CHRISTINE BAILEY NUTRICIONISTA OS SUPER ALIMENTOS QUE PODEM MUDAR A SUA VIDA DESCUBRA MAIS DE 150 ALIMENTOS E RECEITAS SAUDÁVEIS PARA ESTIMULAR O CÉREBRO, TER ENERGIA E SENTIR-SE MAIS FELIZ Í ND I C E Introdução 8 C A PÍT U LO 2 OS M UI TOS D ISFARCE S D O HUMOR CAPÍ TU LO 1 A FISIOLOGIA DA MEL ANCOLIA 15 Equilíbrio do Nível do Açúcar no Sangue 16 3FBÎÍPBP4USFTTF Provisão de Nutrientes 33 Gorduras Saudáveis 38 Depuração Natural 44 1MBOPEF-JNQF[BFN%JBT Sensibilidades e Alergias Alimentares 56 $PNP6TBS&TUF$BQÓUVMP Falta de Energia 4ÓOESPNF1SÏ.FOTUSVBM41. Distúrbio Afetivo Sazonal (DAS) Problemas do Sono Declínio cognitivo Depressão 61 64 76 81 86 93 CAPÍ TU LO 3 C APÍT ULO 4 A LI M E N TO S PA RA O B EM -ESTA R O QUADRO COMPLE TO "%JFUBEP#FNFTUBS %FTQFOTB Pequenos-almoços 3FGFJÎÜFT-JHFJSBT Sopas 3FGFJÎÜFT1SJODJQBJT Acompanhamentos Sobremesas Merendas 114 134 159 166 174 Suplementos para o Bem-estar Estratégias para o Bem-estar 177 178 184 (MPTTÈSJP Fontes Índice Remissivo 193 194 8 I NT R O D U ÇÃO Todos queremos sentir-nos felizes, atentos, motivados e cheios de vitalidade. Contudo, na realidade, muitos de nós debatemo-nos diariamente com humor melancólico, depressão, ansiedade, falta de energia e de concentração. Além disso, como cada vez mais pessoas são diagnosticadas com demência e Alzheimer, muitas estão preocupadas com o declínio mental — desde não saberem onde deixaram as suas coisas, a episódios ocasionais de esquecimento, lapsos de concentração e perda de agilidade mental. Porém, é possível manter um pensamento positivo e promover uma ótima saúde mental enquanto envelhecemos. Podemos consegui-lo, não com excitantes como a cafeína e o álcool, mas sim através de um estilo de vida e de uma dieta que favoreça um equilíbrio ótimo dos principais mensageiros do cérebro. A informação deste livro ensinar-nos-á como manter esses mensageiros (conhecidos como neurotransmissores ou NT) corretamente equilibrados através da alimentação e da nutrição. Poderemos assim promover a ótima saúde do nosso cérebro, reduzir o risco do declínio mental e mantermo-nos perspicazes e em alerta. Embora os genes possam desempenhar o seu papel, todos temos capacidade para alterar o nosso atual estado de bem-estar — f ísico e mental — através de alterações na dieta e no estilo de vida. Certas coisas, como cortar a cafeína, o álcool ou as guloseimas podem a princípio parecer dif íceis — usamo-las como grandes ajudas nos nossos dias mais atarefados, mas se desejamos melhorar a nossa saúde, será melhor levar a cabo algumas mudanças. Atirarmo-nos para o sofá com um copo de vinho ao chegarmos do trabalho e/ou meter as crianças na cama pode ser um hábito dif ícil de quebrar. Porém, quando surgir a tentação, recorde-se de que quanto mais depressa começar a implementar as mudanças saudáveis, mais depressa sentirá que o seu pensamento é positivo, e que o seu humor melhorou, bem como a sua energia. Este livro destina-se a todos os que se sentem constantemente cansados, desmotivados, com o humor em baixo, ansiosos, stressados, com problemas de sono e função cognitiva reduzida. O Capítulo 1, «A Fisiologia da Melancolia», inclui informações que o ajudarão a verificar se há desequilíbrios nutricionais subjacentes que lhe possam afetar o humor e níveis de energia e oferece estratégias para tratar desses desequilíbrios. O Capítulo 2, «Os Muitos Disfarces do Humor» oferece soluções nutricionais práticas destinadas a aliviar os vários estados relacionados com o humor. No Capítulo 3 «Alimentos para o Bem-Estar» encontrará orientações claras sobre os alimentos-chave a incluir na sua dieta bem como uma vasta seleção de receitas simples, rápidas e saudáveis para fazer diariamente. Todas elas apresentam ingredientes disponíveis em supermercados ou lojas de produtos naturais e oferecem uma gama de benef ícios nutricionais. Porém, lembre-se de que uma boa saúde do cérebro INTRODUÇÃO se baseia em alterações do estilo de vida e em abordagens dietéticas e que o exercício, o descanso e a recuperação são discutidos no capítulo «O Quadro Completo». OS MENSAGEIROS DO NOSSO CÉREBRO: NEUROTRANSMISSORES O nosso modo de pensar e de sentir, e também o nosso comportamento são influenciados por vários mensageiros químicos (os neurotransmissores) no nosso cérebro. Quando este processo funciona perfeitamente, diz-se que a nossa química cerebral está equilibrada e que reagimos de modo apropriado e positivo ao mundo à nossa volta. Para uma saúde ótima do cérebro, precisamos obter uma síntese correta destes químicos cerebrais, bem como a sua eficaz transmissão pelos neurónios. Os neurónios são pequenas células no cérebro que enviam e recebem mensagens. São também centros de controlo de humor que influenciam os nossos sentimentos e comportamentos. Os neurónios ligam-se entre si por meio de finíssimos ramos conhecidos como dendritos. Os nossos mensageiros químicos, os neurotransmissores, viajam através desses neurónios e são transmitidos de um neurónio a outro por regiões de contacto chamadas sinapses. Para que a transmissão possa realizar-se com êxito o neurónio produz o neurotransmissor que é enviado através da sinapse e se liga a um local de receção no neurónio recetor. Este, por sua vez, ativa o recetor permitindo que a mensagem química viaje através do neurónio até chegar a uma nova sinapse, libertando assim outro neurotransmissor. Assim, para uma saúde cerebral equilibrada é importante que: t t t t t seja mantido o nível correto dos neurotransmissores os neurotransmissores possam viajar eficazmente pelos neurónios os neurotransmissores possam viajar entre os neurónios pelas sinapses os neurotransmissores possam ligar-se e ativar os recetores relevantes nas membranas dos neurónios os neurotransmissores se retirem eficazmente depois de terem cumprido o seu papel Estas ações requerem a existência da quantidade correta de determinados nutrientes. CONHECER OS NOSSOS PRINCIPAIS NEUROTRANSMISSORES Embora haja centenas de neurotransmissores eis os principais que exercem influência no nosso modo de pensar e sentir: Dopamina, adrenalina e noradrenalina: são os neurotransmissores do bem-estar que fazem com que nos sintamos enérgicos, motivados e estimulados. Serotonina: muitas vezes descrito como o neurotransmissor da felicidade. A serotonina é depois metabolizada em melatonina, uma importante hormona antioxidante que facilita o sono. Ácido gama-aminobutírico (GABA): acalma o cérebro, reduzindo a ansiedade e facilitando uma sensação de calma. 9 10 INTRODUÇÃO Acetilcolina: para a memória, vivacidade mental e função dos músculos esqueléticos. Endorfinas: funcionam como drogas opiáceas, aliviando a dor e promovendo a euforia. Glutamato: altamente estimulante pode conduzir à sobre-excitação. Taurina: ajuda a produção de GABA facilitando a calma. MANTER O EQUILÍBRIO Os neurotransmissores são fabricados nos neurónios a partir dos aminoácidos, considerados os blocos de construção da proteína. A tabela abaixo mostra os principais aminoácidos necessários a cada neurotransmissor ao mesmo tempo que realça os sinais e sintomas dos desequilíbrios típicos. NEUROTRANSMISSOR AMINOÁCIDO SINAIS DE DESEQUILÍBRIOS Adrenalina e Noradrenalina Fenilalanina Tirosina NÍVEIS BAIXOS Redução da capacidade cognitiva Dificuldades de concentração NÍVEIS ALTOS Palpitações Problemas cardiovasculares Ataques de pânico Dopamina Fenilalanina Tirosina NÍVEIS BAIXOS Dificuldades de concentração Falhas de memória Aborrecimento, apatia e falta de entusiasmo Sensação de depressão Falta de energia e motivação Líbido deficiente ou impotência Fadiga mental e física Tendência para adquirir dependências NÍVEIS ALTOS Psicose Tendências compulsivas Ansiedade Agressividade Baixo limiar de dor GABA Taurina Glutamina NÍVEIS BAIXOS Ansiedade, nervosismo Fobias INTRODUÇÃO GABA (continuação) Glutamato Serotonina Sensações de stresse e incapacidade de resolução de problemas Dificuldades em descontrair Rigidez, tremores Problemas de sono Glutamato Glutamina NÍVEIS ALTOS Triptofano NÍVEIS BAIXOS Doenças neuro-degenerativas Hiperatividade Enxaquecas Dificuldade de concentração Irritabilidade Agressividade Alterações de humor Depressão Insónias/Problemas do sono Irritabilidade/impaciência Autodestruição Pensar constantemente no mesmo Baixa autoestima/confiança Sentir-se pior em casa e incomodado com o mau tempo Dor crónica /SPM Distúrbios alimentares NÍVEIS ALTOS Agitação Confusão Delírio Taquicardia (batimentos cardíacos rápidos/irregulares Alterações na pressão arterial Suores Acetilcolina Colina, DMAE NÍVEIS BAIXOS (Dimetilaminoetanol) Dificuldade de concentração Falhas de memória Esquecer-se onde deixou as coisas Pensamento lento/ou confuso Dificuldade em encontrar as palavras certas Risco aumentado de demência 11 12 INTRODUÇÃO Um nível demasiado elevado ou demasiado baixo destes neurotransmissores provocará um desequilíbrio na química do cérebro e potenciará vários sinais ou sintomas. COMO PODE A ALIMENTAÇÃO A JUDAR A produção de neurotransmissores não depende apenas do fornecimento correto dos blocos de construção (aminoácidos). Depende também da eficiência de conversão dos aminoácidos em neurotransmissores, o que requer uma quantidade de vitaminas e sais minerais que podem ajudar num processo chamado metilação. A metilação é uma série de reações químicas que ajudam a criar e equilibrar os neurotransmissores, formar células e proteger o cérebro (ver caixa, pág. 34). Para uma transmissão eficaz, os neurotransmissores terão de se ligar a recetores situados dentro da membrana do neurónio. São necessárias gorduras essenciais e fosfolípidos para formar estes recetores bem como a membrana protetora de mielina em redor dos neurónios. É por isso importante que a sua dieta seja rica em gorduras saudáveis (ver págs. 38-43). As gorduras essenciais que constituem as membranas das células do cérebro e os recetores são vulneráveis a danos e à oxidação. Para proteger a saúde do seu cérebro precisa, pois, de um vasto fornecimento de antioxidantes (ver págs. 89-91). Os principais são os seguintes: t t t vitaminas A, C e E ácido alfa lipóico, glutationa e n acetilcisteína (NAC) fitonutrientes — encontram-se nas plantas (frutos, legumes, ervas aromáticas e especiarias) As receitas e planos de dieta deste livro foram criados para lhe oferecer uma gama completa de vitaminas, sais minerais, gorduras essenciais e antioxidantes de que precisa para manter equilibrados os seus neurotransmissores. Servem também para ajudar o seu corpo a regular os processos fisiológicos como a inflamação, a produção de glicose no sangue e a função desintoxicante e adrenal vitais para o equilíbrio da química do cérebro — e, por isso, do seu humor. Nunca será de mais referir o significado da relação do cérebro com o intestino (ver págs. 56-57) e o papel da alimentação no funcionamento da nossa disposição. A FISIOLOGIA DA MELANCOLIA Conforme era já do conhecimento dos antigos sábios, o equilíbrio é extremamente importante para a manutenção de uma boa saúde. O primeiro passo para corrigir desequilíbrios nutricionais ocultos que possam prejudicar a miríade de processos f ísicos que governam os nossos humores, será perceber exatamente o funcionamento dos sistemas do nosso corpo. Sentirmo-nos bem no nosso corpo, espírito e alma exige um equilíbrio em todos os aspetos da nossa vida, incluindo a nossa alimentação. Neste capítulo examinaremos como funcionam importantes sistemas do nosso corpo — tal como o equilíbrio do açúcar no sangue, a reação ao stresse e a depuração — e explorar por que razão se um dos seus magnificamente sincronizados mecanismos f ísicos apresentar o mínimo defeito podem resultar sintomas como tristeza, insónia e carências. Exploraremos como a sua alimentação e estilo de vida podem estar a afetar as funções do seu corpo — e consequentemente o seu humor e energia — e também descobrir o modo de equilibrar, através de algumas simples alterações alimentares, os sistemas do organismo que afetam a sua saúde mental. 16 A FISIOLO GI A DA MEL ANCOLI A E Q U ILÍBRIO DO N ÍV EL D E AÇÚC AR NO SANGUE Sofre de recorrentes baixas de humor, concentração e energia? Procura comer coisas doces ou beber café para «se animar», descobrindo que pouco tempo depois se sente de novo mal-humorado e exausto? Se melhorar a sua dieta e padrões alimentares poderá equilibrar o seu nível de açúcar no sangue, o que, por sua vez irá melhorar os seus níveis de energia e humor. Assinale, na lista abaixo, os sintomas ou hábitos que se adequam a si regularmente fadiga irritabilidade/cabeça confusa desejo de doces, hidratos de carbono ou bebidas açucaradas desejo de cafeína e/ou tabaco necessidade de comer frequentemente lapsos de humor/concentração/memória dificuldade em tomar decisões tonturas/desmaio/tremuras por falta de alimento suores sem razão aparente dificuldade em adormecer ou acordar a meio da noite dores de cabeça palpitações saltar regularmente o pequeno-almoço ou outras refeições mudanças de humor dificuldade em funcionar da parte da manhã diminuição ou quebras de energia Se assinalou seis ou mais dos sintomas acima mencionados, pode precisar de ajuda para equilibrar os seus níveis de açúcar no sangue. Para manter os níveis corretos de açúcar no sangue, o corpo necessita de um vasto leque de nutrientes que se encontram numa dieta equilibrada. S O LU Ç ÃO AL I M E N TAR O desjejum (pequeno-almoço) significa exatamente quebrar o jejum — fornecer ao corpo e ao cérebro combustível para começar o dia. Saltar o pequeno-almoço pode resultar numa flutuação dos níveis de açúcar no sangue e em desejos incontroláveis de ingerir determinados alimentos. Mas evite os cereais açucarados e as torradas. Escolha um pequeno-almoço baseado em proteínas para manter-se saciado durante toda a manhã. equilíbrio do nível do açúcar no sangue NUTRIENTES PARA O EQUILÍBRIO DOS NÍVEIS DE AÇÚCAR NO SANGUE Os seguintes nutrientes são particularmente importantes se quer equilibrar e manter estáveis os níveis de açúcar no sangue. NUTRIENTE FONTES ALIMENTARES MAIS RICAS Proteína Laticínios, ovos, peixe, carne, aves, soja Magnésio Amêndoas, peixe, vegetais de folha verde, melaço, frutos de casca dura, feijão de soja, sementes de girassol, gérmen de trigo Crómio Carne de vaca, levedura de cerveja, frango, ovos, peixe, fruta, laticínios, batatas, cereais integrais Vitamina B1 Rim e fígado de vaca, levedura de cerveja, grão-de-bico, feijão, carne de porco, farelo de arroz, salmão, feijão de soja, sementes de girassol, gérmen de trigo, trigo e centeio integrais Vitamina B2 Amêndoas, levedura de cerveja, queijo, frango, gérmen de trigo Vitamina B3 Fígado de vaca, levedura de cerveja, frango, peixe, sementes de girassol, peru Vitamina B5 Queijo azul, levedura de cerveja, milho, ovos, lentilhas, fígado, lagosta, carnes, amendoins, ervilhas, feijão de soja, sementes de girassol, gérmen de trigo, cereais integrais Vitamina C Groselhas, brócolos, couves-de-bruxelas, repolho, toranja, pimentos-verdes, goiaba, couve-lombarda, limão, laranja, papaia, batatas, espinafres, morangos, tomate, agrião Vanádio Trigo-mourisco, peixe, cogumelos, salsa, marisco, soja Manganés Cevada, amoras, trigo-mourisco, fruta seca, vegetais de folha verde, frutos secos, aveia, algas marinhas, cereais integrais Vitamina D Arenque, cavala, cogumelos porcini ou shitake Ácidos gordos ómega 3 Arenque, cavala, sardinha, truta, salmão selvagem, sementes de chia, linhaça, sementes de abóbora, avelãs Ácido alfa lipóico Vegetais de folha verde, feijão orgânico, f ígado Zinco Partes magras de carne de vaca, porco, borrego e veado, fígado de vitela, crustáceos, aves, algas marinhas, sementes, cereais integrais. 17 18 A FISIOLO GI A DA MEL ANCOLI A Se a sua dieta incluir uma alta percentagem de hidratos de carbono e alimentos açucarados e refinados, estes aumentarão, por sua vez, os níveis de glicose que vão fazer disparar a insulina e fazer com que o excesso dessa glicose seja armazenado como gordura. Gradualmente, os recetores de insulina tornam-se menos sensíveis ao excesso e o nosso organismo é obrigado a produzi-la cada vez mais. A isto dá-se o nome de resistência insulínica. O resultado pode ser catastrófico para a saúde do cérebro. Em primeiro lugar, à medida que ficamos cada vez mais insensíveis à insulina, os níveis de açúcar no sangue mantêm-se altos, o que pode danificar as células do cérebro. O nível alto de glicose no sangue transforma-se em glicação — um processo que também prejudica as células do cérebro e de onde pode resultar a redução da função cognitiva e o declínio mental. Como a resistência à insulina está associada aos desequilíbrios bioquímicos da oxidação aumentada, inflamação e glicação, se suspeitar que possa ter problemas em equilibrar os seus níveis de açúcar no sangue deve tomar providências para tratar do assunto o mais depressa possível. Juntamente com os efeitos da glicação, à medida que a glicose é retirada do sangue e depositada como gordura, não só vai sentir um aumento de peso como um decréscimo dos níveis de energia enquanto diminuem os níveis de glicose no sangue. Isto pode deixá-lo cansado, com falta de energia, irritável, mal-humorado e suscetível a oscilações de humor. Causará igualmente desejos de comer coisas doces ou ricas em hidratos de carbono, o que, por seu lado, terá como resultado flutuações nos níveis de açúcar no sangue durante o dia, o que se refletirá na sua disposição e energia. Um dos mais importantes fatores para melhorar a sua disposição será manter equilibrado o seu nível de açúcar no sangue. COMBUSTÍVEL PARA O CÉREBRO Os níveis flutuantes de açúcar no sangue podem ainda afetar a concentração e o desempenho mental. Se o melhor combustível para as células do cérebro é a glicose, para que este funcione perfeitamente é necessário haver um fornecimento regular de glicose e nutrientes. Para que isto aconteça é importante que a glicose provenha de hidratos de carbono complexos e de libertação lenta. Os alimentos ricos em hidratos de carbono são por vezes classificados como simples ou complexos. Os hidratos de carbono simples são geralmente refinados, decompostos e absorvidos mais rapidamente do que os outros. Os hidratos de carbono complexos incluem cereais integrais, legumes, feijão e leguminosas que têm geralmente um teor mais elevado de fibra natural e, por isso, fornecem ao corpo uma quantidade mais elevada de glicose. ÍNDICE GLICÉMICO (IG) E CARGA GLICÉMICA (CG) Um modo eficaz, para avaliar a rapidez com que os hidratos de carbono se decompõem equilíbrio do nível do açúcar no sangue QUE HIDRATOS DE CARBONO POSSO INGERIR PARA O EQUILÍBRIO DE AÇÚCAR NO SANGUE? Baseie as suas refeições em alimentos de baixo índice glicémico, principalmente legumes e inclua proteínas magras em todas as refeições. A lista abaixo indica os melhores hidratos de carbono que deverá incluir. HIDRATOS DE CARBONO PARA COMER COM ABUNDÂNCIA (Comer diariamente) Legumes de baixo índice glicémico: espargos, brócolos, couve-lombarda, espinafres, repolho, couve-de-bruxelas e algas marinhas (nori, hijiki e wakame). HIDRATOS DE CARBONO PARA COMER COM MODERAÇÂO (Limitar os cereais integrais e os vegetais ricos em amido a uma dose e meia diária; limitar a fruta a duas doses) Cereais integrais: arroz integral, arroz preto e vermelho, quinoa, amaranto, trigo-mourisco, cevada, trigo e aveia — uma dose de 50-60 g (cozidos). Vegetais com amido: abóbora-manteiga e abóbora-menina, batatas, milho-doce e vegetais de raiz tais como a beterraba — uma dose de 100-125 g (cozidos). Feijão e leguminosas: lentilhas verdes, grão-de-bico, ervilhas, feijão de soja, feijão-manteiga, feijão-preto e feijão-branco — uma dose de 75-100 g (cozidos). Bagas: mirtilos, cerejas, framboesas, amoras e morangos — uma dose 60-80 g. Fruta de baixo teor glicémico: maçãs, peras, ameixas, pêssegos, nectarinas e citrinos. Se tem dificuldades com o seu nível de açúcar no sangue restrinja inicialmente estes alimentos da sua dieta: HIDRATOS DE CARBONO A RESTRINGIR Fruta de alto teor glicémico: melão e especialmente melancia, uvas, ananás, manga, goiaba, líchias, passas e bananas. HIDRATOS DE CARBONO A EVITAR COMPLETAMENTE Toda a farinha branca e açúcar refinados, incluindo pão, cereais, massas e bolos de pastelaria; açúcar em todas as suas formas e adoçantes, incluindo o xarope de milho de alto teor de frutose; futa seca, sumo de fruta, refrigerantes, bebidas açucaradas, chocolate quente, café, chá e álcool. 19 20 A FISIOLO GI A DA MEL ANCOLI A em glicose, será medir o índice glicémico e a carga glicémica. O IG e a CG são conceitos importantes a ter em conta se desejar equilibrar os seus níveis de açúcar no sangue. O IG mede a rapidez com que a glicose sobe no sangue depois de ingerir um alimento, quando comparado com a glicose pura a que foi atribuída uma referência de 100. O IG de um alimento é influenciado pela fibra, proteínas e gordura que contém, bem como o modo como foi processado e/ou cozinhado. Porém, a CG de um alimento é uma medida mais útil pois tem em conta o IG e a quantidade ingerida. A CG de um alimento é calculada multiplicando o seu nível de IG pela quantidade de hidratos de carbono por dose. Uma CG de 15-20 é considerada alta e uma de 10 ou menos é considerada baixa. Essencialmente, os alimentos que contêm uma proporção mais elevada de hidratos de carbono têm tendência a ter uma CG mais alta do que os que contêm mais proteína, fibra ou água. Por isso a carne, as aves, o peixe, os ovos, o feijão, as leguminosas, os frutos secos, as sementes, os laticínios, os vegetais, as frutas, os azeites e todos os cereais têm uma CG mais baixa do que os alimentos refinados tais como os amidos brancos, açúcares e álcool. Assim, se procura um efeito mínimo nos níveis de açúcar no sangue, deverá optar quase sempre por alimentos de baixa CG — veja na pág. 19 uma lista dos melhores hidratos de carbono a incluir na sua dieta. O S A LTO S E B A I XO S D O A Ç Ú C A R N O S A N G U E Como resultado das deficientes escolhas alimentares os níveis de açúcar no sangue podem subir e descer rapidamente ao longo do dia (ver caixa, pág. 23). Depois de uma refeição, de uma bebida ou de uma merenda rica em hidratos de carbono os níveis de glucose no sangue sobem muito. Para compensar a insulina conduz a glicose às células equilíbrio do nível do açúcar no sangue para ser usada como energia e os excessos são armazenados em gordura. Daqui pode resultar um nível exagerado de glicose no sangue e, quando o açúcar desce de repente, instala-se a letargia, sonolência, irritabilidade e desejos incontroláveis por determinados alimentos. Pode também provocar ansiedade, palpitações, dores de cabeça ou tonturas. Estes sintomas de baixo nível de açúcar obrigam o nosso organismo a reagir e a sentir desejo por determinados alimentos ou bebidas que o animem de novo. Pode incluir uma chávena de café ou de chá, uma coca-cola, um cigarro ou uma tablete de chocolate. (Embora o café e o tabaco não contenham açúcar estimulam a libertação do armazenamento do açúcar no nosso corpo. O álcool também eleva o nível do açúcar para o fazer descer rapidamente pouco depois.) Entretanto, o nosso organismo anda ocupado a dar os passos mais urgentes para fazer voltar o nível do açúcar aos parâmetros ideais. Liberta rapidamente o armazenamento de glicose e, ao mesmo tempo, bombeia adrenalina para se assegurar de que o combustível o percorre o mais depressa possível. O problema é que a reação do organismo é de pouca dura e leva a um círculo vicioso de que resultam mais desejos de alimentos e flutuações de humor bem como dificuldades de concentração e reduzidos níveis de energia. C O M E R PA R A E Q U I L I B R A R O A Ç Ú C A R N O S A N G U E Nos últimos 30 a 50 anos, a nossa dieta alterou-se consideravelmente. Uma das maiores mudanças foi o aumento do consumo do açúcar e, em particular, o consumo do xarope de milho de alta frutose (HFCS). Este encontra-se nos alimentos processados e nas bebidas não alcoólicas açucaradas. Todo o açúcar é prejudicial, mas o nosso corpo lida com o HFCS de maneira diferente dos outros açúcares. É metabolizado pelo f ígado e desencadeia lipogénese (a produção de gorduras como os triglicéridos e o colesterol), o que pode aumentar o risco de doenças cardiovasculares e de f ígado gordo. A glicose desencadeia picos de insulina contribuindo para a resistência insulínica, diabetes e inflamação o que, por sua vez, pode resultar em flutuações no açúcar no sangue, danos nas células do cérebro e baixos níveis de energia. As dietas modernas contêm também um baixo teor de fibras e nutrientes. Embora no Ocidente os alimentos estejam prontamente disponíveis estes são nutricionalmente pobres. A fibra é importante para equilibrar o açúcar no sangue pois atrasa a absorção do açúcar pela corrente sanguínea. Também nos ajuda a sentir mais saciados durante mais tempo e por isso menos suscetíveis de procurar merendas. A fibra solúvel na nossa dieta provém de alimentos de plantas (frutos e vegetais), frutos secos, sementes, feijão, leguminosas e cereais integrais. Os alimentos processados e refinados têm geralmente um teor muito baixo em fibra essencial. A nossa dieta tem ainda falta de importantes nutrientes para o equilíbrio da insulina e do açúcar no sangue. 21 22 A FISIOLO GI A DA MEL ANCOLI A Neles se incluem a vitamina D, o crómio, o magnésio, o zinco, a biotina, os ácidos gordos ómega 3 e os antioxidantes. Os pormenores sobre estes nutrientes estão presentes nas tabelas das páginas 17 e 181-183. Se tiver dificuldades em controlar o açúcar no sangue, precisará provavelmente de reforçar o consumo de alimentos ricos nestes nutrientes. Garantindo que o nosso corpo é convenientemente alimentado ajudará a manter equilibrados os níveis de açúcar no sangue durante todo o dia. Para estabilizar o nível de açúcar no sangue são importantes os seguintes passos: t Evitar todas as formas de açúcar — agave, xarope de ácer, mel, melaço, açúcar branco, amarelo e adoçantes. t Evite todos os alimentos processados e refinados — estes têm geralmente um alto teor de HFCS e gorduras trans (ver págs. 42-43) e aqui se incluem refeições já preparadas e para levar, bem como cereais brancos refinados e produtos da farinha (por exemplo pratos de arroz, massas, wraps, rolinhos, pão e bolos de pastelaria). t Escolha alimentos de baixa carga glicémica (CG) (ver págs. 18-20) pois atrasam a libertação da glicose na corrente sanguínea. Neles se incluem: proteínas (carne magra, aves, peixe e marisco, ovos, laticínios magros, frutos secos e sementes; alimentos com alto teor de fibras solúveis (feijão, leguminosas, vegetais); e frutos coloridos com baixo teor de açúcar (bagas, maçãs, peras, ameixas, pêssegos, cerejas e citrinos). t Consiga um equilíbrio correto. Todas as refeições devem ser principalmente compostas por vegetais — com alguma proteína magra e gordura saudável. Encha metade do prato com vegetais de baixo teor de amido, um quarto com alguma proteína e o outro quarto com 50-60 g de cereais integrais cozidos ou com 60 g de cereais com amido como a batata-doce ou o milho-doce. t Nunca ingira apenas hidratos de carbono. Combine-os com proteína e gordura em cada refeição ou merenda. Por exemplo, coma uma maçã com uma mão-cheia de frutos secos ou aperitivos de centeio com húmus. t Se tem dificuldade em equilibrar os seus níveis de açúcar no sangue, ou se tem resistência insulínica ou diabetes, então os alimentos com amido, como as batatas e os cereais, (incluindo os integrais) não são recomendados. Sabe-se que se cortar imediatamente os hidratos de carbono com amido, poderá reduzir as flutuações da insulina. Como os hidratos de carbono também se encontram nos vegetais e nas frutas recomenda-se que limite a ingestão de fruta a duas peças por dia. t Passe a utilizar azeite (que contém ácidos gordos monoinsaturados) nos molhos para saladas e em cozeduras de baixa temperatura. O azeite ajuda a reduzir a resistência insulínica. t Inclua diariamente ácidos gordos ómega 3 que ajudam a aumentar a sensibilidade à insulina e reduzem a inflamação. Inclua peixes gordos (arenque, cavala, salmão, equilíbrio do nível do açúcar no sangue OS ALTOS E BAIXOS DO AÇÚCAR NO SANGUE NÍVEIS DE AÇÚCAR NO SANGUE A linha amarela pontilhada no diagrama abaixo representa as flutuações normais e saudáveis dos níveis de açúcar no sangue que ocorrem num período de várias horas ou num dia inteiro, dependendo do seu metabolismo e dieta. A linha vermelha representa os altos e baixos extremos e indesejáveis dos níveis de açúcar no sangue causados por uma dieta que desorganiza o equilíbrio natural do corpo. Se notar que se sente subitamente cansado e em baixo, com dificuldades de concentração, com desejos de ingerir doces ou alimentos com açúcar, estará provavelmente com uma quebra de açúcar. A reação natural será provavelmente comer qualquer coisa doce, o que, combinado com os esforços do seu próprio organismo para resolver a crise (ver págs. 20-21) provoca uma rápida subida dos níveis de açúcar. Poderá sentir-se melhor durante algum tempo, mas a esta rápida subida segue-se outra queda dramática e o ciclo recomeça. Isto pode ocorrer duas vezes por dia — a meio da manhã e a meio da tarde, momentos geralmente marcados por quebras nos níveis de açúcar, principalmente se o seu pequeno-almoço e almoço forem constituídos principalmente por alimentos de libertação rápida (por exemplo: corn flakes, pão branco, bananas, etc.) — ou até de hora a hora, se fizer merendas regulares de alimentos de libertação rápida. PE R ÍODO DE TE MPO L E G E N DA Variação ideal dos níveis de açúcar no sangue Flutuações normais dos níveis de açúcar no sangue Flutuações extremas indesejáveis dos níveis de açúcar no sangue 23 24 A FISIOLO GI A DA MEL ANCOLI A truta, sardinha) três vezes por semana. Inclua avelãs, sementes de linhaça, cânhamo, chia e abóbora, bem como os seus óleos. t Junte vinagre de cidra aos molhos das saladas. Sabe-se que o vinagre baixa os níveis de glicose pós-prandial e de insulina. COMO COMER t Coma pouco e várias vezes, mas nunca demasiado. t Pode ser-lhe mais fácil controlar os seus níveis de glicose no sangue comendo pouco e várias vezes isto é, cinco refeições ligeiras por dia, em vez de três maiores. t Abrande o ritmo. Coma lentamente. Mastigue bem os alimentos e coma devagar pois isto reduz a reação glicémica do seu organismo à refeição. APOIO NUTRICIONAL Para além de consumir alimentos de baixa CG, certos nutrientes podem de facto intensificar os processos que regulam os níveis de açúcar no sangue. Se o seu organismo der sinais de desequilíbrios dos níveis de açúcar no sangue, talvez precise de incluir mais nutrientes ou suplementos. Uma fórmula multivitamínica de alta qualidade pode ser uma boa maneira de começar, mas poderá também beneficiar de nutrientes específicos como os abaixo mencionados. Procure sempre aconselhamento profissional em relação ao uso de suplementos, principalmente se estiver a tomar algum tipo de medicação. A Vitamina D3 melhora o metabolismo influenciando diferentes genes, incluindo os associados com a diabetes. A carência de vitamina D é também um lugar-comum. Será importante verificar os seus níveis junto do seu médico. O Crómio é um mineral importante para o metabolismo do açúcar e para a melhoria da sensibilidade insulínica. As vitaminas B, principalmente a biotina, estão também envolvidas no processamento do açúcar, melhorando o metabolismo da glicose. O magnésio ajuda a glicose a entrar nas células e ajuda a converter a glicose em energia. Os ácidos gordos ómega 3 melhoram a sensibilidade insulínica e baixam o colesterol reduzindo também a inflamação. O ácido alfa lipóico é um poderoso antioxidante que reduz o açúcar no sangue e ajuda a prevenir danos nos nervos bem como neuropatias (um distúrbio dos nervos associado à diabetes). A l-glutamina fornece diretamente energia ao cérebro podendo, por isso, ajudar a reduzir os desejos de hidratos de carbono ou açúcar. O vanádio e o manganés são minerais importantes para o controlo da glicose. Basta uma pequena quantidade e encontram-se nos complexos multivitamínicos. Sabe-se que determinados alimentos equilibram os níveis do açúcar no sangue. A canela e as catequinas (encontradas no chá verde) são especialmente benéficas. Basta uma colher de chá de canela para ajudar a equilibrar os níveis de açúcar no sangue. Outros alimentos e suplementos herbáceos úteis são as sementes de fenacho, o melão amargo, o extrato de folha de gymnema e o aloé-vera.