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Caracterização térmica, estudo de liberação e estabilidade de nanocápsulas
poliméricas de núcleo lipídico contendo halcinonida com potencial na
cicatrização de feridas
Hugo Genki Kagawa Akahane (PROVIC/UEPG), Leandro Cavalcante Lipinski
(ORIENTADOR), e-mail: [email protected]
Universidade Estaudal De Ponta Grossa/ Departamento De Medicina
Ciências da Saúde/Medicina. Cirurgia Experimental.
Palavras-Chave: Nanopartículas de núcleo lipídico; glicocorticoide; cicatrização
Resumo
O uso tópico de glicocorticoides sobre o processo de cicatrização de feridas vem sendo
amplamente discutido na literatura. Foram desenvolvidas nanopartículas poliméricas de
núcleo lipídico para veiculação de halcinonida para modulação do processo inflamatório
da cicatrização, edema e exsudato, aliado a redução da toxicidade do fármaco. As
nanopartículas poliméricas de núcleo lipídico foram obtidas pelo método da deposição
interfacial do polímero pré-formado, caracterizadas por analise térmica, estabilidade
físico-quimica e quanto ao perfil de liberação do fármaco. As nanopartículas
poliméricas foram adequadamente obtidas, apresentaram-se estáveis ao
armazenamento por sessenta dias. A analise térmica permitiu confirmar a
encapsulação do fármaco e não indicou ocorrência de reações entre os constituintes. O
estudo de liberação mostrou controle da liberação do fármaco encapsulado nas
nanoparticulas em relação ao fármaco livre. Dessa forma, o trabalho mostrou
características adequadas das nanoparticulas desenvolvidas podendo atuar na
modulação da inflamação em feridas de pele.
Introdução
A pele é o maior órgão do corpo humano, exercendo sua função como barreira entre o
meio externo e interno. Frente a um lesão, a cicatrização de feridas é um complexo
evento fisiológico destinado a restaurar a função de barreira da pele e a homeostase,
além de reduzir o risco de infecção e outras complicações (GAINZA et al., 2015).
Os glicocorticoides tópicos são a classe de medicamentos amplamente
prescritos por dermatologistas (WIEDERSBERG, LEOPOLD &GUY, 2008), sendo
utilizados para o tratamento desde de doenças inflamatórias à doenças autoimunes
(BOARDMAN et al., 2014). Como a primeira fase da cicatrização é a inflamação, a
utilização do glicocorticoide tem como função modular essa fase podendo ser uma
ferramenta para acelerar o processo de cicatrização, atenuar a dor e o desconforto do
indivíduo que tem a pele lesionada, sendo uma aplicação bastante difundida desta
classe de medicamentos (SCHAFFAZICK & GUTERRES, 2003).
Uma possível melhora na sua ação pode ser obtida com o emprego de sistemas
nanoparticulados, que promove a liberação controlada de fármacos em sítios de ação
específicos. As nanopartículas poliméricas de núcleo lipídico (NNL) são dispositivos
nanoestruturados em que uma parede polimérica rodeia um núcleo lipídico capazes de
estabilizar as substâncias encapsuladas e controlar a liberação do fármaco melhorando
a sua eficácia. Permitindo estabilizar as substâncias fotolábeis, controlar a liberação do
fármaco, melhorar a eficácia e os efeitos antioxidantes dos compostos lipofílicos
(CORADINI et al., 2014).
Buscando a liberação controlada de um glicocorticoide para melhoria no
processo de cicatrização de feridas, o objetivo desta pesquisa foi desenvolver e
caracterizar os sistemas nanoparticulados NNL.
Material e Métodos
Para o preparo da formulação das NNL, foi utilizado o método da deposição interfacial
do polímero pré-formado (poli-Ɛ-caprolactona - PCL), segundo método descrito por Fiel
et al. (2014).
A estabilidade térmica da amostra foi estudada por meio das curvas da análise
termogravimétrica (TGA) e da varredura por calorimetria diferencial (DSC), que foram
obtidas na faixa de temperatura entre 10° a 500°C utilizando um equipamento da
NETZCH STA 409 PC/PG. As curvas foram obtidas sob fluxo de nitrogênio (20 mL .-1) a
uma taxa de aquecimento de 10° C. min-1.
As suspensões de NNL foram armazenadas à temperatura ambiente (25º C) e
protegidas da luz em frascos âmbar e foram monitoradas durante 60 dias pelas
determinações de pH, tamanho médio de partícula, IPD e potencial zeta (PZ) para a
análise de estabilidade. Os resultados obtidos após 60 dias foram comparados aos
valores encontrados logo após a preparação.
O estudo de liberação foi realizado em célula de difusão. As nanopartículas
foram incorporadas em gel de natrosol 0,5 % que foi adicionado sobre uma membrana
sintética Strat-M, e o compartimento receptor foi preenchido com álcool isopropílico. O
fármaco foi quantificado por CLAE, por um método analítico desenvolvido e validado.
Resultados e discussão
As suspensões de NNL obtidas apresentaram macroscopicamente o aspecto de um
líquido leitoso e opalescente com reflexo azulado, relacionado ao movimento
browniano das estruturas coloidais (Efeito Tyndall).
HAL apresentou temperatura de fusão de 277,14 °C. A PCL é um polímero
termoplástico com uma temperatura relativamente baixa de fusão, de 59° C. A análise
de TGA mostrou que o início da decomposição da PCL se deu em 274 °C, passando
por 373,8 °C e completando a decomposição em 456,8 °C, demonstrando
concordância com o descrito por Hoque et al. (2014), Kim et al. (2015) e Venkatraman
et al. (2015). A curva da NNL carregada com HAL mostrou três fases de
decomposição, iniciando em 185 °C, a segunda fase em 260 °C e última fase em 370
°C até 440 °C, restando menos de 10 % de massa. O perfil de decomposição das NNL
foi semelhante ao da curva da PCL, contudo a decomposição das nanopartículas se
iniciou em temperaturas mais baixas. O termograma de DSC das NNL não apresentou
o pico de fusão do fármaco, indicando a sua encapsulação e também mostrou a
ausência de picos exotérmicos redundantes, indicando pouca ou nenhuma interação
entre o fármaco.
As análises estatísticas entre as nanopartículas carregadas e sem fármaco,
realizadas pelo teste t de Student, revelaram que não houve diferença significativa em
nenhum dos parâmetros estudados (diâmetro médio, IPD, PZ e pH), indicando
estabilidade das nanopartículas após 60 dias de armazenamento.
O estudo de liberação mostrou que em até 6 horas de análise cerca de 18 % da
HAL livre permeou para o compartimento receptor, enquanto que ao final de 24 horas
50 % do fármaco foi liberado pela membrana. Em relação as NNL não mais que 9 % da
HAL foi liberada, indicando controle da liberação do fármaco pela nanoparticula.
Conclusão
Os sistemas nanoestruturados contendo HAL na forma de NNL, foram
satisfatoriamente obtidos, apresentaram características térmicas adequadas e
estabilidade. A liberação do fármaco a partir das nanoparticulas foi controlada, o que
pode resultar na redução da toxicidade do fármaco.
Agradecimentos
Agradecimentos ao orientador pela oportunidade, confiança e contribuição para a
concretização deste estudo e à todos que cooperaram para a realização deste trabalho.
Referências
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