DESENVOLVIMENTO DE PLANTAS DE ARROZ DE TERRAS ALTAS EM FUNÇÃO DE DOSES DA CINZA DA CASCA DE ARROZ Marcelo Dias Machado (1) (2) ; Petterson Baptista da Luz 1 Acadêmico do curso de Agronomia – UNEMAT. Campus Universitário de Cáceres.– email: 2 [email protected]; Professor Orientador, Depto de Agronomia, UNEMAT. e-mail:[email protected] Resumo: A adubação a base de silicato na cultura do arroz traz enormes benefícios a mesma, colaborando de forma indireta na produção. Quando absorvido pela planta, o Si é hábil para constituir uma barreira mecânica, resguardando contra irrupção de fungos e acometimentos de insetos sugadores e herbívoros. Como fonte orgânica de Si encontra-se a casca de arroz, que quando submetida a altas temperaturas gera como subproduto a cinza, com elevado teor de SiO2. O objetivo do trabalho foi de verificar a influência da adubação com cinza de casca de arroz nas características fenotípicas do arroz de sequeiro em um Latossolo Vermelho Amarelo. O trabalho constituiu-se de três tratamentos com sete repetições, delineamento em blocos casualizados, sendo os tratamentos: T1 (Adubação de base ‘AB’, 300 kg/ha-1 (4-20-20) 10 dias após o plantio e 50 kg/ha-1 (20-0-20) após o perfilhamento da cultura); T2 (AB + 1200 kg/ha-1 da cinza de casca de arroz) e; T3 (AB + 2400 kg/ha-1 da cinza de casca de arroz). Não houve diferença significativa entre os tratamentos para as variáveis altura de planta (cm), número de colmos por m2, número de panículas por m2, peso médio da raiz (g), e percentual de Si absorvido pelas plantas. Já para a variável peso médio da parte aérea da planta de arroz (g), houve diferença significativa, sendo que a melhor média obtida foi do tratamento T3. Palavras-chave: Silício, nutrição, cultivar. Introdução O arroz é o segundo cereal mais cultivado no mundo e constitui-se numa das principais fontes de alimento básico para o ser humano (FAO,2006). Ferro e Silva (2007) estudaram a utilização da cinza da casca de arroz como carga estrutural, e descreveram a composição química da mesma, onde o teor de SiO2 encontrado foi de 91,89%, além de 1,50, 0,52, 0,33 e 0,25% de K2O, CaO, MgO e P2O5, respectivamente. Segundo Natarajan et al. (1998), a produção de casca de arroz chega a mais de 80 milhões de t/ano, o que pode gerar cerca de 3,2 milhões de t/ano de cinza de casca de arroz. O Si é o segundo elemento de maior abundância na crosta terrestre, e sua presença tem demonstrado efeitos benéficos para produção vegetal e no crescimento de algumas espécies (MALAVOLTA, 2006). A sua presença no solo favorece a correção da acidez, aumento dos teores de P2O5, CaO, MgO e SiO2, logo, a saturação por bases e diminui o efeito tóxico do Fe, Mn e Al (KORNDORFER et. al., 2004) Reis et al. (2008), relatam que em meio os benefícios diretos as plantas oriundos da utilização do Si, destacam-se a absorção de CaO, MgO e SiO2, fortalecimento da parede celular, o que confere melhorias na arquitetura da planta proporcionando menor acamamento e resistência ao estresse hídrico e eficiência na fotossíntese. Desta forma, este trabalho teve como objetivo avaliar o crescimento do arroz de sequeiro em função das doses de cinza de casca de arroz. Material e Métodos A realização do trabalho foi no ano agrícola 2008/2009, no município de Sinop, estado de Mato Grosso, na área produtiva da Fazenda Bruno Martin, solo classificado como Latossolo Vermelho Amarelo, textura areno-siltosa, sob relevo plano. Antes da instalação do experimento, foram coletadas amostras de solo da área experimental na profundidade de 0-0,20m e realizadas as análises químicas (Quadro 1). O trabalho foi constituído de três tratamentos com sete repetições, sendo o delineamento em blocos casualizados. Os tratamentos foram caracterizados pela combinação de doses de cinza de casca de arroz: T1 (Adubação de base ‘AB’, fornecendo 300 kg/ha-1 (4-20-20) 10 dias após o plantio e 50 kg/ha-1 (20-0-20) em cobertura após o perfilhamento da cultura); T2 (AB + 1200 kg/ha-1 da cinza de casca de arroz) e; T3 (AB + 2400 kg/ha-1 da cinza de casca de arroz). Antes da semeadura foi realizada a aplicação da cinza e incorporada ao solo com auxílio de grade aradora a profundidade de 0,20 m. Utilizou-se a cultivar AN Cambará com densidade de 100 sementes/m linear e espaçamento de 0,25m entre plantas sendo a parcela experimental de 2,45 x 6m. Foram realizadas as avaliações de altura de planta, determinada em 10 plantas ao acaso, na área de cada parcela, compreendendo a distância média (cm) da superfície do solo até o fim da panícula mais alta; o número de colmos por m2, contagem do número de colmos em 1,0 metro de fileira de plantas, antes da colheita, na área útil de cada parcela, em seguida calculado para metro quadrado; o número de panículas por m2, contagem do número de panículas em 1,0 metro de fileira da área útil de cada parcela, em seguida calculado para metro quadrado. Todas essas variáveis são conforme metodologia citada por Alvarez (2004). Para as variáveis peso médio da parte aérea e raiz (g) as amostragens antecedem a colheita, onde recolhe-se 10 plantas ao acaso por tratamento, sendo este material várias vezes lavados com água destilada. Depois de seca em estufa a 60°C com circulação forçada, foi pesada, de acordo com metodologia de Fageria (1984). A análise do percentual de Si absorvido pelas plantas é seguida conforme técnica apresentada por Elliott & Snyder (1991) adaptada por Korndorfer et al. (1999). Os dados das variáveis foram submetidos a análises de variância e as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Resultados e discussão De maneira geral, a aplicação da cinza ao solo, como fonte de Si, proporcionou alterações químicas consideráveis nos tratamentos (Quadro 2). Observou-se um aumento nos valores do pH, P, Ca, Mg, Si e as bases em função das doses crescentes de cinza aplicadas ao solo. Segundo Paim et. al. (2006), o aumento do pH é decorrente aos ânions SiO3-2 que atuam como bases, capturando prótons H+ (acidez) dissolvidos no solo. Para a altura da planta (Tabela 1), não houve diferença significativa entre os tratamentos. Quanto ao número de colmos por metro quadrado e número de panículas por metro quadrado (Tabela 1), não foram encontrados diferenças significativas entre as doses de Si utilizadas. Resultados semelhantes foi obtido por Reis et al. (2008), que ao trabalharem com doses de Si em arroz de terras altas irrigado por aspersão, verificaram que houve diferença significativa entre as cultivares, mas as variáveis não foram influenciadas quanto a aplicação de Si. Os valores médios do peso da parte aérea (folha + colmo) (Tabela 1) foram significativos em função das doses de Si. O T3 obteve a maior média entre os tratamentos, 9,80 g, seguido pelos tratamentos T2 e T1, com 8,5 e 7,54g respectivamente. Resultados semelhantes foram encontrados por Carvalho Pupatto et al. (2004) e Zanão Júnior et al. (2009). Estes valores foram significantes, pois, a aplicação de Si via solo proporciona melhoria na arquitetura da planta e no aproveitamento de água, conforme observa Agarie et al. (1998) e Zanão Júnior (2007). Não foi verificada diferença significativa para o peso da raiz, mais os tratamentos que receberam o Si diferiram da testemunha. Valores diferentes foram relatados por Faria Júnior et al. (2009), onde a aplicação de silício influenciou o peso da matéria seca da raiz. O acúmulo de Si na parte aérea (folha + colmo) não foi influenciada pela adubação com silício. Faria Júnior et al. (2009), em trabalho com acúmulo de silício no arroz, relataram que as quantidades de silício acumulados nas plantas aumentaram de acordo com as doses de silício aplicados ao solo. Conclusão A utilização da cinza da casca de arroz como fonte de Silício é uma alternativa viável como corretivo de solo e fornecedor de Si, P, Ca e Mg; As doses de cinza não influenciaram estatisticamente as variáveis altura de planta, número de colmos por metro quadrado, números de panículas por metro quadrado, peso da raiz e acúmulo de silício na parte aérea; A variável peso da parte aérea foi influenciada pelas doses de cinza aplicado ao solo. Referências bibliográficas AGARIE, S.; HANAOKA, N.; UENO, O.; MIYAZAKI, A.;KUBOTA, F.; AGATA, W.; KAUFMAN, P.B. Effects of silicon on tolerance to water defict and heat stress in rice plants (Oryza sativa L.), monitored by electrolyte leakage. Plant Production Science, v.1, p.96103, 1998. ALVAREZ, A. C.C. Produção do arroz em função da adubação com silício e nitrogênio no sistema de sequeiro e irrigado por aspersão. 2004. 18-58p. Dissertação (Mestrado em Agronomia), UNESP- Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2004. CARVALHO PUPATTO, J. 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