Anticancer Research, v. 18, p. 3247-3250, 1998 STÖHR, J. R.; XIAO, P. G.; BAUER, R. Constituents of Chinese Piper Species and their Inhibitory Activity on Prostaglandin and Leukotriene Biosynthesis In Vitro. Journal of Ethnopharmacology. V. 75, p. 133-139, 2001 SUNILA, E. S.; KUTTAN, G. Immunomodulatory and antitumor Activity of Piper Longum Linn. And Piperine. Journal of Ethnopharmacology, v. 90, n. 2-3, p. 339-346, 2004 TAKÁSC-NOVÁC, K.; JÓZAN, M.; SZÁSZ, G. Lipophilicity of Amphoteric Molecules Expressed for the True Partition Coefficient. International Journal of Pharmaceutics, v. 113, p. 47-55, 1995 TOMILINSON, E. Journal of Chromatography, v. 113, p.1, 1975 TSOPELAS, P.; ANGELOPOULOS, A.; ECONOMOU, A.; SOULIOTI, N. Mistletoe (Viscum album) in the fir Forest of Mount Parnis, Greece. Forest Ecology and Management, v. 202, p. 59-65, 2004 UNI-GRAZ. Pepper (Piper nigrum L.) Disponível em: http://www.unigraz.at/~katzer/engl/generic_frame.html?Pipe_nig.html. Acessado em: 10/11/2005 VENKATASAMY, R.; FAAS, L.; YOUNG, A. R.; RAMAN, A.; HIDER, R. C. Effects of Piperine Analogues on Stimulation of Melanocyte Proliferation and Melanocyte Differentiation. Bioorganic & Medicinal Chemistry, v. 12, n. 8, p. 1905-1920, 2004 VENTURELLI, M. Estudos Sobre Struthanthus vulgaris Mart.: Anatomia do Fruto e da Semente e Aspecto de Germinação e Crescimento. Revista Brasileira de Botânica, v. 4, p. 131- 147, 1981. 93 VERLENGIA, R. Estudo do Perfil de Eletroforese e Imunoeletroforese em Camundongos Portadores do Tumor de Ehrlich. 1994. 129p. Dissertação de Mestrado – Univ. Estadual de Campinas, Piracicaba, SP VIEIRA, O. A. C. ; SANTOS, M. H.; SILVA, G. A.; SIQUEIRA, A. M. Atividade antimicrobiana de Struthanthus vulgaris (erva-de-passarinho). Brazilian Journal of Pharmacognosy, v. 15, p. 149-154, 2005 WAGNER-SOUZA, K.; ECHEVARRIA-LIMA, J.; RODRIGUES, L. A. P.; REIS, M.; RUMJANEK, V. Resistance to Thapsigargin-Induced Intracellular calcium Mobilization in a Multidrug Resistant Tumour Cell Line. Molecula and Cellular Biochemistry, n. 252, p.109-116, 2003 WEI, K.; LI, W.; KOIKE, K.; PEI, Y.; CHEN, Y.; NIKAIDO, T. New Amide Alkaloids from the Roots of Piper nigrum. Journal of Natural Products, v. 67, p. 1005-1009, 2004 WEI, K.; WEI, L.; KOIKE, K.; CHEN, Y.; NIHAIDO, T. Nigramides A-S, dimeric Amide Alkalods from the Roots of Piper nigrum. Journal of Organic Chemistry, v. 70, p. 1164-1176, 2005 YANG, Y. W.; WU, C. A.; MORROW, W. J. W. Cell Death Induced by Vaccine Adjuvants Containing Surfactants. Vaccine, v. 22, p.1524-1536, 2004 ZEE CHENG, R. K. Y., Anticancer Research on Loranthaceae Plants. Drug Future, v. 22, p. 519-530, 1997 94