1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA ECONOMIA BRASILEIRA: SAGA BRASILEIRA Por: Jaqueline Pereira Mões Orientador Prof.ª Ana Claudia Morrisy Rio de Janeiro 2012 2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA ECONOMIA BRASILEIRA: SAGA BRASILEIRA Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Finanças e Gestão Corporativa. Por: Jaqueline Pereira Mões 3 AGRADECIMENTOS Aos mestres da AVM, através dos quais puder compreender e interpretar a área de finanças e aplicá-la no dia-adia do meu trabalho. 4 DEDICATÓRIA Aos meus Pais, Acácio e Elena, ao meu esposo que sempre me apoiaram. 5 RESUMO Falaremos nos capítulos a seguir, a importância da Economia na vida brasileira, um breve e objetivo histórico sobre as várias moedas e planos que antecederam o Real, focando na inflação e o que o brasileiro fez para conseguir driblar a crise. As pessoas não criaram o hábito de se planejar financeiramente, pois as escolas não ensinaram, assim como as famílias também não ensinaram e muito menos o governo, com isso eles são e continuam muitas vezes sendo analfabetos financeiros, se endividando constantemente e não sabendo como sair das dívidas que adquiriram. Como será que o Brasil vem combatendo a inflação e suas oscilações do mercado financeiro, no cenário sócio - econômico- cultural de um país vitorioso. O trabalho teve como base uma pesquisa bibliográfica, cujos livros foram escritos por autores de alta referência nos cursos de administração de empresas. 6 METODOLOGIA O que deu margem para o início deste trabalho monográfico foi com a leitura de livros de Economia, revistas, pesquisa em internet, e incentivada após a leitura do livro “A saga Brasileira” de Miriam Leitão. Aonde foi exposto todo um cenário de como começou a história da inflação, da economia brasileira, negociações e oscilações da moeda, seguido nos dias de hoje. 7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I A Ponderação dos Planos Econômicos e Inflação 9 CAPÍTULO II Nosso Vício, Desde Início 14 CAPÍTULO III Combate a Inflação 16 CAPITULO IV Atuação do Banco Central para evitar Riscos 19 CAPÍTULO V A Importância do SPB e o Risco Sistêmico 22 CAPÍTULO VI Definições de Risco Sistêmico Segundo o Comitê de Basiléia 24 CAPÍTULO VII Crises Financeiras Mundiais 28 CAPÍTULO VIII Crise Financeira na Europa 34 CONCLUSÃO 41 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42 BIBLIOGRAFIA CITADA 43 ÍNDICE 44 8 INTRODUÇÃO Segundo Miriam Leitão (2011) “A economia não é só, uma coisa que pertence aos empresários, aos economistas, ou aos grandes financistas e sim uma coisa que interfere diretamente na vida da gente”. A estabilização financeira, não se faz por decreto e sim pelo envolvimento da população, é contar com os brasileiros pela luta da estabilização da moeda ao exemplo do plano real onde os brasileiros estavam abertos a lutar e resolver ao combate a inflação. Até meados de 1990 o brasileiro estava acostumado com as elevadas taxas de inflação, cujos preços subiam quase que diariamente, com isso o brasileiro não criou hábitos de planejamento financeiro. Com a implantação do Plano Real no Brasil, em 1994, iniciou-se um processo de estabilização econômica, possibilitando assim que as pessoas passassem a consumir mais, porém devido à falta de hábito de planejar as finanças pessoais, a população brasileira se endividou. As pessoas endividadas, sem dinheiro para cumprir com os seus compromissos passaram a ter problemas de relacionamento pessoal e familiar. Após a estabilização financeira, as pessoas continuaram sendo analfabetas financeiras, pois as famílias, as escolas e o governo não ensinaram as crianças a se educarem financeiramente. Com a estabilização econômica também se tornou possível efetuar projeções quanto ao valor do dinheiro no futuro, assim aos poucos o planejamento financeiro familiar e pessoal passou a fazer parte da vida das pessoas brasileiras. 9 CAPITULO I A PONDERAÇÃO DOS PLANOS ECONÔMICOS E INFLAÇÃO. Os planos econômicos criados no Brasil, forma destinados a arrancar o país de crises imediatas. Foi assim no ciclo de pacotes anti-inflação da década de 80, nas colisões de juros que reagiram às grandes distúrbios internacionais na década de 1990 e até no segundo turno da eleição presidencial de 2002, quando a cotação do dólar chegou a atingir quatro reais. Em 1986, foi criado o plano cruzado, criado por Governo de José Sarney. No começo ele teve grande apoio populacional, até mesmo os opositores do governo começaram a apoiá-lo, porém os acontecimentos começaram a não dar certo, os preços concernentes da economia estavam desequilibrados, com isso, muitos produtores não puderam reajustar seus preços e acabaram perdendo rentabilidade no negócio ou, em alguns eventos, ficando com preços mais baixos que os custos o que levou à queda na qualidade de vários produtos, além do congelamento, que não permitiu que os preços que variam de acordo com a época do ano se ajustassem, o que levou ao desabastecimento de alguns bens e o surgimento da especulação para a compra de produtos como carne, leite e automóveis. Esses problemas todos ocorreram, pois as principais medidas desse plano eram o congelamento de preços de bens e serviços, reforma monetária, onde a moeda passou a ser chamado cruzado, congelamento dos salários, entre outras medidas que acabaram tornando esse plano econômico bastante desastroso, onde a inflação ao ano era 363%, onde levou os brasileiros da alegria a decepção. O fracasso desse plano econômico não deixou de gerir outros dois planos, o Plano Bresser e o Plano Verão, onde os dois estavam baseados em congelamentos e também não tiveram o fim desejado. O Plano Bresser foi criado para conter o déficit público, onde o Brasil gastava mais do que arrecadava, com isso a estratégia criada pelo governo de José Sarney, pelo ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser, foi o congelamento 10 dos preços, dos aluguéis e dos salários, além de desativar o reajuste dos salários pela inflação, aumentar os impostos e adiamento de obras de grande porte já planejadas, porém todas essas estratégias adotadas pelo Plano Bresser, não impediu que a inflação atingiu-se 366% em dezembro de 1987. O Plano Bresser foi substituído pelo Plano Verão, onde novamente promovia o congelamento de preços e salários, além da troca da moeda do Cruzado pelo Cruzado Novo, determinando assim o corte de três zeros na moeda. Esse Plano foi desastroso para quem possuía caderneta de poupança, pois as desajustou, já que foi criada uma lei que modificava o índice de rendimento da poupança, em que as perdas chegaram a 20,37%. Um dos priores planos econômicos que tivemos no Brasil, foi o plano Collor onde Fernando Collor de Mello, confiscou a poupança e a conta corrente das pessoas. Durante o governo de Collor de Mello, foi iniciado o processo para retenção da inflação, essas medidas econômicas introduzidas foram chamadas: Plano Collor, onde o objetivo era por fim a crise, ajustar a economia e elevar o país do terceiro para o Primeiro Mundo. Esse plano adotou medidas muito drásticas para acabar com o mostro da inflação no Brasil, no inicio do Plano Collor, a inflação foi diminuída porque o plano era ousado e radical, extraia o dinheiro de circulação, porém com a redução da inflação iniciava-se a maior recessão da história no Brasil, houve aumento de desemprego, muitas empresas fecharam as portas e a produção diminui consideravelmente. As empresas foram obrigadas a reduzirem a produção, jornada de trabalho e salários, ou demitir funcionários. O Produto Interno Bruto diminui de US$ 453 bilhões em 1989 para US$ 433 bilhões em 1990. A era Collor deixou consequências na vida das pessoas, pois houve aumento do desemprego, retenção de poupanças, redução de salários, porém apesar das medidas drásticas adotadas por esse governo, foi esse plano que deu início à atualização da economia e à modernização da indústria e comércio no Brasil. Ele é o responsável pela inclusão do Brasil no plano mundial. O ano de 1992 foi marcado pela ação da CPI do caso PC; Denúncias de corrupção e de tráfico de influências acabando aos poucos com o poder do presidente, com as crescentes denúncias de corrupção, acabaram por causar impeachment do presidente Collor. 11 O programa de estabilização econômica foi divulgado em 1993, e ele tinha duas diretrizes principais: o equilíbrio orçamentário e a criação da Unidade Real de Valor (URV). A URV serviu como transição para a introdução de uma nova moeda. O Real foi introduzido no Brasil em junho de 1994. As medidas do plano Real interferiram diretamente da vida das pessoas, foi mudança na unidade monetária, conversão de todos os contratos pré-fixados em URV para Reais e limitações da correção monetária. O Plano Real foi um pacote econômico, sem os erros dos pacotes anteriores, o Plano Real acabou com o reajuste da economia brasileira, liberou o Brasil do vício da "correção monetária" e abriu caminho para a estabilização, Conforme OLIVEIRA, PIRES, SANTOS (p. 123) a política de sobrevalorização adotada após o Plano Real foi um artifício eficaz para a abertura da economia. Segundo OLIVEIRA, PIRES, SANTOS (p. 99), as mudanças monetárias refletiram o fracasso de vários planos econômicos de controlar a inflação. Quando instalado o processo inflacionário, que foi o foco dos Planos Econômicos criados no Brasil, eles foram de difícil controle, eles funcionavam como um círculo vicioso, obrigando o governo à realização de reajustes periódicos de preços e salários, ocorrendo assim o agravamento da situação no país. Conforme OLIVEIRA, PIRES, SANTOS, 2005, a inflação é um aumento no nível geral de preços, ou seja, a inflação representa o aumento dos preços dos produtos num determinado país ou região, durante um período, onde num processo inflacionário o poder de compra da moeda cai, entre as causa da inflação estão, a emissão exagerada e descontrolada de dinheiro por parte do governo, aumento do consumo maior do que a capacidade de produção do país, além do aumento dos custos de produção dos produtos, no Brasil a inflação é medida por vários índices, que segundo OLIVEIRA, PIRES, SANTOS, 2005, índice de preços é uma medida do custo de uma cesta de bens e serviços expressa em porcentagem do custo da cesta em um ano-base. Para medir quanto os preços aumentaram os economistas utilizam índices de preços, segundo WESSELS, 2003, e eles são medidos por vários órgãos especializados, entre eles como, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a FGV e a FIPE. A inflação no Brasil levou à criação de muitos índices diferentes, para avaliar a inflação e corrigir a desvalorização da moeda, 12 atualmente os índices principais é, o IPC FIPE (Índice de Preços ao Consumidor), IGP-M (Índice Geral dos Preços do Mercado), IPC (Índice de Preços ao Consumidor), IPA (Índice de Preços no Atacado), INCC (Índice Nacional do Custo da Construção), IGP-DI (Índice Geral de Preços), INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Ampliado), ICV (Índice do Custo de Vida), ICVM (Índice do Custo de Vida da Classe Média). 1.1 Conceituar dinheiro, educação financeira e fornecer justificativa. Para praticar a gestão das finanças pessoais e governamentais o conceito de dinheiro pode ser definido com um elemento de troca, pois sem o dinheiro estaríamos andando de um lado para outro, procurando alguém para fazer uma troca direta, ela pode ser na forma de moeda, papel e plástico, utilizado na compra de bens, serviços, força de trabalho e nas transações financeiras, ele é controlado e emitido por cada país, onde somente o próprio país pode emiti-lo e fixar o seu valor, ele também é usado como unidade de conta, a unidade com que medimos o valor das coisas. O dinheiro é também uma forma de guardar um valor para o futuro. Desta forma, por exemplo, podemos guardar dinheiro para comprar um bem de alto valor no futuro. A aceitação generalizada do dinheiro como meio de pagamento é um fator indispensável para o funcionamento dos mercados. Sem a existência do dinheiro e do seu consentimento por todos os agentes econômicos, seria extremamente difícil a troca de produtos e serviços, além de simplificar em muito a vida econômica. Muitos fatos ocorreram, mudaram em termos de planejamento financeiro pessoal desde o lançamento do Plano Real. Mas ainda falta no brasileiro o hábito do planejamento de uma forma geral e, no particular, do planejamento financeiro visando à formação de uma poupança financeira. Antes da era Collor os brasileiros já estavam acostumados a não fazerem planejamentos financeiros, com a redução de dinheiro nas mãos dos 13 brasileiros, essa falta de planejamento aumentou, e com isso o agravamentos das dívidas pessoais aumentaram em muito nessa época. Com a estabilidade econômica, o salário do trabalhador de classe média ganhou poder de compra e a inflação controlada favoreceu os planos de compra de bens, como carros, ou mesmo a casa própria. Até meados de 1990 os brasileiros estavam acostumados com as elevadas taxas de inflação, cujos preços subiam quase que diariamente, com isso os brasileiros não criaram hábitos de planejamentos financeiros. Com a implantação do Plano Real no Brasil em 1994, iniciou-se um processo de estabilização econômica, possibilitando assim que as pessoas passassem a consumir mais através das grandes facilidades encontradas, o que gerou grandes endividamentos, causando uma epidemia de dívidas por não terem educação financeira, não sabendo assim fazer planejamento financeiro pessoal nem familiar. Através da estabilização econômica, também se tornou possível efetuar estimativas quanto ao valor do dinheiro no futuro, assim aos poucos o planejamento financeiro, familiar e pessoal passou a fazer parte da vida dos brasileiros. Para sairmos da corrida dos ratos devemos tentar equilibrar os gastos e investir em algo que faça nosso dinheiro trabalhar por nós, gerando assim lucro. (...) A classe média se encontra em um estado de constantes dificuldades financeiras. Sua renda principal é gerada por salários e quando seus salários aumentam os impostos também aumentam. Suas despesas tendem a crescer, no mesmo montante de seus salários, daí a expressão “corrida dos ratos”. (KIYOSAKI, 2005). 14 CAPITULO II NOSSO VÍCIO, DESDE INÍCIO Segundo o livro “Saga Brasileira” de Miriam Leitão, durante quase todo século XX a inflação subiu. Como o vírus traiçoeiro que se infiltra e se esconde e confunde para melhor crescer e dominar. Às vezes, parecia ceder: pequenas quedas e depois novas escaladas. Alguns combatiam, outros desfaziam. O país teve várias atitudes diante desse desconforto. Até que ele deixou de ser apenas um desconforto para ser a mais perigosa ameaça econômica enfrentada pelos pais em sua história republicana. Se recuarmos mais na história a tendência será concluir que a inflação é velha como o Brasil D. João VI cunhando moedas para financiar gasto da Corte que desembarcou em crise; D. Pedro fabricando dinheiro para financiar a Independência proclamada na penúria foram fatos fundadores da velha sina do tormento monetário. A República produziu ao nascer uma crise inflacionária que o país jamais esqueceria: o encilhamento. O primeiro ministro da Fazenda, Rui Barbosa, permitiu o aumento descontrolado da emissão de moeda. O trabalho assalariado exigia mais dinheiro em circulação. Chegavam imigrantes. A nova ordem política tinha pressa. A convicção era de que melhor seria soltar os cavalos de corrida para o sucesso republicano. Uma proposta que já tinha sido considerada no Império foi adotada com radicalismo que o momento incentivava. Vários bancos ganharam direito de emissão monetária. Muito dinheiro circulando produziu euforia na Bolsa, fortunas instantâneas se formaram, explodiu a especulação financeira. Nas ruas da Alfândega e Candelária no Rio todos negociavam freneticamente. Parecia maravilhoso até que a bolha estourou em crise, falência e altíssima inflação. Isso marcaria os primeiros anos do novo regime. A República começou a produzindo uma crise inflacionária e completou 100 anos, no alvorecer da redemocratização, na pior crise inflacionária de sua história. No meio houve tréguas, soluções temporárias, e depois descuidos que nos levaram às velhas armadilhas. 15 Nesses 100 anos do encilhamento à hiperinflação o país aprendeu dolorosamente, a lição de que a ordem monetária é a única base do progresso duradouro. 16 CAPÍTULO III COMBATE A INFLAÇÃO Se formos procurar quais são os remédios que estão à disposição para o combate à inflação, iremos encontrar quatro fórmulas diferentes, que, por sua vez, refletem quatro Escolas de Pensamentos diferentes: Monetarismo, Keynesianismo, Institusionalismo e Marxismo. A primeira e mais antiga, forma de combate é o Monetarismo (roupagem moderna das Teorias de Adams Smiths e seus sucessores), segundo o qual basta controlar a quantidade de dinheiro em circulação (o dinheiro saldo no Banco) que a inflação desaparece. A segunda da época do crack de 1929 preconiza a redução dos gastos públicos, o aumento dos impostos e a intervenção do Estado na Economia e na sociedade, em total oposição ao monetarismo. Entretanto, em rigor, Keynes não chegou a considerar a inflação em sues estudos. Segundo Galbraith, (9, p.20): Keynes se preocupava com o desemprego e a depressão. Praticamente, ele não se preocupava com a inflação, a qual, nos anos em que fez a sua maior contribuição, não causava nenhum problema. Seu sistema não aborda inflação. E já que a inflação tem sido problema central dos países industrializados há uma década ou mais, qualquer análise econômica que não aborde efetivamente esta questão, pode com toda justiça ser considerada obsoleta. Como primeira tentativa como explanação de nossas atuais dificuldades, especialmente nos EUA, pode-se dizer que somos governados por pessoas que adotaram as ideias de Keynes, mas que não foram muito além. Por coseguintes, nossos dirigentes não tem nenhum remédio para inflação. Acho o sistema neoclássico e keynessiano devem ser remedandos, embora estes remendos, não devam ser pequenos. Os livros-textos tradicionais devem ser postos de lado. E, igualmente, homens e mulheres acomodados, que acreditam que uma repartição pública ligados à economia. Pode ser um recanto de paz e descanso, um lugar para viver com antigas verdades. 17 Esses dois remédios convencionais para inflação, são, na prática, implementados através das Políticas Monetárias (monetarista) e Fiscal (Keynesiana). 18 3.1 Política Monetária Abolição de todos os controles governamentais tais como salário mínimo, câmbio oficial e tabelamentos, tanto dos juros como dos preços; não permitir que a moeda em circulação cresça mais de 5% ao ano. O controle da moeda é exercido por três instrumentos: • Redescontos Bancário: Quando o Banco central empresta sob garantia aos Bancos, a uma dada taxa de juros; • Depósito Compulsórios (encaixe legal ou recolhimentos obrigatórios), onde os bancos são obrigados a recolher para o Banco Central 28 a 50% (Dependendo do porte do Banco) os depósitos feitos pelo seus clientes; • Operação de Open-Market, o governo vende ou compra títulos (papéis) da dívida pública. 3.2 Política Fiscal Aumento dos impostos para reduzir as vendas e baixar a produção; redução de gastos do governo (diminuição ou paralisação das obras públicas dispensa de funcionários públicos, etc...). 3.3 Objetivo da Política Monetária Assegurar: Nível de Emprego; Crescimento Econômico (Desenvolvimento) Estabilidade de Preços Estabilidade da taxa de juros Estabilidade Mercado Financeiro (Mercado Atrativo) Estabilidade Câmbio 19 CAPÍTULO IV ATUAÇÃO DO BANCO CENTRAL PARA EVITAR RISCOS O Banco Central do Brasil tem como missão institucional a estabilidade do poder de compra da moeda e a solidez do sistema financeiro. No que diz respeito ao sistema de pagamentos, nos termos da Resolução 2.882, cumpre-lhe atuar no sentido de promover sua solidez, normal funcionamento e contínuo aperfeiçoamento. Para funcionamento, os sistemas de liquidação estão sujeitos à autorização e à supervisão do Banco Central do Brasil, inclusive aqueles que liquidam operações com títulos, valores mobiliários, moeda estrangeira e derivativos financeiros. Os sistemas que liquidam operações com títulos e valores mobiliários estão sujeitos também à autorização da CVM, competindo ao Banco Central do Brasil, nesse caso, com exclusividade, a análise dos aspectos relacionados com o controle do risco sistêmico. Os sistemas que liquidam títulos públicos e títulos emitidos por bancos estão sujeitos à supervisão exclusiva do Banco Central do Brasil. Como previsto na Lei 10.214, compete também à instituição à definição de quais são os sistemas de liquidação sistemicamente importantes. O Banco Central do Brasil é também provedor de serviços de liquidação nesse papel ele opera o Sistema de Transferências de Reservas (STR) e o Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic), respectivamente um sistema de transferência de fundos e um sistema de liquidação de operações com títulos públicos. Para operacionalização de algumas de suas atribuições, o Banco Central do Brasil oferece contas denominadas “reservas bancárias”, à vista exceto cooperativas de créditos, e opcional para os bancos de investimentos, bancos de câmbio e bancos múltiplos sem carteira comercial. Por intermédio dessas contas, as instituições financeiras cumprem os recolhimentos compulsórios/ encaixes obrigatórios sobre recursos à vista, sendo que elas 20 funcionam também como contas de liquidação. Cada instituição é titular de uma única conta, centralizada, identificada por um código numérico. No Brasil, por disposição legal, uma instituição bancária não pode manter conta em outra instituição bancária. Por isso exceto aqueles efetuados em espécie e os que se completam no ambiente de um único banco, isto é, quando o pagador e o recebedor são clientes do mesmo banco, todos os pagamentos têm liquidação final nas contas de reservas bancárias. Por determinação constitucional, o Banco Central do Brasil é o único depositário das disponibilidades do Tesouro Nacional. Também as entidades operadoras de sistemas de liquidação defasada, se considerados sistemicamente importantes, são obrigadas a manter conta no BACEN, para liquidação dos resultados líquidos por elas apurados. O BACEN é um órgão responsável pela execução de normas que regulam o Sistema Financeiro Nacional (SFN). Suas atribuições são agir como: Bancos dos Bancos, Gestor do SFN, Executor da Política Monetária, Banco Emissor e Banqueiro do Governo. Na função “Banco dos Bancos”, o BACEN, recebe depósitos (reservas) dos bancos, é pretamista de última instância. Regula, monitora e fornece sistema de transferência de fundos e de liquidações de obrigações. Na sua relação com as instituições financeiras, o BACEN presta serviço e realiza operações tais como: a) Manter contas nas quais são depositadas as reservas voluntárias e compulsórias do sistema bancário (Contas de Resevas Bancárias); b) Fornecer crédito a instituições com necessidade transitória de liquidez; c) Intervir, em casos de problemas maiores, como prestamista de ultimam instância; d) Administrar câmaras de compensação; e. e) Supervisionar e gerir sistema de pagamentos. Pela resolução 2.882, de 30/08/2001, do CMN, BCB deve promover a solidez, o normal funcionamento e o contínuo aperfeiçoamento do sistema de pagamentos. O funcionamento dos sistemas de liquidação está sujeito à 21 autorização e à supervisão do BCB, inclusive aqueles que liquidam operações com títulos, valores mobiliários, moeda estrangeira e transferência de fundos. O sistema que liquida operações com valores mobiliários (CVM), caso em que compete ao BCB, com exclusividade, a análise dos aspectos relacionados ao controle do risco sistêmico. Como previsto na Lei 10.214/01, compete também ao BCB definir quais os sistemas de liquidação sistemicamente importantes. O BCB, além de responsável pela regulamentação e pela supervisão dos sistemas de liquidação, é também provedor de serviços de transferência de fundos e de liquidação de obrigações, operando o STR e o Selic. 22 CAPÍTULO V A IMPORTÂNCIA DO SPB E O RISCO SISTÊMICO Até meados dos anos 90, as mudanças no Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) foram motivadas pela necessidade de se lidar com altas taxas de inflação e, por isso, o progresso tecnológico então alcançado visou principalmente o aumento da velocidade de processamento das transações financeiras. Na reforma conduzida pelo Banco Central do Brasil em 2001 e 2002, o foco foi redirecionado para a administração de riscos. Nessa linha, a entrada em funcionamento do Sistema de Transferência de Reservas (STR), em 22 de abril daquele ano, marca o início de uma nova fase do SPB. Com esse sistema, de principal importância, operado pelo Banco Central do Brasil, o Pais ingressou no grupo de países em que transferência de fundos interbancários podem ser liquidados em tempo real, em caráter irrevogável e incondicional. Esse fato, por si só, possibilita redução dos riscos de liquidação nas operações interbancárias, com consequente redução também no risco sistêmico, isto é, o risco de que quebra de um banco provoque quebra em cadeia de outros bancos, no chamado “efeito dominó”. Outra alteração importante ocorreu no regime de operação das contas de reservas bancárias. A partir de 24 de junho de 2002, depois de observada uma regra de transição, qualquer transferência de fundos entre contas da espécie, passou a ser condicionada à existência de saldo suficiente de recursos na conta do participante emitente da correspondente ordem. Com isso houve significativa redução de risco de crédito incorrido pelo Banco Central do Brasil. A liquidação em tempo real, operação por operação, a partir de 22 de abril de 2002, passou a ser utilizada também nas operações com títulos públicos federais no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia – Selic, o que se tornou possível com a interconexão entre sistema e o STR. A liquidação dessas operações agora observa o chamado modelo de entrega contra pagamento. 23 A reforma de 2002, entretanto, foi além da implantação do STR e da alteração do modus operandi do Selic. Para redução de riscos sistêmica, que era o objetivo maior da reforma, foram igualmente importantes algumas alterações legais. Nesse sentido, a Lei 10.2143, de março de 2001, reconheceu a compensação multilateral nos sistemas de compensação e de liquidação e estabeleceu que, em todo sistema de compensação multilateral considerado sistemicamente importante, a correspondente entidade de todas as operações cursadas. Todas essas alterações tiveram o propósito de fortalecer o sistema financeiro, dando, assim, continuidade à reestruturação iniciada, em 1995, com o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional – Proer e mais adiante, com o Programa de Incentivo à Redução da Participação do Setor Público Estadual na Atividade Bancária – Proer. Com início do processo o foco esteve direcionado para o fortalecimento das instituições financeiras, via fusões e transferências de controle, e para redução da presença do setor público na atividade bancária. Mais recentemente, o Banco Central do Brasil tem procurado atuar de forma mais intensiva também no sentido de promover o desenvolvimento dos sistemas de pagamentos de varejo, visando, sobretudo, ganhos de eficiência relacionados, por exemplo, com maior uso de instrumentos eletrônicos de pagamentos, com a melhor utilização das redes de máquinas de atendimento automático (ATM) e de transferências de crédito a partir do ponto de venda (PDV), bem como com a maior integração entre os pertinentes sistemas de compensação e de liquidação. 24 CAPÍTULO VI DEFINIÇÕES DE RISCO SISTÊMICO, SEGUNDO O COMITÊ DA BASILÉIA O Comitê de Bancos da Basiléia definiu risco sistêmico como sendo aquele em que a inadimplência de uma instituição para honrar seus compromissos contratuais pode gerar uma reação em cadeia, atingindo grande parte do sistema financeiro. Esta definição pressupõe elevada exposição direta entre as instituições, de modo que a falência de qualquer uma instituição desencadeie um “efeito cascata” sobre o sistema. A “estratégia” do Comitê da Basiléia responde a percepção de obsolescência da regulação prudencial definida em reação à grande depressão da década de 1930. As principais características da crise financeira de 1931 a 1933 nos Estados Unidos foram às corridas aos bancos que paralisaram o sistema bancário do país, levando a uma sucessão de falências e feriados bancários. O resultado da interrupção do funcionamento do sistema bancário foi a paralisia da economia como um todo, dada a importância do uso de depósitos bancários como meio de pagamentos. Na impossibilidade de acesso adequado a esses meios de pagamentos, uma economia moderna não pode funcionar. A expansão da área geográfica de operação das instituições bancárias, concomitantemente ao processo de desregulamentação financeira característico das décadas de 1970 e 1980, criou um vácuo em termos de regulação e supervisão financeiras, funções tradicionalmente exercidas por estados nacionais em sua jurisdição. No início da década de 1980, consolidouse a percepção de que bancos de atuação internacional, sujeitos a diferentes aparatos regulatórios em seus países de origem, poderiam estar usufruindo de vantagens competitivas devidas, exatamente a diferença de regras a que cada grupo nacional estaria submetido. Mais particularmente, bancos sediados nos Estados Unidos apontavam a existência de vantagens a favor de bancos europeus e asiáticos não a uma superior capacidade de competição, mas a menores custos de enquadramento e obediência à regulação financeira. 25 O Comitê da Basiléia para Supervisão Bancária não é propriamente uma instituição, nem tampouco um fórum internacional oficial. O Comitê é uma instância de discussão e coordenação informais entre reguladores bancários, originalmente apenas de países mais avançados. O Comitê é patrocinado pelo Banco de Compensação Internacional (BIS), o que significa que o BIS é responsável por sua secretaria e pelos meios materiais necessários ao seu funcionamento. Assim, para que as sugestões do Comitê se transformem em regulação financeira efetiva é preciso que cada país se decida adotá-las, mas tendo a liberdade não apenas de recusá-las, como também de adaptá-las da forma que cada regulador nacional julgar conveniente. 26 6.1 O primeiro Acordo de Basiléia (conhecido como Basiléia I), em 1988 A emenda de 1996, com a formulação dos 25 Princípios Nucleares de Supervisão Bancária e, mais recentemente, o segundo Acordo de Basiléia, em 2004. 6.2 O segundo Acordo de Basiléia (conhecido como a Basiléia II), em 2004 Este acordo ainda estava em implementação em muitos países quando se iniciou, em 2007, a recente crise financeira, que ainda persiste em diferentes formas. A princípio vista como apenas mais um episódio da instabilidade que periodicamente afeta mercados financeiros, sua gravidade foi subestimada por algum tempo. O processo de pânico e instabilidade financeira que se seguiu mostrou ao Comitê de Basiléia que ajustes teriam de ser feitos no Acordo de 2004. A necessidade de ajustes se deveu a que, embora o acordo ainda estivesse em implantação mesmo em economias mais avançadas, um dos seus principais pilares era diretamente inspirado no que era então visto como as “melhores práticas” do setor financeiro privado. Essas melhores práticas, porém, não tinham sido capazes de evitar a derrocada do sistema, detida, afinal pela intervenção maciça das autoridades monetárias e dos Tesouros Nacionais. 27 6.3 O Terceiro Acordo de Basiléia (conhecido como Basiléia III), em 2008 Ainda em 2008, o G-20, agrupamento de países avançados e emergentes, despontou do anonimato para assumir a função de principal fórum de coordenação de políticas e estratégias entre países considerados “sistemicamente importantes”. O Comitê passou a reexaminar suas propostas contidas tanto no Acordo de 2004, quando algumas medidas a ele posteriores, tendo sido determinado, pelo G-20, que suas conclusões deveriam ser apresentadas ao final de 2010, na reunião dos chefes de estado realizada em Seul, República da Coréia um. São exatamente essas conclusões, as propostas de mudança efetiva, que são conhecidas como a Basiléia III. 28 CAPÍTULO VII CRISES FINANCEIRAS MUNDIAIS O atual movimento das bolsas de valores, que vêm despencando nos últimos meses, é resultado da crise nos mercados de crédito mundiais. A preocupação com a viabilidade das hipotecas de alto risco nos Estados Unidos – as chamadas subprimes – se espalhou pelo sistema financeiro, e os bancos centrais foram obrigados a investir bilhões de dólares para garantir que os bancos mantivessem a capacidade de emprestar. Mas o que ocorreu em crises financeiras passadas, e quais as lições podem ser aplicada na atual? Segundo o Fundo Monetário Internacional, houve uma série de crises financeiras no mundo. A globalização aumentou a frequência e o alcance das crises financeiras, mas não necessariamente sua severidade. A intervenção dos bancos centrais no início da crise é mais efetiva para limitar o alcance do que quando a crise já em andamento. É difícil prever – em meio à crise financeira – se ela terá consequências econômicas mais amplas. Reguladoras normalmente não conseguem acompanhar o ritmo das inovações financeiras que podem deflagrar a crise. No fim dos anos 90, os mercados foram iludidos pelo crescimento de empresas de internet como Amazon e AOL, que pareciam anunciar uma nova era para economia. O preço das ações destas empresas disparou quando houve foram lançadas na nova bolsa de valores a Nasdaq, que compôs um índice especial formado apenas por indústrias de tecnologia, apesar de apenas poucas delas terem apresentado algum lucro. O ápice ocorreu quando a AOL comprou a empresa de mídia Time Warner por quase US$ 200 bilhões em janeiro de 2000, mas em março do mesmo ano, a bolha estourou e em outubro o índice Nasdaq havia acumulado queda de 78%. A queda teve ampla repercussão, com redução de investimentos e desaceleração da economia americana no ano seguinte um processo exacerbado pelos atentados de 11 de setembro que levaram ao fechamento temporário os mercados financeiros. Mas o Federal Reserve, o 29 Banco Central Americano, cortou gradualmente as taxas de juros ao longo de 2001, baixando-as de 6,25% ao ano para 1%, para estimular o crescimento econômico. O colapso do fundo de investimentos Long-Term Capital Management (LTCM) ocorreu na fase final da crise mundial que começou na Ásia, em 1997 e acabou atingindo a Rússia e o Brasil em 1998. O LTCM era um dos maiores fundos de hedge do mundo, criado pelos vencedores do Prêmio Nobel de Economia, Myron Scholes e Robert Merton. Os economistas acreditavam que, à longo prazo, as diversas taxas de juros de títulos de governos de diferentes países iriam convergir e o fundo negociava na pequena diferença existente entre taxas. Mas quando a Rússia não honrou o pagamento de seus títulos em 1998, os investidores fugiram de outros papéis governamentais, procurado refúgio nos seguintes títulos do governo americano, e a diferença entre taxas de juros dos títulos aumentou rapidamente. O LTCM, que havia pego muito dinheiro emprestado com outras empresas, estava prestes a perder bilhões de dólares e para liquidar suas posições teria que vender títulos do tesouro dos Estados Unidos, derrubando os mercados de crédito americanos e forçando o aumento das taxas de juros. Então, o Fed decidiu que era necessário intervir no mercado. A instituição convocou os principais bancos americanos, muitos dos quais haviam investido no LTCM, e convenceu-os a colocar US$ 3,65 bilhões para salvar a empresa do iminente colapso. O próprio Fed fez um corte emergencial de juros em Outubro de 1998 e os mercados voltaram logo à estabilidade. O LTCM foi liquidado em 2000. 30 7.1 A queda de 1987 Os mercados americanos sofreram sua maior queda em um único dia em tempos de paz no dia 19 de outubro de 1987, quando o índice Dow Jones da Bolsa de Nova Iorque, sofreu quede 22%, arrastando os mercados da Europa e do Japão. A disseminação da crença de que informações privilegiadas e a compra de empresas com dinheiro emprestado estavam dominando os mercados, enquanto a economia americana estava entrando em desaceleração, acabou provocando a crise e gerando grandes prejuízos. Também havia preocupação quanto a cotação do dólar, que vinha caindo nos mercados internacionais. Os temores aumentaram quando a Alemanha aumentou a taxa de juros, elevando o valor de sua moeda. O sistema eletrônico de compra e venda de ações, recentemente introduzido, exacerbou ainda mais as quedas nos mercados, já que as ordens de compra e venda passaram a ser executadas imediatamente. A preocupação de que os grandes bancos poderiam quebrar levou o Fed e outros bancos centrais a cortar radicalmente as taxas de juros. Também foram introduzidos dispositivos de segurança que interrompiam automaticamente os pregões quando os mercados alcançavam determinado patamar de queda, permitindo as autoridades suspender o comércio de ações por curtos períodos. A quebra pareceu ter pouco efeito direto sobre a economia e os mercados se recuperaram rapidamente. Mas, taxas de juros mais baixas, principalmente na Grã-Bretanha, podem ter contribuído para a bolha do mercado imobiliário de 1988-89 e para as pressões sobre a libra esterlina que levaram à desvalorização em 1992. A quebra também mostrou que os mercados globais agora estão proximamente ligados, e que mudanças na política econômica de um podem afetar outros. As leis sobre informações privilegiadas também foram endurecidas nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha. 31 7.2 Escândalo americano no setor de poupança e empréstimos, 1985 Instituições de poupança e empréstimos eram bancos locais que emprestavam dinheiro com garantia de hipotecas e aceitavam depósitos de investidores, semelhantes às empresas de crédito imobiliário no Brasil. Com a desregulamentação financeira dos anos 80, elas foram autorizadas a realizar transações financeiras mais complexas competindo com os grandes bancos comerciais. Em1985, muitas dessas instituições estavam à beira da falência, e os consumidores começaram a retirar seu dinheiro. O governo americano garantiu muitos dos depósitos individuais nas instituições de poupança e empréstimos, e por conta disso teve grande responsabilidade financeira quando elas quebraram. O governo criou uma empresa para assumir o controle e vender o máximo possível de ativos desses pequenos bancos falidos, como imóveis de devedores, por exemplo. O custo da operação-resgate chegou a US$ 150 bilhões, mas a crise, provavelmente, fortaleceu os grandes bancos ao diminuir a concorrência representada pelos pequenos, e abriu o caminho para a onda de fusões e consolidações no setor bancário dos anos 90. 32 7.3 A Quebra de 1929 A quebra de Wall Street em 1929, a “quinta-feira negra”, foi um evento que levou a economia americana e global a despencar, contribuindo para a Grande Depressão dos anos 30. Depois de um imenso crescimento especulativo no fim dos anos 20, baseado parcialmente no surgimento de novas indústrias, como o rádio e a automobilística, as ações caíram 13% na quinta-feira, dia 24 de outubro. Apesar dos esforços das autoridades do mercado de ações para estabilizar o mercado, os papéis caíram mais 11% na terça-feira seguinte, 29 de Outubro. Quando o mercado chegou ao fundo do poço, em 1932, as ações tinham perdido 90% de seu valor. Foram necessários 25 anos para que Dow Jones recuperasse o nível de 1929. O efeito na economia formal foi severo, já que a aquisição ampla de ações entre a população fez com que o prejuízo atingisse um grande setor da classe média, que perdeu a capacidade de consumo. Os consumidores deixaram de comprar carros e casas, enquanto as adiaram seus investimentos e fecharam fábricas. Em 1932, a economia americana tinha diminuído pela metade e um terço da força de trabalho estava desempregada. Todo o sistema financeiro americano também entrou em colapso, com o fechamento do sistema bancário, em Março de 1933, quando o novo presidente Franklin Roosevelt assumiu o governo e lançou o New Deal – uma série de programas implementados para recuperar e reformar a economia e assistir os prejudicados pela crise. Muitos economistas, de direita e de esquerda, criticaram as respostas das autoridades, considerando-as inadequadas. O Banco Central americano aumentou a taxa de juros para proteger a cotação do dólar e preservar o valor do outro, enquanto o governo elevou impostos o que gerou superávit orçamentário. As medidas do New Deal aliviaram alguns dos piores problemas da Depressão, mas a economia americana só foi se recuperar totalmente na Segunda Guerra Mundial, quando os gastos militares maciços eliminaram o desemprego e impulsionaram o crescimento. 33 7.4 Overend and Guerney, 1866; Barings, 1890 A quebra de um importante banco de Londres, em 1866 levou a uma mudança chave no papel dos bancos centrais na administração de crises financeiras. Overend and Guerney era um banco de descontos que oferecia empréstimos a bancos comerciais e bancos de correntistas em Londres, na época, o centro financeiro mundial. Quando a instituição teve a falência decretada em maio de 1866, muitos bancos menores não conseguiram obter recursos e acabaram quebrando, apesar de continuarem honrando seus compromissos. Como resultado, reformadores como Walter Begehot defenderam um novo papel para o Banco da Inglaterra como “emprestador de último recurso” para garantir a liquidez ( dinheiro disponível) ao sistema financeiro crises, em uma tentativa de evitar que a quebra de um banco afetasse outros. A nova doutrina foi implementada em 1890, quando um dos principais bancos britânicos - Barings – teve os grandes prejuízos realizados em investimentos na Argentina cobertos pelo Banco da Inglaterra para evitar um colapso sistemático dos sistemas bancários britânicos. Em novembro de 1890, negociações secretas entre o Banco da Inglaterra e financistas de Londres levaram à criação de um fundo de resgate de 18 milhões de libras esterlinas, antes que a extensão do prejuízo do Barings fosse conhecida publicamente. Os banqueiros ainda organizaram um comitê para renegociar os grandes débitos da Argentina, mas a crise bancária se alastrou e os empréstimos para o país secaram por uma década. 34 CAPÍTULO VIII CRISE FINANCEIRA NA EUROPA A Europa, sempre lembrada como uma região de altíssimo desenvolvimento econômico e bem-estar social, agora tem sua imagem associada a turbulências de mercado. Entenda como o descontrole das contas públicas e as particularidades políticas do continente conduziram a zona do euro uma crise financeira que levará anos para ser totalmente superada. A formatação de uma crise financeira na zona do euro deu-se, fundamentalmente por problemas fiscais. Alguns países, como a Grécia, gastaram mais dinheiro do que conseguiram arrecadar por meio de impostos nos últimos anos. Para se financiar, passaram a acumular dívidas. Assim, a relação do endividamento sobre o PIB de muitas nações do continente ultrapassou significativamente o limite de 60% estabelecido no Tratado de Maastricht, de 1992, que criou a zona do euro. No caso da economia grega, exemplo mais grave de descontrole das contas públicas, a razão dívida/PIB é mais que o dobro deste limite. A desconfiança de que os governos da região teriam dificuldade para honrar suas dívidas fez com que os investidores passassem a temer possuir ações, bem como títulos públicos e privados europeus. Os primeiros temores remota 2007 quando existiam suspeitas de que o mercado imobiliário dos Estados Unidos vivia uma bolha. Temia-se que bancos americanos e também europeus possuíam ativos altamente arriscados, lastreados em hipotecas de baixa qualidade. A crise de 2008 confirmou as suspeitas e levou os governos a injetarem trilhões de dólares nas economias dos países mais afetados. No caso da Europa, a iniciativa agravou os déficits nacionais, já muito elevados. Em fevereiro de 2010, uma reportagem do The New York Times revelou que a Grécia teria fechado acordos com o banco Goldman Sachs com o objetivo de esconder parte de sua dívida pública. A notícia levou a Comissão Europeia a investigar o assunto e desencadeou uma onda de desconfiança nos mercados. O clima de pessimismo foi agravado em 35 abril pelo rebaixamento, por parte das agências de classificação de risco, das notas dos títulos soberanos de Grécia, Espanha e Portugal. Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha – que formam o chamado grupo dos PIIGS – são os que se encontram em posição mais delicada dentro da zona do euro, pois foram os que atuaram de forma mais indisciplicinada nos gastos públicos e se endividaram excessivamente. Além de possuírem elevada relação dívida/PIB, estes países possuem pesados déficits orçamentários ante o tamanho de suas economias. Apesar de ter um órgão responsável pela política monetária, o Banco Central Europeu (BCE), que estabelece metas de inflação e controla a emissão de euros, a União Europeia não dispõe de uma instituição única que monitora e regula os gastos públicos dos 16 países-membro. Dessa maneira, demora a descobrir os desleixos governamentais e, quando isso acontece, inexistem mecanismos austeros de punição. Em 1999, os países da região encerraram um ciclo de discussões chamado Pacto de Estabilidade e Crescimento. Em resumo, as nações comprometeram-se com a questão do equilíbrio fiscal. Àquelas altamente endividadas ficou a imposição de apresentar “ planos de convergência” para patamares de dívida mais aceitáveis. As sanções seriam recolhimentos compulsórios e multas. Contudo, sua aplicação não seria automática, ficando na dependência de uma avaliação pelo Conselho Europeu. A política mostrou-se insuficiente para controlar os gastos públicos dos PIIGS. A desconfiança em relação à Europa pode disseminar pânico no mercado e fazer com que bancos fiquem excessivamente cautelosos ou até parem de liberar crédito para empresas e clientes. Os investidores, ao venderem ações e títulos europeus, provocam fuga de capitais da região. Sem poder provocar uma maxidesvalorização do euro, haja vista que isso prejudicaria aqueles países que tem as contas controladas, a opção é impor sacrifícios à população, como corte de salários e congelamento de benefícios sociais. Tudo isso implica menos dinheiro para fazer a economia girar - justo num momento em que a zona do euro precisa crescer e aumentar sua arrecadação para diminuir o endividamento. O risco é a criação de um círculo viciosos de ajuste fiscal – o que levaria a medida de austeridade ainda mais 36 severas, mais recessão, e assim por diante. Num segundo momento, a Europa, como um dos maiores mercados do mundo, diminuiria o ritmo de importação de bens e serviços e prejudicaria a dinâmica econômica global. A possibilidade de que governos e empresas da região tornem-se insolventes faz com boa parte dos investidores simplesmente não queria ficar exposta ao risco de ações e títulos do Tesouro norte-americano. Tal movimento, de procura por dólares e abandono do euro, fez com que a cotação da moeda europeia atingisse valores historicamente baixos. As moedas também refletem o vigor das economias. Assim, argumentam os analistas, a tendência de longo prazo é de fortalecimento do dólar e das moedas dos países emergentes (real inclusive), enquanto a Europa não conseguir resolver seus problemas fiscais e criar condições para um crescimento econômico mais acentuado. Dois pacotes de socorro foram aprovados com o intuito de ganhar tempo para a tarefa de reorganizar as contas dos países mais endividados e restabelecer a confiança dos investidores na região. O primeiro voltava-se exclusivamente à Grécia e somou cerca de 110 bilhões de euros. O montante, levantado pelo Fundo Monetário Internacional (30 bilhões) e pelos governos dos países da zona do euro (80 bilhões), deve ser liberados de forma progressiva num prazo de três anos. O Segundo foi a constituição de um fundo emergencial de 750 bilhões de euros para situações de crise na União Europeia. Qualquer país da região estaria apto a recorrer a ele. A maior parte, 500 bilhões, virá de países europeus e o restante, 250 bilhões, do FMI. 37 8.1 Entenda a crise na Grécia A Grécia tem enfrentado dificuldades para refinanciar suas dívidas e despertando preocupações entre investidores de todo o mundo sobre sua situação econômica. Mesmo com seguidos pacotes de ajuste e ainda financeira externa, o futuro da Grécia ainda é incerto. O país tem hoje uma dívida equivalente a cerca de 142% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, a maior relação entre os países da zona do euro. O volume de dívida supera, em muito, o limite de 60% do PIB estabelecido pelo pacto de estabilidade assinado pelo país para fazer parte do euro. A Grécia gastou muito mais do que podia na última década, pedindo empréstimos pesados e deixando sua economia refém da crescente dívida. Nesse período, os gastos públicos foram às alturas, e os salários do funcionalismo praticamente dobraram. Enquanto cofres públicos eram esvaziados pelos gastos, a receita era afetada pela evasão de impostos – deixando o país totalmente vulnerável quando foi afetado pela crise de crédito de 2008. Em abril de 2010, após intensa pressão externa, o governo grego aceitou um primeiro pacote de ajuda dos países europeus e do Fundo Monetário Internacional (FMI), de 110 bilhões de euros ao longo de três anos. Em contrapartida, o governo grego aprova um plano de austeridade fiscal que inclui alta no imposto de valor agregado (IVA), um aumento de 10% nos impostos de combustíveis, álcool, e tabaco, além de uma redução de salários no setor público, o que sofre forte rejeição da população. Apesar da ajuda, a Grécia segue com problemas. Em meados de 2011, foi aprovado um segundo pacote de ajuda, em recursos da União Europeia, do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do setor privado. A contribuição do setor privado foi estimada em 37 bilhões de euros. Um programa de recompra de dívidas deve somar outros 12,6 bilhões vindos do setor privado, chegando a cerca de 50 bilhões de euros. 38 Em outubro, ainda com o país à beira do colapso financeiro, os líderes da zona do euro alcançaram um acordo com os bancos credores, que reduz em 50% a dívida da Grécia, eliminando o último obstáculo para um ambicioso plano de resposta à crise. Com o plano, a dívida grega terá um alívio de 100 bilhões de euros após a aceitação, pela maior parte dos bancos, de uma redução superior a 50% do valor dos títulos da dívida. No mesmo mês, o país enfrentou violentos protestos nas ruas. A população se revoltou contra um novo plano de cortes, previdência e mais impostos, demissões de funcionalismo públicos e redução de salários no setor privado, pré-requisito exigido pela União Europeia e pelo FMI para liberar uma nova parcela do plano de resgate, de oito bilhões de euros. 39 8.2 Plebiscito e turbulência no mercado Em 1º de Novembro, o então primeiro-ministro da Grécia, George Papandreu, provocou novas turbulências nos mercados e na zona do euro ao anunciar que convocaria um referendo sobre o novo pacote de ajuda da União Europeia, perguntando aos eleitores se querem adotá-lo ou não. A expectativa do premiê era que o plebiscito “validasse” as medidas de austeridade necessárias para receber a ajuda financeira. Uma pesquisa, no entanto, mostrou que aproximadamente 60 % dos gregos enxergam a cúpula dos líderes europeus, que acertaram um novo pacote de ajuda de 130 bilhões de euros, como negativa ou provavelmente negativa. A convocação de plebiscito enfrentou rejeição da oposição e dos membros do próprio partido de Papandreu. Com isso, o governo ficou enfraquecido, Papandreu terminou deixando o cargo, sendo substituído por Lucas Papandreu. 40 8.3 Calote Como membro da zona do euro, a Grécia enfrenta pressão dos demais membros para colocar suas contas em ordem e evitar a declaração de moratória- o que significaria deixar de pagar os juros das dívidas ou pressionar os credores a aceitar pagamentos menores e perdoar parte da dívida. No caso da Grécia, isso traria enormes dificuldades. As taxas de juros pagas pelos governos as zona do euro tem sido mantidas baixas ante a presunção de que a EU e o Banco Central Europeu proveriam assistência a países da região, justamente para evitar calotes. Uma moratória grega, além de estimular países como Irlanda e Portugal a fazerem o mesmo, significaria um aumento de custo para empréstimos tomados pelos países menores da EU, sendo que alguns deles já sofrem para manter seus pagamentos em dia. Se a Irlanda e Portugal seguissem o caminho do calote, os bancos que lhes emprestaram dinheiro seriam afetados, o que levaria a demanda por fundos do Banco Central Europeu. Um calote grego pode fazer com que investidores questionem se a Irlanda e Portugal não seguirão o mesmo caminho. O problema real diz respeito ao que acontecerá com a Espanha, que só tem conseguido obter dinheiro no mercado a custos crescentes. A economia espanhola equivale à soma das economias grega, irlandesa e portuguesa. Seria muito mais difícil para a EU estruturar, caso seja necessário, em pacote de resgate para um país dessa dimensão. 41 CONCLUSÃO Certos fatos da política desanimam como os fracassos dos planos econômicos. O desânimo pode nos levar a considerar que o Brasil é “assim mesmo”, frase muito ouvida na era da bagunça econômica. O Brasil não é assim; será apenas se quisermos que ele seja. Na política são necessário aperfeiçoamentos na forma de representação, nas regras partidárias, na transparência do financiamento das campanhas. Há muito a fazer. Mas de nada adianta despejar um conjunto de normas num projeto e aprová-lo no Congresso. A chance de virarem letra morta é grande. Não há uma revolução política possível, um dado momento de libertação do clientelismo; não há uma pessoa que encarne sozinha a mudança. De novo será um processo de avanços, de construção de valores, de mudanças sucessivas que levem a mais legitimidade, mais transparência nos gastos públicos, e ao hábito da prestação de contas. 42 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA CAOUETE, J. B. ALTMN, E. I. NARAYANAN, P. Gestão do Risco de Crédito: o próximo grande desafio financeiro. Rio de Janeiro: Qualitymark. 1999. CROUHY, M. GALAI, D.; MARK, R. Gerenciamento de Risco: abordagem conceitual e prática. Tradução de Carlos Henrique Trieschmann e Luiz Fazão Filho e supervisão de João Carlos Douat. Rio de janeiro: Qualitymark. São Paulo: SERASA, 2004. SECURATO, J. R. Decisões financeiras em condições de risco. São Paulo: Atlas, 1996. PIRES, Marcos Cordeiro, DOS SANTOS, Sergio Antonio, DE OLIVEIRA, Jayr Figueiredo. Economia para Administradores, 1º Ed. São Paulo: Saraiva. KIYOSAKI, Robert T. LESTER, Sharon L. Pai Rico, Pai Pobre, 57º Ed. São Paulo: Campus, 2005. LEITÃO, Miriam. Saga Brasileira, 5º Ed. Rio de janeiro: Record, 2011. Revista VEJA Jornal do Brasil 43 BIBLIOGRAFIA CITADA www.amattos.eng.br 44 ÍNDICE FOLHA DE ROSTO 2 AGRADECIMENTO 3 DEDICATÓRIA 4 RESUMO 5 METODOLOGIA 6 SUMÁRIO 7 INTRODUÇÃO 8 CAPÍTULO I A Ponderação dos Planos Econômicos e Inflação 9 1.1 Conceituar Dinheiro, Educação Financeira e fornecer justificativas 12 CAPÍTULO II Nosso Vício, Desde Início 14 CAPÍTULO III Combate a Inflação 16 3.1- Política Monetária 18 3.2 – Política Fiscal 18 3.3- Objetivo da Política Monetária 18 CAPÍTULO IV Atuação do Banco Central Para Evitar Riscos 19 CAPÍTULO V A Importância do SPB e o Risco Sistêmico 22 CAPÍTULO VI Definições de Risco Sistêmico segundo o Comitê de Basiléia 24 6.1 O primeiro Acordo de Basiléia (conhecido como Basiléia I), em 1988. 26 6.2 O segundo Acordo de Basiléia (conhecido como Basiléia II), em 2004. 26 45 6.3 O terceiro Acordo de Basiléia (conhecido como Basiléia III), em 2008. 27 CAPÍTULO VII Crises Financeiras Mundiais 28 7.1 A queda de 1987. 30 7.2 Escândalo americano no setor de poupança e empréstimos, 1985. 31 7.3 A quebra de 1929. 32 7.4 Overend and Guerney, 1866; Barings, 1890 33 CAPÍTULO VIII Crise financeira na Europa 34 8.1 Entenda a Crise na Grécia 37 8.2 Plebiscito e turbulência no mercado 39 8.3 Calote 40 CONCLUSÃO 41 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 42 BIBLIOGRAFIA CITADA 43 ÍNDICE 44