CEAP / CURSO DE DIREITO Disciplina: HERMENÊUTICA JURÍDICA Professor: UBIRATAN RODRIGUES DA SILVA PLANO DE AULA Nº 4.1 OBJETO: CONCEITO GERAL DE CIÊNCIA E SEUS MÉTODOS. OBJETIVO: IDENTIFICAR A METODOLOGIA OPERACIONALIZADA NA PESQUISA DA CIÊNCIA DO DIREITO. O QUE É CIÊNCIA? Existem duas teorias básicas no que respeita definição do termo ciência: 1) Empirismo – De acordo com o empirismo, as teorias científicas são objetivas, empiricamente testáveis e preditivas – elas predizem resultados empíricos que podem ser verificados e possivelmente contraditos. Mesmo na tradição empírica, há que criar o devido cuidado para compreender que “predição” refere-se ao surgimento de um experimento ao estudo, mais do que literalmente predizer o futuro. Por exemplo, dizer “um paleontólogo pode fazer predições a respeito do achado de um determinado tipo de dinossauro” é consistente com o uso empírico da predição. Por outro lado, as ciências como a geologia ou meteorologia não precisam ser capazes de fazer predições acuradas sobre terremotos ou sobre o clima para serem qualificadas como ciência. O filósofo empírico, Karl Popper também argumentou que determinada verificação é impossível e que a hipótese cientifica pode ser apenas falseável (falseabilidade). O Positivismo, uma forma de empirismo, defende a utilização da ciência, tal como é definida pelo empirismo, a fim de governar as relações humanas. Em conseqüência à sua afiliação próxima, os termos “positivismo” e “empirismo” são geralmente usados intercambialmente. Ambos têm sido objetos de críticas. 2) Realismo científico – Em contraste, o realismo científico define ciência em termos da ontologia: a ciência se esforça em identificar fenômenos e entidades no meio, seus poderes causais, os mecanismos através dos quais eles exercem esses poderes e as fontes de tais poderes em termos da estrutura das coisas ou natureza interna. W. V. Quine demonstrou a impossibilidade de existir uma linguagem de observação independente da teoria, o que torna o conceito de testar teorias com fatos num problema. As observações são sempre carregadas de teorias. Thomas Kuhn argumentou que ciência sempre envolve “paradigmas”, grupos de regras, práticas e premissas (geralmente sem corpo) e tais transições, de um paradigma para outro, geralmente não envolve verificação ou falseabilidade de teorias cientificas. Além disso, ele argumentou que a ciência não procedeu historicamente com acumulação constante de fatos, como o modelo empirista expressa. Método científico Os termos “modelo”, “hipótese”, “lei” e “teoria” têm significados diferentes em ciência e na linguagem coloquial. Os cientistas usam o termo modelo significando a descrição de algo, especificamente algo que possa ser usado para fazer predições que possam ser testadas por experimento ou observação. Uma hipótese é uma contenção que (ainda) não foi bem embasada nem provada através de experimento. Uma lei física ou uma lei da natureza é uma generalização científica baseada em observações empíricas. A palavra teoria é mal entendida particularmente pelos não profissionais. O uso comum da palavra “teoria” refere-se a idéias que não possuem provas firmes ou base; diferentemente usam essa palavra para referirem-se aos corpos de idéias que fazem predições especificas. Dizer “a maçã caiu” é narrar um fato, enquanto que a teoria da gravitação universal de Newton é um corpo de idéias que permite que o cientista explique por que a maçã caiu e faz predições sobre outros objetivos que caem. Uma teoria especialmente frutífera que tem sobrevivido ao teste do tempo e tem uma quantidade de evidência apoiando-a é considerada como “provada” no sentido cientifico. Alguns modelos universalmente aceitos tais como a teoria heliocêntrica e a teoria atômica estão bem estabelecidas que é impossível imaginá-las como sendo falsas. Outras, tais como a relatividade, o eletromagnético e a evolução biológica têm sobrevivido a testes empíricos rigorosos sem serem contraditos, mas não há garantia de que elas não serão, um dia, suplantadas. Teorias mais recentes tais como as teorias da rede podem fornecer idéias promissoras, mais ainda não receberam o mesmo nível de exame. Os cientistas nunca falam em conhecimento absoluto. Diferentemente da prova matemática, uma teoria cientifica “provada” está sempre aberta à falseabilidade se novas evidências forem apresentadas. Até as teorias mais básicas e fundamentais podem tornar-se imperfeitas se novas observações estiverem inconscientes a elas. A lei da gravitação de Newton é um famoso exemplo de uma lei a qual não pôde ser sustentada em experimentos envolvendo movimentos em velocidades próximas à da luz ou em proximidade a campos gravitacionais fortes. Fora dessas condições, as Leis de Newton continuam sendo um excelente modelo de movimento e gravidade. Por causa das bases da relatividade geral para todos os fenômenos das Leis de Newton e outros, a relatividade geral é agora vista como a melhor teoria. Objetivos da Ciência Apesar das impressões populares sobre a ciência, não é o objetivo de a ciência responder todas as questões. O objetivo das ciências físicas é responder apenas aquelas pertinentes á realidade física. Além disso, a ciência não pode possivelmente falar a todas as questões possíveis, então a escolha de qual questão serão respondidas torna-se importante. A ciência não considera verdade absoluta e inquestionável o que produz. Ao contrário, a ciência física frequentemente testa hipóteses sobre algum aspecto do mundo físico, e quando necessário a revisa ou substitui à luz de novas observações ou dados. De acordo com o empirismo, a ciência não faz nenhuma declaração sobre como a natureza realmente é; a ciência pode somente tirar conclusões a respeito de nossas 2 observações da natureza. Tanto os cientistas quanto as pessoas que aceitam a ciência, e mais importante, que agem como se a natureza “fosse” realmente como a ciência diz. Ainda, isso é apenas um problema se aceitarmos a noção empirista da ciência. A ciência não é uma fonte de julgamentos de valores subjetivos, apesar de poder certamente tratar de casos de ética e política pública ao enfatizar as prováveis conseqüências das ações. O que alguém projeta a partir de hipóteses científicas atuais mais racionais, adentrando outros reinos de interesses, não é um tópico cientifico; e o método científico não oferece qualquer assistência para quem deseja fazê-lo dessa maneira. A justificativa cientifica (ou refutação) para muitas coisas é, ao contrário, freqüentemente exigida. Claro que o valor dos julgamentos são intrínsecos à ciência. Por exemplo, os valores e o conhecimento da ciência. O objetivo subjacente ou propósito da ciência para a sociedade e indivíduos é o de produzir modelos úteis da realidade. Tem-se tido que é virtualmente impossível fazer inferências dos sentidos humanos que realmente descrevem o que “é”. Por outro lado, como dito, a ciência pode fazer predições baseadas em observações. Essas predições geralmente beneficiam a sociedade ou indivíduos humanos que fazem uso delas, por exemplo, a física Newtoniana, e em casos mais extremos a relatividade, nos permite predizer qualquer coisa do efeito de um movimento que uma bola de bilhar terá em outras até coisas como trajetórias de sondas especiais e satélites. A ciência social nos permite predizer (com acurácia limitada até agora) coisas como a turbulência econômica e também para melhor entender o comportamento humano a fim de produzir modelos úteis da sociedade e trabalhar mais empiricamente com políticas governamentais. A Química e a Biologia juntas têm transformado nossa habilidade em usar e predizer reações e cenários químicos e biológicos. Nos tempos modernos, essas disciplinas segregadas (notavelmente as duas ultimas) estão sendo mais utilizadas conjuntamente a fim de produzir modelos e ferramentas mais complexas. Em resumo, a ciência produz modelos úteis os quais fazer predições mais úteis. A ciência tenta descrever o que é, mas evita tentar determinar o que é (o que é para razões práticas). A ciência é uma ferramenta útil: é um corpo crescente de entendimento que nos permite identificarmos-nos mais eficazmente com o meio ao nosso redor e a melhor forma de adaptarmos-nos e evoluirmos como um todo social assim como independentemente. Ciências sociais As ciências sociais pertencem um ramo do conhecimento cientifico que estuda os aspectos sociais no mundo. Diferenciam-se das artes e da humanidade, pela preocupação metodológica. Os métodos das ciências sociais, como a observação participante e o survey, podem ser utilizados nas mais diversas áreas do conhecimento, não apenas na grande área das humanidades e artes, mas também nas ciências sociais aplicadas, nas ciências da terra, nas ciências agrárias, nas ciências biomédicas, etc. Embora polêmica, é comum a distinção entre qualitativos e quantitativos. Disciplinas do currículo mínimo das Ciências Sociais são: antropologia, sociologia, ciência política e metodologia cientifica. Essas ciências sociais germinaram na Europa do século dezenove, mas é no século XX, em decorrência das obras de Karl Marx, Emile Durkheim e Max Weber que as ciências sociais se desenvolvem. O carro chefe: a sociologia. 3 Mas porque o carro chefe é a sociologia e não a Ciência Política, tão antiga como o nome de Maquiavel; ou a Antropologia também anterior? A resposta há de estar no momento histórico de consolidação do novo currículo do ensino superior europeu durante o curto período de plena vigência do movimento intelectual conhecido como Positivismo. Então a nova disciplina, a sociologia, vem renovar as outras duas já vigentes. Assim, um discípulo Durkheim, Michel, Mauss, que vai dar o tom da renovação da antropologia na França. Em um contexto diferente, o inglês, Bronislaw Malinowski também contribuirá para a renovação da antropologia através do método funcionalista que irá marcar uma ruptura com viés colonialista dos estudos antropológicos até então desenvolvidos na Inglaterra. Método do Positivismo de Augusto Comte O método geral do positivismo de Augusto Comte consiste na observação dos fenômenos, subordinando a imaginação à observação (ou seja: mantém-se a imaginação), mas há outras características igualmente importantes. Na obra “Apelo aos Conservadores” (1855), Comte definiu a palavra “positivo” com sete acepções: real, útil, certo, preciso, relativo, orgânico e simpático. Duas características são hoje reconhecidas por todos: a visão de conjunto, ou o holismo (“orgânico”), e o relativo (embora haja uma curiosa e extremamente difundida versão que afirma que o Positivismo nega tanto a visão de conjunto quanto o relativismo). Mas, além disso, o “simpático” implica afirmar que as concepções humanas são modificadas pelos afetos das pessoas (individuais e coletivos); mais do que isso, em diversas obras Augusto Comte indicou como a subjetividade é um traço característico e fundamental do ser humano, que deve ser respeitado e desenvolvido. O homem passou por três estágios evolutivos: 1º Teológico – é a infância da humanidade, nesta época o homem das explicações fantásticas sobre os fenômenos naturais utiliza categorias antropólogas para compreender o mundo e técnicas mágicas para dominá-lo. (DEUS) 2º Metafísico – explicações racionais buscam o porquê das coisas e submetem os deuses por entidades abstratas e términos metafísicos. (FILOSOFIA) 3º Positivo – etapa definitiva, não se busca mais o porquê das coisas, mais sim o como. O conhecimento se baseia nas observações e nas experiências e se expressa com o recurso da matemática. Busca-se o conhecimento das leis da natureza para conseguir o seu domínio técnico. (CIÊNCIA) Política O termo política é derivado do grego πολιτεία (politéia), que indicava todos os procedimentos relativos à polis, ou cidade-Estado. Por extensão, poderia significar tanto cidade-Estado quanto sociedade, comunidade, coletividade e outras definições referentes à vida urbana. O livro de Platão traduzido como “A República” é, no original, intitulado “πολιτεία” (Politeia). “O homem é um animal político” (Aristóteles) 4 O termo política é entendido e empregado em seis acepções, senão mais: No uso trivial, vago e às vezes um tanto pejorativo, política, como substantivo ou adjetivo, compreende as ações, comportamentos, intuitos, manobras, entendimentos e desentendimentos dos homens (os políticos) para conquistar o poder, ou uma parcela dele, ou um lugar nele: eleições, campanhas eleitorais, comícios, lutas de partidos etc.; Conceituação erudita, no fundo sintético da anterior, considera política a arte de conquistar, manter e exercer o poder, o governo. É a noção dada por Nicolau Maquiavel, em O Príncipe; Política denomina-se a orientação ou a atitude de um governo em relação a certos assuntos e problemas de interesse público: política financeira, política educacional, política do café; Para muitos pensadores, política é a ciência moral normativa do governo da sociedade civil. (Alceu Amoroso Lima – Política, 4º edição, pág. 136); Outros a definem como conhecimento ou estudo “das relações de regularidade e concordância dos fatos com os motivos que inspiram as lutas em torno do poder do estado e entre os Estados”. (Eckardt – Fundamentos de la Política, pág. 14); Atualmente, a maioria dos tratadistas e escritores se divide em duas correntes. Para uns, política é a ciência do estado. Para outros, é a ciência do poder. A política é objeto de estudo da ciência política. 5