Vacina Varicela Gabriel Oselka - Professor associado , Departamento de Pediatria, Faculdade de Medicina U.S.P.; Presidente da Comissão Permanente de Assessoramento em Imunizações da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo. Epidemiologia da varicela e do herpes zóster O vírus da varicela-zóster (VVZ) é a causa de duas doenças: varicela (catapora) que é a infecção primária e zóster, uma infecção secundária, causada pela reativação de VVZ latentes. Devido à alta contagiosidade do VVZ, praticamente todas as pessoas se infectam, principalmente nos primeiros anos de vida. Acredita-se, por isso, que o número anual de casos corresponde ao de uma corte anual de nascimentos, ou seja, aproximadamente 3,3 milhões de casos por ano, no Brasil. Estudo recente, realizado em quatro cidades brasileiras (Rio de Janeiro, Porto Alegre, Fortaleza e Manaus), mostrou que os índices de soroprevalência de anticorpos contra o VVZ (anti-VVZ) em populações de baixo nível sócio-econômico foi de 68,8%, 89,1% , 90,5% e 95,4% em pessoas com idades entre 1 e 5 anos, 6 e 10 anos, 11 e 15 anos e 16 a 20 anos, respectivamente (1). Em populações de nível sócio - econômico médio-alto os índices correspondentes foram de 43,2%, 80,7%, 91,4% e 95,5%, respectivamente. Nos Estados Unidos, antes da introdução da vacina contra a varicela no programa rotineiro de vacinação , cerca de 33% dos casos ocorriam em crianças entre um e quatro anos de idade, 44% em crianças em idade escolar, ou seja, entre cinco e nove anos de idade e mais de 90% em pessoas com menos de 15 anos de idade, situação muito semelhante, portanto , à verificada em populações de nível sócio - econômico médio-alto no Brasil. Naquele país, crianças e adolescentes representavam a maior proporção (cerca de 80%) dos mais de 9000 casos de hospitalização relacionados à varicela. Entretanto, o índice de complicações é substancialmente mais elevado em pessoas com 15 anos de idade ou mais e em crianças com menos de um ano de idade. As complicações mais comuns da varicela, que podem resultar em hospitalização, são: infecções bacterianas das lesões da pele, pneumonia, desidratação, encefalite (especialmente cerebelite) e hepatite. Desde que se descobriu a associação entre a síndrome de Reye e o uso de aspirina em doenças virais, em particular a varicela, a incidência dessa síndrome caiu acentuadamente. Embora a varicela seja habitualmente considerada como uma doença benigna, é importante ressaltar que cerca de 90 crianças morriam todos os anos por varicela e suas complicações nos Estados Unidos, o que a transformava na doença imunoprevenível que mais matava crianças naquele país (2) . A morbo-mortalidade determinada pela varicela não é bem conhecida no Brasil, mas certamente não é desprezível. Dados do PROAIM (Programa de Aprimoramento de Informações sobre a Mortalidade) , da Prefeitura do Município de São Paulo, indicam que na década de 90, morreram , em média, 13 pessoas por ano devido à varicela e suas complicações naquele município. Por outro lado, no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de São Paulo, 40 crianças são hospitalizadas, em média, a cada ano em função das complicações da varicela (Lúcia Ferro Bricks, comunicação pessoal, 2001). Como a quase totalidade das mulheres chegam à idade fértil já imunes à varicela, a doença é muito rara durante a gestação. Entretanto, é hoje bem conhecida a síndrome da varicela congênita, que pode ocorrer em crianças nascidas de mães infectadas durante a primeira metade da gravidez e que se manifesta por baixo peso ao nascimento, cicatrizes cutâneas, hipoplasia de membros, microcefalia, astrofia cortical, coriorretinite, cataratas e outras alterações. Estudos prospectivos envolvendo 564 crianças nascidas de mães que tiveram varicela durante o primeiro trimestre de gravidez mostraram o aparecimento da síndrome da varicela congênita em 4 (0,7%) dos recém nascidos. Curiosamente, o risco de infecção congênita parece ser maior quando a infecção materna ocorre entre 13 e 20 semanas de gestação (cerca de 2%), em comparação com a infecção materna nos primeiros três meses de gravidez (2). Vacina contra a varicela 1. Composição Trata-se de uma vacina de vírus vivo atenuado; o vírus original foi isolado de um menino japonês saudável, de sobrenome Oka, com varicela natural; foi, em seguida, atenuado em cultura de células de pulmão embrionário humano, de células embrionárias de cobaia, e de células diplóides humanas. A cepa atenuada original japonesa é conhecida como cepa Oka e dela se originaram as outras cepas vacinais utilizadas hoje em todo o mundo (3). No Brasil existem três produtos licenciados, contendo a própria cepa Oka (Aventis Pasteur-AP), a cepa Oka/Merck (Merck Sharp Dohme - MSD) ou a cepa Oka/RIT (GlaxoSmithKline - GSK). 2. Eficácia Após uma dose da vacina, o índice de soroconversão em crianças com idades entre 12 meses e 12 anos é de 97%. Além disso, existe excelente correlação entre essa resposta humoral e o desenvolvimento de imunidade celular, avaliada por proliferação linfocitária (4). Em pessoas com mais de 13 anos de idade, o índice de soroconversão após uma dose é de apenas 78%. A administração de uma segunda dose, quatro a oito semanas após, eleva o índice a 99% (2,5). A imunidade induzida pela vacina é de longa duração, talvez vitalícia: estudos japoneses mostram persistência da imunidade 20 anos após a vacinação (6). Ã semelhança do que já se verificou em outras doenças, como o sarampo e a coqueluche, pessoas vacinadas contra a varicela e que comprovadamente desenvolveram imunidade após a vacinação podem vir a apresentar a doença, embora quase sempre de forma atenuada. São as chamadas falhas vacinais secundárias. Como a infecção pelo VVZ é facilmente diagnosticada pela erupção cutânea característica, não é difícil reconhecer mesmo infecções leves em crianças previamente vacinadas. Por isso, as falhas vacinais secundárias dessa vacina são mais facilmente detectáveis que as da vacina contra o sarampo, por exemplo. A maioria dos estudos publicados indicam que a cada ano após a vacinação cerca de 1 a 3% das crianças vacinadas podem desenvolver uma erupção discreta conhecida como síndrome varicela-like leve, após exposição significante ao vírus da varicela. A freqüência e a gravidade desses casos não aumentam com o passar do tempo após a vacinação. Comparada com a varicela natural, a síndorme varicelalike em vacinados é uma doença consideravelmente mais benigna. O número de lesões de peles (pápulas ou vesículas) é inferior a 50, em comparação com cerca de 300 na varicela natural; menos de 10% das crianças têm febre, em comparação com cerca de 90% das crianças com varicela natural. A síndrome varicela-like acontece com mais freqüência nas crianças que tiveram uma resposta imune pósvacinal muito baixa(2,7). Nas crianças vacinadas que se infectam, a doença, além de ser consideravelmente mais benigna, é também menos transmissível; assim, quando 78 crianças imunizadas e que apresentaram varicela leve foram colocadas em contato com 90 de seus irmãos , só 12,2% destes desenvolveram a doença e todos os casos secundários foram leves, semelhantes aos casos-índice (8). Cabe lembrar que após exposição domiciliar ao vírus selvagem cerca de 90% dos suscetíveis apresentam a doença. A avaliação geral dos estudos publicados até agora permite afirmar que a vacina dá uma proteção de cerca de 80% contra qualquer tipo de doença e de mais de 95% contra doença grave nos primeiros sete a dez anos de seguimento(2,9). Uma excelente demonstração da efetividade da vacina contra a varicela foi recentemente publicada. Durante um surto de varicela em um centro de cuidados infantis, 148 crianças sem história prévia de varicela foram avaliadas: 81 (55%) tiveram a doença. Nove (14%) das 66 crianças previamente vacinadas e 72 (88%) das não vacinadas adoeceram; a varicela foi considerada moderada ou grave em 53 (74%) das 72 crianças não vacinadas em comparação com nenhuma das nove crianças vacinadas (p > 0,001). A efetividade da vacina contra todas as formas da doença foi de 86% (intervalo de confiança 95%, 73-92%) e contra doença moderada ou grave foi de 100%(10). Em suas últimas recomendações, tanto o Comitê Assessor em Práticas de Imunização do Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos (ACIP) como a Academia Americana de Pediatria passaram a indicar a administração da vacina a pessoas suscetíveis nas primeiras 72 horas, e possivelmente até 120 horas, após exposição a um caso de varicela, para impedir ou atenuar significantemente a doença (11,12). Autores japoneses e americanos, em trabalhos publicados nas décadas de 70 e 80, já mostravam a eficácia da vacina na profilaxia pós-exposição. Entretanto, as vacinas utilizadas continham maior número de partículas virais que as atualmente licenciadas. Dois estudos recentes, empregando uma das vacinas licenciadas no Brasil, confirmaram esses resultados. No primeiro, os autores vacinaram dez crianças sem história anterior de varicela nos primeiros três dias após o aparecimento de erupção cutânea em um seu irmão. As crianças vacinadas tinham entre 14 meses e 12 anos ( média, 5,7 anos) e os casos índices tinham de quatro a 15 anos (média, 8,4 anos). O número médio de lesões nos sete casos índices e nas das crianças vacinadas foi de 245 e 13,4, respectivamente. (p=0,018). Cinco das crianças vacinadas não desenvolveram lesões, enquanto as outras cinco apresentaram entre cinco e 83 lesões (5,11,15,20 e 83), que surgiram 12 a 13 dias após a vacinação (13). Em outro estudo, 67 mulheres e crianças moradoras em um abrigo para pessoas sem-teto, foram vacinadas logo após um contato direto com varicela. Entre as vacinadas no primeiro ou segundo dia após o contato, 12.9% desenvolveram a doença, o mesmo ocorrendo com 17,4% das vacinadas no terceiro dia. Todas as não vacinadas apresentaram varicela; assim, utilizada nas primeiras 72 horas após o contato a eficácia protetora da vacina foi de 80,7% (14). Quando a vacina for administrada após exposição, os vacinados e/ou seus pais devem ser advertidos que nem sempre a vacina protegerá contra a doença e que a exposição pode, eventualmente, ter ocorrido juntamente com a do caso índice. Por outro lado, não há evidências de que a utilização da vacina durante os estágios pré-sintomático ou prodrômico da doença resulte em agravamento dos eventos adversos ou da doença natural (12). 3- Eventos adversos A vacina é muito bem tolerada. Em um estudo clínico duplo-cego controlado com placebo envolvendo 914 crianças e adolescentes saudáveis, as únicas reações que ocorreram com incidência significantemente maior nos vacinados em comparação com os que receberam placebo foram dor e eritema no local da injeção, verificados em cerca de 20% das crianças e 25 a 35% dos adolescentes, e erupção cutânea, geralmente máculo-papular e no tronco, muito discreta (mediana do número de lesões, duas a cinco) (4). A disseminação do vírus vacinal de vacinados saudáveis a outras pessoas é possível, mas parece ser excepcional: já se isolou vírus nos vacinados com lesões de pele e alguns comunicantes destes apresentaram soroconversão ao VVZ, indicando possivelmente doença assintomática, mas até agora só foram descritos três casos clínicos de varicela leve em comunicantes de vacinados saudáveis (mais de 15 milhões de doses da vacina já foram distribuídas). Os três casos resultaram em doença leve, sem complicações. Em um dos casos, uma criança de 12 meses transmitiu o vírus vacinal à sua mãe, que estava grávida. A mulher optou por interromper a gestação, não se tendo detectado vírus vacinal no tecido fetal. Os outros dois casos também foram de transmissão intradomiciliar (a um irmão e a um pai, respectivamente). É importante salientar que nunca se documentou transmissão secundária se o vacinado não apresenta erupção cutânea vesicular (11). Devido à raridade da transmissão, não se contra-indica a vacinação de crianças que sejam comunicantes domiciliares de pessoas imunodeprimidas, inclusive pessoas infectadas pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV), nem de crianças comunicantes domiciliares de mulheres grávidas. Entretanto, por cautela, recomenda-se que se as crianças vacinadas desenvolverem erupção cutânea após a vacinação deve-se evitar o contato com imunodeprimidos e grávidas. Nos primeiros anos de uso da vacina havia uma preocupação teórica quanto à incidência e gravidade do herpes zóster após a vacinação, já que se sabia, desde então, que o vírus vacinal também tinha capacidade de estabelecer latência. As análises realizadas até agora mostram que a incidência de herpes zóster após a vacinação contra a varicela em crianças saudáveis é de cerca de 18/100000 pessoas - anos de seguimento. Um estudo com base populacional indicou que a incidência de herpes zóster após varicela natural em crianças saudáveis foi de 77/100000 pessoas-anos. Entretanto, esses índices não são rigorosamente comparáveis, porque o estudo populacional envolveu uma população pediátrica muito maior e que foi seguida por um período de tempo maior do que os vacinados (2). Também entre os adultos vacinados a incidência de herpes zóster tem sido muito rara. Tanto nas crianças como nos adultos vacinados que apresentaram zóster os casos foram leves e sem complicações (2). 4 - indicações A vacina contra a varicela faz parte do programa rotineiro de vacinações de crianças em poucos países: Estados Unidos, parte do Canadá, Japão, Coréia, Uruguai e Finlândia. A principal limitação ao uso mais amplo da vacina é de ordem econômica, uma vez que seu custo atual é ainda muito elevado. Levando em conta as características da vacina e da doença que ela busca prevenir, é muito provável que a queda no preço (que seguramente ocorrerá , à semelhança de outras vacinas, como as contra a hepatite B e Haemophilus influenzae tipo b) levará a um rápido incremento em sua utilização. No Brasil, o Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que a vacina seja aplicada em crianças saudáveis suscetíveis à doença, a partir de um ano de idade, desde que haja condições e disponibilidade da vacina (15). Atualmente, a vacina é disponível, gratuitamente, nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs) do Ministério da Saúde, para utilização nas seguintes pessoas e situações, consideradas de alto risco para varicela grave: a) Imunocomprometidos, nas indicações de literatura: leucemia linfocítica aguda em remissão (pelo menos 12 meses), desde que apresentem >= 1.200 linfócitos/mm³, sem radioterapia; caso estejam em quimioterapia suspendê-la 7 dias antes e 7 dias após a vacinação; b) Profissionais de saúde, pessoas e familiares suscetíveis à doença (imunocompetentes) que estejam em convívio domiciliar ou hospitalar com imunocomprometidos; c) Pessoas suscetíveis à doença que serão submetidas a transplantes de órgãos sólidos, pelo menos três semanas antes do ato cirúrgico; d) Pessoas suscetíveis à doença e imunocompetentes, no momento da internação em enfermaria onde haja caso de varicela; e) Vacinação antes da quimioterapia, em protocolos de pesquisa; f) HIV positivos, assintomáticos ou oligossintomáticos. Cabe lembrar, finalmente, que em face da maior gravidade da varicela em adolescentes e adultos, atenção especial deve ser dedicada à vacinação dos suscetíveis nessas faixas etárias. Como a erupção cutânea da varicela é característica e casos subclínicos são relativamente raros, uma história confiável de varicela pode ser considerada um bom parâmetro de imunidade. No estudo brasileiro citado anteriormente, 95,1% das pessoas que tinham história prévia de varicela eram soropositivas para o VVZ.(1). Embora certamente a maioria dos adultos que não referem história de varicela sejam soropositivos, não existem dados brasileiros que mostrem se a realização de testes sorológicos prévios a uma eventual vacinação seria um procedimento custo efetivo; a eventual vacinação de soropositivos muito provavelmente determinará uma incidência de eventos adversos menor que a verificada na vacinação de soronegativos. O ACIP recomenda enfaticamente a vacinação de adolescentes e adultos suscetíveis dos seguintes grupos; a) Pessoas que têm contato íntimo com pacientes com alto risco de complicações graves (ex.: profissionais de saúde e comunicantes familiares de pacientes imunodeprimidos); b) Pessoas que vivem ou trabalham em ambientes onde a transmissão do VVZ é provável (ex.: professores de crianças pequenas, empregados de creches, e empregados e pessoas que residem em instituições); c) Pessoas que vivem ou trabalham em ambientes onde pode ocorrer transmissão de varicela (ex.: estudantes de colégios ou universidades, prisioneiros e funcionários de prisões, militares); d) Mulheres em idade gestacional, não grávidas; e) adolescentes e adultos que residem em domicílios onde há crianças (2,11). Em nossa opinião, também no Brasil os adolescentes e adultos suscetíveis dos grupos citados devem ser vacinados, desde que haja condições e disponibilidade da vacina. 5 - Contra - indicações A vacina não deve ser administrada a pessoas com deficiência de imunidade celular, congênita ou adquirida: por doença, como neoplasias; por radioterapia; pelo uso de drogas imunodepressoras, como corticóides em doses elevadas (2mg/kg/dia ou mais de prednisona ou seu equivalente, ou 20mg/dia ou mais de prednisona em pacientes com mais de 10kg). Pacientes com alteração da imunidade humoral podem ser vacinados. Além disso, levando em conta que crianças infectadas pelo HIV têm risco aumentado de morbidade por varicela e herpes zóster, o ACIP passou a recomendar que, após pesar riscos e benefícios, a vacina pode ser utilizada em crianças infectadas pelo HIV assintomáticas ou com sintomas leves (N1 ou A1 na classificação do Centers for Disease Control (CDC)) com porcentagem de linfócitos CD4 + idade-específica igual ou superior a 25%(11). Embora exista na literatura um número muito grande de estudos indicando a segurança da vacinação de crianças com doenças neoplásicas em remissão, particularmente na leucemia linfocítica aguda (LLA), nos Estados Unidos, ao contrário do que se imaginava, a vacina não foi licenciada para uso em pacientes com doenças neoplásicas, sequer para crianças com LLA em remissão. Naquele país, o laboratório produtor da vacina fornece-a gratuitamente, como parte de um estudo que continua em andamento. Ainda assim, a vacina só é fornecida para crianças com LLA em remissão contínua há pelo menos um ano e com parâmetros hematológicos satisfatórios. É importante salientar que existe publicado na literatura um estudo brasileiro, em que crianças com LLA foram vacinadas antes da indução da remissão, com segurança e eficácia (16). A vacina é contra- indicada na gravidez e ao se vacinar mulheres em idade fértil deve-se recomendar que a gravidez seja evitada durante um mês. A vacina pode ser administrada a crianças ou adultos que residam no mesmo domicilio com grávidas ou com pacientes imunodeprimidos. A vacina é contra-indicado para pessoas que apresentam história de reação anfilática a qualquer dos componentes de vacina, inclusive neomicina, kanamicina e gelatina. A vacina também não deve ser administrada a pessoas com doença grave em atividade, sugerindo-se nesses casos adiantamento da vacinação. Crianças com doenças leves, com ou sem febre baixa (por exemplo, com diarréia ou infecção de vias aéreas superiores) podem ser vacinadas sem problemas. Embora não se tenha relatado qualquer problema com o uso de ácido acetil-salicílico após a vacinação contra a varicela, os fabricantes recomendam que seja evitado o uso de salicilatos durante seis semanas após a vacinação, devido à associação conhecida entre o uso de aspirina, síndrome de Reye e varicela natural. Nunca se descreveu qualquer associação entre a síndrome de Reye e analgésicos e antipiréticos que não contêm ácido salicílico, mesmo na varicela natural. 6 - Esquema de administração A vacina é recomendada a partir de um ano de idade, sempre pela via subcutânea. Em crianças no primeiro ano de vida pode haver interferência de anticorpos maternos, o que diminuiria a eficácia da vacina. Entretanto, vários estudos já mostraram que a vacina pode ser imunogênica a partir de nove meses de idade (16). Para crianças com idade entre 12 meses e 12 anos, indica-se apenas uma dose. Já a partir dos 13 anos de idade são recomendadas duas doses, com intervalo de quatro a oito semanas, não havendo necessidade de reiniciar o esquema caso tenha transcorrido intervalo maior entre a primeira e a segunda doses. Um dos fabricantes (AP) recomenda o uso de dose única, em qualquer idade. A vacina contra a varicela pode ser administrada simultaneamente. ( ou seja, no mesmo dia em locais diferentes e com seringas separadas) com a vacina tríplice viral (contra o sarampo, caxumba e rubéola). Embora não existam estudos publicados quanto à aplicação simultânea com outras vacinas do esquema rotineiro de vacinação, todos os dados disponíveis em relação a outras vacinas e outras associações vacinais indicam que não se espera qualquer problema na administração simultânea da vacina contra a varicela com as vacinas tríplice , oral ou inativada contra poliomielite, hepatite B, Haemophilus influenzae tipo b e hepatite A.. É muito provável que em breve seja licenciada uma vacina combinada quadrivalente, sarampo-caxumba-rubéola-varicela. 7 - Conservação As vacinas de dois produtores (GSK e AP) podem ser consevadas entre 2º e 8ºC. A MSD recomenda que seu produto seja conservado em temperaturas de 15ºC ou menores. Após reconstituição, a vacina que não for utilizada em 30 minutos deve ser desprezada. Referências bibliográficas 1 - Clemens SAC, Azevedo T, Fonseca JC, et al. Soroepidemiologia da varicela no Brasil- resultados de um estudo prospectivo transversal. 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