A TERAPIA OCUPACIONAL E O CAPS I DE LINS

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A TERAPIA OCUPACIONAL E O CAPS I DE LINS: Um dispositivo
extra-hospitalar na reabilitação psicossocial
Camila Brandão Torrezan
Cintia Viana do Prado
Daniele Costa Issa
Renata Tunes Antonelli
Lins – SP
2009
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A TERAPIA OCUPACIONAL E O CAPS I DE LINS: Um dispositivo
extra-hospitalar na reabilitação psicossocial
RESUMO
O transtorno mental é uma condição que gera um impacto no cotidiano das
pessoas, com influência direta na capacidade de exercer atividades da vida diária,
como atividades de autocuidado, higiene, alimentação, lazer, como também perda
da auto valorização e senso crítico, além de interferência no convívio sócio-familiar.
Na reabilitação psicossocial a terapia ocupacional assume caráter de extrema
importância, pois visa amenizar as limitações, e através das atividades contribuir
para que os clientes assistidos tenham oportunidade de manter e fortalecer os laços
familiares e sociais, em tratamentos alternativos que vieram substituir o modelo
hospitalocêntrico com recursos centrados na comunidade, como o CAPS I, com o
intuito de prestar atenção humanizada e qualificada as pessoas com transtornos
mentais, para alcançarem autonomia e independência, resgatando os laços
familiares e a inserção social do indivíduo na comunidade.
PALAVRAS-CHAVE: terapia ocupacional. reabilitação psicossocial. centro de
atenção psicossocial. saúde mental
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INTRODUÇÃO
Os Centros de Atenção Psicossocial – CAPS, são unidades de atendimento
intensivo e diário aos portadores de transtornos mentais. São unidades locais e
regionais
que
oferecem
atendimento
a
nível
ambulatorial
com
equipe
multiprofissional, e são diferenciados entre as categorias: CAPS I, II e III, além de
CAPS i - infantil e CAPS ad - álcool e droga (GAZABIM, BALLARIN e CARVALHO,
2007).
São considerados como dispositivos substitutivos e extra-hospitalar, com o
intuito de prestar atenção humanizada e qualificada as pessoas com transtornos
mentais, para alcançarem autonomia e independência, resgatando os laços
familiares e a inserção social do indivíduo na comunidade (CROTTI, RISSATTO
apud ALVERNE, 2007).
Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS, a reabilitação social é um
processo abrangente e não simplesmente uma técnica, dessa forma representa um
processo que oferece aos indivíduos com transtorno mental a oportunidade de
atingir o seu potencial funcional de forma independente na comunidade. A
reabilitação psicossocial deve permitir que pessoas com incapacidades possam
ganhar ou recuperar aptidões necessárias para a vida na comunidade. Este
processo deve possibilitar ao sujeito em sofrimento psíquico a reconstituição de seu
cotidiano a partir da produção de sentidos e da inserção em seu contexto social.
Este programa tem como objetivo reduzir os leitos psiquiátricos hospitalares e
realizar a construção de alternativas de atenção baseada na comunidade. Vale
ressaltar que o movimento da reforma psiquiátrica e a reabilitação psicossocial
exigem dos profissionais envolvidos olhar crítico sobre suas próprias práticas a fim
de que haja a construção de um novo olhar sobre a doença mental com vistas a
saúde e a cidadania (GAZABIM, BALLARIN e CARVALHO, 2007).
A terapia ocupacional foi criada no início do século XX e teve reconhecimento
no contexto da reabilitação física e mental pela necessidade de reinserir os
traumatizados de guerra na sociedade. No Brasil, a profissão foi criada em 1959 e
na área psiquiátrica tinha sua prática voltada a assistência hospitalocêntrica, com a
tarefa de ocupar os pacientes. Diante das transformações na assistência
psiquiátrica, esta profissão tem procurado aprimorar-se teórica, técnica e
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politicamente para a atuação na rede de serviços substitutivos, em nível de
prevenção e promoção de saúde, tratamento, reabilitação e inclusão social
(BENETTON apud RIBEIRO, OLIVEIRA, 2005).
Com a implantação da rede de serviços substitutivos, o terapeuta ocupacional
passa a ter uma prática voltada para atender os pacientes graves fora da internação
psiquiátrica. Diferente da ação periférica e desqualificada desenvolvida no hospital,
cuja atuação era basicamente ocupá-los para manter a ordem, com pouca
interferência na promoção de saúde e na melhora da condição de vida dos mesmos.
Segundo Medeiros apud Ribeiro e Oliveira (2005) o instrumental da profissão
mostra-se condizente com as proposições da transformação assistencial atual, uma
vez que o usuário dos serviços passa a ser encarado como um indivíduo que se
realiza e restabelece sua saúde mediante sua reinclusão social.
Sua ação é voltada para o treinamento e para o desenvolvimento de
habilidades, na construção de um cotidiano para os indivíduos excluídos da
sociedade (PITTA Apud VILLARES 1999).
A proposta da Terapia Ocupacional é oferecer ao paciente, a possibilidade de
reencontrar e desenvolver sua capacidade de buscar a autonomia, oferecer a
possibilidade de exercer sua capacidade de pensamento, por meio da construção
livre de objetos (VIANA apud ARAUJO 1999).
O
presente
estudo
tem
como
proposta
responder
ao
seguinte
questionamento: A intervenção da Terapia Ocupacional, no CAPS I de Lins,
enquanto dispositivo extra-hospitalar favorece a reabilitação psicossocial dos
usuários assistidos, propiciando a manutenção e fortalecimento de laços familiares e
sociais?
Baseado neste pressuposto acredita-se que a Terapia Ocupacional assume
papel relevante no processo de reabilitação psicossocial enquanto modalidade de
intervenção no CAPS I. O estudo se propõe a demonstrar através de levantamento
bibliográfico e estudo de caso, com aplicação de um questionário a um grupo de
cinco usuários atendidos pela terapia ocupacional no CAPS I de Lins, a importância
da intervenção realizada, bem como os resultados obtidos diante dessa intervenção,
que vão em direção à proposta da reabilitação psicossocial.
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DESENVOLVIMENTO
A assistência psiquiátrica brasileira foi marcada por uma exclusão e
estigmatização do doente mental. A impossibilidade de exercer seu papel enquanto
cidadão, e a discriminação acompanharam os doentes mentais ao longo da história
da psiquiatria no país. Na década de 70, nos hospitais psiquiátricos, locais
exclusivos de tratamento, os maus tratos, a precariedade e a superlotação foram
intensificando-se, tornando assim a situação insustentável. Desde a década de 60
tanto na Europa como nos Estados Unidos, o movimento da reforma psiquiátrica
possibilitou a criação de alternativas para substituição do modelo hospitalocêntrico
através da desinstitucionalização do doente mental. Diferentemente, no Brasil a
assistência psiquiátrica demonstrou enorme lentidão para incorporar e adaptar-se às
transformações que ocorriam em outros países. Em meados da década de 70,
ocorreram importantes acontecimentos que impulsionaram a desinstitucionalização,
mas somente no final da década de 80 e início da década de 90 que este processo
pôde ser implementado no Brasil. Foi neste contexto que experiências inovadoras
começaram a ser divulgadas, de forma a criar e influenciar na transformação de
outros serviços assistenciais como, por exemplo: a criação do Centro de Assistência
Psicossocial – CAPS (GAZABIM, BALLARIN e CARVALHO, 2007).
O CAPS I realiza atendimento em municípios com população entre 20.000 e
70.000 habitantes. (BRASIL, Portaria/ GM nº 336, 2002)
Destina-se ao tratamento de pessoas com transtornos mentais severos e
persistentes, prioritariamente em sua área territorial. Baseado na Portaria 336 deve
responsabilizar-se sob coordenação do gestor local, pela organização da demanda e
da rede de cuidados em saúde mental no âmbito do seu território; possuir
capacidade técnica para desempenhar o papel de regulador da porta de entrada da
rede assistencial, definido na Norma Operacional de Assistência á Saúde (NOAS),
pode coordenar, por delegação do gestor local, as atividades de supervisão de
unidades hospitalares psiquiátricas no âmbito do seu território, supervisionar e
capacitar as equipes de atenção básica, serviços e programas de saúde mental no
âmbito de seu território e/ou módulo assistencial; realizar, e manter atualizado, o
cadastramento dos pacientes que utilizam medicamentos essenciais para a área de
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saúde mental regulamentados pela Portaria/GM/MS nº 1077 de 24 de agosto de
1999 e medicamentos excepcionais, regulamentados pela portaria SAS/MS nº 341
de 22 de agosto de 2001, dentro de sua área assistencial e ainda funcionar no
período das 08 às 18 horas, em dois turnos, durante os cinco dias úteis da semana
(BRASIL, Portaria/ GM nº 336, 2002).
Cumprindo um papel estratégico na organização da rede comunitária de
assistência, cabem aos CAPS o direcionamento local dos programas de
saúde mental, o desenvolvimento de projetos terapêuticos e comunitários, o
encaminhamento e o acompanhamento dos usuários dos serviços
residenciais terapêuticos (GAZABIM, BALLARIN e CARVALHO, 2007,
p.167).
Os CAPS, inclusive o CAPS I, devem estar capacitados a prestar atendimento
em regime intensivo, semi-intensivo e não intensivo, de acordo com a necessidade
do caso. O tratamento intensivo é aquele destinado a pacientes que necessitam de
acompanhamento diário. Semi-intensivo é o tratamento oferecido a pacientes que
em decorrência do seu quadro clínico necessita de acompanhamento freqüente,
mas não precisa estar diariamente no CAPS e o não intensivo se destina àqueles
que necessitam de uma freqüência menor (BRASIL, Portaria/GM n° 336, 2002).
A possibilidade de avanço para fora do manicômio e dentro da sociedade,
bem como as novas formas de pensar e lidar com a saúde mental é fruto de um
importante processo de mudanças políticas e culturais que dizem respeito a uma
revisão dos contextos científicos, administrativos, jurídicos e éticos em relação aos
doentes mentais. A reabilitação psicossocial se caracteriza como um campo novo
que vem se enriquecendo com as inúmeras experiências. Dessa forma, o modelo de
transformação assistencial ao doente mental, contribuiu para a redução do número
de leitos dos hospitais psiquiátricos ao mesmo tempo em que serviços alternativos
iam sendo criados, compondo assim a reabilitação psicossocial que vem como forma
de superação do modelo assistencial asilar (GAZABIM, BALLARIN e CARVALHO,
2007).
É uma atitude estratégica, uma vontade política, uma modalidade
compreensiva, complexa e delicada de cuidados para pessoas
vulneráveis aos modos de sociabilidade habituais que necessitam de
cuidados igualmente complexos e delicados (PITTA Apud VILLARES
1996 p. 28).
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Atualmente, a reabilitação psicossocial é considerada como o processo que
facilita ao usuário com limitações melhor reestruturação da autonomia em suas
funções na comunidade. Na proposta atual da Reforma Psiquiátrica no Brasil, têmse como objetivo a desinstitucionalização e inclusão, integrando as pessoas com
sofrimento
psíquico
nos
diferentes
espaços
da
sociedade
(PITTA
apud
VALLADARES, 2003).
A reabilitação psicossocial é o processo que visa facilitar ao indivíduo com
limitações a restauração, no melhor nível possível, de autonomia do exercício de
suas funções na comunidade (PITTA Apud VILLARES 1999).
Nesses novos locais de atenção, o profissional de terapia ocupacional deve
levar, por meio de sua especificidade, a ampliação do cuidado e a possibilidade de
resgate dos direitos de cidadania desses sujeitos.
A terapia ocupacional, por ter como ferramenta principal a atividade, que
reflete a cotidianidade do sujeito, pode transformar a sua ação junto à sua clientela
sendo promotora de um protagonismo social que historicamente foi arrancado
daqueles que foram marcados pela história da psiquiatria.
Para tanto é preciso mudar o olhar sobre a atividade, não mais trabalhar com
a atividade como uma abstração esvaziada de sentido concreto para o indivíduo,
mas unir sua função interpretativa, que se dá através da dimensão inconsciente,
com seu conceito de historicidade, nutrido pela dimensão sócio-política e cultural
enquanto instrumento para a emancipação (GAZABIM, BALLARIN e CARVALHO,
2007).
O lugar da Terapia Ocupacional, no novo modelo de atenção em saúde
mental, comprometido com a ética, com o direito, com a cidadania, é onde as
populações com carência desses conceitos e, por conseguinte, dessas práticas,
estão (PITTA Apud VILLARES 1999).
A Terapia Ocupacional não deve ser apenas um instrumento de intervenção
para controle e eliminação do mal-estar psíquico, ela deve contribuir para que a vida
coletiva e as existências individuais sejam mais interessantes, abertas e criativas, e
os terapeutas ocupacionais como facilitadores desse processo de transformação,
devem ser incansáveis criadores de possibilidades.
Trabalhar em serviços que possibilitam novas práticas incita uma nova
compreensão, requer movimentos internos que conduzem para a intersubjetividade
e provoca desejos de descoberta; dessa forma, possibilita ao profissional
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transformar a si mesmo enquanto transforma suas ações (PEREIRA apud RIBEIRO
2005).
O presente estudo fundamenta-se em demonstrar que a Terapia Ocupacional
ao atuar no CAPS I, que é um dispositivo de assistência extra-hospitalar e
substitutivo ao modelo hospitalocêntrico, favorece a reabilitação psicossocial e vai
em direção aos objetivos propostos pela legislação vigente, propiciando a
manutenção e fortalecimento dos laços familiares e sociais da clientela assistida.
Como metodologia de estudo, utilizou-se o levantamento bibliográfico que
evidencia as transformações no modelo de assistência e fundamenta esta nova
prática de intervenção, e a aplicação de um questionário a um grupo de cinco
usuários atendidos no CAPS I de Lins pelo setor de Terapia Ocupacional.
O questionário elaborado é composto de questões que buscam a reflexão dos
usuários acerca da importância dos tratamentos oferecidos no CAPS I de Lins; a
possibilidade de permanência do usuário na família e na comunidade evitando a
internação psiquiátrica; sobre a importância do atendimento em terapia ocupacional;
as evoluções obtidas em seu quadro desde o início do tratamento até os dias atuais;
bem como suas expectativas e a participação em atividades sócio-familiares que
viabilizem a reabilitação psicossocial.
A pesquisa foi realizada no CAPS I, que se localiza no centro de Lins, com
horário de funcionamento das 7:30h às 18:00h, durante os cinco dias úteis da
semana. Sua estrutura física é composta por 4 salas consultórios destinados aos
atendimentos médicos, psicológicos e de serviço social, uma sala de grupo, uma
sala de terapia ocupacional, uma sala de repouso, uma sala de cozinha terapêutica,
3 banheiros, sendo 1 destinado aos funcionários e 2 aos pacientes, um corredor com
bancos e cadeiras que funcionam como sala de espera, sala de entrada-recepção,
um pátio externo destinado a horta e jardinagem e área frontal.
Sua equipe é composta por 2 psiquiatras, 1 enfermeiro, 1 terapeuta
ocupacional, 1 auxiliar de serviço, 1 farmacêutico, 2 auxiliares de farmácia, 2
auxiliares de enfermagem, 1 psicólogo e 1 assistente social, com atendimento a
cerca de 400 usuários mensalmente. Os atendimentos são realizados pelas diversas
especialidades, incluindo em sua assistência, atendimentos individuais, em grupo,
em oficinas terapêuticas, visitas e atendimentos domiciliares, e atividades
comunitárias com enfoque na integração e inserção familiar e social.
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Na terapia ocupacional são realizadas as seguintes oficinas terapêuticas:
grupo de artes plásticas e culinária e reinserção social. Quando há necessidade são
realizados também atendimentos individuais.
A palavra dos usuários
Foi aplicado o questionário a um grupo de cinco usuários, que são
acompanhados pelo CAPS I e atendidos diretamente pelo setor de terapia
ocupacional. Todos participam dos atendimentos grupais em Terapia Ocupacional,
em regimes semi-intensivo e não intensivo, conforme especificado a seguir.
Caso 1
Foi entrevistada a usuária M. O. S, de 25 anos, sexo feminino, residente em
Guaiçara, com diagnóstico de F 20.0 – esquizofrenia paranóide. Recebe
atendimento em Terapia Ocupacional, duas vezes por semana, no grupo de artes
plásticas e culinária. Sobre o tratamento no CAPS I de Lins e a intervenção de
Terapia Ocupacional, assim se expressou:
Acha importante o tratamento porque encontrou
um meio de se comunicar, lá possui atenção necessária e sua
mãe pode participar do tratamento. A terapia ocupacional
também é importante porque as atividades e dinâmicas
facilitam
em
sua
comunicação.
Acha
importante
o
esclarecimento sobre a patologia que lá recebe bem como os
conselhos frente às situações do dia-a-dia. Aprendeu uma
forma de obter lucro através da venda de sabonetes e
caixinhas. Acredita que evolui, pois suas crises diminuíram, e
suas expectativas diante do tratamento é melhorar, ter autocontrole e assim conviver na sociedade. (M.O.S., 25 anos)
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Caso 2
Foi entrevistado o usuário A.E.C., de 36 anos, sexo masculino, residente em
Lins, com diagnóstico de F 20.0 – esquizofrenia paranóide. Recebe atendimento em
Terapia Ocupacional, quinzenalmente, no grupo de reinserção social. Sobre o
tratamento no CAPS I de Lins e a intervenção de Terapia Ocupacional, assim se
expressou:
Acha importante o tratamento oferecido no CAPS I
porque ajuda as pessoas e também, no seu caso, pode ver os
pais diariamente, pois não há necessidade de permanecer
internado. Quanto ao tratamento de terapia ocupacional
também considera importante porque ajuda a enfrentar os
problemas e melhorar o dia-a-dia. A credita que melhorou, pois
suas crises diminuíram, ainda ouve vozes e fica nervoso,
porém em menor quantidade e intensidade. Quanto às suas
atividades não sai muito, mas readquiriu independência em
algumas, como por exemplo, dirigir, deslocando-se sozinho a
diversos locais quando necessita. (A.E.C., 36 anos)
Caso 3
Foi entrevistado o usuário J.R.R., de 27 anos, sexo masculino, residente em
Lins, com diagnóstico de F 20.0 – esquizofrenia paranóide. Recebe atendimento em
Terapia Ocupacional, quinzenalmente, no grupo de reinserção social. Sobre o
tratamento no CAPS I de Lins e a intervenção de Terapia Ocupacional, assim se
expressou:
Acha importante o tratamento oferecido no CAPS I
porque está melhorando cada vez mais e tem a possibilidade
de manter o convívio com os familiares e com a sociedade.
Quanto ao tratamento de terapia ocupacional considera
também importante porque enquanto faz atividades que
desenvolvem
a
mente,
faz
amizades
com
os
demais
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integrantes do grupo e estagiárias. Acredita que melhorou, pois
hoje é uma pessoa mais calma e mais participante nos
afazeres domésticos e vida social, trabalha em um mercado
ajudando o pai, vai à padaria, igreja e retornou aos estudos.
(J.R.R., 27 anos)
Caso 4
Foi entrevistada a usuária M.A.C.L., de 51 anos, sexo feminino, residente em
Lins, com diagnóstico de F 32.1 – episódio depressivo moderado. Recebe
atendimento em Terapia Ocupacional, semanalmente, no grupo de artes plásticas e
culinária. Sobre o tratamento no CAPS I de Lins e a intervenção de Terapia
Ocupacional, assim se expressou:
Acha importante o tratamento oferecido no CAPS I
porque além da acolhida que recebe dos diversos profissionais,
o trabalho realizado ensina a lidar com as situações, é uma
forma de tratamento alternativo, onde não há necessidade de
permanecer em internação. Existem os profissionais de
referência e não precisa afastar da vida familiar e social.
Quanto ao tratamento de terapia ocupacional, considera
também importante porque o grupo permite vivências e
experiências, onde um vai aprendendo com o outro a ter forças
para se superar. Acredita que melhorou, pois hoje se vê uma
pessoa com mais coragem para enfrentar seus sintomas, que
já melhoraram muito. Consegue lidar melhor com as situações.
Retomou atividades de lazer e sociais, na comunidade. Sempre
vai
à
casa
da
mãe
em
Sabino,
esporadicamente. (M.A.C.L., 51 anos)
participa
de
bailes
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Caso 5
Foi entrevistada a usuária M.P.S.P., de 35 anos, sexo feminino, residente em
Lins, com diagnóstico de F 31.2 – transtorno afetivo bipolar, episódio atual maníaco
com
sintomas
psicóticos.
Recebe
atendimento
em
Terapia
Ocupacional,
quinzenalmente, no grupo de artes plásticas e culinária. Sobre o tratamento no
CAPS I de Lins e a intervenção de Terapia Ocupacional, assim se expressou:
Acha importante o tratamento oferecido porque vindo ao
CAPS I a pessoa encara melhor o tratamento e gosta das
atividades que lá realiza. Também considera importante porque
continua morando na sua casa, e não precisa ficar no hospital
psiquiátrico, onde existem muitas regras. Quanto ao tratamento
de terapia ocupacional, acha importante porque faz bem
conversar, desabafar, trocar experiências, e gosta das
atividades. Relata que melhorou desde o início do tratamento,
pois no começo tinha crises e hoje não tem mais. Voltou a
fazer as coisas de antigamente, embora com um pouco mais
de dificuldade. Hoje consegue ir ao supermercado, sair, viver
em comunidade. Espera nunca mais voltar a ter crises.
(M.P.S.P., 35 anos)
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CONCLUSÃO
Diante da pesquisa realizada, verifica-se que a assistência psiquiátrica
prestada ás pessoas portadoras de transtornos mentais, sofreu transformações ao
longo da história, o que viabilizou a mudança no foco dessa mesma assistência,
deslocando-a do modelo hospitalocêntrico para serviços extrahospitalares e
substitutivos ao regime de internação, centrados na comunidade, entre eles os
CAPS.
O desenvolvimento ao longo dos anos e a consolidação cada vez mais eficaz
da reforma psiquiátrica, trouxa a possibilidade de novas alternativas de tratamento,
que conduziram ao processo de reabilitação psicossocial, onde as estratégias de
intervenção centram-se na desinstitucionalização e inclusão do usuário na rede
aberta de assistência, visando na constante autonomia e reinserção na sociedade.
Dentro desse processo, a Terapia Ocupacional assume extrema importância,
proporcionando ao indivíduo que dela necessita, condições de readaptação por meio
das atividades, e atua como agente facilitador, minimizando o sofrimento psíquico e
ampliando o elo de ligação do indivíduo com a realidade externa, favorecendo a
participação mais ativa na família e na comunidade.
Diante do levantamento bibliográfico realizado e da aplicação do questionário,
a pesquisa mostrou que a Terapia Ocupacional e o CAPS I de lins, cumprem com o
papel de promotores do processo de reabilitação psicossocial. Os usuários
entrevistados foram unânimes em reconhecer a importância dos tratamentos
oferecidos pelo CAPSI e a intervenção da Terapia Ocupacional, como facilitadores
na manutenção e fortalecimento dos laços familiares e sócias, pois permitem o
tratamento centrado na comunidade, sem necessidade de internação, como
conseqüência disso, ampliam-se as chances de reinserção social, outro grande
objetivo do processo reabilitativo da Terapia Ocupacional e que faz parte da atual
proposta da assistência psiquiátrica e da reabilitação psicossocial.
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A TERAPIA OCUPACIONAL E O CAPS I DE LINS: Um dispositivo
extra-hospitalar na reabilitação psicossocial
ABSTRACT
The mental disorder is a condition that causes an impact on the daily life of people
with direct influence on the ability to perform activities of daily living such as self-care,
hygiene, food, entertainment, as well as loss of self-worth and critical sense, and
interference in social and family living. Psychosocial rehabilitation in occupational
therapy on an equally great importance, because it seeks to ease restrictions, and
through activities to help the customer to have the opportunity to maintain and
strengthen family and social relationships in alternative treatments that have replaced
the hospital-centered model with focusing on community resources, such as CAPS I,
in order to provide humane care and qualified people with mental disorders, to
achieve autonomy and independence, thus restoring family links and social inclusion
of individuals in the community.
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REFERENCIAS
ARAUJO, R. P. Z.;Contribuição ás propostas de reabilitação psicossocial ( Atenção a
crianças e adolescentes) Cadernos de terapia ocupacional. São Paulo, v. 11, n. 1,
p. 39-49, set, 1999.
BRASIL. Decreto – Lei nº336, de 19 de fevereiro de 2002. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Brasília, DF.
CROTTI, L. P.; RISSATO, S. S. B. Terapia ocupacional dinâmica: um processo
de intevenção em usuárias com transtornos mentais atendidas no caps l de
Lins. 2008. Monografia (Graduação em Terapia Ocupacional) Unisalesiano, Lins.
GAZABIM, M. L.; BALLARIN, S.; CARVALHO, F. B. Considerações acerca da
reabilitação psicossocial: aspecos históricos, perspectivas e experiências. In:
GALVÃO, C. R. C.; SOUZA, A. C. A. (Org.). Terapia ocupacional: fundamentação e
prática. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 2007, p. 163-169.
RIBEIRO, M. B. S.; OLIVEIRA, L. R. Terapia ocupacional e saúde mental:
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<http://www.madres.org/asp/contenido.asp?clave=2919> Acesso em: 18 ago. 2009.
VALLADARES, A. C. A.; Reabilitação psicossocial através das oficinas terapêuticas
e/ou cooperativas sociais. Revista Eletrônica de Enfermagem, v. 5 n. 1, 2003.
Disponível em http:/www.fen.ufg.br/revista
VILLARES, C. C. Reabilitação psicossocial: o olhar de uma terapeuta ocupacional
usando lentes sistêmicas. Revista do Ceto. São Paulo, v.4, n. 4, p. 27-32, set. 1999.
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AGRADECIMENTOS
Agradecemos a todos que nos ajudaram a realizar tal artigo, incluindo
nossa orientadora, professora de metodologia, funcionários e amigos da faculdade e
familiares. Obrigada.
Autores:
Camila Brandão Torrezan – Graduanda em Terapia Ocupacional
[email protected] – fone: (18) 3652 4981
Cintia Viana do Prado – Graduanda em Terapia Ocupacional
[email protected] – fone: (14) 9119 6998
Daniele Costa Issa - Graduanda em Terapia Ocupacional
[email protected] – fone: (18) 9722 6534
Heloisa Camargo Said
[email protected] fone: (14) 9685 21 18
Orientador:
Renata Tunes Antoneli
[email protected] - fone: (14) 3523 1321
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