Sanmile Cristina Nascimento de Holanda

Propaganda
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS
FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DR. HEITOR VIEIRA DOURADO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL
MESTRADO EM DOENÇAS TROPICAIS E INFECCIOSAS
SIMULTÂNEA DETECÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DA CARGA VIRAL POR PCR EM
TEMPO REAL (qRT-PCR) IN HOUSE E CARACTERIZAÇÃO GENOTÍPICA DO
VÍRUS DA HEPATITE B (VHB) EM AMOSTRAS PROCEDENTES DA AMAZÔNIA
OCIDENTAL BRASILEIRA
SANMILE CRISTINA NASCIMENTO DE HOLANDA
MANAUS
2012
II
SANMILE CRISTINA NASCIMENTO DE HOLANDA
SIMULTÂNEA DETECÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DA CARGA VIRAL POR PCR EM
TEMPO REAL (qRT-PCR) IN HOUSE E CARACTERIZAÇÃO GENOTÍPICA DO
VÍRUS DA HEPATITE B (VHB) EM AMOSTRAS PROCEDENTES DA AMAZÔNIA
OCIDENTAL BRASILEIRA
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Medicina Tropical da
Universidade do Estado do Amazonas em
convênio com a Fundação de Medicina
Tropical Heitor Vieira Dourado para obtenção
do grau de Mestre em Doenças Tropicais e
Infecciosas.
Orientador: Prof. Dra. Cintia Mara Costa de Oliveira
Co-orientador: Prof. Dr. Wornei Silva Miranda Braga
MANAUS
2012
III
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central da UEA
H673s Holanda, Sanmile Cristina Nascimento de
Simultânea detecção e quantificação da carga viral por PCR em
tempo real (QRT-PCR) In House e caracterização genotípica do vírus
da Hepatite B (VHB) em mostras procedentes da Amazônia Ocidental
Brasileira / Sanmile Cristina Nascimento de Holanda; orientadora Cintia
Mara Costa de Oliveira; co-orientador Wornei Silva Miranda Braga. - Manaus : [s. n.], 2012.
70 f.; il.; 30 cm
Dissertação (Mestrado em Doenças Tropicais e Infecciosas)
Universidade do Estado do Amazonas, 2012.
Inclui bibliografia.
1. Mestrado em Doenças Tropicais e Infecciosas - Dissertações 2.
Hepatite B 3. Genótipo – PCR em tempo real 3. Quantificação I.
Oliveira, Cintia Mara Costa de II. Braga, Wornei Silva Miranda III. Título.
CDU(1997) 616.36-002(043)
IV
FOLHA DE JULGAMENTO
SIMULTÂNEA DETECÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DA CARGA VIRAL POR PCR EM
TEMPO REAL (qRT-PCR) IN HOUSE E CARACTERIZAÇÃO GENOTÍPICA DO
VÍRUS DA HEPATITE B (VHB) EM AMOSTRAS PROCEDENTES DA AMAZÔNIA
OCIDENTAL BRASILEIRA
SANMILE CRISTINA NASCIMENTO DE HOLANDA
“Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em
Doenças Tropicais e Infecciosas, aprovada em sua forma final pelo Programa de PósGraduação em Medicina Tropical da Universidade do Estado do Amazonas em
convênio com a Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado”.
Banca Julgadora:
______________________________________
Presidente
Profª. Dra. Cíntia Mara Costa de Oliveira
______________________________________
Prof. Dr. Carlos Gustavo Nunes da Silva
Membro
______________________________________
Prof. Dr. Jorge Roberto Di Tommaso Leão
Membro
V
Aos meus pais e minha irmã, pelo carinho, compreensão e por
estarem sempre ao meu lado, me incentivando na realização
deste trabalho.
VI
AGRADECIMENTOS
Quero agradecer a todas as pessoas que se fizeram presentes, que se
preocuparam, que foram solidárias e que torceram por mim:
A Deus por ter me dado sabedoria para escolher os caminhos corretos, pelos
momentos de alegria que tive durante esse período e por me rodear de pessoas
maravilhosas que se empenharam em me ajudar a concluir esse trabalho.
A minha querida orientadora Prof. Dra. Cintia Mara Costa de Oliveira por ter
acreditado em mim, por me ensinar e me desafiar durante os dois últimos anos,
contribuindo para minha formação. Agradeço também pela sua paciência, dedicação
e amizade.
Ao meu co-orientador Dr. Wornei Silva Miranda Braga pelo incentivo e apoio,
principalmente com os pacientes, fundamentais para a realização deste trabalho.
A minha querida colaboradora Márcia da Costa Castilho, que teve papel
fundamental neste trabalho.
A todos os participantes desse estudo pela disposição em ajudar no que deles
dependesse para a conclusão da pesquisa.
Aos meus pais, Miguel e Sônia, pela formação que me permitiram ter, pelo amor,
carinho e apoio nas horas difíceis. Agradeço a cada instante da minha vida por Deus
ter me dado pais tão maravilhosos e compreensíveis como vocês.
A minha irmã Camila, parceira em todos os momentos, tanto os alegres como os
tristes, agradeço pelo amor, compreensão e paciência, principalmente nesses dois
últimos anos.
A todos os colegas da Gerência de Virologia e demais setores da FMT-HVD pelo
apoio e amizade.
VII
Aos meus colegas da turma de 2010 do PPGMT pela amizade.
Ao Programa de Pós Graduação da UEA e todos os professores, pelos
conhecimentos repassados, fundamentais para a minha formação.
A Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, pela parceria e pelo
apoio técnico que possibilitou a realização deste estudo.
Ao órgão financiador
Agradeço
VIII
LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E UNIDADES DE MEDIDA
● A - adenina
● Anti-HBs – anticorpo contra o antígeno de superfície
● Anti-HBc – anticorpo contra o antígeno core
● Anti- HBc IgM – anticorpo da classe IgM contra o antígeno c
● Anti-HBe – anticorpo contra o antígeno e
 Anti-HDT – anticorpo contra o vírus da hepatite D
● ALT – Alanina amino transferase
● AST – Aspartato amino transferase
● cccDNA – Cadeia fechada de DNA com ligações covalentes
● CDC – Centers for Diseases Controls
 Ct - threshold cycle
 CV – coeficiente de variação
● DNA – Ácido desoxirribonucléico
● FMT-HVD – Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado
● FRET – Fluorencense Ressonance Energy Transfer
● G- guanina
● HBsAg- Antígeno de superfície
● HBcAg – Antígeno core
● HBeAg – Antígeno e
 HIV – Vírus da imunodeficiência humana
● HCC – Carcinoma hepatocelular
● Kb – Kilo base
● KD – Kilo Dalton
 Log - logaritmo
● MS – Ministério da Saúde
● min – minuto
● mL – Mililitro
 ng - nanograma
● nm – Nanômetro
● OMS – Organização Mundial de Saúde
● ORF’s – regiões abertas de leitura
IX
● pb – Pares de base
● Pré-C – Pré-Core
● PCR – Reação em Cadeia da Polimerase
● pmol – Pico moles
 qRT-PCR- Quantificação por PCR em tempo real
● RNA – Ácido ribonucléico
● RPM – Rotação por Minuto
● Seg – segundo
● SUS – Sistema Único de Saúde
● SVS – Secretaria de Vigilância em Saúde
● VHB – Vírus da Hepatite B
● VHC – Vírus da hepatite C
● VHD – Vírus da hepatite D ou delta
● T- timina
● TCLE – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
● UI- Unidades Internacionais
● WHO – World Health Organization
● µg - Micrograma
● µL - Microlitro
● % - Por cento
● ºC – grau Celsius
● > - Maior
● < - Menor
X
RESUMO
A hepatite B é uma doença infecciosa causada pelo vírus da hepatite B (VHB).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), cerca de 2 bilhões de pessoas
no mundo foram infectadas pelo VHB e cerca de 350 milhões vivem com a infecção
crônica. Sua distribuição varia consideravelmente em diferentes áreas geográficas
do mundo e a Amazônia Ocidental Brasileira é considerada área de alta
endemicidade. Além da caracterização genotípica, a análise quantitativa do VHB é
amplamente utilizada para monitorar a progressão da doença e o tratamento. Em
locais com recursos escassos, métodos baratos para o monitoramento da carga viral
são desejáveis e, em países em desenvolvimento, sua utilidade já foi demonstrada
para outros vírus, como o da Hepatite C e HIV. Neste estudo desenvolvemos uma
metodologia de quantificação da carga viral do DNA do vírus da hepatite B, através
da PCR em tempo real e identificamos os genótipos, através do sequenciamento
direto, nas amostras clínicas de pacientes oriundos da Amazônia Ocidental
Brasileira. Neste trabalho aplicou-se a metodologia da PCR em tempo real para a
detecção e quantificação do DNA-VHB. Utilizou-se a plataforma ABI 7500 Fast e
sondas TaqMan-MGB® como base para o desenvolvimento deste teste. Foram
analisadas 61 amostras pela PCR em tempo real. A sensibilidade analítica do teste
foi estimada em 17,9 UI/mL; a média do coeficiente de variação (CV) inter-ensaio foi
3,72% e a faixa de quantificação abrangeu cerca de 7 log 10. A metodologia
empregada foi capaz de detectar 62,2% das 61 amostras analisadas. Quando
comparado com o método comercial COBAS® AmpliPrep-COBAS TaqMan® HBV
Test, utilizado na rotina de diagnósticos, os testes demonstraram pouca correlação
na análise de Pearson (r=0,22, p=0,235) e nenhuma concordância na análise de
Bland-Altmann. Na caracterização genotípica comprovamos que das 35 amostras
sequenciadas, o genótipo predominante na região é o A com 67,8%, seguido do
genótipo F com 25% e do genótipo D com 7,14%.
Palavras chave: hepatite B – genótipo – PCR em tempo real – quantificação
XI
ABSTRACT
Hepatitis B is an infectious disease caused by hepatitis B virus (HBV). According to
World Health Organization (WHO), about 2 billion people worldwide were infected
with HBV and about 350 million live with chronic infection. Their distribution varies
considerably in different geographic areas of the world and the Western Brazilian
Amazon is considered a highly endemic area. In addition to the genotypic
characterization, the quantitative analysis of HBV is widely used to monitor the
progression of disease and treatment. Where resources are scarce, inexpensive
methods for monitoring viral load are desirable and, in developing countries, its
usefulness has been demonstrated for other viruses such as Hepatitis C and HIV.
This study developed a method for quantification of DNA viral load of hepatitis B by
real-time PCR and the genotypes identified through direct sequencing in clinical
samples of patients from the Western Brazilian Amazon. In this work we applied the
methodology of real-time PCR for detection and quantification of HBV DNA. We used
the platform ABI 7500 Fast and TaqMan-MGB® probes the basis for the development
of this test. 61 samples were analyzed by real time PCR. The analytical sensitivity of
the test was estimated at 17.9 IU / mL, the mean coefficient of variation (CV) interassay was 3.72% and the quantification range covering about 7 log10. The
methodology used was able to detect 62.2% of 61 samples analyzed. When
compared with the commercial method COBAS ® AmpliPrep -COBAS TaqMan ®
HBV Test, used in routine diagnostics, tests showed little correlation in the analysis
of Pearson (r = 0.22, p = 0.235) and no agreement in the Bland-Altmann analysis. In
genotypic characterization proved that the 35 samples sequenced, the genotype is
predominant in the region A with 67.8%, followed by genotype F with 25% and
genotype D with 7.14%.
Keywords: hepatitis B - genotype - real-time PCR – quantification
XII
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.
Países ou áreas de risco do VHB.............................................................
2
Figura 2.
Estrutura do VHB.......................................................................................
7
Figura 3.
Partícula viral do VHB (A) e Partes da estrutura genômica (B)................
9
Figura 4.
Replicação VHB........................................................................................
10
Figura 5.
Distribuição geográfica dos genótipos e subgenótipos do VHB..............
13
Figura 6.
Representação esquemática do mecanismo de ação da sonda TaqMan
durante a PCR em tempo real...................................................
18
Figura 7.
Curva de amplificação da PCR em tempo real. A amplificação mostra 3
fases distintas: (1) Linha de base ou linha basal: não houve produto da
PCR para detectar a fluorescência. (2) Fase log: a quantidade de
produto da PCR dobra a cada ciclo. (3) Fase platô: não há mais
aumento no número de produtos.............................................................. 18
Figura 8.
Representação esquemática das etapas para a clonagem em E.coli,
utilizando plasmidio...................................................................................
19
Fluxograma das atividades realizadas......................................................
25
Figura 10. Representação esquemática da posição dos iniciadores desenhados
para a amplificação do gene S do VHB....................................................
26
Figura 11. Fluxograma das etapas para a realização da clonagem.........................
29
Figura 12. Mapa do vetor pCR®4-TOPO®. Esse mapa mostra as características do
vetor e as sequências que circundam o sítio de clonagem. O vetor
possui 3956 pb e genes de resistência para a kanamicina e
ampicilina.................................................................................................
31
Figura 9.
Figura 13. Perfil eletroforético dos plasmídios após a digestão com enzima ECOR
I. O clone de nº 4 foi selecionado para as diluições seriadas por ter a
maior concentração de DNA. O produto amplificado corresponde a 220
pb. M= marcador de peso molecular Ladder de 1 kb.............................
39
Figura 14. (A) Curva padrão obtida a partir de duplicata das diluições seriadas do
plasmídeo pCR4-TOPO®, variando de 101 a 107 cópias/mL. (B)
Regressão linear da curva padrão (R2= 0,991). (C) curva padrão obtida
e amostras positivas; (D) regressão linear da curva padrão com
amostras positivas. Essas figuras foram geradas pelo ABI 7500 Fast
(Applied Biosystem)................................................................................... 40
XIII
Figura 15. Correlação entre número de cópias, em log/mL, da PCR em tempo real
in-house X COBAS® AmpliPrep-COBAS TaqMan® HBV Test (Roche)
Esse gráfico foi gerado pelo programa GraphPad Prism 5.0.................... 43
Figura 16. Concordância entre os testes através da metodologia de BlandAltmann. Esse gráfico foi gerado pelo programa GraphPad Prism 5.0..... 44
Figura 17. Árvore filogenética inferida pelo método Neighbor-Joining. O valor de
bootstrap foi calculado a partir de 2000 réplicas. A análise envolveu 51
sequencias de nucleotídeos, sendo 31 de referência e um grupo
externo (AF046996). As análises evolutivas foram realizadas no
programa MEGA........................................................................................ 45
XIV
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.
Distribuição geográfica dos genótipos (A-J)............................................
11
Tabela 2.
Sequências dos iniciadores para a amplificação do gene.......................
27
Tabela 3.
Sequências dos iniciadores para a amplificação do gene S na PCR em
tempo real................................................................................................ 34
Tabela 4.
Caracterização da população estudada quanto ao gênero e a
procedência.............................................................................................. 37
Tabela 5.
Naturalidade dos pacientes envolvidos na pesquisa...............................
38
Tabela 6.
Valores de Ct gerados em seis corridas na PCR em tempo...................
40
Tabela 7.
Avaliação da reprodutibilidade da curva padrão......................................
41
Tabela 8.
Relação entre os resultados obtidos pelos ensaios de qRT-PCR inhouse e o sistema COBAS® Ampliprep (Roche)...................................... 42
XV
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1.
Gráfico 2.
Gráfico 3.
Taxa de detecção de hepatite B (por 100 mil habitantes) segundo
UF de residência. Brasil, 2010..........................................................
3
Taxa de detecção de hepatite B (por 100 mil habitantes) segundo
região de residência por ano de notificação. Brasil, 1999 a 2010....
3
Perfil da faixa etária dos indivíduos participantes do estudo........
37
XVI
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Concentração e volume dos reagentes utilizados na primeira e na
segunda reação da PCR convencional..............................................
Quadro 2.
27
Programa para amplificação das regiões S e préS1/S2..................................................................................................
27
Quadro 3. Programa para amplificação do plasmídeo........................................
33
Quadro 4. Concentração e volume dos reagentes utilizados.............................
35
Quadro 5. Programa para amplificação da PCR em tempo real.........................
35
XVII
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................................
1.1
Aspectos epidemiológicos da hepatite B......................................................
1.1.1
Aspectos epidemiológicos da hepatite B no Brasil......................................
1.1.2
Aspectos epidemiológicos da hepatite B no Amazonas..............................
1.2
Estrutura genômica do vírus da hepatite B..................................................
1.3
Replicação do VHB......................................................................................
1.4
Genótipos, subtipos e sorotipos..................................................................
1.5
Manifestações clínicas................................................................................
1.6
Diagnósticos laboratoriais...........................................................................
1.6.1
Diagnóstico bioquímico...............................................................................
1.6.2
Diagnóstico sorológico................................................................................
1.6.3
Diagnóstico histológico................................................................................
1.6.4
Diagnóstico molecular.................................................................................
1 1.6.4.1 Detecção qualitativa do DNA........................................................................
1.6.4.2
Detecção quantitativa do DNA......................................................................
1.7
Clonagem......................................................................................................
1.8
Curva Padrão................................................................................................
1
1
2
5
6
9
10
13
14
14
14
15
15
15
16
18
19
2 JUSTIFICATIVA.......................................................................................................... 21
3 OBJETIVOS................................................................................................................ 22
3.1
Gerais.................................................................................................................. 22
3.2
Específicos......................................................................................................... 22
4 MATERIAL E MÉTODOS...........................................................................................
4.1
Tipo de estudo................................................................................................
4.2
Local e população do estudo..........................................................................
4.3
Comitê de ética................................................................................................
4.4
Entrevista dos participantes............................................................................
4.5
Tamanho da amostra......................................................................................
4.6
Critérios de exclusão.....................................................................................
4.6.1
Critérios de inclusão......................................................................................
4.7
Classificação sorológica dos participantes.................................................
4.8
Coleta de amostras clínicas...........................................................................
4.9
Extração do DNA a partir do plasma sanguíneo...........................................
4.9.1
Reação em cadeia da polimerase (PCR)........................................................
4.9.2
Análise do produto da PCR……………………………………………………….
4.9.3
Sequenciamento.............................................................................................
4.9.4
Análise filogenética.........................................................................................
5
Procedimentos para o desenvolvimento do ensaio de qRT-PCR...............
5.1
Desenvolvimento da curva padrão..................................................................
5.1.2
Preparação de bactérias competentes............................................................
5.1.3
Inserção em vetor de clonagem......................................................................
5.1.4
Extração do DNA plasmidial (Miniprep)...........................................................
5.1.5
Reação de amplificação do plasmídeo............................................................
5.1.6
Digestão do DNA plasmidial com enzimas de restrição EcoR I.....................
5.1.7
Purificação do fragmento digerido com enzima EcoR I.................................
5.1.8
Sequenciamento dos plasmídeos...................................................................
23
23
23
23
23
24
24
24
25
25
26
26
27
28
28
29
29
30
30
31
31
32
32
32
XVIII
5.2
5.2.1
5.3
5.3.1
5.4
5.4.1
5.4.2
5.4.3
5.4.4
Seleção dos clones para a construção da curva padrão.................................
Avaliação da curva padrão..............................................................................
Desenho dos iniciadores e sondas para os ensaios da qRT-PCR................
Análise dos dados...........................................................................................
Avaliação do desempenho do teste de qRT-PCR...........................................
Sensibilidade analítica....................................................................................
Reprodutibilidade...........................................................................................
Comparação do ensaio in-house frente ao kit comercial COBAS®
Ampliprep-COBAS TaqMan® HBV Test (Roche)............................................
Análise estatística dos dados........................................................................
33
33
34
35
35
35
36
36
36
6 RESULTADOS............................................................................................................ 37
7 DISCUSSÃO...............................................................................................................
46
8 CONCLUSÕES...........................................................................................................
55
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................... 56
10 ANEXOS...................................................................................................................
10.1
Participantes do projeto...................................................................................
10.2
Termo de consentimento.................................................................................
10.3
Questionário....................................................................................................
10.4
Relatório de aprovação do projeto CEP..........................................................
65
65
66
69
70
1 INTRODUÇÃO
1.1 Aspectos epidemiológicos da hepatite B
A hepatite B é considerada a principal patologia hepática e é a décima causa
de morte no mundo. A infecção pelo vírus da hepatite B (VHB) pode induzir a várias
alterações hepáticas variando de infecções agudas e crônicas para cirrose hepática
e carcinoma hepatocelular (HCC) (1). Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), cerca de 2 bilhões de pessoas no mundo estao infectadas pelo vírus e cerca
de 350 milhões vivem com infecção crônica. Destes, ao menos 65 milhões vivem na
África (2). Estima-se ainda que de 500 000 – 700 000 pessoas morrem a cada ano
devido aos efeitos agudos ou crônicos da hepatite B (3).
A prevalência da infecção pelo VHB varia consideravelmente em diferentes
áreas geográficas do mundo, estando estas divididas em três categorias distintas:
alta endemicidade (>8%); média endemicidade ou intermediária (2-8%) e baixa
endemicidade (<2%) (Figura 1). A infecção pelo VHB é considerada alta quando a
prevalência do antígeno de superfície (HBsAg) é superior a 7% ou quando 60% ou
mais da população têm evidência sorológica de infecção prévia (4). Nas áreas que
correspondem às regiões de alta endemicidade, como o Sudeste Asiático, África
Sub-Sahariana, regiões do Pacífico Sul, Alasca e Amazônia Ocidental, a infecção se
dá, geralmente, de mãe para filho (transmissão vertical), no momento do parto,
assim como horizontalmente, entre crianças menores de cinco anos, com menor
probabilidade, relacionado às características ambientais como a de transmissão por
insetos hematófagos (5; 6) ou o mais provável, relacionado a hábitos culturais da
população, que levem ao contato com o sangue de um indivíduo portador (7; 8).
Alguns autores consideram que o contato interpessoal, como a relação entre irmãos,
representa um maior risco de disseminação do VHB, do que a transmissão vertical
(9). Nas áreas de média endemicidade, como em alguns países da Europa, Japão,
América do Sul e parte do Oriente Médio, a transmissão também é vertical ou
horizontalmente (1; 10-12). O uso inadequado de seringas também representa um
problema de saúde pública nos países em desenvolvimento (13). Nas áreas de
baixa endemicidade, como na América do Norte, norte e oeste da Europa e Austrália
a maioria das infecções é adquirida no começo da vida adulta, por transmissão
2
horizontal, através do uso de drogas injetáveis, atividades sexuais sem proteção,
infecção hospitalar ou emigração de pessoas das áreas endêmicas (7; 12).
Figura 1: Países ou áreas de risco do VHB, adaptado. (14)
1.1.1 Aspectos epidemiológicos da hepatite B no Brasil
Estimativas do Ministério da Saúde (MS) indicam que a hepatite B crônica
atinge cerca de dois milhões de brasileiros, dos quais 95% não estão diagnosticados
por falta de esclarecimento e de divulgação sobre a doença (15).
Estudos realizados entre as décadas de 80 e 90 sugeriram uma tendência
crescente do VHB em direção à região Norte e Sul. Assim, considerava-se que
ocorriam três padrões de distribuição da hepatite B: áreas de alta endemicidade,
com prevalência superior a 7%, representada pela região Amazônica, alguns locais
do Espírito Santo e Santa Catarina; região de endemicidade intermediária, com
prevalência entre 2 e 7%, nas regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste e áreas de
baixa endemicidade, com prevalência abaixo de 2% na região Sul do país (4;16)
Em 2000, Clemens realizou um estudo de soroprevalência do anticorpo contra
o antígeno do núcleocapsídeo viral (anti-HBc), nas quatro regiões do país,
mostrando que na região Norte a taxa de portadores crônicos atingia 21,4% contra
7,6, 5,5 e 1,2% das regiões Sul, Sudeste e Nordeste, respectivamente (17).
3
Segundo dados do Ministério da Saúde, de 1999 a 2010, o total de casos de
hepatite B confirmados foi 104.454 e a taxa de mortalidade 0,3 por 100 mil
habitantes. As taxas de detecção por UF de residência, em 2010, podem ser
observadas no gráfico 1. A maior taxa foi observada no estado do Acre (52,1) e, a
menor, no Piauí (1). O Brasil registrou 6,1 casos de hepatite B por cada 100 mil
habitantes (18). As taxas de detecção por região de residência, em 2010, podem ser
obervada no Gráfico 2.
Gráfico 1: Taxa de detecção de hepatite B (por 100 mil habitantes) segundo UF de
residência. Brasil, 2010, adaptado (18)
Gráfico 2: Taxa de detecção de hepatite B (por 100 mil habitantes) segundo região
de residência por ano de notificação. Brasil, 1999 a 2010. (18)
4
Desde fevereiro de 2006, todo caso de hepatite B é de notificação obrigatória
(19). De 1999 a 2011 foi notificado ao Ministério da Saúde um total de 120,3 mil
casos. A região Sudeste concentra o maior número (36,3%), seguida da Sul, com
31,6% das notificações. (20).
A vacina contra a hepatite B existe desde 1982 com índice de 95% de
eficiência na prevenção da infecção pelo VHB. Desde então, mais de um bilhão de
doses da vacina foram utilizadas mundialmente (21). Historicamente a vacina contra
hepatite B foi desenvolvida a partir de plasma de doadores contendo o vírus B,
sendo que o mesmo era inativado durante o processo de fabricação da vacina.
Atualmente, por meio da engenharia genética, é possível fazer a identificação e a
clonagem molecular do genoma do vírus (HBsAg), tornando possível a produção de
uma nova vacina. A vacina, DNA recombinante, possui 20 µg de HBsAg por dose,
sendo adsorvida em hidróxido de alumínio e devendo ser conservada em geladeira
entre +2 e +8ºC.
Estudos comparativos entre a vacina derivada de plasma e a vacina DNA
recombinantes mostraram que a qualidade dos anticorpos produzidos tanto em
relação à afinidade quanto a especificidade é semelhante. As vacinas não
promovem infecção, pois não contêm DNA viral. Elas apenas induzem à produção
do anti-HBs (22; 23).
No Brasil, a vacinação contra o VHB foi introduzida em setembro de 1989, na
cidade de Lábrea, logo se estendendo a mais de dez municípios nas margens dos
rios Purus, Juruá e médio Solimões (24). Foram vacinadas crianças de até nove
anos de idade e profissionais de saúde, com três doses de vacina DNA
recombinantes, que passou a fazer parte do calendário de vacinação em todo o
Estado do Amazonas a partir de 1992 (25).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a vacina seja dada
em três ou quatro doses em áreas onde haja, geralmente, uma transmissão vertical,
como em áreas de alta prevalência do VHB, com a primeira dose sendo
administrada imediatamente dentro das primeiras 24 horas de vida (26). No Brasil, a
5
vacina para hepatite B passou a ser oferecida no Sistema Único de Saúde (SUS) na
década de 90, primeiramente na região Norte. Em 2012, a faixa etária para a
vacinação gratuita foi ampliada para pessoas que tenham até 29 anos ou que
pertençam a grupos de maior vulnerabilidade, independentemente da idade (27).
1.1.2 Aspectos epidemiológicos da hepatite B no Amazonas
A Amazônia Ocidental Brasileira, que inclui os estados do Amazonas, Acre,
Rondônia e Roraima, é considerada região de alta endemicidade para o VHB. A
prevalência dos portadores do antígeno de superfície (HBsAg) nessas áreas varia de
5% a 15% e, aproximadamente, 50% a 95% das pessoas apresentam evidência
sorológica de infecção prévia pelo VHB (28). Em 2005, El Khouri et al realizaram um
estudo na região de Monte Negro, no Estado de Rondônia, onde determinaram a
presença do VHB em 61,8% dos casos, maior do que em outras partes do Brasil,
que foi 7,9%, descrito por Tanak, J. (29; 30).
A associação da hepatite B e da hepatite D (VHD) é a que prevalece na região
(31). Essa associação é geralmente mais grave do que a infecção pelo VHB
sozinho. O VHD é descrito na região, desde o final da década de 60, como Febre
Negra de Lábrea - uma hepatoencefalopatia que apresenta características de uma
hepatite fulminante (32-34). No estado do Amazonas, as calhas dos rios Juruá,
Purus e médio Solimões, são as áreas de maior endemicidade da doença no estado
(25; 35). Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 1999 e 2011, houve 2.197
casos de hepatite D concentrados na região Norte (76,4%), sendo 37% no
Amazonas e 29,3% no Acre (36). Em 2004, para estimar as taxas de prevalência do
VHB e do VHD na cidade de Lábrea, Braga e colaboradores analisaram 605
amostras indivíduos HBsAg+ e concluíram que o VHD estava presente em 30%
deles (37).
Em Manaus, a Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado (FMTHVD), que funciona como Centro de Referência para pesquisas científicas e
diagnósticos de doenças tropicais no estado do Amazonas, notificou, entre 2007 e
6
2012, 694 casos de infecção por hepatite B, 172 casos de co-infecção de hepatite B
e D (delta) e 45 casos de co-infecção de hepatite B e C (38).
1.2 Estrutura genômica do vírus da hepatite B
O vírus da hepatite B é classificado como membro da família Hepadnaviridae,
gênero Orthohepadnavírus (39). O ser humano é o hospedeiro natural do VHB,
contudo, há relatos na literatura, que vírus similares ao VHB foram isolados em
animais como marmotas, patos, esquilos e outros tipos de pássaro (40).
Historicamente, a descoberta do VHB data da década de 60, quando Blumberg
descobriu o antígeno de superfície (HBsAg) e o denominou de antígeno Austrália
(Au), devido ao soro dos primeiros estudos serem de um aborígene australiano (41).
Em 1970, Dane conseguiu identificar as partículas do vírus da hepatite B (VHB) no
soro de um paciente (42). Kaplan confirmou a natureza viral destas partículas,
detectando um DNA endógeno dependente de uma DNA polimerase que se
encontrava no seu interior (43). A descoberta desta polimerase permitiu a
caracterização do genoma do VHB por Robinson (44).
A partícula viral do VHB (Figura 2), também denominada de partícula de Dane,
tem um diâmetro de aproximadamente 42 nm, composta de um envelope bi lipídico,
que é formado por proteínas sintetizadas e moléculas lipídicas, derivadas do
hospedeiro, onde fica a proteína s ou o antígeno de superfície (HBsAg). Dentro do
envelope existe uma partícula central, o core (HBc), composto por proteínas do
nucleocapsídeo, que serve para proteger o genoma viral e a DNA polimerase,
importante para a replicação do vírus. O VHB também gera partículas esféricas ou
filamentosas, de aproximadamente 22 nm, que são constituídas apenas por
antígenos de superfície. Essas partículas por não conterem o genoma viral, não são
infecciosas (45).
7
Figura 2: Estrutura do VHB, adaptado (45)
O genoma do VHB possui um peso molecular de 3,2 kb e 3200 nucleotídeos. É
formado por uma molécula circular incompleta de DNA dupla-hélice, sendo uma
cadeia curta ou (+) e uma cadeia longa ou (-). A cadeia longa (negativa) é completa,
com 3000 a 3200 nucleotídeos. A cadeia curta (positiva) é incompleta, variando de
50 a 70% da cadeia longa. Quando as duas cadeias se sobrepõem, a molécula
adquire uma forma circular. Na cadeia positiva são encontradas quatro regiões
abertas de leitura (ORF’s) (Figura 3), que são representadas pelos genes pré-S/S,
pré-C/C, gene P e gene X, cuja função é codificar as proteínas estruturais (HBsAg e
HBcAg), não-estruturais (HBeAg), as proteínas replicativas (polimerase e proteína X)
e elementos reguladores (39; 46; 47).
A primeira ORF é a região pré-S-S que incluem as regiões S, pré-S1 (28483204
nucleotídeos)
e
pré-S2
(3205-154
nucleotídeos)
que
codificam
as
glicoproteínas do envelope viral, através de três códons de inícios diferentes. Esse
envelope é composto por três proteínas do HBsAg chamadas de grande, médio e
pequeno (L, M, S), respectivamente. A proteína “L” é codificada pela pré-S1, pré-S2
e S. A “M” é codificada pela pré-S2 e S e a proteína “S” é codificada apenas pela
região S. A proteína S é formada por 226 aminoácidos e as proteínas L e M são
formadas pela extensão amino-terminal com 55 aminoácidos na região pré-S2 e
108-119 aminoácidos na região pré-S1 (39; 48). Dentre as três, a proteína S,
conhecida como HBsAg, é a mais abundante, com 24 kD. A proteína pré-S1 está
envolvida no reconhecimento do VHB pelos receptores do hepatócito e sua liberação
8
na célula infectada enquanto a região S codifica as glicoproteínas de superfície:
grande, média e pequena, presentes na partícula vírica infecciosa (43;48).
A segunda ORF é a região C, que codifica os antígenos do nucleocapsídeo
viral, é formada por dois códons distintos: o pré-core (pré-C), região altamente
conservada, e o core (C), que estão na mesma fase de leitura aberta e codificam
duas proteínas, o antígeno e (HBeAg), que é secretado no sangue, e a proteína do
core (HBcAg). Imunologicamente, estas proteínas funcionam como antígenos do
nucleocapsídeo viral, sendo responsáveis pela indução e produção dos anticorpos
anti-HBe e anti-HBc, quando ocorre a infecção pelo VHB. Porém, o papel do HBeAg
ainda não é totalmente conhecido, pois não faz parte da estrutura da partícula viral e
seu papel na replicação viral é desnecessário (45; 48).
A cadeia codificadora da polimerase (região P) é a terceira ORF e produz uma
proteína multifuncional que inclui: uma proteína terminal, uma região de ligação, uma
região da DNA polimerase/transcriptase reversa e uma região correspondente a
ribonuclease H. A polimerase vírica também funciona tanto como uma transcriptase
reversa (que serve para a síntese da cadeia negativa do DNA a partir do RNA
genômico) assim como uma DNA polimerase endógena. A DNA-polimerase, sendo
responsável pela replicação do DNA do VHB na célula hospedeira, é a enzima que
degrada o RNA, precursor da partícula viral, substituindo-o por DNA. Depois de
formado, o DNA é incorporado ao genoma da célula hospedeira, permitindo que o
DNA do VHB seja produzido a partir do RNA. O gene P sobrepõe-se à porção final
do gene C, ao gene S completo e à porção inicial do gene X (49).
A quarta ORF é denominada como proteína X devido à incerteza sobre sua
função durante uma infecção natural. No entanto, já se sabe que o gene X codifica
um polipeptídio de 154 aminoácidos, assim como codifica o antígeno X (HBxAg)
que, segundo experimentos in vivo, parece agir como um ativador da transcrição,
tendo uma função essencial na replicação e na hepatocarcinogênese (47; 50).
9
Figura 3: Partícula viral do VHB (A) e Partes da estrutura genômica (B). (47)
1.3 Replicação do VHB
O ciclo replicativo do VHB (Figura 4) começa com a ligação da partícula viral,
ou vírion, ao hepatócito do hospedeiro, mediada pela glicoproteína de superfície préS1. Uma vez dentro do hepatócito, ocorre à fusão da partícula com a membrana
celular e dentro do citoplasma o genoma é liberado, dirigindo-se até o núcleo. Dentro
do núcleo o DNA é reparado e se completa. O genoma do VHB se converte numa
cadeia fechada de DNA com ligações covalentes (cccDNA), pela DNA polimerase
vírica. (45; 51; 52).
O cccDNA é o modelo que origina o RNA mensageiro (RNAm) para a síntese
das proteínas virais e o RNA pré-genômico para a síntese do genoma vírico. Esse
RNA-pré
genômico
é
transportado
para
o
citoplasma,
incorporado
no
nucleocapsídeo e convertido na cadeia negativa do DNA pela transcriptase reversa.
Nessa fase, forma-se um intermediário de RNA, com cerca de 3,4 kb, que fica no
interior do vírus imaturo. Esse RNA representa o molde para a síntese da cadeia
negativa do DNA. À medida que o RNA vai se transformando em DNA, ele vai sendo
degradado através da atividade da RNAase H. Porém, essa degradação não é
completa e o oligoribononucleotídeo
terminal (que inclui a sequência DR1) é
emparelhado com a região DR2, perto do terminal 5’ da mesma cadeia negativa,
onde atua como iniciador da síntese da cadeia positiva. A síntese da cadeia positiva
é iniciada e forma-se, novamente, o cccDNA (52).
10
Figura 4: Replicação VHB. (52)
1.4 Genótipos, subtipos e sorotipos
Estudando os determinantes antigênicos localizados no gene de superfície do
HBsAg, Le Bouvier, em 1972, classificou o vírus da hepatite B, em quatro subtipos:
adr, adw, ayr e ayw, sendo o determinante “a” comum em todas as cepas. Esses
subtipos podem ainda ser divididos em nove sorotipos: ayw1, ayw2, ayw3, ayw4,
ayr, adw2, adw4, adrq+ e adrq -. Estudos epidemiológicos encontraram prevalência
desses subtipos em diferentes partes do mundo (Tabela 1) (40; 53; 54).
Analisando a seqüência nucleotídica de 18 cepas de VHB, Okamoto e
colaboradores (1988) sugeriram que os subtipos já conhecidos poderiam ser
classificados em subgrupos genéticos, já que, quando agrupadas em quatro grupos,
de A - D foi encontrada uma divergência com mais de 8% do genoma completo entre
as cepas analisadas (55).
Logo após a descoberta de Okamoto, Norder et al (1992), através do
seqüenciamento do gene S, descobriu dois novos genótipos, o E e o F (56).
Utilizando o sequenciamento completo e a análise filogenética, Stuyver et al
(2000) descobriu o genótipo G em soro de pacientes com infecção crônica pelo VHB
(57).
11
Em 2002, Arauz-Ruiz et al. relatou o genótipo H, encontrado em cepas isoladas
oriundas da Nicarágua, México e Califórnia. Através do seqüenciamento do genoma
completo e posterior análise filogenética, perceberam que o genótipo F possuía
certa similaridade com o genótipo H. O que difere ambos é a substituição da valina
na posição 44 e a prolina na posição 45. Na região do gene da polimerase, as três
cepas identificadas do genótipo H apresentaram uma região única de 16
aminoácidos bem conservada, enquanto no genótipo F estava ausente (58).
Atualmente, 8 genótipos são reconhecidos (A-H), entretanto, existem estudos
que sugerem a adição do genótipo I (59-61) e do genótipo J (62)
Os genótipos do VHB têm distribuições variadas, em diferentes partes do
mundo (Tabela 1).
Tabela 1: Distribuição geográfica dos genótipos (A-J), adaptado (53)
Genótipos
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
Distribuição
Noroeste Europeu, América do Norte, África
Central.
Sudoeste da Ásia, China, Japão.
Sudoeste da Ásia, China, Japão.
Sul da Europa,Oriente Médio, Índia
África
Nativos americanos, Polinésia, América
Central e do Sul.
Estados Unidos, França.
América Central
China
Japão
No Brasil, estudos têm demonstrado que os genótipos também estão divididos
em diferentes regiões, devido à imensa variedade étnica da população brasileira (46;
63). Quase todos os genótipos foram encontrados no Brasil, entretanto, o genótipo A
parece ser o mais prevalente, chegando a atingir média de 48,5% (62), seguido
pelos genótipos D e F (64).
12
Entre pacientes paulistas, os genótipos A, D e F são encontrados, em maior
quantidade, em indivíduos de ascendência ocidental, enquanto os portadores dos
genótipos B e C, em indivíduos de origem asiática (63). No Rio Grande do Sul o
genótipo D é o mais prevalente, seguido pelo genótipo A (46).
O genótipo F ocorre, principalmente, entre a população indígena do norte do
país, havendo relatos de prevalência acima dos 75% na Amazônia (46; 65). Em
2008, Oliveira, C.M. analisou um total de 80 amostras de pacientes portadores de
hepatite B , sendo 60 procedentes de Manaus e 20 do município de Lábrea, AM. A
análise filogenética identificou três genótipos: A, D e F, sendo o A o mais prevalente,
seguido dos genótipos F e D. O genótipo A foi mais freqüente nas amostras de
indivíduos naturais de Manaus, enquanto o genótipo F predominou nas amostras de
indivíduos procedentes do interior do Amazonas (66). Em um estudo realizado em
2007 por Mello, F. e em 2012 por Dias, AL., foi demonstrado que o genótipo F não
era tão prevalente na região norte do Brasil (67; 68).
Metodologias como o sequenciamento parcial ou completo do genoma viral, o
polimorfismo dos tamanhos dos fragmentos de restrição (RFLP) de DNA viral
amplificado por PCR, a hibridização em membrana após a PCR e PCR com
iniciadores específicos para cada genótipo, têm sido utilizadas para identificar os
genótipos do VHB (46).
Análises filogenéticas demonstram que os genótipos também podem ser
divididos em subgenótipos, com exceção dos genótipos E e G. Nesse tipo de análise
observa-se uma variabilidade genética que varia de 4 a 10 % entre os subgenótipos.
Assim como os genótipos, os subgenótipos também estão distribuídos em várias
regiões geográficas (Figura 5). O subgenótipo A1 é encontrado na África e América
do Sul e o A2 na Europa. Os subgenótipos do B são encontrados em países
asiáticos, sendo o B1 encontrado no Japão. Os subgenótipos do C também tem
maior distribuição nos países asiáticos com exceção do C4, encontrado na Austrália.
Recentemente novos subgenótipos do C foram encontrados na província da
Indonésia, denominado C6 e nas Filipinas, denominado C7 (66). Os subgenótipos do
D têm distribuição mundial e do F é encontrado na América do Sul e Central, onde o
13
F3 predomina na Bolívia e o F4 na Argentina. No Brasil, há um predomínio dos
subgenótipos A1 e F2 (69; 70).
Figura 5: Distribuição geográfica dos genótipos e subgenótipos do VHB (69)
É importante que se conheça, em profundidade, os diferentes genótipos
existentes, pois estudos evidenciaram a relação do genótipo com a progressão da
doença (70) e até mesmo com seu tratamento (46). Fato esse observado na Ásia,
onde os genótipos B e C são mais freqüentes, e que os portadores crônicos
infectados com o genótipo C apresentaram complicações mais graves do que os
portadores do genótipo B (46; 48; 69; 70). Pessoas infectadas com genótipo A,
geralmente apresentam carga viral maior em relação aos outros genótipos, o que
facilita a transmissão viral. O genótipo A também tem uma tendência de causar
infecção crônica após a infecção aguda. Porém, comparando com o genótipo D, o
genótipo A é mais sensível ao tratamento com interferon (48).
1.5 Manifestações clínicas
A hepatite B é a causa mais importante de infecção aguda ou crônica no fígado
e seu período de incubação varia de um a seis meses (50). As manifestações
clínicas e o prognóstico da infecção pelo VHB dependem da idade de aquisição da
infecção, do nível de replicação do VHB e do estado imune do hospedeiro, podendo
ser sintomáticas ou assintomáticas. Durante o período de incubação da doença os
pacientes podem sentir-se indispostos, com náuseas, vômitos, diarréia, anorexia e
14
dores de cabeça. Podem tornar-se ictéricos e, às vezes, não apresentarem nenhum
sintoma óbvio.
A maioria dos adultos recupera-se da infecção, mas, aproximadamente 5 a
10% não conseguem eliminar o vírus e tornam-se portadores assintomáticos, ou
então,
desenvolvem
uma
hepatite
crônica,
resultando
em
cirrose
ou
hepatocarcinoma. Os casos assintomáticos podem ser identificados através de
alterações bioquímicas ou sorológicas no sangue (71).
1.6 Diagnósticos laboratoriais
Os diagnósticos para a detecção do VHB incluem os testes bioquímicos,
sorológicos, histológicos e moleculares.
1.6.1 Diagnóstico bioquímico
Avalia a função dos hepatócitos e são obtidos através da determinação dos
níveis das enzimas alanina alaminotransferase (ALT) e aspartato aminotransferase
(AST). Uma vez detectado a infecção crônica, o paciente deve realizar,
periodicamente, testes para avaliar os níveis de ALT, pois, uma elevação acima do
limite de normalidade indica um agravamento da doença hepática (72).
1.6.2 Diagnóstico sorológico
O vírus da hepatite B possui três antígenos principais: o HBsAg, o HBcAg e o
HBeAg. O HBsAg é o primeiro marcador sorológico a ser detectado no soro e indica
infecção recente pelo VHB (73). Pode ser detectado várias semanas antes do início
dos sintomas e permanecer por cerca de seis meses ou mais no soro. Porém, sua
permanência por mais de seis meses, indica a possibilidade de evolução para
infecção crônica. O intervalo entre a eliminação do vírus e o aparecimento do
anticorpo anti-HBs pode levar de semanas a alguns anos. Normalmente o anti-HBs
persiste por toda a vida, conferindo imunidade contra novas infecções. O HBeAg
aparece simultaneamente ou poucos dias após o HBsAg. É produzido em excesso e
indica replicação viral ativa e alta infecciosidade do vírus. Está presente desde o
15
início da infecção até a cura e sua persistência indica progressão para doença
crônica. O anti-HBe aparece no soro do paciente com infecção aguda no momento
ou logo depois que o HBeAg torna-se negativo. Sua presença indica cura na doença
aguda, mesmo que o HBsAg ainda esteja presente (72; 74; 75).
O HBcAg, por ser um componente interno da partícula viral, só é detectável no
núcleo dos hepatócitos de indivíduos com hepatite crônica ou aguda e é um
indicador confiável da replicação viral. O anti-HBc, surge durante o curso da
infecção. Na infecção aguda o anti-HBc é predominantemente IgM e é o primeiro
anticorpo detectado. Surge aproximadamente 1 mês após a aparição do HBsAg e 1
a 2 semanas antes do aumento da ALT (76). É substituído pelo IgG que permanece
por toda a vida. Sua presença indica exposição prévia ao vírus (74).
1.6.3 Diagnóstico histológico
A biópsia hepática é um procedimento invasivo e requer um médico experiente.
Normalmente é feita em pacientes já internados, mas pode também ser realizado em
pacientes ambulatorialmente selecionados, quando existem dúvidas quanto ao seu
quadro clínico (75; 77).
1.6.4 Diagnóstico molecular
Cada vez mais as técnicas de biologia molecular têm sido utilizadas para
contribuir ou substituir os testes tradicionais (78). As análises moleculares no estudo
do VHB possibilitam tanto a manipulação dos genes quanto a detecção qualitativa e
quantitativa do DNA viral, principalmente para a confirmação de viremia nos casos
crônicos. A maior utilização da técnica é a determinação da carga viral, durante o
monitoramento terapêutico e na caracterização genotípica do VHB (74).
1.6.4.1 Detecção qualitativa do DNA
O teste qualitativo geralmente utilizado para detectar o DNA do VHB é a PCR
(reação em cadeia da polimerase).
16
A PCR é uma técnica que permite a replicação in vitro do DNA, através de
iniciadores (primers) específicos, de forma extremamente rápida. Mínimas
quantidades do material genético podem ser detectadas e amplificadas milhões de
vezes em poucas horas (79; 80). Uma PCR é considerada sensível, quando é capaz
de detectar entre 10 e 100 cópias do vírus por mL de soro. Para que não haja
resultados falso-positivos e falso-negativos, é necessário que seja feita uma
padronização da técnica antes do emprego em análises de rotina (74).
Uma das vantagens da utilização da PCR é que a mesma não necessita do
cultivo do vírus, assim, é possível analisar um segmento específico do genoma viral.
No VHB, os genes S e C geralmente são os mais utilizados nas amplificações por
PCR, por conterem as regiões mais conservadas do genoma viral (80) e permitirem
a genotipagem. Outro gene que atualmente vem sendo alvo de investigação é o
gene da Polimerase P por permitir a análise de resistência viral aos antivirais. O
desenvolvimento de kits comerciais de diagnóstico molecular do VHB difundiu a
utilização da PCR nos laboratórios. Com isso, uma variedade de testes qualitativos e
quantitativos está disponível comercialmente e são utilizados para determinar a
presença da infecção ou para avaliar a resposta ao tratamento (81; 82).
A PCR apresenta diversas variações que foram desenvolvidas para atender as
necessidades específicas. Uma delas é a nested-PCR, que utiliza o produto da
primeira amplificação em uma segunda amplificação, com um par de iniciadores
localizados internamente à seqüência de nucleotídeos do fragmento amplificado. É
considerada uma técnica com alto nível de detecção devido ao aumento do número
de ciclos e especificidade, garantido pelo reconhecimento de um número maior de
bases da seqüência alvo (83).
1.6.4.2 Detecção quantitativa do DNA VHB
Os testes quantitativos têm capacidade de determinar a quantidade de DNA do
VHB presente no soro ou plasma de pacientes infectados, através do exame de
carga viral. Sua utilidade já foi comprovada em outros vírus como o da hepatite C e
HIV. A determinação da carga viral, que pode ter o resultado relatado em números
17
absolutos, log 10, em cópias ou em unidades internacionais (UI) por mL (84), é muito
útil no acompanhamento da progressão da doença. Pela sua importância, muitos
esforços têm sido realizados para obtenção de melhores desempenhos deste teste.
A detecção quantitativa é realizada pela metodologia de PCR em tempo real
em equipamento automatizado com o mínimo de interferência nos procedimentos.
Essa técnica representa um grande avanço nos métodos moleculares, pois a
detecção dos amplicons (produtos de amplificação) é simultânea à quantificação
(85). Permite avaliar um número de amostras simultaneamente, com maior
praticidade, baixo risco de contaminação cruzada e menor tempo para obtenção do
resultado (86; 87).
Para a detecção do produto, o método utiliza um sistema fluorescente em
plataforma, que pode ser SYBR™ Green ou sondas TaqMan™ (88; 89). Uma das
desvantagens do SYBR™ Green é que, como não é específico, ele se liga em todo
DNA fita dupla que surge durante a reação, o que pode superestimar a concentração
do fragmento alvo (90). A TaqMan™, é uma sonda utilizada para detectar
sequências específicas nos fragmentos de DNA alvo, caracterizar e quantificar ou
determinar a carga viral alvo. Nas reações utilizando o sistema TaqMan™, as
sondas são marcadas com um fluoróforo em uma extremidade e por uma molécula
quencher, que aceita a energia do fluoróforo, na outra extremidade. Salientando que
além do sistema TaqMan existem outros tipos de sondas como a Molecular Beacons
e as sondas Fret.
Durante a PCR em tempo real, a sonda hibridiza com a sequência da fita
simples de DNA. Na amplificação a sonda é degradada, devido à atividade da Taq
DNA polimerase, separando o quencher do fluoróforo durante a extensão. Essa
separação resulta em um aumento da intensidade da fluorescência (Figura 6). À
medida que os ciclos da reação de PCR vão ocorrendo, aumenta o número de
fluoróforos livres e, consequentemente, a fluorescência gerada. Quando a
fluorescência emitida pelo fluoróforo atinge um limiar significativamente acima da
fluorescência basal da reação, o software do sistema correlaciona em qual ciclo isso
ocorre e, com as informações da curva padrão, paralela a reação, o que permite a
18
quantificação do DNA da amostra. O ponto que detecta o ciclo na qual a reação
atinge o limiar da fase exponencial é denominado de Cycle Threshold (Ct) (Figura 7).
Este
ponto
permite
a
quantificação
exata
e
reprodutível
baseado
na
fluorescência(90; 91).
.
Figura 6: Representação esquemática do mecanismo de ação da sonda TaqMan
durante a PCR em tempo real (91)
Figura 7: Curva de amplificação da PCR em tempo real, mostrando 3 fases distintas:
(1) Linha de base ou linha basal: não houve produto da PCR suficiente para ser
detectado pela fluorescência. (2) Fase log: fase exponencial onde a quantidade de
produto amplificado dobra a cada ciclo. (3) Fase platô: não há mais aumento no
número de produtos. (90) adaptado.
1.7 Clonagem
Na clonagem gênica obtêm-se múltiplas cópias de um gene para que se possa
manipulá-lo quimicamente. Para isso, ocorrem dois estágios importantes. Primeiro, o
19
fragmento do DNA de interesse, chamado de inserto, é ligado a uma molécula de
DNA circular, chamada de plasmídeo, para formar o DNA recombinante. Segundo, a
molécula do DNA recombinante é introduzida em uma célula hospedeira compatível,
em um processo chamado de transformação. A célula hospedeira que adquiriu a
molécula do DNA recombinante é agora chamada de célula transformada.
Para que a região de interesse seja inserida no plasmídeo, ambos são cortados
com a enzima de restrição e ligados através da DNA ligase. Feito isso, eles são
introduzidos na célula hospedeira, geralmente a Escherichia coli, aonde vai ocorrer à
multiplicação da molécula de DNA recombinante, formando várias cópias idênticas,
em um processo conhecido como amplificação. Essa célula transformada sofre
muitos ciclos de divisão celular, produzindo uma colônia que contém milhares de
cópias do DNA recombinante (Figura 8). (92; 93).
Figura 8: Representação esquemática das etapas para a clonagem em E.coli,
utilizando plasmídeo (92).
1.8 Curva padrão
Existem dois tipos de curva padrão, a Relativa e a Absoluta. A relativa é usada
em metodologias para quantificação de expressão gênica e a curva padrão absoluta
geralmente é usada para quantificar e correlacionar o numero de cópias virais com o
estado da doença. A quantidade absoluta dos padrões a serem usados deve ser
previamente conhecida por algum método independente.
20
A determinação da carga viral pela PCR em Tempo Real é feita com base em
uma curva padrão externa que consiste em alíquotas de concentrações conhecidas
do alvo molecular objeto do estudo. A amplificação e detecção da curva padrão são
realizadas interpolando a amplificação das amostras que se quer quantificar.
Para obtenção desses padrões, depois que os clones são replicados,
seleciona-se cerca de 5 a 10 colônias que apresentem o plasmídeo recombinante.
Para confirmar o inserto, reações de PCR e sequenciamento são realizadas.
Quando o inserto é confirmado, lineariza-se o clone, através de digestão com
enzimas de restrição, purifica-se e quantifica-se. Por fim, diluições seriadas são
realizadas e armazenadas em alíquotas à -70ºC (94).
O objetivo de se usar uma curva padrão é obter uma relação gráfica entre os
valores de absorbância e os de concentração. Assim, com base na análise gráfica é
possível verificar a linearidade da reação e calcular um fator de conversão de
valores de absorbância em concentração.
21
2 JUSTIFICATIVA
Com o desenvolvimento das técnicas da biologia molecular, estudos foram
conduzidos e contribuíram para o melhor conhecimento do VHB, bem como a sua
variabilidade genética, o que também conduziram à revisão dos padrões sorológicos
desta doença. O diagnóstico laboratorial da infecção pelo VHB é feito com base nas
pesquisas dos marcadores sorológicos, presentes no soro dos pacientes infectados
tanto na fase aguda quanto na crônica. Os testes de biologia molecular vieram para
acrescentar um diagnóstico mais preciso e específico para os usuários.
Atualmente, a técnica de PCR em tempo real representa um dos últimos
avanços na tecnologia da PCR. Essa metodologia permite a amplificação, detecção
e quantificação de DNA em uma única etapa, visando à rapidez dos resultados e
diminuição dos riscos decorrentes de possíveis contaminações por manipulação da
amostra. A possibilidade de monitorar, ao longo da reação, a quantidade de produto
gerado a cada ciclo de amplificação e de quantificar este produto durante a fase
ótima da reação, confere maior precisão e reprodutibilidade à técnica de PCR em
tempo real quando comparada com a PCR convencional. Atualmente já existem kits
comerciais utilizados para essa finalidade, porém, os custos ainda são elevados e
seu uso na rotina de diagnóstico acarreta um ônus financeiro muito grande tanto na
rede publica quanto privada. Uma maneira de utilizar a PCR em tempo real no
diagnóstico de rotina é o desenvolvimento de uma metodologia própria, as
chamadas in-house.
Portanto, aproveitando a chamada do Ministério da Saúde por intermédio do
CNPq/2009 e a grande demanda desse serviço no Estado, nos propomos a
desenvolver esse ensaio com uma metodologia própria, pois sabemos que,
clinicamente, a determinação ou quantificação da carga viral do VHB é muito útil
tanto na fase de pré-tratamento como no monitoramento da resposta imunológica
dos pacientes frente aos antivirais. A isto, soma-se a necessidade de capacitação de
recursos humano para atuar no desenvolvimento de projeto de pesquisa de alta
complexidade na região.
22
3 OBJETIVOS
3.1 Geral
Desenvolver uma metodologia de quantificação da carga viral do DNA do vírus
da hepatite B, utilizando a PCR em tempo real e identificar os genótipos, através do
seqüenciamento direto, em amostras de pacientes procedentes da Amazônia
Ocidental Brasileira.
3.2 Específicos
 Padronizar os ensaios da PCR em tempo real;
 Construir curvas padrões referentes a diferentes números de cópias virais;
 Estimar o número de cópias absolutas de partículas virais do VHB em
amostras clínicas, junto às curvas padrões previamente estabelecidas.
 Caracterizar os genótipos do VHB na população de estudo.
23
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Tipo de estudo
Este foi um estudo descritivo que visava o desenvolvimento de um ensaio de
PCR em tempo real próprio para determinar a carga viral do VHB (qRT-PCR).
4.2 Local e população do estudo
O estudo foi conduzido na cidade de Manaus, capital do estado do Amazonas,
nas dependências da Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado (FMTHVD), Gerência de Virologia e laboratório de Pesquisa em Doenças Endêmicas
(LPDE).
Os pacientes foram recrutados através da demanda espontânea do
ambulatório de Hepatites Virais da FMT-HVD, com diagnóstico clínico ou laboratorial
de infecção pelo VHB independentes de estarem ou não co-infectados por outros
vírus e do gênero e idade. Todos os pacientes atendidos foram conduzidos
conforme as recomendações estabelecidas no Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas para o Tratamento da Hepatite Viral Crônica B e co-infecções (95).
4.3 Comitê de Ética
Este projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres
Humanos da Fundação de Medicina Tropical Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD) em
2010, CAAE 0010.0.114.000-10, CEP nº 959/2010 (ANEXO 10.4).
4.4 Entrevista dos participantes
Após esclarecimentos sobre os objetivos da pesquisa e a concordância em
participar do projeto, mediante a assinatura do TCLE (ANEXO 10.2), o paciente foi
entrevistado e um questionário individual foi aplicado (ANEXO 10.3).
24
4.5 Tamanho da amostra
A população de estudo foi composta de 61 amostras de sangue de pacientes
HBsAg reativos. Coletadas no período de Agosto/2010 à Agosto/2011.
4.6 Critérios de inclusão
Foram incluídos no estudo pacientes com as seguintes características:
 Indivíduos oriundos da Amazônia Ocidental Brasileira;
 Portador do VHB, independente do quadro clínico de infecção (cirrose
hepática, hepatite aguda, hepatite crônica, portador assintomático e
hepatocarcinoma);
 Pacientes sem uso de qualquer tratamento para hepatopatia crônica pelo
VHB;
 Pacientes co-infectados por outros agentes virais.
4.6.1 Critérios de exclusão
Foram excluídos do estudo pacientes com as seguintes características:
 Indivíduos oriundos de estados fora da Amazônia Ocidental Brasileira;
 Paciente soro reativo para o anticorpo Anti-HBs;
 Pacientes com história de uso de drogas potencialmente hepatóxicas
(metildopa,
metotrexato,
isoniazida,
rifampicina,
pirazinamida,
nitrofurantoína, vitamina A, fenilbutazona);
 Pacientes em tratamento ou que utilizaram qualquer tipo de tratamento
antiviral para o VHB nos últimos 6 meses.
25
4.7 Classificação sorológica dos participantes
Os pacientes incluídos no estudo foram previamente testados para os
seguintes marcadores sorológicos: hepatites B (HBsAg, anti-HBc total, anti-HBc IgM,
HBeAg e anti-HBe), anticorpos contra o vírus da hepatite A (VHA) (HAV- IgM), da
hepatite C (anti-HCV) e da hepatite D (anti-HDV total) e infecção pelo HIV (anti-HIV).
Estes exames foram realizados de acordo com o fluxo de rotina da Gerência de
Diagnósticos da FMT-HVD.
4.8 Coleta de amostras clínicas
No Laboratório de Análises Clínicas (LAC), da FMT-HVD, foi coletada, uma
amostra de sangue por punção venosa de cada participante. Essa amostra foi
dividida em dois tubos contendo EDTA K3, ambas com cinco mL, identificados por
ordem numeral crescente e data da coleta. As amostras foram mantidas em
temperatura ambiente e, após 10 minutos, foram centrifugadas a 3200 RPM, por 10
minutos, para a separação do plasma. No Laboratório, as amostras foram separadas
em alíquotas e estocadas a -70ºC para posteriores análise. Tanto na coleta quanto
no processamento e transporte das amostras, foram adotados medidas de
biossegurança e conservação. Para melhor visualização da metodologia, segue na
Figura 9 o fluxograma das atividades realizadas.
Figura 9: Fluxograma das atividades realizadas
26
4.9 Extração do DNA-VHB a partir do plasma sanguíneo
A extração do DNA- VHB foi realizada utilizando o kit Qiamp DNA Blood Mini kit
(Qiagen Sciences, Maryland, USA), modificado. O DNA foi extraído a partir de 200
µL de plasma e 20 µL de Proteinase K e incubado a 56ºC, por 12 horas. O DNA
extraído foi eluído em 50 µL de tampão de eluição e armazenado em temperatura de
- 70ºC, até o momento de sua utilização.
4.9.1 Reação em cadeia da polimerase (PCR)
O DNA viral foi amplificado pelo sistema semi-nested PCR. Na primeira reação
foram utilizados os iniciadores 2821 e 783 que amplificam o gene “‘S” completo. A
partir dessa primeira reação, foi feita uma semi-nested PCR, tendo como alvo as
regiões “pré-S1/pré-S2”, utilizando os iniciadores 2821 e 241 (96). Quando essa
região não amplificava, as amostras eram testadas com os iniciadores P1 e 783
(região pré-S2/HBsAg) (97). As sequências dos iniciadores e o tamanho do
fragmento obtido estão descritos na Tabela 2. Na Figura 10, há uma ilustração do
gene S do VHB mostrando a posição de cada iniciador. Todos os ensaios de PCR
foram padronizados para um volume final de 25 μL, utilizando o Master Mix TopTaq
(Qiagen). A concentração e os volumes dos reagentes em cada reação estão
descritas no Quadro 1. Os ensaios de PCR foram processados em termociclador
Eppendorf Mastercycler Gradient nas condições descritas no Quadro 2.
Figura 10: Representação esquemática mostrando a posição dos iniciadores usados
na amplificação do gene S do VHB. (Fonte: pessoal).
27
Tabela 2: Sequências dos iniciadores para a amplificação do gene S
Nome
Tamanho do
amplicon
Sequência
Primeira reação
5’-GGG TCA CCA TAT TCT TGG GAA CA-3’
5’-CTC ACG ATG CTG TAC AGA CTT-3’
Segunda reação (nested-PCR)
5’-GGG TCA CCA TAT TCT TGG GAA CA-3’
5’-CAC CAC GAG TCT AGA CTC TGC T-3’
Segunda reação (nested-PCR)
5’-CTC ACG ATG CTG TAC AGA CTT-3’
5’-TGC CTC TCA CAT CTC GTC AA 3’
2821
783
2821
241
783
P1
1200 pb
680 pb
680 pb
Quadro 1: Concentração e volume dos reagentes utilizados na primeira e na
segunda reação da PCR convencional.
Reagentes
Mix 1ª reação
Reagentes
Mix 2ª reação
TopTaq Master Mix 2x
12,5 µL
TopTaq Master Mix 2x
12,5 µL
Iniciador F (10 pmol)
1,0 µL
Iniciador (10 pmol)
1,0 µL
Iniciador R (10 pmol)
1,0 µL
Iniciador R (10 pmol)
1,0 µL
DNA
5,0 µL
Amplicon
1,0 µL
H2O (RNAse free)
5,5 µL
H2O (RNAse free)
9,5 µL
Vol. Final
25 µL
Vol. Final
25 µL
*F= Foward; R= Reverse
Quadro 2: Programa para amplificação das regiões S e pré-S1/S2
Ciclo da 1ª reação (2821-783)
Ciclos
Temperaturas
1
94º C
94º C
35
57,1º C
72º C
1
72º C
Tempo
5 minutos
Ciclo da 2ª reação (2821-241) ou (P1-783)
Ciclos
Temperaturas
1
94º C
30 segundos
2 minutos
35
30 segundos
7 minutos
1
Tempo
2 minutos
94º C
30 segundos
60º C
30 segundos
72º C
1 minuto
72º C
5 minutos
4.9.2 Análise do produto da PCR
Os produtos da PCR foram analisados em corrida eletroforética, utilizando gel
de agarose 1,5%, corado com brometo de etídeo (1,0 µg/mL). No gel foi aplicado 5
28
µL do produto da PCR misturados com 2,0 µL de tampão de corrida. Como padrão
de peso molecular, foi utilizado o DNA Ladder 100 bp (Invitrogen). Ao final da corrida
eletroforética, o gel foi visualizado em luz ultravioleta e fotografado para
documentação.
4.9.3 Sequenciamento
As amostras positivas na PCR foram purificadas, utilizando o kit Wizard® SV
Gel and PCR Clean-Up System (Promega). Opcionalmente também foi usado kit Big
Dye xTerminator Purification (Applied Biosystems), seguindo o protocolo do
fabricante. Em seguida, foi realizada a reações de seqüenciamento utilizando os
regentes do kit Big Dye® Terminator v3.1 Cycle Sequencing (Applied Biosystems).
As reações de sequenciamento foram padronizadas para um volume final de 10 µL
utilizando preferencialmente os iniciadores que amplificam 680 pb. As condições de
temperatura foram: 96º - 1 min e 25 ciclos de 96º - 15 seg, 50º - 15 seg e 60º - 4 min.
Processadas em termociclador Eppendorf Mastercycler Gradient (Eppendorf). A
leitura automática das bases nucleotídicas foi realizada no analisador de DNA ABI
System 3130XL (Applied Biosystem).
4.9.4 Análise filogenética
A edição e alinhamento das sequencias nucleotídicas obtidas foi feito no
programa BioEdit (98). Para o alinhamento utilizou-se as seguintes sequencias de
referência: genótipo A (HBU55220, JF784230, AY344107, JN604260, JN604261),
genótipo B (AB562448, AB644290, AB644289), genótipo C (AB644300, AB644304,
AB644296), genótipo D (AB644319), genótipo E (FN821488, HE616571), genótipo F
(JF815629, JQ246021, JQ246023, X69798, DQ899144, DQ899148, FJ589067,
EU366116,
AY179734),
(AB516394), genótipo
genótipo
G
(AP007264,
AB191378),
I (EU833891, FJ023661, GU357844) e
genótipo
H
genótipo J
(AB486012). A árvore filogenética foi construída utilizando o programa MEGA v 5.05
(99) inferida pelo método Neighbor-Joining. O valor de bootstrap foi calculado com
2000 réplicas. A análise envolveu 51 sequencias de nucleotídeos, sendo 30 de
referência e um grupo externo (AF046996).
29
5 Procedimentos para o desenvolvimento do ensaio de qRT-PCR
Os ensaios laboratoriais foram realizados na Gerência de Virologia/FMT-HVD,
com a consultoria do pesquisador Prof. Dr. Milton Ozório da UFRJ, associado à
Fiocruz-RJ, participante do Programa Sênior da FAPEAM/FMT-HVD.
5.1 Desenvolvimento da curva padrão
Para produção da curva padrão foi realizada a clonagem de um fragmento de
200 pb, em plasmídeo célula eletrocompetente pCR4-TOPOTM (kit TOPO TA®
Cloning (Invitrogen). Para esse procedimento foi selecionada uma amostra clínica
com alta carga viral. Foi realizado dois ensaios de clonagem, um no Laboratório de
Virologia da FMT-HVD e outro no Laboratório de Virologia da Fiocruz/RJ. Para
melhor visualização da metodologia de clonagem, segue na Figura 11 o fluxograma
das etapas desenvolvidas.
Figura 11: Fluxograma das etapas para a realização da clonagem
30
5.1.2 Preparação de bactérias competentes
Bactérias E.coli TOP 10´F e BL 21 (DE3), estocadas a -70ºC foram semeadas
em placas contendo LB/Agar a 1,5% e incubadas a 37ºC por 18 horas. Uma colônia
foi inoculada em 5 mL de meio LB para crescimento durante 18-20 horas a 37ºC em
agitação constante (250 rpm) e então 0,5 mL desta cultura foram inoculados em 50
mL de meio LB. As culturas foram coletadas em fase exponencial de crescimento
determinada quando a absorbância a 600 nm estava entre 0,35 e 0,45. As bactérias
foram sedimentadas por centrifugação a 4.000 rpm, por 10 minutos a 4ºC e logo
suspensas em 0,5 volumes de uma solução de CaCl 2 50 mM. Após 2 horas de
incubação em gelo, as bactérias foram centrifugadas e o precipitado suspenso em
0,8 vol. De tampão FSB (Acetato de potássio 10 mM pH 7,5; MnCl 2.4 H2O 45 mM;
CaCl2.2H2O 10 mM; KCL 100 mM; Glicerol 10%). Para armazenamento foi
adicionado DMSO a 10% e a preparação distribuída em alíquotas de 200 µL,
congelada em nitrogênio líquido e posteriormente estocadas a -70ºC.
5.1.3 Inserção em vetor de clonagem
O vetor de clonagem utilizado nesse trabalho foi o pCR4-TOPOTM (kit TOPO
TA® Cloning (Invitrogen). Que é fornecido linearizado, contendo uma enzima
topoisomerase de Vaccinia. Essa enzima cria um ponto de ataque nucleofílico e
realiza a ligação do DNA, conforme a Figura 12. O mapa do vetor é mostrado na
figura 12.
Para a ligação, aproximadamente 100 ng (4 µL) do produto da PCR foram
usados numa reação de 6 µL que continha 1 µL do tampão 10X e 1 µL do vetor
TOPO TA®. A solução final foi misturada gentilmente e incubada por 30 minutos a
temperatura ambiente. Após incubação, 2 µL da reação foi adicionado a 200 µL de
células competentes (E.coli TOP 10´F) e incubado no gelo por 15 minutos. Após, as
células foram incubadas a 42ºC por 60 segundos, retornou ao gelo por mais 15
minutos e em seguida adicionou-se 150 µL de meio de cultura SOC à solução, que
foi submetida à agitação constante a 215 rpm, durante 30 minutos a 37ºC. Após
agitação, 150 µL da reação foram aplicados em uma placa contendo meio sólido
31
LB/Agar e 100 µg/mL de ampicilina, IPTG/X-Gal e incubada a 37ºC por 16 horas. As
colônias brancas nas placas LB/Agar foram processadas para o isolamento do DNA
plasmidial.
5.1.4 Extração do DNA plasmidial (Miniprep)
As colônias resultantes da transformação foram selecionadas com base na
mudança de coloração. Seis colônias brancas foram escolhidas ao acaso nas placas
LB/Agar/IPTG/Xgal, numeradas e processadas para isolamento de DNA plasmidial.
Foram então cultivadas em 2 mL de meio LB/ampicilina a 37ºC por 18 horas, em
agitação constante (280 rpm) e os plasmídeos foram extraídos usando o
procedimento de mini-preparação, seguindo o protocolo do fabricante.
Figura 12: Mapa do vetor pCR®4-TOPO (Invitrogen®). Esse mapa mostra as
características do vetor e as sequências que circundam o sítio de clonagem. Possui
3956 pb e genes de resistência para a kanamicina e ampicilina, uteis para selecionar
os clones desejados.
5.1.5 Reação de Amplificação do Plasmídeo
A amplificação dos plasmídeos contendo inserto foi obtida utilizando os
iniciadores 2821 e 783 e enzima Platinum Taq DNA Polymerase High-Fidelity
(Invitrogen Life Technologies) em um volume final de 25 uL. As concentrações dos
32
demais reagentes são as mesmas descritas no Quadro 1. As condições de
temperatura de amplificação estão descritas no quadro abaixo (Quadro 3).
Quadro 3: Programa para amplificação do plasmídeo
Ciclos
Temperaturas
Tempo
1
95º C
3 minutos
95º C
40 segundos
60º C
1:30 minutos
68º C
40 segundos
68º C
5 minutos
35
1
5.1.6 Digestão do DNA plasmidial com Enzima de Restrição EcoR I
Para verificar a presença do inserto VHB no plasmídeo foi realizada digestão
enzimática com EcoR I (Invitrogen). Foi utilizado 1 µL do produto da PCR pósMiniprep, 1,5 µL de tampão 10X, 1,5 µL de EcoR I e água q.s.p 15 µL. A mistura foi
incubada a 37ºC por 2 horas. O produto da digestão foi analisado em gel de agarose
a 0,8%, corado com brometo de etídio e visualizados em transluminador UV.
5.1.7 Purificação do fragmento digerido com enzima EcoR I
A purificação dos fragmentos após corte com enzima de restrição foi realizada
utilizando o kit Wizard® SV Gel and PCR Clean-Up System (Promega), conforme as
instruções do fabricante.
5.1.8 Sequenciamento dos plasmídeos
Ainda para confirmação do inserto VHB nos plasmídeos foram selecionados 6
clones e sequenciados. A reação de sequenciamento foi padronizada para um
volume de 10 µL, utilizando o iniciador M13 do kit Big Dye® Terminator v3.1 Cycle
Sequencing (Applied Biosystems), nas seguintes condições: um ciclo inicial de 96ºC
por 1 min, seguido de 25 ciclos de 96ºC por 15 seg, 50ºC por 15 seg e 60ºC por 4
min. A reação de sequenciamento foi processada em termociclador Mastercycler
33
Gradient (Eppendorf). A reação de sequenciamento foi purificada com Big Dye
xTerminator Purification Kit (Applied Biosystems), seguindo o protocolo do
fabricante. O sequenciamento foi realizado no analisador genético automático ABI
System 3130XL (Applied Biosystem).
5.2 Seleção dos clones para construção da curva padrão
Na clonagem foi possível obter seis clones com diferentes concentrações de
DNA. A quantificação do DNA desses clones foi feita utilizando o espectrofotômetro
Nanodrop 2000 (Thermo Scientific). Após a quantificação, o clone com maior
concentração de DNA foi utilizado para construção da curva padrão a partir da
diluição seriada.
5.2.1 Avaliação da curva padrão
Na metodologia de PCR em tempo real utiliza-se o parâmetro Threshold Cycle
(Ct, value), ciclo aonde ocorre o primeiro aumento significativo na quantidade de
amplificação é primeiramente detectado. Correlaciona-se com a quantidade inicial de
amostra alvo. É, portanto, o parâmetro usado para quantificação de PCR. Neste
estudo os valores de Ct avaliar o ponto inicial de amplificação da curva padrão e das
amostras clínicas. A curva padrão é demonstrada em forma de gráfico contendo os
valores de Ct de cada diluição e das amostras. O software SDS do equipamento
calcula a regressão linear definindo o melhor ajuste entre os pontos da curva
padrão. A fórmula para o cálculo da regressão linear é a seguinte: Ct=m[log(Qty)]+b,
onde m é a inclinação da reta (slope), b é a interceptação da reta e Qty é a
quantidade inicial de DNA. Os valores obtidos com a análise de regressão são assim
interpretados: o R2 (coeficiente de correlação), que mede o quão próximo é o ajuste
entre a regressão linear da curva padrão e o Ct das amostras, quanto mais perto de
1, mais perfeito é esse ajuste. O slope indica a eficiência da amplificação e um
resultado de -3,3 do slope indicam 100% de eficiência. O Intercept indica o valor
esperado de Ct para uma amostra com quantidade 1 ng/µL. Tanto o slope como o Yintercept são coeficientes de regressão.
34
5.3 Desenho dos iniciadores e sonda usados nos ensaios de PCR em
tempo real
Sequências de isolados de VHB referentes aos genótipos de A – H obtidas no
GeneBank (National Library of Medicine, National Institute of Health), foram
alinhadas e com auxilio do software Primer Express® (Applied Biosystems, Foster,
CA USA), foi desenhado um par de iniciador, S56 e S264 e uma sonda marcada
com Minor Groov Binder (MGB) na extremidade 5’ localizados em uma região
conservada do gene S. Os iniciadores e sonda foram sintetizados pela Life
Technologies (Applied Biosystems). A sequência da sonda e dos iniciadores e o
tamanho do fragmento obtido estão descritos na Tabela 3.
Todos os ensaios de PCR em tempo real foram padronizados para um volume
final de 25 μL. A concentração e os volumes dos reagentes em cada reação estão
descritas no Quadro 4. Todas as amostras, padrões e controle negativo, que foi
preparado a partir de um mix contendo RNAse Free Water no lugar da amostra
foram adicionadas na placa óptica em duplicatas. A placa óptica foi processada e
lida no ABI 7500 Fast Real Time PCR Systems (Applied Biosystems), os ensaios da
PCR em tempo real foram processados nas condições descritas no Quadro 5.
Tabela 3: Sequências dos iniciadores para a amplificação do gene S na PCR em
tempo real.
Nome
Sequência
S56
5’-CCT GCT GGT GGC TCC AGT TCA-3’
S264
5’-GTC CAC CAC GAG TCT AGA CTC T-3’
Sonda
5’-FAM-CTG CTC CGA ATA TTG CCT CTC ACA-MGB NFQ-3’
Tamanho do
amplicon
220 pb
35
Quadro 4: Concentração e volume dos reagentes utilizados
Reagentes
Mix
TaqMan Universal Master Mix 1x
12,5 µL
Iniciador F (10 pmol/µL)
1,0 µL
Iniciador R (10 pmol/µL)
1,0 µL
Sonda TaqMan (10 pmol/µL)
0,5 µL
DNA
2,0 µL
H2O (RNAse free)
8,0 µL
Vol. Final
25 µL
Quadro 5: Programa para amplificação da PCR em tempo real
Ciclos
Temperaturas
Tempo
1
50º C
2 minutos
1
95º C
10 minutos
95º C
30 segundos
60º C
1 minuto
72º C
30 segundos
45
5.3.1 Análise dos dados
Os resultados de amplificação das amostras (valores dos Cts) pela qPCR
foram analisados no Sequence Detection Software (SDS) (Applied Biosystems). Os
pontos dos Cts das amostras desconhecidas foram relacionados com os Cts da
curva padrão, calculados por meio da equação de regressão linear da reta.
5.4 Avaliação do desempenho do teste de qRT-PCR
5.4.1 Sensibilidade analítica
A sensibilidade analítica ou limite mínimo de detecção é definido como o
número mínimo de cópias que podem ser medidas em um ensaio. Esta foi
determinada através da última diluição possível de ser detectada pela PCR em
tempo real.
36
5.4.2 Reprodutibilidade
Para avaliar a reprodutibilidade da curva padrão desenvolvida, foi feita a
análise da variação inter-ensaio, onde a curva foi testada em duplicata, durante três
dias consecutivos, por três pessoas distintas.
5.4.3 Comparação entre o ensaio in-house e o comercial COBAS®
AmpliPrep-COBAS TaqMan® HBV Test (Roche)
Para avaliar a eficiência do sistema desenvolvido as mesmas amostras foram
analisadas no sistema automatizado COBAS® AmpliPrep-COBAS TaqMan® HBV
Test (Roche). Sistema utilizado na rotina da FMT-HVD. A concordância entre os
resultados obtidos foram avaliados pelo coeficiente Pearson e análise de BlandAltaman. O limite mínimo de detecção do kit comercial é de 12,0 UI/mL (1,07 log10) e
o limite máximo é 110.000.000 UI/mL (8,03 log 10).
5.4.4 Análise estatística dos dados
Os dados foram registrados em planilha do programa Microsoft Office Excel
2007. A análise dos dados foi feita usando o teste de ANOVA, Pearson e BlandAltmann, com descrição estatística simples, intervalo de confiança (IC 95%), e testes
de significância inferior a 0,05. Os gráficos foram desenhados no programa
GraphPad Prism 5.0.
37
6 RESULTADOS
6.1 Caracterização da população estudada
O estudo avaliou 61 amostras de pacientes HBsAg positivos, todos atendidos
no ambulatório de hepatite da FMT-HVD. Dos 61 indivíduos, 14 (23%) eram coinfectados pelo VHD e 3 (5%) pelo HIV. O grupo total caracterizou-se por um
predomínio do gênero masculino em relação ao feminino, tanto dos indivíduos
procedentes de Manaus quanto dos procedentes do interior e de outro estado. O
perfil da população estudada quanto ao gênero e a procedência estão representados
na Tabela 45.
Tabela 4: Caracterização da população estudada quanto ao gênero e a procedência
Gênero
Manaus
Interior e outros estados
Total
Masculino
21 (51%)
13 (65%)
34 (55%)
Feminino
20 (48%)
7 (35%)
27 (45%)
Total
41 (100%)
20 (100%)
61 (100%)
Em relação à faixa etária, predominou a faixa entre 21 e 30 anos, com um total
de 20 indivíduos, seguida da faixa entre 41 e 50 anos com 18 indivíduos (Gráfico 3).
Gráfico 3: Perfil da faixa etária dos indivíduos participantes do estudo
38
Quanto à naturalidade dos indivíduos, 41/61 são pacientes naturais de Manaus,
19 moram em município do interior do estado do Amazonas e vieram para Manaus
apenas para realizar o tratamento da hepatite B e 1 do estado de Rondônia (Tabela
5)
Tabela 5: Naturalidade dos pacientes envolvidos na pesquisa.
Naturalidade
%
Manaus
41 (67,2)
Tapauá
4 (6,55)
Lábrea
3 (4,91)
Altazes
2 (3,27)
Coari
2 (3,27)
Eirunepé
2 (3,27)
Juruá
2 (3,27)
Atalaia do Norte
1 (1,63)
Codajás
1 (1,63)
Maués
1 (1,63)
Tefé
1 (1,63)
Rondônia
1 (1,63)
Total
61 (100)
6.2 Resultados referentes ao sistema qRT_PCR in-house
6.2.1 Confirmação do DNA-VHB no plasmídeo por digestão enzimática
A Figura 13 mostra o resultado da digestão enzimática de seis clones contendo
o inserto VHB em diferentes concentrações de DNA. A partir desse ensaio, por
conter maior concentração de DNA, foi selecionado o clone de nº 4 e utilizado na
produção das curvas de calibração.
39
Figura 13: Perfil eletroforético dos plasmídeos após a digestão com enzima EcoR I.
Gel de agarose 0,8%. O clone de nº 4 foi selecionado para as diluições seriadas
conter a maior concentração de DNA. O fragmento VHB amplificado corresponde a
1200 pb. M= marcador de peso molecular de 1kb.
6.2.2 Avaliação da curva padrão
A curva padrão ou curva de calibração foi produzida a partir da diluição seriada
do clone com maior concentração de DNA (4973,5 ng/µL). Os valores obtidos para
as sete diluições foram: 10 (101), 100 (102), 1000 (103), 10000 (104), 100000(105),
1000000 (106) e 10000000 (107). Essas diluições foram incluídas em cada corrida do
teste.
Foram realizadas, ao todo, seis corridas para avaliação da curva padrão
externa. Cada uma com as sete diluições seriadas, totalizando 42 reações. Os
valores de Ct gerados em cada corrida estão descritos na Tabela 6. A
reprodutibilidade do ensaio foi avaliada através do coeficiente de variação (CV) que
variou de 1,3 a 2,7%. A média do coeficiente de variação foi de 2,64%. A
especificidade do teste foi medida pela não obtenção de sinal nos controles
negativos adicionadas em cada corrida. O valor estimado do slope foi de -3,47 e,
conforme a fórmula eficiência= [(10(-1/slope)] –1)x100%], a eficiência da curva padrão
foi equivalente 99,5%, indicando uma boa eficiência do ensaio. O coeficiente de
correlação (R2) foi = 0,991 e o Intercept foi = 15,82. A Figura 14 mostra o perfil da
curva padrão obtida relacionando a fluorescência com o número de ciclos em que o
produto da PCR passou a ser detectado.
40
Tabela 6: Valores de Ct obtidos em seis corridas na PCR em tempo real.
CURVA
PADRÃO
CÓPIA/
REAÇÃO
Ct
curva
1
Ct
curva
2
Ct
curva
3
Ct
curva
4
Ct
curva
5
Ct
curva
6
Média
DP
CV
101
102
103
104
105
106
107
18.84
22.28
28.86
29.87
33.37
36.56
39.25
18.78
22.55
26.62
29.99
33.52
37.84
ND
18.90
22.69
26.48
29.91
33.22
37.67
40.11
18.78
22.55
28.62
29.99
33.52
42.97
ND
19.39
23.32
27.72
31.00
34.62
39.38
ND
19.31
23.29
27.79
30.68
34.58
37.38
41.47
19
22.78
27.68
30.24
33.80
38.63
40.27
0,26
0,42
0,98
0,47
0,61
2,31
1,11
1,3%
1,8%
3,5%
1,5%
1,8%
5,9%
2,7%
Ct= threshold cycle; DP=Desvio Padrão; CV= Coeficiente de Variação; ND= Não detectado
Figura 14: (A) Curva padrão obtida a partir de duplicata das diluições seriadas do
plasmídeo pCR4-TOPO®, variando de 101 a 107 cópias/mL. (B) Regressão linear da
curva padrão (R2= 0,991). (C) curva padrão obtida e amostras positivas; (D)
regressão linear da curva padrão com amostras positivas. Gráficos gerados pelo ABI
7500 Fast (Applied Biosystem).
41
6.2.3 Avaliação da Sensibilidade analítica
Inicialmente, foram feitas 10 diluições seriadas para a obtenção da curva
padrão e analisadas no ABI 7500 Fast (Applied Biosystems). O limite mínimo de
detecção obtido na diluição 107 correspondeu a 17,9 UI/mL (1,60 log10).
6.2.4 Reprodutibilidade
Os testes de reprodutibilidade foram realizados em duplicata, em três dias
consecutivos e por três pessoas distintas e estão descritos na Tabela 8, junto com
os valores da média, desvio padrão e coeficientes de variação (%CV). Comparando
a média do coeficiente de variação da curva padrão com a média do coeficiente de
variação do inter-ensaio 2,64% e 3,72%, respectivamente (Tabelas 6 e 7) houve
uma
diferença
significativa
entre
ambas,
indicando
que
não houve
boa
reprodutibilidade da curva padrão, entretanto, pela análise ANOVA (valor P=0,9968)
não ocorreu diferença significativa na reprodutibilidade do teste nos três dias
analisados e os valores ficaram dentro do desvio padrão.
Tabela 7: Avaliação da reprodutibilidade da curva padrão
Diluições
da curva
padrão
101
102
103
104
105
106
107
X
1º dia
17,97
20,38
41,67
ND
32,55
33,38
32,50
20,30
20,82
43,48
ND
35,04
33,59
33,20
Y
2º dia
19,62
22,84
40,28
40,49
30,25
33,95
34,84
19,21
22,21
39,15
43,61
30,38
33,65
34,65
Z
3º dia
20,19
22,10
39,35
42,07
30,54
34,47
33,97
19,68
22,22
38,66
44,01
32,05
33,75
34,46
DP=Desvio Padrão; CV= Coeficiente de Variação; ND= Não detectado.
Média
19,49
21,76
40,43
42,54
31,80
33,79
33,93
DP
CV
0,84
0,94
1,83
1,60
1,84
0,37
0,91
4,3%
4,3%
4,5%
3,7%
5,7%
1%
2,6%
42
6.3 Especificidade da qRT-PCR in-house
Para facilitar a análise, os valores absolutos das concentrações obtidas foram
convertidos em valores logaritmos. Nas 61 amostras analisadas pelo método in
house, em 38 foi possível determinar a carga viral. A Figura 14 (C) mostra as
amostras positivas interpoladas à curva padrão. A Figura 14 (D) mostra a regressão
linear das mesmas amostras junto com a curva. Após conversão os valores das
concentrações de carga viral obtidas variaram de 1,19 log10 a 8,5 log10 por ml,
abrangendo uma faixa de quantificação de cerca de 7 log.
6.4 Comparação entre o ensaio in-house e o comercial COBAS®
AmpliPrep-COBAS TaqMan® HBV Test (Roche)
Para comparar o método qRT-PCR in-house com o método comercial
COBAS® AmpliPrep-COBAS TaqMan® HBV Test, 61 amostras foram testadas nos
dois ensaios. A relação entre os resultados obtidos nos dois métodos são mostrados
na Tabela 8. O percentual de concordância de positividade entre os dois métodos foi
50,8% e de negatividade foi = 18,0%. O percentual de discordância entre os dois
sistemas foi = 31,1%. Para avaliar a correlação entre os resultados das cargas virais
estimadas nas duas técnicas, foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson,
onde o resultado foi 0,22 (p=0,235), indicando pouca correlação entre eles. Na
Figura 15 é possível observar a correlação dos testes.
Tabela 8: Relação entre os resultados obtidos nos ensaios de qRT-PCR in-house e
o sistema COBAS® Ampliprep (Roche)
Sistema qRT-PCR in-house
Sistema COBAS@
Ampliprep (Roche)
+
ND
Total
+
31
7
38
ND= Não detectado; + = amostras positivas.
ND
12
11
23
Total
43
18
61
43
Figura 15: Correlação entre número de cópias, em log/mL, da PCR em tempo real
in-house X COBAS® AmpliPrep-COBAS TaqMan® HBV Test (Roche)
Uma avaliação mais informativa da concordância dos testes foi obtida através
da aplicação da metodologia descrita por Bland&Altmann (100). Pela análise de
Bland-Altman, avalia-se a média das diferenças a qual estabelece quão importante
clinicamente são as discrepâncias entre os dois equipamentos utilizados e quais
limites de concordância determinam as diferenças entre os dois equipamentos
situados no intervalo de confiança de 95%. Na Figura 16, há uma visualização dos
resultados obtidos pelos dois métodos, onde no eixo Y, das ordenadas, aparece a
diferença entre as duas variáveis e no eixo X, das abscissas, as médias das duas
variáveis. O traço horizontal no centro do gráfico corresponde à média das
diferenças das variáveis, que foi -2,83 e o traço superior e inferior aos desvios
padrões foi 2,32, para mais e para menos. O limite de 95% de concordância
encontrada ficou entre 1,72 e -7.398. Estes resultados mostram que os métodos
estudados não concordam entre si, pois a diferença foi estatisticamente significativa.
44
Figura 16: Concordância entre a PCR em tempo real in-house X COBAS®
AmpliPrep-COBAS TaqMan® HBV Test (Roche), através da metodologia de BlandAltmann. Esse gráfico foi gerado pelo programa GraphPad Prism 5.0
6.5 Resultado da amplificação do gene S pela PCR convencional
Das 61 amostras submetidas à amplificação do gene S pela PCR convencional,
35 (57,3%) foram DNA-VHB positivas e 26 (42,6%) foram DNA-VHB não detectável.
Das amostras positivas, 6 (17,14%) foram anti-HDT+ e 1 (2,85%) HIV+.
6.6 Análise filogenética
As 35 amostras amplificadas acima foram sequenciadas, obtendo-se um total
de 28 sequencias nucleotídicas de boa qualidade para a análise. Utilizadas para
genotipagem por análise filogenética.
A análise filogenética identificou três grupos genotípicos: A, D e F. O genótipo
A foi o mais prevalente, com 67,8% (19/28), seguido de 25% (7/28) do genótipo F e
7,14% (2/28) do genótipo D. A árvore filogenética (Figura 17) foi construída no
programa Mega 5.0 (99), utilizando 18 sequências com o fragmento de 680 pb.
Foram considerados os valores de bootstrap igual ou superior a 70%. As 10
amostras
restantes
foram
genotipadas
diretamente
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/projects/genotyping/formpage.cgi.
no
link
45
A
C
D
B
F
G
J
I
H
E
Figura 17: Árvore filogenética inferida pelo método Neighbor-Joining. O valor de
bootstrap foi calculado a partir de 2000 réplicas. A análise envolveu 51 sequencias
de nucleotídeos, sendo 31 de referência e um grupo externo (AF046996). As
análises evolutivas foram realizadas no programa MEGA v.5 (99)
46
7 DISCUSSÃO
7.1 Características da população estudada
Analisando o grupo de 61 indivíduos que participaram do estudo, foi observado
um predomínio do gênero masculino em relação ao feminino tanto nos indivíduos
residentes em Manaus como em outros municípios. Esse perfil é tradicionalmente
descrito na literatura (9; 18; 66; 101). Isso acontece, provavelmente, porque os
homens estão mais expostos a situações de risco de infecção pelo VHB, seja pela
maior exposição às atividades sexuais de risco ou maior número de parceiros
sexuais ou pelo compartilhamento de objetos cortantes como lâminas de barbear. (1;
7; 18).
Quando a população estudada foi estratificada por faixa etária, os resultados
obtidos mostraram que a maioria dos portadores encontravam-se na faixa etária
entre 21 a 30 anos, os chamados jovens adultos. Estudos realizados anteriormente
(102) relatavam nessa faixa etária um maior de portadores da hepatite B. Entretanto,
na última pesquisa realizada em 2010 pelo MS, observou uma mudança desse perfil,
a faixa etária que agrega o maior percentual dos casos, atualmente, é a do grupo
dos adultos de 40 a 49 anos (18). Isso provavelmente se deve a mudanças de
comportamento sexual da população que tem acontecido nos últimos anos. Pois
enquanto os jovens adultos parecem estar se conscientizando do risco de exposição
às doenças sexualmente transmissíveis ou ainda porque foram corretamente
vacinados na infância, os indivíduos adultos, que provavelmente não foram
vacinados na infância e as mulheres que além de estarem mais independentes
estão na fase da menopausa, sem o risco de gravidez e consequentemente, sem
uso de preservativo. Em nosso estudo, esse grupo de 40 a 49 anos apareceu em
segundo lugar.
Quanto à naturalidade dos indivíduos participantes do estudo, verificou-se que
67,2% das 61 amostras coletadas no ambulatório de Hepatites Virais da FMT-HVD
foram de indivíduos naturais de Manaus e 32,7% de indivíduos que moram em
municípios do interior do Amazonas e do estado de Rondônia. Além de Manaus, os
municípios que se destacaram foram Tapauá, com 4 indivíduos, e Lábrea, com 3
47
indivíduos, ambos na calha do Rio Purus. Estes resultados estão de acordo com a
literatura, onde diversos autores caracterizam essas regiões como áreas de média e
alta endemicidade da doença no Estado do Amazonas (32; 33; 66).
7.2 Avaliação do ensaio da qRT-PCR in-house
O desenvolvimento da técnica de amplificação de seguimentos de DNA
utilizando a PCR convencional abriu novas perspectivas não só para a análise de
genes como na utilização em diagnóstico de agentes infecciosos, dentre estes o
vírus da hepatite B. O constante avanço de novas tecnologias permitiu o
desenvolvimento de uma versão ainda mais poderosa, a PCR em tempo real,
técnica capaz de detectar e determinar em tempo real a carga viral de patógeno em
amostras clínicas. A possibilidade de monitorar a carga viral dos agentes infecciosos
em amostras clínicas revolucionou o diagnóstico de patógenos. Uma vez que já é
possível tanto monitorar a eficiência do tratamento como o momento de iniciar a
terapia. Dentre as vantagens dessa técnica estão à facilidade dos protocolos
usados, maior sensibilidade, maior precisão, reprodutibilidade, menor risco de
contaminação e velocidade de análise, inclusive com versões totalmente
automatizadas.
O ensaio para determinar a carga viral do VHB no soro humano é, atualmente,
uma ferramenta importantíssima, sobretudo, na avaliação dos pacientes em
tratamento. O monitoramento da carga viral pode prever a evolução da doença para
uma cirrose ou carcinoma hepatocelular, bem como uma resposta rápida em relação
à adesão ao tratamento.
Neste estudo utilizou-se a PCR em tempo real para o desenvolvimento de um
ensaio para quantificação absoluta do DNA-VHB em amostras clínicas interpolando
os resultados aos de uma curva padrão externa. A confecção dessa curva foi
realizada a partir de uma amostra com carga viral elevada inserida em vetor pCR®4TOPO TA Cloning e posterior diluições seriadas, salientando que existem algumas
limitações para a obtenção da curva padrão em laboratório utilizando plasmídeos,
uma vez que eles são altamente contaminantes. O uso de amostras com carga viral
48
elevada seria a melhor opção, no entanto, elas são de difícil obtenção. Outra opção
seria o uso de painéis de carga viral comercial, porém, esses apresentam alto custo
financeiro, pois a maioria é via importação.
Uma vez que os atuais protocolos terapêuticos baseiam suas decisões de
continuidade ou não de tratamento a partir dos resultados da carga viral, um teste
quantitativo deve ter precisão suficiente para servir de referência segura a esta
decisão. A curva padrão obtida, composta de 7 diluições logarítmicas de plasmídeo,
apresentou um slope de -3,47, o que indica uma excelente eficiência e apresentou
boa sensibilidade, possibilitando a obtenção de resultados quantitativos para uma
ampla faixa de valores. Quando as médias do coeficiente de variação da curva
padrão e do inter-ensaio foram comparadas, observamos que houve uma diferença
significativa entre ambas, indicando que não houve boa reprodutibilidade da curva
padrão, entretanto, pela análise ANOVA não ocorreu diferença significativa na
repetibilidade do teste. Essa avaliação não invalida nossa curva padrão, pois, o
frequente descongelamento da curva padrão para as realizações dos ensaios de
qRT-PCR, pode ter influenciado no coeficiente de variação. Além do mais, as três
pessoas escolhidas para realizar a análise inter-ensaio possuem técnicas de
trabalho diferente, com pouca experiência com a técnica da PCR em tempo real, e,
embora o protocolo para as três tenha sido o mesmo, isso também pode ter
contribuído na variação do teste inter-ensaio.
Com relação aos reagentes, optou-se pelo uso da sonda TaqMan-MGB, uma
variação da TaqMan, por ser mais específica, sensível, precisa e ter uma boa
reprodutibilidade. Em 2005, para avaliar a eficácia das sondas TaqMan-MGB, Zhao,
JR. e colaboradores realizaram um estudo com 50 amostras HBeAg+ e 50 amostras
HBsAg+ e concluíram que essas sondas possuíam uma excelente detecção para o
DNA-VHB já que nas HBeAg+ a detecção foi possível em 100% das amostras e nas
HBsAg+ em 72% (103). Em nosso estudo, das 61 amostras, a detecção com a
sonda TaqMan-MGB foi possível em 62,2%, o que confirma o resultado obtido pelo
outro pesquisador.
49
7.3 Comparação entre a PCR em tempo real in-house e o kit comercial
COBAS® AmpliPrep/COBAS TaqMan® HBV Test
Segundo Bland & Altmann, para a validação de um método, é necessário que
este seja comparado com outro já existente. Estudos anteriores realizavam essa
validação através da análise de correlação, porém, na visão de Bland & Altmann
esse tipo de análise não avaliava a concordância entre os métodos e sim a
associação, coisas que são bem diferentes. Então esses pesquisadores introduziram
o método estatístico de Bland-Altmann que serve para validar duas variáveis, que
meçam a mesma quantidade. Os resultados são apresentados em um gráfico de
dispersão onde no eixo Y aparece a diferença entre os dois métodos e no eixo X
aparece a média das diferenças (100). No nosso estudo as variáveis são os
resultados obtidos pelo método in-house e pelo kit comercial Cobas. Há, portanto,
dois parâmetros analisados: o primeiro é o eixo Y, cuja diferença de concordância
entre os dois métodos foi igual a -5,67 e o eixo X, cuja média da diferença dos
resultados obtidos foi igual a -2,83. Valores próximos à zero na média das diferenças
significam perfeita concordância, e quanto menor for o valor, maior é a
concordância.
Na análise de correlação de Pearson, encontrou-se pouca correlação (r=0,22)
entre a técnica de qRT-PCR in-house desenvolvida nesse estudo e o kit comercial
COBAS® Ampliprep/COBAS TaqMan® HBV Test, utilizado na rotina da FMT-HVD.
Na análise de concordância de Bland-Altmann os resultados obtidos mostraram que
os métodos analisados não têm concordância um com o outro, pois a diferença é
estatisticamente significativa. Esses resultados não invalidam a nossa metodologia,
uma vez que ocorreram muitos fatores que acabaram prejudicando nosso método.
Um dos fatores que podem ter contribuído fortemente para a pouca correlação
e concordância, pode ser a qualidade das amostras utilizadas, decorrente do
excesso de manipulação. Pois as amostras foram às mesmas utilizadas nas reações
de PCR convencional e na PCR em tempo real. Isto é, foram constantemente
congeladas e descongeladas, enquanto as amostras utilizadas no COBAS
Ampliprep só foram descongeladas uma única vez, no momento do seu uso. Na
literatura é descrito que o material extraído deve ser processado o mais rápido
50
possível e não deve passar por mais de quatro ciclos de congelamento e
descongelamento (83), pois isso contribui para a degradação do DNA. Além do
mais, diferentes lotes de sondas e reagentes foram utilizados em nossas reações.
Outro fator que deve ser levado em conta é a quantidade de plasma utilizada
na extração de DNA. Enquanto no método comercial utiliza-se 1 mL de plasma, no
método in-house foi utilizado 200 µL, isto é, uma quantidade 5 vezes menor que a do
método comercial. Este volume foi estabelecido de acordo com as recomendações
do protocolo de extração do kit utilizado. Cabe reforçar que os resultados de
concordância e correlação mostrados anteriormente não invalidam nosso método,
pois, mesmo com a pouca quantidade de plasma utilizada em nossa extração,
conseguimos positividade em 62,2% das 61 amostras analisadas na qRT-PCR.
Em busca
de
dados que
pudessem corroborar
nossos achados e
recomendações para a sua aplicação na rotina, verificamos na literatura que um
método semelhante foi desenvolvido para a detecção do vírus da hepatite C (VHC)
onde foram comparados vários métodos de quantificação do RNA do VHC. Os
resultados deste estudo demonstraram que a discrepância dos valores de cargas
virais apresentados entre os testes não permite que os mesmos sejam utilizados de
maneira intercambiável, mesmo que a sensibilidade e especificidade dos métodos
sejam boas, sugerindo-se que cada centro defina a metodologia que vai utilizar
rotineiramente e, a partir de então, avalie as variações na carga viral dos pacientes
somente com a metodologia definida (104).
Isto posto, acredita-se que os valores de correlação e concordância entre as
duas metodologias poderiam ter sido diferentes dos encontrados se tivessem sido
realizadas simultaneamente. Isto é, prioritariamente analisadas pela PCR em tempo
real e não pela PCR convencional, evitando assim a perda de material genético pelo
processo de descongelamento. Outro fator que merece destaque foi mudança de
lotes de sondas e reagentes TaqMan durante o desenvolvimento do ensaio, pois
embora sejam do mesmo fabricante existe a descontinuidade e padronização dos
novos regentes podendo interferir na qualidade do ensaio.
51
7.4 Detecção do DNA-VHB
A extração dos ácidos nucleicos é fundamental para a qualidade e
confiabilidade de qualquer ensaio. A extração manual é mais trabalhosa e exige total
atenção do profissional, passando por várias etapas de manuseio e centrifugação.
Já a extração automatizada promove a uniformização das etapas do processo,
minimizando variações de rendimento ou de pureza decorrentes do processo
manual e reduz o risco de contaminação cruzada. Não exige atenção constante, o
que permite ao profissional executar outras tarefas. No presente estudo, os DNA do
VHB utilizados nas reações de PCR convencional e na qRT-PCR foram extraídos
manualmente utilizando o kit comercial Qiamp DNA Blood Mini kit (Qiagen),
amplamente utilizado por pesquisadores em todo mundo (62; 68; 105; 106). Depois
de extraídas, as amostras foram quantificadas no espectrofotômetro e a
concentração de DNA-VHB obtida variou de 0,9 a 134,9 ng/µL
Para a amplificação do DNA-VHB por PCR, vários autores descrevem o
método nested-PCR, como sendo o mais sensível e específico para determinar a
sua presença (106). Neste estudo, utilizou-se a técnica semi-nested PCR, obtendose um percentual de DNA-VHB em 57,3%, das 61 amostras analisadas. Como todas
as amostras coletadas eram de indivíduos HBsAg+, um dos fatores que pode ter
contribuído para a não amplificação das amostras restantes foi, provavelmente,
devido a baixa concentração de DNA-VHB. Verificando a literatura observou-se que
em estudos anteriores com pacientes HBsAg+ também ocorreu esse mesmo
problema. Santos e colaboradores, por exemplo, em um estudo de caracterização
do VHB com 40 amostras de pacientes HBsAg+, de Rondônia (107) obteve a
amplificação em 87,5% das amostras. Enquanto que Dias, em 2012, em um estudo
de caracterização do VHB em uma população indígena, com 86 amostras HBsAg+
obteve a amplificação do DNA-VHB somente em 45,3% das amostras analisadas
(68).
Neste estudo não podemos inferir que a baixa concentração de DNA-VHB
obtido na extração seja em decorrência de uma extração ineficiente, pois, essas
mesmas amostras foram submetidas a extração do DNA VHB pelo sistema
52
automatizado (COBAS® AmpliPrep-COBAS TaqMan® HBV Test) obtendo-se na
detecção um percentual de 49,1% das 61 amostras analisadas. Em análise mais
profunda, verificou-se que 13 amostras apresentaram valores de carga viral abaixo
do limite de detecção (12 UI/mL), corroborando assim, a hipótese de baixa carga
viral nas amostras não detectadas.
Outro fator que pode ter contribuído para a não amplificação do DNA VHB de
certas amostras pode ser devido ao tamanho do fragmento amplificado que, ainda
na nested PCR correspondeu a 680 pb. O que acarreta uma menor sensibilidade do
método. Isso pôde ser observado quando utilizamos iniciadores que amplificam um
fragmento de 220 pb, onde foram detectadas seis amostras não amplificadas pelo
iniciador de 680 pb. Portanto, para detecção do DNA VHB na rotina, sugere-se que
se utilizem iniciadores que obtenham fragmentos pequenos, porém, como um dos
objetivos desse estudo era a caracterização genotípica, essa amplificação com o
iniciador de 220 pb não foi realizada em todas as amostras pois não teríamos um
fragmento
ideal
para
analise
filogenética.
Além
disso,
alguns
pacientes
apresentavam co-infecção pelo HIV ou VHD, inclusive fazendo uso de tratamento
com antiviral o que pode ter contribuído para a diminuição da carga viral do VHB.
Assim, acreditamos que as amostras não amplificadas possuíssem baixa
concentração de DNA viral e que, embora a semi-nested PCR seja uma técnica
muito sensível amostras que possuem pouca concentração de DNA não são
possíveis de amplificar.
7.5 Genotipagem do VHB
A genotipagem do VHB, a partir do sequenciamento do seu genoma, é o
método mais utilizado para a caracterização dos genótipos. Na literatura, é sugerido
que seja feito o sequenciamento completo do genoma e posterior análise
filogenética (101). Porém, esse método consome muito tempo, apresenta alto custo
e requer programas altamente específicos para a interpretação dos resultados.
Neste estudo, foram utilizados pares de iniciadores que permitem a amplificação do
gene “S” completo do genoma VHB e a identificação dos genótipos de A-H.
53
No Brasil, estudos de genotipagem do VHB identificaram os genótipos A, D e F,
respectivamente, como os mais prevalentes (63; 67; 108; 109). Em 2007, Mello e
colaboradores estudaram amostras isoladas das cinco regiões geográficas
brasileiras e demonstraram que das 82 amostras da região Norte, em 63,4% o
genótipo A era o mais prevalente (67). No Amazonas, em 2001, Oliveira, CM
estudou amostras isoladas de indivíduos de diferentes regiões da Amazônia
Ocidental Brasileira e identificou o genótipo A em 93,1% das 44 amostras analisadas
e em 2008, para um estudo de análise molecular do VHB em pacientes naturais do
estado do Amazonas, Oliveira relatou que o genótipo A foi o mais prevalente em
78,4% das 51 amostras analisada (97; 66). Em 2012, um estudo realizado por Dias,
AL com amostras da área urbana e de comunidades rurais e indígenas do município
de Lábrea, encontrou predominância do genótipo A em 60% das 20 amostras
analisadas (68). A prevalência dos genótipos D e F variam bastante em nossa
região. Em alguns estudos (67; 110), o genótipo D aparece em segundo lugar, em
outros (28; 33; 66), o genótipo F é que aparece em segundo lugar. Contudo, os
resultados obtidos nesse estudo comprovam os obtidos por pesquisadores tanto em
nível regional como nacional.
No presente estudo, a análise filogenética mostrou que 67,8% das amostras
pertencem ao genótipo A, 25% ao genótipo F e 7,14% ao D. A árvore filogenética foi
construída a partir de 18 sequências que apresentavam fragmento de 680 pb. Nessa
análise observou-se que uma sequência (51 VHB-AM) não se agrupou com nenhum
grupo genotípico descrito (A-J), sugerindo que provavelmente trate-se de um novo
genótipo do VHB, porém, para que isso seja confirmado, necessita-se de novas
análises nessa sequência.
Com relação à distribuição dos genótipos do VHB no estado do Amazonas, das
19 amostras pertencentes ao genótipo A, 14 eram procedentes do município de
Manaus e 5 procediam dos municípios de Coari, Eirunepé, Maués e Tapauá com 2 e
1 indivíduo cada, respectivamente. O genótipo D foi detectado em um indivíduo
procedente de Manaus e outro de Coari e o genótipo F, 5 eram procedentes de
Manaus e 3 dos município de Lábrea, Tapauá e Tefé. Como a distribuição
geográfica dos genótipos do VHB é muito diversa, a caracterização molecular em
uma determinada região pode revelar os aspectos da origem do vírus. O genótipo A
54
encontrado nesta região é sugestivo de origem africana ou europeia enquanto o
genótipo F sugere origem indígena (40).
Alguns estudos evidenciam a relação entre o genótipo e a gravidade da doença
(46; 65), porém, no presente estudo, não foi possível relacionar os aspectos
evolutivos dos diferentes genótipos identificados com a evolução clínica dos
envolvidos.
55
8 CONCLUSÕES
Os resultados obtidos no presente estudo nos permitiram fazer as seguintes
conclusões:
1. O ensaio de qRT-PCR in house foi padronizado, obtendo-se um sistema
com bom desempenho para quantificação da carga viral do DNA VHB em
amostras clínicas. Necessitando melhorar a sensibilidade do ensaio e
aperfeiçoar o seu desempenhos;
2. A curva padrão obtida foi considerada satisfatória, com eficiência de 99,5% e
ampla faixa linear, variando de 10 1 a 107. O limite minimo de detecção do
sistema in house foi 17,9 UI/mL (1,60 log10) contra 12,0 UI/mL (1,07 log10) do
sistema comercial;
3. O ensaio de qRT-PCR in house permitiu estimar o numero de cópias virais
em 38 das 61 amostras analisas. Os valores das cargas virais obtidas
variaram de 1,19 log10 a 8,5 log10/mL, abrangendo uma faixa de
quantificação de cerca de 7 log;
4. Em relação a sensibilidade do método in house frente ao comercial, embora
não tenha apresentado concordância e correlação, o método in house
obteve uma boa performace detectando o DNA VHB em 38 amostras contra
43 do método comercial;
5. A detecção do DNA-VHB pela semi-nested PCR foi considerada boa, porém,
a metodologia necessita ser melhorada para aumentar a eficiencia, sugerese o uso de iniciadores que amplifiquem fragmentos menor do genoma viral;
6. A análise filogenética mostrou que os genótipos que prevalecem em nossa
região são A, D e F; o genótipo A foi o mais frequente, seguido do genótipo
F e D. Uma sequência nucleotídica apresentou um perfil sugestivo de um
novo genótipo do VHB, pois não se agrupou em nenhum dos grupos
filogenéticos usados na análise.
56
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Lavanchy D. Hepatitis B virus epidemiology, disease burden, treatment, and
current and emerging prevention and control measures. J Viral Hepat 2004
Mar;11(2):97-107.
2. Valente F, Lago BV, Castro CA, Almeida AJ, Gomes SA, Soares CC.
Epidemiology and molecular characterization of hepatitis B virus in Luanda,
Angola. Mem Inst Oswaldo Cruz 2010 Dec;105(8):970-7.
3. World Health Organization (US). Programmes and Projects. Immunization
service delivery. New vaccines and technologies [acesso 31 mar 2011]. US; 2010.
Disponível em < http://www.who.int/immunization_delivery/new_vaccines/hepb/en/index.html >
4. Chavez JH, Campana SG, Haas P. [An overview of hepatitis B in Brazil and in
the state of Santa Catarina]. Rev Panam Salud Publica 2003 Aug;14(2):91-6.
5. Francis TI. Epidemiology of viral hepatitis B in the tropics. Bull N Y Acad Med
1975 Apr;51(4):501-7.
6. Bed bugs, insects, and hepatitis B. Br Med J 1979 Sep 29;2(6193):752.
7. Ocama P, Opio CK, Lee WM. Hepatitis B virus infection: current status. Am J
Med 2005 Dec;118(12):1413.
8. Secretaria Municipal de Saúde.Manual de Orientações: Hepatites Virais B e C
[acesso
em
12
abr
2011].São
Paulo;2008.Disponível
em
<http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/hepatites_guia_1259684758.pdf>
9. Brasil LM, da Fonseca JC, de Souza RB, Braga WS, de Toledo LM.
[Prevalence of hepatitis B virus markers within household contacts in the State of
Amazonas]. Rev Soc Bras Med Trop 2003 Sep;36(5):565-70.
10. Gust ID. Epidemiology of hepatitis B infection in the Western Pacific and South
East Asia. Gut 1996;38 Suppl 2:S18-S23.
11. El KM, dos Santos VA. Hepatitis B: epidemiological, immunological, and
serological considerations emphasizing mutation. Rev Hosp Clin Fac Med Sao
Paulo 2004 Aug;59(4):216-24.
12. Hou J, Liu Z, Gu F. Epidemiology and Prevention of Hepatitis B Virus Infection.
Int J Med Sci 2005;2(1):50-7.
13. Simonsen L, Kane A, Lloyd J, Zaffran M, Kane M. Unsafe injections in the
developing world and transmission of bloodborne pathogens: a review. Bull World
Health Organ 1999;77(10):789-800.
14. World Health Organization (US). Hepatitis B. Disease distribution maps.
[acesso
09
mai
2012].
US;
2012.
Disponível
em:
<http://gamapserver.who.int/mapLibrary/Files/Maps/Global_HepB_ITHRiskMap.png>
57
15. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais [homepage]. Brasília, DF:
Ministério da Saúde (Brasil). [atualizado em 2007; acesso 01 abr 2011].
Disponível em < http://www.aids.gov.br/noticia/hepatite-b-cronica-atinge-dois-milhoes-debrasileiros-dos-quais-95-nao-estao-diagnosticados >
16. Portal da Saúde [Internet]. Brasília, DF. Ministério da Saúde [acesso em 19
abr 2011]. Disponível em
<http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=21920>
17. Clemens SA, da Fonseca JC, Azevedo T, Cavalcanti A, Silveira TR, Castilho
MC, et al. [Hepatitis A and hepatitis B seroprevalence in 4 centers in Brazil]. Rev
Soc Bras Med Trop 2000 Jan;33(1):1-10.
18. Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais [homepage]. Brasília, DF:
Ministério da Saúde (Brasil). [atualizado em 2011; acesso 10 mai 2012].
Disponível
em
<http://www.aids.gov.br/sites/default/files/anexos/publicacao/2011/50073/boletim_hepatites2011_p
df_64874.pdf>
19. Portal da Saúde [Internet]. Brasília, DF. Ministério da Saúde [acesso 10 mai
2012].
Disponível
em
<http://portal.saude.gov.br/portal/saude/visualizar_texto.cfm?idtxt=27153>
20. Sistema de Vigilância da Saúde [internet]. Brasília, DF. Ministério da Saúde
[acesso
em
10
mai
2012].
Disponível
em
<http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/clipping_01032011.pdf>
21. World Health Organization (US). Programmes and Projects. Immunization.
Topics. Hepatitis [acesso 10 mai 2012], US; 2011. Disponível em
<http://www.who.int/immunization/topics/hepatitis_b/en/index.html>
22.
Vacina.
[acesso
em
14
jun
2012].
Disponível
em
<http://www.vacinas.org.br/novo/vacinas_contra_v_rus/hepatite_b.htm>
23. Sociedade Brasileira de Pediatria. Revista Assoc. Med. Bras.[atualizado em
2006;
acesso
em
14
jun
2012].
Disponível
em
<http://www.scielo.br/pdf/ramb/v52n5/a09v52n5.pdf>
24. Juarez E, do Amaral JC, Pinheiro F, Biellik R. Hepatitis B and delta vaccination
program in the western Amazon region of Brazil. Prog Clin Biol Res 1991;364:3439.
25. Braga WS. [Hepatitis B and D virus infection within Amerindians ethnic groups
in the Brazilian Amazon: epidemiological aspects]. Rev Soc Bras Med Trop
2004;37 Suppl 2:9-13.
26. World Health Organization (US). Media Centre. Fact sheets. Hepatitis B
[acesso
10
mai
2012].
US;
2008.
Disponível
em
<http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs204/en/index.html>
58
27. Portal da Saúde [Internet]. Brasília, DF. Ministério da Saúde; 2012 [acesso 14
jun 2012]. Disponível em <http://www.aids.gov.br/pagina/hepatite-b>
28. Victoria FS, Oliveira CM, Victoria MB, Victoria CB, Ferreira LC.
Characterization of HBeAg-negative chronic hepatitis B in western Brazilian
Amazonia. Braz J Infect Dis 2008 Feb;12(1):27-37.
29. El KM, Duarte LS, Ribeiro RB, da Silva LF, Camargo LM, dos Santos VA, et al.
Seroprevalence of hepatitis B virus and hepatitis C virus in Monte Negro in the
Brazilian western Amazon region. Clinics (Sao Paulo) 2005 Feb;60(1):29-36.
30. Tanaka J. Hepatitis B epidemiology in Latin America. Vaccine 2000 Feb 18;18
Suppl 1:S17-S19.
31. Torres JR. Hepatitis B and hepatitis delta virus infection in South America. Gut
1996;38 Suppl 2:S48-S55.
32. Bensabath G, Hadler SC, Soares MC, Fields H, Dias LB, Popper H, et al.
Hepatitis delta virus infection and Labrea hepatitis. Prevalence and role in
fulminant hepatitis in the Amazon Basin. JAMA 1987 Jul 24;258(4):479-83.
33. Viana S, Parana R, Moreira RC, Compri AP, Macedo V. High prevalence of
hepatitis B virus and hepatitis D virus in the western Brazilian Amazon. Am J Trop
Med Hyg 2005 Oct;73(4):808-14.
34. Gomes-Gouvea MS, Soares MC, Bensabath G, de Carvalho-Mello IM, Brito
EM, Souza OS, et al. Hepatitis B virus and hepatitis delta virus genotypes in
outbreaks of fulminant hepatitis (Labrea black fever) in the western Brazilian
Amazon region. J Gen Virol 2009 Nov;90(Pt 11):2638-43.
35. Barros Junior GM, Braga WS, Oliveira CM, Castilho MC, Araujo JR. [Occult
hepatitis B: prevalence and clinical characteristics in a population with high
endemicity of hepatitis B infection in the western Brazilian Amazon region]. Rev
Soc Bras Med Trop 2008 Nov;41(6):596-601.
36. Portal da Saúde [Internet]. Brasília, DF. Ministério da Saúde [acesso 29 jul
2012]. Disponível em < http://portalsaude.saude.gov.br/portalsaude/noticia/6273/162/sus-teramais-dois-novos-medicamentos-contra-hepatite-c.html >
37. Braga, W.S. Prevalence of Hepatitis B Virus (HBV) and Hepatitis D Virus
(HDV) Infections in Lábrea, Purus River Basin, Western Brazilian Amazon.
Epidemiologia e Serviços de Saúde 2004; 13(1): 35 - 46.
38. FMT. Evolução das notificações de hepatites virais na FMT-HVD, 2007 a
2012, referindo número de casos confirmados por laboratório. Disponível em
<http://www.fmt.am.gov.br/layout2011/vigiweb/vigiwebcons6.asp>. Acesso em 14 Jul 2012.
39. Seeger C, Mason WS. Hepatitis B virus biology. Microbiol Mol Biol Rev 2000
Mar;64(1):51-68.
59
40. Kidd-Ljunggren K, Miyakawa Y, Kidd AH. Genetic variability in hepatitis B
viruses. J Gen Virol 2002 Jun;83(Pt 6):1267-80.
41. Blumberg BS. Hepatitis B virus, the vaccine, and the control of primary cancer
of the liver. Proc Natl Acad Sci U S A 1997 Jul 8;94(14):7121-5.
42. Dane DS, Cameron CH, Briggs M. Virus-like particles in serum of patients with
Australia-antigen-associated hepatitis. Lancet 1970 Apr 4;1(7649):695-8.
43. Kaplan PM, Greenman RL, Gerin JL, Purcell RH, Robinson WS. DNA
polymerase associated with human hepatitis B antigen. J Virol 1973
Nov;12(5):995-1005.
44. Robinson WS, Greenman RL. DNA polymerase in the core of the human
hepatitis B virus candidate. J Virol 1974 Jun;13(6):1231-6.
45. Moreno D, Alegre F, Garcia-Gonzalez N. [Virology, epidemiology and
transmission mechanisms of hepatitis B virus]. An Sist Sanit Navar 2004;27 Suppl
2:7-16.
46. Roncato, M.; Ballardin, P.; Lunge, V. Influência dos Genótipos no Tratamento
da Hepatite B. Revista HCPA, 2008; 28(3): 188-93
47. Block TM, Guo H, Guo JT. Molecular virology of hepatitis B virus for clinicians.
Clin Liver Dis 2007 Nov;11(4):685-706, vii.
48. Cao GW. Clinical relevance and public health significance of hepatitis B virus
genomic variations. World J Gastroenterol 2009 Dec 14;15(46):5761-9.
49. Miller RH, Robinson WS. Common evolutionary origin of hepatitis B virus and
retroviruses. Proc Natl Acad Sci U S A 1986 Apr;83(8):2531-5.
50. Zuckerman AJ. Hepatitis Viruses. 1996.
51. Ganem, D; Schneider, R.J. Hepadnaviridae: the viruses and their replication.
In. Hollinger, F. Viral Hepatitis. USA: Lippincott Williams & Wilkins, 2002. P. 55-97
52. Beck J, Nassal M. Hepatitis B virus replication. World J Gastroenterol 2007
Jan 7;13(1):48-64.
53. Chu CJ, Lok AS. Clinical significance of hepatitis B virus genotypes.
Hepatology 2002 May;35(5):1274-6.
54. Le Bouvier GL, McCollum RW, Hierholzer WJ, Jr., Irwin GR, Krugman S, Giles
JP. Subtypes of Australia antigen and hepatitis-B virus. JAMA 1972 Nov
20;222(8):928-30.
55. Okamoto H, Tsuda F, Sakugawa H, Sastrosoewignjo RI, Imai M, Miyakawa Y,
et al. Typing hepatitis B virus by homology in nucleotide sequence: comparison of
surface antigen subtypes. J Gen Virol 1988 Oct;69 ( Pt 10):2575-83.
60
56. Norder H, Hammas B, Lofdahl S, Courouce AM, Magnius LO. Comparison of
the amino acid sequences of nine different serotypes of hepatitis B surface antigen
and genomic classification of the corresponding hepatitis B virus strains. J Gen
Virol 1992 May;73 ( Pt 5):1201-8.
57. Stuyver L, De GS, Van GC, Zoulim F, Fried M, Schinazi RF, et al. A new
genotype of hepatitis B virus: complete genome and phylogenetic relatedness. J
Gen Virol 2000 Jan;81(Pt 1):67-74.
58. Arauz-Ruiz P, Norder H, Robertson BH, Magnius LO. Genotype H: a new
Amerindian genotype of hepatitis B virus revealed in Central America. J Gen Virol
2002 Aug;83(Pt 8):2059-73
59. Yu H, Yuan Q, Ge SX, Wang HY, Zhang YL, Chen QR, et al. Molecular and
phylogenetic analyses suggest an additional hepatitis B virus genotype "I". PLoS
One 2010;5(2):e9297.
60. Olinger, C. M., et al. "Possible new hepatitis B virus genotype, southeast Asia."
Emerg.Infect.Dis. 14.11 (2008): 1777-80.
61. Tong W, He J, Sun L, He S, Qi Q. Hepatitis B virus with a proposed genotype I
was found in Sichuan Province, China. J Med Virol 2012 Jun;84(6):866-70.
62. Tatematsu K, Tanaka Y, Kurbanov F, Sugauchi F, Mano S, Maeshiro T, et al.
A genetic variant of hepatitis B virus divergent from known human and ape
genotypes isolated from a Japanese patient and provisionally assigned to new
genotype J. J Virol 2009 Oct;83(20):10538-47.
63. Sitnik R, Pinho JR, Bertolini DA, Bernardini AP, Da Silva LC, Carrilho FJ.
Hepatitis B virus genotypes and precore and core mutants in Brazilian patients. J
Clin Microbiol 2004 Jun;42(6):2455-60.
64. Sitnik R, Sette H, Jr., Santana RA, Menezes LC, Graca CH, Dastoli GT, et al.
Hepatitis B virus genotype E detected in Brazil in an African patient who is a
frequent traveler. Braz J Med Biol Res 2007 Dec;40(12):1689-92.
65. Almeida, D., Importância Clínica dos Genótipos do Vírus B. Gazeta Médica da
Bahia. 2009 jun. 79 Suppl.2: 39-40
66. de Oliveira CM, Farias IP, Ferraz da Fonseca JC, Brasil LM, de SR, AstolfiFilho S. Phylogeny and molecular genetic parameters of different stages of
hepatitis B virus infection in patients from the Brazilian Amazon. Arch Virol
2008;153(5):823-30.
67. Mello FC, Souto FJ, Nabuco LC, Villela-Nogueira CA, Coelho HS, Franz HC,
et al. Hepatitis B virus genotypes circulating in Brazil: molecular characterization of
genotype F isolates. BMC Microbiol 2007;7:103.
68. Dias AL, Oliveira CM, Castilho MC, Silva MS, Braga WS. Molecular
characterization of the hepatitis B virus in autochthonous and endogenous
61
populations in the Western Brazilian Amazon. Rev Soc Bras Med Trop 2012
Feb;45(1):9-12.
69. Datta S. An overview of molecular epidemiology of hepatitis B virus (HBV) in
India. Virol J 2008;5:156.
70. Almeida, D., Importância Clínica dos Genótipos do Vírus B. Gazeta Médica da
Bahia. 2009 jun. 79 Suppl.2: 39-40
71. World Health Organization (US). Hepatitis B. The disease. [acesso 07 abr
2011].
US;
2002.
Disponível
em:
<http://www.who.int/csr/disease/hepatitis/HepatitisB_whocdscsrlyo2002_2.pdf >
72. Krajden M, McNabb G, Petric M. The laboratory diagnosis of hepatitis B virus.
Can J Infect Dis Med Microbiol 2005 Mar;16(2):65-72.
73. World Health Organization (US). Hepatitis B. Diagnosis: Large-scale screenin
for HBV infection. [acesso 10 mai 2012]. US; 2002. Disponível em:
<http://www.who.int/csr/disease/hepatitis/HepatitisB_whocdscsrlyo2002_2.pdf >
74. da SILVA, C.; Niel, C. Hepatite B. In: Rossetti, Maria Lúcia; da SILVA, Cláudia
Maria Dornelles; RODRIGUES, Jaqueline Josi Samá Doenças infecciosas:
diagnóstico molecular. 1ª.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 112-22
75. Acute Viral Hepatitis [Internet]. Whitehouse Station,USA. The Merck Manuals.
c2010 [atualizado em 2007; acessado 10 mai 2012]. Disponível em
<http://www.merckmanuals.com/professional/sec03/ch027/ch027b.html#tb027_4>
76. Marinho, C., Agostinho, C. Hepatite B. In: Cotter, J., editor. Hepatites Víricas.
1ª.ed. Portugal, 2003. P. 53-98.
77. Hepcentro [homepage]. c2001 [atualizado em 2011; acessado em 10 mai
2012]. Disponível em <http://www.hepcentro.com.br/histologia.html>
78. Rodrigues C, Deshmukh M, Jacob T, Nukala R, Menon S, Mehta A.
Significance of HBV DNA by PCR over serological markers of HBV in acute and
chronic patients. Indian J Med Microbiol 2001 Jul;19(3):141-4.
79. Mahtab MA, Rahman S, Khan M, Kamal M, Mamun AA, Karim MF. Viral load
speaks little about toll on liver. Hepatobiliary Pancreat Dis Int 2007 Oct;6(5):483-6.
80. Roche. Introdução à PCR; c2008 [acessado em 10 mai 2012]. Disponível em
<http://www.roche.pt/portugal/index.cfm/produtos/equipamentosdediagnostico/products/molecular-diag/intro-pcr>
81. Paraskevis D, Beloukas A, Haida C, Katsoulidou A, Moschidis Z,
Hatzitheodorou H, et al. Development of a new ultra sensitive real-time PCR assay
(ultra sensitive RTQ-PCR) for the quantification of HBV-DNA. Virol J 2010;7:57.
62
82. Pas SD, Fries E, De Man RA, Osterhaus AD, Niesters HG. Development of a
quantitative real-time detection assay for hepatitis B virus DNA and comparison
with two commercial assays. J Clin Microbiol 2000 Aug;38(8):2897-901.
83. Rodrigues, J.; Silva, R.; Siqueira, M. Técnicas de Biologia Molecular Aplicadas
ao Diagnóstico. In: Rossetti, Maria Lúcia; da SILVA, Cláudia Maria Dornelles;
RODRIGUES, Jaqueline Josi Samá Doenças infecciosas: diagnóstico molecular.
1ª.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 16-40
84. Carga Viral [homepage]. Rio de Janeiro, RJ: Hepato [atualizado em 2005;
acessado
em
10
mai
2012].
Disponível
em
<http://www.hepato.com/p_testes/testes_20031001.html>
85. Zhao Y, Zhang XY, Guo JJ, Zeng AZ, Hu JL, Huang WX, et al. Simultaneous
genotyping and quantification of hepatitis B virus for genotypes B and C by realtime PCR assay. J Clin Microbiol 2010 Oct;48(10):3690-7.
86. Heid CA, Stevens J, Livak KJ, Williams PM. Real time quantitative PCR.
Genome Res 1996 Oct;6(10):986-94.
87. Gibson UE, Heid CA, Williams PM. A novel method for real time quantitative
RT-PCR. Genome Res 1996 Oct;6(10):995-1001.
88. Hofmann-Lehmann R, Swenerton RK, Liska V, Leutenegger CM, Lutz H,
McClure HM, et al. Sensitive and robust one-tube real-time reverse transcriptasepolymerase chain reaction to quantify SIV RNA load: comparison of one- versus
two-enzyme systems. AIDS Res Hum Retroviruses 2000 Sep 1;16(13):1247-57.
89. Manual de Hematologia [homepage]. PCR Quantitativo em Tempo Real (realtime PCR); c2012 [atualizado em 2012; acessado em 10 mai 2012]. Disponível
em <http://www.fleury.com.br/medicos/medicina-e-saude/manuais/manual-hema.aspx>
90. PCR em tempo real [homepage].Revista Biotecnologia Ciencia e
Desenvolvimento, 2004; ed.33. [acessado em 10 jun 2012] Disponível em
<http://www.biotecnologia.com.br/revista/bio33/pcr.pdf>
91. Duarte, C. Detecção e quantificação do vírus da hepatite c através de rt-pcr
em tempo-real. [Tese]. Curitiba: Universidade Federal do Paraná, 2006. 47 p.
Mestrado em Biologia Celular e Molecular.
92. Tecnologia do DNA combinante, 2003 [homepage]. [acessado em 20 mai
2012]
Disponível
em
<http://www.fmrp.usp.br/rbp/graduacao/Tecnologia_do_DNA_recombinante.pdf >
93. Clonagem de DNA [homepage] [acessado em 20 mai 2012] Disponível em
<http://www.ufpe.br/biolmol/aula5_clonagem1.htm>
94. Curva Padrão [homepage] [acessado em 16 jun 2012] Disponível em
<http://pt.scribd.com/doc/55971778/11/Construcao-de-Curva-Padrao-para-QuantificacaoAbsoluta>
63
95. Ministério da Saúde (Brasil). Protocolo Clinico e Diretrizes Terapêuticas para
o Tratamento da Hepatite Viral Crônica B e Coinfecções. [acesso em 12 abr
2011].
Brasília,
DF,
2010.
Disponível
em
<
http://www.aids.gov.br/sites/default/files/hepatites_protocolo.pdf >
96. Costa de Oliveira, C.M., Astolfi Filho, S., Castilho, M., Souza, RB ; Victoria, F.,
Braga, W. Análise Molecular e Implicações Biológicas do vírus da Hepatite B, em
Pacientes Naturais do Estado do Amazonas. In: XLI Congresso da Sociedade
Brasileira de Medicina Tropical e I Encontro de Medicina Tropical do Cone Sul,
2005, Florianópoles. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical. São
Paulo: TeC Art Ltda. v. 38.
97. Oliveira, CM. Variabilidade genética do gene de superfície do vírus da hepatite
B (VHB) em portadores naturais da Amazônia brasileira. [Tese]. São Carlos:
Universidade Federal de São Carlos, 2001. Mestrado em Genética e Evolução.
98. Hall, T.A. 1999. BioEdit: a user-friendly biological sequence alignment editor
and analysis program for Windows 95/98/NT. Nucl. Acids. Symp. Ser. 41:95-98
99. Tamura K, Peterson D, Peterson N, Stecher G, Nei M, Kumar S. MEGA5:
molecular evolutionary genetics analysis using maximum likelihood, evolutionary
distance, and maximum parsimony methods. Mol Biol Evol 2011 Oct;28(10):27319.
100. Bland JM, Altman DG. Statistical methods for assessing agreement between
two methods of clinical measurement.Lancet. 1986 Feb 8;1(8476):307-10
101. Bartholomeusz A, Schaefer S. Hepatitis B virus genotypes: comparison of
genotyping methods. Rev Med Virol 2004 Jan;14(1):3-16.
102. Silva, MN. Hepatitis B – Casuistic review of Internal Medicine outpatient
consultations. Rev Soc Port Med Int 2007 Jun;14(3):140-5.
103. Zhao JR, Bai YJ, Zhang QH, Wan Y, Li D, Yan XJ. Detection of hepatitis B
virus DNA by real-time PCR using TaqMan-MGB probe technology. World J
Gastroenterol 2005 Jan 28;11(4):508-10.
104. Caliendo AM, Valsamakis A, Zhou Y, Yen-Lieberman B, Andersen J, Young
S, et al. Multilaboratory comparison of hepatitis C virus viral load assays. J Clin
Microbiol 2006 May;44(5):1726-32.
105. Sitnik R, Paes A, Mangueira CP, Pinho JR. A real-time quantitative assay for
hepatitis B DNA virus (HBV) developed to detect all HBV genotypes. Rev Inst Med
Trop Sao Paulo 2010 May;52(3):119-24.
106. Coser, TB.; Chesky, M. Evaluation of minimum detection limit to hepatitis b
virus (hbv) pcr “nested. Rev HCPA 2008;28(1):5-9.
64
107. Santos AO, Alvarado-Mora MV, Botelho L, Vieira DS, Pinho JR, Carrilho FJ,
et al. Characterization of hepatitis B virus (HBV) genotypes in patients from
Rondonia, Brazil. Virol J 2010;7:315.
108. Araújo, ARS. Hepatites B e C em Manaus: Perfil Clínico-Epidemiológico e
distribuição espacial de casos conhecidos desde 1997 a 2001 [Tese]. Manaus:
Escola Nacional de Saúde Pública, 2004. 94 p. Mestrado em Saúde Pública.
109. Araujo NM, Vianna CO, Moraes MT, Gomes SA. Expression of Hepatitis B
virus surface antigen (HBsAg) from genotypes A, D and F and influence of amino
acid variations related or not to genotypes on HBsAg detection. Braz J Infect Dis
2009 Aug;13(4):266-71.
110. Tonetto, PA. Análise molecular dos genótipos do vírus da hepatite b em
pacientes do estado de São Paulo, sudeste do Brasil. [Tese]. Campinas:
Universidade Estadual de Campinas, 2006. 90 p. Mestrado em Clínica Médica.
65
10 Anexos.
10.1 Participantes do projeto
Sequência
Nome
Instituição
Responsabilidade no
projeto
01
Sanmile Cristina N.
de Holanda
FMT-HVD
Mestranda
02
Cíntia Mara C. de
Oliveira
FMT-HVD
Pesquisadora/Bióloga –
Orientadora
03
Wornei Silva
Miranda Braga
04
Milton Ozório
Moraes
05
Márcia da Costa
Castilho
FMT-HVD
UERJ/IOC/FIO
CRUZ/FMT-AM
FMT-HVD
Médico/Pesquisador –
Assessoria Clínica e
Epidemiológica
ColaboradorPesquisador Sênior:
Assessoria TécnicaCientífica
Pesquisadora/Bióloga
66
10.2 Termo de consentimento
GOVERNO DO ESTADO DO AMAZONAS
FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DO AMAZONAS
GERÊNCIA DE VIROLOGIA
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Aprovação do Estudo pelo Comitê de Ética em Pesquisa da FMTAM, em
___/___/____.
O paciente abaixo assinado ou o seu parente próximo abaixo identificado, sob a
responsabilidade do investigador ou médico que assina este documento, declara
estar ciente após ter lido ou ouvido o presente Termo de Consentimento que lhe
informa o seguinte:
I. Que está participando de um estudo para o desenvolvimento de um método
capaz de quantificar a carga viral (medir a quantidade do vírus que causa a sua
doença) no sangue, utilizado no diagnóstico e resposta ao tratamento indicado pelo
seu médico, conforme o que se é recomendado pelo Ministério da Saúde do Brasil, a
partir dos achados clínicos e exames laboratoriais relacionados à sua doença;
II. Que a participação neste estudo é voluntária, e que a recusa em participar não
provocará qualquer tratamento diferenciado ou perda de benefícios a que o paciente
tenha direito;
III. Que, havendo concordância para a participação no estudo, se procederão as
seguintes condutas:
1 - Preenchimento da ficha clínica (constando de dados relativos ao paciente e à
doença);
2 - Coleta de sangue da veia do braço (5 mL), com uso de agulhas e seringas
descartáveis, por profissional qualificado;
IV. Após os primeiros teste de laboratório, se houver necessidade e consentimento
do participante e/ou seu responsável, o paciente poderá ser contactado para
proceder uma nova coleta de sangue;
V. Que o médico assistente poderá pedir outros exames como sangue, fezes e
urina, dependendo da necessidade e que não terão qualquer relação com a
pesquisa;
67
VI. Que, participando do estudo, o paciente ou a família não obterão quaisquer
benefícios adicionais além dos já citados (diagnóstico da infecção e/ou doença),
podendo desta forma beneficiar outros indivíduos;
VII. Que a participação nessa pesquisa é voluntária e o indivíduo receberá todos os
cuidados quanto ao tratamento da sua doença.
VIII. Uma vez que esse estudo incluirá pacientes que buscam espontaneamente a
FMT-AM para assistência médica e todos os procedimentos a serem adotados
fazem parte da rotina de investigação dessa instituição. Ao Participar desse projeto,
o Sr(a) será assistido, pela Instituição executora, caso ocorra algo referente aos
procedimentos do projeto que estará participando, além do direito à assistência
integral, terá direito à indenização.
IX. Que o material retirado do paciente se destina apenas a quantificação e
genotipagem (tipo do vírus) que causa a doença e monitoramento da mesma.
X. Que o projeto poderá ser encerrado caso haja discordância por parte do
paciente ou que possam prejudicar o sujeito da pesquisa.
XI. Que a participação neste estudo será confidencial e os registros ou resultados
dos testes relacionados ao estudo serão mostrados apenas aos participantes e aos
representantes da FMT-AM, bem como a autoridades normativas estaduais ou
nacionais, com o objetivo de garantir informações de pesquisas clínicas ou para fins
normativos. A identidade dos participantes permanecerá sempre em confiabilidade.
XII. Que o participante e seus familiares têm direitos aos esclarecimentos que
julgarem necessários a qualquer período do desenvolvimento deste estudo e será
notificado sobre qualquer nova informação relacionada. A coordenadora da pesquisa
é a bióloga Dra. Cintia Mara Costa de Oliveira, e o médico Dr. Wornei Silva
Miranda Braga, responsáveis por esta pesquisa, cujo número de telefone é 21273447, terão plena disponibilidade para atender e esclarecer possíveis dúvidas dos
participantes;
XIII. Que o participante tem o direito de se retirar deste estudo a qualquer momento,
sem qualquer retaliação, e também o direito de manter em seu poder cópia assinada
deste documento;
XIV. Que, por estar devidamente esclarecido sobre o conteúdo deste termo,
livremente expressa seu consentimento e/ou do seu responsável para inclusão como
participante nesta pesquisa.
Você autoriza que seu sangue seja guardado para outros estudos com
vírus?
( ) Sim
Data:
____/____/_____
( ) Não
___________________________________________
Nome
68
Assinatura do paciente ou responsável legal:
____________________________________________________
Nome do entrevistador:
____________________________________________________
Assinatura do entrevistador:
Impressão datiloscópica
69
10.3 Questionário
FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DO AMAZONAS
GERÊNCIA DE VIROLOGIA
Questionário Projeto: Desenvolvimento de ensaio para a quantificação da carga
viral do vírus da hepatite B, utilizando a PCR em tempo real e avaliação do custoefetivo do método, em uma unidade terciária de saúde no Estado do Amazonas
1-
Nome...................................................................................................................
2-
Endereço..............................................................................................................
3-
Idade................anos
4-
Data do nascimento........./........../..........
5-
Sexo [ ] MAS
6-
Local de nascimento.................................................................
7-
Procedência ..............................................................................
8-
Tempo em que vive neste local ................................................
[ ] FEM
Razões para mudança:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
ASPECTOS SOCIO-ECONÔMICOS
70
10.4 Relatório de aprovação do projeto CEP
Download