Breve introdução ao estudo da Astronomia Este pequeno texto pretende dar-te a conhecer alguns aspectos de uma das mais antigas ciências e despertar o teu interesse para a possibilidade de fazeres observações astronómicas, mesmo que não tenhas ao teu alcance nenhum instrumento científico. Esperemos que aquilo que vais ver ou aprender hoje, com ajuda da tua curiosidade, te levem a iniciar a descoberta do mundo maravilhoso da Astronomia. 1. O que é a Astronomia? Ciência cujas origens remontam à Pré-história, estuda a constituição, os movimentos, a evolução, os fenómenos e as posições relativas dos astros e, de uma forma geral, toda a matéria existente no Universo. É comum ser confundida com a Astrologia, pseudociência que diz conseguir adivinhar o futuro com base nos astros. Para aprenderes mais sobre estes assuntos existe Clubes e Associações de Astronomia, como a Associação Nacional de Observação Astronómica (ANOA) e na tua própria Escola o Núcleo de Astronomia Galileu Galilei (NAGG). 2. Como se podem distinguir as estrelas dos planetas? Ao observares o céu durante a noite vês inúmeras luzes, de diversos brilhos e cores, sendo-te difícil determinar os seus nomes e que tipo de astros são. Mas, apesar de tudo, conheces e identificas bem 2 astros: o Sol e a Lua. O Sol é uma estrela, pois produz a sua própria luz; já as outras estrelas, como estão muito longe, têm um brilho mais reduzido, são de diversas cores e a sua luz parece apagar e acender (isto é, cintilam). A Lua é um planeta secundário e, tal como os outros planetas, não produz luz (apenas reflectindo a luz do Sol, a que chamamos luar). Os outros planetas (pelo menos os mais próximos de nós) distinguem-se das estrelas porque não cintilam e têm grande luminosidade. Esta luminosidade dos diversos astros (ou simplesmente brilho) é designada por magnitude e ajuda-nos a distinguí-los; por exemplo a estrela Arcturo (Boieiro) tem - 0,06 e a Polar tem 2,1 de magnitude. 3. Como se podem distinguir os planetas? Os planetas mais próximos da Terra, que se podem ver usando apenas os olhos, são, além da Lua, Mercúrio, Vénus, Marte, Júpiter e Saturno. Para os poderes distinguir aqui fica um pequeno quadro. Planeta Mercúrio Vénus Marte Júpiter Saturno Cor Brilho (magnitude) Branca Branca Alaranjada Branca Branca Médio a reduzido Elevado (maior brilho) Médio Elevado (2º em brilho) Médio Observações Difícil de observar e apenas visível perto do nascer ou do pôr do Sol. Visível ao amanhecer ou entardecer. Tem fases como a Lua. Pode ser visível toda a noite. Está a ser bastante estudado. Pode ver-se toda a noite. Tem 4 satélites, visíveis até com binóculos. Pode ser visível toda a noite. Tem uns anéis inconfundíveis. 4. O que são constelações? Como se podem identificar? Os nossos antepassados que se dedicaram ao estudo dos astros tinham muita imaginação e, ao olhar para as estrelas, conseguiam ver desenhadas no céu muitas figuras da sua mitologia, como seres lendários, deuses e heróis. Hoje ainda usamos os nomes desses conjuntos de estrelas a que chamamos constelações. Mais tarde, durante as descobertas marítimas, foi possível observar o céu do hemisfério Sul e optou-se por dar sobretudo nomes de objectos de uso marítimo ou científico às novas constelações. Geralmente nos mapas celestes, como o aqui apresentado, é colocado o nome das constelações em latim. Já as estrelas podem ter um nome próprio ou ser representadas por uma letra do alfabeto grego seguida do nome da constelação (estrela Polar = Ursae Minoris). 5. Como se pode observar astros e fenómenos astronómicos? Que instrumentos posso usar? Para se fazer observações astronómicas não é necessário ter nenhum instrumento científico, pois usando apenas os olhos podes ver diversos planetas, as constelações, cometas, eclipses (quando forem do Sol deves primeiro proteger os olhos) e chuvas de estrelas. Contudo, se tiveres uns binóculos, uma luneta telescópica ou um telescópio, as tuas possibilidades de fazer observações aumentam consideravelmente, pois já poderás ver, entre outros, os anéis de Saturno, satélites de Júpiter, nebulosas, outras galáxias, estrelas duplas, a morfologia da Lua, as fases de Vénus ou até descobrir e dar nome a novos cometas ou asteróides…! 6. Quais os próximos fenómenos astronómicos visíveis no nosso país? São vários os fenómenos astronómicos visíveis nos próximos tempos em Portugal. No dia 21 de Dezembro de 2010 ocorrerá um eclipse total da Lua, cujo final será bem visível no nosso país. Depois, em 15 de Junho de 2011, haverá outro eclipse da Lua cuja fase final se verá nosso país, logo ao anoitecer. Outro fenómeno muito interessante de observar são as Chuvas de Estrelas, que ocorrem todos os anos na mesma data quando as órbitas da Terra e de um cometa se cruzam (ver tabela). Estes cometas, ao passarem nesse local, deixaram fragmentos rochosos no espaço que são então atraídos pela força da gravidade da Terra e, ao atravessarem a atmosfera a altas velocidades, ardem e deixam um rasto de luz. PRINCIPAIS CHUVAS DE METEOROS Nome Quadrântidas Virgínidas Líridas Aquáridas Eta Aquáridas Delta Perseidas Oriónidas Táuridas Leónidas Geminídeas Úrsidas Constelação de origem Boieiro Virgem Lira Aquário Aquário Perseu Oríon Touro Leão Gémeos Ursa Menor Data 3 de Janeiro 18 de Março 20 de Abril 5 de Maio 30 de Julho 12 de Agosto 21 de Outubro 4 de Novembro 17 de Novembro 13 de Dezembro 22 de Dezembro Nº máximo por hora 40 20 15 20 20 50 25 15 15 50 15 MAPA CELESTE: Céu às 22.30 horas em 26 de Novembro de 2010 em Leiria Para saberes mais (alguma bibliografia elementar) COTARDIÈRE, F. (1983) - Um Sol e nove planetas, Colecção “O Mundo no bolso”, Editorial Inquérito. COUPER, H. & HENBEST, N. (1992) - Atlas do Universo, Livraria Civilização Editora. FOREY, P. & FITZSIMONS, C. (1995) - Estrelas e Planetas, Colecção “Pequenos Guias da Natureza”, Plátano Edições. GIGLI, A. (1981) - O que contam as Estrelas, Colecção “Fazer para aprender”, Editorial Caminho. RAVALICO, E. (1978) - Segredos do Universo, 2ª Edição, Edições Paulistas. Núcleo de Astronomia Galileu Galilei (Escola Básica Dr. Correia Mateus) e Clube de Astronomia da Escola Básica D. Dinis