Universidade Federal de Santa Catarina Departamento de Nutrição Programa de Pós-Graduação em Nutrição A qualidade da alimentação escolar e o fornecimento da Agricultura Familiar XIII Seminário Internacional XIV Seminário Estadual sobre Agroecologia Porto alegre, 2014 Profª Suzi Barletto Cavalli Nutricionista Mestre em Extensão Rural Doutora em Alimentos e Nutrição Alimentação Contemporânea Homogeneização das dietas Alimentação atual baseada nas culturas de milho, soja e trigo1 Agrotóxicos2 Transgênicos3 Açúcar4 Gordura trans4 Sódio4 Aditivos5 Fraudes RISCO ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL E SUSTENTABILIDADE 1. KHOURYA et al, 2014; 2. ANVISA, 2006; IDEC 2012, HUNTER 2011; GYÖRÉNÉ et al.,2006; BARAŃSKI er al., 2014; 3. CAVALLI, 2001; NODARI; GUERRA, 2000 ; BRASIL, 2004; CFN, 2012; CONSEA, 2012; SÉRALIN et al, 2012; 4. WHO, 2003; WHO, 2004; POPKIN, 2006; MONTEIRO, 2009; 2010; 5. POLÔNIO, PERES, 2009 Pesquisa Orçamentos Familiares (POF)(2008-2009) BAIXO CONSUMO DE FRUTAS LEGUMES E VERDURAS •REFRIGERANTES •EMBUTIDOS •REFEIÇÕES PRONTAS •ALIMENTOS PROCESSADOS •“FAST FOOD” •AÇÚCAR •GORDURA TRANS •GORDURA SATURADA •SÓDIO AUMENTO NOS ÍNDICES DE SOBREPESO E OBESIDADE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS BRASIL 2011; POPKIN, 2006; WHO, 2004 Estratégia Global da Organização Mundial de Saúde para Alimentação Saudável, Atividade Física e Saúde Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN): parceiros importantes para a promoção de hábitos alimentares saudáveis Alimentação nutricionalmente equilibrada WHO, 2004 Regulamentar De serviço Nutricional Dimensões da qualidade Alimentação Escolar Sustentabilidade Sensorial Simbólica Objetivos do PNAE Contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar e a formação de práticas alimentares saudáveis dos alunos. PROGRAMA NACIONAL DE ALIMENTAÇÃO ESCOLAR (PNAE) Alimentos Industrializados Direito à Alimentação escolar Descentralização de políticas Início – década 70 1988 Descentralização PNAE Lei 11.947/2009 1994 2009 STEFANINI, 1997; SANTOS, 2007; STURION, 2002; VIANNA, 2000; BRASIL, 2009 Cardápios da Alimentação Escolar Obrigações: Oferecer 3 porções de frutas e hortaliças por semana (200g/aluno/semana) Proibições: bebidas com baixo teor nutricional Restrições: enlatados, embutidos, doces, alimentos compostos, preparações semiprontas ou alimentos concentrados com quantidade elevada de sódio ou de gordura saturada. BRASIL, 2009; 2013 Frutas in natura, saladas e hortaliças Ricos em vitaminas, minerais, fibras e água e apresentam baixa densidade energética (WHO, 2004; BRASIL, 2008) Estímulo ao consumo de saladas formação dos hábitos alimentares Hortaliças in natura não associados a conservas e enlatados (LASSEN et al. 2012; BARRETO et al., 2005). Cereais, tubérculos e raízes Mais importante fonte de energia alterações glicêmicas maiores e mais rápidas do que o açúcar (BARRETO et al., 2005) Alimentos integrais Carnes e ovos Fontes de proteína de alto valor biológico (BRASIL, 2008) Qualidade nutricional das fontes proteicas inseridas no cardápio Leguminosas Fontes de fibras e proteínas Leite e derivados Cálcio, proteínas e vitaminas para o crescimento infantil Alimentação saudável Redução do consumo de açúcares, sódio e gorduras, saturadas e trans (WHO, 2004; BARRETO et al., 2005; BRASIL, 2008) Qualidade nutricional Orgânicos x Convencionais Níveis absolutos e o conteúdo total de micronutrientes (462 contra 364 comparações)1 Antioxidantes (vitamina C, polifenois e flavonóides) Sais minerais Matéria seca 2 Resíduos de pesticidas Nitratos Metais pesados2 Concentrações de cádmio3 Polifenóis Ácidos fenólicos, isoflavonas, estilbeno e antocianinas Meta-análise (343 publicações)3 1HUNTER D, 2011; 2GYÖRÉNÉ et al., 2006; 3BARAŃSKI et al., 2014 Alimentos Geneticamente Modificados Cereais não maltados - milho Sucos a base de soja Refrigerantes com Maltodextrina Lecitina de soja Proteína isolada de soja Óleo de soja * Cappuccino * Leite em pó Feijão transgênico Óleo de soja Maltodextrina Carne de Frango Pode ter recebido alimentos a base de soja e milho GM Lecitina de soja Maltodextrina Glicose de milho Alimentação: ato político Prática altamente consciente, regulada e política1 Alimentação Sustentabilidade Nutrição Produção de alimentos2 Comercialização dos alimentos Processamento dos alimentos Produção da refeição 1. BARBOSA, 2009; PORTILHO, CASTAÑEDA , CASTRO 2011 Projetos de pesquisa Panmela Soares - Mestrado “Análise do Programa de Aquisição de Alimentos na Alimentação Escolar em um município de Santa Catarina” MDS “Estratégias de gestão da qualidade dos vegetais e frutas fornecidos pelo Programa de Aquisição de Alimentos para a Alimentação Escolar” CNPq “ Qualidade da alimentação escolar a partir do fornecimento de alimentos da agricultura familiar: um estudo multicêntrico na região sul do Brasil” Capes “Impacto de la adquisición local de alimentos en la calidad nutricional de la alimentación escolar en España y Brasil” 2011 2011 2012 2013 Soares, 2011 Local do estudo Planalto Norte (SC) 52.775 habitantes Alimentação Escolar: centralizada – 03 nutricionistas 6.397 alunos 1.279.400 Refeições/ano 34 Unidades Ensino PAA - Início em 2007 Projeto: “Compra doação simultânea” 32 agricultores 20 entidades Soares, 2011 Evolução da oferta de alimentos nos cardápios da alimentação escolar Aumento de saladas, preparações com vegetais, com frutas, frutas in natura e leguminosas Redução de concentrados e prontos para o consumo Soares, 2011 Envolvendo trinta e dois agricultores familiares de um município Foi possível melhorar a qualidade da alimentação escolar para mais de seis mil alunos Estratégias de gestão da qualidade dos vegetais e frutas fornecidos pelo Programa de Aquisição de Alimentos para a Alimentação Escolar Objetivo geral Avaliar as estratégias de gestão da qualidade nutricional, regulamentar, sensorial e de sustentabilidade do vegetais e frutas fornecidos pelo Programa de Aquisição de Alimentos para a Alimentação Escolar Amostra Três municípios do sul do Brasil 1 município 1 município 1 município Oferta de alimentos nos cardápios da alimentação escolar MARTINELLI et al, 2014 Baixa variedade de frutas e saladas no cardápio Analisar a qualidade nutricional dos cardápios a partir da implementação do Programa de Aquisição de Alimentos Anos anteriores (2003/2004/2005) Anos posteriores (2007/2009/2010) Programa de Aquisição de Alimentos Município de Santa Catarina 100% Município de Santa Catarina Resultados 75% 57% 47% 50% 40% 27% 25% 20% 20% 17% 5% 0% 0% 0% 0% 0% Preparações Frutas in Preparações Hortaliças servidas como com vegetais* natura* com frutas* salada* 2003 2010 Leguminosas* Concentrados* *p<0,05 Impacto da aquisição local de alimentos nas listas de compra para o abastecimento das unidades escolares Anos posteriores (2010/2011) Anos anteriores (2008/2009) Lei 11.947 de 2009 Município de Santa Catarina Santa Catarina SC Resultados Variedade Agricultura familiar fornece maior variedade de hortaliças e leguminosas Leguminosas 100% provenientes da agricultura familiar Hortaliças 70% provenientes da agricultura familiar 30% de mercados Resultados Santa Catarina SC Aquisição de frutas e hortaliças 2009 188g/aluno/seman a 13,83% 2010 214g/aluno/seman a Início da compra da agricultura familiar no município Redução nos produtos fornecidos por licitação Aumento na quantidade per capita de produtos que passaram a ser adquiridos da agricultura familiar Aumento na variedade – inclusão de novos produtos Resultados – um município de SC Aumento na quantidade per capita de frutas e hortaliças adquiridas pelo programa a partir do ano de 2010, atendendo à recomendação estabelecida pelo PNAE Compra da agricultura familiar pode ter sido um dos fatores que influenciaram positivamente, contribuindo para a qualidade nutricional da alimentação escolar Inclusão via agricultura familiar: alface, aipim, batata doce, brócolis, moranga e couve-folha em 2010 Conclusão dos estudos Melhoria da qualidade da alimentação escolar a partir do fornecimento de alimentos da agricultura familiar Passo a passo para o fornecimento de refeições escolares: 1º 2º 3º 4º • Pesquisar hábitos alimentares locais • Pesquisar os alimentos produzidos na região • Pesquisar alimentos produzidos na região pela agricultura familiar • Identificar os alimentos com produção sazonal 5º • Elaborar o cardápio, considerando variação de cores, técnicas de preparo que utilizem menos energia e causem menor impacto ambiental, combinações de textura, sabor, temperatura, ... 6º • Elaborar uma lista de substituição de alimentos para os agricultores e cooperativa/associação de agricultores Nutricionalmente adequada Segura de contaminação química (agrotóxicos), física e biológica Resgata e promove bons hábitos alimentares Incentiva a produção de alimentos de base agroecológica e orgânicos Quantidade, qualidade, harmonia e adequação Diversificada Contribui para a segurança alimentar e nutricional dos consumidores e dos produtores Incentiva o consumo de alimentos regionais, locais, sazonais, in natura e frescos Aproxima a produção do consumo É economicamente justa e acessível Promove a equidade no comércio (comércio justo) Baixos níveis de processamento NOSSAS ESCOLHAS SÃO DETERMINANTES DA CADEIA ALIMENTAR A alimentação é um ato politico Obrigada Profª. Suzi Barletto Cavalli [email protected] NUPPRE - Núcleo de Pesquisa de Nutrição em Produção de Refeições - www.nuppre.ufsc.br GEA – Grupo de Estudos da Agrobiodiversidade – MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário CTNBio - Comissão Técnica de Biossegurança - MCTI