Um estudo da Universidade Stanford reforça o papel da finasterida, comumente usada contra a calvície, na prevenção ao câncer de próstata Naiara Magalhães Ricardo Benichio MAIS SEGURANÇA Depois de cinco biópsias, o aposentado Paulo Lins passou a tomar o remédio preventivamente VEJA TAMBÉM Usado no combate à calvície, o remédio • Quadro: Cerco à doença finasterida entrou nas diretrizes de prevenção ao câncer de próstata da Sociedade Americana de Oncologia Clínica e da Associação Americana de Urologia. É o único medicamento indicado para evitar o tumor mais temido pelos homens. Em 2003, no maior estudo já feito sobre a finasterida, ela mostrou-se capaz de prevenir 25% dos casos desse tipo de câncer. Ainda assim, muitos urologistas não se sentiam confortáveis em receitá-la a seus pacientes. O motivo: o mesmo estudo que comprovou os benefícios do remédio sugeriu que, entre os participantes que desenvolveram a doença, a finasterida teria favorecido o desenvolvimento de tumores extremamente agressivos. Os resultados de um trabalho conduzido por pesquisadores da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, e publicado recentemente na revista científica Clinical Cancer Research, refutam essa possibilidade. De acordo com a nova pesquisa, a finasterida não só não favorece o aparecimento de tumores mais perigosos, como facilita o diagnóstico da doença, ao diminuir o tamanho da próstata. "Com tais dados, os médicos ficarão mais seguros em recomendar a finasterida na prevenção ao câncer de próstata", diz Gustavo Guimarães, urologista do departamento de cirurgia pélvica do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo. O papel da finasterida na prevenção aos tumores prostáticos começou a ser avaliado em 1993, em uma pesquisa intitulada PCPT, sigla em inglês para Prostate Cancer Prevention Trial. Durante sete anos, foram acompanhados 18 882 homens com mais de 55 anos. Ao revisarem os resultados do PCPT, os pesquisadores de Stanford corroboraram a ação preventiva do remédio. Além disso, eles concluíram que, ao reduzir o tamanho da próstata em até um quarto, o medicamento favoreceria o diagnóstico da doença. Próstatas menores são mais adequadas à coleta de tecido para biópsia e também proporcionam uma medição mais precisa das taxas de PSA, a proteína que, presente em grande quantidade no sangue, pode indicar a presença de câncer. A finasterida age inibindo a produção pelo organismo de DHT, a forma ativa da testosterona, o hormônio masculino por excelência. A DHT é essencial para o crescimento das células da próstata, tanto as saudáveis quanto as tumorais. Como os principais efeitos colaterais da finasterida são perda de libido e ereções menos potentes, o remédio só é indicado para homens com mais de 55 anos e com histórico familiar da doença. "Ainda que essas reações adversas possam ser revertidas com a suspensão da medicação, a relação custo-benefício do uso preventivo da finasterida deve ser muito bem avaliada pelos médicos e seus pacientes", diz o urologista Celso Gromatzky, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Com as taxas de PSA nas alturas, o aposentado Paulo Lins, de 74 anos, foi submetido a cinco biópsias nos últimos dez anos. Nenhuma delas indicou a presença de um tumor, mas ele achou por bem aceitar a sugestão do médico e tomar finasterida. "Agora me sinto mais protegido", diz Lins. Lançada em 1992, sob o nome comercial de Proscar, a finasterida era indicada inicialmente apenas para o tratamento dos homens vítimas das complicações decorrentes do aumento benigno da próstata, sobretudo dificuldade em urinar. Depois que o medicamento começou a ser utilizado, os pesquisadores perceberam não só que os pacientes calvos que tomavam o remédio para a próstata paravam de perder cabelo como os fios novos nasciam mais resistentes. Em 1998, a finasterida chegou ao mercado batizada de Propecia. No ano passado, no Brasil, foi comercializado cerca de 1,7 milhão de caixas de finasterida. A dosagem prescrita para combater a perda de cabelo – 1 miligrama por dia – é bem mais baixa do que a utilizada para evitar o câncer de próstata: 5 miligramas diários. Um estudo da Universidade Stanford reforça o papel da finasterida, comumente usada contra a calvície, na prevenção ao câncer de próstata Naiara Magalhães Ricardo Benichio MAIS SEGURANÇA Depois de cinco biópsias, o aposentado Paulo Lins passou a tomar o remédio preventivamente VEJA TAMBÉM Usado no combate à calvície, o remédio • Quadro: Cerco à doença finasterida entrou nas diretrizes de prevenção ao câncer de próstata da Sociedade Americana de Oncologia Clínica e da Associação Americana de Urologia. É o único medicamento indicado para evitar o tumor mais temido pelos homens. Em 2003, no maior estudo já feito sobre a finasterida, ela mostrou-se capaz de prevenir 25% dos casos desse tipo de câncer. Ainda assim, muitos urologistas não se sentiam confortáveis em receitá-la a seus pacientes. O motivo: o mesmo estudo que comprovou os benefícios do remédio sugeriu que, entre os participantes que desenvolveram a doença, a finasterida teria favorecido o desenvolvimento de tumores extremamente agressivos. Os resultados de um trabalho conduzido por pesquisadores da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, e publicado recentemente na revista científica Clinical Cancer Research, refutam essa possibilidade. De acordo com a nova pesquisa, a finasterida não só não favorece o aparecimento de tumores mais perigosos, como facilita o diagnóstico da doença, ao diminuir o tamanho da próstata. "Com tais dados, os médicos ficarão mais seguros em recomendar a finasterida na prevenção ao câncer de próstata", diz Gustavo Guimarães, urologista do departamento de cirurgia pélvica do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo. O papel da finasterida na prevenção aos tumores prostáticos começou a ser avaliado em 1993, em uma pesquisa intitulada PCPT, sigla em inglês para Prostate Cancer Prevention Trial. Durante sete anos, foram acompanhados 18 882 homens com mais de 55 anos. Ao revisarem os resultados do PCPT, os pesquisadores de Stanford corroboraram a ação preventiva do remédio. Além disso, eles concluíram que, ao reduzir o tamanho da próstata em até um quarto, o medicamento favoreceria o diagnóstico da doença. Próstatas menores são mais adequadas à coleta de tecido para biópsia e também proporcionam uma medição mais precisa das taxas de PSA, a proteína que, presente em grande quantidade no sangue, pode indicar a presença de câncer. A finasterida age inibindo a produção pelo organismo de DHT, a forma ativa da testosterona, o hormônio masculino por excelência. A DHT é essencial para o crescimento das células da próstata, tanto as saudáveis quanto as tumorais. Como os principais efeitos colaterais da finasterida são perda de libido e ereções menos potentes, o remédio só é indicado para homens com mais de 55 anos e com histórico familiar da doença. "Ainda que essas reações adversas possam ser revertidas com a suspensão da medicação, a relação custo-benefício do uso preventivo da finasterida deve ser muito bem avaliada pelos médicos e seus pacientes", diz o urologista Celso Gromatzky, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Com as taxas de PSA nas alturas, o aposentado Paulo Lins, de 74 anos, foi submetido a cinco biópsias nos últimos dez anos. Nenhuma delas indicou a presença de um tumor, mas ele achou por bem aceitar a sugestão do médico e tomar finasterida. "Agora me sinto mais protegido", diz Lins. Lançada em 1992, sob o nome comercial de Proscar, a finasterida era indicada inicialmente apenas para o tratamento dos homens vítimas das complicações decorrentes do aumento benigno da próstata, sobretudo dificuldade em urinar. Depois que o medicamento começou a ser utilizado, os pesquisadores perceberam não só que os pacientes calvos que tomavam o remédio para a próstata paravam de perder cabelo como os fios novos nasciam mais resistentes. Em 1998, a finasterida chegou ao mercado batizada de Propecia. No ano passado, no Brasil, foi comercializado cerca de 1,7 milhão de caixas de finasterida. A dosagem prescrita para combater a perda de cabelo – 1 miligrama por dia – é bem mais baixa do que a utilizada para evitar o câncer de próstata: 5 miligramas diários. Um estudo da Universidade Stanford reforça o papel da finasterida, comumente usada contra a calvície, na prevenção ao câncer de próstata Naiara Magalhães Ricardo Benichio MAIS SEGURANÇA Depois de cinco biópsias, o aposentado Paulo Lins passou a tomar o remédio preventivamente VEJA TAMBÉM Usado no combate à calvície, o remédio • Quadro: Cerco à doença finasterida entrou nas diretrizes de prevenção ao câncer de próstata da Sociedade Americana de Oncologia Clínica e da Associação Americana de Urologia. É o único medicamento indicado para evitar o tumor mais temido pelos homens. Em 2003, no maior estudo já feito sobre a finasterida, ela mostrou-se capaz de prevenir 25% dos casos desse tipo de câncer. Ainda assim, muitos urologistas não se sentiam confortáveis em receitá-la a seus pacientes. O motivo: o mesmo estudo que comprovou os benefícios do remédio sugeriu que, entre os participantes que desenvolveram a doença, a finasterida teria favorecido o desenvolvimento de tumores extremamente agressivos. Os resultados de um trabalho conduzido por pesquisadores da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, e publicado recentemente na revista científica Clinical Cancer Research, refutam essa possibilidade. De acordo com a nova pesquisa, a finasterida não só não favorece o aparecimento de tumores mais perigosos, como facilita o diagnóstico da doença, ao diminuir o tamanho da próstata. "Com tais dados, os médicos ficarão mais seguros em recomendar a finasterida na prevenção ao câncer de próstata", diz Gustavo Guimarães, urologista do departamento de cirurgia pélvica do Hospital A.C. Camargo, em São Paulo. O papel da finasterida na prevenção aos tumores prostáticos começou a ser avaliado em 1993, em uma pesquisa intitulada PCPT, sigla em inglês para Prostate Cancer Prevention Trial. Durante sete anos, foram acompanhados 18 882 homens com mais de 55 anos. Ao revisarem os resultados do PCPT, os pesquisadores de Stanford corroboraram a ação preventiva do remédio. Além disso, eles concluíram que, ao reduzir o tamanho da próstata em até um quarto, o medicamento favoreceria o diagnóstico da doença. Próstatas menores são mais adequadas à coleta de tecido para biópsia e também proporcionam uma medição mais precisa das taxas de PSA, a proteína que, presente em grande quantidade no sangue, pode indicar a presença de câncer. A finasterida age inibindo a produção pelo organismo de DHT, a forma ativa da testosterona, o hormônio masculino por excelência. A DHT é essencial para o crescimento das células da próstata, tanto as saudáveis quanto as tumorais. Como os principais efeitos colaterais da finasterida são perda de libido e ereções menos potentes, o remédio só é indicado para homens com mais de 55 anos e com histórico familiar da doença. "Ainda que essas reações adversas possam ser revertidas com a suspensão da medicação, a relação custo-benefício do uso preventivo da finasterida deve ser muito bem avaliada pelos médicos e seus pacientes", diz o urologista Celso Gromatzky, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. Com as taxas de PSA nas alturas, o aposentado Paulo Lins, de 74 anos, foi submetido a cinco biópsias nos últimos dez anos. Nenhuma delas indicou a presença de um tumor, mas ele achou por bem aceitar a sugestão do médico e tomar finasterida. "Agora me sinto mais protegido", diz Lins. Lançada em 1992, sob o nome comercial de Proscar, a finasterida era indicada inicialmente apenas para o tratamento dos homens vítimas das complicações decorrentes do aumento benigno da próstata, sobretudo dificuldade em urinar. Depois que o medicamento começou a ser utilizado, os pesquisadores perceberam não só que os pacientes calvos que tomavam o remédio para a próstata paravam de perder cabelo como os fios novos nasciam mais resistentes. Em 1998, a finasterida chegou ao mercado batizada de Propecia. No ano passado, no Brasil, foi comercializado cerca de 1,7 milhão de caixas de finasterida. A dosagem prescrita para combater a perda de cabelo – 1 miligrama por dia – é bem mais baixa do que a utilizada para evitar o câncer de próstata: 5 miligramas diários. http://veja.abril.com.br/290709/alto-a-baixo-p-102.shtml