ESTUDO DE SISTEMA DE DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS

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ESTUDO DE SISTEMA DE DISPENSAÇÃO DE MEDICAMENTOS PARA
ADMINISTRAÇÃO NOS PACIENTES DA ALA DE INTERNAÇÃO
Ana Carla Rezende Souza Nakamura – FATEC SJC [email protected]
Lucas Fernando Savastano Piedade – FATEC SJC [email protected]
Luiz Antonio Tozi – FATEC SJC [email protected]
Valter João de Sousa – FATEC SJC [email protected]
Tema: Logística Empresarial – Logística Hospitalar
RESUMO
Atualmente, as instituições hospitalares buscam formas em que o nível de serviço
utilizado aos pacientes tem uma melhoria contínua. Neste mesmo pensamento, inclui-se a
minimização dos custos do hospital. Considerando esse contexto, buscou-se realizar uma
pesquisa para estudar a Ala de Internação do Hospital viValle onde analisou-se a cadeia
logística referente às farmácias hospitalares. Na análise, foi mensurado o valor atribuído
ao sistema de dispensação de medicamentos para a administração nos pacientes onde
foi constatada a possibilidade de uma modificação no sistema atual. Essa proposta de
modificação poderá gerar resultados satisfatórios não apenas no plano financeiro, mas
também no plano de melhoria dos serviços oferecidos ao paciente.
Palavras-chave:
medicamentos.
Logística
hospitalar.
Farmácia
hospitalar.
Movimentação
de
ABSTRACT
Currently all the medical institutions look for ways where the service quality offered to the
patient is improving continuously. Included in this philosophy is quest for the cost reduction
in the hospital. With that in mind, it was possible to study the viValle Hospital’s inpatient
ward where the hospital pharmacy logistics chain was analyzed. In this analysis, the value
assigned to the delivery system of the medicament to patients was measured. It was found
a possible change in the current system. This change brings good results not only to the
financial plan but also brings improvement to the services offered to the patient.
Keywords: Hospital Logistics. Hospital Pharmacy. Handling of Medicines.
INTRODUÇÃO
Atualmente, tem-se observado mudanças dentro da área de saúde, permitindo desta
maneira identificar novas situações nos hospitais. Essas mudanças têm como objetivos a
redução de custos e melhorar a qualidade dos serviços oferecidos (GRENFELL, 2005).
Guedes, Lima e Assunção (2004) dizem que essas novas reformas apresentam redução
de custos com o objetivo de enfrentar todas as dificuldades que impõe essa nova
perspectiva de trabalho.
Pereira (2000) parte do principio que as organizações estão em mudança continua,
redefinindo e influenciando o ambiente. E com esses processos que elas, as
organizações, reavaliam de forma ininterrupta os sistemas, detectando tanto seus pontos
positivos quanto seus desvios.
No entanto a política de qualidade da saúde enfrenta certas provações para a sua
execução. Isso é causado pela complexidade do setor e também pela variabilidade de
suas atividades. No caso do setor de saúde, cada caso tem suas especificidades.
Para amenizar os problemas e melhorar a qualidade, a gestão de qualidade tenta
implementar métodos e conceitos para que sejam substitutos de ações empíricas, desta
maneira obtendo um controle com maior abrangência. Isso também torna o trabalho com
maior previsibilidade, tornando-o mais mecânico, impedindo a autonomia do trabalhador
(MACHADO, 1993).
Com essas mudanças de conceito, percebe-se que a implementação de uma
diferenciação na logística da Farmácia Hospitalar será necessária, uma vez que isso é de
suma importância para o aprimoramento dos espaços existentes e um maior controle dos
custos.
O que se propõe com essa pesquisa é demonstrar um sistema de controle para
administração de medicações, hoje vulnerável, um modo mecânico e inibidor para o
trabalhador, no caso o enfermeiro, administrar o medicamento de forma empírica.
No auxílio deste sistema, a pesquisa também tem como objetivo apresentar um
distribuidor móvel dos medicamentos melhorando a segurança e o transporte dos
mesmos.
Conceitos Logísticos
O Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP) conceitua logística como
o processo de planejamento, aplicação e controle do fluxo de mercadorias,
armazenagem, serviços e informações relacionadas, desde seu ponto de origem até o
ponto de consumo, sempre visando atender as necessidades dos clientes.
Ainda segundo o CSCMP, a gestão de logística é uma função integradora que visa
aperfeiçoar as atividades relacionadas à logística, o que geralmente inclui o
gerenciamento de transporte, gestão de frota, armazenagem, gerenciamento de estoque,
planejamento de oferta e demanda e atendimento ao cliente.
Segundo Ching (2006), a Logística é uma área que se enquadra no contexto de melhoria
contínua. Nos tempos atuais é uma das grandes preocupações de grande parte das
empresas, engloba todo fluxo de informação e materiais, onde inclui a chegada de
matéria-prima, estoques, produção e distribuição até que o produto seja entregue ao
cliente final.
Segundo Novaes (2001), a logística passou por vários processos de evolução no decorrer
do tempo para que a mesma fosse compreendida conforme os conhecimentos de Ching
(2006).
Segundo Banzato (2005), no inicio a logística tinha como enfoque as funções de
transporte, movimentação e armazenagem de materiais, enfatizando as funções aos
processos das organizações. Porém, esse entendimento operacional da logística foi
sendo abandonado a partir do momento em que as organizações passaram a focar-se no
atendimento e necessidades dos clientes.
Atualmente, a logística encontra-se na sua quarta fase, onde há a integração da cadeia
de suprimentos dos fornecedores, manufatura, varejo chegando ao cliente final. Uma das
principais características é que a logística passou a ser tratada de forma estratégica pelas
empresas, que buscam soluções conjuntas que beneficiam todos os integrantes desta
cadeia de suprimentos. (NOVAES, 2001).
Segundo Razzolini (2001), a logística atual e conhecida como Gerenciamento da Cadeia
de Suprimentos (GCS), em inglês Supply Chain Management (SCM), tem o intuito de
agregar valor ao produto final, em cada elo da cadeia, dando origem as vantagens
competitivas.
É importante salientar que a Logística possui varias áreas e definições.
Logística Hospitalar
Segundo Fernando Cunha (2010), a Logística Hospitalar é o processo de gerenciar
estrategicamente e racionalmente a aquisição, movimentação e armazenagem de
materiais médico-hospitalares, medicamentos e outros materiais necessários ao perfeito
funcionamento da unidade hospitalar de modo a poder preservar a vida e/ou restaurar a
saúde dos clientes (pacientes) com ótima qualidade, custo baixo e retorno satisfatório
para a instituição.
Fernando Cunha continua explicando que a Logística Hospitalar realiza a distribuição de
produtos e suprimentos de forma racionalizada, o que significa planejar, organizar,
coordenar e executar todo o processo, com o objetivo de reduzir os custos, garantir a
rapidez na entrega dos medicamentos, preservar a vida e aumentar a qualidade de
competitividade hospitalar.
O hospital abriga a farmácia hospitalar, cujo objetivo é garantir que a os remédios
prescritos pelos médicos sejam usados e administrados ao paciente de forma correta,
segura e racional, atendendo assim todas as necessidades e demanda dos pacientes.
Para que estes medicamentos sejam administrados de forma correta, a farmácia
hospitalar mantém o estoque destes medicamentos que são caracterizados por ciclos de
demanda e de ressuprimentos. (SIMONETTI, 2007).
As instituições hospitalares garantem sua sobrevivência através do planejamento e
controle dos medicamentos. Com isso, percebe-se a importância do gerenciamento do
estoque de medicamentos. Varias técnicas foram desenvolvidas para solucionar os
problemas originados no ambiente de manufatura, mostrando eficiência nas indústrias.
Essas técnicas podem ser adaptadas e aplicadas nas instituições hospitalares para
melhorar e aperfeiçoar o controle dos itens dos estoques. (SIMONETTI, 2007).
Segundo Maehler, Kneipp,Yuk (2007), a preocupação com logística hospitalar vem
crescendo nos últimos tempos, pois é através dela que os hospitais realizam o
abastecimento, controle e distribuição de medicamentos e materiais médico-hospitalares.
Segundo Pereira (2002), a cultura da logística nos hospitais brasileiros precisa mudar,
pois a muitos subestimam a importância desta área de gerenciamento de estoques nos
hospitais. E questiona-se até que ponto os gestores dos hospitais não darão importância
para esta área, visto que grandes perdas na qualidade e prestação de serviços médicohospitalares podem ocorrer gerando grandes prejuízos financeiros para as organizações.
Para melhorar a condição de saúde dos pacientes os hospitais necessitam de
ferramentas de gestão para o auxilio na Logística Hospitalar. Neste ponto também
destacamos a importância de melhorar o espaço hospitalar para que cada unidade
funcional do hospital esteja equipada corretamente e no lugar certo, para garantir e
melhorar o atendimento aos pacientes.
Espaço Hospitalar
Segundo Velloso (2001), o espaço é um conceito necessário à definição de arquitetura.
Ao analisar a práxis da arquitetura, deve-se pensar nos problemas que envolvem a
conformação do espaço no âmbito da materialidade.
Segundo Silva (1994), Edifício hospitalar é organizado por diversas áreas internas cada
uma com suas especializações, esta organização é feita de acordo com as atividades
complementares que dizem respeito aos cuidados específicos de cada paciente. Desta
maneira o hospital estabelece soluções arquitetônicas que tem como ideia a forma de uso
sobre o espaço de cada atividade desenvolvida assim como suas funções.
Grenfell (2005) descreve o espaço hospitalar na visão da arquitetura como um ambiente
ou local especializado que o desenvolvimento de determinadas atividades, visando à
qualidade de assistência do paciente, caracterizado por dimensões e unidades funcionais.
A Diretoria Colegiada da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde,
no uso de suas atribuições aprova a Resolução – RDC n.°50, de 21 de fevereiro de 2002,
que dispõe sobre o Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração e
avaliação de projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde.
Segundo a Resolução RDC nº 50, unidade funcional é o conjunto de atividades e subatividades pertencentes à mesma atribuição. Na figura 1 são representadas as unidades
funcionais das instituições hospitalares:
Figura 1 - Diagrama das Unidades Funcionais das Instituições Hospitalares
Fonte: RDC n.° 50, Ministério da Saúde, 2002
A figura 1 demonstra as unidades funcionais das instituições hospitalares e a seguir
destacam-se as atividades da farmácia hospitalar que correspondem à prestação de
serviços de apoio técnico: receber e inspecionar produtos farmacêuticos; armazenar e
controlar produtos farmacêuticos; distribuir produtos farmacêuticos; dispensar
medicamentos; manipular, fracionar e reconstituir medicamentos; preparar e conservar
misturas endovenosas (medicamentos); preparar nutrições parenterais; diluir
quimioterápicos; diluir germicidas; realizar controle de qualidade; e prestar informações
sobre produtos farmacêuticos.
Para exercer suas funções os hospitais contam com a unidade de farmácia hospitalar,
cujo objetivo é garantir a qualidade da assistência prestada aos pacientes por meio do
uso seguro e racional de medicamentos. (CAVALLINI e BISSON, 2002).
A portaria N.° 4.283, de 30 de dezembro de 2010, define farmácia hospitalar como sendo
uma unidade clínico-assistencial, técnica e administrativa, onde se processam as
atividades relacionadas à assistência farmacêutica, dirigida exclusivamente por
farmacêutico, compondo a estrutura organizacional do hospital e integrada
funcionalmente com as demais unidades administrativas e de assistência ao paciente.”
A Sociedade Brasileira de Farmácia Hospitalar - SBRAFH (2007) externa que a Farmácia
Hospitalar deve ter como foco o paciente bem como o atendimento de suas
necessidades. A compreensão que tanto os medicamentos quanto os produtos envolvidos
na terapia medicamentosa do paciente são instrumentos no auxílio do tratamento do
paciente.
A principal função da Farmácia Hospitalar é garantir a qualidade de assistência prestada
ao paciente e com a ajuda dos farmacêuticos garante o uso seguro e racional dos
medicamentos, adequando sua aplicação à saúde individual e coletiva. (BISSON &
CAVALLINI, 2002).
Segundo o Guia Básico para a Farmácia Hospitalar do Ministério da Saúde (1994), a
estrutura organizacional de uma Farmácia Hospitalar, se diferencia de acordo com cada
atendimento assistencial, número de leitos, atividades gerenciadas pelas atividades
farmacêuticas e dos recursos de cada hospital.
De acordo com o Manual de Farmácia Hospitalar (2005) os serviços farmacêuticos
funcionam conforme o circuito mostrado na Figura 2.
Figura 2 - Fluxograma do Ciclo de Serviços Farmacêuticos
Fonte: Manual da Farmácia Hospitalar, 2005
Em um hospital, inúmeras vezes há de se considerar a descentralização da farmácia
central. Isso ocorre pelo tamanho do hospital ou mesmo pela variabilidade de seu
atendimento. Descentralizando esses trabalhos, criam-se as farmácias satélites, que são
responsáveis pelo atendimento de setores específicos, como centro cirúrgico e UTI e
devem ser criadas de acordo com as necessidades destes setores.
A criação destas farmácias satélite está condicionada a algumas variáveis: dimensões do
hospital, comunicação intra-hospitalar deficiente, e complexos hospitalares. As farmácias
satélites objetivam, finalmente, executar de maneira fácil, ágil e eficaz a dispensa dos
medicamentos e também outras tarefas farmacêuticas.
Sistema de Dispensação
A dispensação, de forma racional, tem seu inicio nos Estados Unidos, onde pessoas com
autorização usam carros de dispensação para os pacientes internados nas alas de
internação, digitam uma senha e os dados do fármaco são retirados. Esses dados são
transmitidos para a farmácia central onde é feito o controle do estoque. (KARMAN, 1997).
Segundo a Organização Pan – Americana de Saúde, apresentam-se os objetivos de um
sistema de dispensação: reduzir erros de medicação, racionalização da distribuição,
aumentar o controle dos medicamentos, reduzir os custos com medicamentos, e
aumentar a segurança para os pacientes.
Os sistemas de dispensação de medicamentos são classificados como: coletivo;
individualizado; dose unitária e; misto.
Segundo Grenfell (2005), a farmácia hospitalar atualmente, tem como contar com um
sistema de móvel integrado de distribuição de medicamentos, para todos os setores que
necessitam de medicamentos. Com o avanço da automação e da informática, o sistema
foi aperfeiçoado.
Grenfell (2005) discorre sobre os carros de dispensação explicando que eles são
sistemas mobiliários com gaveteiros que tem como objetivo encaminhar os medicamentos
para vários setores hospitalares. De acordo com as características de cada setor, as
especificações destes carros se diferem sendo mais bem aproveitados de acordo com a
exigência.
Cada carro de dispensação é abastecido com os medicamentos referentes a cada
paciente que está internado, sendo que cada gaveta corresponde a um paciente.
Figura 3 - Carro de Farmácia eletrônico
Fonte: Grenfell (2005)
Segundo Cipriano (2001), os carros eletrônicos (figura 9) funcionam através de níveis de
acesso onde o usuário tem o controle de todas as informações que são armazenadas em
um banco de dados interligado a farmácia central: nível 1 é o acesso ao controle e
cadastro de pacientes, medicamentos, programação, relatórios e operação do carro
eletrônico; nível 2 dá acesso aos medicamentos programados, relatórios e operação do
carro eletrônico; nível 3 é o acesso aos medicamentos, programação e operação do carro;
e nível 4 é a operação do carro eletrônico.
Metodologia
Essa pesquisa é classificada como Estudo de Caso, pois conforme Cauchick (2009)
externa, a pesquisa classificada como Estudo de Caso tem como objetivo em analisar
minuciosamente um ou mais objetos, ou seja, casos, usando inúmeras ferramentas de
coleta de dados e também a influência mútua entre o elemento de pesquisa e o
pesquisador. É nessa classificação, estudo de caso, que se encontra a presente
pesquisa.
Desenvolvimento
A fundação do Hospital viValle é datada em 1980 e nessa época ele atendia pelo nome
de Gastroclínicas e ficava situado na Vila Adyanna, região central de São José dos
Campos. Com a conclusão das obras do plano diretor, o Hospital viValle passará dos
4500m² atualmente para 14200m² contando com 160 leitos, ou seja, um crescimento de
300%.
A farmácia central além de atender como armazém central para outras farmácias
satélites, é utilizada também como farmácia de uso das UTI´s e Pronto Atendimento. Isso
ocorre devido à proximidade que há entre esses setores e a Farmácia Central. Os
atendimentos são demonstrados na figura 4:
Figura 4 - Atendimento da Farmácia Central
Fonte: Autores, 2011
A farmácia central funciona 24 horas por dia, 7 dias por semana, atendendo todos os
setores que necessitam de medicações. A rotina de atendimento da farmácia funciona
conforme figura 5:
Figura 5 - Rotina Básica de Atendimento das Prescrições
Fonte: Autores, 2011
O sistema de dispensação de medicamentos e materiais é o TASY, que é um sistema
informatizado para o controle de entrada e saída de medicamentos. Os medicamentos
prescritos pelo médico são lançados no sistema e os mesmos são imediatamente
enviados à farmácia. Assim que chega a prescrição, ela é prontamente atendida pelo
funcionário em trabalho, que realiza a coleta, tendo o máximo de cuidado e agilidade.
Feito isso, o mesmo funcionário faz o check out dos medicamentos no sistema. Como o
sistema recebe apenas a quantidade exata da prescrição, o número de chances de erros,
é reduzido drasticamente.
Após desenvolvida toda rotina, no caso de prescrição do pronto atendimento, a
medicação é deixada em local apropriado aguardando o enfermeiro retirar. Caso a
prescrição seja feita pela UTI, o funcionário faz a entrega no próprio setor. Isso se deve a
distância entre os setores.
Em ambos os casos, o funcionário que retira ou recebe as medicações, assina a
prescrição impressa, atestando que recebeu os medicamentos.
A Ala de Internação no Hospital viValle fica no andar superior, cerca de 150 metros da
farmácia central, utiliza de 2 lances de escada para acesso.
Durante a visita no Hospital viValle, foi cronometrado o tempo que se leva para transitar
entre a farmácia central e a entrada das Alas de internação. De uma forma tranqüila e
sem urgência, levou 1,5 minutos.
Nesta ala, o Hospital viValle possui uma farmácia satélite com dimensões bem menores
que a farmácia central. Essa farmácia visa apenas fornecer os medicamentos que estão
em uso pelo médico com o paciente, não contando desta maneira com os medicamentos
que o médico prescreveu previamente. No caso do Hospital viValle, essas prescrições
são em grande número, já que a quantidade de quartos é grande.
A figura 13 demonstra a rotina para a administração das medicações:
Figura 6 - Rotina de Atendimento das Prescrições para a Ala de Internação
Fonte: Autores, 2011
De acordo com a farmacêutica responsável pela farmácia central, essa rotina tem em
média uma repetição de 200 vezes ao dia, considerando todos os períodos.
Desconsiderando o médico, que faz a prescrição uma vez no tratamento e em casos de
alteração do quadro clínico do paciente, o farmacêutico clínico e também o auxiliar
administrativo já que ambos são dependentes do médico e da mesma forma que o
mesmo, só participam uma vez do tratamento, pode-se mensurar os gastos da
administração destes medicamentos da seguinte forma: 200 rotinas / dia  200 / 24h =
8,33 rotinas / hora  60 minutos / 8,33 = 7,2 minutos
Nestes termos, em um mês com 30 dias, desconsiderando finais de semana, temos 21
dias úteis, o que equivale a 168 hrs. Considerando-se um salário de R$1.000,00 o custo
do minuto será de R$ 0,09.
O tempo utilizado pelo funcionário da farmácia para cada coleta e check out dos
medicamentos é de 0,5 minutos, desta maneira, o valor por rotina é R$ 0,45. Sendo 200 o
número de rotinas o custo será de R$ 270,00.
Tabela 1 – Tempo Gasto pelo Auxiliar de Enfermagem para a Administração dos
Medicamentos
Tempo em
Trânsito
1,5 minutos para buscar os medicamentos na Farmácia Central
1,5 minutos para levar os medicamentos ao paciente
0,5 minutos para administração dos medicamentos
Fonte: Autores, 2011
Conforme o Conselho Regional de Enfermagem (COREN), o piso salarial para os
auxiliares de enfermagem é de R$1400,00, trabalhando em um regime de 12x36 (a cada
12 horas trabalhadas, 36 horas de descanso). Assim, pode-se chegar a um valor de R$
0,13/minuto.
O tempo total que o auxiliar de enfermagem utiliza para a administração do medicamento,
desde a retirada do medicamento até a administração no paciente é de 3,5 minutos,
gerando um custo de R$ 2.730,00/mês.
Tabela 4 – Valor Mensal Gasto com as Rotinas de Administração de Medicamentos
Funcionário
Valor Diário
Valor Mensal (30 dias)
Auxiliar de Enfermagem
R$ 91,00
R$ 2730,00
Funcionário Farmácia Central
R$ 9,00
R$ 270,00
Total
R$ 100,00
R$ 3.000,00
Fonte: Autores, 2011
Conforme a exigência das administrações das medicações foi estudado um sistema que
diminua as rotinas dessas administrações. Conforme já mencionado atualmente são
realizadas 200 rotinas por dia, resultando em 01 rotina a cada 7,2 minutos. Desta forma,
sugere-se um sistema que controle as administrações das medicações em períodos de 01
hora.
De acordo com a enfermeira responsável pelas alas de internação, as medicações
geralmente são prescritas de forma horária, ou seja, a cada período de tempo fechado em
horas. Por exemplo, um paciente que recebe um analgésico a cada 4 horas.
Por motivos de sigilo hospitalar, não foi possível coletar os dados reais referentes a
medicamentos que os pacientes recebem. No entanto, foi solicitada apenas uma amostra
de 05 pacientes, referente à prescrição médica.
Tabela 5 – Valor Mensal Gasto com as Rotinas de Administração de Medicamentos
segundo o Sistema de Distribuição Horária
Funcionário
Valor Diário
Valor Mensal (30 dias)
Auxiliar de Enfermagem
R$ 10,80
R$ 324,00
Funcionário Farmácia Central
R$ 9,00
R$ 270,00
Total
R$ 19,80
R$ 594,00
Fonte: Autores, 2011
O sistema proposto traz uma economia anual ao Hospital viValle de aproximadamente
R$28.872,00. Este valor está ligado diretamente à administração de medicamentos aos
pacientes que estão nas alas de internação. No entanto, há outros valores não
mencionados nesta pesquisa, tais como a possibilidade de se aproveitar melhor a mão de
obra dos auxiliares de enfermagem, os deixando livres para outras atividades e não os
prendendo na busca dos medicamentos.
Conclusões
O sistema proposto foi estudado somente em um setor do Hospital, no caso a Ala de
Internação, mas ele pode ser aplicado em outros setores do Hospital que possuem
ligação com a Farmácia Central, desde que sejam compreendidas as devidas
características e necessidades dos outros setores.
O sistema proposto de distribuição horária de medicamentos é viável ao Hospital viValle
por: proporcionar uma melhoria do sistema atual; reduzir os custos hospitalares; melhorar
o aproveitamento da mão de obra dos funcionários e melhorar o nível de serviço ao seu
paciente.
Faz-se necessário lembrar que o Hospital viValle está passando por reformas de seu
plano diretor, deste modo este projeto deve ser atualizado com as novas configurações da
ala de internação.
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