Relatório Econômico Latitude e Longitude

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Relatório Econômico
Abril de 2015
Latitude e Longitude
Relatório Econômico
Abril de 2015
Ambiente Global
Os mercados têm se ajustado ao ambiente de fortalecimento do dólar e queda nos preços das
commodities. A economia norte-americana segue com fundamentos fortes, apoiada no
fortalecimento do mercado de trabalho e o Fed deverá iniciar a alta da taxa de juros no último
quadrimestre deste ano. O inverno rigoroso terá efeito negativo e transitório no resultado do PIB
do primeiro trimestre, mas a combinação da queda do preço do petróleo com a apreciação do
dólar, se por um lado estimulam o consumo das famílias, por outro desestimulam o investimento
e as exportações e podem tirar ímpeto da economia ao longo do ano.
A melhora dos indicadores antecedentes da Zona do Euro contrata maior crescimento para a
região na segunda metade deste ano, resultado do amplo plano de expansão do balanço do
Banco Central Europeu e a consequente depreciação do euro.
Já o Japão terá crescimento moderado por conta da elevação de impostos que afetou
negativamente o consumo doméstico. Contudo, a política monetária expansionista auxiliará na
recuperação gradual da economia do país.
Por fim, a transição de modelo econômico da China (de exportações e investimentos para o de
consumo interno) tem exigido uma taxa de sacrifício e a economia tem desacelerado desde
2010. As medidas adotadas no início deste ano deverão produzir efeito no final do segundo
trimestre e o país deverá ter crescimento este ano próximo da meta de 7,0% estabelecida pelo
Governo.
Brasil: Latitude e Longitude
As primeiras medidas anunciadas no início
Todo ajuste de política macroeconômica
deste
tem um custo associado, seja em ciclos de
Joaquim Levy reforçam o compromisso da
expansão ou contração econômica e para o
equipe econômica com um realinhamento
ajuste fiscal em curso não será diferente,
da economia e não se resumem apenas ao
mas é preciso um olhar para além dos
cumprimento da meta fiscal deste ano ou do
resultados de curtíssimo prazo.
seguinte.
ano
pelo
Ministro
da
Fazenda
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Abril de 2015
Tomando
emprestadas
geográficas,
vemos
as
uma
medidas
mudança
2016.
A
renda
real
também
deverá
de
desacelerar mais, não só pela elevação da
latitude e longitude da economia brasileira
inflação, mas também pela retração da
que deverá recuperar os investimentos e
demanda por mão de obra.
permitir uma escalada do crescimento ao
longo dos próximos anos. Não será fácil, o
caminho é tortuoso, exige preparo físico,
intelectual e articulação. Até lá, veremos a
economia
desacelerar
mais
antes
de
melhorar.
A
elevação
dos
preços
das
tarifas,
particularmente as de energia elétrica tem
impactado significativamente no consumo
das famílias. Por um lado, menos PIB, por
outro minimiza consideravelmente o risco de
racionamento de energia elétrica este ano.
Projetamos queda de 0,7% para o PIB
Nossos modelos sugerem que a alta de
deste ano. Pelo lado da oferta, a indústria
preços, combinada com a desaceleração do
deverá liderar a queda, mas também vemos
mercado de trabalho, produzirão uma queda
uma importante desaceleração do setor de
de 15% no consumo de energia residencial.
serviços
explicada
pela
fraqueza
do
mercado de trabalho.
Gráfico 2: Consumo de energia elétrica
(% - Média móvel 3 meses – YoY)
Gráfico 1: PIB (%)
Fonte: ONS. Elaboração: Mirae Asset (Brazil)
A queda abrupta do nível da confiança da
Fonte: IBGE. Elaboração: Mirae Asset (Brazil)
indústria e a depreciação cambial inibem a
recuperação do investimento fixo no curto
A taxa de desemprego deverá atingir 6,0%
prazo que deverá declinar ainda mais este
este ano e subir para próximo de 7,0% em
ano.
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As exportações ficaram mais competitivas
compõe um superávit primário de 1,2% do
por conta da desvalorização cambial e
PIB, mas o esforço inicial para limitar as
veremos as contas externas melhorarem
despesas foi um passo importante para
nos próximos meses, tanto pelo lado
equacionar as transferências de renda.
comercial e de rendas, quanto pela conta
capital, em particular pelos ingressos de
investimento estrangeiro direto.
Gráfico 3: Balança Comercial e taxa de
câmbio real
Certamente
parte
da
composição
do
resultado fiscal passará pelo aumento de
impostos e contribuições, mas acreditamos
que esse ajuste adicional será feito com
cautela
e
econômico.
compatível
com
equilíbrio
Também contamos com um
contingenciamento fiscal da ordem de R$
80 bilhões.
A inflação seguirá pressionada por conta do
ajuste de preços relativos, mas entrará em
trajetória
de
desaceleração
no
último
trimestre deste ano. Projetamos 7,9% para
o IPCA de 2015 e 5,3% para 2016.
Gráfico 4: IPCA (%)
Fonte: MDIC. Elaboração: Mirae Asset (Brazil)
Não vemos uma depreciação excessiva do
câmbio. Nossos modelos indicam que a
taxa de câmbio passou por um momento de
overshooting no mês de março. Projetamos
R$/USD 3,00 para o final deste ano e
R$/USD 2,95 para 2016.
Acreditamos que a gradual melhora do
resultado fiscal ao longo dos próximos
meses dará ânimo aos investidores. Não
será fácil entregar a meta cheia que
Fonte: IBGE. Elaboração: Mirae Asset (Brazil)
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Nossas
projeções
contemplam
uma
Trabalhamos com um ajuste da taxa Selic
importante desinflação dos preços livres,
de +50 bps na reunião de abril e +25 bps na
explicada pelo canal de commodities e
reunião de junho, encerrando o ciclo com
enfraquecimento do mercado de trabalho. O
13,5% que deverá permanecer neste nível
hiato do PIB tem aumentado nos últimos
até o final da primeira metade de 2016 para
meses e terá papel importante no trabalho
fazer a inflação convergir para o centro da
de desaceleração da inflação.
meta no próximo ano.
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Fontes: IBGE, Banco Central do Brasil, FGV e Bloomberg.
Rafael Santos – Economista
[email protected]
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